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Modos

PARTE 2
Gregos

• Parte I
• Parte II
• Parte III

Cada modo possui um acorde característico, ou uma cadência de acordes que


representam sua sonoridade. Esta sonoridade pode ser obtida pela tríade da
tônica do modo, mais sua nota característica. Utilizaremos somente tríades
nestes exemplos, mas sinta-se à vontade para adicionar todas as extensões
diatônicas que quiser.

Jônio

A sonoridade do modo jônio é a mesma da escala maior natural. Uma cadência


IV - V – I define bem esta sonoridade.

A sonoridade do jônio é dada, basicamente, pelo repouso da harmonia no I grau


do campo harmônico. Podemos citar Let It Be, dos BEATLES e a primeira parte
de Always With Me, Always With You do Satriani como exemplos deste modo.

Dórico

O modo dórico possui uma sonoridade “jazzística”, um acorde menor com uma
sexta maior (nota característica) define o modo. Uma cadência bem comum
mostrando a sonoridade do dórico é um IIm – V. (cadência do inicio de Wave de
Tom Jobim).

No caso acima, Cm é o segundo grau do campo harmônico de Sib Maior natural


e F é o quinto grau desta mesma escala. O acorde de Cm isolado não define a
sonoridade do dórico, pois não apresenta a sexta maior. A sexta maior de Cm (a
nota Lá) aparece no próximo acorde (F) como sua a terça maior. Nesta cadência,
poderíamos substituir o acorde de F por qualquer outro acorde do campo
harmônico de Sib maior para obtermos a sonoridade do dórico, desde que este
acorde apresente a nota Lá em sua formação.

Uma boa maneira de pensar em sonoridades modais é tocando a tríade da tônica


do modo seguido de um outro acorde contendo as extensões do acorde anterior.
Ex: ré dórico: Toca-se o acorde de Dm e em seqüência Em. Podemos aplicar no
Dm os modos de ré dórico, ré frígio ou ré eólio. Porém o próximo acorde mostra
algumas notas que caracterizam o ré dórico: a tônica de Em, que vem a ser a
segunda maior do acorde de Dm, portanto não podemos ter o modo frígio neste
caso. A nota si, quinta do acorde de Em, é a sexta maior de Dm, indicando que
este Dm é dórico e não eólio ou frígio.

Assim afirmamos que o acorde característico do modo dórico é o m6. Ex: Cm6.
O som isolado deste acorde nos remeterá a este modo. Sempre que encontrar
um acorde m6, utilize o modo dórico para improvisar sobre ele.

OBS: o acorde m6 isolado também pode ser encarado como o primeiro grau da
escala menor melódica.

Frígio

O modo frígio é um modo menor, com a segunda menor como nota


característica. É empregado com alguma freqüência no Heavy, como nas
músicas Wherever I May Roam do METALLICA e Trust do Megadeth.

Uma cadência de acordes que caracteriza o modo frígio é a IIIm – IV.

No caso acima temos Cm, que é terceiro grau da escala de Ab maior, e Db que
vem a ser o quarto grau desta escala. A tônica de Db, é uma segunda menor em
relação a Cm, caracterizando o frígio.

O modo frígio também é caracterizado pelo acorde sus4(b9).

Lídio

O Lídio é o único modo que apresenta a quarta aumentada e uma quinta justa
ao mesmo tempo. Cadência comum deste modo é IV – V.

C é o quarto grau da escala de Sol Maior e D é o quinto grau. A terça maior do


acorde de D, a nota fá#, é uma quarta aumentada em relação ao acorde de C.

Encontramos o modo lídio freqüentemente no rock e afins. Answears e The


Riddle do Steve Vai, assim como o início de Overture 1928 do DREAM THEATER
são bons exemplos deste modo.
O acorde característico do modo lídio é o maj7(#11). Ex: Cmaj7(#11)

Vale também ressaltar que este modo pode ser aplicado em qualquer acorde
maior com sétima maior.

Mixolídio

O mixolídio é o quinto grau da escala maior natural. Uma cadência V – IIm é um


bom exemplo da sonoridade do mixolídio.

C e Gm são respectivamente o quinto e o segundo graus do campo harmônico de


Fá maior. A terça menor de Gm (a nota Sib) é a sétima menor de C, a nota
característica do modo mixolídio.

O acorde característico do modo mixolídio é o acorde dominante “7” (ex: C7) .


Estes acordes estão presentes em qualquer blues de tonalidade maior. Ex:
Scuttle Buttin e Pride and Joy do Stevie Ray Vaughan.

Eólio

Modo característico do metal... para mostrar a sonoridade deste modo,


utilizaremos a famosa cadência VIm – IV – V, que consagrou a sonoridade “Iron
Maiden”. Fear of the dark, Hallowed be thy name, Running Free e Still Life são
alguns exemplos que utilizam esta cadência.

Cm, Ab e Bb são respectivamente VI IV e V graus do campo harmônico de Mib


Maior. O acorde de Ab em relação ao Cm define a uma sexta menor e o acorde
de Bb define uma segunda maior em relação ao acorde de Cm, caracterizando o
modo eólio.

O acorde m(b6) é o acorde característico deste modo.

Lócrio

O modo lócrio é o único modo que possui uma quinta diminuta, dando a este
modo uma sonoridade bem peculiar. No rock, o único exemplo que me vem na
cabeça é a primeira parte da música Painkiller, do Judas Priest. Podemos sentir a
sonoridade do lócrio na seqüência VIIIm(b5) - V.
O sétimo grau do campo harmônico de Db Maior é Cm(b5). Este acorde sozinho
já gera toda a sonoridade do modo lócrio, o outro acorde (Ab) foi colocado para
não criar um movimento de tensão – resolução.

O acorde m7(b5) é o acorde característico do modo lócrio.

Tocando...

A primeira parte do exercício consiste em improvisar sobre os sete modos de dó,


utilizando a harmonia característica de cada modo vista anteriormente. Grave
um playback com a cadência de acordes de dó Jônio, crie um loop e improvise
sobre eles com a escala de dó maior. Depois faça o mesmo sobre o modo dó
dórico, utilizando a escala de Bb maior. No dó frígio, toque a escala de Ab maior
e assim por diante.

Um erro freqüente dos estudantes é ficar preso ao “shape do modo”. Os shapes


geram a sonoridade do modo quando tocados sozinhos. Nesta parte do processo
você já está improvisando sobre uma harmonia, o que importa é a relação de
cada nota que você toca em relação ao(s) acorde(s) da harmonia.

Ex: as notas da escala de ré mixolídio (ré, mi, fa#, sol, la, si, dó), são as
mesmas notas que compõem a escala de dó lídio, que também são as mesmas
de fa# lócrio. Estas notas “funcionam” perfeitamente sobre todos os acordes do
campo harmônico de Sol Maior natural (G Am Bm C D Em F#m(b5)).

Portanto a grande jogada neste exercício é você “passear” pelo braço inteiro da
guitarra, utilizando todos os shapes dentro da escala.

Um software-seqüenciador bem interessante para fazer este exercício é o Band


in a Box. Caso você não tenha como gravar as progressões manualmente, você
pode utilizar este programa para seqüênciar as cadências de cada modo.

Pratique bastante os exemplos, e se realmente quiser ir fundo no assunto, toque


os exemplos em todos os tons.

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