Você está na página 1de 739

mur00.

p65
1
22/01/01, 11:35
mur00.p65
2
22/01/01, 11:35
LÍNGUA GREGA
Visão Semântica, Lógica, Orgânica e Funcional Volume I Teoria
mur00.p65
3
22/01/01, 11:35
mur00.p65
4
22/01/01, 11:35
HENRIQUE MURACHCO
LÍNGUA GREGA
Visão Semântica, Lógica, Orgânica e Funcional
Volume I Teoria
discurso editorial
mur00.p65
5
22/01/01, 11:35
Copyright © by Henrique Murachco, 2001
Nenhuma parte desta publicação pode ser gravada, armazenada em sistemas eletrôni
cos, fotocopiada, reproduzida por meios mecânicos ou outros quaisquer sem a auto
rização prévia da editora.
Produção gráfica: Logaria Brasil® Projeto gráfico, editoração e capa: Guilherme
Rodrigues Neto Tiragem: 2.000 exemplares
Ficha catalográfica: Sonia Marisa Luchetti CRB/8-4664 M972 Murachco, Henrique Lí
ngua grega: visão semântica, lógica, orgânica e funcional / Henrique Murachco. –
São Paulo: Discurso Editorial / Editora Vozes, 2001. 2 v. ISBN v.1: 85-86590-22
-3 ISBN v.2: 85-86590-23-1 1. Língua Grega Clássica 2. Semântica I. Título CDD 4
81 481.7 485
discurso editorial
Av. Prof. Luciano Gualberto, 315 (sala 1033) 05508-900 – São Paulo – SP Tel. 381
8-3709 (ramal 232) Tel./Fax: 814-5383 E-mail: discurso@org.usp.br
mur00.p65
6
22/01/01, 11:35
Agradeço:
Ao Prof. Robert H. AUBRETON Mestre e amigo. Todos nós de Letras Clássicas lhe de
vemos muito, e eu, quase tudo. A todos os meus inumeráveis alunos, colegas e ami
gos de todos os lugares, de todas a idades, que me proporcionaram o prazer de se
rvir. Com um amor de amigo enorme. A France, Cristina, Sílvia e Karine, esposa e
filhas, começo, fim e razão de tudo, pelo silencioso afeto, conivência afetuosa
e compreensão paciente. A Jean Baptiste e Arthur Aymeric, meus netos, raios de
sol. A Heloísa, minha neta, nos dedos-rosa da aurora. Por existirem.
mur00.p65
7
22/01/01, 11:35
mur00.p65
8
22/01/01, 11:35
Introdução:
Guia do leitor
Depois de ter escrito e reescrito cerca de 600 laudas, depois de ter lido e reli
do, sempre com a preocupação de encontrar uma falha, um vazio, um lapso, e depoi
s das cobranças dos alunos, ex-alunos, que nunca são ex- , e sobretudo de meus cole
gas, sento-me à frente do computador para escrever uma ou a introdução ao meu trab
alho, que, também, devido à cobrança desses amigos , acabou sendo a tese de doutora
mento. Vou conseguir? O tempo dirá. Como começar? Pelo começo! O começo, perdido
no tempo, situa-se em 1969, quando a reforma curricular do Curso de Letras intr
oduziu as matérias optativas. Essas matérias visavam a um fim preciso: abrir os
horizontes dos alunos; não deixá-los presos a esquemas fechados. Viu-se então qu
e o interesse pela Antigüidade Grega, pela Literatura Grega e pela Língua Grega
era grande, e o número de interessados foi crescendo. Mas, como fazer para que e
ssa passagem de um, dois, três e até no máximo quatro semestres pudesse deixar u
ma marca, ou, melhor dizendo, para que professor e aluno não ficassem com a sens
ação de terem perdido seu tempo, e para que os créditos obtidos pelos alunos não
se assemelhassem a tantos outros, em que, de um lado, se finge que se ensina e,
de outro lado, se finge que se aprende: dá-se um programa de um manual; repete-
se em aula o que está escrito nele, sem comentário e sem contestação, e cobra-se
no fim do semestre numa prova, em que o aluno devolve o que recebeu. E essa dev
olução em geral assume um sentido
mur01.p65
9
22/01/01, 11:35
10
introdução: guia do leitor
denotativo; isto é, devolve-se de fato! O aluno vai embora com seus créditos e o
professor fica com a sensação de tarefa terminada. Mas, como minha postura na s
ala de aula sempre foi de diálogo, de querer saber se o aluno entendia ou não o
que eu tentava passar-lhe, surgiram as primeiras perguntas e contestações, e aí
começaram as primeiras apostilas com redação pessoal, diferente dos manuais e gram
áticas. Mas, o que se dizia e se discutia na sala de aula era muito diferente do
que as apostilas traziam; ou melhor, o que se dizia na sala de aula era não só di
ferente, mas muitas vezes mais extenso e variado do que o que estava na apostila
. E as edições das apostilas foram se sucedendo em folhas avulsas, sempre com a in
tenção de servir aos alunos. Nunca tive a idéia de escrever um método ou uma gra
mática de grego. Não era necessário! Havia tantas gramáticas no mercado! Todas e
las lastreadas em tradição multissecular! Era um respeito quase ou mais que reli
gioso que me impedia discuti-las e muito menos criticá-las. Eu mesmo devia meus
conhecimentos de grego a elas. Quantos helenistas não deviam seu sólido saber a
elas? Mas eu não encontrava nelas as respostas às perguntas que os alunos faziam
: por que essa função se exprime por esse caso e aquela pelo outro. O que signif
ica nominativo ? O que significa acusativo ? Por que o sujeito vai para o nominativo e
objeto direto vai para o acusativo? Por que a relação de lugar para onde vai também
para o acusativo? Não é uma relação adverbial? Fui buscar essas explicações nas
gramáticas. Passei pelas gregas (a lista delas está na Bibliografia); passei pe
las latinas, pelas portuguesas, pelas francesas e sempre encontrei as mesmas coi
sas: uma nomenclatura fixa, com algumas variações superficiais, mas definindo e
delimitando de uma maneira autoritária e final que as relações das palavras na f
rase estavam definidas e que o que o aluno deve fazer é aprendê-las de cor e, pe
los exercícios, fixá-las na mente até que fiquem automáticas. Todas as gramática
s são descritivas, historicistas, formalistas, prescritivas. Ao criticá-las não
quero desmerecê-las. Elas prestaram relevantes serviços à evolução cultural do O
cidente. Elas são preciosas sobretudo porque nos conservaram e passaram centenas
de documentos, de textos, de testemunhos antigos, em todas as línguas. É um mat
erial imenso que está à nossa disposição.
mur01.p65
10
22/01/01, 11:35
introdução: guia do leitor
11
Não quero discutir as metodologias e didáticas modernas, atuais, que usam de inú
meros instrumentos para o ensino de idiomas: desde a hipnopedia até as muitas va
riantes dos audiovisuais. Elas são destinadas a alunos e aprendizes de diversas
idades: desde a pré-escola (jardim da infância) até a adultos, que, de repente,
precisam do inglês, do francês, do castelhano, do alemão instrumental . Mas nenhum
desses métodos entra em profundidade na língua; nenhum deles faz pensar a língua .
Todas as abordagens das gramáticas e métodos tradicionais abordam o estudo das l
ínguas de fora para dentro, isto é, da teoria para a prática, do abstrato para o
concreto. Nós achamos que dessa maneira estamos na contramão . As escolas despejam
sobre as crianças uma série de conhecimentos abstratos, transformados em regras ,
muito antes de as crianças terem a capacidade de abstração. É por volta dos 12 a
os 14 anos que o adolescente se torna capaz de pensamento abstrato. Ora, desde a
alfabetização até as regras de gramática, de acentuação, ortografia, são formas
de conhecimento abstrato, arbitrário , dizem alguns, que a criança acaba aprendendo
de cor, e devolvendo de cor, mas não entendendo 1. Na Grécia, a gramática surgiu
no período alexandrino, depois das conquistas de Alexandre Magno e da formação
do seu império que não chegou a comandar; mas o grande feito de Alexandre foi o
de tornar a língua grega a língua comum (² koin‾ glÇtta) de todo o Mediterrâneo,
o que vale dizer, de todo o mundo antigo conhecido, ocidental, bem entendido. E
a gramática do grego foi concebida para que estrangeiros, isto é, os não gregos
, aprendessem a língua de todos. Pensou-se então em regras práticas: um conjunto
de informações necessárias para que o falante de outra língua aprendesse rapida
mente a língua grega. Essa é a origem da gramática descritiva. Ela dispensa o por
quê ; quer ser prática, objetiva.
1
Em grego a raiz may- desenvolve o verbo many nv, que significa em primeiro lugar eu
entendo , e daí, naturalmente, o significado se ampliou para eu aprendo . Aprender,
então, pressupõe necessariamente entender.
mur01.p65
11
22/01/01, 11:35
12
introdução: guia do leitor
A gramática de Dionísio Trácio é herdeira dessa gramática primeira. Ela é descri
tiva e já contém alguns vícios de nomenclatura, que os gramáticos latinos herdar
am quando a traduziram, adaptaram e adotaram para o latim. Durante a exposição d
as diversas partes deste trabalho, vamos comentar essa nomenclatura, como, por e
xemplo, a expressão subjuntivo , para um modo que nem sempre exprime uma subordinaç
ão. Mas os autores gregos, Platão, Aristóteles e outros, não estudaram a língua
grega pela gramática. Mas sabiam muito bem a lingua grega! Muito mais do que iss
o: transformaram-na num instrumento perfeito, para exprimir com perfeição todos
os matizes do pensamento humano. Como, então, eles aprenderam a língua? Não vamo
s tratar disso com pormenores. Não é o tema deste trabalho. Mas não podemos furt
ar-nos de reproduzir a fala de Protágoras, quando explica a Sócrates, a função d
a educação 2: Começando desde a tenra infância até o fim da vida (os pais) ensina
m e exortam. Assim que uma criança compreenda o que é dito, tanto a ama, quanto
a mãe, o pedagogo e até o próprio pai discutem a respeito dela, de modo a que o
menino seja o melhor possível; a cada gesto, a cada palavra eles dão lições demo
strando que isto é justo, aquilo é injusto, isto é bonito, isto é feio e que ist
o é permitido aquilo é proibido e faz isto, não faças aquilo. E se ele obedece d
e boa vontade, (...) se não, eles o endireitam com ameaças e com pancadas, como
a uma vara torta e curva. Depois disso, ao enviá-lo à escola, eles têm em vista
mais cuidar do bom comportamento das crianças do que das letras e da cítara. Os
mestres se encarregam dessas coisas, e quando, por sua vez, as crianças entendem
as letras e passam a entender os escritos, como antes a fala, eles, os mestres,
dispõem sobre as carteiras, para ler, os poemas dos bons poetas e os obrigam a
aprender de cor aqueles nos quais se encontram muitos preceitos, muitas digressõ
es (narrativas), muitos conselhos e muitos elogios dos homens antigos bons, a fi
m de que o menino, por emulação, os imite e procure tornar-se igual a eles. Os c
itaristas, por sua vez, empreendem outras coisas desse tipo; eles se preocupam c
om a moderação e para que os jovens não se dirijam para o mal.
2
Platão, Protágoras, 325c5-326e6.
mur01.p65
12
22/01/01, 11:35
introdução: guia do leitor
13
Além disso, quando os meninos aprendem a tocar cítara eles ensinam poemas de out
ros poetas bons, os líricos, acordando-os ao som da cítara e condicionam as alma
s dos meninos a se habituarem com os ritmos e com a harmonia para que eles sejam
mais calmos e para que, tornando-se mais bem ritmados e mais harmoniosos, eles
se tornem aptos para a fala e para a ação; pois toda a vida do homem precisa de
bom ritmo e de harmonia... Pelo que se vê, a língua era aprendida nos textos e pe
los textos. Essa passagem de Protágoras nos dá ainda outra idéia: que o menino a
teniense, depois de aprender muitos textos dos poetas épicos (Homero e Hesíodo)
e dos poetas líricos, que eram de toda a Grécia, ao passar para as aulas de giná
stica, ele não é mais um menino ateniense, ele é um menino grego! A unidade da G
récia, desde o Ponto Euxino até Marselha e mesmo às Colunas de Heraclés, se fez
pela língua. Os Jogos Olímpicos a cada 50 lunações eram a expressão dessa Grécia
3. Foi essa a gramática de Platão, Aristóteles, Lísias, Demóstenes, Górgias e outr
os. Mas, a gramática pensada para os estrangeiros passou também a ser empregada
nas escolas, e os meninos do período alexandrino, aos poucos, passaram a ter que
aprender, além dos textos dos poetas, também as regras de gramática. É essa a o
rigem da gramática descritiva e impositiva, prescritiva. Ela se manteve intocáve
l durante séculos; até agora mesmo. Como exemplo poderíamos citar Konstantinos L
áskaris, um dos intelectuais bizantinos que emigraram para Nápoles, por ocasião
da tomada de Constantinopla pelos turcos em 1453. Convidado por um nobre milanês
para ensinar a língua grega para suas filhas, escreveu uma gramática, em 1476.
A base dela é a de Dionísio Trácio, com alguns acréscimos, mas sem aprofundar na
da. Até os paradigmas são os mesmos! No correr deste trabalho aludiremos muitas
vezes a esses fatos, para o que, antecipadamente, pedimos desculpas. Mas é vício
de professor. A repetição à exaustão acaba por prevalecer. Além disso, essa des
ordem, se não foi pretendida no início, acabou prevalecendo, como uma conseqüên-
3
Conclui-se daqui que as diferenças dialetais, que as gramáticas valorizam tanto,
eram sentidas como meras variantes da língua, sem nenhuma dificuldade de entend
imento e de fixação.
mur01.p65
13
22/01/01, 11:35
14
introdução: guia do leitor
cia natural do meu trabalho que foi se desenvolvendo de uma maneira artesanal, d
iária, geralmente na sala de aula. E a cada nova abordagem esbarrávamos nos mesm
os problemas de sempre: descritivismo, falta de explicação e falta de coerência.
Nosso objetivo nesta Introdução (é preciso uma introducão! uma introdução é pre
ciso!) é tentar guiar o leitor pelo nosso caminho e durante o percurso mostrar-l
he que a língua grega é de uma coerência total, a começar pelo enunciado, que é
a base de todo o sistema. O que é o enunciado? Podemos chamá-lo de frase, oração
, período, discurso etc. O enunciado é uma palavra ou um conjunto delas que expr
ime um pensamento inteiro, acabado. A base do enunciado é, como já disse, a essê
ncia (oésÛa) e o predicado (kathgorÛa, kathgñreuma)4. Em outros termos: o sujeit
o (tò êpokeÛmenon), o de que se diz alguma coisa e o verbo (=°ma), o que é dito
daquele de que se diz alguma coisa.5 O enunciado é a base do discurso. Ele repou
sa sobre dois pilares: o sujeito e o predicado; o substantivo e o verbo; a essên
cia e a ação. O sujeito deve ser, necessariamente, um substantivo (êpokeÛmenon)
e o predicado deve ser, necessariamente, um verbo (=°ma). Não há enunciado sem s
ujeito e predicado. É uma impossibilidade funcional, lógica, semântica. O enunci
ado, então, só é completo se contém sujeito e predicado, num encadeamento de dep
endência: um não existe sem outro; a noção do sujeito supõe o predicado e a noçã
o do predicado supõe o sujeito 6.
4
5
6
Isto está na primeira obra do Órganon, de Aristóteles, chamada As categorias ; na v
erdade são: uma essência oésÛa , e nove categorias predicados . O mesmo acontece no e
unciado: o sujeito: êpokeÛmenon oésÛa, e =°ma kathgorÛa / kathgñreuma . O significa
do de verbo nesta dicotomia sujeito/verbo não significa ação mas resultado da ação ,
é: o que é dito. O sufixo -ma significa resultado da ação, contrapondo-se ao su
fixo -siw , que significa a ação, (sufixo -ção em português). Às vezes pode acon
tecer que o sujeito ou o verbo não estejam expressos. Isso fez alguns gramáticos
criarem as frases chamadas nominais / frases sem verbo , ou
mur01.p65
14
22/01/01, 11:35
introdução: guia do leitor
15
Mas o sujeito pode vir modificado, ampliado, enriquecido e o predicado pode vir
também modificado, ampliado, enriquecido. O sujeito pode ter adjunto adnominal (
epíteto), predicativo, aposto, e o predicado (verbo) precisa ter sujeito, agente
ou paciente; ele pode ser também ampliado, modificado, enriquecido, completado;
pode ter advérbio (que é o adjetivo do verbo), pode ter complemento direto, pod
e, com a ajuda da preposição, exprimir relações espaciais etc. Todas essas relaç
ões dentro do enunciado estão encadeadas organicamente, logicamente, como os elo
s de uma corrente, com todos os elementos formando um todo e cada elemento ligad
o e dependente de um e ligando e condicionando um outro. Assim, se identificarmo
s um desses elementos, nós teremos o fio da meada ou um elo da corrente, e por e
le podemos chegar a outros e a todos. Essa identificação se faz através do sujei
to e do verbo, essencialmente, e a seguir entre substantivos e verbos, no caso d
e desdobramentos de sujeito e predicado. Em grego nós temos a tarefa facilitada
pela identificação formal das funções dos nomes. Eles estão em determinados caso
s, que correspondem a determinadas funções. Rigorosamente, sem desvios. Basta id
entificarmos os casos para identificarmos as funções. Identificada a função, pas
samos a procurar o que determinou essa função: se é sujeito, porque está no nomi
nativo, vamos procurar o verbo que fala do sujeito; se o verbo está na voz ativa
ou média, o sujeito é agente; se está na voz passiva, o sujeito é paciente. Se
está na voz ativa ou média, e o verbo é incompleto, isto é, transitivo, vamos bu
scar o seu complemento que estará no caso semanticamente compatível com a relaçã
o com o verbo. Se o verbo está na voz passiva, o sujeito é paciente de um ato ve
rbal desencadeado por um agente externo, que é o agente da passiva. E assim por
diante. Os elementos acessórios, adjetivos e advérbios, serão reconhecidos a seu
tempo. Mas, para dar instrumentos para que o estudante de grego identifique as
partes, é preciso que ele aprenda a flexão dos nomes e dos verbos, para que poss
a identificar exatamente a função dos nomes e a voz, a pessoa, o modo, o aspecto
do verbo.
as frases só com verbos. Na verdade o verbo está implícito nas frases nominais , e
o sujeito está implícito nas frases verbais .
mur01.p65
15
22/01/01, 11:35
16
introdução: guia do leitor
São a flexão nominal e a flexão verbal. Não vou chamá-las de declinação para os no
mes e conjugação para os verbos. Vou chamá-las de flexão nominal e flexão verbal.
O leitor encontrará, no correr da obra, a justificativa dessa opção. No momento,
basta dizer que os nomes7 e verbos flexionam-se com base numa parte fixa, que e
u denomino tema . Na flexão dos nomes, se a sucessão de casos é sobre o tema, não e
xiste, ipso facto, um caso que se possa chamar reto , que seria o ponto a partir do
qual os outros se sucederiam, numa espécie de escada declinante (declinação) a
que se deu o nome de caso oblíquo. O tema nominal, enquanto não receber o caso (
a ptÇsiw, desinência) que lhe determine a função, está fora do enunciado e conté
m nele apenas o significado virtual da palavra. Assim nyrvpo- encerra o significa
do de homem, ser humano ; mas, quando recebe o -n, que é a marca do acusativo, ele
recebe a função de completar o significado de um verbo, ou uma função análoga. E
ste é um fato da língua grega. Não é regra. Por isso não tem exceção. Começaremo
s por definir o que entendemos por caso, e o que cada caso representa. Procurare
mos, a partir da relação significante-significado, explicar e justificar os nome
s dos casos e mostrar que o nome que receberam corresponde às funções que eles e
xercem. Na medida em que formos explicando e identificando os casos, iremos arro
lando exemplos hauridos em dezenas de gramáticas, procurando mostrar sempre que
há uma coerência semântica no uso dos casos e que o uso deles é orgânico, lógico
, semântico. Não há regras; isto é, não há interferências externas, abstratas (a
s regras são interferências externas e abstratas). Há uma organicidade coerente,
forte, contínua. Por isso a abundância de exemplos. O leitor verá também que ti
vemos sempre a preocupação de traduzir os exemplos da maneira mais linear, concr
eta, denotativa, procurando sentir as relações. Não nos preocupamos com o estilo
. Não é nem o momento nem o lugar para isso.
7
Entendo por nomes , como Dionísio Trácio, tanto os substantivos como os adjetivos e
os dêiticos todos (comumente chamados de pronomes-adjetivos).
mur01.p65
16
22/01/01, 11:35
introdução: guia do leitor
17
Mostraremos que o nominativo se chama assim porque identifica o sujeito e as rel
ações secundárias do sujeito. Mostraremos também que o nominativo é um caso: ist
o é, recebe uma ptÇsiw que corresponde à sua função, e que a denominação caso ret
o é contraditória nos seus próprios termos. Se é caso não é reto e se é reto não é ca
so. Mostraremos também que essa denominação tem origem de má leitura da visão do
s estóicos na relação do sujeito agente ôryñw, ereto, reto, em condições de agir
, e sujeito paciente êptÛow, deitado, supino, passivo. A partir da idéia de uma
posição reta, ereta do sujeito agente, deuse o nome de reto ao caso. É uma visão
meramente formal, externa, mas que teve desdobramentos ruins, porque permitiu a
visão de outros casos, que caíam, que declinavam do caso reto, isto é, casos oblí
quos. Daí se originou todo o sistema de declinações, que consideramos falso. Apr
oveitaremos o espaço para mostrar o que entendemos por tema . Mostraremos também qu
e o vocativo não é um caso, porque não tem função e que, coerentemente, tem desi
nência zero, isto é, é o próprio tema. Diremos também que o vocativo toma emprest
ado as desinências do nominativo, quando a manutenção do tema em consoante, com a
apócope delas, menos o -w, -r, -n, descaracteriza fonética e semanticamente a p
alavra. Por isso desdobraremos as explicações sobre o genitivo e acusativo. Sepa
raremos no acusativo a relação do verbo transitivo (incompleto) com o seu comple
mento (termo do ato verbal) e a relação espacial para onde , expressa com o auxílio
das preposições. Mostraremos também que no acusativo sempre está a idéia de mov
imento, quer na sua expressão concreta, espacial, quer nas expressões metafórica
s de expressão de duração de tempo e nas extensões referenciais, que costumamos
chamar de acusativo de relação ou adverbial: accusativus graecus das gramáticas lati
nas. Demostraremos também que o nome acusativo não vem de caso da causa, culpa, ma
s caso da procura, da busca. No genitivo identificaremos a relação nominal de de
finição, restrição, delimitação (complemento ou adjunto adnominal) como no genit
ivo latino, e a relação espacial de lugar de onde expressa por preposições (ablati
vo latino) e ainda, por analogia, incluiremos a relação do agente da pas-
mur01.p65
17
22/01/01, 11:35
18
introdução: guia do leitor
siva, que é uma relação de origem, separação; por isso é relação de genitivo com
preposição (ablativo latino com preposição). Mostraremos também o valor semânti
co das relações do genitivo nas regências de alguns verbos, como os verbos que sig
nificam poder, domínio, privação, necessidade, desejo, aspiração etc. Insistirem
os muito sobre este fato da língua: os casos não são determinados por uma regra
exterior, mas pelas relações semânticas entre as partes, sobretudo entre verbos
e nomes. Definiremos o dativo como o caso da dação, interesse, atribuição, later
alidade, simultaneidade, exatamente como o dativo latino. Não aceitamos a inclus
ão das relações de instrumental e locativo sob a denominação de dativo por contrad
ição nos próprios termos. Separaremos esses dois casos, embora os três tenham a
mesma desinência. Nisto seguimos uma sugestão preciosa de Quintiliano. Mostrarem
os que o locativo é a expressão do lugar onde , com a idéia de estabilidade, de aus
ência de movimento. Ela pode ser concreta ou metafórica. Os exemplos confirmarão
essas afirmações. Mostraremos também, pelos exemplos, que nos casos de dúvida,
pela proximidade dos significados entre a noção de lateralidade e de locativo, o
próprio texto dará a resposta certa. Definiremos também o instrumental como o o
bjeto inerte (que não age por si) pelo qual passa o ato verbal desencadeado por
um agente que não ele, o instrumento. Mostraremos também que a distinção entre o
instrumental ou complemento de instrumento ou meio e o agente da passiva não só pass
pela identificação formal (lugar de onde, expresso pelo genitivo com êpñ), mas
também, e sobretudo, pela relação semântica. Passaremos então para a parte forma
l, falando em primeiro lugar da flexão nominal. A gramática da língua grega divi
de os nomes em declinações. São três (no latim são cinco). A primeira declinação
, análoga à latina, contém os nomes que fazem o genitivo singular em -aw/-hw (a
latina faz em -ae). A segunda declinação, análoga à latina, contém os nomes que
fazem o genitivo singular em -ou (a latina faz em -i). A terceira declinação, an
áloga à latina, contém os nomes que fazem o genitivo singular em -ow (a latina f
az em -is).
mur01.p65
18
22/01/01, 11:35
introdução: guia do leitor
19
Mas há inúmeras exceções: na primeira, os nomes masculinos em -a/-h fazem o geni
tivo singular em -ou; na terceira, temos nomes fazendo o genitivo singular em -o
uw, em -vw etc. Cremos que a melhor forma de encarar a flexão dos nomes é ver ne
les, como Aristóteles viu (Poética, 20), um composto de duas partes: o tema e a
desinência, isto é, uma parte fixa e outra móvel. À parte fixa damos o nome de te
ma e à parte móvel damos o nome de casos , para a flexão nominal. A partir daí basta
acrescentar os diversos casos, conforme as funções que os nomes exercerem no en
unciado, para termos a flexão deles. Um estudo detalhado, mais profundo, poderá
constatar que o grupo de casos (desinências nominais) é um só, e que as diferenç
as que apresenta para os nomes de tema em vogal e para os nomes de temas em cons
oante ou semivogal são aparentes e são produto de acidentes fonéticos. No moment
o, vamos manter os dois grupos: nomes de tema em vogal e nomes de tema em consoa
nte e semivogal 8. Veremos que podemos construir toda a flexão dos temas em voga
l a partir de um quadro de desinências. As dificuldades que surgirão serão de na
tureza fonética e não morfológica, que são conseqüências das alterações, acomoda
ções fonéticas que acontecem na junção dos temas às desinências. Elas serão dest
acadas e explicadas sempre que aparecerem 9. É por isso que iniciamos o trabalho
com uma introdução sobre o sistema fonético da língua grega, mostrando todos os
acidentes fonéticos que acontecem nos encontros dos sons: vogal + vogal, consoa
nte + consoante. Essas alterações fonéticas são constantes, mas não se deve temê
las. Elas têm causas físicas, fisiológicas, concretas e acontecem no aparelho fo
nador, no momento da articulação dos diversos sons no ponto de
8
9
As semivogais são: o -i / u , e o -j / W , que são sentidas mais como consoantes
do que como vogais. A prova é que nos temas verbais terminados em semivogais, a
primeira pessoa do indicativo infectum é -v como nos verbos de tema em consoant
e. Essas explicações estarão também no quadro geral sobre o alfabeto e os sons,
no início deste trabalho.
mur01.p65
19
22/01/01, 11:35
20
introdução: guia do leitor
articulação e modo de articulação. Constataremos também que essas alterações fon
éticas são comandadas por duas leis : a lei do menor esforço e a competência lingüí
stica e preservação semântica. Constataremos também que, se os componentes são o
s mesmos, o resultado é sempre o mesmo. É uma questão orgânica, natural. Não há
regras nem exceções. Devemos insistir, contudo, que não estaremos escrevendo um t
ratado de fonética grega , mas, com finalidade exclusivamente prática, estaremos r
egistrando e explicando os vários acidentes fonéticos que acontecem na flexão no
minal e verbal. Ao tratarmos dos nomes de temas em vogal, apresentaremos um quad
ro geral das desinências com explicação detalhada de cada acidente fonético e, a
seguir, para facilitar a consulta, apresentaremos vários quadros de flexão, sem
pre com as explicações necessárias. Teremos sempre em mente que a flexão nominal
e também a verbal são um sistema de construção, de montagem. Nunca pediremos ao
aluno que decore paradigmas, embora não sejamos contra a que o aluno monte o se
u, a partir da identificação das duas partes da palavra: tema e desinência. Não
faremos distinção entre substantivos, adjetivos, dêiticos (pronomes-adjetivos na
nomenclatura corrente). Não há razão para isso, na medida em que a flexão se fa
z sobre tema e desinência, que são expressões de funções. No grupo dos nomes de
temas em consoante ou semivogal começaremos por traçar um quadro das desinências
e a seguir mostraremos como elas se acoplam aos diversos temas. Constataremos q
ue a flexão desses nomes todos é absolutamente regular e que todos os problemas
que surgem são acidentes fonéticos que se originam desse acoplamento das desinên
cias aos temas. Mas todos são explicáveis e serão explicados. Daremos a seguir v
ários quadros de flexão dos diversos temas, como um referencial seguro para o le
itor. A seguir abordaremos a flexão verbal Começaremos por afirmar que no verbo
grego há apenas dois fatos importantes: o aspecto e o modo. Diremos que o tempo
medido, cursivo, determinante está fora da forma verbal. Ele é o enquadramento d
o ato verbal.
mur01.p65
20
22/01/01, 11:35
introdução: guia do leitor
21
Por isso a noção de tempo só se exprime pelo indicativo: a marca do passado não
é uma desinência, mas uma forma exterior ao tema, e se usa apenas no indicativo.
Não há tempo nos outros modos verbais. A partir da idéia de que uma forma grama
tical, nominal ou verbal é semântica e sintaticamente autônoma, estudaremos os t
rês aspectos verbais (que denominamos tempo interno do verbo ), servindo-nos de inú
meros exemplos e frases que fomos buscar nas gramáticas. Mais uma vez não seremo
s econômicos. Acreditamos que é pela repetição que se aprende. Tentaremos explic
ar o infectum, que, quase sempre, faremos acompanhar da palavra inacabado , mostran
do o leque de seus significados, que não são divergentes; todos mantêm a idéia d
a continuidade do processo verbal, desde a entrada no processo, até as relações
de repetição, hábito etc. O leitor verá nos exemplos que há uma coerência semânt
ica completa. Estudaremos também o aoristo, que à primeira vista parece difícil,
mas se identificarmos no aoristo a raiz-tema , isto é, o ponto de partida para o i
nfectum e o perfectum, veremos mais uma vez que a relação significante-significa
do é muito clara. Mostraremos que há dois aoristos no indicativo: um que é o ato
verbal na sua essência, sem nenhuma conotação temporal, usado nas expressões de
caráter geral, máximas e provérbios (aoristo gnômico), e que há o aoristo narrat
ivo, pontual, enquadrado ; dentro de um quadro narrativo, que dá o enquadramento t
emporal, o aoristo pontual que exprime os fatos isolados, que incidem, pontuam a lin
ha narrativa. A denominação de aoristo pontual é sugestiva, na medida em que ele i
ncide sobre o processo narrativo, exprimindo apenas o ato verbal isolado, sem id
éia de duração ou acabamento. Mostraremos também que, por coerência semântica, o
tema do aoristo é a base para a formação dos temas do Infectum-Inacabado e do P
erfectum-Acabado.10
10
Ao introduzirmos o estudo das flexões faremos menção especial para esses fatos.
mur01.p65
21
22/01/01, 11:35
22
introdução: guia do leitor
Mostraremos que o perfeito, perfectum acabado também faz jus ao nome: exprime o po
nto de chegada do ato verbal, do processo interno do verbo, sem indicação de tem
po externo. Mostraremos também que o perfeito mais antigo é o perfeito médio, in
transitivo, que dá a idéia de resultado; o perfeito passivo deriva dessa idéia.
O perfeito ativo é mais recente; é menos usado e tem conflitos semânticos com al
gumas formas em alguns verbos. Mostramos também que, como o infectum tem o passa
do expresso pelo imperfeito e o aoristo tem o passado expresso pelo aoristo enqu
adrado, narrativo, o passado do perfeito é expresso pelo mais-que-perfeito. Most
raremos que não há outros modos no passado; só o indicativo. Ao tratarmos da mor
fologia dos aspectos, veremos em primeiro lugar que o infectum-inacabado, quando
não tem o tema igual ao do aoristo, ele o tem alargado, ampliado, por prefixos
(redobro), infixos e sobretudo sufixos formadores. Nós vemos nisso uma nítida re
lação de significante e significado. O tema do infectum-inacabado nunca é menor1
1 do que o do aoristo. Isso não é mero acaso. Começaremos apresentando o quadro
geral das desinências, que são poucas, e mostraremos que não há desinências espe
ciais para esse ou aquele tema verbal, e que a opção para -v ou -mi da 1a pessoa
da voz ativa é mero problema fonético: os temas em consoante e semivogal optam
pelo -v, e os temas em vogal optam pelo -mi. Constataremos também que as desinên
cias não pertencem a esse ou àquele quadro ou paradigma; elas pertencem, são prop
riedades das pessoas gramaticais. Isso é significativo e importante e explica por
que o grego não usa o sujeito-pronome. É que as desinências o representam sufic
ientemente. Cada pessoa gramatical tem suas desinências:
11
Salvo alguns raros casos, antigos na língua, como ³gagon. Ver na flexão do aoris
to.
mur01.p65
22
22/01/01, 11:35
introdução: guia do leitor
23
Quadro das desinências verbais
1ª pessoa sing.
ativa média/ pas.
prim. secund. prim. secund. prim. secund. prim. secund. prim. secund. prim. secu
nd. prim. secund. prim. secund. prim. secund. prim. secund. prim. secund. prim.
secund.
-v/-mi -m >-n (>a depois de consoante) -mai -mhn -si / w -w -sai -so -ti -t -tai
-to -men -men -meya -meya -te -te -sye -sye -nti -n (sa-n) -ntai -nto
2ª pessoa sing.
ativa média/ pas.
3ª pessoa sing.
ativa média/ pas.
1ª pessoa pl.
ativa média/ pas.
2ª pessoa pl.
ativa média/ pas.
3ª pessoa pl.
ativa média/ pas.
mur01.p65
23
22/01/01, 11:35
24
introdução: guia do leitor
As desinências do imperativo apresentam apenas um problema: o imperativo singula
r (o verdadeiro, original, primeiro), na voz ativa do infectum, seria de desinên
cia zero, naturalmente.12 Mas os temas em consoante e semivogal precisaram de um
a vogal de apoio -e que, por analogia, os outros verbos usam; krÛne/tÛ-ye-e > tÛ
-yei. No aoristo sigmático singular da voz ativa e média, usam-se antigas fórmul
as, mas são de 2ª pessoa -so-n / -sai. E no aoristo passivo singular toma-se emp
restada a desinência do locativo -yi sobre o tema de aoristo passivo. Observe-se
ainda a sintonia ou sinfonia fonética entre as consoantes das pessoas gramatica
is e as desinências: 1 o -m- dos pronomes de 1ª pessoa e o -m da primeira pessoa
: no singular: me/mou/moi → -m-> -n/-mi/-mai/-mhn 13; No plural, ²meÝw ²m¡terow
→ -m2 o -s- das 2as pessoas correspondem a tu > su → -w/-sai/-so 3 o -t- das 3 a
s pessoas do singular tñw e do plural (com -n- epentético) → -ti / -t/-nt/ntai/-
nto tñw é um antigo dêitico empregado por Homero e Heródoto com significado de es
te , um anafórico; e aï é um conetivo anafórico também, por sua vez são os formadore
s do pronome de 3ª pessoa, na verdade um dêitico: aï tñw > aétñw. Ao tratarmos da
morfologia do aoristo, veremos que há um aoristo flexionado sobre a própria raiz
do verbo. Chamaremos esse aoristo de aoristo de raiz-tema . É o aoristo que as gra
máticas denominam aoristo segundo ou aoristo temático . São denominações impróprias
: a primeira porque é meramente administrativa, pois as gramáticas estudam o
12
Faria contraponto com o vocativo, que é o gancho do diálogo apenas; não tem funç
ão e por isso não tem desinência (caso). 13 ¤gÅ é absoluto; não tem plural nem f
eminino, e as flexões dele são sobre tema diferente. Mas a variante -v de primeira
pessoa não deve ser mera coincidência.
mur01.p65
24
22/01/01, 11:35
introdução: guia do leitor
25
aoristo sigmático antes desse aoristo; a segunda, como já dissemos, porque confu
nde vogal temática com vogal de ligação. Diremos também que esse aoristo de raiz
-tema é o mais antigo por razões semânticas e arrolaremos uma lista de verbos ho
méricos, todos com significados dos atos primeiros, essenciais, concretos, do se
r humano. Estudaremos a seguir o aoristo em -h, que na origem tem um significado
médio, intransitivo e depois serviu para exprimir a voz passiva, sobretudo dos
verbos de tema em soante-líqüida, fazendo contraponto com outra característica d
a passiva, mais tardia e mais forte, que passou a ser a paradigmática, -yh- / sy
h. Falaremos a seguir do aoristo e do futuro sigmáticos. Embora o aoristo sigmát
ico esteja presente nos textos homéricos, sua criação certamente é recente. Mas,
por ser uma marca forte, acabou prevalecendo e passou a ser o aoristo-referênci
a, e todos os verbos novos que foram sendo criados passaram a ter o aoristo sigmát
ico. Dentro do aoristo sigmático mostraremos o tratamento fonético que ele sofre
depois de temas em soante-líqüida: l, m, n, r. Vincularemos a flexão do futuro
à do aoristo, mostrando que, por razões semânticas, o futuro não poderia ser con
struído sobre o tema do infectum-inacabado. Provaremos também que morfologicamen
te ele se constrói sobre o tema do aoristo. Ao tratarmos do perfectum-acabado, m
ostraremos que formalmente ele se constrói sobre o tema do aoristo; falaremos so
bre o redobro e suas variantes e mostraremos que cronologicamente o perfeito méd
io-intransitivo é anterior ao passivo, que se serviu de suas desinências, e que
o perfeito ativo é o mais recente. Diremos também que o perfeito ativo é mais di
fícil de formular em português, e que, estatisticamente, é o menos freqüente. Ao
pensarmos em português, temos dificuldades em diferenciar um pretérito perfeito
simples de um aoristo narrativo (pontual). A diferença existe, mas só o context
o nos pode esclarecer. O imperativo perfeito ativo, embora formalmente possível,
exige uma operação mental complexa: a noção do acabado, perfeito não se coaduna
com a noção eventual do imperativo. Não temos lembrança de a termos encontrado
em textos.
mur01.p65
25
22/01/01, 11:35
26
introdução: guia do leitor
Passamos então a estudar os modos, numa seqüência que manteremos sempre: indicat
ivo, subjuntivo, optativo, imperativo, particípio e infinitivo. O estudo dos mod
os em grego é precedido de algumas considerações sobre os modos em português e l
atim. Mostraremos que a nomenclatura referente aos modos é discutível, e que ess
e problema já está em Dionísio Trácio, em sua gramática que já sofre os vícios d
a gramática descritiva, que deixa de lado a relação significante-significado. Ex
plicaremos os modos a partir de seus nomes. É preciso ter em mente, antes de tud
o, que o uso desse ou daquele modo num enunciado qualquer depende do emissor da
mensagem, ele é o dono da mensagem, e de como ele quer que o receptor a receba. Es
tamos falando de uma mensagem pensada coerente, é claro. Essa observação é muito i
mportante porque, sempre que pensamos em estudar os modos verbais de determinada
língua, pensamos na sintaxe dos modos. Essa visão a partir do abstrato para o con
creto é a causadora principal da dificuldade do entendimento e do emprego dos mo
dos em qualquer língua. Nós entendemos, e a prática na sala de aula nos confirmo
u, que as palavras são autônomas, as expressões, quer verbais quer nominais, têm
um significado em si mesmas e por si mesmas e dentro do enunciado são elos da c
adeia e são interdependentes; o que os comanda é a linha semântica do enunciado,
que é o que o emissor elaborou ou está elaborando em sua mente e está transmiti
ndo ao receptor da maneira que ele quer que o receptor a aceite. A interpretação
e o entendimento dos modos empregados depende desse diálogo direto, sem interme
diários, entre leitor > texto . Entendemos por texto o próprio emissor. É por isso qu
e não teremos um capítulo de Sintaxe dos Modos ou Sintaxe do Subjuntivo, ou do Opta
tivo etc. ou da Sintaxe das Orações Temporais, Causais, Relativas, Participiais, I
nfinitivas. Os inúmeros exemplos que arrolaremos nos levarão a entender os modos
gregos. Mostraremos, por exemplo, que um subjuntivo é eventual, e em português
se traduz pelo presente ou futuro do subjuntivo quer ele esteja numa oração fina
l, temporal, causal, modal etc. Mostraremos que o indicativo é o modo da realida
de objetiva e subjetiva e, por coerência, ele é também o modo da irrealidade. Ex
emplificaremos com algumas frases, estabelecendo as correspondências em portuguê
s.
mur01.p65
26
22/01/01, 11:35
introdução: guia do leitor
27
O grego usa o mesmo modo, indicativo, quer na realidade objetiva ou subjetiva en
unciativa, quer na irrealidade supositiva, hipotética de presente e de passado,
em que usa, respectivamente o imperfeito e aoristo indicativos, apenas marcados
por eÞ na condicionante e n na condicionada. O português emprega o indicativo para a
realidade objetiva ou subjetiva enunciativa presente; para a irrealidade present
e, usa o imperfeito do subjuntivo com marcador se na condicionante e o condicional
simples sem marcador na condicionada; e, para a irrealidade passada, o portuguê
s usa o mais-que-perfeito do subjuntivo com o marcador se na condicionante e o con
dicional composto, sem marcador, na condicionada. Ver exemplos nas páginas 251 e
267. Diremos também que a denominação subjuntivo/ conjuntivo é imperfeita, porq
ue sugere que é o modo da subordinação, quando a subordinação é apenas uma parte
de seu significado: nas expressões de deliberação, exortação, pedido (voto), nã
o há subordinação. Ela só está presente na suposição da probabilidade, futura, c
om o se, ou caso, no caso de, quando na condicionante e subjuntivo presente ou f
uturo, e geralmente futuro (indicativo) sem nada na condicionada; nas construçõe
s de finalidade, ou se usa para que, a fim de que e o subjuntivo presente ou a c
onstrução para com infinitivo. Insistiremos no sentido da eventualidade do subju
ntivo. O subjuntivo é o modo do eventual, do provável, do fato futuro não determ
inado. É uma espécie de modo da antecipação. Portanto, a tradução em português s
erá ou pelo subjuntivo presente ou pelo subjuntivo futuro ou pelo infinitivo pre
cedido de para. Essa eventualidade, no entanto, não é sentida em português no us
o do quando eventual, isto é, quando exprime o fato repetido como presente: cada
vez que, sempre que. O português usa o indicativo. O grego não. Usa coerentemen
te o subjuntivo, isto é, o eventual, porque, na medida em que um fato é sucessiv
o, repetido, ele não é um fato só, isto é, não é delimitado, e por isso o uso do
indicativo é impróprio. Esse sentido da eventualidade, fato futuro, explica o u
so de desinências primárias para todo o subjuntivo. Ao tratarmos do optativo, di
remos que é o modo da possibilidade ou da afirmação atenuada e que em português
nós o traduziremos ou pelo
mur01.p65
27
22/01/01, 11:35
28
introdução: guia do leitor
imperfeito do subjuntivo ou pelo condicional simples, que são os modos que expri
mem em português a possibilidade e a afirmação atenuada. Diremos que a denominaç
ão imperfeito do subjuntivo é imprópria, porque o optativo é o modo da possibili
dade, do possível, da transmissão da afirmação de terceiros, do voto negativo, i
ncerto, da imprecação negativa, incerta, tendente à irrealidade. Esse sentido de
possível, de incerteza, aproxima o optativo mais do irreal do que do real ou ev
entual. Isso explica o uso de desinências secundárias em todo o optativo. Ao tra
tarmos do modo imperativo, diremos que é o modo do diálogo, que é bipolar, horiz
ontal, singular na relação eu/tu e que, por isso mesmo, mais uma vez, a denominaçã
o imperativo não corresponde exatamente ao seu significado. Nem sempre, ou quase n
unca, o imperativo contém uma ordem. Mostraremos também que os outros imperativos
são formações analógicas e que há dois imperativos: os de 2 as pessoas (tu e vós
), que denominamos imperativo direto e os de 3as pessoas, também analógicos, que
denominamos imperativo indireto, porque a 3ª pessoa não está no eixo do diálogo
e a mensagem é dada indiretamente. Ao tratarmos do particípio, mostraremos a ri
queza do uso do particípio em grego. Cada aspecto tem três particípios: da voz a
tiva, média e passiva: são doze (infectum, aoristo, futuro, perfeito), e cada um
com três formas: masculino, feminino e neutro. São então, ao todo, trinta e sei
s particípios. Formalmente são trinta, porque no infectum e perfectum a voz médi
a e a voz passiva têm a mesma forma Mostraremos as correspondências em português
, que não são claras por causa da invasão do gerúndio, que ocupou as funções do
particípio da voz ativa. Em grego, o particípio é um verbo-adjetivo; é disso que
ele tira seu nome metox , participação. Ele tem formas nominais, mas funcioname
nto e natureza verbal: ele pode ser adjunto adnominal (epíteto), predicativo (ap
osto, conjunto), pode ser substantivado, mas não perde sua natureza verbal e pod
e ter objeto direto, pode exprimir relações de espaço, como o verbo de que ele é
a expressão nominal.
mur01.p65
28
22/01/01, 11:35
introdução: guia do leitor
29
O infinitivo é o último item desta seqüência, mas ele já terá sido tratado em pa
rte no capítulo do infectum-inacabado, na voz ativa, porque, como noção substant
iva do verbo, isto é, um substantivo, pode exercer todas as funções de um substa
ntivo, e mostraremos como o infinitivo grego descarrega todas as funções e todos
os casos no artigo, contrariamente ao latim que, não tendo artigo, foi obrigado
a criar casos para o infinitivo, e o gerúndio representa esses casos; e que, em p
ortuguês, o gerúndio representa os casos instrumental e locativo (raramente o ge
nitivo-ablativo). Mas, também no infinitivo, o grego é mais rico do que o latim
e o português: cada aspecto tem três infinitivos: ativo, médio e passivo: infect
um, aoristo, futuro e perfeito. São 12 infinitivos, com seu significado próprio.
Na verdade são então, ao todo, 12 infinitivos, semanticamente, mas morfologicam
ente, formalmente, são 10, uma vez que no infectum e no perfectum a voz média e
a voz passiva têm a mesma forma. Completaremos a série falando dos adjetivos ver
bais em -tñw, t , -tñn, que correspondem aos adjetivos de sufixo bilis, e, em la
tim, e -vel, em português: o que pode ser feito ; e -t¡ow, -t¡a, -t¡on, que corresp
ondem aos adjetivos de sufixo -ndus, a, um do gerundivo em latim, e em português
ao sufixo erudito -ndo do gerundivo latino, com o significado de o que deve ser
feito , ambos construídos sobre o tema verbal puro, isto é, sobre o tema do aorist
o. Depois da flexão nominal e verbal, passaremos a tratar das Invariáveis . Na verd
ade elas são a conexão na relação substantivo/verbo; elas são circum-stanciais , pe
riféricas, perittaÛ . Começaremos pelas preposições e mostraremos que todas elas sã
o advérbios com significado espacial. Não há nenhuma preposição com significado
temporal. Mostraremos também, individualmente, que os casos que as preposições re
gem são decorrentes da relação espacial que elas determinam e que, por regerem mais
de um caso, não mudam necessariamente de significado, que permanece o mesmo, co
ncreto, espacial. O que pode acontecer é elas serem usadas em outro plano, metaf
órico, figurado, mas, a relação espacial metafórica sendo a mesma, o caso será o
mesmo. Há
mur01.p65
29
22/01/01, 11:35
30
introdução: guia do leitor
uma coerência total nessas construções. Mas para demostrá-la foram precisos inúm
eros exemplos que fomos buscar em várias gramáticas. A seguir abordaremos as con
junções e conetivos em geral, que a gramática grega denomina sændesmoi , amarrações .
Mostraremos que o que chamamos de partículas são, na base, conetivos da oralidade,
que permaneceram na mente do homem grego. Por coincidência, nos textos em que a
oralidade está mais presente, como no teatro ou nos diálogos de Platão, há mais
desses conetivos do que nos textos de Aristóteles, por exemplo. Mas eles são ma
is instrumentais e marcadores, e por isso é difícil identificar neles um signifi
cado próprio, independente, permanente. Eles são mais conotativos. Os inúmeros e
xemplos mostrarão isso com bastante clareza. Mas não estudaremos as partículas s
eparadas das conjunções; elas estarão na mesma lista, por ordem alfabética. Nas
conjunções propriamente ditas, vemos amarrações entre frases, enunciados. Também a
í, por meio de inúmeros exemplos, mostraremos que as conjunções não regem esse ou
aquele modo verbal. Elas têm um significado próprio e o modo verbal é decorrente
de como o enunciado é passado do emissor para o receptor: se há uma realidade o
u irrealidade é o indicativo; se há uma eventualidade, o modo é o subjuntivo ou
futuro; se há uma possibilidade, ou atenuação da mensagem, o modo é o optativo.
A seguir estudaremos os advérbios propriamente ditos; eles diferem das preposiçõ
es, antigos advérbios, na medida em que não exigem uma relação espacial depois d
eles; são usados de maneira absoluta. Eles são os adjetivos do verbo , isto é, do =
°ma, o que é dito do sujeito . Eles são basicamente circunstanciais: modais, instru
mentais, temporais e espaciais, em suas várias relações de acusativo, genitivo e
locativo, e por isso muitos deles são formas petrificadas desses casos. É este
o roteiro da exposição de nossa teoria sobre a língua grega. Mas esta teoria que
r ser essencialmente prática, porque foi da prática que ela nasceu, durante anos
sucessivos, em que nenhuma aula sobre um determinado ponto foi igual à anterior
ou à posterior. Além disso, a prática, isto é, o ensino foi a razão e causa des
te nosso trabalho. Por isso, apresentaremos aqui também a parte didática, na qua
l foram aplicadas todas estas idéias sobre o funcionamento da língua grega. Até
agora ela foi apresentada nas diversas versões de nossas apostilas , na qual era ap
resentada a teoria e a prática, isto é, as frases que
mur01.p65
30
22/01/01, 11:35
introdução: guia do leitor
31
deviam ser traduzidas. Mas a teoria que estava nessas apostilas ou era sumária o
u estava em processo de elaboração, e por isso nós solicitávamos aos alunos que
usassem a página anterior em branco para anotar nossa exposição oral que às veze
s até contrariava a escrita. As frases foram reunidas enfocando um ponto determi
nado da matéria, que foi dividida em unidades didáticas, ou módulos, na seguinte
ordem: A/ Flexão dos nomes de tema em vogal e formas do verbo ser. São os Texto
s I e II. Neles estão substantivos, adjetivos e dêiticos em -o e -a/-h nos diver
sos casos, menos no acusativo, porque os verbos de ação serão dados a seguir.14
Mas a tradução dessas frases não é um fim em si; ela só tem sentido se o enunciado
foi entendido no relacionamento de suas partes. Por isso deve-se agir da forma
seguinte: copiar o texto, mas só a frase que vai trabalhar15; identificar o suje
ito e o verbo, e os outros casos, relacionando estreitamente caso e função. Por
isso deve-se deixar uma linha em branco e registrar isso nessa linha; só então t
raduzir, coerentemente com a análise feita. As palavras estão no vocabulário de
mais ou menos 5.000 palavras, que foi preparado para isso. Traduzida essa frase,
veremos a seguir propostas de versão, ou de uma frase imitando ou parodiando a
que acabamos de traduzir, ou ainda
14
Procuramos registrar apenas frases abonadas, isto é, frases de autores gregos ou
da tradição grega. Frases pensadas e enunciadas em grego. Isto é extremamente i
mportante: o aluno sente que está penetrando num mundo diferente e que esse mund
o o envolve. 15 A transcrição manual é extremamente importante, essencial. Esse
primeiro contato concreto com o texto tem um efeito muito importante, não só com
pletando a alfabetização do estudante, mas familiarizando-o com o texto: a parti
r daí o texto grego não será o estranho com quem se bate ou de quem se foge.
mur01.p65
31
22/01/01, 11:35
32
introdução: guia do leitor
veremos alguns sintagmas em português, em que veremos as mesmas palavras que aca
bamos de usar na tradução. Poderá ainda haver uma proposta para manipular, trans
formar a frase, quer passando-a para o singular ou para o plural, ou ainda mudan
do-a da voz ativa para a passiva e vice-versa. Esses exercícios complementares,
que foram denominados versão e ginástica nas edições anteriores, têm o objetivo
de fazer fixar não só os casos da flexão nominal e as desinências da flexão verb
al, mas sobretudo fazer fixar um vocabulário básico. Na versão teremos em portug
uês todas ou quase todas as frases que foram traduzidas do grego, mas em forma d
e glosa: muda-se o verbo, mudam-se as relações entre os nomes, muda-se o número.
A versão visa a que se vejam as relações da língua a partir do lado do leitor.
Na frase expressa em grego, ele tem os casos para os quais precisa encontrar a f
unção; na frase expressa em português, ele deve identificar a função para lhe ap
licar o caso correspondente. A versão tem também outra finalidade: fazer a revis
ão da frase grega que acabou de ser traduzida, para se identificar nela a glosa
em português. Isso propicia ver pelo menos duas vezes as palavras empregadas, fi
xar o significado delas e assim guardá-las mais facilmente na memória. A ginásti
ca, isto é, exercício com os sintagmas, é apresentada em duas partes: a primeira
compõe-se basicamente de sintagmas das relações nominais que se encontram nas f
rases traduzidas. De novo, somos levados a reler as frases, identificar as palav
ras e dar-lhes o caso compatível com a função que ele identifica no sintagma. O
objetivo dessa ginástica é familiarizar o leitor com o sistema de casos da língu
a grega e ajudá-lo a identificar sempre a relação funçãocaso / caso- função; a s
egunda parte consiste em registrar em grego algumas das frases traduzidas, pedin
do ao leitor passá-las para o plural, se estão no singular, e vice-versa; passar
para a voz passiva e vice-versa; passar as formas verbais do presente para o im
perfeito ou futuro etc. O objetivo dessa ginástica é obrigar o leitor a voltar u
ma terceira vez para as frases traduzidas, propiciando-lhe novo contato com as p
alavras e as formas, ajudando-o a adquirir vocabulário e firmeza e consciência n
o uso das formas nominais.
mur01.p65
32
22/01/01, 11:35
introdução: guia do leitor
33
B/ Todas as formas do infectum dos verbos são introduzidas nos Textos Gregos II,
III e IV, sempre com nomes de temas em vogal. O modelo de tradução é o mesmo, m
as, além do acusativo, entram aí todos os verbos, tanto em -v quanto em -mi. Ali
ás, mostramos que a divisão tradicional em duas categorias de verbos, com desinê
ncias diferentes não é verdadeira. A única desinência diferente é a da 1ª pessoa
da voz ativa, e isso decorre de fator fonético: os temas em consoante e semivog
al têm a desinência -v, e os de temas em vogal têm a desinência -mi. Nesses dois
grupos de textos usamos todas as formas do infectum das três vozes e de todos o
s modos, menos o particípio ativo, por ser um nome de tema em consoante do qual
ainda não se viu a flexão. Segue-se o mesmo esquema e traduzem-se as formas verb
ais depois de identificá-las e analisá-las; mas a tradução parte do texto, isto
é, do significado da forma dentro do enunciado. Cada um desses textos vem seguid
o de uma versão e de ginástica com os mesmos objetivos dos textos I e II. C/ As
formas do imperfeito de todos os verbos estão nos Textos III e IV que introduzim
os evidentemente depois de explicarmos a construção do passado em grego. Novamen
te, passamos pela tradução das frases e depois pela versão e ginástica. Nesse po
nto o leitor se surpreende e pergunta a razão por que o grego não tem imperfeito
do subjuntivo. Com o texto IV, termina o Módulo I do curso. Em geral ele é dado
em um semestre. D/ A flexão dos nomes de temas em consoante e semivogal dá iníc
io ao Módulo II. Damos o quadro geral das desinências e solicitamos ao leitores
o trabalho de acoplar essas desinências aos diversos temas. A primeira dificulda
de é encontrar o tema: na maior parte dos nomes, o registro no genitivo singular
ajuda a identificá-lo; mas nos temas em -w, -W, -j não. Os Textos Gregos V e VI
contêm essencialmente nomes de temas em consoante e semivogal e as formas do in
fectum dos verbos (presente e imperfeito), em todos os modos.
mur01.p65
33
22/01/01, 11:36
34
introdução: guia do leitor
Não introduzimos aí o futuro, como fazem as gramáticas, porque o futuro é constr
uído sobre o tema do aoristo. O ritual com os Textos Gregos V e VI é o mesmo dos o
utros: o aluno faz a tradução, depois a versão e ginástica. Os objetivos também
são os mesmos. E/ O aoristo vem a seguir nos textos que denominamos Exercícios d
e aoristo e futuro, que seriam os Textos Gregos VII e VIII. O ritual é o mesmo, ma
s, além da tradução, pede-se que se identifique o tema verbal, para que se acost
ume com a idéia de que o verdadeiro tema verbal é o aoristo; a seguir pede-se qu
e se construa o infectum a partir do aoristo. Percebe-se então com mais clareza
que há uma relação estreita de significante e significado nas formas verbais. Us
a-se para isso todo o quadro denominado Formação dos temas do infectum. As diver
sas formas de aoristo que estão nessa série de frases levam o estudioso a identi
ficar e se familiarizar com todos os aoristos e futuros nas três vozes e em todo
s os modos. Nunca a partir de paradigmas, mas a partir das frases, que apresenta
m as formas como elementos semântica e sintaticamente autônomos. Acontece então
que, por iniciativa própria, o estudioso apresenta diversas construções do verbo
grego, a partir do tema do aoristo! Isto mostra que, afinal, ele está entendend
o a estrutura da flexão verbal! F/ O perfeito. Finalmente, temos os Exercícios s
obre o tema do perfeito. Inicialmente houve uma introdução, em que ficou demonst
rado que o perfeito, por ser um resultado presente de um ato passado, é um estad
o presente e que, por conseguinte, o perfeito médio-intransitivo teria sido o ma
is antigo, do qual derivou o passivo e finalmente construiu-se o ativo. São os T
extos Gregos IX e X. O estudioso começa por transcrever e traduzir as frases, te
ndo em vista sobretudo a identificação das formas verbais no perfeito. Ele encon
tra as várias formas do perfeito, que estão explicadas no manual, e vai tentando
traduzir uma a uma essas formas para o português.
mur01.p65
34
22/01/01, 11:36
introdução: guia do leitor
35
Depois de cada frase vêm a Versão e a Ginástica. Mas, já, junto com o perfeito,
estará enfrentando textos de autores, sobretudo de Platão, cuja tradução e leitu
ra são instigantes e gratificantes. É esse o projeto! Foi esse o projeto! Resta
ver agora se na teoria ele se justificou. A prática, ao que parece, o aprovou!
mur01.p65
35
22/01/01, 11:36
36
o alfabeto grego
O alfabeto grego
Signo grego
AB-b G-g D-d E-e Z-z H-h Y-y I -i K-k L-l M-m N-n J, j O-o P-p R-r S - s, w18 T-
t U-u F-f X-x C-c V-v
16 A
som
a b gue d e dz é th i k l m n ks o p r /rh s (ç) t y ph kh ps ó
Denominação
lfa b°ta g mma d¡lta ¦ cilñn z°ta —ta y°ta ÞÇta k ppa l mbda mè nè jÝ ö mikrñn pÝ =ñ sÝ
gma tau ë cilñn fÝ xÝ cÝ Î m¡ga álpha béta gáma délta e psilón17 dzéta éta théta
ióta kápa lámbda mû nû ksî o mikrón pî rhô sîgma tau y psilon phî khî psî o még
a
Exemplos fonéticos
altar, fada belo, bolo gato, guerra dado, dedo mesa, medo Zeus (Dzeus/Zdeus) atl
eta, tese th (ingl. thing) nada Kant, Kent lado, lido mês, mal nada axioma tolo
pedra rei, rato (vibrante) sal, ser (sempre ç) tarde hypnose (u francês) fuga kh
áris psicose hora
a16
fonte grega utilizada neste livro é a Athenian. não seguimos a denominação tradi
cional dos grafemas gregos e, o, v, respectivamente êpsilon, ômikron e ômega; pr
eferimos denominá-los pelo que eles são: e psilón, e simples, desguarnecido, o m
ikrón, o pequeno, curto, breve e o méga, o grande, longo. 18 O s- usa-se no iníc
io e no meio das palavras, e -w no final.
17 Nós
mur02.p65
36
22/01/01, 11:36
o alfabeto grego
37
Exercício de leitura e transcrição:
Leia com auxílio da transcrição em caracteres latinos as palavras abaixo, todas
existentes em português, e a seguir transcreva-as em caracteres gregos; os acent
os na transcrição em português são para auxiliar a leitura: o acento circunflexo
não indica vogal fechada, que não existe em grego.19
Omhrow tr peza sbestow biblÛon gumn sion dhmokratÛa y°atron y¡atron ciw öciw éj¤vma jÛv
a b¤ow bÛow =inok°rvw =inok¡rvw dÆ Äd xaraktÆr xarakt r naËw naèw eÈgenÆw eégen
w êggelow ggelow lãrugj l rugj kr¤siw krÛsiw moiow ÷moiow Ïmnow ìmnow _ppopÒtamow ßp
popñtamow stoikÒw stoikñw diãlogow di logow mousikÆ mousik Spãrth Sp rth Ka sar KaÝsa
r Hómeros trápeza ásbestos biblíon gymnásion demokratía théatron ópsis aksíoma b
íos rhinokéros oidé/odé kharaktér naûs eugenés ángelos lárynks krísis hómoios hy
mnos hippopótamos stoikós diálogos mousiké Spárte Kaîsar filanyrvp¤a filanyrvpÛa
drçma dr ma biograf¤a biografÛa grafÆ graf g°nesiw g¡nesiw diãgnvsiw di gnvsiw lab
Êrinyow labærinyow metaforã metafor z on zÒon Ïbriw ìbriw =eËma =eèma cuxÆ cux »ke
anÒw Èkeanñw fainÒmenon fainñmenon ploËtow ploètow êgkura gkura Àra Ëra F¤lippow
FÛlippow da¤mvn daÛmvn =uymÒw =uymñw m mow mÝmow énvmal¤a nvmalÛa _ppÒdromow ßppñdr
omow klinikÒw klinikñw sf gj sfÝgj ékrÒpoliw krñpoliw philanthropía drâma biographí
a graphé génesis diágnosis labyrinthos metaphorá zôion/zôon hybris20 rheûma psyk
hé okeanós phainómenon ploûtos ánkyra hóra Phílippos daímon rhythmós mîmos anoma
lía hippódromos klinikós sphînks akrópolis
19 Há
um equívoco quando se fala de vogais fachadas em grego: v / h são vogais longas,
articuladas, abertas; mas e /o são breves, simples, soltas não articuladas, e n
ão são necessariamente fechadas. 20 O -y- não comporta acento nas línguas modern
as.
mur02.p65
37
22/01/01, 11:36
38
o alfabeto grego
fvsfñrow fvsfÒrow §pitãfiow ¤pit fiow =eumatismÒw =eumatismñw profulatikÒw profula
tikñw d°rma d¡rma kubernetikÆ kubernetik lÒgow lñgow kan_n kanÅn k¤nhsiw kÛnhsi
w diskobÒlow diskobñlow gevrgikÒw gevrgikñw parãdojow par dojow kÊklvc kæklvc paxÊ
dermow paxædermow sËrigj sèrigj sÊgxronow sægxronow kay°dra kay¡dra boukolikÒw b
oukolikñw ±x_ ±xÅ —ppow áppow ¹m_numow õmÅnumow mayhmatikÒw mayhmatikñw tuf_n tu
fÅn p°ntaylon p¡ntaylon mËyow mèyow éylhtÆw ylht w gevmetr¤a gevmetrÛa politikÒw
politikñw biblioyÆkh biblioy kh êtomow tomow Ùbel¤skow ôbelÛskow épolog¤a pologÛa
kvm d¤a kvmÄdÛa despñthw despÒthw kat logow katãlogow fil nyrvpow filãnyrvpow must rio
n mustÆrion di lektow diãlektow Éroskñpow roskÒpow aÈsthrÒw aésthrñw
phosphóros epitáphios rheumatismós prophylatikós dérma kybernetiké lógos kanón k
ínesis diskobólos georgikós parádoksos kyklops pakhydermos syrinks synkhronos ka
thédra boukolikós ekhó híppos homónymos mathematikós typhón péntathlon mythos at
hletés geometría politikós bibliothéke átomos obelískos apología komoidía/ komod
ía despótes katálogos philánthropos mysteríon diálektos horoskópos austerós
polÊglvttow polæglvttow §p¤gramma ¤pÛgramma a_morrag¤a aßmorragÛa YeÒdvrow Yeñdv
row Ípote¤nousa êpoteÛnousa ÉAy_nai Ay°nai nÒmow nñmow k¤nhma kÛnhma kvmikÒw kvmi
kñw kunikÒw kunikñw c¤ttakow cÛttakow duspec¤a duspecÛa fãntasma f ntasma k°ntauro
w k¡ntaurow fñrmigj fÒrmigj lÆyh l yh xrusostÒmow xrusostñmow aÂma aåma noma önom
a ¥liow ´liow xrusãnyemon xrus nyemon t°tanow t¡tanow èrmon¤a rmonÛa metevrolog¤a m
etevrologÛa yumÒw yumñw lurikÒw lurikñw ériymhtikÆ riymhtik pÒliw pñliw krob thw ék
robãthw éster¤skow sterÛskow éstronom¤a stronomÛa trag d¤a tragÄdÛa _larÒw ßlarñw yÅ
raj y_raj dÛskow d¤skow ceudÅnumow ceud_numow kataklusmñw kataklusmÒw aétñxyvn a
ÈtÒxyvn strathgñw strathgÒw ÍpokritÆw êpokrit w
polyglottos epígramma haimorragía Theódoros hypoteínousa Athénai nómos kínema ko
mikós kynikós psíttakos dyspepsía phántasma kéntauros phórminks léthe krysostómo
s haîma ónoma hélios khrysánthemon tétanos harmonía meteorología thymós lyrikós
arithmetiké pólis akrobátes asterískos astronomía tragoidía /tragodía hilarós th
óraks dískos pseudónymos kataklysmós autókhthon strategós hypokrités
mur02.p65
38
22/01/01, 11:36
o alfabeto grego
39
lejikñn lejikÒn tojikñw tojikÒw seismñw seismÒw fr siw frãsiw dñgma dÒgma Pl tvn Plã
tvn Dhmosy¡nhw Dhmosy°nhw Diog¡nhw Diog°nhw Puyagñraw PuyagÒraw LevnÛdaw Levn¤da
w PrÛamow Pr¤amow Milti dhw Miltiãdhw Agam¡mnvn ÉAgam°mnvn XenofÅn Jenof_n Zeèw ZeË
w Erm°w ÑErm_w Apñllvn ÉApÒllvn Hra ÜHra EstÛa ÉEst¤a Artemiw ÖArtemiw KliÅ Kli_ Oéra
nÛa OÈran¤a Tercixñrh TercixÒrh YalÛa Yal¤a PolumnÛa Polumn¤a ZEUS ERMHS APOLLVN
HRA AFRODITH AYHNA MELPOMENH EUTERPH KALLIVPH ERATV ERATV
leksikón toksikós seismós phrásis dógma Pláton Demosthénes Diogénes Pythagóras L
eonídas Príamos Miltiádes Agamêmnon Ksenophón Zeûs Hermés Apóllon Héra Estía Árt
emis Klió Ouranía Terpsikhóre Thalía Polymnía ZEUS HERMES APOLLON HERA APHRODITE
ATHENA MELPOMENE EUTERPE KALLIOPE ERATO
b rbarow bãrbarow yrñnow yrÒnow prñblhma prÒblhma ôbolñw ÙbolÒw Perikl°w Perikl_w
Svkr thw Svkrãthw Al¡jandrow Al°jandrow EéklÛdhw EÈkl¤dhw Arxim dhw ÉArximÆdhw Axill
eæw ÉAxilleÊw Aristot¡lhw ÉAristot°lhw Odusseæw ÉOdusseÊw Sofokl_w Sofokl°w Aristof n
hw ÉAristofãnhw PoseidÇn Poseid«n Arhw ÖArhw Hfaistow ÜHfaistow Dhm thr DhmÆthr Afr
odÛth ÉAfrod¤th Ay na ÉAyÆna Melpom¡nh Melpom°nh Eét¡rph EÈt°rph Kalli_ph KalliÅp
h EratÅ ÉErat_ POSEIDVN POSEIDVN ARHS ARHS HFAISTOS HFAISTOS DHMHTHR DHMHTHR ARTE
MIS ARTEMIS KLIV KLIV OURANIA OURANIA TERCIXORH YALIA YALIA POLUMNIA POLUMNIA
bárbaros thrónos próblema obolós Periklés Sokrátes Aléksandros Euklídes Arkhiméd
es Akhilleús Aristotéles Odysseús Sophoklés Aristophánes Poseidón Áres Héfaistos
Deméter Aphrodíte Athéna Melpoméne Eutérpe Kalliópe Erató POSEIDON ARES HEPHAIS
TOS DEMETER ARTEMIS KLIO OURANIA TERPSIKHORE THALIA POLYMNIA
mur02.p65
39
22/01/01, 11:36
40
o alfabeto grego
Normas de transliteração
Para comodidade do aluno, transcrevemos a seguir as Normas de transliteração de
palavras do grego antigo para o alfabeto latino acordadas pela Sociedade Brasile
ira de Estudos Clássicos, com algumas discordâncias de nossa parte, expressas na
s Observações.
Signo grego A, a Ai, & B, b G, g gg gk gj gx D, d E, e Z, z H, h Hi, ú Y, y I, i
K, k L, l M, m N, n J, j O, o P, p R-, =-rS, -s-, -w T, t d¡lta - delta ¦ cilñn
- e psilón z°ta - dzéta/ zéta —ta - éta ióta suscrito y°ta - théta ÞÇta - ióta k p
pa - kápa l mbda - lámbda mè - mü / my nè - nü / ny jÝ - ksi ö mikrñn - o mikrón p
Ý - pi =Ç - rhô (inicial) rÇ - rô (interno) sÝgma - sîgma taæ - tau Denominação l
fa - alfa ióta suscrito b°ta - beta g mma - gama gama nasal Signo latino A, a ai B
, b G, g ng nk nks nkh D, d E, e Z, z E, e Exemplos g ph - agápe dv/ idv - ádo / áido
b rbarow - bárbaros gevrgñw - georgós ggelow - ángelos ögkow - ónkos s lpigj - sálpin
ks gxein - ánkhein dÛkh - díke eàdvlon - êidolon z thsiw - zétesis ´liow - hélios
ei cux» / cux°i - psykhé / psykhéi Th, th yeñw - theós I, i k L, l M, m N, n Ks,
Ks O, o P, p Rh, rh R, r S, s T, t Þd¡a - idéa kakñn - kakón l¡vn - léon martur
Ûa - martyría nñmow - nómos julñn - ksylón ôlÛgow - olígos potamñw - potamós =uy
mñw - rhythmós riymñw - arithmós SfÝgj - Sphînks taèrow - taûros
mur02.p65
40
22/01/01, 11:36
o alfabeto grego
41
U, u au eu hu ou ui F, f X, x C, c V, v Vi, Ä
ï cilñn - y psilón
Ü, ü au eu eu ou ui
læra - lyra / lüra aég - augé eéagg¡lion - euangélion héj mhn - euksámen ploètow
- ploûtos ußñw - huiós f rmakon - phármakon x riw - kháris cux - psykhé Èmñw - omós
tragÄdÛa - tragoidía/ tragvidÛa - tragoidía ôrg - orgé ßstorÛa - historía
fÝ - phi xÝ - khi cÝ - psi v m°ga - o mega ióta suscrito espírito brando espírit
o rude
Ph, ph Kh, kh Ps, ps O, o oi -.h
Mantêm-se os acentos agudo, grave e circunflexo na forma e nos locais em que se
encontram em grego, mas, respeitando-se a acentuação diacrítica do português. Po
r exemplo, os nomes gregos z°ta, —ta, y°ta levam acento circunflexo em grego não
por terem vogais fechadas, mas por serem longas (abertas). Acentuá-las com circ
umflexo em português induziria o leitor de língua portuguesa a pronunciá-las fec
hadas. Seria um erro. Por isso empregamos o acento agudo. Não é o caso de S, sÝg
ma, sîgma, que poderá receber o circumflexo no -i-, e de ploètow, ploûtos, sem t
ranstornos para a leitura. Exemplo: tÒ tñjÄ önoma bÛow, ¦rgon d¢ y natow tôi tókso
i ónoma bíos érgon dè thánatos Ao arco o nome é vida, a obra, morte (Heráclito)
Observações: l. O leitor deve ter notado que, na transcrição para caracteres lat
inos, há, no português e no latim, um deslocamento da vogal tônica: a) nas palav
ras gregas oxítonas de mais de duas sílabas, como, metafor a transcrição para o p
ortuguês se faz para metáfora , proparoxítona; b) nas palavras gregas oxítonas de d
uas sílabas, como Ód , a transcrição para o português se faz para ode , paroxítona;
mur02.p65
41
22/01/01, 11:36
42
o alfabeto grego
c) nas palavras gregas proparoxítonas de três sílabas com a penúltima longa, jÛvm
a, a transcrição para o português se faz para axioma , paroxítona e as com a penúlt
ima breve metafor se faz para proparoxítona. A explicação está na prosódia latina
, intermediária entre o grego e o português, porque: O latim não tem acentos. O
latim não tem oxítonas; por isso desloca a tônica das oxítonas gregas de três sí
labas para proparoxítonas: é o caso de metafor > metáfora; e das oxítonas gregas
de duas sílabas para paroxítonas: é o caso de: Ód > ode; Nas palavras latinas d
e mais de duas sílabas, a posição da tônica é determinada pela quantidade da pen
última sílaba: se a penúltima é longa, a palavra é paroxítona, jÛvma (penúltima l
onga) > axioma; se é breve, a palavra é proparoxítona: krñpoliw (penúltima breve)
> acrópole. 2. Particularidades da sonoridade e representação gráfica das letra
s gregas: a) O som do G, g, gáma, se produz no pálato, isto é o céu, ou véu da b
oca; por isso ora é denominado gutural, ora palatal ora velar. Os lingüistas pre
ferem denominá-lo velar ; nós o denominaremos palatal ou velar. A dificuldade está
em lê-lo corretamente na transcrição de g¡now, gÛgnomai, isto é, seguido de -e-
e -i-. Genos soa guenos e gígnomai soa guígnomai . b) A seqüência de um gama velar e
uma outra consoante velar, sem vogal intermediária, leva necessariamente a prime
ira velar a sair pelas fossas nasais. Daí a existência do g nasal. c) A transcriçã
o do J, j , ksi, deve ser exatamente k + s, que é seu verdadeiro som: a transcri
ção por x , dadas as várias pronúncias do x em português, leva a pronúncias equivoc
adas. d) Ultimamente os editores dos textos gregos preferem o iota adscrito, e p
or isso é pronunciado; os textos mais antigos, antes dos anos 50, trazem o iota
suscrito, não pronunciado. Pura convenção. e) É preferível a transcrição do u em
y e não em u , porque este y chamado y grego evoluiu para i em grego. f) O ditongo
apenas formal; não se lê como ditongo, o que é muito incômodo; lê-se como um u lo
ngo (-ou- francês).
mur02.p65
42
22/01/01, 11:36
alguns dados de o alfabeto grego fonética aplicada
43
Alguns dados de fonética aplicada
Considerações gerais
No curso deste trabalho, ao tomar contato com as flexões nominal e verbal, o lei
tor verá repetidas vezes referências a alterações fonéticas que as formas nomina
is e verbais sofrerão. Verá também que essas alterações ou acidentes fonéticos s
erão apresentados como normais, como se o autor supusesse que o leitor conhecess
e fonética grega. Esse comportamento pode ser explicado pela experiência que o a
utor adquiriu na sala de aula. Ao apresentar o sistema das declinações e conjugaçõe
s da língua grega, o autor constatou que estaria repetindo as lições multissecula
res de latim e grego, em que se apresentam os esquemas numa certa ordem e o alun
o decora um a um os paradigmas (declinações e conjugações) de flexão nominal e v
erbal, independentes um do outro. E, ao notar que há quebras na sucessão das desin
ências, a gramática e o professor afirmam que é uma regra da língua e que se dev
e aprender assim. Os alunos mais curiosos e teimosos iam procurar o porquê, isto
é, as explicações, nos tratados de fonética histórica ou de morfologia históric
a, que são recentes. Mas, ao estudar durante anos a fio a língua grega e também
durante anos a ensinar (o que é a mesma coisa que aprender), tentamos nos coloca
r do outro lado da sala, isto é, do ponto de vista do aluno, e percebemos que de
víamos explicar-lhe que uma língua é um conjunto de sinais que têm a finalidade
de comunicar, que uma língua é um idioma, isto é, a identificação cultural de um
povo e que, por isso mesmo, ela é um todo sólido, concreto, orgânico, lógico, c
oerente, que o falante adquire, conserva e vigia, porque é o elemento de sua ide
ntificação dentro do grupo, e que qualquer alteração, qualquer atentado que ela
sofre, imediatamente é sentido e expulso como um elemento perturbador. Nós senti
mos isso na língua grega, que é a língua de uma civilização extraordinária, toda
ela construída na oralidade. Toda a tradição cul-
mur02.p65
43
22/01/01, 11:36
44
alguns dados de fonética aplicada
tural grega foi transmitida oralmente, desde a tradição oral anterior aos poemas
homéricos, os próprios poemas homéricos, as obras de Hesíodo, a introdução do a
lfabeto (séc. VIII e VII a.C.) e os líricos, para não ultrapassarmos o século VI
a.C. Mas, mesmo depois da introdução do alfabeto, os meios de transmissão da pa
lavra escrita eram extremamente raros e caros. A oralidade e a memória eram as g
randes armas para a transmissão e conservação do conhecimento. É o que vemos na lí
ngua grega: uma língua só, com variantes locais, mas que todos os gregos entendi
am, durante os Jogos Olímpicos, por exemplo. É essa língua que o menino ateniens
e vai aprender ao decorar passagens de Homero, Hesíodo e dos líricos na casa do
mestre, segundo diz Protágoras (Platão, Protágoras, 325c6-326c6). E quando, depo
is de saber de cor esses poemas, aprender a cantá-los ao som da lira ou da cítar
a, o menino vai para o mestre de ginástica, ele não é um menino só ateniense, ci
rcunscrito ao ambiente familiar, ele é um menino grego. E é esse o sentimento qu
e o acompanha a vida toda. Essa transformação, essa inserção do menino, do efebo
, e depois do adulto, na nação grega, foi feita pela língua grega. Pois bem, acr
editando nessa coerência lingüística, nós começamos a passar aos alunos uma nova
visão da língua grega. Constatamos que o sistema de flexão da língua grega é si
mples, orgânico e lógico. A flexão (nominal ou verbal) se constrói sobre uma par
te fixa, que vamos chamar de tema, e outra parte variável, que vamos chamar de d
esinências21. Nós não vamos usar as expressões declinação nem conjugação , porque não
vamos adotar a idéia de que existe um caso reto (que seria o nominativo) e outros
oblíquos. Não há um caso reto, e por isso não há casos oblíquos. Os nomes se co
mpõem de duas partes: de um tema, que é a sede do significado, em que o nome est
á em estado virtual, isto é, sem função,
21 Para
Aristóteles, todas as "quebras" no final das palavras são ptÅseiw, que os gramát
icos latinos traduziram por "casus". Mas a tradição da gramática ocidental reser
vou a palavra "caso" para a flexão nominal, com certa ampliação do significado n
o sistema das "declinações".
mur02.p65
44
22/01/01, 11:36
alguns dados de fonética aplicada
45
até que receba uma ptÇsiw, isto é, um casus , uma desinência, que lhe dá essa funçã
o dentro do enunciado. A flexão dos nomes é simples: consiste na identificação d
esse tema e na aplicação das desinências que correspondam à função que o nome ex
ercerá no enunciado. Veremos isso na Flexão nominal. A flexão verbal segue o mes
mo modelo: haverá um tema, sede do significado virtual, e o sistema de desinênci
as (são poucas) que darão ao tema a pessoa, a voz (sujeito agente ou paciente),
o número (se é singular, dual ou plural) e o modo. Veremos isso na Flexão verbal
. Tanto a flexão nominal quanto a flexão verbal são absolutamente regulares, nor
mais. Bastaria, então, conhecer as ptÅseiw/casus/desinências nominais e verbais
(que são muito poucas) e aplicá-las aos temas nominais ou verbais. Há, contudo,
um elemento complicador: a transformação fonética que a língua grega sofreu no c
orrer dos séculos. Não vamos falar aqui de sua derivação de um tronco indo-europ
eu e suas opções fonéticas; vamos falar nas modificações internas da língua greg
a e sobretudo dos problemas fonéticos que surgiram na aplicação dessas ptÅseiw/c
asus/desinências que são vocálicas, semivocálicas ou consonânticas, a temas tamb
ém vocálicos, semivocálicos e consonânticos. O encontro, por exemplo, de um tema
vocálico com uma desinência vocálica recebe tratamentos diversos segundo os dia
letos. O jônico, o dórico e o eólico, por exemplo, admitem hiatos; o ático, no e
ntanto, opta pela contração. Também os encontros entre temas consonânticos com d
esinências consonânticas apresentam problemas: ou as consoantes se acomodam, ass
imilam, dissimilam, ou sofrem síncope dependendo das condições, ou vão buscar um
a vogal para ajudar a pronunciar os encontros consonânticos difíceis. Essa vogal
se chama vogal de ligação ou vogal de apoio. Mas precisamos ter em mente que o
que preside às modificações em todas as línguas, e a língua grega não é exceção,
são dois princípios, contraditórios mas harmônicos: de um lado o princípio da f
acilidade, que poderíamos chamar de praticidade, acomodação ou mesmo preguiça, q
ue os filólogos acordaram em denominar lei do menor esforço e, de outro lado, o
significado da forma, a semântica, isto é, o fundamento do exercício da língua,
que é a comunicação.
mur02.p65
45
22/01/01, 11:36
46
alguns dados de fonética aplicada
Todo e qualquer ser humano, que usa da fala, quer comunicar alguma coisa, e da m
aneira mais clara e prática possível. Esse princípio é ainda mais fundamental na
transmissão oral: a relação entre o emissor e receptor da mensagem é momentânea
, fugaz; então a maior brevidade e clareza são indispensáveis. É evidente que o
código dos dois (emissor/ receptor) deve ser o mesmo, e bem conhecido. Vemos, en
tão, que clareza (significado) e praticidade (lei do menor esforço) se vigiam mu
tuamente. As transformações e simplificações só se admitem quando não descaracte
rizam as formas e a mensagem. Teremos ocasião de repetir isso inúmeras vezes no
curso da apresentação das flexões. Mas esses comentários, repetidos, exageradame
nte, propositadamente repetidos, estão dispersos. Vamos agora agrupá-los num esp
aço apropriado, para que o leitor tenha sempre onde buscar uma explicação, uma r
eferência. Finalmente, nós não nos incomodamos em usar uma terminologia técnica
ortodoxa. Não tivemos a intenção de fazer tratado de fonética ou fonologia. Resp
eitamos a nomenclatura tradicional na medida em que ela é significante, mas usam
os do vocabulário do cotidiano para mostrar que essas modificações fonéticas são
absolutamente normais, fisiológicas, concretas. Elas acontecem no aparelho fona
dor, isto é, na boca, laringe, fossas nasais, pulmões etc. A experiência na sala
de aula nos mostrou que os alunos não só aceitam essas explicações, mas não que
rem outras. Por isso vamos, neste capítulo, apresentar foneticamente a língua gr
ega. Vamos, a seguir, estudar todos os elementos (stoix¡a) do alfabeto grego, pr
imeiro individualmente quanto à pronúncia e depois nas suas combinações entre si
, nos seus diversos encontros: vogal com vogal; consoante com vogal; soante com
vogal, soante com soante, consoante com consoante. Esses encontros às vezes apre
sentam certas dificuldades que as gramáticas tentam resolver enquandrando-as nas
leis fonéticas que apresentam, mas não comentam. Faremos algo parecido, mas insis
tiremos, como estamos fazendo em todo este trabalho, em não abusar do vocabulári
o técnico , preferindo o uso de expressões do cotidiano, e procuraremos mostrar sem
pre que
mur02.p65
46
22/01/01, 11:36
as vogais alguns dados de fonética aplicada
47
esses fenômenos são naturais; acontecem e são produzidos na boca, que chamamos a
parelho fonador, acima mencionado. É preciso ter em conta que a língua grega foi
transmitida por via oral. Não havia outro registro. A escrita entrou tardiament
e, quando já havia uma larga tradição cultural e literária. Então, essas modific
ações fonéticas que constatamos foram aceitas e transmitidas porque ou quando não ca
usavam dano à mensagem, isto é, ao conteúdo da mensagem, e sobretudo não causava
m dano à integridade da língua grega, que era o fator de unificação daquele povo
.
As vogais
As vogais são modificações do som glotal, que é produzido pelas cordas vocais su
periores ou inferiores, com o sopro mais ou menos forte que vem dos pulmões. Ess
as cordas vocais, obedecendo à vontade, ora se aproximam, ora se afastam; se se
aproximam, comprimem o ar e produzem um som que se pode chamar de som glotal; se
se afastam, o ar sai livre sem ser modificado e não produz som. A esse som glot
al, produzido pelas cordas vocais, chamamos vogais. Como diz Aristóteles (Poétic
a, 1456b): ¤sti tò fvn°en m¢n neu prosbol°w ¦xon fvn‾n koust n... a vogal é o que t
em um som audível sem aplicação (sem articulação, isto é, sem aplicação da língua
ou dos lábios). Conforme é a abertura ou o fechamento do aparelho fonador (boca
), no sentido vertical ou horizontal, é produzido esse ou aquele timbre da vogal
. Os timbres extremos das vogais gregas são: a, da abertura máxima e u, i, mínim
a, próxima à glote. O -i- é a vogal mais fraca; é a última das vogais. Da posiçã
o máxima do a, posição anterior, da frente, até a mínima, posterior de u, i, há
uma progressão de fechamento das vogais: as variantes do som o velares, redondas
, e as variantes do som e glotais laterais (palatais). Além de diferença de timb
re, o grego reconhecia uma diferença de duração nas vogais: uma vogal longa tinh
a a duração de duas breves.
mur02.p65
47
22/01/01, 11:36
48
as vogais
Essa duração de tempo era também sentida como um desdobramento do tom: uma eleva
ção da voz na primeira metade da vogal (ársis) e uma posição (thésis). Nós, que
falamos as línguas ocidentais, não temos mais ouvido para sentir essas mudanças
de tonalidade, e por isso mesmo somos incapazes de produzi-las. Os timbres e e o
têm grafias diferentes para longa e breve: e/h; o/v; os outros a, u, i, não; os
gramáticos as chamam de dÛxrona, de dois tempos , ou mfÛbola, ambíguas , e para serem
reconhecidas graficamente eram marcadas pelos sinais: m kron longo -, e br xia, brev
e , curto. Os fonemas vocálicos em grego são 12: a /a, e / e/ h, o /o /v, i / i
, u /u.22 Além disso eles podem ser aspirados 23 ou não. A marcação da aspiração
das vogais iniciais das palavras teve altos e baixos. Com a adoção do alfabeto
jônico pelo ático empregava-se a letra H para indicar o pneèma dasæ, spiritus as
per, espírito rude, sopro forte , para marcar a aspiração. Posteriormente os gramát
icos alexandrinos passaram a usar a metade esquerda do H, que foi se simplifican
do até ser representado por um sinal que se assemelha ao nosso apóstrofo, que us
amos para marcar elisão, mas em sentido esquerda/direita. E por uma espécie de is
onomia passaram a marcar também, com a outra metade do H, a ausência de aspiração
, ou pneèma cilñn, spiritus lenis, espírito leve, suave, doce. A representação g
ráfica das vogais foi tirada do alfabeto fenício, do nome de alguns sons de cons
oante, ausentes no grego: aleph > A, het > H, yod > I, ayin > O, waw > Y. No iní
cio, havia só uma letra para o som e. Foi em Mileto que começou o uso do H para
o e longo, aberto, e depois, por analogia, criou-se V para o longo, aberto.
22 Devemos
considerar os timbres do a longo e breve; do e breve e longo ei; do o breve e lo
ngo ou; do i breve e longo e do u breve e longo com diferenças de timbre imperce
ptíveis para nós. 23 O termo aspirado se presta a confusão, porque o ato de aspi
rar é chupar o ar. O termo gramatical vem do latim ad spiratum, isto é soprado p
ara (em cima) de spiritus, sopro. Então teremos vogais e consoantes aspiradas, i
sto é, sopradas, acompanhadas de uma lufada de ar. Todas as vogais podem ser sop
radas e as consoantes oclusivas surdas (mudas), p, k, t.
mur02.p65
48
22/01/01, 11:36
as vogais
49
Os ditongos
Segundo A.C. Juret, o ditongo é um timbre em movimento . É uma espécie de deslocame
nto do som vocálico de uma posição de abertura, para a de fechamento; o ponto ex
tremo do ditongo é a posição u/i, que são chamadas semivogais. Por isso se diz q
ue o ditongo são dois sons pronunciados em uma só emissão de voz. Na composição
do ditongo a vogal é protática e a semivogal é hipotática24. São basicamente 12,
assim definidos pelos gramáticos antigos: 1. difyñggoi kat kr sin - ditongos por fu
são (uma só emissão de voz); por isso são chamados kæriai, principais, e são: au,
eu, ou, ai, ei, oi (o u soa u em au, eu, ou). O ditongo ou soa u ; em português: au,
u, ou (u), ai, ei, oi. 2. difyñggoi kat di¡jodon - ditongos pela saída , porque a vo
gal protática sendo longa, a voz permanece mais tempo sobre ela e só no fim (saí
da) é que vai para a hipotática, e são: hu, vu, ui (u longo). Para os gramáticos
, esses ditongos são kakñfvnoi, cacófonos, e os primeiros kat kr sin são eëfvnoi, êuf
onos. 3. difyñggoi kat ¤pikr teian - ditongos por dominação, porque prevalece o som
de uma vogal só, a que se ouve . São: hi, vi, ai (a longo). O enfraquecimento do -
i- desses ditongos já é completo desde o IV séc. a.C. e passou a ser subscrito a
partir do séc. XII: o -hi- se tornou e aberto25; o vi se tornou ó aberto (desde
150 a.C.); o ai se tornou a longo (desde 100 a.C.).
24 O
verdadeiro ditongo começa com vogal e termina na semivogal (i/u); é o que alguns
chamam de "ditongo decrescente"; o chamado "ditongo crescente", isto é, semivog
al seguida de vogal é um hiato, e não ditongo. 25 No dialeto ático já se pronunc
iava e se escrevia -ei no séc. V. A maioria dos escritores dessa época escreve ass
im.
mur02.p65
49
22/01/01, 11:36
50
as vogais
As edições recentes dos textos gregos restabeleceram a grafia antiga, com o -i-
adscrito e não subscrito, e nas salas de aula voltou a pronúncia cacofônica.
Alternância vocálica
Chama-se alternância vocálica (metafonia/apofonia) a alteração do timbre vocálic
o que se verifica no corpo de uma palavra, em suas diversas partes (raiz/tema, s
ufixos, desinências), ligada aos diversos aspectos do significado que ela assume
. Essas alterações nunca acontecem juntas, isto é, presas a um paradigma. Elas s
ão sempre isoladas e na maior parte das vezes acontecem na raiz ou no tema (radi
cal). Essa alternância não é exclusiva da língua grega. Muitas línguas antigas e
mesmo as modernas as têm. Assim, em português, o verbo fazer sofre alternância
vocálica em faço, fazemos, fiz, fez, feito. A alternãncia pode ser qualitativa (
variação do timbre), como fiz/ fez/faço; e quantitativa (variação da duração - l
ongas/breves), como em fez/feito, em português.
1. Alternância qualitativa:
Em grego temos três graus de alternância vocálica, na alternância qualitativa; é
o que se chama de vocalismo; vocalismo o (grau fraco); vocalismo e (grau forte)
, e vocalismo zero (reduzido), corresponde à ausência de vogal. Assim os diverso
s -gn-/gen-/gongÛ-gn-o-mai ¤-gen-ñ-mhn g¡-gon-a leip-/lip-/loipleÛp-v ¤-lip-o-n
l¡-loip-a temas dos verbos: tornar-se, vir a ser eu me torno, venho a ser eu me
tornei, aconteci eu me tornei, nasci, sou deixar, abandonar eu deixo, abandono e
u deixei, deixo eu deixei
(presente, infectum) (aoristo) (perfeito) (presente, infectum) (aoristo) (perfei
to)
mur02.p65
50
22/01/01, 11:36
as vogais
51
Alternância também na flexão dos nomes: T. - p tr- / p tertoè patr-ñw - do pai (gen.
) tòn pat¡r-a - o pai (acus.) T. - genestò g¡now - a raça (nom. voc. acus.) toè
g¡nes-ow > g¡neow > g¡nouw - da raça (gen.) T. - nyrvpoõ nyrvpo-w - o homem (nom.)
Î nyrvpe - ó homem (voc.)
2. Alternância quantitativa:
É a alternância de duração (quantidade da vogal: longa/breve): fhmÜ/ fam¢n digo
/ dizemos tÛ-yh-mi / tÛ-ye-men coloco / colocamos dÛ-dv-mi / dÛ-do-men dou / dam
os
3. Observação:
Na flexão nominal dos nomes e adjetivos de tema em soante / líqüida, há uma fals
a alternância vocálica; nos temas masculinos e femininos em vogal breve, essa vo
gal se alonga no nominativo singular e permanece breve nos outros casos. É um fa
to normal, porque no nominativo masculino e feminino o alongamento se faz compen
sando a apócope do sigma, marca do nominativo dos seres animados, sobretudo dos
masculinos. Não se trata pois de alternância vocálica. T. =°tor T. daÝmon T. poi
m¡n N. = tvr N. daÛmvn N. poim n o orador; o nume; o pastor;
Mas, quando o tema é longo, não há alternância vocálica; T. gÅn N. gÅn a luta.
mur02.p65
51
22/01/01, 11:36
52
as vogais
Vogal de ligação ou de apoio
É um recurso de que lançam mão todas as línguas, e não só a grega, para desfazer
encontros consonânticos difíceis e que não devem se confundir, fundir ou assimi
lar, para não descaracterizar a palavra. A vogal de ligação isola as duas consoa
ntes e facilita a pronúncia. O -a- epentético que as raizes e temas trilíteres d
esenvolvem antes da líqüida (visto acima) é um exemplo disso. T. stl ¤-st l-h-n eu
fui enviado T. fyr ¤-fy r-h-n eu fui destruído T. nr nr-sin > n-d-r-sin > ndr -sin aos
homens26 As vogais de ligação básicas do grego são: e /o e às vezes -h- (no lati
m são i/u e e antes do -r). É importante lembrar que as vogais de ligação ou de
apoio não fazem parte do corpo da palavra, como as vogais temáticas. Elas são me
ros recursos fônicos de que a língua oral faz uso sempre e na medida em que prec
isa delas. Elas também não são elementos da flexão; não são desinências nem sufi
xos que, no sistema verbal, indicam a relação da pessoa gramatical com o verbo,
ao indicarem o singular/plural, a voz (ativa/média/passiva) e o modo. Por exempl
o, nos verbos de tema em consoante ou semivogal (chamados verbos em -v), a vogal
de ligação se faz presente em todo o infectum-inacabado porque as desinências s
ão consonânticas ou em soante (semivogal)27; e, por analogia, também no futuro a
tivo e médio por causa da introdução da marca do futuro -s-. f¡r-o-men nós porta
mos ¤-f¡r-e-te vós portáveis f¡r-o-i-e-n eles portassem, portariam læs-o-men nós
desligaremos læs-e-sye vós desligareis para vós
26 Nesse
caso, o que vemos é uma consoante de ligação. O -d- se desenvolve naturalmente e
ntre o ponto de articulação do -n- e do -r-. O castelhano e o francês também des
envolvem um d epentético na flexão verbal: je viendrais < venirais; yo viendria
< veniria. 27 As semivocálicas são sentidas como consonânticas.
mur02.p65
52
22/01/01, 11:36
as vogais
53
Mas no aoristo ativo e médio, a vocalização da desinência -n, (-s-n > sa), no pe
rfeito ativo (-k-n > ka), dispensa a vogal de ligação. ¤-lus-n > ¦-lu-sa eu desl
iguei, eu desligo ¤-læ-sa-men nós desligamos ¤-lu-s -meya nós desligamos para nós
l¡-lu-kn > l¡-luka eu completei o ato de desligar, eu desliguei le-læ-ka-men nós
completamos o ato de desligar, desligamos Na característica do aoristo passivo
(-h-/yh-), a presença da vogal também dispensa a vogal de ligação: ¤-dñ-yh-sye v
ós fostes dados, sois dados ¤-st l-h-men nós fomos enviados, somos enviados Mas, n
as formas do perfeito contro entre as consoantes: p¡-prag-tai > p¡-prak-tai t¡-t
rib-sai > t¡-tricai pe-peÛy-meya > pe-peÛs-meya médio-passivas, a língua prefere
o enele foi feito, está feito tu foste esmagado, estás esmagado nós fomos conve
ncidos, estamos convencidos
Mas, na 3a pessoa do plural: p¡-prag-ntai > pepr g-a-tai, eles foram, estão feitos
; o -n- interconsonântico se vocaliza em -a-. Essa é a opção que encontramos nos
líricos e em Heródoto; o dialeto ático construiu uma forma analítica, em lugar
de vocalizar o -ninterconsonântico: pe-prag-m¡noi, ai, a eÞsin eles foram, estão
feitos Veremos isso com mais detalhes quando tratarmos da flexão verbal.
mur02.p65
53
22/01/01, 11:36
54
as vogais
Encontro de vogais
O encontro de vogais é chamado hiato, isto é, vácuo, vazio; para todos os gramát
icos o hiato é uma cacofonia e a tendência geral é eliminá-lo. Essa é a tendênci
a no dialeto ático; nos dialetos jônico, dórico e eólico o hiato permanece. 28 N
o grego ático há três maneiras de eliminar um hiato: a) pela elisão da vogal ant
erior; um sinal apóstrofo, no lugar da vogal elidida, registra o fato; b) pela c
rase (fusão) de duas vogais entre duas palavras diferentes (entre a última da an
terior e a primeira da seguinte; é indicada por um sinal igual ao apóstrofo, col
ocado sobre a vogal resultante da fusão, chamado de coronis/corônide. c) pela co
ntração, que é a redução do hiato que se encontra no meio da palavra. Na seqüênc
ia de duas palavras: a anterior terminando em vogal e a seguinte começando por v
ogal, pode-se dar uma elisão, que é a apócope (corte) da vogal final da palavra
anterior. Nesse caso essa apócope é marcada pelo apóstrofo. 1. Em geral a vogal
elidida é uma breve; raramente um ditongo, e o -u- jamais se elide. ll ¤gÅ > ll ¤gÅ
mas eu pò ¤moè > p ¤moè de mim, a partir de mim 2. Pode acontecer uma elisão invert
ida: em lugar de elidir a vogal final da palavra anterior elide-se a vogal inici
al da seguinte. Esse processo se chama aférese ( faÛresiw), isto é, retirada. É ra
ra e em geral só se usa na poesia e nos diálogos. Î naj > Î naj ó senhor, ó chefe
Î gay¡ > Î gay¡ ó meu caro (bom) gor ¤n Ay naiw > gor n Ay naiw mercado em Atenas
Elisão: (¦kyliciw)
28 A
conservação ou não do hiato é uma questão de idiotismos . Podemos estabelecer um pa
ralelo: o dialeto ático tende a reduzir os hiatos, como o português; o dialeto j
ônico não se incomoda tanto com os hiatos, como o castelhano.
mur02.p65
54
22/01/01, 11:36
as vogais
55
3. Pode acontecer que haja mais de uma elisão. Também é um caso raro: só na poes
ia ( por necessidades métricas) e nos diálogos rápidos, sobretudo em Aristófanes
. poè ¤sti õ Ploètow > poè sy õ Ploètow; onde está Plutos? ou sobre os escudos µ
¤pÜ spÛdvn > µ p spÛdvn 4. Pode acontecer, raramente também, a elisão de um ditongo
(também nos mesmos casos dos anteriores; poesia e diálogos). boælomai ¤gÅ > boæl
om ¤gÅ sou eu que quero 5. Quando a palavra seguinte começa por vogal aspirada e
a consoante anterior da vogal elidida for uma oclusiva, essa oclusiva, em contat
o com a vogal aspirada, se torna aspirada: pò ²mÇn > p ²mÇn > f ²mÇn de nós, a partir
de nós met ²mÇn > met ²mÇn > mey ²mÇn conosco nækta ÷lhn > nækt ÷lhn > næky ÷lhn a n
oite inteira 6. A conjunção ÷ti e as preposições perÛ e prñ nunca sofrem elisão,
mas prñ + e sofre contração prñu
É um processo semelhante ao da elisão; na seqüência de duas palavras, a anterior
terminada em vogal e a seguinte iniciada por vogal, a última vogal da palavra a
nterior se funde com a primeira vogal da palavra seguinte, formando uma unidade
fônica (uma longa ou um ditongo). A crase (kr siw - mistura, fusão) é marcada por
um sinal semelhante ao apóstro sobre a vogal resultante da fusão. Esse sinal se
chama coronis, ou corônide (korvnÛw - ganchinho). kaÜ ¤gÅ > k gÅ e eu (por minha v
ez) ¤gÆ oämai > ¤gÙmai quanto a mim, eu acho ¤gÆ oäda > ¤gÙda eu sei toè ndrñw >
t ndrñw do homem, do marido kalòw kaÜ gayñw > kalòw k gayñw belo e bom t aét > t ut as
mas coisas õ n r > õn r* o homem, o marido kaÜ õ > xÈ e ele kaÜ êpñ > xépñ e sob
(por) tò ßm tion > yoÞm tion a veste, o manto * não há lugar para a corônide; o espí
rito rude ocupa o lugar dela.
Crase (fusão): (kr siw)
mur02.p65
55
22/01/01, 11:36
56
as vogais
O -i- do primeiro elemento sofre síncope, o do segundo permanece, subscrito (ult
imamente se usa adscrito), no caso de vogal longa. No caso acima ele é adscrito
(forma ditongo). A crase se usa regularmente para reunir uma palavra pouco impor
tante a uma outra com a qual ela faz uma unidade semântica. A palavra resultante
tem um acento só: o do segundo elemento Pode-se ver que a crase é um recurso qu
e facilita a métrica.
Eufonia
Quando, para a harmonia e o fluxo da frase, não há interesse nem em elisão nem e
m crase na seqüência de uma palavra terminada em vogal e outra iniciada por voga
l, usa-se um -n eufônico no final da palavra anterior para evitar o hiato e por
isso a elisão ou crase. Isso acontece com freqüência: na 3 a pessoa do singular
e plural dos verbos: ¤sti / ¤stin é eÞsi / eÞsin são ¦krine / ¤krinen ele julgav
a no dativo, locativo e instrumental plural dos nomes em consoante ou semivogal:
sÅmasi / sÅmasin aos corpos, pelos corpos Þsxæsi / Þsxæsin às forças, pelas for
ças eàkosi / eàkosin vinte Diante de pontuação e em fim de frase usa-se o -n (pa
ra proteger a vogal). É importante lembrar que esse -n não faz parte da desinênc
ia. Há outros casos de consoantes eufônicas: oìtvw assim, dessa maneira diante d
e vogal oìtv diante de consoante oé não diante de consoante surda ou sonora oéx
diante de consoante ou vogal aspirada oék diante de vogal não aspirada ¤k de den
tro de diante de consoante ¤j diante de vogal
mur02.p65
56
22/01/01, 11:36
as vogais
57
Contração
Na flexão verbal e nominal, quando um tema vocálico se encontra com uma vogal de
ligação, formando um hiato, no dialeto ático esse hiato é eliminado pela contra
ção; no jônico não. A contração se faz da maneira seguinte: 1. a contração de du
as vogais breves resulta numa longa; 2. uma vogal longa absorve a breve e o resu
ltado é uma longa; 3. quando duas vogais longas se seguem, abrevia-se a vogal an
terior, que depois se contrai com a seguinte. Damos a seguir o quadro das contra
ções: a+a> e + e > ei a+e> e+a>`h a + ei > &/ai e + ai > ú/hi a+o>v e + o > ou a+v
>v e+v>v a + oi > Ä/vi e + oi > oui > oi
o o o o o o
+ + + + + +
o > ou a>v h>v e > ou ei > oui > oi oi > oui > oi
É preciso ter sempre em mente: 1. que uma contração é um segundo tempo: isto é,
antes da forma contrata existiu a não-contrata; a reconstrução e registro dela a
judam a encontrar a acentuação correta; 2. que a contração é um fenômeno físico,
fisiológico, que se processa no aparelho fonador, governado sempre pela lei do
menor esforço; 3. que uma vogal tônica, quando absorvida, leva consigo a tonicid
ade; quando a vogal absorvida não é tônica, o acento permanece no lugar, se as n
ormas da acentuação permitirem. fil¡-ei > fileÝ ele ama fÛle-e > fÛlei ama (tu)
tim -ei > tim / tim i ele honra tÛma-e > tÛma honra (tu)
mur02.p65
57
22/01/01, 11:36
58
as vogais
4. que duas vogais do mesmo timbre resultam numa longa do mesmo timbre: e + e >
ei29, o + o > ou, a +a > a 5. que duas vogais de timbre diferente têm o seguinte
tratamento: 5a) na sucessão a > e / e > a, predomina o timbre da vogal anterior
: a + e > longo e+a>h Mas a + h > h 5b) quando uma das vogais é de timbre o o resu
ltado da contração é de timbre o . a+o>v e + o > ou o + o > ou e + oi > oui > oi Me
smo no encontro de um o breve e um -h- ou um -a- longo o o breve será absorvido pela
longa, mas imporá seu timbre: didñhte > didÇte - que vós deis, se derdes. 6. Nã
o há contrações especiais, exceções, etc. Não há diferenças nas contrações de fo
rmas nominais ou verbais. Sempre que os ingredientes fonéticos forem os mesmos a
resultante fonética será a mesma Todos os casos de contração que acontecem nas
flexões nominal e verbal serão assinalados no momento em que acontecerem.
Alteração de vogais
Em determinadas posições, as vogais podem alterar a quantidade e o timbre: 1. Qu
ando duas vogais longas se seguem, a vogal anterior se abrevia. É um produto da
lei do menor esforço. Acontece com mais freqüência no ático:
29 E
não em -h-, que é de timbre aberto.
mur02.p65
58
22/01/01, 11:36
as vogais consoantes
59
basil -W-vn > basil -vn > basil¡vn30 dos reis te-y -úw > tey¡úw > tey»w sejas co
locado te-y -v-men > tey¡vmen > teyÇmen sejamos colocados 2. Quando uma vogal lo
nga é seguida de uma breve, em geral há uma troca de posições. Chama-se metátese
de quantidade; pñlh-ow > pñlevw da cidade basil°-W-ow > basil°ow > basil¡vw do
rei 3. Uma vogal longa se abrevia quando, numa mesma sílaba, é seguida de um gru
po formado de soante (l, m, n, r, W) e oclusiva ou -s (Lei de Osthoff). lu-y -nt
-vn > luy¡ntvn dos que foram desligados b -nt-vn > b ntvn dos que caminharam gnÅ-n
t-vn > gnñntvn dos que tomaram conhecimento basil -W-w > basil¡uw > basileæw o r
ei
As consoantes
Elas são sæmfvna, isto é, com-soantes, que soam junto . Aristóteles (Poética, 1456b
) começa por chamá-las áfonas = mudas 31: ... fvnon d¢ tò met prosbol°w kay aêtò mhde
Ûan ¦xon fvn n, met d¢ tÇn ¤xñntvn tin fvn‾n gignñmenon koustñn. ... mudo (áfono, mud
o) é o que não tem nenhum som por si pela aplicação (dos lábios e da língua) mas
que se torna audível com alguns que têm som. Ver, também, Platão, Crátilo, 424c.
30 Depois
da síncope do W em posição intervocálica, só se contraem as vogais do mesmo timb
re. 31 Mais uma vez Aristóteles vê bem as coisas, embora não tenha a etiqueta de
gramático, filólogo ou lingüista. Afvnon quer dizer "sem som", portanto, mudo. V
amos tratá-las assim: mudas, e não surdas.
mur02.p65
59
22/01/01, 11:36
60
as consoantes
Podemos classificá-las segundo: 1. o modo de articulação: de acordo com a maneir
a com que o som é produzido: 1.1. pelo sopro, que escapa de repente, do canal pr
opositadamente fechado e comprimido: oclusivas (explosivas): p, b, f, m; t, d, y
, n; k, g, x, 1.2. pelo ar comprimido, pressionado, que escapa aos poucos: const
ritivas, fricativas, sibilantes: W, s; 2. o ponto de articulação, isto é, de aco
rdo com o ponto, o lugar do aparelho fonador, em que se produz o som: labiais (n
a junção dos dois lábios): p, b, f, m; dentais ou linguodentais (nos alvéolos do
s dentes ou na junção da língua com os alvéolos dos dentes): t,d,y,n; velares 32
(na junção da glote com a abóboda bucal, céu da boca ): k, g, x. 3. Segundo o pont
o de vista do som glotal, as consoantes podem ser: mudas (sem nenhuma vibração g
lotal): p, f, t, y, k, x, ou sonoras (acompanhadas de vibração glotal): b. d, g.
Há duas oclusivas sonoras nasais: m (labial), e n (dental ou línguodental). As
oclusivas sonoras eram chamadas de m¡sai, médias, medianas, pelos antigos, por c
ausa da menor energia na articulação, isto é, oclusão menos forte do que a das m
udas. As oclusivas mudas eram chamadas de cilaÛ, desguarnecidas, simples, porque
desprovidas de qualquer acompanhamento de vibração glotal; e quando acompanhada
s de um sopro de ar, chamavam-se das¡ai, peludas aveludadas, espessas, isto é, rev
estidas. São as que chamamos de aspiradas , do latim ad spirare - soprar a, para , ist
o é, assopradas, sopradas . São: f, y, x; em caracteres latinos: ph, th, kh.
32 Esses
sons são chamados guturais pelos gramáticos. É uma denominação que persiste há m
uito tempo e que se repete por rotina. Não há razão de chamá-los guturais porque
não são produzidos na garganta e sim na região da glote e palato duro (céu da b
oca). Os lingüistas atuais preferem denominá-las velares, de véu palatino = céu d
a boca .
mur02.p65
60
22/01/01, 11:36
as consoantes
61
As constritivas, por pressionarem o ar contra as paredes do aparelho fonador, sã
o também chamadas de: fricativas, por apertarem, esfregarem a saída do ar; sibilan
tes, pelo ruído que produzem, próximo ao de um assobio. Não são nem labiais nem
labiodentais. Em português e em latim são o f e o v, que Quintiliano chama de tr
istes et horridae, quibus Graecia caret 33 (10.10, 28). Há uma dental, ou linguo
dental: -s- (ss/ç, em português). Ela é muda. Aristóteles (Poética, 1456b) diz q
ue ela e o -r- são: ²mÛfvnon tò met prosbol°w ¦xon fvn‾n koust n, oåon tò S kaÜ R. Se
mivogal (meio muda) é o que, com a aplicação (articulação), tem som audível, com
o o S e R... 34 O -s- diante de uma consoante sonora se sonoriza: Smærna, também e
scrito Zmærna. Entre as constritivas podemos incluir o -r- e -l- (vibrantes). O
-z- foi sempre considerado consoante dupla. Dionísio Trácio e Dionísio de Halica
rnasso atestam as pronúncias [zd] e [z] no grego clássico, mas desde o século IV
estabiliza-se uma pronúncia [z] e [zz]. No latim arcaico transcreve-se [ss]: m za
> massa. O -r- era vibrante e pronunciado mais com a ponta da língua e alvéolos
dos dentes. Não são sons guturais, palatais ou velares. Dionísio de Halicarnass
o diz: tò d¢ R (¤kfvneÝtai) t°w glÅsshw kraw porrapizoæshw tò pneèma kaÜ pròw tòn o
éranòn ¤ggçw tÇn ôdñntvn nistam¡nhw - o R se pronuncia com a ponta da língua empurr
ando o ar e se colocando na direção do céu (da boca) junto aos dentes (De comp. v
erb., 79R). Essa vibração da ponta da língua faz um movimento de ar intenso, o q
ue dá a impressão de consoante soprada, ou assoprada ; é por isso que o -r- também
é considerado aspirado, e, nas palavras com -r- inicial, põe-se um espírito rude
: =eèma e se transcreve em português: rheuma.
33 tristes
34 Alguns
e horríveis, de que a Grécia carece . gramáticos incluem nessa categoria, além des
sas duas, as outras líqüidas (l, m, n) e as consoantes duplas (z, c, j). As líqü
idas também são conhecidas por soantes ou consoantes-vogais.
mur02.p65
61
22/01/01, 11:36
62
as consoantes
O -l- se pronunciava com a parte anterior da língua aplicada atrás dos alvéolos.
No português do Brasil, o modelo desse -l- seria o da pronúncia do sul, sobretu
do do Rio Grande do Sul. É sempre consoante, jamais vocalizado.
As soantes
É um nome genérico dado a algumas consoantes que ficam numa zona limítrofe entre
consoantes e vogais. O grego herdou do indo-europeu duas soantes: uma labiovela
r, de som próximo do -u-, denominada digama pela representação gráfica de dois g
amas superpostos: W, que os especialistas chamam de waw/vau, e outra, linguopala
tal, de som próximo do -i-, representada por um j, e por isso denominada yod. El
as também são chamadas de semivogais, provavelmente, porque em determinadas posi
ções, sobretudo depois de consoantes, se vocalizam em -u- e -irespectivamente.35
As vibrantes -r- e -l- e as oclusivas sonoras nasais -m- e -n- também são chama
das de soantes ou líqüidas, mas seu uso mais geral é como consoantes. O -r- e o
-l-, quando se encontram numa seqüência de três consoantes, desenvolvem um -a- e
pentético, como: ndrsin > ndr- -sin aos homens ¦stlhn > ¤st- -lhn eu fui enviado ¦fyrk
a > ¦fy-a-rka eu destruí, corrompi As soantes l, m, n, r, seguidas de -s-, provo
cam a síncope do -se, por compensação, alongam a vogal anterior. Isso acontece s
obretudo no aoristo sigmático dos verbos de tema em soante/líqüida: ¦-stel-sa >
¦steila eu enviei, envio ¦-fyer-sa > ¦fyeira eu destruí, eu destruo ¦-nem-sa > ¦
neima eu distribuí, distribuo ¦-men-sa > ¦meina eu permaneci, permaneço
35 O
-u- e o -i- também são chamados de semivogais, quando se juntam a vogais para fo
rmarem ditongos.
mur02.p65
62
22/01/01, 11:36
as consoantes
63
Mas na flexão nominal o sigma do dat. loc. instr. plural -si não sofre síncope,
provavelmente para não confundir-se com o dat. loc. instr. singular -i. Assim: =
tvr - = tor-i - = tor-si o orador - ao orador - aos oradores O -n- : ou desenvo
lve um -a- ou -h- epentéticos quando numa posição depois ou entre consoantes ocl
usivas: yn-tñw > yn-h-tñw mortal yn-tñw > y- -natow morte may > ma-n-y-n-v > many- -
nv eu entendo eu aprendo ou vocaliza-se em-a- entre oclusivas: pe-pr g-ntai > pepr g
atai foram feitos, estão feitos ou, em posição final, vocaliza-se depois de cons
oante: 1. na 1a pessoa do singular do aoristo sigmático: ¦-lu-s-n > ¦lusa eu des
liguei, desligo 2. na 1a pessoa do singular do perfeito ativo: l¡-lu-k-n > l¡luk
a eu desliguei, terminei o ato de desligar 3. no acusativo singular e plural dos
temas em consoante: kñrak-n > kñraka corvo kñrak-nw > kñrakaw corvos Essas soan
tes/líqüidas quando em posição final, depois de vogal, permanecem, menos o -m, q
ue passa a -n. O yod (j) e o digama/waw/vau (W) sofrem tratamentos diferentes co
nforme a posição antes ou depois de consoante: 1. Em posição inicial: 1.a. o yod
(j) cai (aférese) e é substituído (compensação) por uma aspiração, peæma dasæ,
spiritus asper, espírito rude: jñw > ÷w que (relativo) jhpar > ¸par fígado 1.b.
o digama/waw/vau (W) também cai (aférese), mas nem sempre é substituído por aspi
ração: Wesp¡ra > ¥sp¡ra (vesper em latim) tarde, véspera Wergon > ¦rgon (work in
glês, werk alemão) obra, trabalho
mur02.p65
63
22/01/01, 11:36
64
as consoantes
2. Em posição intervocálica: 2.a. O yod (j) sofre síncope e as vogais postas em
contato se contraem: tim -j-v > tim v > timÇ eu honro 2.b. O digama/waw/vau (W) sofr
e síncope e as vogais postas em contato: quando do timbre -e- se contraem: basil
eWew > basil¡ew > basileÝw os reis (nom.) no caso de outros timbres, o hiato per
manece: boWñw > boñw do boi, da vaca basil Wa > basil a > basil¡a o rei (acus.)
3. Em contato com consoantes: 3.a. O yod (j): depois de consoantes: depois de um
a oclusiva dental (t,y) ou velar, muda ou aspirada (k,x ), se funde com ela e pr
oduz o som soante -ss(jônico), ou -tt- (ático): m¡lit-ja > m¡lissa / m¡litta abe
lha ful k-jv > ful ssv / ful ttv eu vigio depois de uma oclusiva dental ou velar, (g,
d) funde-se com ela e produz z stÛg-jv > stÛzv eu marco ¤lpÛd-jv > ¤lpÛzv eu esp
ero depois de oclusiva labial, muda, sonora ou aspirada (p, b, f) > pt: kræp-jv
> kræptv eu cubro, eu escondo bl b-jv > bl ptv eu causo dano, eu prejudico t f-jv > y pt
v eu enterro depois de um -l-, o -j- se assimila (> -ll-) l-jow > llow outro eu en
vio st¡l-jv > st¡llv depois de -n-, -r-, o yod se vocaliza em -i- e sofre metáte
se (desloca-se para o tema): mñr-ja > mñria > moÝra o destino, o quinhão negra m
¡lan-ja > m=lania > m¡laina fy¡r-jv > fy¡riv > fyeÛrv eu destruo, corrompo > teÛ
nv eu estico, tendo t¡n-jv > t¡niv
mur02.p65
64
22/01/01, 11:36
as consoantes
65
kñrW-a > j¡nW-ow > gñnWata >
3.b O W digama (waw/vau): diante de consoante: vocaliza-se em -ubasil¡W-w > basi
leæw rei, senhor bñW-w > boèw boi, vaca depois de consoante: sofre síncope, se e
m situação interna, e, no ático, não provoca alongamento compensatório da vogal
anterior; no jônico sim:
kñra (att.) j¡now (att.) gñnata (att.) / koærh (jôn.) a jovem, menina-moça / jeÝ
now (jôn.) o estrangeiro, hóspede /goænata (jôn.) joelhos
se em situação final, vocaliza-se em -u-: stW > stu a cidadela, o centro
Encontro de consoantes
Quando duas consoantes se encontram entre duas palavras que se seguem ou no corp
o mesmo da mesma palavra (na junção do tema com as desinências, nominais ou verb
ais), podem acontecer conflitos quanto ao ponto ou modo de articulação. Como no
caso dos encontros entre vogais, também esses conflitos são resolvidos pela lei
do menor esforço, sempre num processo de acomodação, de facilidade, temperada pe
lo conteúdo semântico, que não pode sofrer danos. Vamos ver os diversos conflito
s dos encontros entre consoantes: Oclusiva + s: 1. Para as labiais e velares o a
lfabeto grego já tem uma letra própria (consoante composta): labiais: p, b, f +
s > c velares: k, g, x + s > j 2. As dentais seguidas de s acomodam-se ao s (ass
imilação), por causa da proximidade do ponto de articulação, produzindo dois ss
que depois se reduzem a um: t, d, y + s > ss > s
mur02.p65
65
22/01/01, 11:36
66
as consoantes
3. O -t- em posição desinencial seguido de -i- átono se enfraquece e se torna fr
icativo-sibilante > -s- , e, a seguir, se em posição intervocálica, esse -s- sof
re síncope, mas só quando a vogal anterior é de ligação e breve. A vogal de liga
ção longa, característica do subjuntivo, também provoca a síncope do -s- intervo
cálico. f¡r-e-ti > f¡resi > f¡rei ele porta, carrega f¡r-h-ti > f¡rhsi > f¡rhi >
f¡rú ele porte, carregue mas, se a vogal é temática, não há síncope: dÛ-dv-ti >
dÛdvsi. ele dá A vogal temática e o consciente lingüístico impedem a evolução (
síncope do -s-), para não descaracterizar a forma, mas: eles portam, carregam f¡
r-o-nti > f¡ronsi > f¡rousi O -s- ficou em posição intervocálica após a síncope
do -n-; uma simplificação maior levaria à descaracterização da forma. Oclusiva s
eguida de oclusiva: As oclusivas das desinências são apenas duas: -t, -m. O -n d
esinencial se vocaliza em -a, depois de consoante ou soante. 1. Oclusiva labial
ou velar, sonora ou aspirada, seguida de -t sofre uma assimilação parcial: perde
a sonoridade ou a aspiração: t¡-trib-tai > t¡trip-tai foi esmagado, está esmaga
do g¡-graf-tai > g¡graptai foi escrito, está escrito t¡-tag-tai > t¡taktai foi o
rdenado, posto em fileiras —rx-tai > —rktai foi comandado, está governado 2. Ocl
usiva labial, muda, sonora ou aspirada seguida de -m se assimila > mm: t¡-trib-m
ai > t¡trimmai fui esmagado, estou esmagado g¡-graf-mai > g¡grammai fui escrito,
estou escrito l¡-leip-mai > l¡leimmai fui abandonado, estou abandonado 3. Oclus
iva labial ou velar, muda ou sonora, seguida de -y sofre uma assimilação parcial
, contamina-se da aspiração: ¤-tr¡b-yh > ¤tr¡fyh foi esmagado foi enviado ¤-p¡mp
-yh > ¤p°mfyh ¤-pr g-yh > ¤pr xyh foi feito foi vigiado ¤-ful k-yh > ¤ful xyh
mur02.p65
66
22/01/01, 11:36
as consoantes
67
4. Oclusiva dental muda, sonora ou aspirada seguida de outra dental se dissimila
em -s : ¤-ceæd-yhn > ¤ceæsyhn eu fui enganado ¤-pe¤y-yhn > ¤peÛsyhn eu fui pers
uadido ¤-anæt-yh > ±næsyh foi completado næt-tñw > nustñw completado, completável
Exclui-se o duplo -tt- que é a variante ática do -ss-, resultado do encontro ent
re velar e -j-, yod, como: pr g-jv > pr ssv / pr ttv eu faço m¡lit-ja > m¡lissa / m¡li
tta abelha 5. Oclusiva dental seguida de -m se enfraquece numa assimilação parci
al, passando a -s-: p¡-peiy-mai > p¡peismai eu fui, estou persuadido ¦-ceud-mai
> ¦ceusmai eu fui, estou enganado 6. Oclusiva velar, sonora ou aspirada, seguida
de -t se assimila parcialmente, ficando muda: p¡-prag-tai > p¡praktai foi feito
, está feito ¦-arx-tai > —rk-tai foi governado, está governado 7. Oclusiva velar
muda, ou aspirada seguida de -m, se assimila parcialmente, recebendo a sonorida
de do -m: de-dÛvk-mai > dedÛvgmai fui perseguido, estou perseguido pe-fælak-mai
> pefælagmai fui vigiado, estou vigiado Oclusiva sonora ou aspirada, precedida d
e nasal: 1. nasal antes de labial > -m: ¤n-pÛptv > ¤mpÛptv eu caio dentro letra
(coisa escrita) gr f-ma > gramma sun-fvnÛa > sumfvnÛa symphonia > sinfonía 2. nasa
l antes de dental > -n: ¤n-tÛyhmi > ¤ntÛyhmi eu coloco em, eu imponho 3. nasal a
ntes de velar > -g: ¤n-kalæptv > ¤gkalæptv eu escondo em sun-kaleÝn > sugkaleÝn
chamar junto, convocar 4. nasal antes de vibrante r / l > rr/ll: sun-l¡gein > su
ll¡gein reunir sun-= gnumi > surr gnumi romper, co-rromper
mur02.p65
67
22/01/01, 11:36
68
as consoantes
Supressão de consoantes
1. Uma palavra grega não pode terminar por uma consoante, a não ser por -n, -r e
-w (-c, -j), as outras sofrem apócope. É por isso que vemos muitas palavras neu
tras de nominativo em vogal, mas de tema em consoante, sobretudo -t T : svmat-,
nom. sing.: sÇma, mas nom. pl.: sÅmat-a A razão disso é que o neutro tem desinên
cia zero no nominativo, isto é, é o próprio tema. E se o tema termina em qualque
r consoante que não seja n, r, w, essa consoante em posição final cai. Apenas a
preposição ¤k / ¤j e a negação oé / oék / oéx mantêm a oclusiva final, por eufon
ia. 2. Um s- inicial sofre aférese (prócope) diante de vogal ou -r.; 2.1. diante
de vogal, foi substituído pelo espírito rude: 2.2. diante de -r- cai simplesmen
te:
sr¡v > =¡v smÛa > smikrñw > mÛa mikrñw sWaduw > s¡pomai > sadæw > dæw / ²dæw §pom
ai doce, suave (latim, suauis) eu acompanho (latim, sequor) eu fluo (a água) uma
pequeno fostes, estais convencidos fostes, estais feitos fostes, estais esmagad
os
2.3. Diante de uma nasal o -s- sempre cai: 3. O -s- entre duas consoantes sofre
síncope:
p¡-peiy-sye > p¡peiyye > p¡-prag-sye > p¡pragye > t¡-trib-sye > t¡tribye >
p¡peisye p¡praxye t¡trifye
4. Na flexão verbal, em posição desinencial intervocálica, sendo a anterior voga
l de ligação, o -s- sofre síncope, provocando um hiato, que, no ático é reduzido
pela contração. No jônico, o hiato permanece.
faÛn-e-sai > faÛn-e-sai > faÛneai faÛneai > faÛnhi > faÛnú/-ei ¤-yaum sa-so > ¤yau
m sao ¤-yaum sa-so > ¤yaum sv ¤-yaum z-e-so > ¤yaum zeo ¤-yaum z-e-so > ¤yaum zou faÛn-e-so
faÛneo faÛn-e-so > faÛneo > faÛnou -jônico-áticotu apareces tu apareces
-jônico-ático-jônico-ático-jônico-ático-
tu admiraste, tu admiras tu admiraste, admiras tu estavas admirando tu estavas a
dmirando aparece, manifesta-te aparece, manifesta-te
mur02.p65
68
22/01/01, 11:36
as consoantes
69
4.1. mesmo se a vogal de ligação é longa, como a característica do subjuntivo v,
h, h, v, h, v, o -s- intervocálico sofre síncope: faÛn-h-sai > faÛnhai > faÛnhi
/faÛnú apareças 4.2. Mas, quando a vogal anterior é temática ou no caso dos futu
ros de vogal longa, não há a síncope do -s-. quando a vogal é temática: dÛdv-ti
> dÛdv-si ele dá tÛyh-ti > tÛyh-si ele põe quando a vogal de ligação epentética
é longa no futuro: may > may- -somai eu hei de aprender A síncope do -s- mutilar
ia completamente a forma. também no futuro e aoristo dos verbos denominativos de
tema em vogal: (vogal temática alongada) tim sv eu honrarei eu revelarei dhlÅsv
poi sv eu farei Nesses casos a síncope do -s- tornaria o futuro exatamente igua
l ao presente e afetaria o significado. 5. Na flexão nominal, nos nomes de tema
em -s, sempre que em posição intervocálica, o -s- sofre síncope e o hiato result
ante é reduzido por contração no ático, e permanece no jônico. g¡nes-ow > g¡neow
> g¡nouw do gênero, da raça kr¡as-ow > kr¡aow > kr¡vw da carne aÞdñs-ow > aÞdño
w > aÞdoèw do pudor Svkr tes-ow > Svkr teow > Svkr touw de Sócrates lhy¡s-a > lhy¡a > lh
° coisas verdadeiras nyes-a > nyea > nyh flores Nos exemplos acima, a forma interme
diária é jônica.
mur02.p65
69
22/01/01, 11:36
70
as consoantes
Supressão da aspiração
1. Sempre que duas sílabas subseqüentes começam por consoante aspirada, uma dela
s, geralmente a primeira, é substituída pela muda correspondente: ¤-y¡-yh-n > ¤-
t¡-yhn eu fui colocado, sou colocado É uma espécie de dissimilação, comandada pe
la lei do menor esforço; é uma simplificação (psilose). Pronunciar duas sílabas
seguidas começadas por aspirada soprada exige esforço! 2. Quando numa flexão, verb
al ou nominal, uma consoante aspirada, por motivos fonéticos, tem a muda36 assim
ilada, a aspiração se desloca para a consoante mais próxima compatível com a asp
iração, ou mudando o espírito suave em rude da vogal anterior. -T. trix- cabelo,
pelo Nom. sing. trÛx-w > yrÛj, D.L.I. pl. trix-sÛ > yrijÛ mas: trix-ñw, trix-Û,
trÛx-ew, trix-Çn, trÛx-aw -T. sxeu seguro, eu tenho Pres. sex-v > §xv > ¦xv Fut
. ¦x-s-v > §jv -T. tref- eu nutro, alimento Pres. tr¡f-v Fut. tr¡f-s-v > yr¡cv,
Aor. ¦-tref-sa > ¦yreca -taxæw, æ veloz Comp. y ttvn, on mais veloz
36 Deve-se
lembrar sempre que as consoantes aspiradas são as consoantes oclusivas mudas: t,
k, p, que se tornam respectivamente y, x, f.
mur02.p65
70
22/01/01, 11:36
a consoantes asacentuação
71
A acentuação
I. Natureza do acento Nas palavras de mais de uma sílaba, com significado própri
o, as vogais não eram pronunciadas na mesma elevação de voz. Segundo Dionísio de
Halicarnasso, essa elevação era de uma quinta (De comp. verb., 11). Platão, em
Crátilo, 416b fala de rmonÛa - ajuste, acordo. Usavam-se também as palavras tñnow
- esticamento, tensão de uma corda, e prosÄdÛa - canto, para falar dessa modula
ção de vogais. Aristóteles, Poét., 20, Platão, Crátilo, 399b, Dionísio Trácio, B
ekker, II, 629, 27 falam, do acento ôjæw - agudo, pontudo, e baræw - grave, pesa
do. Uma sílaba não acentuada se dizia grave, bareÝa; uma sílaba acentuada com ac
ento agudo se dizia ôjeÝa - aguda; uma sílaba acentuada com o acento circunflexo
se dizia, perispvm¡nh, esticada por cima, ou também dÛtonow, de dois tons, m°sh
, média ou ôjubareÝa, tônica-grave. Havia apenas dois acentos: o acento agudo, e
m forma de ponta de agulha, ´ tñnow ôjæw ou prosÄdÛa ôjeÝa, canto (entonação) ag
udo, e tñnow perispÅmenow, acento esticado por cima, envolvente: circunflexo. Es
se acento marcaria os dois tons da vogal longa: o primeiro, em elevação ( rsiw) de
baixo para cima, inclinado para a direita, e a seguir o segundo, marcando a pos
ição (y¡siw), descendo em plano inclinado para a esquerda. Isso daria um chapéu qu
e equivale ao nosso acento circunflexo ^ . A seguir passou-se a esticá-lo e arred
ondá-lo nas extremidades, para diminuir o ângulo. Hoje, muitas vezes, na pressa
e no descuido, fazemos um traço que se assemelha ao nosso til. Isso às vezes con
funde o principiante e fá-lo pensar que o grego tem vogais nasais. Na escrita er
asmiana37, que o mundo ocidental segue desde o século XVI, todas as palavras gre
gas são acentuadas. E, como os nossos
37 Não
há nenhum sinal de acentuação nas inscrições gregas. Nos manuscritos em geral, o
emprego dos sinais de pontuação data das edições de Aristarco da Samotrácia (21
5-143 a.C.) e de Aristófanes de Bizâncio (257-180 a.C.), que inventou não só os
sinais de acentuação, mas também o espírito e a pontuação. A intenção era sempre
diacrítica, isto é, evitar confusão na leitura das palavras e dos textos.
mur02.p65
71
22/01/01, 11:36
72
a acentuação
ouvidos não mais estão preparados para a variação de tonalidade, as sílabas marc
adas por um acento são sílabas tônicas. Os acentos são: 1. Agudo ´ , que pode apa
recer nas três posições finais de uma palavra e sobre vogais breves ou longas e
ditongos; proparoxítonas (antepenúltima sílaba), nyrvpow, homem; paroxítonas (pen
última sílaba), nñmow, costume, lei, e oxítonas (última sílaba), gor , mercado, pra
ça. 2. Circunflexo ^ , que pode aparecer nas duas posições finais de uma palavra,
mas só sobre vogais longas ou ditongos: properispômenas (penúltima sílaba), dÇr
on, dom, presente, e perispômenas (última sílaba), ¤n t» gor , no mercado. 3. Grave
` , que não é um acento propriamente dito; ele é um acento substituto: só é usad
o nas palavras oxítonas, substituindo o acento agudo no meio da frase, para marc
ar seqüência; kalòw kaÜ gayñw belo e bom. Os gramáticos antigos chamavam isso de b
aritonização da tônica final . Como já dissemos, os acentos podem combinar com os
espíritos: õ nyrvpow o homem ² ìbriw o descomedimento, a desmedida ¤n Ú em que II
. Posição do acento: 1. Os acentos são usados de conformidade com sua natureza:
o agudo, por marcar uma só unidade de tempo: pode ser usado sobre uma vogal brev
e ou sobre uma longa ou ditongo; o circunflexo, por se estender sobre dois tons,
só pode ser usado sobre uma vogal longa ou um ditongo. 2. A sílaba tônica não p
ode recuar além do terceiro tempo, a contar do fim da palavra38.
38 Esses
tempos são unidades tônicas. A vogal da sílaba intermediária nas palavras de três
ou mais sílabas sempre conta um tempo, ou uma unidade tônica, mesmo se longa ou
ditongo: nyrvpow, o homem, ou ¦mpeirow, o continente.
mur02.p65
72
22/01/01, 11:36
a acentuação
73
3. Para efeito de acentuação, em grego, o que determina a posição da tônica (e d
o acento) é a quantidade da última sílaba: 3.1. se a vogal é longa ou ditongo39,
conta dois tempos, ou unidades tônicas40; 3.2. se a vogal é breve, conta um tem
po, ou uma unidade tônica; 3.3. As sílabas não finais, mesmo longas, contam um t
empo para efeito de acentuação: nyrvpow. 4. Nas formas verbais, segundo os gramát
icos, o acento tem uma tendência regressiva, isto é, tende a fugir da última síl
aba. Na verdade, se aceitarmos a idéia de que a tonicidade tem uma relação com a
ênfase, essa tendência regressiva seria apenas a busca do tema, que é a base, o nú
cleo do significado . 5. Nas formas nominais, segundo os gramáticos, o acento perm
anece, na medida do possível, na posição do nominativo singular. Uma observação
se faz necessária: essa afirmação de que as formas nominais mantêm, na medida do
possível, a posição (da tônica) do nominativo singular é talvez cômoda, mas repou
sa sobre a idéia do caso reto , que já demostramos que não existe. O que existe de
fato é que os temas nominais podem ser oxítonos, paroxítonos ou proparoxítonos.
Por exemplo, SÅkrates - é um tema proparoxítono e se torna paroxítono em todos o
s casos, por causa das desinências que recebe, menos no vocativo, em que é o pró
prio tema. No nominativo singular não recebe desinência, mas alonga a vogal do t
ema, deslocando a tônica, e é paroxítono. Contudo, para efeitos práticos, essa re
gra funciona bem e está consagrada pelo uso. O nominativo, por ser o caso da nome
ação, da denominação, da identidade, passa a ser também o caso da representação . O
s nomes e adjetivos não são apresentados sob forma temática (sem função), mas na
forma da identificação, isto é, no nominativo. É o que ve-
39 Os
ditongos finais -ai / -oi são considerados breves para efeito de acentuação (não
na métrica), menos as formas do optativo læsai, eu desligaria, desligasse, pode
ria desligar, e nos locativos oàkoi, em casa. Os -i i- do locativo e do optativo
são longos. 40 Quando usamos a palavra tempo queremos dizer unidade tônica .
mur02.p65
73
22/01/01, 11:36
74
a acentuação
mos nos dicionários e gramáticas. O acompanhamento do genitivo, já dissemos, é m
ero recurso didático-formalista, para que o leitor enquadre o nome na declinação a
que o nome pertence. Neste trabalho nós não seguimos essa regra; nós trabalhamo
s a flexão nominal e verbal a partir do tema. No nosso vocabulário, contudo, sub
metemo-nos à tradição, que é irreversível. 41 Como o nosso trabalho tem um objet
ivo mais prático, didático, pedagógico, vamos tratar desse assunto em outra ocas
ião. Vamos adotar então a afirmação de que os nomes (substantivos, adjetivos, dê
iticos) mantêm, na medida do possível, a tônica na posição do nominativo singula
r. Portanto, o avanço ou o recuo do acento, quer nas formas nominais, quer nas f
ormas verbais, depende da variação de quantidade da última sílaba. Assim: õ nyrvp
ow o homem, o ser humano nom.s. õ nyrvpow nom. e voc.pl. nyrvpoi voc.s. Î nyrvpe ac
us.s. tòn nyrvpon acus.pl. toçw nyrÅpouw gen.s. toè nyrÅpou gen.pl. tÇn nyrÅpvn dat.
loc.instr.pl. toÝw nyrÅpoiw. dat.loc.instr.s tÒ nyrÅpÄ O acento circunflexo, por m
arcar sílaba longa ou ditongo, isto é, duas unidades tônicas, não pode ser usado
em penúltima sílaba em uma palavra em que a final é longa, porque marcaria uma
quarta unidade tônica, que não existe, Assim: tñ dÇron: o dom, o presente nom.vo
c.acus.sing. tò dÇron gen.sing. toè dÅrou dat.loc.instr.sing. tÒ dÅrÄ nom.voc.ac
us.pl. t dÇra gen.pl. tÇn dÅrvn dat.loc.instr.pl. toÝw dÅroiw
41 Pretendemos
no vocabulario registrar o tema T, depois da entrada dos nomes no nominativo e g
enitivo.
mur02.p65
74
22/01/01, 11:36
a acentuação
75
Para efeito de marcação e leitura, diremos que toda sílaba acentuada é tônica e
inversamente toda sílaba tônica é acentuada. Toda palavra grega é acentuada (sal
vo algumas palavras átonas enclíticas ou proclíticas em determinadas posições).
Quanto à posição do acento, as palavras gregas são: oxítonas, se levam o acento
agudo na última sílaba; paroxítonas, se levam o acento agudo na penúltima sílaba
; proparoxítonas, se levam o acento agudo na antepenúltima sílaba; perispômenas,
se levam o acento circunflexo na última sílaba; properispômenas, se levam o ace
nto circunflexo na penúltima sílaba.
Regras práticas (resumo): 1. Toda a acentuação grega se baseia no princípio dos
três tempos, isto é, cada terceiro tempo deve ser acentuado; (corresponderia mai
s ou menos ao que nós temos em português: o último acento é o da proparoxítona;
não há nada além dele). 2. O que comanda a posição e a natureza do acento é a qu
antidade da última sílaba. 3. Para efeito de acentuação, a última sílaba conta u
m tempo, se é breve, e dois tempos, se é longa. A natureza da penúltima sílaba n
os trissílabos, para efeito de acentuação, não é levada em conta; vale sempre um
tempo. 4. A sílaba tônica nunca recua mais do que três tempos da final. 5. Os d
itongos são naturalmente longos; excluem-se os ditongos -ai/oi em posição final
absoluta, isto é, não seguidos de -w. Isto acontece nos nomes em -o, a, h, por a
nalogia com o nominativo singular, sobretudo nos proparoxítonos e properispômeno
s.42
42 Menos
no locativo oàkoi porque o -i- do locativo é longo e na terceira pessoa do singu
lar do optativo aoristo læsai, porque o -i-, marca do optativo, é longo.
mur02.p65
75
22/01/01, 11:36
76
a acentuação
As enclíticas
O que são as palavras enclíticas? São as palavras encostadas , deitadas em, apoiadas
em , isto é, palavras que, desprovidas de tonicidade própria, na prosÄdÛa canto d
a frase, precisam se encostar na palavra precedente, anterior, para formar uma uni
dade tônica, prosódica. Por serem en-clíticas , isto é, encostadas em , elas não podem
começar uma frase. São enclíticas: 1. as formas flexionadas do pronome da 1a e
da 2a pessoa do singular: mou / sou de mim / de ti moi / soi me, a mim / te, a t
i me / se me / te 2. Os indefinidos correspondentes aos advérbios interrogativos
de lugar e tempo e aos dêiticos interrogativos de identidade, qualidade, quanti
dade/dimensão, idade:
tÛw; poÝow; pñsow; pñsoi; phlÛkow; pñterow; poè; / poyÛ; pñyen; poÝ; p»; pÇw; pñ
te; quem? de que qualidade? de que dimensão? quantos? de que idade quem dos dois
? onde? de onde? para onde? por que meio? como? como? quando? tiw poiow* posow p
osoi phlikow poterow pou/poyi poyen poi pú pvw/pv pote alguém, algum, de alguma/
certa qualidade de alguma/certa dimensão uma certa quantidade de certa/alguma id
ade algum dos dois em algum lugar, de algum modo de algum lugar para algum lugar
por algum meio, de algum modo de algum modo, de alguma maneira um dia, certa ve
z
3. As partículas: ge, yen, nu(n), per, te, toi
* As palavras enclíticas de duas sílabas fazem recair a tonicidade sobre a últim
a sílaba; assim, mesmo não acentuadas, elas se pronunciam como oxítonas: tinñw,
poiñw, posñw, posoÛ.
mur02.p65
76
22/01/01, 11:36
a acentuação
77
4. As formas verbais de e nai (ser), e fãnai (falar), do presente do indicativo, m
enos a 2a pessoa do singular. eÞmi, eä, ¤sti(n), ¤smen, ¤ste, eÞsi(n) fhmi, f»w,
fhsi(n), famen, fate, fasi(n)
Acentuação das enclíticas
Na medida em que uma enclítica é uma encostada em , apoiada em , na palavra anterior,
ela passa a fazer corpo inteiro com ela, para efeito de prosódia e de acentuação
.43 Por isso: 1. Depois de uma oxítona ou perispômena a enclítica não se acentua
: n r tiw um certo homem gayñw ¤stin é bom ndrÇn tinvn de alguns homens Não há bari
tonização da oxítona (acento grave) porque ela passa a fazer parte de uma unidad
e prosódica, e fica numa posição interna e os três tempos são respeitados. 2. De
pois de uma paroxítona, a enclítica de duas sílabas é acentuada na final, para e
vitar que haja três sílabas seguidas átonas; lñgou tinñw, de um (certo) discurso
lñgvn tinÇn de uns certos discursos fÛloi eÞsÛn são amigos Mas, se a enclítica
for monossilábica ela fica sem acento; porque a unidade prosódica é normal (três
sílabas = três unidades): lñgow tiw um certo discurso (como se fosse uma propar
oxítona) 3. Depois de uma proparoxítona ou properispômena, a enclítica obriga a
proparoxítona e properispômena a ter um acento agudo de apoio em posição de oxít
ona, para restabelecer uma unidade prosódica normal, evitando a seqüência de trê
s sílabas átonas. nyrvpñw tiw um certo homem (nom.) nyrvpñn tina um certo homem (a
cus.) dÇrñn ti um certo presente dÇr tina alguns (certos) presentes
43 Nada
mais é do que a lei dos três tempos, isto é, das três unidades tônicas, porque a
enclítica faz uma unidade prosódica com a palavra anterior.
mur02.p65
77
22/01/01, 11:36
78
aaacentuação pontuação
As proclíticas
As proclíticas são palavras monossilábicas (em geral partículas) que se apóiam n
a palavra seguinte, na frente, formando com ela uma unidade prosódica. 1. 2. 3.
4. São as seguintes: Os artigos masculino e feminino no singular e no plural: õ
/ oß - ² / aß As preposições: ¤n - em, eÞw/¤w - para, ¤k/¤j - de As conjunções:
eÞ - se, Éw - para, como A negação: oé / oék / oéx
A pontuação
Os antigos não usavam sinais de pontuação; as partículas, herança viva da língua
oral, serviam para marcar as divisões e a entonação do discurso. O uso da pontu
ação se desenvolveu muito tardiamente, com a introdução da escrita minúscula. Os
textos gregos editados a partir do sécula XV são pontuados de conformidade com
as regras e os hábitos da língua do editor (francês, inglês, italiano, alemão, h
olandês). Não há regras gregas de pontuação. Os sinais de pontuação usados na es
crita erasmiana são os seguintes, fazendo equivalência com o português: 1. Ponto
final . = igual ao português; 2. vírgula , = igual ao português; 3. ponto alto
: " em grego = ; ponto e vírgula em português; 4. ponto alto : " em grego = : do
is pontos em português; 5. ponto e vírgula ; em grego = ? ponto de interrogação
em português; 6. ponto e vírgula ; em grego = ! ponto de exclamação em português
.
mur02.p65
78
22/01/01, 11:36
Flexão nominal
Não é nosso objetivo discutir aqui as diversas teorias lingüísticas sobre a flex
ão nominal e verbal. Há muitas delas, todas respeitáveis, interessantes, importa
ntes mesmo. Mas fazem parte das teorias sobre a origem da linguagem; não cabem n
um trabalho que quer ser especialmente prático e objetivo. Nossa intenção é ofer
ecer os meios mais rápidos e racionais de aprender a língua grega. Nos mais de t
rinta anos de magistério, sempre tentando trazer à sala de aula um clima de apre
ndizado e não de magistério, colocando-nos ao lado do aluno, sentindo o lado de
lá, fomos tentando encontrar caminhos. Mas todos eram barrados pelo esquema trad
icional, descritivista e prescritivista da gramática do grego. E o mesmo esquema
descritivista está na gramática do latim, primeiramente herdeira da grega, cujo
modelo era a gramática alexandrina de que o exemplo mais conhecido é a Gramátic
a de Dioníso Trácio, e, a seguir, sobretudo a partir da divisão do Império Roman
o, com a dominação do latim como língua única no Ocidente. Com a queda do Impéri
o Romano no séc. V, a Igreja Romana recebeu a herança e durante 10 séculos domin
ou todo o cenário cultural do Ocidente. O latim passou a ser a língua da Igreja
e da administração e o acesso à cultura se fez por intermédio do latim, que se a
prendia em manuais e gramáticas que tinham como modelo a Gramática de Donato, qu
e também é descritiva e prescritiva. Essa tradição se manteve em todo o Ocidente
até nossos dias. Mas, nos dias de hoje, o acesso ao latim e sobretudo ao grego
não se faz mais aos 10 ou 11 anos de idade, que era a idade do ingresso em um Se
minário ou Colégio. O método era basicamente o mesmo e a disciplina e a palmatór
ia enquadravam os mais rebeldes. O seminarista levava uma vantagem : ele ouvia lati
m o dia todo, quer durante a missa quer no canto gregoriano quer na sala de aula
. No fim de sete anos, até os menos dotados acabavam aprendendo latim, por osmose .
Nossa experiência se fez com ingressantes na Universidade, e depois com pós-gra
duandos e profissionais, sem que tivessem a menor idéia do que sejam casos e dec
linações, ou com pessoas mais maduras até de
mur03.p65
79
22/01/01, 11:36
80
flexão nominal
mais de 80 anos: matemáticos, historiadores, lingüistas, médicos, advogados e ou
tros que querem ler no original os textos básicos do seu campo do saber. Aos pou
cos, então, foi surgindo este método, que tem como característica principal enco
ntrar a razão das coisas; enfrentar a língua grega na sua organicidade e funcion
alidade. Costuma-se dizer que as línguas clássicas indo-européias (sânscrito, gr
ego, latim, chamadas línguas mortas) e algumas modernas, como as línguas eslavas
, são línguas sintéticas, por trazerem no corpo da palavra, embutidas ou agregad
as, certas modificações formais que refletem modificações semânticas, sobretudo
no que diz respeito às relações sintáticas, isto é, suas funções dentro do enunc
iado. Por outro lado, as línguas modernas, derivadas das antigas, são chamadas a
nalíticas, por sofrerem poucas e pequenas modificações formais e porque exprimem
as relações sintáticas, quer pelo uso de preposições quer pela própria ordem da
s palavras na frase, na qual a anterior domina, rege , a seguinte; isto na relação
dos nomes entre si complementos nominais ou adjuntos adnominais, na relação entr
e nomes e verbos , sujeito agente/paciente, objeto direto/indireto, nas relações
adverbiais marcadas por preposições ou advérbios. Nas relações nominais, o deter
minado vem sempre antes do determinante: método de grego, agradável ao ouvido. E
sse é um traço comum nas línguas latinas; nas línguas germânicas, mesmo nas que
não têm declinação, o determinado pode vir depois do determinante, sobretudo nas
relações de partitivo, posse, origem etc. Nas relações entre verbo e nome, a or
dem analítica prevalece: o sujeito vem antes do verbo e o objeto vem depois do v
erbo, quer na relação de objeto direto, quer nas relações com a ajuda de preposi
ções; eu comprei um livro ou eu gosto de ler ou eu andei pela cidade. Assim, O h
omem persegue o lobo e O lobo persegue o homem são frases rigorosamente iguais q
uanto aos componentes, mas completamente distintas quanto à mensagem. Na primeir
a, o homem é sujeito, porque é o assunto da frase, porque é aquilo de que se fal
a (sujeito lógico) e é sujeito gramatical, porque é sujeito lógico1 e porque pra
tica (sujeito agen1
Um dos fundamentos deste tabalho é exatamente a visão concreta, objetiva, lógica
, coerente dos fatos da língua. O próprio termo sujeito < subjectum < êpokeÛmeno
n
mur03.p65
80
22/01/01, 11:36
flexão nominal
81
te, voz ativa) a ação de perseguir, que se completa no lobo (termo da ação verba
l), chamado objeto direto. Na segunda frase, acontece exatamente o contrário; as
funções se invertem: o que o lobo era na primeira frase, objeto direto, por vir
depois do verbo transitivo perseguir e por completar-lhe o sentido, passa a ter
a função de homem, que na primeira era sujeito e estava antes do verbo e agora
é objeto direto, por estar depois de perseguir e por completar-lhe o sentido. Na
s línguas analíticas, como o português, as funções de sujeito e objeto direto sã
o identificadas pelas posições respectivamente antes ou depois do verbo; daí a n
ecessidade da análise lógica para se entrar no significado das frases. No grego,
essas duas frases podem ser expressas mantendo-se as palavras (sujeito, verbo e
objeto direto) na mesma posição. O que vai mudar são as desinências. Assim nas
frases O lèko-w diÅkei tò-n nyrvpo-n e Tò-n lèko-n diÅkei õ nyrvpo-w, as posições d
e lèko-w / lèko-n e nyrvpo-w / nyrvpo-n são as mesmas, mas as funções, caracteriza
das pelas desinências -w/-n, são diferentes. Nessas duas frases, com dois nomes
de tema em -o, nyrvpo- e luko-, a desinência -w do nominativo identifica o sujeit
o õ lèkow, na primeira, e õ nyrvpow, na segunda; e a desinência -n do acusativo i
dentifica o objeto direto nyrvpon, na primeira e lèkon, na segunda. Entre os suje
itos-nominativo lèkow e nyrvpow e os objetos diretosacusativo lèkon e nyrvpon está
o verbo diÅkei, terceira pessoa do singular do presente do indicativo da voz at
iva de diÅkv, eu persigo. Ao perguntarmos ao verbo quem persegue?, obteremos a r
esposta õ lèkow / õ nyrvpow, isto é, no nominativo, porque o nominativo é o caso
da nomeação, da denominação, da identificação, daquilo de que se trata: õ lèkow
diÅkei, o lobo persegue e õ nyrvpow diÅkei, o homem persegue. Temos agora dois el
ementos essenciais do enunciado: o sujeito e o verbo, sujeito e predicado: aquil
o de que se diz alguma coisa ou aquilo que diz alguma coisa daquilo de que se di
z alguma coisa. Mas imediatamente constatamos que um dos elementos está incomple
to: õ lèkow diÅkei / õ nyrvpow diÅkei o lobo persegue / o homem persegue ,
é um conceito concreto: o que está disposto embaixo, disposto sob os olhos, o que
está na mesa, submetido a exame . É aquilo de que se trata. Essa aplicação do con
ceito de sujeito lógico para sujeito gramatical começou com os estóicos e se des
envolveu no período alexandrino.
mur03.p65
81
22/01/01, 11:36
82
flexão nominal
mas persegue quem?, persegue o quê? isto é, em quem ou em quê o ato de perseguir
, desencadeado respectivamente pelos sujeito-agente-nominativo lobo - õ lèkow -
e pelo sujeito-agente-nominativo homem - õ nyrvpow - se completa? A resposta é tò
n nyrvpon / tòn lèkon, isto é, o complemento, o termo do ato verbal, o complement
o-objeto direto de perseguir vai para o acusativo. E a gramática portuguesa cham
a essa relação de objeto direto, porque não há entre ele e o verbo que ele compl
eta nenhum elemento intermediário (preposição). A supressão da palavra complemen
to da nomenclatura da gramática portuguesa empobreceu-lhe o significado; nós pre
ferimos manter a denominação complemento objeto direto e complemento objeto indi
reto. 2 Essas duas frases, em grego, podem ser expressas de várias maneiras: O lè
kow diÅkei tòn nyrvpon. Tòn nyrvpon diÅkei õ lèkow. Tòn nyrvpon õ lèkow diÅkei. DiÅ
kei tòn nyrvpon õ lèkow. DiÅkei õ lèkow tòn nyrvpon. O lèkow tòn nyrvpon diÅkei. Em
todas essas variantes o significado do enunciado é o mesmo: o lobo persegue o ho
mem. O que pode variar aí é apenas a ênfase que o enunciante queira dar a essa o
u aquela palavra. É uma questão de estilo. Mas essa liberdade tem seus limites q
ue são: a lógica e o significado do enunciado. Por exemplo: nós podemos ver que
em nenhuma das variantes os artigos se separaram dos nomes. O verbo não se coloc
a entre o artigo e o nome, porque o artigo é um adjunto adnominal e por isso dev
e ficar colado ao nome. Por isso, a afirmação de que no grego e no latim a posiç
ão das palavras é livre é um exagero. Não é bem assim. Cada língua tem o seu car
áter, o seu ritmo de elocução, a sua modulação, a sua prosódia, sobretudo na exp
ressão oral (as literaturas grega e latina, sobretudo a grega, são basicamente o
rais); há sempre a intenção, a necessidade de comunicar, de enfatizar esta ou aq
uela palavra, e a posição das palavras na frase é um dos recursos da expressão.
2
Veremos, contudo, que as expressões objeto direto, objeto indireto em nada ajudam
a compreensão do discurso. São meramente descritivas, formalistas.
mur03.p65
82
22/01/01, 11:36
flexão nominal casos e funções nominal:
83
Casos e funções
Pelo exposto, concluímos que, enquanto as línguas analíticas exprimem as relaçõe
s sintáticas basicamente pela ordem das palavras na frase e pelas preposições, o
grego as exprime pelos casos. A gramática tradicional afirma que o sânscrito te
m 8 casos, o grego tem 5 e o latim tem 6. É uma visão meramente descritivista. A
primeira impressão que o aluno tem é que o número de casos é diretamente propor
cional à complexidade das estruturas da língua estudada, o que daria, em escala
decrescente, o sânscrito, o latim e o grego. É um erro. Nossa experiência mostra
que a complexidade dessas línguas se manifesta ao estudioso não na quantidade d
e casos, mas na falta de clareza de definição do que é um caso. Os casos corresp
ondem a funções; o enunciante associa os dois de maneira concreta, numa relação
estreita entre significante e significado; ele pensa na função e depois no caso,
isto é, na forma. E, se algumas formas morfemas, desinências exprimem mais de u
ma função, ele não se espanta porque em sua língua há inúmeras formas e sons con
vergentes, mas os elementos denotativos, circunstanciais, contribuem para a comp
reensão do enunciado. Assim, em grego, as relações de dativo, de instrumental e
de locativo são expressas pela desinência -i, e o falante grego, como os falante
s das línguas modernas, como as eslavas, não tem dificuldade em entender e se fa
zer entender, mesmo no plano da oralidade. Mas os gramáticos, querendo classific
ar, organizar e ordenar os fatos da língua, por causa da desinência -i que eles
viram primeiramente no dativo (caso epistolar ou da atribuição), catalogaram jun
to com o dativo duas outras relações completamente distintas: o instrumental e o
locativo e criaram essas pérolas semânticas dativo-instrumental e dativo-locativo
. Essas expressões são contraditórias nos seus próprios termos e passam a idéia
da arbitrariedade da nomenclatura gramatical, em que não existiria nenhuma relaç
ão de significante-significado. Mas o aluno brasileiro, e também o de todas as l
ínguas ocidentais, está disposto a engolir mais essa definição gramatical. Aliás
, ele está acostumado a receber obedientemente, passivamente, como dogmas, tudo
o que dizem as gramáticas, e no seu subconsciente está registrado que não se dev
e querer entender a gramática: ela se deve aprender e pronto. Há
mur03.p65
83
22/01/01, 11:36
84
flexão nominal: casos e funções
sempre uma autoridade que não convém contestar. Por isso, nunca lhe passou pela ca
beça que há uma relação de significante e significado em tudo o que dizemos. Vol
taremos ao assunto na explicação dos casos. O que é caso? Vem do latim casus: que
da, quebra , do verbo cadere, cair . Mas toda a nomenclatura gramatical latina, e con
seqüentemente a portuguesa, é uma tradução, um decalque da nomenclatura grega, q
ue se encontra na Gramática de Dionísio da Trácia (séc. II-I a.C.). A palavra pt
Çsiw, casus, queda, quebra , já foi empregada por Aristóteles nas Categorias, I, 10
, quando quer caracterizar a substituição sufixal dos derivados. É uma visão plá
stica da palavra, em que se vê uma parte fixa, invariável (tema) e uma parte fin
al quebradiça , que se substitui em cascata declinante. Daí o nome klÛsiw - declina
tio - declinação que se deu à sucessão dos diversos casos. A imagem que se queri
a passar era a de um ponto fixo: caso reto, e casos oblíquos, descendentes dele.
Essa denominação de caso reto ôry‾ ptÇsiw foi pensada pelos estóicos, talvez po
r associarem o sujeito agente com a voz ativa que eles denominam ôry ereta, vert
ical , por oposição à voz passiva êptÛa derrubada, deitada, supina . 3 Há ainda outra
s explicações para isso, todas muito imaginativas. Cremos que o nominativo foi v
isto como caso reto porque é a relação direta da identificação , daí da nomeação , da d
enominação daquilo de que se fala; é a relação primeira, direta, entre o signific
ado e o significante. 4 Como as palavras caso, flexão, declinação vêm do latim,
também os nomes dos casos têm a mesma origem: do grego, pelo latim. São uma trad
ução linear, literal do grego, com um cuidado muito grande de não dissociar o si
gnificado do significante. Esses nomes não são meramente funcionais; eles signif
icam, eles definem as relações, isto é, as funções das palavras na frase.
3
4
A posição ereta é a posição do sujeito agente e a deitada, supina, passiva é a p
osição do sujeito paciente. A posição ôry é a posição do sujeito. Convém notar,
contudo, que a gramática de Dionísio Trácio já é descritivista, sobretudo na de
nominação dos modos verbais. E foi assim que os latinos a receberam e passaram p
ara nós.
mur03.p65
84
22/01/01, 11:36
flexão nominal: casos e funções
85
Uma vez criado o termo em grego e traduzido para o latim, definindo quase sempre
de uma maneira concreta e clara as relações e fatos gramaticais, o seu uso se g
eneralizou. Mas, aos poucos, perdeu-se o vínculo com o grego e também com o sign
ificado etimológico, denotativo. A rotina do ensino gramatical esvaziou essas pa
lavras de seu sentido, tornando-as termos absolutos, representando apenas uma sé
rie de regras, transformando o estudo da língua em mero exercício formal, calcad
o na memorização e na submissão a paradigmas, que eram apresentados fechados, pr
ontos. Ao aluno cabia apenas aprendê-los de cor e não discuti-los e nem entendê-
los. Cremos que há uma outra maneira de abordá-los. As palavras são identificáve
is semanticamente pelo tema e funcionalmente pela flexão (caso-desinência). É o
que vamos tentar.
O tema
Mas, o que é tema? Todas as gramáticas gregas falam de declinação atemática ou t
emática, de aoristo temático e atemático etc. Não vamos entrar em discussão com
as várias interpretações lingüísticas da palavra tema. Vamos tentar entendê-la n
o seu significado etimológico, denotativo, e vamos ver sua funcionalidade no sis
tema de flexão da língua grega. A palavra tema vem da raiz the, yh do verbo tÛ-y
h-mi, eu coloco, em ponho, mais o sufixo -ma, que é o resultado da ação. Signifi
ca, então: o que está colocado, posto diante de. É assim que entendem, por exemp
lo, Quintiliano, IV, 2, 28 (tema ou raiz de uma palavra) e Apolônio Díscolo, Sin
taxe, 53, 4 (a palavra que serve para formar uma outra, como mfv para mfñterow. Aq
ui ele entende tema como base para um sufixo gramatical -terow, a, on que acresc
enta uma idéia de comparação ao significado constante do tema. Poderíamos chamar
os sufixos de derivacionais semânticos, isto é, que ampliam, diminuem ou modifi
cam o significado. Já Aristóteles em Categorias, I, 10, registra as ptÅseiw em g
rammatikñw/grammatik , ndreÝow/ ndreÛa. As ptÅseiw derivacionais, chamadas sufixos,
se dividem em:
mur03.p65
85
22/01/01, 11:36
86
flexão nominal: casos e funções
a) sufixo nominal alterando o significado: deil-ñw - covarde ² deil-Ûa - a covar
dia (a qualidade do covarde) b) sufixo nominal alterando o gênero: p nt-w > p w - to
do pant-ya > p sa - toda c) sufixo nominal alterando o grau: sofñw - sábio sof-Åte
row - mais sábio sof-Åtatow - o mais sábio d) sufixo verbal alterando o aspecto:
de tema verbal puro: - prag - fazer, agir tema do infectum(inacabado): prag-yv
> prattv - eu faço, eu ajo. de tema nominal: - onomat - nome verbo denominativo:
ônomat-yv > ônom zv - eu nomeio, denomino. Na flexão nominal e verbal (declinação
e conjugação) acontece a mesma coisa: sobre um tema, acrescentam-se as várias d
esinências ou morfemas que dão ao significado-base a idéia de função na flexão d
os substantivos, adjetivos e pronomes, e pessoa, voz, modo, aspecto na flexão do
s verbos. Isso quanto aos sufixos gramaticais. Essas ptÅseiw da flexão são chama
das casos (desinências/morfemas) para os substantivos, adjetivos e pronomes e de
sinências (morfemas), para os verbos. Mas todas se acrescentam ao tema, que é a
parte fixa, sem quebra, tanto dos verbos quanto dos substantivos, adjetivos ou p
ronomes. Esse acréscimo, contudo, se faz respeitando-se as leis da fonética de c
ada língua (o grego no nosso caso): nos casos de desinências vocálicas acrescent
adas a temas em vogal, há o recurso da elisão ou contração (crase); nos casos de
desinências consonânticas (as verbais), quando acrescentadas a temas vocálicos,
há a combinação natural fazendo sílaba normalmente; quando acrescentadas a tema
s consonânticos servem-se de uma vogal de apoio ou de ligação. Aliás, a denomina
ção de declinação ou conjugação temática ou atemática da gramática tradicional é imp
rópria. Ela surgiu provavel-
mur03.p65
86
22/01/01, 11:36
flexão nominal: casos e funções
87
mente da confusão que se estabeleceu entre vogal temática e vogal de apoio ou de
ligação. Uma coisa é a vogal temática, isto é, que faz parte do tema, sobre o q
ual se acrescentam as desinências, como em logo-w o tema é vocálico porque termi
na em -o, mas em læ-o-men temos três partes: o tema lu-, a desinência da primeir
a pessoa do plural da voz ativa do indicativo presente -men, e a vogal de ligaçã
o -o-. A vogal de ligação não faz parte necessariamente das desinências; ela não
é um morfema. Sua função é fonética; ela só aparece quando necessária, para evi
tar conflitos fonéticos indesejáveis entre consoantes 5. Ela nunca aparece entre
vogais por desnecessária, mas às vezes permanece ao lado de semivogais, como vi
mos em læ-o-men. É que, para todo o sistema do infectum dos verbos em -v cujos t
emas são quase todos consonânticos, a língua criou essa vogal de ligação o / e p
ara evitar o conflito entre a consoante final do tema e as consoantes das desinê
ncias. A permanência da vogal de ligação nos verbos de tema em semivogal indica
que, nesses casos, a semivogal é sentida como semiconsoante e, ao lado da vogal desi
nencial ou de ligação, ela é mais con-soante 6; aliás o número de verbos de tema e
m semivogal é reduzido. E quando a língua, a partir de temas nominais terminados
em vogal, criou verbos com o sufixo -j- como filej-, nikaj-, dhloj-, que se tor
naram temas do infectum e evoluíram para fil¡v > filÇ, tim v > timÇ, dhlñv > dhlÇ.
Na flexão de todo o sistema do infectum, esse j também foi sentido como consoan
te, por isso recebe a desinência -v- na 1a pessoa e sofreu síncope em posição in
tervocálica entre a vogal temática e a vogal de ligação.
5
6
Quem determina a presença ou não da vogal de ligação é o consciente lingüístico,
que vigia sobretudo o significado. Quando uma acomodação entre consoantes desca
racteriza o significado, torna-se necessária a vogal de ligação. Veremos isso mu
itas vezes no correr deste trabalho. Aliás, a seqüência fonética i/u + mi é extrem
amente incômoda; a acomodação com o -v é bem mais fácil e natural. É por isso ta
mbém que os verbos que têm um sufixo -numi / -nnumi no infectum têm uma variante
em æv , como deÛknumi / deiknæv.
mur03.p65
87
22/01/01, 11:36
88
flexão nominal: casos e funções
A síncope desse j provocou o surgimento do hiato que o dialeto ático reduziu pel
a contração. As gramáticas chamam esses verbos de contratos , mas, na verdade, eles
só são contratos , isto é, têm formas contratas apenas no sistema do infectum, inac
abado , por causa da síncope desse j, formador do tema do infectum. Nos outros tem
as (aoristo/futuro e perfeito) a vogal temática é alongada.
Os casos: definições
NOMINATIVO: Onomastik‾ ptÇsiw (önoma - ônom zv). Nominatiuus casus (nomen - nominar
e) - nome-nomear, nominativo. É o caso da denominação, da nomeação, da identidade,
da identificação. É o caso do nome como ele é, na sua expressão referencial. É
o de que se fala; é o assunto, o sujeito lógico, e daí sujeito gramatical: tò êp
okeÛmenon - subjectum - o que jaz em baixo, o que está disposto em baixo. O nomi
nativo é então o caso do sujeito e das relações secundárias do sujeito, isto é,
da expansão do sujeito nas relações adjetivas, quer na idéia de colagem, em que
a noção adjetiva faz um todo com o nome: o cavalo branco, isto é, o epíteto, o a
djunto adnominal, quer na relação de atribuição, isto é, uma idéia de qualidade
ou estado atribuída, aplicada, em função de atributo; mas, nesse caso, não há id
éia de colagem; daí a necessidade do verbo de ligação. Em grego, aliás, sobretud
o até a época clássica, não se usa o verbo de ligação nas relações ditas predica
tivas: õ nyrvpow politikòn zÒon - o homem (é) um ser (vivente) da pólis (urbano -
político). Essa idéia de atribuição pode ser percebida também nas aposições: õ
lñgow, m¡gistow tærannow - A palavra (discurso/ razão), o maior senhor ou õ lñgo
w m¡gistow tærannow - A palavra é o maior senhor. A proximidade conceitual e sem
ântica entre um predicativo e o aposto faz com que, com freqüência, não seja fác
il estabelecer distinção entre um e outro. Só o contexto resolverá o problema. T
orna-se uma questão conotativa.
mur03.p65
88
22/01/01, 11:36
flexão nominal: casos e funções
89
A identificação e o emprego do nominativo são de fundamental importância para a
compreensão do enunciado, porque se trata do sujeito, isto é, do assunto. As rel
ações secundárias do sujeito (adjunto adnominal, predicativo, aposto) complement
am essa identificação. O emprego do nominativo é pouco complexo, mas às vezes su
rpreende. Contudo, o nominativo não identifica apenas o sujeito lógico, conceitu
al, sintático, gramatical do enunciado: o amigo é fiel, õ fÛlow pistñw / pistòw
õ fÛlow. Por ser o caso da identificação, da denominação, ele é empregado natura
lmente também em sintagmas, em citações, em enumerações, como: os amigos fiéis:
oß pistoÜ fÛloi. Nos exemplos a seguir, vamos registrar alguns desses empregos:
1. Em títulos de obras, inscrições, relações, listas: Nef¡lai - As Nuvens (de Ar
istófanes) Sf°kew - As Vespas (de Aristófanes) t de par¡dosan:... st¡fanow... fi lai
... Eles ofereceram estas coisas: diadema... taças KallistÆ NikofÛlou Cálisto, f
ilha de Nicófilo (inscrição tumular) 2. Em citações e predicação: n‾r genñmenow p
roseÛlhfe t‾n tÇn ponhrÇn koin‾n ¤pvnumÛan sukof nthw - tendo-se tornado homem, el
e adotou a denominacão comum dos malfeitores: sicofanta toçw ¦xontaw tòn shmnòn ön
oma toèto tò kalñw te k gayñw - os que têm o nome respeitável de belo e bom mèw kaÜ
gal° m¡lleiw l¡gein; - ratinho e doninha queres dizer? ll ´de m¡ntoi m‾ l¡ge - Mas,
então, não digas esta 3. Nas enumerações: T d¢ t°w pñlevw oÞkodom mata... toiaèta [
÷ra] propælaia... stoaÛ... Peiraieæw... (Dem., 23, 207) [olha] as edificações da
cidade tais como: os propileus... os pórticos... o Pireu... tÛyhmi dæo... poiht
ik°w eàdh: yeÛa m¢n kaÛ nyrvpÛnh... [t¡xnai] Eu coloco duas formas de arte poétic
a: a divina e a humana
mur03.p65
89
22/01/01, 11:36
90
flexão nominal: casos e funções
llouw d õ... NeÝlow ¦pemcen: Sousisk nhw, PhgastagÆn AÞguptogen w, ÷ te t°w ßer w M¡mfi
dow rxvn... (Ésq., Pers., 33) Nilo enviou ainda outros: Susískanes, Pegastágon da
estirpe de Egito, e o governante da sagrada Mênfis... 4. Predicativo de indefin
ido: n°sow dendr essa, ye d ¤n dÅmata naÛei uma ilha coberta de árvores, uma deusa
dentro tem habitação. 5. Em posição de anacoluto: Oß fÛloi... tÛ f somen aétoçw
eänai; Os amigos... o que diremos serem eles? Às vezes confundindo-se, aparente
mente, com o vocativo: V t law ¤gÅ; Infeliz que eu sou! Dæsmorow; Coitado! [tu és]
Sx¡tliow; Infeliz! [tu és] O paÝw, koloæyei deèro; Tu, o escravo, acompanha aqui! V
fÛlow; ó, amigo! [tu, o amigo!] FÛlow, Î Men¡lae; Amigo, ó Menelau! dialegñmeno
w aétÒ ¦doj¡ moi... (Platão, Apol., 21c) conversando com ele, pareceu-me... Ferr
¡fatta d¡, polloÜ m¢n kaÜ toèto foboèntai tñ önoma (Platão, Crát., 412c) Ferréfa
tta, muitos temem esse nome. Prñjenow d¢ kaÜ M¡nvn... p¡mcate aétoçw deèro (Xen.
, An., 2, 5, 37) O Proxeno e Mênon... enviai-os para cá. Em geral todos esses em
pregos do nominativo próximos do vocativo são demonstrativos, afirmativos.
mur03.p65
90
22/01/01, 11:36
flexão nominal: casos e funções
91
6. É também o que acontece nas interpelações, em que se aponta com o dedo o obje
to do chamado. Nas exclamações, o nominativo caracteriza, o vocativo se dirige,
chama, o acusativo enche o objeto de emoção e o genitivo dá a fonte da esfera da
emoção. Nesses casos, muitas vezes o emprego do nominativo se confunde com o do
vocativo : Oðtow, s¡ kalÇ; Tu aí, é a ti que estou chamando! V oðtow, oðtow, OÞd
Ûpouw; Ei, tu, tu aí, o Édipo! nyrvpow ßerñw; santo homem! (é um santo homem) l°r
ow; bobagem! Î mÇrow; que bobo! Î d¡spot naj... lamprñw t aÞy r; (Aristóf., Nuvens,
1168) ó senhor patrão! e brilhante éter! 7. Em aposição a um vocativo ou em lug
ar dele: õ paÝw, koloæyei deèro (Aristóf., Rãs, 521) Tu, o escravo, vem para cá! V
Falhreæw, ¦fh, oðtow Apollñdvrow, oé perimeneÝw; (Platão, Banq., 172a) Ó o de Fa
lera, tu (esse) aí, Apolodoro! não vais esperar? Prñjene kaÜ oß lloi oß parñntew E
llhnew, oék àste ÷ ti poieÝte; (Xen., An., 1, 5, 16) Proxeno (embaixador), e vós
os outros gregos presentes, não sabeis o que estais fazendo? sæ d , ¦fh, õ tÇn Urk
anÛvn rxvn, êpñmeinon (Xen., An., 4, 5, 22) E tu, disse ele, o comandante dos Hir
cânios, espera! àyi m¢n oïn sæ, ¦fh, õ presbætatow, kaÜ ÞÆn taèta l¡ge (Xen., An
., 4, 5, 17) Vai tu, então, o mais velho, e indo, dize [diz] essas coisas
mur03.p65
91
22/01/01, 11:36
92
flexão nominal: casos e funções
kaÜ p ntew d¢ oß parñntew kaÜ oß pñntew fÛloi, xaÛrete; (Xen., An., 8, 7, 28) E tod
os vós, os amigos presentes e ausentes, salve! 8. O sujeito de um verbo finito,
na voz ativa, média ou passiva, está sempre no nominativo. Kñnvn... ¤nÛkhsen Kón
on... obteve a vitória. Na voz passiva o predicativo do sujeito vai para o nomin
ativo. Em português costuma-se uni-lo ao sujeito por uma preposição como, por, d
e. O Kèrow ¼r¡yh basileæw Ciro foi eleito rei. Al¡jandrow Ènom zeto yeñw Alexandre
era chamado [de] deus. Há também quem afirme que o nominativo não é um caso, tal
vez por influência do registro tradicional dos nomes, no nominativo e genitivo e
dos adjetivos no nominativo nos dicionários e nas gramáticas. A forma do nomina
tivo seria a forma-referência, e o genitivo enquadraria o nome nos diversos para
digmas (declinações). Não concordamos. O nominativo é um caso porque tem desinên
cia7, e por isso tem uma função. Essa confusão entre nominativo, caso-referência
, identificando-o com o tema dos nomes, dá origem à maior parte das dificuldades
que os alunos têm para aprender a flexão dos nomes em grego e em latim. Contudo
, os dicionários e as gramáticas estão aí. Vamos respeitálos, embora não concord
ando. A desinência básica do nominativo dos seres animados (masc. e fem.) é -w.
Ela está: nos nomes masculinos e femininos de temas em consoante e semivogal (a
III declinação), nos nomes masculinos e femininos de tema em -o, nos nomes mascu
linos de tema em -a / -h.
7
A apresentação clássica dos nomes, quer nas gramáticas, quer na entrada dos dici
onários se faz pelo nominativo e genitivo. O genitivo identifica a declinação a
que a
mur03.p65
92
22/01/01, 11:36
flexão nominal: casos e funções
93
Os nomes de tema em soante ou líqüida substituem o -w pelo alongamento da vogal
temática. Os femininos de tema em -a / -h não têm desinência no nominativo, e os
neutros, por serem inanimados, sem identidade própria, têm desinência zero no n
ominativo. Não há neutros de temas em -a / -h; os de tema em -o também não têm d
esinência. A desinência -n dos neutros em -o seria, na opinião dos gramáticos, um
empréstimo do acusativo masculino. Pensamos que isso é improvável8. Nas palavras
fortes como os dêiticos esse -n não aparece, por dispensável. É o caso de tñ, t
oèto, tñde, ¤keÝno, llo, aétñ. Aliás, os neutros não têm declinação própria: fora
do nominativovocativo-acusativo, em que se apresentam na sua forma de tema, os
outros casos se flexionam como os dos seres animados. Os neutros de tema em cons
oante, soante ou semivogal não têm desinência; eles se enunciam pelo próprio tem
a. VOCATIVO: Kletik‾ ptÇsiw (kal¡v) - Vocatiuus casus (uocare). É o ato de chama
r. O vocativo não é propriamente uma função; não faz parte do mecanismo da frase
; é exterior a ela. É uma espécie de interjeição, um chamado, um aceno; é o ganch
o do diálogo, que é bipolar, singular. É próprio da oralidade. E a língua grega é
coerente ao representá-lo sem ptÇsiw, isto é, sem desinência. Além disso, o voc
ativo autêntico é só o singular. A pluralidade se criou por expansão, por analog
ia, como veremos mais tarde. Por isso também o vocativo é pobre em relações comp
lementares (quase não tem predicativo e o aposto descamba freqüentemente para o
nominativo); só o adjunto adnominal (epíteto), por se colar ao nome, fica no voc
ativo.
8
palavra pertence. Mais nada, tanto em latim quanto em grego. Cremos que se regis
trássemos entre parênteses o tema ajudaríamos muito mais o estudioso. É mais pro
vável que esse -n seja eufônico, isto é, vem apenas para proteger a vogal átona
final, como em ¤sti (-n), eÞsi(-n), ¦lue(-n).
mur03.p65
93
22/01/01, 11:36
94
flexão nominal: casos e funções
1. Usa-se o vocativo apenas nos diálogos e nas interpelações (que são uma forma
de diálogo). Em geral aparece a interjeição Î, que precede o nome: [Î] ndrew dika
staÛ; Senhores juízes! Î ndrew AyhnaÝoi; Cidadãos [varões] Atenienses! eÜ ÷moiow eä
, Î Apollñdvre (Plat., Banq., 173d) Tu és sempre semelhante, Apolodoro! 9 Î fÛle
FaÝdre; (Plat., Fedro, 277a) Ó amigo Fedro! Î b¡ltiste SÅkratew; Ó excelente Sóc
rates! 2. Contudo, às vezes, a interjeição pode vir entre o vocativo e seu atrib
uto: megalopñliew Î Sur kosai; (Pínd., Pít., 2, 1) Grande cidade, ó Siracusa! xaÝr
e, p ter , Î jeÝne; (i, 408) Salve, pai, ó hóspede! fÛlow Î Men¡lae (D, 189) Ó ami
go Menelau! [Menelau, meu amigo!] 3. Algumas vezes a interjeição é omitida, para
dar mais vivacidade ao discurso. Demóstenes ora emprega a interjeição ora não,
dependendo da ênfase que quer dar ao discurso. lhreÝt AyhnaÝoi; (Dem., 8, 31) Esta
is dizendo bobagens, atenienses. Andrew AyhnaÝoi é mais freqüente do que Î ndrew Ayh
naÝoi. Platão usa mais com a interjeição do que sem.
9
O uso da interjeição Î é constante. No Banquete, há 70 casos de Î e apenas 8 sem
a interjeição. No Protágoras, por volta de 100 vocativos com nomes próprios são
precedidos de Î.
mur03.p65
94
22/01/01, 11:36
flexão nominal: casos e funções
95
4. A posição do vocativo não é necessariamente no começo da frase. Pode vir posp
osto. aìth m¡n ¤stin, Î TÛmarxe, ndròw gayoè pologÛa (Ésquines, 1, 122) É essa, ó T
imarco, a defesa de um homem de bem. 5. Vocativo nas exclamações e imprecações: H
er kleiw; Ó Heraclés! Î Zeè kaÜ yeoÛ; Ó Zeus e deuses! Î Zeè basileè; Ó Zeus rei!
Î Zeè DÛkh te Zhnòw HlÛou te fÇw; Ó Zeus, Justiça de Zeus e Luz do Sol! 6. Predic
ativo do vocativo: ntÜ g r ¤kl yhw Imbrase ParyenÛou (Teócr., 17, 66) Tu foste chama
do, Ímbraso, em lugar de Parthênios ÞÆ ÞÆ dæsthne sæ, dæsthne d°ta di pñnvn p ntvn
faneÛw; Ai! ai! infeliz, tu, tendo aparecido (que apareceste) infeliz através de
todos os sofrimentos! Por não ser função, o vocativo não é caso, isto é, não te
m desinência própria. É o próprio tema. Mas ele está intimamente ligado ao nomin
ativo, que é o caso da nomeação; ele não existe, ou está implícito, por exemplo
nos pronomes pessoais, nos adjetivos possessivos, nos demonstrativos, por razões
semânticas, é claro. Essas categorias são identificadoras, com funções próximas
das do nominativo. Nos nomes femininos de tema em -a / -h, ele é igual ao nomin
ativo e é o próprio tema nos masculinos. Nos nomes de tema em -o, ele é o própri
o tema, mas com vocalismo -e nos masculinos e femininos e é igual ao nominativo
nos neutros. Nos nomes neutros de tema em consoante, soante e semivogal, ele é i
gual ao nominativo, e nos masculinos e femininos ele é ou o próprio tema, ou é i
gual ao nominativo.
mur03.p65
95
22/01/01, 11:36
96
flexão nominal: casos e funções
Todas as vezes em que o enunciado do tema, em posição de vocativo, não descaract
eriza foneticamente o nome. Isto acontece com os nomes de tema em consoante. Ora
, nós sabemos que a língua grega mantém poucas consoantes em posição final: apen
as -w, -n, -r. As outras todas caem. Assim g¡rvn, ontow o ancião, cujo tema é g¡
ront - faz o vocativo g¡ron. Na verdade deveria ser g¡ront, mas o -t em posição
final não se sustenta em grego, contrariamente ao que acontece no latim. Mas em
aäj, aÞgñw a cabra, o vocativo deveria ser aäg que é o seu tema; mas o -g em pos
ição final também não se sustenta. Então teríamos um vocativo -aä, o que mutilar
ia e descaracterizaria semanticamente a palavra. Nesses casos, o consciente ling
üístico, isto é, a inteligência da língua, que visa sempre ao significado, vem e
m socorro à palavra e lhe empresta a desinência do nominativo, caso que semantic
amente lhe é próximo, e temos o vocativo aäj, igual ao nominativo. Mas ela não u
sa do mesmo recurso em paÝw, paidñw. O tema, e por conseguinte o vocativo, é paÝ
d; mas o -d em posição final sofre apócope, ficando a forma paÝ. O que ficou é r
epresentativo do núcleo semântico e a língua o mantém assim. Essa regra de que o v
ocativo ora tem forma própria ora é igual ao nominativo nunca foi e nem será bem
explicada pelas gramáticas 10. E o resultado disso, tanto em grego quanto em la
tim, são as listas de exceções, ou então soluções mais cômodas de gramáticos com
o Konstantinos Lascaris, que registra dois vocativos para muitas palavras, como
pñli e pñliw. As desinências do vocativo plural são todas iguais às do nominativ
o. O vocativo plural se fez por analogia, por extensão. O vocativo autêntico, or
iginal, funcional é o singular, horizontal, bipolar.
tema?
Quando o vocativo dos nomes masculinos e femininos é o próprio
10
A razão é que as gramáticas vêem declinações , a partir do caso reto - nominativo ; nó
s vemos um tema, que contém o significado, e casos que lhe acrescentam funções.
mur03.p65
96
22/01/01, 11:36
flexão nominal: casos e funções
97
ACUSATIVO: AÞtiatik‾ ptÇsiw (aÞt¡v-aÞtÛa) - Accusatiuus, causatiuus casus (ad-ca
usare). A gramática tradicional diz que é o caso do objeto direto, que se caract
eriza pela ausência de conetivo (preposição) entre o verbo transitivo e o seu co
mplemento. É uma visão formalista, imperfeita e inútil, porque não leva em conta
a relação semântica. Ela não cobre, por exemplo, esse casuísmo gramatical que c
ostumamos chamar de objeto direto preposicionado , como amar a Deus, amar ao próxim
o. Esse uso se localiza em toda a Ibéria, sobretudo no castelhano. Na verdade es
se a não seria propriamente uma preposição mas uma espécie de vogal de apoio. A
preposição a em princípio traz a idéia de referência ou de relação espacial ou e
quivalente, o que não existe nesse caso. Cremos que, se derivarmos aÞtiatik do
verbo aÞt¡v eu procuro, busco, exijo, poderemos explicá-lo satisfatoriamente. A
derivação de aÞtÛa causa , por ser abstrata, não é suficiente e destoa do conjunto
das denominações dos outros casos, que são concretas. Dionísio Trácio e depois a
lguns seguidores, como Apolônio Díscolo e Querobosco, afirmam que usamos o acusa
tivo quando solicitamos (aÞtoæmenoi) alguém: Eu te (acus.) peço um livro (acus.) .
Te e livro são causativos como em Eu acuso Aristarco (acus.) . Isso nos parece uma
justificativa a posteriori, baseada em uma observação parcial e superficial dos
mecanismos da língua. Contudo, o objeto de busca é também o objeto da causa; é n
atural, então, que esses dois termos se confundam e façam surgir a idéia de culp
a e daí a idéia de acusação. É o que acontece com os verbos transitivos que, por
serem incompletos, partem à busca de seu complemento; esse complemento é o term
o, término do processo verbal; o ato verbal se completa, se fecha nele. A denomi
nação de transitivo exprime bem esse fato.11 Essa busca do complemento pode ser ve
rificada também nos verbos chamados de movimento ou de direção. A única diferenç
a é que, nesse caso, há uma relação espacial.
11
A idéia de movimento é uma constante em todas as relações do acusativo.
mur03.p65
97
22/01/01, 11:36
98
flexão nominal: casos e funções
Nas frases Eu vou à cidade / Eu amo a cidade, a palavra cidade é termo, compleme
nto tanto de amo quanto de vou. Há uma diferença apenas: vou, por exprimir uma i
déia de espaço, precisa de uma preposição 12. Mas a relação é a mesma, isto é, c
ompletar o verbo, e por isso também o caso é o mesmo. Nem sempre há coincidência
entre o ponto de vista do português e o ponto de vista do grego no entendimento
da transitividade dos verbos. Em português prevalece a análise formal: identifi
ca-se o objeto direto pela ausência da preposição depois do verbo regente , e a pre
sença da preposição identifica o objeto indireto. Isso em pouco ou em nada contr
ibui para o entendimento do enunciado; ao contrário, às vezes até confunde. É qu
e em português, nos verbos denominativos de expressão dos sentidos ou de ajuda,
utilidade, proveito, conserva-se no verbo a estrutura do complemento nominal, co
m as preposições de e a; assim: ter gosto de, para gostar de, ser agradável a, p
ara agradar a, fazer o bem a, dizer bem ou mal de são preferidos a beneficiar, b
em-dizer, maldizer, que, aliás, assumem significados diferentes. Em grego, a ide
ntificação do acusativo (objeto direto) se faz pelo significado, tendo em vista
o processo verbal em seu seguimento até sua realização e complementação no objet
o, que é o termo do processo verbal. Por exemplo, as idéias contidas nos verbos
de expressão dos sentidos, de ajuda, utilidade etc., mesmo compostos, são entend
idos como processos verbais transitivos e se completam no objeto direto (acusati
vo); mas, se a mesma idéia é expressa por um adjetivo ou substantivo, o compleme
nto nominal vai para o caso de sua relação. Assim: Èf¡limñw tini - útil a alguém
(dat., mas.) ÈfelÇ tina - eu ajudo, auxilio alguém (acus.) Como dissemos, nem s
empre o ponto de vista grego coincide com o ponto de vista português. Por causa
de um processo diferente de formação de palavras, muitas vezes uma visão de dati
vo (atribuição) em português é vista como acusativo (termo do ato verbal) em gre
go.
12
As preposições são advérbios de significado espacial. Por isso, em grego, quando
há uma relação espacial ela é expressa por uma preposição.
mur03.p65
98
22/01/01, 11:36
flexão nominal: casos e funções
99
Alguns exemplos ilustram esse fato: Grego ÈfelÇ, ônÛnhmÛ tina eéergetÇ tina eï p
oiÇ, kalÇw poiÇ tina eï l¡gv, kalÇw l¡gv tin lany nv tin mænomaÛ tina aÞdoèmai tin bl p
v tin dikÇ tina kakÇw poiÇ tina kakÇw l¡gv tin ful ttomaÛ tina ömnumaÛ tina aÞsxænoma
Û tina foboèmaÛ tina timvroèmaÛ tina Em português eu sou útil a / ajudo eu faço
bem a / beneficio eu faço o bem a falo bem de eu escapo a, me escondo de eu me d
efendo de, afasto eu me envergonho, respeito eu causo dano, prejudico faço injus
tiça a faço mal a falo mal de eu me guardo de, evito eu juro por (em relação a)
eu me envergonho (diante) de eu tenho medo de, temo eu me vingo de
O acusativo sintático, como termo ou complemento dos verbos de ação, ditos trans
itivos, como eu amo a cidade, ou analógico a ele, como o termo do complemento no
minal de um adjetivo que exprime qualidade, ou de um verbo que exprime um estado
, que os gramáticos chamam de acusativo de relação, podem se situar na mesma idé
ia de movimento. Alguns também o chamam de acusativo adverbial, talvez por vir e
xpresso pelo neutro de alguns adjetivos e substantivos, como prÇton, em primeiro
lugar, primeiramente, deæteron, em segundo lugar, (em) segundo. Algumas vezes t
ambém, ele é expressso pelo plural neutro de um adjetivo de sentido geral, como t
odo, outro, muito , em que se sente um substantivo implícito, não expresso. É como
se o adjetivo funcionasse como predicativo desse substantivo objeto omitido. As
sim: Olæmpia nik n vencer (uma modalidade esportiva) ( Olumpik‾n nÛkhn nik n) em Olímpi
a ²dç gel n rir doce (em relação a algo bom) dein êbrÛzein ofender (com ofensas) gr
aves
mur03.p65
99
22/01/01, 11:36
100
flexão nominal: casos e funções
p nta nik n oéd¢n frontÛzein t lla (t lla) oéd¡n prÇton / tò prÇton tò p lai / tò palaiñn
x n rx‾n oé/m t poll t¡low/tò t¡low /tò teleutaÝon prñteron toénatÛon (tò ¤nantÛon
) t‾n eéyeÝan toèton tòn xrñnon tò nèn / t nèn tò loipñn t‾n taxÛsthn (õdñn)
vencer em tudo ( em todas as coisas) pensar nada (em nenhuma coisa) quanto ao re
sto (a outras coisas) em nada (a nenhuma coisa) em primeiro lugar (quanto à prim
eira coisa) antigamente (quanto à coisa antiga) quanto ao começo, para começar,
antes de tudo para começar não, de início não muitas vezes, quanto a muitas veze
s, freqüentemente quanto ao fim, em último lugar, finalmente antes (disto), prim
eiramente ao contrário em linha reta, direto, em frente por) aquele tempo, naque
le tempo quanto ao momento presente, em relação às coisas de agora quanto ao res
to, daqui para frente à maneira mais rápida
Podemos incluir também nesse acusativo de relação o acusativo de objeto interno,
isto é, o complemento da mesma raiz do verbo ou de significado próximo, que pod
e acontecer até com verbos intransitivos. Em português também existe esse uso. P
or exemplo viver a vida. Também a expressão de extensão, distância, trajeto, per
curso no espaço e duração no tempo se exprimem pelo acusativo, uma vez que está
implícita a idéia de movimento. dein‾n nñson noseÝn adoecer de grave doença (obj
. interno) b¡ltiñn ¤sti sÇma µ cux‾n noseÝn - (Men.) É melhor sofrer no corpo do
que na alma [em relação a] noseÝn nñson grÛan - (Sóf.) sofrer de uma doença crue
l [em relação a (objeto interno)]
mur03.p65
100
22/01/01, 11:36
flexão nominal: casos e funções
101
k mnein t nde t‾n nñson (Eur.) sofrer dessa doença [em relação a (objeto interno)]
zÇ bÛon moxyerñn eu vivo uma vida miserável (obj. interno) lagÆ bÛon ¦zhw tu vi
vias uma vida de lebre (obj. interno) koim yhsan xalk¡on ìpnon eles adormeceram
de um sono (de) bronze [eles dormiram um sono de bronze (obj. interno - metoními
a)] ¤n MarayÇni m xhn nik n vencer a batalha em Maratona (obj. interno) pñdaw Èkçw Ax
illeæw (Hom.) Aquiles rápido nos pés, quanto aos pés, em relação aos pés. Svkr thw
toënoma Sócrates de nome, Sócrates quanto ao nome, em relação ao nome. n‾r t met¡
vra frontist w (Plat.) homem pensador em relação aos fenômenos celestes (obj. in
terno). deinñw eÞmi taæthn t‾n t¡xnhn (Plat.) eu sou hábil nessa arte, em relaçã
o a essa arte (obj. interno) õ nyrvpow tòn d ktulon lgeÝ esse homem tem dor de dedo
[tem dor quanto ao dedo, em relação ao dedo]. petm yhsan t w kefal w (Xen.) eles fora
m cortados em relacão às cabeças. [Eles tiveram as cabeças cortadas]. M¡letñw me
¤gr cato t‾n graf‾n taæthn. (Plat.) Méletos me moveu esse processo [em relação a
mim]. toèton tòn trñpon em relação a essa maneira, dessa maneira tÛ; em relação
ao que? por quê ? tÛna trñpon:; em relação a que maneira? de (por) que maneira.
mur03.p65
101
22/01/01, 11:36
102
flexão nominal: casos e funções
O acusativo ilativo ou de direção, extensão ou movimento no espaço, também pode
ser usado como duração, extensão no tempo, e, nesse caso, por ser uma noção meno
s concreta, dispensa a preposição. T°w Ell dow oé meÝon µ mæria st dia peÝxon Estavam
distantes da Grécia não menos do que 10.000 estádios. Ceudñmenow oédeÜw lany nei p
olçn xrñnon Mentindo ninguém se esconde [por] muito tempo. treÝw ÷louw m°naw par
¡meinen Ele estacionou [por] três meses inteiros. oéd¡pv eàkosin ¦th gegonÅw Nas
cido ainda não vinte anos [nascido um tempo de ainda não vinte anos]. trÛthn ²m¡
ran ´kv É o terceiro dia que eu cheguei [passaram dois dias da minha chegada]. p n
¸mar ferñmhn Eu era transportado o dia todo [ao longo de]. Esse mesmo mecanismo
de relação se encontra também nos verbos que exprimem duas ações: uma sobre a p
essoa e outra sobre a coisa. As gramáticas grega e latina falam de verbos de dupl
o acusativo com objeto direto e objeto indireto . A portuguesa os chama ou de bitransi
tivos ou de transitivos relativos. Cremos que também esse acusativo da coisa poder
ia ser entendido como um acusativo de relação. did skv tin ti Eu ensino algo a algu
ém pode ser entendido como eu ensino alguém em (relação) a alguma coisa. aÞtÇ, ¦
romai, ¤rvtÇ tin ti Eu peço, eu exijo, eu pergunto, alguma coisa a alguém, ou alg
uém em alguma coisa. ¤kdæv tin ti Eu desvisto alguém de alguma coisa (em relação
a). ¤ndæv tin ti Eu visto alguém de alguma coisa (em relação a). kræptv tin ti Eu
escondo algo de alguém [algo em relação a alguém].
mur03.p65
102
22/01/01, 11:36
flexão nominal: casos e funções
103
pr ttomai tin ti Eu exijo algo de alguém [faço exigência em relação a algo]. Podemo
s incluir aqui também alguns verbos que significam nomear, escolher, eleger, ver
como. O segundo acusativo é na verdade um predicativo do objeto direto: Oß Ayhna
Ýoi tòn Perikl¡a eálonto strathgñn. Os atenienses elegeram Péricles (como) coman
dante. TÛ toèto l¡geiw ; Tu dizes isso o quê? O que é isso que dizes? Essa visão
metafórica do movimento, que sentimos como uma relação, está também numa constr
ução bastante freqüente em grego e em latim. É uma espécie de anacoluto construí
do a partir de uma apóstrofe, num movimento do pensamento dirigido a alguém, em
que há uma elipse do verbo, cujo sentido está implícito no gesto: s¢ d , s¢ t‾n
neæousan ¤w p¡don k ra fºw µ katarn» m‾ dedrak¡nai t de; Ei! tu!, tu que estás incli
nando a cabeça para o chão, confirmas ou negas ter praticado estas coisas? (Sóf.
) [É a ti que me refiro, tu que...] No latim também: Me, me, adsum qui feci In m
e convertite ferrum... (Virg.) Eu?! Eu?! eu, que fiz, estou aqui Dirigi contra m
im a lança... É o mesmo acusativo que se usa nas interjeições ou imprecações: n‾
DÛa; por Zeus! me miserum! - coitado de mim. Nas línguas modernas também existe
essa construção, embora o caso acusativo não se identifique formalmente. Mas no
francês sim: Moi? Je n en sais rien! Eu? eu não sei de nada! Moi é o acusativo la
tino me.
mur03.p65
103
22/01/01, 11:36
104
flexão nominal: casos e funções
GENITIVO: - É a genik‾ ptÇsiw - genitivus casus, genitivo. A primeira referência
que se viu foi a de filho de, ou oriundo de que era, e em muitas culturas ainda o
é, o modo de identificação das pessoas. É provável que o nome genik tenha surg
ido daí, da palavra g¡now - família. A segunda referência, não menos freqüente e
concreta foi a de posse 13; daí também o nome kthtik ptÇsiw - caso possessivo
- que alguns lhe deram; de ktÇmai - eu adquiro, eu possuo. O nome genitivus casu
s, decalque latino de genik‾ ptÇsiw, levou também alguns a verem no genitivo o c
aso-origem, isto é, o caso que enquadrava os nomes em seu paradigma de flexão, n
a sua declinação. É assim que nós aprendemos nas gramáticas do latim e do grego.
No latim, as 5 declinações se identificam pela desinência do genitivo singular -a
e, -i, -is, -us, -ei e, no grego, as 3 declinações se identificam pelos genitivos
-aw/hw, -ou, -ow. Daí também é o uso de, nos dicionários e gramáticas, registrar
o enunciado dos substantivos no nominativo e genitivo singular para indicar a s
ua declinação. Veremos adiante que não foi exatamente uma boa solução. Mas, se a
dotarmos a expressão genik‾ ptÇsiw - genitiuus casus no seu significado denotati
vo, etimológico, como caso da origem, veremos que é correto. A metáfora e a meto
nímia se encarregam de ampliar o seu significado. É a relação de origem, em todo
s os sentidos, concreto ou abstrato: origem, ponto de partida, parte de, proveni
ência, separação, afastamento, carência, necessidade, diferença, superioridade,
inferioridade, definição, delimitação, restrição, anseio, desejo, dominação, com
eço etc. As gramáticas detalham um sem número de genitivos, fazendo distinção en
tre genitivo regido por adjetivos e substantivos e genitivos regidos por verbos e pr
eposições. Não estão erradas, mas, com excesso de detalhes, elas obscurecem o as
pecto semântico que é o principal. Se
13
O genitivo na idéia de posse pode ser sentido como um partitivo , isto é, de mim, de
ti; supõe a idéia de partilha , parte que me cabe ; é uma relação substantiva em que h
á uma delimitação. O objeto possuído é parte do todo: possuidor e posse .
mur03.p65
104
22/01/01, 11:36
flexão nominal: casos e funções
105
observarmos bem o significado de todos esses genitivos, verificaremos que todos
eles têm um significado próximo, concreto ou abstrato; a linha semântica se mant
ém, incólume, com variações metafóricas. Nós aprendemos que o genitivo é o caso
das relações com de. É correto mas incompleto. A preposição de, latina, na orige
m, tem o significado de separação, de cima para baixo; mas o significado se expa
ndiu para significar qualquer separação. E é assim que em português ela é usada
nas relações nominais (complemento nominal ou adjunto adnominal); é um uso corre
to, porque nesses casos de definição, delimitação, determinação, restrição, o se
ntido de separação permanece. No latim, o genitivo se restringe a essas relações
nominais. É, portanto, o genitivo restritivo, delimitativo do complemento termi
nativo, do complemento nominal, do adjunto adnominal com todas as variantes semâ
nticas de origem, de filiação, de posse, de matéria, de lembrança, de esquecimen
to, de causa, de preço, de valor, de qualidade, de matéria, de conteúdo, de part
e. Assim mesmo, importa menos a forma do que o significado. Por exemplo, nas rel
ações de comparativo de superioridade ou inferioridade, o grego usa o genitivo n
o segundo elemento, porque uma superioridade ou inferioridade é uma diferença; o
latim exprime essa relação pelo ablativo. Nas relações de superlativo relativo,
em grego, tanto podemos ver a separação como uma relação partitiva: o maior de t
odos, dentre todos quanto à relação de superioridade e diferença. Em latim, a rel
ação partitiva é expressa pelo genitivo e a segunda, de superioridade, pelo abla
tivo. 14 O mesmo acontece com os verbos. Sempre que o significado sugere uma idé
ia de separação, ausência, carência, parte, como: desejar, carecer, lembrar-se,
esquecer-se, ter falta de, começar, mandar, dominar, leva-se o complemento para
o genitivo. Em português, temos de na maioria desses casos, com a idéia de parti
tivo como: começar, gozar de, provar de, degustar, tocar e alguns verbos que exp
rimem a percepção pelos sentidos, como ouvir, sentir.
14
Em grego, essas duas relações se exprimem pelo mesmo caso: genitivo.
mur03.p65
105
22/01/01, 11:36
106
flexão nominal: casos e funções
Nesses casos o que se sente não é o todo, mas uma parte. A relação semântica é i
mportante. Contudo, não é uma regra absoluta; o contexto nos dirá, e também a pr
esença ou não do artigo; a ausência do artigo exclui a visão do todo; ouvir baru
lho (genitivo partitivo) e ouvir o barulho (complemento objeto direto-acusativo)
15: pñnoi ptontai toè sÅmatow os trabalhos atingem o corpo (tocam = parte de) ge
æesyai m¡litow provar mel geæesyai toè melitow provar do/desse mel koæein t°w s lpi
ggow ouvir a trombeta (o som da trombeta) Os verbos cujo significado é mandar, d
ominar levam para o genitivo o seu complemento. À primeira vista é estranho para
nós. Mas, se considerarmos bem, veremos que a relação de poder é uma relação de
superioridade, de diferença. Mais uma vez é o conteúdo semântico que prevalece.
As mesmas relações de origem, ponto de partida etc, mas concretas, espaciais ou
temporais se exprimem pelo genitivo com preposição. As preposições são, na verd
ade, advérbios com significado espacial, que delimitam a relação espacial. Essas
relações espaciais de separação, origem, o latim as leva para o ablativo. O gre
go, ao contrário, as leva todas, concretas ou abstratas, para o genitivo com pre
posição. Algumas gramáticas denominam esse caso de genitivo - ablativo. A denomi
nação genitivo-ablativo é confortável e semanticamente correta, porque exprime o
ponto de partida ou separação espacial ou temporal. É um conceito híbrido greco
-latino. Já vimos no acusativo de direção e extensão e veremos com o locativo e
o instrumental que as preposições acrescentam às relações sintáticas a idéia do
concreto, do espaço e do tempo (a relação temporal é uma metáfora da espacial).
Todas as preposições são antigos advérbios e têm um significadobase espacial. A
palavra preposição do grego prñyesiw e do latim praepositio tem cunho descritivi
sta. Diz apenas que é uma y¡siw prñ, isto é,
15
Em português é difícil entender assim. A análise formal prevalece sobre a semânt
ica.
mur03.p65
106
22/01/01, 11:36
flexão nominal: casos e funções
107
uma posicão diante de. Não se pensa na relação semântica, que é o essencial. É o
que acontece nos compostos, tanto substantivos quanto adjetivos ou verbos. A lí
ngua grega os considera sempre como unidades autônomas, semanticamente independe
ntes, e o resultado final é a somatória do significado das partes. ¤ntÛyhmi é ig
ual a tÛyhmi ¤n eu ponho em, eu imponho eÞs gv é igual a gv eÞw eu conduzo para, eu
induzo ¤j gv é igual a gv ¤k eu tiro de dentro, eu exijo A relação espacial irá re
spectivamente para o locativo, acusativo e genitivo-ablativo, e os complementos
dos verbos irão para o acusativo, nos exemplos acima, ou para o caso que o signi
ficado pedir. A relação genitivo-ablativo está também muito clara na função do a
gente da passiva, tanto em grego (genitivo) quanto em latim (ablativo). O ponto
de vista do ato verbal em relação ao sujeito é diferente: o sujeito não domina,
não exerce, não desencadeia o ato verbal; ele não é ativo, não é o agente; ele é
passivo, paciente, receptor, inerte. Mas ele é sujeito; é dele que se fala. O a
to verbal é desencadeado fora, distante do sujeito, por um agente, sob a ação de
uma força externa e recai sobre o sujeito, que é o centro, o assunto da oração,
que recebe, aceita, sofre o ato verbal. O grego tem consciência desse espaço im
aginário percorrido pelo ato verbal, desde o ponto em que foi desencadeado sob o
efeito de -êpñdessa força, desse agente: genitivo espacial (lugar de onde). O l
atim também registra esse espaço imaginário entre o ponto de partida (agente) e
o ponto de chegada (paciente) do ato verbal: a / ab + ablativo. DATIVO: É a doti
k‾ ptÇsiw (dÛdvmi) - dativus (dare) casus, dandi casus de Varrão. É o caso da dação ,
da atribuição. Acreditamos que, mais uma vez, a relação significante-significad
o prevaleceu. Querobosco (I, ll, l8) o denomina caso epistolar, porque se usa qua
ndo alguém dá ou envia algo . Mas, numa definição mais tardia encontramos uma inte
rpretação bem mais coerente: Dativus aliquid ex-
mur03.p65
107
22/01/01, 11:36
108
flexão nominal: casos e funções
trinsecus addi demonstrat vel accedere: O dativo demostra que algo de fora se jun
ta ou é acrescentado (Ars Anonyma Bernensis, séc. VIII-IX). É uma definição inter
essante que enfatiza a relação significantesignificado. A metáfora e a metonímia
fazem o resto. Mas ela é também abrangente, porque, a partir da idéia de ser acr
escentado ou se juntar a , podemos enumerar as relações de amizade, hostilidade, u
tilidade, proveito, interesse, comunidade, ajuda, agrado, serviço, servidão, afi
nidade, semelhança, contigüidade, horizontalidade, igualdade, comparação, latera
lidade, interesse, paralelismo, simultaneidade etc. É esse o dativo propriamente
dito em grego e em latim. Mas, os gramáticos, por causa do morfema -i, que era
também o do instrumental e do locativo, pensaram que era mais fácil e prático ju
ntar as três relações sob a mesma desinência e denominação e fizeram a fusão. Qu
erendo facilitar, eles complicaram e passaram para a cabeça dos alunos a idéia e
a certeza de que a gramática não se entende, ela se estuda e se aprende de cor,
e de que é inútil tentar entender a nomenclatura gramatical. O arbítrio prevale
ce. Ora, em todas as línguas, qualquer analfabeto e qualquer criança sabe que há
palavras que soam igual mas que têm significados diferentes. O contexto esclare
ce e define. Em latim, o genitivo singular e o nominativo e vocativo plural dos
nomes em -o são em -i; o genitivo, o dativo singular e o nominativo e vocativo p
lural dos nomes em -a são em -ae, e assim por diante. E ninguém pensou em dar um
nome só a todas essas funções! É que isso não foi pensado na relação do instrum
ental e locativo , que são conceitos do indo-europeu, que está muito longe, na p
oeira do tempo. Temos uma prova disso em Quintiliano, segunda metade do séc. I d
.C. (cerca de 30-100 d.C.), que sente o problema e não sabe como resolvê-lo. Mas
, honesto, como todo bom professor, sugere ao leitor, também professor, que aten
te para o fato: Quaerat (magister) etiam sitne apud Graecos uis quaedam sexti ca
sus et apud nos quoque septimi; nam quum dico hasta percussi non utor ablatiui n
atura nec si idem Graece dicam datiui. Procure (o mestre) também se entre os gre
gos existe uma certa necessidade de um sexto caso e também entre nós a de um sét
imo; pois quando eu
mur03.p65
108
22/01/01, 11:36
flexão nominal: casos e funções
109
digo atingidos pela lança, eu não me sirvo da natureza do ablativo nem se eu dis
ser o mesmo em grego, do dativo. Quint., Inst. Orat., I, IV, 26. O que fez falta
a Quintiliano foi o chamado termo técnico . Mas nós o temos. É o instrumental. Não
é o termo técnico, escravizante, que os manuais nos passam, mas o termo exato,
significante dessa função, distinta do dativo na sua essência, mas igual na sua
forma. O instrumental tem sua origem na questão p» em grego e qua em latim. A id
éia primitiva é por onde, por que . O instrumento ou meio seria o objeto ou ser ine
rte, que não exerce o ato verbal, mas é por ele que o ato verbal passa: ele não
pratica a ação porque é ou está inerte (um ser animado também pode ser instrumen
to). Não se usa preposição porque a idéia de espaço não é concreta, é muito tênu
e; na verdade a idéia de instrumento está mais próxima da idéia de meio, de modo
. Por isso o grego, para exprimir a idéia de espaço concreto percorrido ou atrav
essado, passa a usar a preposição di (com acusativo), e o latim per. Na prática,
o reconhecimento das relações do dativo, do instrumental e do locativo se faz pe
lo significado e não pela forma, nem pela categoria da palavra regente , quer ela s
eja substantivo, adjetivo, verbo ou preposição. Exemplos do uso do dativo: ² toè
yeoè dñsiw ²mÝn a doação (dação) da divindade para nós ² toÝw fÛloiw bo yeia o
socorro aos amigos ² mvrÛa dÛdvsi nyrÅpoiw kak a loucura dá males aos homens oék ¦
stin oédeÜw ÷stiw oéx aêtÒ fÛlow não há ninguém que não seja amigo a si mesmo ¤n
taèya KærÄ basÛleia —n kaÜ par deisow Naquele lugar era para Ciro [Ciro tinha] um
palácio real e um parque. treÝw yugat¡rew eÞsÛ moi três filhas são para mim [eu
tenho...]
mur03.p65
109
22/01/01, 11:36
110
flexão nominal: casos e funções
önom ¤stÛ moi MenÛppow o nome para mim é Menipo [o meu nome é Menipo / eu tenho o
nome Menipo] m thr moÛ AfrodÛth a mãe para mim é Afrodite [minha mãe é Afrodite
/ eu tenho como mãe Afrodite] xr simoi t» pñlei úteis à cidade oß aétoÜ öntew ¤k
eÛnoiw os que eram/são os mesmos que aqueles dÇron tÒ oàkÄ um presente para o la
r rpag‾n kusÛn uma presa para os cães oã ¤moÜ eënoi os que me são favoráveis poroè
nti d¢ aétÒ pros¡rxetai Promhyeæw a ele (que estava) em dificuldade aproxima-se
Prometeu oé tÒ patrÜ kaÜ t» mhtrÜ mñnon geghn meya nós não nascemos só para o pa
i e para a mãe õ p ppow moÛ p¡yanen morreu-me o avô / meu avô morreu kaÛ moi m‾ yor
ub shte e não me façais barulho Î m°ter Éw kalñw moi õ p ppow; mãe, como me é belo
o avô! como é belo o meu avô! —lyon ma t» ²m¡r& eles chegaram junto com o dia oÞ
mvg‾ õmoè kvkæmasin gemidos junto com gritos oß P¡rsai kaÜ oß sçn aétoÝw os Pers
as e os com eles sçn toÝw yeoÝw com os deuses
mur03.p65
110
22/01/01, 11:36
flexão nominal: casos e funções
111
sæneimi (eÞmi sæn), sumf¡rv (f¡rv sæn) ktl, regem o dativo de companhia, ou comita
tivo (simultaneidade). Não se trata de uma regra da gramática, mas de uma exigên
cia baseada na coerência, na relação semântica.
LOCATIVO - responde à pergunta onde? A referência é sobre o lugar em que se está
ou em que se comete um ato; é estático, concreto, espacial: responde à questão o
nde? , poè; em grego, e ubi? em latim. A idéia de espaço se transfere (metáfora) p
ara a idéia de tempo, também estático, isto é, um espaço, um momento do tempo. O
uso da preposição se faz necessário sempre que se quer enfatizar ou precisar o
espaço. Nas relações de tempo seu uso é menos freqüente. Há sobrevivências do lo
cativo indo-europeu em -i em latim e em grego, como: domi em casa ruri no campo
Romai > Romae em Roma oàkoi em casa Em grego há um antigo sufixo -yi que Homero
usa, mas deixou de ser usado no ático. t» trÛtú Ër& na (pela) terceira hora t» ê
steraÛ& no dia seguinte taætú t» ²m¡r& nesse dia tet rtÄ ¦tei no quarto ano En ¦tes
in ¥bdom konta ¤j°n soi pi¡nai nos 70 anos (no espaço de) era-te permitido (possí
vel) emigrar (Pl., Críton) En nuktÜ boul‾ toÝw sofoÝsi gÛgnetai De noite (na noit
e) o conselho acontece aos sábios ¤n t» Ell di / ¤n KæprÄ na Grécia, em Chipre
mur03.p65
111
22/01/01, 11:36
112
flexão nominal: casos e funções
¤n p si eédñkimoi öntew entre todos (no meio de) sendo ilustres oß ¤n t¡lei öntew
os que estão no cargo ¤n tÒ aétÒ no mesmo (tempo, fato, lugar) ¤n trisÜn ²m¡raiw
em três dias (no espaço fechado de) O locativo regido por verbos compostos deve s
er entendido a partir do significado. A composição se faz de uma forma coerente
e lógica; deve haver compatibilidade semântica entre a preposição (que traz a id
éia espacial) e o verbo, que não pode ter idéia de movimento. Se juntarmos o sig
nificado da preposição ao significado do verbo não precisamos de regra de regênci
a . Saberemos que é o locativo. Assim: ¦neimi -eÞmi ¤n eu estou dentro, estou em -
locativo p reimi -eÞmi par estou ao lado de, estou presente -locativo Às vezes, por
causa do significado do verbo, não é fácil fazer distinção entre dativo e locat
ivo: ¤pidÛdvmi -dÛdvmi ¤pÛ eu dou em cima; eu dou além, eu acrescento. Aqui é ní
tida a idéia de acrescentar; daí o dativo prevalece. Resta ver, no entanto, se n
o contexto não há uma relação espacial, quando o locativo prevaleceria.16
16
Assim podÛdvmi eu dou a partir de, eu atribuo (um nome a). Nas Categorias, Aristó
teles o emprega com o significado de atribuir (dar) um nome a. Nesse caso, a idé
ia contida na preposição a partir de, de está implícita, mas não é relevante; a
idéia de dação é mais forte e o caso então é dativo.
mur03.p65
112
22/01/01, 11:36
flexão nominal: casos e funções
113
INSTRUMENTAL: exprime o meio ou o instrumento com que um ato é cometido. Ele tem
sua origem na questão p» ; por onde, por que? O meio ou o instrumento não age; el
e é inerte, e por isso se usa com seres não dotados de vontade própria, como esp
ada, cajado, dinheiro, pedra etc. Mas às vezes um ser dotado de vontade própria
pode ser usado como instrumento. As gramáticas dizem que o soldado é considerado
um instrumento nas mãos do comandante. Sempre foi. Mas, quando o soldado age po
r vontade própria, quando ele mata o comandante, não é mais mero instrumento, é
um agente da passiva: O comandante foi morto pelo soldado . Mas um ser animado, uma
pessoa pode servir de instrumento para um crime, para uma intriga. Nesses casos
o indivíduo se torna mero instrumento. Essa idéia de passagem do ato verbal con
tida na questão p» prevaleceu a tal ponto que a expressão de trânsito, percurso,
travessia, passou a ser expressa pela preposição di em grego e per em latim. Não
é muito fácil, também, separar, com clareza, a idéia de meio ou instrumento da
idéia de maneira, modo. O modo, a maneira podem ser considerados como uma metáfo
ra do meio ou instrumento. Daí o caso ser o instrumental. As gramáticas falam de
dativo de instrumento, de causa, de modo, de medida e até de diferença! Nos exemp
los a seguir, extraídos de Kaegi, todos eles podem ser entendidos como instrumen
tal. OédeÜw ¦painon ²donaÝw ¤kt sato ninguém adquiriu glória com prazeres Xr set
ai ²mÝn õ basileçw ÷ ti n boælhtai o rei se servirá de nós naquilo que (em relaçã
o ao que) queira [que quiser] oé mñnÄ rtÄ z» õ nyrvpow nem só de pão vive o homem
eénoÛ&, ìbrei, fyñnÄ, fñbÄ poieÝn ti fazer alguma coisa por [com] benevolência,
por insolência, por inveja, por medo Causa?! Não!! É mero instrumento.
mur03.p65
113
22/01/01, 11:36
114
flexão nominal: casos e funções
Podemos observar o mesmo nos exemplos seguintes: AboulÛ& t poll bl ptontai brotoÛ Os
mortais são prejudicados na maior parte das vezes pela falta de vontade/empenho
XalepÇw ¦feron oß stratiÇtai toÝw paroèsi pr gmasin Os soldados tiveram problemas
pelos [com os] acontecimentos presentes A idéia de causa, por ser abstrata, é se
mpre metafórica, secundária; ela é abs-tracta. meio: A idéia de modo, maneira ta
mbém deriva da idéia de instrumento, toætÄ tÒ trñpÄ oédenÜ trñpÄ taætú t» gnÅmú
p sú t¡xnú kaÜ mhxan» pantÜ sy¡nei tÒ önti ¦rgÄ dessa maneira de maneira nenhuma d
essa opinião por toda arte e engenho com todo o empenho pelo ato que é - na real
idade
Alguns adjetivos no dativo , isto é, instrumental-modal, passaram a ser empregados
isoladamente e são por isso vistos como advérbios; nesses casos prevaleceu o sig
nificado do adjetivo sobre o do substantivo, que passou a ser omitido, ficando i
mplícito, como: dhmosÛ& público/a; publicamente; em público taf» dhmosÛ& com / e
m obséquias públicas ÞdÛ& em particular, em privado koin» em comum A idéia de me
dida, de comparação (igualdade), do quanto (preço) também é uma expressão do ins
trumental: pollÒ kreÝtton muito (em muito) melhor ôlÛgÄ ¤l ttouw triakosÛvn pouco
(em pouco) menos do que trezentos polloÝw ¦tesi ìsteron muitos anos depois pñsÄ
¤stÛn; quanto é? (por quanto?) ÷sÄ... tosoætÄ quanto (mais)... tanto (mais)
mur03.p65
114
22/01/01, 11:36
flexão nominal: casos e funções os gêneros
115
Os gêneros
No sânscrito, no grego e no latim são três: rsenikñn, masculinum, masculino; yhli
kñn, femininum, feminino e oéd¡teron, m¡son, neutrum, neutrius generis, neutro.
Na verdade, o neutro não é propriamente um gênero, mas sim uma ausência de gêner
o. Isso lembra certamente o gênero anímico: a referência da dualidade macho/fême
a. Os seres inanimados se definiam por analogia; mas nem sempre a analogia agiu
com coerência, porque os critérios de observação variam segundo o momento, o mei
o, isto é, a cultura. No grego há uma certa coerência, mas numa divisão binária:
gênero animado/gênero inanimado. Essa diferença aparece na declinação: o neutro
não tem a caracterização do nominativo do gênero animado, que é basicamente -w.
O nominativo dos neutros é o próprio tema. Isso é claro nos nomes de tema em co
nsoante ou semivogal; nos de tema em -o, sobretudo nos de sílaba final átona, pa
ra protegê-la, a língua toma emprestado o -n do acusativo 17, segundo os gramáticos
. Mas esse -n tem uma função eufônica ou prosódica, como acontece nos dativos pl
urais e nas terceiras pessoas dos verbos quando em final de frase ou antes de pa
lavras iniciadas por vogal, para proteger a vogal final átona (não há neutro em
-o oxítono). É o que acontece nos neutros em -o. A explicação a posteriori de qu
e esse -n seria um empréstimo do acusativo não é muito satisfatória. Nos demonst
rativos, que são palavras fortes, essa proteção é dispensada: Assim temos: tñ, a
utñ, tñde, toèto, llo, ¤keÝno, ktl.
17
Por ser oéd¡teron = nenhum dos dois, o neutro não tem desinências próprias: desi
nência zero nos casos síntáticos (N.V.A.) e desinências emprestadas dos gêneros
animados nos outros casos.
mur03.p65
115
22/01/01, 11:36
116
flexão nominal: casos enúmeros flexão nominal: os funções
Os números
Os números, riymoÛ, são três: õ ¥nikñw, singularis, singular; õ duikñw, dualis, d
ual; õ plhyuntikñw, pluralis, plural. O singular e o plural não trazem nenhuma d
ificuldade. É a mesma idéia que temos em português. Mas a língua grega tinha um
dual, isto é, a designação do par, do casal, de uso bastante restrito. Usava-se
apenas nos casos em que se queria insistir na concomitância de dois: dois olhos,
duas mãos etc. Os gramáticos afirmam que o dual deixou de ser usado bastante ce
do. Não é bem verdade. Usava-se sempre que necessário: na linguagem afetiva e qu
ando se queria precisar a dualidade.
mur03.p65
116
22/01/01, 11:36
a flexão nominal: os temas nominais flexão nominal: casos e funções
117
A flexão nominal: os temas nominais
Definidos os casos, as funções, os gêneros, os números, vamos passar aos modelos
, paradigmas de flexão. Em grego podemos dividir os nomes em dois grandes grupos
: nomes de tema em vogal; nomes de tema em consoante e soante/semivogal.
Temas em vogal
temas em -o temas em -a/h Os de temas em -o são: masculinos: õ lñgow-ou - a pala
vra, o discurso femininos: ² õdñw-oè - o caminho neutros: tò t¡knon-ou - a crian
ça, o filho Não há distinção formal entre os masculinos e femininos (gênero aním
ico), mas os femininos são pouco numerosos. Os temas em a/h são: femininos: ² ke
fal -°w a cabeça ² gor - w a praça, o mercado ² paideÛa-aw a educação ² glÅtta-hw a l
íngua masculinos: õ polÛthw-ou o cidadão õ neanÛaw-ou o rapaz, o jovem adjetivos
qualificativos de tema em -o dêiticos de tema em -a / -h adjetivos qualificativ
os: dÛkaiow dikaÛa dÛkaion justo mikrñw mikr mikrñn pequeno kalñw kal kalñn belo
, bom dikow dikow dikon injusto, injusta
mur03.p65
117
22/01/01, 11:36
118
a flexão nominal: os temas nominais
dêiticos: õ - ² - tñ ÷de - ´de - tñde oðtow - aìth - toèto ¤keÝnow-¤keÛnh-¤keÝno
aétñw-aét -aétñ llow- llh- llo Notas:
o, a (artigo) este, esta, isto esse, essa, isso aquele, a, aquilo ele, o mesmo o
utro, outra
1. A lista dos dêiticos (demonstrativos) não é completa, mas representativa; 2.
Os adjetivos podem ter três formas: uma para cada gênero (adjetivos triformes);
e duas formas: uma para o masc./fem., e outra para o neutro (adjetivos biformes)
; esses são basicamente os compostos. Observações: A variação -a / -h do feminin
o dos adjetivos se identifica da seguinte maneira: os de vogal temática precedid
a de semivogal i / u e r fazem o feminino em -a: dikaÛa, mikr os de vogal temátic
a precedida de qualquer outra consoante o fazem em -h: kal Essa norma é válida
também para os nomes. Entretanto, há alguns nomes em que podem conviver o vocali
smo -a e -h, como peÝna / peÛnh a fome, dÛca / dÛch a sede. Outros ainda, apesar
de terem a vogal temática precedida de consoante, mantêm o vocalismo -a no nom.
, voc., e acus. singular e -hw no genitivo, -ú no dat. instr. loc. A gramática o
s chama de nomes em -a impuro ou misto. Ex.: N.dñja, V.dñja, A.dñjan, G.dñjhw, D
.L.I. dñjú Todo o plural dos nomes de tema em a/h é em -a. Há ainda alguns nomes
próprios de origem dórica que mantêm o vocalismo -a em toda a flexão, como: N.L
da, V.L°da, A.L dan, G.L daw, D.L.I. L d&: Leda, mãe de Castor e Pólux, Helena
e Clitemnestra; e Filom la - rouxinol.
mur03.p65
118
22/01/01, 11:36
a flexão nominal: os temas nominais
119
Outros ainda, de origem jônica, mantêm o vocalismo -h em toda a flexão apesar de
terem a vogal temática precedida de -r. ² rrh - hw ( rsh) a face ² ¦rsh - hw o orv
alho kñrh - hw a menina-moça, a jovem Essa variação a/h é, como vimos, de origem
dialetal dórica-jônica. O dialeto ático, que estudamos aqui, vem da Ática, regi
ão em que se localizava Atenas, e formou-se basicamente no século V, numa fusão
do dialeto jônico e dórico. Atenas se situa ao longo de uma linha imaginária nor
te-sul que separa a zona oeste de dialeto dórico da zona leste de dialeto jônico
. Plutarco diz que Teseu reconheceu as fronteiras da Jônia e da Dórida ao erigir
uma estela perto de Megara, fazendo gravar no lado oeste Aqui termina a Dórida e
começa a Jônia e do lado leste, Aqui termina a Jônia e começa a Dórida . Assim mes
mo, o vocalismo dórico é muito presente no dialeto ático; o vocalismo jônico pen
etrou quer pela proximidade geográfica quer pela influência dos sábios que acorr
eram, sobretudo das costas da Ásia Menor, para Atenas, que depois de duas vitóri
as contra os Persas passou a exercer uma liderança política, econômica e intelec
tual sobre todo o mundo grego. O ático é o grego literário por excelência. É a l
íngua de Platão, de Aristófanes, de Ésquilo, de Sófocles, de Eurípides, de Lísia
s, de Isócrates, de Iseu, de Demóstenes, de Ésquines, de Aristóteles, de Tucídid
es, de Xenofonte, para citar os principais. Posteriormente, com a constituição f
ugaz do império de Alexandre e posterior divisão em três, entre seus sucessores,
o dialeto ático passou a ser a língua comum ² koin‾ glÇtta, do Mediterrâneo, de
sde o Ponto Euxino até o Egito e as Colunas de Heraclés (Gibraltar). A expressão
koin tem sido usada para identificar a língua dos textos bíblicos - o Antigo e
o Novo Testamentos. Não é exato; as expressões grego bíblico, latim bíblico são
bastante discutíveis. A koin é também a língua do comércio, da diplomacia, das
relações entre os homens em todo o Mediterrâneo oriental, e foi por essa razão
que os rabinos decidiram traduzir os livros da religião judaica para a língua co
mum, para que os judeus da diáspora tivessem acesso a eles na única língua que c
onheciam, o grego. Mas o ático literário não perdeu o prestígio; ele continuou a
ser a língua da excelência, a língua padrão, que serviu de modelo para todos os
mur03.p65
119
22/01/01, 11:36
120
a flexão nominal: os temas nominais
escritores em língua grega, desde o período alexandrino até o fim do Império Biz
antino, em l453. Ainda hoje, a kayar¡ousa é uma tentativa de manutenção do ideal
ático.
Quadro geral das desinências
Casos
Singular Nom. Voc. Acus. Gen. Dat. Loc. Instr. Plural Nom. Voc. Acus. Gen. Dat.
Loc. Instr.
Temas em - o Masc./fem. Neutros
-o-w -e - * -o-n -o-sjo** -o-i > vi /Ä -o-i > vi /Ä -o-i> vi / Ä -o-i -o-i -o-n-
w > ouw -o-vn > vn -o-is(in) -o-is(in)**** -o-is(in) -o-n -o-n -o-n -o-sjo -o-i
> vi /Ä -o-i > vi /Ä -o-i > vi /Ä -a -a -a -o-vn> vn -o-is(in) -o-is(in) -a o-is(i
n) -v -oin
Temas em -a/-h Fem. Masc.
-a/ h -aw/hw -a/-h -a/-h -a-n/-h-n -a-n/h-n -a-w/hw -ou (-a dórico) -a-i > &/h-i
/ ú -a-i > &/h-i / ú -a-i > &/h-i / ú -a-i > &/h-i / ú -a-i > &/h-i / ú -a-i >
&/h-i / ú -a-i -a-i -a-n-w > aw - -svn > > vn/Çn*** -a-is(in) -a-is(in) -o-is(in) -
a -ain -a-i -a-i -a-n-w > aw - -svn> vn/Çn -a-is(in) -a-is(in) -a-is(in) -a -ain
Dual N.V.A. -v G.D.L.I. -oin
* O vocativo é o próprio tema (desinência zero); nos masc. e fem. em -o a vogal
temática sofre alternância vocálica -o/-e. ** -o-sjo > ojo > oio : no jônico (vo
calização do j e síncope do -s-); -ojo >- oo > ou / v : no ático (síncope do j e
contração). *** desinência do demonstrativo (forte). **** -o-i-si -/ -a-i-si -
antigo instrumental indo-europeu > -oiw /-aiw no ático.
mur03.p65
120
22/01/01, 11:36
a flexão nominal: os temas nominais
121
Esse é o quadro básico da flexão dos nomes de tema em vogal. Podemos observar qu
e a vogal temática sofre algumas alterações: Nos nomes de tema em -o: no vocativ
o sing. do masc./fem., que tem desinência zero, o que houve foi apenas metafonia
, isto é, alteração de timbre -o/e. No genitivo sing. deu-se o seguinte: -o-sjo
> ojo > oio > oo >ou. Esta é a explicação mais aceita. Há algumas variantes dial
etais -v / -oio. A última (jônica) é constante em Homero; no ático prevalece a f
orma contrata -ou. No dat. loc. instr. singular o -i é longo; houve então uma me
tátese de quantidade; a seguir o -i, que se tornou breve, passou a figurar em po
sição subscrita. Recentemente voltou a se grafar adscrito. No acus. plural -onw
houve a queda do -n- antes do -w e a natural compensação pela ditongação em -ouw
. No gen. plural dos temas em -o houve a elisão e não contração da vogal temátic
a antes da vogal longa da desinência. No dat. loc. instr. plural a desinência pl
ural -oisin é constante em Homero, Heródoto e nos poetas líricos. O ático genera
lizou o uso de -oiw. O neutro, como já dissemos, não tem desinências próprias. O
-a do nom. voc. acus. plural não é uma desinência, mas a marca do coletivo indo
europeu. Vemo-la também em latim. O -n dos mesmos casos no singular tem mera fun
ção prosódica e eufônica. Os outros casos são iguais aos do masc./fem. Nos nomes
de tema em -a/-h: O vocativo singular de todos esses nomes, inclusive dos mascul
inos é em -a. Às vezes, alguns nomes próprios masculinos em -h mantêm essa vogal
alternando com o vocativo em -a: AtreÛda - AtreÛdh. No dat. loc. instr. sing. deu
-se o mesmo que nos nomes de tema em o:- metátese de quantidade e posição subscr
ita do -i. Nos temas de vogal longa aparentemente o -i- se abreviou e se subscre
veu. 18
18
Aparentemente, apenas. O que houve foi o seguinte: a vogal longa antes do -ilong
o se abreviou e a seguir houve metátese de quantidade, naturalmente, e o -i-, ag
ora breve, se subscreveu ou se adscreveu.
mur03.p65
121
22/01/01, 11:36
122
a flexão nominal: os temas nominais
No dat. loc. instr. plural deu-se o mesmo que nos nomes de tema em o (-aisi > -a
iw). A desinência -svn do genitivo plural é um empréstimo da flexão dos dêiticos
; o -s- encontrando-se em posição intervocálica sofre uma síncope, provocando o
hiato entre a vogal temática -a e-vn (- -svn > vn) que no ático se contrai > Çn. É
essa a razão do deslocamento da tônica no genitivo plural dos nomes de tema em -a/
-h, de temas paroxítonos e proparoxítonos: glÇtta > glvtt -svn > glvtt vn > glvttÇn
g¡fura > gefur -svn > gefur vn > gefurÇn19 O nominativo singular dos masculinos tem
-w. O genitivo singular dos masculinos é em -ou e não em-aw/hw como se espera (n
o dialeto dórico é -a). Seria um empréstimo da desinência do artigo masculino; c
ertamente por razões de clareza, para não confundir com o nominativo singular. N
ota importante: Nos quadros de flexão das páginas seguintes, o aluno encontrará
as palavras flexionadas em sua forma final. Em alguns casos a separação entre vo
gal temática e desinência é complicada, como ficou demonstrado no quadro geral d
as desinências. Seguiremos então o costume, destacando as variações visíveis da
flexão, separando vogal temática da desinência, quando for possível. Convém no e
ntanto não esquecer que a flexão é uma combinação de temas e desinências, o caso d
os nomes.
19
As gramáticas tradicionais criaram uma regra: todos os nomes da 1a declinação gre
ga têm o genitivo plural perispômeno . É mais fácil mostrar como aconteceu. É mero
problema fonético.
mur03.p65
122
22/01/01, 11:36
a flexão nominal: os temas nominais
123
Quadro de flexão: masculinos em -o
T. dÛkaio- lñgoõ dÛkaiow lñgow o discurso justo T. gayñ- nyrvpo- ô gayòw nyrvpow o h
omem bom
Singular Nom. Voc. Acus Gen. Dat. Loc. Instr. Plural Nom. Voc. Acus. Gen. Dat. L
oc. Instr. õ Î tòn toè tÒ tÒ tÒ oß Î toçw tÇn toÝw toÝw toÝw dÛkaio-w dÛkaie dÛk
aio-n dikaÛ-ou dikaÛ-Ä dikaÛ-Ä dikaÛ-Ä dÛkaio-i dÛkaio-i dikaÛ-ouw dikaÛ-vn dika
Ûo-iw dikaÛo-iw dikaÛo-iw lñgo-w lñge lñgo-n lñg-ou lñg-Ä lñg-Ä lñg-Ä lñgo-i lñg
o-i lñg-ouw lñg-vn lñgo-iw lñgo-iw lñgo-iw õ Î tñn toè tÒ tÒ tÒ oß Î toçw tÇn to
Ýw toÝw toÝw gayò-w gay¡ gayò-n gay-oè gay-Ò gay-Ò gay-Ò gayo-Ü gayo-Ü gay-oçw g
w gayo-Ýw gayo-Ýw nyrvpo-w nyrvpe nyrvpo-n nyrÅp-ou nyrÅp-Ä nyrÅp-Ä nyrÅp-Ä nyrvp
-i nyrÅp-ouw nyrÅp-vn nyrÅpo-iw nyrÅpo-iw nyrÅpoi-w
Dual
N.V.A. tÆ dikaÛ-v lñg-v G.D.L.I. toÝn dikaÛo-in lñgo-in
tÆ gay-Æ nyrÅp-v toÝn gayo-Ýn nyrÅpo-in
mur03.p65
123
22/01/01, 11:36
124
a flexão nominal: os temas nominais
Quadro de flexão: femininos em -o
T. =adÛa- õdñT. dein - nñsoSingular Nom. Voc. Acus. Gen. Dat. Loc. Instr. Nom. V
oc. Acus. Gen. Dat. Loc. Instr. Dual ² Î t‾n t°w t» t» t» aß Î t w tÇn =adÛa =adÛa
=adÛa-n =adÛ-aw =adÛ-& =adÛ-& =adÛ-&
² =adÛa õdñw ² dein‾ nñsow
õdñ-w õd¡ õdñ-n õd-oè õd-Ò õd-Ò õd-Ò õdo-Û õdo-Û õd-oæw õd-Çn õdo-Ýw õdo-Ýw õdo-
Ýw õd-Å õdo-Ýn ² Î t‾n t°w t» t» t» aß Î t w tÇn
o caminho fácil a doença perigosa
dein‾ dein‾ dein‾-n dein-°w dein-» dein-» dein-» deina-Ü deina-Ü dein -w dein-Çn n
ñso-w nñse nñso-n nñs-ou nñs-Ä nñs-Ä nñs-Ä nñso-i nñso-i nñs-ouw nñs-vn nñso-iw
nñso-iw nñso-iw nñs-v nñso-in
Plural
=adÛa-i =adÛa-i =adÛa-w =adi-Çn
taÝw =adÛa-iw taÝw =adÛa-iw taÝw =adÛa-iw
taÝw deina-Ýw taÝw deina-Ýw taÝw deina-Ýw t dein- taÝn deina-Ýn
N.V.A. t =adÛ-a G.D.L.I. taÝn =adÛa-in
mur03.p65
124
22/01/01, 11:36
a flexão nominal: os temas nominais
125
Quadro de flexão: neutros em -o
T. kalñ- t¡knoT. diko- dÇroSingular Nom. Voc. Acus. Gen. Dat. Loc. Instr. Nom. Vo
c. Acus. Gen. Dat. Loc. Instr. tò Î tò toè tÒ tÒ tÒ t Î t tÇn toÝw toÝw toÝw
tò kalòn t¡knon - a bela criança tò dikon dÇron - o presente injusto
t¡kno-n t¡kno-n t¡kno-n t¡kn-ou t¡kn-Ä t¡kn-Ä t¡kn-Ä t¡kn-a t¡kn-a t¡kn-a t¡kn-v
n t¡kno-iw t¡kno-iw t¡kno-iw tò Î tò toè tÒ tÒ tÒ t t t tÇn toÝw toÝw toÝw diko-n dik
o-n diko-n dÛk-ou dÛk-Ä dÛk-Ä dÛk-Ä dik-a dik-a dik-a dÛk-vn dÛko-iw dÛko-iw dÛ
dÇro-n dÇro-n dÅr-ou dÅr-Ä dÅr-Ä dÅr-Ä dÇr-a dÇr-a dÇr-a dÅr-vn dÅro-iw dÅro-iw
dÅro-iw
kalò-n kalò-n kalò-n kal-oè kal-Ò kal-Ò kal-Ò kal- kal- kal- kal-Çn kalo-Ýw kalo-Ýw
kalo-Ýw
Plural
Dual
N.V.A. tÆ kal-Æ t¡kn-v G.D.L.I. toÝn kalo-Ýn t¡kno-in
tÆ dÛk-v dÅr-v toÝn dÛko-in dÅro-in
mur03.p65
125
22/01/01, 11:36
126
a flexão nominal: os temas nominais
Nomes e adjetivos contratos de tema em -o
Alguns nomes e adjetivos, todos antigos na língua, têm uma vogal o/e antes da vo
gal característica do tema e assim são encontrados sem contração em Homero, Heró
doto e nos poetas anteriores ao século V, isto é, anteriores à formação do diale
to ático. õ plñow a navegação õ nñow a inteligência õ delfid¡ow o sobrinho õ =ñow
a corrente, a torrente õ xnñow a pluma tò kan¡on o cesto tò ôst¡on o osso plñow
não navegável xrus¡ow de ouro eënoow de bom caráter, amável rgur¡ow de prata No á
tico, esses hiatos se reduzem vogal longa: oo > ou =ñow > =oèw ea eo > ou ôst¡on
> ôstoèn ea ev > v ôst¡v > ôstÇ ooi ov > v =ñv > =Ç eoi por contração em ditong
os ou >h >a > oÝ > oÝ xrus¡a > rgur¡a > =ñoi > xrus¡oi > xrus» rgur * =oÝ xrusoÝ
* Quando a vogal pré-temática é precedida de vogal ou de r, a contração se faz e
m a; nos outros casos, a contração se faz em h.
mur03.p65
126
22/01/01, 11:36
a flexão nominal: os temas nominais
127
Quadro de flexão:
T T T T
S. Nom. Voc. Acus. Gen. Dat. Loc. Instr. Pl. Nom. Voc. Acus. Gen. Dat. Loc. Inst
r. D. N.V.A.
nño=ñoost¡oxrus¡oõ Î tòn toè tÒ tÒ tÒ oß Î
õ nñow õ =ñow tò ôst¡on xrus¡ow
nño-w > noèw nñe > noè nño-n>noèn nñ-ou > noè nñ-Ä > nÒ nñ-Ä > nÒ nñ-Ä > nÒ =ño-
i > =oÝ =ño-i > =oÝ tò Ù tò
a inteligência, o pensamento (só singular) a torrente, corrente (só plural) o os
so de ouro
ôst¡o-n > ôstoèn xrus¡o-w > xrusoèw ôst¡o-n > ostoèn xrus¡o-w > xrusoèw ôst¡o-n
> ôstoèn xrus¡o-n > xrusoèn ôst¡-ou > ôstoè ôst¡-Ä > ôstÇ ôst¡-Ä > ôstÇ ôst¡-Ä >
ôstÇ ôst¡-a > ôst ôst¡-a > ôst ôst¡-a > ôst xrus¡-ou > xrusoè xrus¡-Ä > xrusÒ xrus
¡-Ä > xrusÒ xrus¡-Ä > xrusÒ xrus¡-a > xrus° xrus¡-a > xrus° xrus¡-a > xrus° xrus
¡o-iw > xrusoÝw xrus¡o-iw > xrusoÝw xrus¡o-iw > xrusoÝw xrus¡-v > xrusÇ xrus¡o-i
n > xrusoÝn
toè tÒ tÒ tÒ t Î
toçw =ñ-ouw > =oèw t toÝw toÝw toÝw tÆ =ño-iw >=oÝw =ño-iw > =oÝw =ño-iw >=oÝw =ñ
-v > =Ç
tÇn =ñ-vn > =Çn tÇn ôst¡-vn > ôstÇn xrus¡-vn > xrusÇn toÝw ôst¡o-iw > ôstoÝw toÝ
w ôst¡o-iw > ôstoÝw toÝw ôst¡o-iw>ôstoÝw tÆ ôst¡-v > ôstÇ
G.D.L.I. toÝn =ño-in > =oÝn
toÝn ôst¡o-in > ôstoÝn
mur03.p65
127
22/01/01, 11:36
128
a flexão nominal: os temas nominais
Declinação flexão ática
Alguns nomes e adjetivos em -o, também antigos, têm em posição pré-temática uma
vogal longa, mas essa vogal não absorveu a vogal temática breve por causa da pre
sença do digama, permanecendo o hiato nos dialetos jônico, eólico e dórico. No á
tico, no entanto, sempre que houver uma seqüência vogal longa-vogal breve haverá
uma metátese de quantidade. Assim: ho > ev / ao > av. nhWñw > nh-ñw > neÅw o te
mplo lhWñw > lh-ñw > leÅw o povo álhWow > álh-ow > álevw propício / homérico ála
ow ´Wow > ´-ow > §vw , ² aurora taWñw > ta-ñw> taÅw, õ pavão nÅghWon > nÅghon > nñg
evn, tñ a sala de jantar Men¡lhWow > Men¡lhow > Men¡levw, õ Menelau s Wow > s ow > s
Çw / sÇow são, salvo pl¡vw cheio, repleto (por analogia) A vogal temática, torna
ndo-se longa, altera todo o relacionamento com as desinências, mas dentro dos pa
drões fonéticos do ático. As formas originais, sem metátese, são encontradas em
Homero, Heródoto e nos líricos. Alguns nomes já têm um -v temático e se declinam
também dentro dos padrões fonéticos do ático 20. lagvñw - oè, õ > lagÅw a lebre
k lvw -ou, õ > k lvw a corda, o cabo lvw-ou ² > lvw terreiro (redondo) de bater trigo
, o disco solar ou lunar. Ayvw-ou, õ > Ayvw o monte Athos
20
Nunca é demais lembrar que a língua é anterior à gramática. É um truísmo, sim, m
as ninguém se lembra disso. Os chamados modelos lingüísticos nos passam paradigm
as bem montados, segundo os quais uma língua é um sistema ao qual se deve submet
er. Não. Existe um organismo, uma consciência, uma inteligência que domi-
mur03.p65
128
22/01/01, 11:36
a flexão nominal: os temas nominais
129
Na flexão de todos esses nomes, o v temático absorve as vogais breves das desinê
ncias, prevalecendo naturalmente o timbre -o, como se dá também no casos de tema
em -o breve.
Quadro de flexão:
T nhñT oT álho/ álaoSingular Nom. Voc. Acus. Gen. Dat. Loc. Instr. Plural Nom.
Voc. Acus. Gen. Dat. Loc. Instr. N.V.A. G.D.L.I.
nhñw > neÅw ´ow > §vw álhow > álevw > álaow
nhñ-w > neÅw nhñ-w > neÅw nhñ-n > neÅn nh-oè > neÅ nh-Ò > neÐ nh-Ò > neÐ nh-Ò >
neÐ nho-Û > neÐ nho-Û > neÐ nh-oæw > neÅw nh-Çn > neÇn nho-Ýw > neÐw nho-Ýw > ne
Ðw nho-Ýw > neÐw nh-Å > neÅ nho-Ýn > neÒn
o templo aurora propício (ático) (Homero)
´o-w > §vw ´o-w > §vw ´o-n > §vn ´-ou > §v ´-Ä > §Ä ´-Ä > §Ä ´-Ä > §Ä ´o-i > §Ä
´o-i > §Ä ´-ouw > §vw ´-vn > §vn ´o-iw > §Äw ´o-iw > §Äw ´o-iw > §Äw ´-v > §v ´o
-in > §Än álho-w > álevw álh-ow > álevw álh-on > álevn álh-ou > álev ßl -Ä > ßl¡
Ä ßl -Ä > ßl¡Ä ßl -Ä > ßl¡Ä álho-i > áleÄ álho-i > áleÄ ßl -ouw > ßl¡vw ßl -vn >
ßl¡vn ßl o-iw > ßl¡Äw ßl o-iw > ßl¡Äw áßl o-iw > ßl¡Äw ßl -v > ßl¡v ßl o-in > ß
l¡Än
Dual
na as relações do discurso, mas no nível do concreto, a partir dos elementos. Vi
mos, na flexão dos contratos , como as formas se desenvolvem individualmente, dentr
o dos padrões da língua. Não há palavras contratas, há formas contratas. Aqui ta
mbém, na chamada declinação ática, vai acontecer o mesmo.
mur03.p65
129
22/01/01, 11:36
130
a flexão nominal: os temas nominais
Observação: Os gramáticos prescrevem a manutenção da tônica na posição do nomina
tivo singular. Isso pode ser verdadeiro para os oxítonos e paroxítonos. Assim me
smo nós poríamos acento circunflexo no dat. loc. instr. dos temas oxítonos. Nos
temas proparoxítonos álhow > álevw veríamos formas paroxítonas no: gen. singular
: ßl ou > ßl¡v dat. loc. instr. singular: ßl Ä > ßl¡Ä acus. plural: ßl ouw > Þl¡
vw dat. loc. instr. plural: ßl oiw > ßl¡Äw. Nós sabemos que, no caso de contraçã
o entre vogais, a vogal tônica leva a tonicidade para o ditongo ou a vogal longa
resultante: tim -v > timÇ eu honro tim -o-men > timÇmen nós honramos nós fazemos po
i¡-o-men > poioèmen poi¡-e-te > poieÝte fazei, vós fazeis Nos casos de metátese
de quantidade, contudo, não acontece o mesmo; permanece a tonicidade original, j
á que não se trata de contração. Temos um exemplo bem conhecido: pñlh-ow > pñlev
w da cidade Contudo é mais cômodo servir-se da analogia, como no caso do genitiv
o plural: pñlevn das cidades, que deveria ser: pol¡-j-vn > pol¡vn.
mur03.p65
130
22/01/01, 11:36
a flexão nominal: os temas nominais
131
Quadro de flexão dos nomes femininos de tema em -a puro
T oÞkÛa- ² oÞkÛa a casa T xÅra- ² xÅra o país, a terra T n¡a- n¡a nova, jovem T
ski ² ski a sombra T mikr mikr pequena T g¡fura- ² g¡fura a ponte
S. Nom. Voc. Acus. Gen. Dat. Loc. Instr. ² Î t‾n t°w t» t» t» aß Î t w tÇn taÝw ta
Ýw taÝw oÞkÛa oÞkÛa oÞkÛa-n oÞkÛ-aw oÞkÛ-& oÞkÛ-& oÞkÛ-& oÞkÛa-i oÞkÛa-i oÞkÛa-w
oÞki-Çn oÞkÛa-iw oÞkÛa-iw oÞkÛa-iw xÅra xÅra xÅra-n xÅr-aw xÅr-& xÅr-& xÅr-& xÇ
ra-i xÇra-i xÅra-w xvr-Çn xÅra-iw xÅra-iw xÅra-iw n¡a n¡a n¡a-n n¡-aw n¡-& n¡-&
n¡-& n¡a-i n¡a-i n¡a-w ne-Çn n¡a-iw n¡a-iw n¡a-iw ski ski ski -n ski- w ski- ski- ski-
ia-Û skia-Û ski w ski-Çn skia-Ýw skia-Ýw skia-Ýw mikr mikr mikr -n mikr- w mikr- mikr-
r- mikra-Ü mikra-Ü mikr -w mikr-Çn mikra-Ýw mikra-Ýw mikra-Ýw g¡fura g¡fura g¡fura-
n gefær-aw gefær-& gefær-& gefær-& g¡fura-i g¡fura-i gefæra-w gefur-Çn gefæra-iw
gefæra-iw gefæra-iw
Pl. Nom. Voc. Acus. Gen. Dat. Loc. Instr.
D. N.V.A. t oÞkÛ-a xÅr-a n¡-a ski- mikr- gefær-a G.D.L.I. taÝn oikÛa-in xÅra-in n¡a
-in skia-Ýn mikra-Ýn gefæra-in
mur03.p65
131
22/01/01, 11:36
132
a flexão nominal: os temas nominais
Quadro de flexão dos nomes femininos de tema em -h e -a impuro
T nÛkh- ² nÛkh a vitória T tim - ² tim a honra T kal - kal bela
S. Nom. Voc. Acus. Gen. Dat. Loc. Instr. Nom. Voc. Acus. Gen. Dat. Loc. Instr. ²
Î t‾n t°w t» t» t» aß Î t w tÇn taÝw taÝw taÝw nÛkh nÛkh nÛkh-n nÛk-hw nÛk-ú nÛk-
ú nÛk-ú
T dñja² dñja a glória, opinião T dein dein valente, perigosa T y lassa- ² y latta o
mar
kal‾ kal‾ kal‾-n kal-°w kal-» kal-» kal-» kala-Ü kala-Ü kal -w kal-Çn kala-Ýw kala
-Ýw kala-Ýw dñja dñja dñja-n dñj-hw dñj-ú dñj-ú dñj-ú dñja-i dñja-i dñja-w doj-Ç
n dñja-iw dñja-iw dñja-iw dein‾ dein‾ dein‾-n dein-°w dein-» dein-» dein-» deina
-Ü deina-Ü dein -w dein-Çn deina-Ýw deina-Ýw deina-Ýw y latta y latta y latta-n yal tt-hw
yal tt-ú yal tt-ú yal tt-ú y latta-i y latta-i yal tta-w yalatt-Çn yal tta-iw yal tta-iw ya
w
tim tim tim -n tim-°w tim-» tim-» tim-»
P.
nÛka-i tima-Û nÛka-i tima-Û nÛka-w tim -w nik-Çn tim-Çn nÛka-iw tima-Ýw nÛka-iw ti
ma-Ýw nÛka-iw tima-Ýw
D. N.V.A. t nÛk-a tim- kal- dñj-a dein- yal tt-a G.D.L.I. taÝn nÛka-in tima-Ýn kala-Ýn
dñja-in deina-Ýn yal tta-in
Algumas observações sobre a flexão dos femininos em a/h: 1. A variação a/h só ex
iste no singular; o plural é todo em -a. 2. Todos os oxítonos no nom. sing. têm
acento circunflexo no genitivo e dat. loc. inst. singular e plural. Nos outros c
asos eles mantêm o acento agudo. 3. Todos esses nomes têm o genitivo plural peri
spômeno (p. 122). 4. O -a do nominativo singular dos nomes femininos é longo, ma
s é breve nos derivados com o sufixo -ia / eia. Não há uma regra precisa sobre o
assunto. 5. O -a temático dos adjetivos cujo masculino e neutro são de tema em
-o é longo, por analogia com o -a dos nomes femininos: dÛkaiow, dikaÛa, dÛkaion
- jiow, jÛa, jion.
mur03.p65
132
22/01/01, 11:36
a flexão nominal: os temas nominais
133
6. Um grande número de substantivos e adjetivos femininos se forma com o sufixo
-ja / es-ja > -eia de -a breve, sobre temas em soante / consoante: eégen¡s- eége
new-ja eég¡neia berço nobre, nobreza pantpant-ja p sa toda melitmelit-ja m¡lissa a
belha maxarmaxar-ja m xaira a faca glvxglvx-ja glÇtta língua mil mil-ja mÛlla a peleja
melanmelan-ja m¡laina preta mormor-ja moÝra o destino 7. Um outro grupo se form
a com o sufixo em -a longo: -ia / -sÛa / -tÛa Em geral são nomes abstratos e sig
nificam a qualidade ou o conceito do tema do adjetivo: kakñw, mau kakÛa, maldade
, vício oäkow, casa oÞkÛa, habitação ggelow, mensageiro ggelÛa - notícia gÅniow, co
mbatente gvnÛa, rivalidade jiow, digno jÛa, dignidade deilñw, covarde deilÛa, covar
dia m rtuw, o testemunha marturÛa, o testemunho 8. Em geral os nomes cuja vogal te
mática é precedida de vogal ou -r mantêm o -a ( gor , mikr ); e aqueles cuja vogal tem
ática é precedida de qualquer consoante menos -r a têm em -h (kefal , dein ). Al
guns, no entanto, mesmo com a vogal temática precedida de consoante, mantêm o -a
, como dñja, glória, opinião, =Ûza, raiz, mas fazem o genitivo e dativo (loc. in
str.) em -hw, -ú: dñja - dñja - dñjan - dñjhw - dñjú =Ûza - =Ûza - =Ûzan - =Ûzhw
- =Ûzú 9. A desinência -aw < -anw do acusativo plural é longa (alongamento comp
ensatório); por isso provoca deslocação do acento nos proparoxítonos e alteração
nos properispômenos. m¡litta > melÛtta glÇtta > glÅttaw
mur03.p65
133
22/01/01, 11:36
134
a flexão nominal: os temas nominais
10. Os adjetivos cuja vogal temática é precedida de qualquer consoante menos -r
fazem o feminino em -h; e aqueles, cuja vogal temática é precedida de vogal ou -
r, fazem o feminino em -a longo. Por isso os adjetivos proparoxítonos no masculi
no e neutro se tornam paroxítonos no feminino. dÛkaiow - dikaÛa - dÛkaion: justo
§terow - ¥t¡ra - §tero(n): outro, alter
Quadro de flexão dos masculinos de tema em -aw/-hw
T T T T
S.
naæta- / naæthmayht - / mayht neanÛa AtreÛda- / AtreÛdhNom. Voc. Acus. Gen. Dat. Loc.
Instr. Nom. Voc. Acus. Gen. Dat. Loc. Instr. N.V.A. G.D.L.I. õ Î tòn toè tÒ tÒ t
Ò oß Î toçw tÇn toÝw toÝw toÝw naæth-w naèta naæth-n naæt-ou naæt-ú naæt-ú naæt-
ú
õ õ õ õ
naæthw mayht w neanÛaw AtreÛdhw
mayht -w mayht mayht -n mayht-oè mayht-» mayht-» mayht-» mayhta-Û mayhta-Û mayht -w
mayht-Çn mayhta-Ýw mayhta-Ýw mayhta-Ýw
o nauta, marinheiro o aprendiz, o discípulo o rapaz, o jovem O Atrida, o filho d
e Atreu
neanÛa-w neanÛa neanÛa-n neanÛ-ou neanÛ-& neanÛ-& neanÛ-& neanÛa-i neanÛa-i nean
Ûa-w neani-Çn neanÛa-iw neanÛa-iw neanÛa-iw AtreÛdh-w AtreÝda / -h AtreÛdh-n AtreÛd-
ou AtreÛd-ú AtreÛd-ú AtreÛd-ú AtreÝda-i AtreÝda-i AtreÛda-w Atreid-Çn AtreÛda-iw A
iw AtreÛda-iw
P.
naèta-i naèta-i naæta-w naut-Çn naæta-iw naæta-iw naæta-iw
D.
tÆ naæt-a mayht- neanÛ-a AtreÛd-a toÝn naæta-in mayhta-Ýn neanÛa-in AtreÛda-in
mur03.p65
134
22/01/01, 11:36
a flexão nominal: os temas nominais
135
Algumas observações sobre a flexão dos masc. em -aw/-hw: 1. O plural dos masculi
nos é todo em -a, igual ao dos femininos. 2. O vocativo singular dos nomes comun
s (em -aw ou -hw) é em -a breve, e provoca alteração na acentuação; o dos nomes
próprios em -hw é em -h. 3. O genitivo singular é um empréstimo do artigo masc.
(tema em -o). Como nos nomes de tema em -o, há também alguns nomes e adjetivos q
ue têm uma vogal pré-temática e ou a, formando hiato com a vogal temática, que o
ático reduz pela contração. Em princípio fazem a contração em a os que têm essa
vogal precedida de r; os outros fazem a contração em h: a mina, (quantia de din
heiro) mnaa² mn - mn w gal¡h² gal°-°w a doninha, o gambá suk¡h² suk°-°w a figueira
g¡a² g°-°w a terra bor¡aõ bor¡aw -bor¡ou o vento norte, boreal borr õ borr w, borr o
vento norte, boreal Ayhn a Ayhn - w Atena Erm¡h/ Erm¡a- Erm°w- Ermoè Hermes Aß HermaÝ e
e Hermes: só o busto. São as Hermas rgur¡a > rgur argêntea, prateada, de prata xrus
¡a > xrus° áurea, dourada, de ouro kuan¡a > kuan° azul escuro xalk¡a > xalk° de
bronze plñh > pl° simples, não composta, não múltipla diplñh > dipl° dupla, dobrad
a triplñh > tripl° tripla, tríplice
mur03.p65
135
22/01/01, 11:36
136
a flexão nominal: os temas nominais
Quadro de flexão:
T. T. T. T. T.
Singular Nom. Voc. Acus. Gen. Dat. Loc. Instr. Plural Nom. Voc. Acus. Gen. Dat.
Loc. Instr. N.V.A. G.D.L.I.
g¡a mn a rgur¡a xrus¡a Erm¡a
mn mn mn -n mn w mn mn mn mna-Ý mna-Ý mn -w mnÇn mna-Ýw mna-Ýw mna-Ýw mn mn n
² g° ² mn rgur xrus° Erm°w
rgur¡a > rgur¡a > rgur¡a-n > n rgur¡a-w> w rgur¡& > rgur¡& > rgur¡& > rg
> aÝ rgur¡a-w > w rgur¡vn > Çn rgur¡a-iw > aÝw rgur¡a-iw > aÝw rgur¡a-iw > aÝw rgur
> rgur¡a-in> n
a terra a mina prateada, de prata dourada, de ouro Hermes
xrus¡a > ° xrus¡a > ° xrus¡a-n > °n xrus¡a-w > °w xrus¡& > » xrus¡& > » xrus¡& >
» xrus¡a-i > aÝ xrus¡a-i > aÝ xrus¡a-w > w xrus¡vn > Çn xrus¡a-iw > aÝw xrus¡a-i
w > aÝw xrus¡a-iw> aÝw xrus¡a> xrus¡a-in> n Erm°-w Erm° Erm°-n Ermoè Erm» Erm» Erm»
rma-Ý Erm -w ErmÇn Erma-Ýw Erma-Ýw Erma-Ýw Erm Erm n
g° g° g°-n g°w g» g» g»
Dual
mur03.p65
136
22/01/01, 11:36
a flexão nominal: os temas nominais
137
Os adjetivos de tema em vogal
Embora já tenhamos visto a flexão de alguns adjetivos de temas em vogal junto co
m os nomes, vamos reapresentá-los num quadro em conjunto.
Quadro de flexão de adjetivos de tema em -o/-a:
T n¡o-, n¡a-, n¡oT mikrñ-, mikr -, mikrñn¡ow, n¡a, n¡on mikrñw, mikr , mikrñn novo,
jovem pequeno
S.
Nom. Voc. Acus. Gen. Dat. Loc. Instr. Nom. Voc. Acus. Gen. Dat. Loc. Instr. N.V.
A. G.D.L.I.
n¡o-w n¡e/n¡o-w n¡o-n n¡-ou n¡-Ä n¡-Ä n¡-Ä n¡o-i n¡o-i n¡-ouw n¡-vn n¡o-iw n¡o-i
w n¡o-iw n¡-v n¡o-in
n¡a n¡a n¡a-n n¡-aw n¡-& n¡-& n¡-& n¡a-i n¡a-i n¡a-w ne-Çn n¡a-iw n¡a-iw n¡a-iw
n¡o-n n¡o-n n¡o-n n¡-ou n¡-Ä n¡-Ä n¡-Ä n¡-a n¡-a n¡-a n¡-vn n¡o-iw n¡o-iw n¡o-iw
mikrñ-w mikr¡ mikrñ-n mikr-oè mikr-Ò mikr-Ò mikr-Ò mikro-Û mikro-Û mikr-oæw mikr
-Çn mikro-Ýw mikro-Ýw mikro-Ýw
mikr mikrñ-n mikr mikrñ-n mikr -n mikrñ-n mikr- w mikr-oè mikr- mikr-Ò mikr- mikr-Ò mik
- mikr-Ò mikra-Û mikra-Û mikr -w mikr-Çn mikra-Ýw mikra-Ýw mikra-Ýw mikr- mikr- mikr-
mikr-Çn mikro-Ýw mikro-Ýw mikro-Ýw
P.
D.
n¡-a n¡-v mikr-Å mikr- mikr-Å n¡a-in n¡o-in mikro-Ýn mikra-Ýn mikro-Ýn
mur03.p65
137
22/01/01, 11:36
138
a flexão nominal: os temas nominais
Quadro de flexão dos adjetivos de tema em -o/-h:
T mñno-, mñnh-, mñno- mñnow, mñnh, mñnon só, sozinho, único T deinñ-, dein -, de
inñ- deinñw, dein , deinñn valente, terrível, forte
S. Nom. Voc. Acus. Gen. Dat. Loc. Instr. Nom. Voc. Acus. Gen. Dat. Loc. Instr. m
ñno-w mñne mñno-n mñn-ou mñn-Ä mñn-Ä mñn-Ä mñno-i mñno-i mñn-ouw mñn-vn mñno-iw
mñno-iw mñno-iw mñnh mñnh mñnh-n mñn-hw mñn-ú mñn-ú mñn-ú mñna-i mñna-i mñna-w m
on-Çn mñna-iw mñna-iw mñna-iw mñno-n mñno-n mñno-n mñn-ou mñn-Ä mñn-Ä mñn-Ä mñn-
a mñn-a mñn-a mñn-vn mñno-iw mñno-iw mñno-iw deinñ-w dein¡ deinñ-n dein-oè dein-
Ò dein-Ò dein-Ò deino-Û deino-Û dein-oæw dein-Çn deino-Ýw deino-Ýw deino-Ýw dein
dein dein -n dein-°w dein-» dein-» dein-» deina-Û deina-Û dein -w dein-Çn deina
-Ýw deina-Ýw deina-Ýw deinñ-n deinñ-n deinñ-n dein-oè dein-Ò dein-Ò dein-Ò dein-
dein- dein- dein-Çn deino-Ýw deino-Ýw deino-Ýw
P.
D.
N.V.A. mñn-v G.D.L.I. mñno-in
mñn-a mñn-v dein-Å mñna-in mñno-in deino-Ýn
dein- dein-Å deina-Ýn deino-Ýn
mur03.p65
138
22/01/01, 11:36
a flexão nominal: os temas nominais
139
Graus dos adjetivos
O comparativo e o superlativo dos adjetivos são expressos em grego por sufixos q
ue se acrescentam ao tema. Os sufixos são: -tero (-terow, a, on) / -ion (-ivn, i
on) para o comparativo 21; -tato (-tatow, h, on) / -isto (-istow, n, on) para o
superlativo. Assim: em -terow, a, on, - tatow, h, on Tema koèfow - leve koufo-* g
iow - santo agio-** glukæw - doce glukum¡law - preto melan eéseb w - piedoso eés
ebewComparativo koufñterow,a,on giÅterow,a,on glukæterow,a,on mel nterow,a,on eéseb
¡sterow,a,on Superlativo koufñtatow,h,on giÅtatow,h,on glukætatow,h,on mel ntatow,h
,on eéseb¡statow,h,on
Alguns adjetivos em -aio suprimem a vogal temática antes dos sufixos: geraiñw -
velho geraÛterow,a,on geraÛtatow,h,on*** ²suxaÝow - tranqüilo ²suxaÛterow,a,on ²
suxaÛtatow,h,on palaiñw - antigo palaÛterow,a,on palaÛtatow,h,on sxolaÝow - ocio
so sxolaÛterow,a,on sxolaÛtatow,h,on
A flexão dos comparativos e superlativos não apresenta problemas, porque são adj
etivos ou de tema em vogal ou de tema em consoante, e cada tema recebe seus caso
s sufixos (ptÅseiw). * quando a vogal da sílaba pretemática é longa, a vogal temát
ica se mantém inalterada; ** quando a vogal da sílaba pretemática é breve, a vog
al temática é alongada. *** não é impossível encontrar: geraiñterow/geraiñtatow;
é uma questão da lei do menor esforço.
21
mur03.p65
139
22/01/01, 11:36
140
a flexão nominal: os temas nominais
Alguns outros seguem o mesmo modelo, eëdiow - sereno eédi-aÛ-terow,a,on àsow - i
gual Þs-aÛ-terow,a,on m¡sow - do meio mes-aÛ-terow,a,on öciow - tardio ôci-aÛ-te
row,a,on plhsÛow - vizinho plhsi-aÛ-terow,a,on
aceitando o ditongo: eédi-aÛ-tatow,h,on *Þs-aÛ-tatow,h,on mes-aÛ-tatow,h,on ôci-
aÛ-tatow,h,on plhsi-aÛ-tatow,h,on
Outros fazem em -Ûsterow - -Ûstatow, com a elisão da vogal temática: l low - tagar
ela lal-Ûsterow,a,on lal-Ûstatow,h,on kl¡pthw - ladrão *klept¡sterow,a,on klept-
Ûstatow,h,on ptÇxow - mendigo ptvx-Ûsterow,a,on *ptvxÛstatow,h,on A maioria dos
adjetivos em -vn, -on, antes do sufixo -terow,a,on /-tatow,h,on, tem um infixo -
es-: eédaÛmvn - feliz eédaimon-¡s-terow,a,on eédaimon-¡s-tatow,h,on sÅfrvn - sen
sato svfron-¡s-terow,a,on svfron-¡s-tatow,h,on Também os adjetivos de tema em -o
o- fazem o comparativo e o superlativo com esse infixo: -es-terow,a,on - -es-tat
ow,h,on, com as contrações normais: ploèw - simples T ploo- ploæsterow,a,on ploæstat
ow,h,on eënouw - cordato T eënoo- eénoæsterow,a,on eénoæstatow,h,on Os sufixos -
terow,a,on/-tatow,h,on se apõem a algumas partículas interrogativas, pronomes, a
dvérbios ou preposições formando adjetivo comparativo 22: pñ-terow - quem dos do
is? êp¡r-terow - superior §terow,a,on - um dos dois (alter) êp¡r-tatow - supremo
(ìpatow) prñ-terow - primeiro, anterior ìsterow - posterior ¦sxatow (¤j) - o úl
timo, derradeiro ìstatow - último
22
O comparativo é basicamente uma relação entre dois.
mur03.p65
140
22/01/01, 11:36
a flexão nominal: os temas nominais
141
O sufixo -terow,a,on aparece também na formação do possessivo dos pronomes pesso
ais no plural: ²meÝw nós ²m¡terow,a,on nosso êmeÝw vós êm¡terow,a,on vosso sfeÝw
eles sf¡terow,a,on de si mesmos mfv ambos mfñterow,a,on de ambos oédeÛw ninguém o
éd¡terow nenhum dos dois mhdeÛw ninguém mhd¡terow nenhum dos dois Poucos adjetiv
os fazem o comparativo em -ion e o superlativo em -isto: kakñw mau kakÛvn,on k kis
tow,h,on aÞsxrñw - torpe, feio aÞsxÛvn,on aàsxistow,h,on ¤xyrñw - inimigo ¤xyÛvn
,on ¦xyistow,h,on ²dæw prazeroso ²dÛvn,on ´distow,h,on m¡gaw - grande meÛzvn,on
m¡gistow,a,on oÞktrñw - deplorável oàktistow taxæw - veloz y ssvn,on (-ttvn) t xisto
w,h,on kalñw - belo kallÛvn,on k llistow,h,on = diow - fácil = vn,on = stow,h,on
mur03.p65
141
22/01/01, 11:36
142
a flexão nominal: os temas nominais
Alguns adjetivos (poucos) formam o comparativo e superlativo sobre temas alterna
tivos e que não se usam no grau normal. Seriam formas supletivas23. Ver à página
195. Tema
gayñw - bom amenarbeltkret-/kratlvkakoxer-/xeir²kmikromeoligo ¤laxuple-/pol-
Comparativo
meÛnvn,on
Superlativo
kakñw - ruim
mikrñw - pequeno ôlÛgow - pouco polæw - muito
ristow,h,on beltÛvn,on b¡ltistow,h,on kreÛssvn-on (-ttvn) kr tistow,h,on lÐvn,on lÒ
stow,h,on kakÛvn,on k kistow,h,on xeÛrvn,on xeÛristow,h,on ´ssvn,on (-ttvn) ´kistow
,h,on mikrñterow,a,on mikrñtatow,h,on meÛvn,on olÛgistow,h,on ¤l ssvn,on (-ttvn) ¤
l xistow,h,on pleÛvn,on pleÝstow,h,on pl¡vn,on
A flexão dos comparativos em -ivn, ion apresenta certas formas sincopadas: sínco
pe do -n- temático intervocálico e posterior contração das vogais em hiato: kakÛ
vn, k kion - pior. Singular
m./f. N. V. Ac. G. D.L.I. kakÛvn k kion kakÛona > kakÛv kakÛonow kakÛoni neutro k ki
on k kion k kion kakÛonow kakÛoni m./f. kakÛonew > kakÛouw kakÛonew > kakÛouw kakÛon
ew > kakÛouw kakiñnvn kakÛosi
Plural
neutro kakÛona > kakÛv kakÛona > kakÛv kakÛona > kakÛv kakiñnvn kakÛosi
23
Na verdade, seriam formas independentes, com significado próprio, que pela proxi
midade semântica passaram a figurar no quadro dos comparativos e superlativos de
alguns adjetivos, que não criaram comparativos e superlativos normais , porque já
existiam esses outros. Seriam redundantes.
mur03.p65
142
22/01/01, 11:36
a flexão nominal: os temas nominais
143
Observações: As formas sincopadas são as mais usadas, mas só se encontram nos ca
sos sintáticos : nom., voc., acus. Qualquer adjetivo no grau normal e no comparativ
o ou superlativo pode ser usado como advérbio. Na verdade, trata-se mais de um p
redicativo do infinitivo sujeito, nas orações ditas de verbo impessoal. Contudo,
quando usados adverbialmente, eles se comportam assim: normal: o neutro singula
r do adjetivo deinñn comparativo: o neutro singular do comparativo deinñteron su
perlativo: o neutro plural do superlativo deinñtata
Adjetivos numerais
Os indicadores de número são os seguintes: 1. cardinais: são adjetivos, mas só o
s 4 primeiros cardinais têm flexão; 2. ordinais: são adjetivos triformes. Além d
eles, o grego tem os multiplicativos adverbiais formados com o sufixo -kiw. Para
registrar os cardinais, os gregos usavam as letras do alfabeto: as 9 primeiras
para as unidades a =1; b =2; as 9 seguintes para as dezenas i = 20, k = 30; as n
ove restantes para as centenas r = 100, s = 200. Os números até 999 têm no alto
à direita um sinal ´: a´ (1). Os números superiores a 999 têm esse índice em bai
xo à esquerda: ,a (1000). Quando o número contém várias unidades só a última uni
dade recebe o sinal (ápice) à direita; avmb = 1842. Ver o quadro dos numerais nas
páginas seguintes.
mur03.p65
143
22/01/01, 11:36
144
a flexão nominal: os temas nominais
Sinais
a b g d e w z h y i ia ib ig id ie iw iz ih iy k l m n j o p q r
6 17 18 19 20 30 40 50 60 70 80 90 100 200 300 400 500 600 700
Cardinais
eåw,mÛa,§n dæo treÝw, trÛa t¡ssarew,a (-tt-) p¡nte §j ¥pt ôktÅ ¤nn¡a d¡ka §ndeka
dÅdeka triskaÛdeka tessareskaÛdeka pentekaÛdeka ¥kkaÛdeka ¥ptakaÛdeka ôktvkaÛdek
a ¤nneakaÛdeka eàkosi tri konta tessar konta pent konta ¥j konta ¥bdom konta ôgdo ko
nta ¤ne konta ¥katñn diakñsioi,ai,a triakñsioi,ai,a tetrakñsioi,ai,a pentakñsioi
,ai,a ¥jakñsioi,ai,a ¥ptakñsioi,ai,a
Ordinais
prÇtow,h,on deæterow,a,on trÛtow.h,on t¡tartow,h,on p¡mptow,h,on §ktow,h,on §bdo
mow,h,on ögdoow,h,on ¦natow,h,on d¡katow,h,on ¥nd¡katow,h,on dvd¡katow,h,on tris
kaid¡katow,h,on tessarakaid¡katow,h,on pentekaid¡katow,h,on ¥kkaid¡katow,h,on ¥p
takaid¡katow,h,on ôktvkaid¡katow,h,on ¤nneakaid¡katow,h,on eÞkostñw, ,ñn triakos
tñw, ,ñn tessarakostñw, ,ñn penthkostñw, ,ñn ¥jhkostñw, ,ñn ¥bdomhkostñw, ,ñn ôg
dohkostñw, ,ñn ¤nehkostñw, ,ñn ¥katostñw, ,ñn diakosiostñw, ,ñn triakosiostñw, ,
ñn tetrakosiostñw, ,ñn pentakosiostñw, ,ñn ¥jakosiostñw, ,ñn ¥pakosiostñw, ,ñn
Advérbio num.
paj dÛw trÛw tetr kiw pent kiw ¥j kiw ¥pt kiw ôkt kiw ¤n kiw dek kiw ¥ndek kiw dvdek kiw t
w tessaradek kiw pentekaidek kiw ¥kkaidek kiw ¥ptakaidek kiw ôktvkaidek kiw ¤nneakaidek kiw
eÞkos kiw triakos kiw tessarakont kiw penthkont kiw ¥jhkont kiw ¥bdomhkont kiw ôgdohkont ki
nehkont kiw ¥katont kiw diakosi kiw triakosi kiw tetrakosi kiw pentakosi kiw ¥jakosi kiw ¥p
osi kiw
mur03.p65
144
22/01/01, 11:36
a flexão nominal: os temas nominais
145
v Q ,a ,b ,g ,d ,e ,w ,z ,h ,y a b g d e
800 900
ôktakñsioi,ai,a ¤nakñsioi,ai,a
ôktakosiostñw, ,ñn ¤nakosiostñw, ,ñn xiliostñw, ,ñn disxiliostñw, ,ñn trisxilios
tñw, ,ñn
ôktakosi kiw ¤nakosi kiw xili kiw disxili kiw trisxili kiw tetrakisxili kiw pentakisxili ki
jakisxili kiw ¥ptakisxili kiw ôktakisxili kiw ¤nakisxili kiw muri kiw dismuri kiw trismuri
tetrakismuri kiw pentakismuri kiw
1000 xÛlioi,ai,a 2000 disxÛlioi,ai,a 3000 trisxÛlioi,ai,a
4000 tetrakisxÛlioi,ai,a tetrakisxiliostñw, ,ñn 5000 pentakisxÛlioi,ai,a pentaki
sxiliostñw, ,ñn 6000 ¥jakisxÛlioi,ai,a 7000 ¥ptakisxÛlioi,ai,a 8000 ôktakisxÛlio
i,ai,a 9000 ¤nakisxÛlioi,ai,a 10000 mærioi,ai,a 20000 dismærioi,ai,a 30000 trism
ærioi,ai,a ¥jakisxiliostñw, ,ñn ¥ptakisxiliostñw, ,ñn ôktakisxiliostñw, ,ñn ¤nak
isxiliostñw, ,ñn muriostñw, ,ñn dismuriostñw, ,ñn trismuriostñw, ,ñn
40000 tetrakismærioi,ai,a tetrakismuriostñw, ,ñn 50000 pent kismærioi,ai,a pentaki
smuriostñw, ,ñn
r 1000000 ¥katontakismærioi,ai,a ¥katontakismuriostñw, ,ñn ¥katonmuri kiw
Notas: 1. Para registrar 6, usa-se o stigma w , interrompendo-se a seqüência norma
l do alfabeto (seria o z)24: para registrar 90, usa-se o kopa q ; para registrar 9
00, usa-se o sampi Q. 2. Os cardinais compostos de dois números podem ser expres
sos de três maneiras: 25 - ke - eàkosi kaÜ p¡nte 25 - ke - p¡nte kaÜ eàkosi 25 -
ke - eàkosi p¡nte
24
Contudo, para numerar os cantos da Ilíada e da Odisséia, usa-se o alfabeto norma
l: o Canto VI da Ilíada é Z e o Canto VI da Odisséia é z. É uma convenção: os ca
ntos da Ilíada são marcados com as letras maiúsculas do alfabeto grego, e os da
Odisséia, com as minúsculas.
mur03.p65
145
22/01/01, 11:36
146
a flexão nominal: os temas nominais
Mas, em vez de acrescentar a unidade à dezena, usa-se também o processo de dimin
uição da dezena subseqüente: 49 - my´ - pent konta ¥nòw d¡ontow / mui w deoæshw =
50 faltando um / uma; (reduzida de particípio = genitivo absoluto). 49 - mh´ - p
ent konta duoÝn deñntoin / duoÝn deñntoin pent konta = faltando dois para 50 / d
ois para 50. Em geral, esse sistema só se usa com as duas últimas unidades da de
zena. 3. Os ordinais compostos podem ser expressos de três maneiras: 25 - p¡mpto
w kaÜ eÞkostñw 25 - eÞkostòw p¡mptow 25 - eÞkostòw kaÜ p¡mptow 4. Os adjetivos m
últiplos se constroem acrescentando-se os sufixos ploèw,°,oèn / -pl siow,a,on. ploè
w,°,oèn diploèw,°,oèn triploèw,°,oèn dipl siow,a,on tripl siow,a,on simples duplo tr
iplo
5. Acima de 10.000, usam-se ou os compostos com mærioi,ai,a com o advérbio multi
plicativo, ou o substantivo muri w- dow, ², a miríade. 50.000 - pentakismærioi,ai,a
/ p¡nte muri dew 6. Há também outros substantivos numerais, construídos por analog
ia com muri w- dow. mon w- dow ² a mônade / mônada, a unidade tri w- dow, ² a tríade dek w-
² a décade,década ¥katont w- dow,² a centena xili w- dow, ² o milhar 7. Os quatro prime
iros números cardinais são declináveis (em português, só os dois primeiros varia
m e, em latim, os três primeiros).
mur03.p65
146
22/01/01, 11:36
a flexão nominal: os temas nominais
147
Quadro paradigmático:
T. ¥n- mia T. duo T. triT. tessar / tettareåw, mÛa, §n dæo treÝw, trÛa t¡ssarew,
a
m.
N. V. A. G. D.L.I. eåw
f.
mÛa
n.
§n
m. f. n.
dæo
m. f.
treÝw
n.
trÛa
m. f. n.
t¡ssar-ew / -a
§n-a mÛa-n §n dæo/dæv treÝw trÛa t¡ssar-aw / -a ¥n-ñw mi w ¥n-ñw duo-Ýn tri-Çn tri
-Çn tess r-vn ¥n-Û mi ¥n-Û duo-Ýn/du-sÛ tri-sÛ tri-sÛ t¡ssar-si
7. Sobre eåw, mÛa, §n, um,uma, flexionam-se: oédeÛw, oédemÛa, oéd¡n, nenhum, nen
huma, ninguém, nada, e sua variante: mhdeÛw, mhdemÛa, mhd¡n. N. oédeÛw oédemÛa o
éd¡n V. A. oéd¡n-a oédemÛa-n oéd¡n G. oéden-ñw oédemi- w oéden-ñw D.L.I. oéden-Û o
édemi- oéden-Û 8. O grego também possui um numeral dual, de uso específico mas co
nstante: mfv, ambos os dois, ambo, em latim, e ambos, em português. Flexiona-se c
omo dæo: N.A. - mfv G.D.L.I. - mfoÝn Há também um adjetivo derivado, possessivo: mf
ñterow,a,on - de ambos, de cada um dos dois
mur03.p65
147
22/01/01, 11:36
148
a flexão nominal: os temas nominais
Relativos
O grego tem três relativos básicos (anafóricos), que podemos definir assim: Greg
o ÷w, ´, ÷ oåow, oáa, oåon ÷sow, ÷sh, ÷son ÷soi, ÷sai, ÷sa Português que qual qu
anto quantos relativo de identidade relativo de qualidade relativo de dimensão,
valor plural do anterior, relativo de quantidade Latim qui, quae, quod qualis, e
quantus, a, um quot
O relativo absoluto, de identidade, é ÷w, ´, ÷, que e tem como antecedentes ÷de,
´de, tñde, este, esta, isto, oðtow, aìth, toèto, esse, essa, isso, e ¤keÝnow, ¤
keÛnh, ¤keÝno, aquele, aquela, aquilo ou qualquer nome; os outros têm como antec
edente um dêitico de qualidade ou de dimensão, de tamanho ou de quantidade respe
ctivamente.
Quadro de flexão dos relativos
T T T T
S.
jo-/jaoßo-/aõso-/aõso-/a÷-w ÷-n oð Ú Ú Ú
÷w, ´, ÷ oåow, oáa, oåon ÷sow, ÷sh, ÷son ÷soi, ÷sai, ÷sa
´ ´-n ¸w à à à ÷ ÷ oð Ð Ð Ð oåo-w oåo-n oá-ou oá-Ä oá-Ä oá-Ä
que qual quão grande quantos
oáa oáa-n oá-aw oá-& oá-& oá-&
(qui, quae, quod) (qualis, e) (quantus,a,um) (quot)
÷so-n ÷so-n ÷s-ou ÷s-Ä ÷s-Ä ÷s-Ä
N. V. A. G. D. L. I.
oåo-n ÷so-w ÷sh oåo-n oá-ou oá-Ä oá-Ä oá-Ä ÷so-n ÷s-ou ÷s-Ä ÷s-Ä ÷s-Ä ÷sh-n ÷s-h
w ÷sú ÷sú ÷sú
mur03.p65
148
22/01/01, 11:36
a flexão nominal: os temas nominais
149
N. V. A. G. D. L. I. D. N.V.A. G.D.L.I.
P.
o-á oìw Ïn o-åw o-åw o-åw Ë o-ån
a-á w Ïn a-åw a-åw a-åw a-ån
Ïn o-åw o-åw o-åw Ë o-ån
oåo-i oá-ouw oá-vn oáo-iw oáo-iw oáo-iw oá-v oáo-in
oåa-i oå-a oáa-w oå-a oá-vn oá-vn oáa-iw oáo-iw oáa-iw oáo-iw oáa-iw oáo-iw oá-a
oá-v aáa-in oáo-in
÷so-i ÷sa-i ÷s-a ÷s-ouw ÷s-vn ÷so-iw ÷so-iw ÷so-iw ÷s-v ÷so-in ÷sa-w ÷s-vn ÷so-i
w ÷so-iw ÷so-iw ÷s-a ÷sa-in ÷s-a ÷s-vn ÷so-iw ÷so-iw ÷so-iw ÷s-v ÷so-in
Notas: 1. Os relativos podem vir reforçados com o sufixo -per, (às vezes -ge ) p
recisamente, exatamente: ÷sper, ´per, ÷per exatamente que oáosper, oáaper, oáonp
er exatamente qual ÷sosper, ÷shper, ÷sonper exatamente quanto 2. Nas expressões:
kaÜ ÷w, e ele ¸ d ÷w, e ele disse, trata-se de uma antiga forma de artigo, com v
alor demonstrativo, anafórico (este, esse). Heródoto o emprega com freqüência. 3
. O relativo ÷w, ´, ÷ se compõe também com os indefinidos: tiw, ti - poiow,a,on,
- posow,posh, poson - phlikow, h, on para exercerem duas funções: a) de interro
gativos indiretos de identidade, qualidade, dimensão/quantidade e idade, sobretu
do nas interrogativas indiretas: - eÞp¡ moi : tÛw eä; - Dize-me: - quem és? (int
errogação direta) - oék oäda ÷stiw eä. - Eu não sei quem és. (interrogação indir
eta) b) de relativo indefinido: mak riow ÷stiw oésÛan kaÜ noèn ¦xei - feliz quem (
qualquer um que) tem posses e juízo. Veremos isso com mais detalhes no quadro do
s correlativos (p. 162).
mur03.p65
149
22/01/01, 11:36
150
a flexão nominal: os temas nominais
Quadro de flexão dos dêiticos
T o-, h-, to- (-de) ÷de, ´de, tñde* este, esta, isto T oðto-/ toèto-, aìth-, oðt
ow, aìth, toèto esse, essa, isso T ¤keÝnow-, h-, o-** aquele, aquela, aquilo
Sing. Nom. Voc. Acus Gen. Dat. Loc. Instr. ÷de tñnde toède tÒde tÒde tÒde oáde t
oæsde tÇnde toÝsde toÝsde toÝsde ´de t nde t°sde t»de t»de t»de aáde t sde tÇnde t
aÝsde taÝsde taÝsde tñde tñde toède tÒde tÒde tÒde t de t de tÇnde toÝsde toÝsde toÝ
sde oðtw toèto-n toæt-ou toæt-Ä toæt-Ä toæt-Ä oðto-i toæt-ouw toæt-vn toæto-iw t
oæto-iw toæto-iw aìth taæth-n taæt-hw taæt-ú taæt-ú taæt-ú aìta-i taæta-w taut-Ç
n taæta-iw taæta-iw taæta-iw toèto toèto toæt-ou toæt-Ä toæt-Ä toæt-Ä taèt-a taè
t-a toæt-vn toæto-iw toæto-iw toæto-iw
Plural Nom. Voc. Acus. Gen. Dat. Loc. Instr. Dual
N.V.A. tÅde t de tÅde toæt-v taæt-a toæt-v G.D.L.I. toÝnde taÝnde toÝnde toæto-in
taæta-in toæto-in
* Na verdade, é a flexão do artigo seguido de -de. ** Flexão como os adjetivos t
riformes em -o / -a/-h.
mur03.p65
150
22/01/01, 11:36
a flexão nominal: os temas nominais
151
Notas: 1. Há uma outra construção, analógica a ÷de, ´de, tñde, com a partícula r
estritiva-enfática -ge com o artigo õ, ², tñ > ÷ge, ´ge, tñge, com significado p
aralelo, e com a flexão só do artigo. 2. O significado de ÷de, ´de, tñde corresp
onde ao demostrativo latino hic, haec, hoc, e ao portugês: este, esta, isto, ist
o é, referente à 1a pessoa e aos advérbios aqui, agora. É catafórico: - minha op
inião é esta: (a que vou expor) O significado de oðtow, aìth, toèto corresponde
ao demonstrativo latino iste, ista, istud, e ao português esse, essa, isso, refe
rente à 2a pessoa e ao advérbio aí. Também, como em latim e português, às vezes
é usado com sentido depreciativo. É essa! (aponta-se com o dedo) É anafórico: é
essa a minha opinião (a que acabei de expor) O significado de ¤keÝnow, h, o corr
esponde ao demonstrativo latino ille, illa, illud, e ao português aquele, aquela
, aquilo, referente à 3a pessoa e ao advérbio lá. 3. Tanto ÷de, ´de, tñde quanto
oðtow, uth, toèto são às vezes reforçados com o sufixo -i (locativo), que, ou su
bstitui a vogal final breve: - õdÛ, ²dÛ, todÛ, este aqui ou se acrescenta à voga
l longa: - aêthÛ, essa aí, toutouÛ, desse aí e à consoante final: - oêtosÛ, esse
aí (nom.) toutonÛ, esse aí (acus.). 4. Os demostrativos de identidade ÷de, ´de,
tñde e oðtow, aìth, toèto se compõem também com outros demonstrativos: de quali
dade: toÝow,a,on de tal qualidade, tal de dimensão: tñsow,h,on de tal dimensão,
de tal valor, tanto de quantidade: tñsoi,ai,a de tal quantidade, tantos de idade
: thlÛkow,h,on de tal idade 25 para fazer os seguintes demonstrativos compostos:
25
Esses demostrativos simples são usados por Homero, Hesíodo e pelos líricos; na p
rosa e no ático só se usam as formas compostas (4.1 e 4.2).
mur03.p65
151
22/01/01, 11:36
152
a flexão nominal: os temas nominais
4.1. com ÷de, ´de, tñde toiñsde, toi de, toiñde tosñsde, tos°de, tosñde tosoÛde, t
osaÛde, tos de thlikñsde, telik°de, telikñde 4.2. com oðtow, aìth, toèto toioètow,
toiaæth, toioèto tosoètow, tosaæth, tosoèto tosoètoi, tosaètai, tosaèta thlikoè
tow, thlikaæth, thlikoèto
desta qualidade deste tamanho, deste valor desta quantidade, tantos desta idade
dessa qualidade, desse tipo desse tamanho, desse valor dessa quantidade dessa id
ade
5. Alguns outros adjetivos considerados demonstrativos (catafóricos) podem ser l
istados aqui, mas se declinam normalmente como nomes de temas em -o para o mascu
lino e o neutro e -a/-h para o feminino: llow,h,o outro, outra (entre vários) ali
us §terow,a,on outro (de dois) alter §kastow,h,on cada, cada um ¥k terow,a,on cada
um dos dois 6. O grego tem também um demonstrativo de relações mútuas, chamado
recíproco. Em português, a expressão dessa idéia passa pelo processo analítico:
- uns os outros, uns dos outros, uns aos outros. Só tem o plural e o dual, evide
ntemente; e não tem nominativo naturalmente. Plural Ac. Gen. D L. I. Ac. G.D.L.I
. ll louw,aw,a ll lvn ll loiw,aiw,oiw ll loiw,aiw,oiw ll loiw,aiw,oiw ll lv,a,v ll l
,ain,oin uns uns uns uns uns uns uns os outros (obj. d.) dos outros aos outros n
os outros pelos outros os outros (obj. d.) dos/aos/pelos outros
Dual
No nominativo não aparece a reciprocidade, mas a alternativa; llow m¢n... llow d¢
(dentre muitos): um... outro llow m¡n oänon llow d ìdvr pÛnei um bebe vinho, outro,
água §terow m¢n... §terow d¢ (de dois): um... outro
mur03.p65
152
22/01/01, 11:36
a flexão nominal: os temas nominais
153
Interrogativos e indefinidos
1. O grego tem vários pronomes interrogativos: a) de identidade: -tÛw, tÛ ; quem
? o quê? quis, quae, quid, quod? -pñterow,a,on; quem (qual) dos dois? b) de qual
idade: -poÝow, poÛa, poÝon; qual? de que qualidade? qualis, quale? c) de dimensã
o, valor (sing.): -pñsow, pñsh, pñson; quanto? quão grande? de que valor? quantu
s, a, um? d) de quantidade (pl.): -pñsoi, pñsai, pñsa; quantos? quot? e) de idad
e (tamanho): -phlÛkow,h,on; de que idade? (tamanho)? f) de origem: -podapñw, ,ñn
; de que país? Com exceção de tÛw, tÛ, (T tin-), todos os outros são de tema em
-o para o masculino e neutro e -a / -h para o feminino, e por isso não apresenta
m nenhuma dificuldade de flexão. 2. Para cada interrogativo há um correspondente
indefinido, como em português: - quem? / alguém, algum. Em grego, esses indefin
idos são os próprios interrogativos, mas na versão átona, enclítica, enquanto os
interrogativos são tônicos. Os de uso mais freqüente são: Interrogativos Indefi
nidos tÛw, tÛ quem? o quê? tiw, ti alguém, algum, algo poÝow,a,on qual? poiow,a,
on um qualquer pñsow,h,on de que tamanho? posow,h,on de um tamanho qualquer pñso
i,ai,a quantos? posoi,ai,a uns tantos 3. Os pronomes indefinidos (átonos) são en
clíticos e se pronunciam como tais, dentro do ritmo da frase. Mas os de duas síl
abas soam como se fossem oxítonos: sofistaÛ tinew; - são uns sofistas! / (sophis
taí tinés)/
mur03.p65
153
22/01/01, 11:36
154
a flexão nominal: os temas nominais
4. Esses indefinidos se compõem com o relativo ÷w, ´, ÷ e se empregam quer como
interrogativos indiretos, quer como relativos indefinidos: de identidade, ÷stiw,
´tiw, ÷ti, que, qualquer um de qualidade, õpoÝow,a,on, de qualquer qualidade de
dimensão, õpñsow,h,on, de qualquer dimensão de quantidade, õpñsoi,ai,a, de qual
quer quantidade de idade, õphlÛkow,h,on, de qualquer idade de origem, õpodapñw,
,ñn, de qualquer origem Veremos com mais detalhes no quadro dos correlativos (p.
162).
Quadro de flexão:
T. tinT. tintÛw, tÛ tiw, ti Interrogativo
Sing. Nom. Voc. Acus Gen. Dat. Loc. Instr. Nom. Voc. Acus. Gen. Dat. Loc. Instr.
N.V.A. m. f. tÛ-w tÛn-a tÛn-ow / toè tÛn-i / tÒ tÛn-i / tÒ tÛn-i / tÒ tÛn-ew tÛ
n-aw tÛn-vn tÛ-si tÛ-si tÛ-si tÛn-e n. tÛ tÛ tÛn-ow / toè tÛn-i / tÒ tÛn-i / tÒ
tÛni- / tÒ tÛn-a tÛn-a tÛn-vn tÛ-si tÛ-si tÛ-si tÛn-e
quem? o que? alguém, alguma coisa Indefinido
m. f. tiw tina tin-ow / tou tin-i / tÄ tin-i / tÄ tin-i / tÄ tin-ew tin-aw tin-v
n ti-si ti-si ti-si tin-e n. ti ti tin-ow / tou tin-i / tÄ tin-i / tÄ tini- / tÄ
tin-a tin-a* tin-vn ti-si ti-si ti-si tin-e
Pl.
Dual
G.D.L.I. tÛn-oin
tÛn-oin
tin-oin
tin-oin
* As gramáticas registram uma forma alternativa tta. Não acreditamos que seja o c
aso, isto é, uma forma alternativa, sincopada, ser igual ou maior do que a norma
l. Veremos tta por tina < tina. É mais coerente.
mur03.p65
154
22/01/01, 11:36
a flexão nominal: os temas nominais
155
Quadro de flexão:
T. õ-, ²-/ - tinmasc. Sing. Nom. Voc. Acus Gen. Dat. Loc. Instr. Nom. Voc. Acus. G
en. Dat. Loc. Instr. ÷-s ti-w ÷-n tin-a oð tin-ow/÷tou Ú tin-i / ÷tÄ Ú tin-i / ÷
tÄ Ú tin-i / ÷tÄ oá tin-ew oìs tin-aw Ïn tin-vn o-ås ti-si o-ås ti-si o-ås ti-si
÷stiw, ÷ti: fem. ´ ti-w ´-n tin-a ¸s tin-ow Ãtin-i à tin-i à tin-i aá tin-ew s t
in-aw Ïn tin-vn a-ås ti-si a-ås ti-si a-ås ti-si o que, qualquer neutro ÷ ti ÷ t
i oð tin-ow/÷tou Ú tin-i / ÷tÄ Ú tin-i / ÷tÄ Ú tin-i / ÷tÄ tin-a / tta tin-a/ tta Ï
n tin-vn o-ås ti-si o-ås ti-si o-ås ti-si
Pl.
Dual
N.V.A. Ë tin-e G.D.L.I. o-ån tin-oin
tin-e Ë tin-e a-ån tin-oin o-ån tin-oin
Notas: 1. O pronome indefinido átono tiw, ti ficou em posição enclítica; os acen
tos são do relativo ÷w, ´, ÷n. 2. Todos esses relativos indefinidos podem recebe
r mais um sufixo de indeterminação (-oun / -d pote / -d ); nesses casos a indete
rminação fica mais generalizada: õstis-oèn / õstis-d pote / õstis-d õpoter-oèn
õpoios-oèn /-d /-d pote õposos-oèn /-d / -d pote õpñsoi-oèn /-d /-d pote qualq
uer um, seja qual for seja qual for dos dois seja de que qualidade for seja do t
amanho que for sejam quantos forem
mur03.p65
155
22/01/01, 11:36
156
a flexão nominal: os temas nominais
3. Há um outro indefinido, de uso poético, arcaico, deÛna, um tal, um qualquer,
de aparência neutro e indeclinável nos três casos sintáticos do singular; no plu
ral há uma variação masc.fem./neutro. Mas é teórico; seu uso quase exclusivo é n
os três casos sintáticos do singular: Singular masc./fem. neutro deÛna deÛna deÛ
na deÝnow deinÛ deinÛ deinÛ deÛna deÝno deinÛ deinÛ deinÛ Plural masc./fem. neut
ro deÝnew deÝna deÛnaw deÛnvn deisÛ deisÛ deisÛ deÝna deÛnvn deisÛ deisÛ deisÛ
Nom. Voc. Acus. Gen. Dat. Loc. Instr.
Observação: embora classificado como indefinido ele vem freqüentemente precedido
de artigo õ, ², tñ. 4. Há alguns adjetivos que são difíceis de enquadrar: ou en
tre os determinativos, dêiticos, ou entre os indefinidos. Além disso, convém est
ar atentos para sua função ou de mero adjunto adnominal ou com o nome implícito,
elíptico. Assim: §kastow,h,on cada um, cada: ¥k sth pñliw - cada cidade ¥k terow,a,
on cada um dos dois: ¥kat¡ra ² xeÛr - cada uma das duas mãos lloi outros oß lloi o
s outros (adj. substantivado), os outros (a outra parte): ² llh Ell w - a outra Gréc
ia (adjetivo, adjunto adnominal) - o restante da Grécia. §terow,a,on um dos dois
, alter õ §terow,a,on aquele dos dois (adjetivo substantivado) Atenção às crases
: elas são estranhas: toè ¥t¡rou > yat¡rou tÒ ¥t¡rÄ > yat¡rÄ t §tera > y tera tò §t
eron > y teron
mur03.p65
156
22/01/01, 11:36
a flexão nominal: os temas nominais
157
¦nioi, ai, a alguns p w, p sa, p n todo, qualquer p w nyrvpow todo homem, qualquer hom
oëtiw, oëti (oë-tiw, oë-ti) - não alguém, não algo = ninguém, nada; Odisseu no c
anto IX da Odisséia. oédeÛw, oédemÛa, oéd¡n (oud¡ eåw) - nem um, nem uma = ningu
ém, nada.
Quadro de flexão:
T. ¤keÝno- ¤keÛnh- ¤keÝno- ¤keÝnow, ¤keÛnh, ¤keÝno aquele, aquela, aquilo T. aét
ñ-, aét -, aétñ- aétñw, aét , aétñ mesmo (ipse), ele, ela
Sing. Nom. Voc. Acus. Gen. Dat. Loc. Instr. Nom. Voc. Acus. Gen. Dat. Loc. Instr
. ¤keÝno-w ¤keÝno-n ¤keÛn-ou ¤keÛn-Ä ¤keÛn-Ä ¤keÛn-Ä ¤keÝno-i ¤keÛn-ouw ¤keÛn-vn
¤keÛno-iw ¤keÛno-iw ¤keÛno-iw ¤keÛnh ¤keÛnh-n ¤keÛn-hw ¤keÛn-ú ¤keÛn-ú ¤keÛn-ú
¤keÝna-i ¤keÛna-w ¤kein-Çn ¤keÛna-iw ¤keÛna-iw ¤keÛna-iw ¤keÝno ¤keÝno ¤keÛn-ou
¤keÛn-Ä ¤keÛn-Ä ¤keÛn-Ä ¤keÝn-a ¤keÝn-a ¤keÛn-vn ¤keÛno-iw ¤keÛno-iw ¤keÛno-iw a
étñ-w aétñ-n aét-oè aét-Ò aét-Ò aét-Ò aéto-Û aét-oæw aét-Çn aéto-Ýw aéto-Ýw aéto
-Ýw aét aét -n aét-°w aét-» aét-» aét-» aétñ aétñ aét-oè aét-Ò aét-Ò aét-Ò
Pl.
aéta-Û aét- aét -w aét-Çn aéta-Ýw aéta-Ýw aéta-Ýw aét- aét-Çn aéto-Ýw aéto-Ýw aéto-Ý
w
Dual
N.V.A. ¤keÛn-v ¤keÛn-a ¤keÛn-v aét-Å aét- aét-Å G.D.L.I. ¤keÛno-in ¤keÛna-in ¤keÛ
no-in aéto-Ýn aéta-Ýn aéto-Ýn
mur03.p65
157
22/01/01, 11:36
158
a flexão nominal: os temas nominais
Notas: 1. aétñw, ,ñ substitui ou é usado como 3a pessoa ou como aposto de outras
: a) no nominativo, como aposto do sujeito implícito, reforçando a identidade: a
étòw ¦fa [ele] mesmo, em pessoa, dizia [disse] (expressão que os pitagóricos usa
vam) aétòw ¤rÇ [eu] mesmo direi aétoÜ perÜ eÞr nhw ¤chfÛsasye [vós] mesmos votas
tes a respeito da paz. Nesses casos é fácil reconhecer a pessoa gramatical que e
stá implícita observando a desinência do verbo. b) nos outros casos substituindo
o dêitico de 3a pessoa: kaÜ sç öcei aétñn também tu o verás õ pat‾r aétoè o pai
dele aétoÝw ¤rÇ eu lhes direi 2. Quando precedido de artigo, aétñw, ,ñ se compo
rta como um adjetivo substantivado e significa o mesmo (e não outro), e em aposi
ção significa o próprio, em pessoa. aétòw aétoÝw t aét ¤rÇ eu mesmo (aétòw) lhes (
aétoÝw) direi as mesmas (t aét ) coisas õ yeòw õ aétñw a divindade em pessoa, a pró
pria divindade Nesse caso, no singular, há inúmeras crases resultantes do encont
ro do artigo com o pronome (p. 55). No plural não há contrações, nem crases, sal
vo no neutro do N.V.A.: t aét > taét .
mur03.p65
158
22/01/01, 11:36
a flexão nominal: os temas nominais
159
Quadro de flexão de õ aétñw
Sing. Nom. Voc. Acus. Gen. Dat. Loc. Instr. Pl. Nom. Voc. Acus. Gen. Dat. Loc. I
nstr. Dual N.V.A.
õ
aétñw
² t‾n
aét aét n aét°w
tò tò
aétñ > taétñ(n) aétñ > taétñ(n) aétÒ > taétÒ aétÒ > taétÒ aétÒ > taétÒ aét > taét
aét > taét
tòn aétñn
toè aétoè > taétoè t°w tÒ aétÒ > taétÒ t» tÒ aétÒ > taétÒ t» tÒ aétÒ > taétÒ t»
oß aétoÛ aß t w
toè aétoè > taétoè
aét» > taét» tÒ aét» > taét» tÒ aét» > taét» tÒ aétaÛ aét w t t
toçw aétoæw tÇn aétÇn toÝw aétoÝw toÝw aétoÝw toÝw aétoÝw tÆ aétÅ
tÇn aétÇn taÝw aétaÝw taÝw aétaÝw taÝw aétaÝw t aét taÝn aétaÝn
tÇn aétÇn toÝw aétoÝw toÝw aétoÝw toÝw aétoÝw tÆ aétÅ toÝn aétoÝn
G.D.L.I. toÝn aétoÝn
mur03.p65
159
22/01/01, 11:36
160
a flexão nominal: os temas nominais
O mesmo acontece com os casos oblíquos dos pronomes pessoais reflexivos no singu
lar, quando aétñw, ,ñ está em aposição, significando mesmo. São crases ou elisõe
s.
1a pessoa do s. Ac. Gen. Dat. 1a pessoa do p. Ac. Gen. Dat. 2a pessoa do s. Ac.
Gen. Dat. 2a pessoa do p. Ac. Gen. Dat. 3a pessoa do s. Ac. Gen. Dat. 3a pessoa
do p. Ac. me mesmo (o.d.) ¤m¢ aétñn> de mim mesmo ¤moè aétoè > a mim mesmo ¤moÜ
aétÒ > nos mesmos (o.d) ²m w aétoæw de nós mesmos ²mÇn aétÇn a nós mesmos ²mÝn aét
oÝw te mesmo (o.d.) de ti mesmo a ti mesmo vós mesmos de vós mesmos a vós mesmos
se mesmo (o.d.) de si mesmo a si mesmo se mesmos s¢ aétñn > soè aétoè > soÜ aét
Ò > êm w aétoæw êmÇn aétÇn êmÝn aétoÝw ¥-aétñn, n,ñ > ¥-autoè,°w,oè > ¥-autÒ,»,Ò >
¥-autoæw, w, > ¥autñn, n,ñ / aêtñn, n,ñ ¥autoè,°w,oè / aêtoè,°w,oè ¥autÒ,»,Ò / aêt
Ò,»,Ò saétñn sautoè saétÒ ¤mautñn ¤mautoè ¤mautÒ
Dual
¥autoæw, w, / aêtoæw, w, Gen. de si mesmos ¥-autÇn > ¥autÇn / aêtÇn Dat. a si mesmos ¥
-autoÝw,aÝw,oÝw> ¥autoÝw,aÝw,oÝw /aêtoÝw,aÝw,oÝw N.V.A. os dois mesmos ¤-autÅ, ,Å
> ¥autÅ, ,Å / aêtÅ, ,Å G.D.L.I. dos/aos 2 mesmos ¥autoÝn,aÝn,oÝn > ¥autoÝn,aÝn,oÝn /
aêtoÝn,aÝn,oÝn
mur03.p65
160
22/01/01, 11:36
a flexão nominal: os temas nominais
161
Os correlativos
A palavra correlativo não deve nos prender ao quadro deles. Cada uma dessas pala
vras tem seu significado e função próprias. Contudo, há uma linha racional, semâ
ntica, relacional, que pode ser vista no processo de composição (prefixação e su
fixação). Assim, de um interrogativo direto, vamos ao indireto e daí ao indefini
do e ao demonstrativo, que sugere o relativo e finalmente o relativo indefinido.
O quadro da página seguinte é ilustrativo de coerência semântica e formal.
mur03.p65
161
22/01/01, 11:36
mur03.p65
162
Interr. Diretos tÛw,tÛ
Interr. Indir. ÷stiw, ´tiw, ÷ti
Indefinidos tiw, ti
Demonstrativos ÷de,´de,tñde oðtow, aëth, toèto ¤keÝnow,h,o este, esse, aquele to
Ýow, toiñsde, toioètow tal, desta, dessa qual. tñsow, tosñsde, tosoètow tanto, d
este tamanho/valor desse tamanho/valor tñsoi tantos thlÛkow thlikñsde thlikoètow
desta id.; dessa id. õ §terow um dos dois ¥k terow cada 1 dos 2, nenhum dos 2 pan
todapñw de todo país
Relativos ÷w ,´, ÷ ÷sper, ´per, ÷sper ÷per que oåow, a, on qual ÷sow, quanto ÷so
i quantos ²lÛkow que idade
Relativos Indef. ÷stiw, ´tiw, ÷ti õstisoèn, õstisd õstisd pou qualquer que õpoÝ
ow de qualquer qualidade õpñsow seja de que tam. for quão grande for qq. que sej
a o tam. õpñsoi seja quantos forem õphlÛkow de qualquer idade que seja õpñterow
qualquer 1 dos 2
quem? o que? poÝow, a, on qual? pñsow, h, on quanto? de que valor ou tamanho? pñ
soi ; quantos? phlÛkow ; de que idade?
quem, o que õpoÝow, a, on qual õpñsiw, h, on quanto, de que valor ou tamanho õpñ
soi quantos õphlÛkow de que idade õpñterow quem/ qual dos dois õpodapñw de que p
aís
alguém, algo poiow, a, on de certa qualidade posow, h, on de algum tam./ val., u
m quanto, de certo tam./valor posoi uns tantos phlikow de alg. idade poterow alg
. dos dois
162 22/01/01, 11:36
a flexão nominal: os temas nominais
pñterow ; quem/ qual dos dois? podapñw ; de que país?
õpodapñw de qualquer país que seja
a flexão nominal: os temas nominais
163
Pronomes pessoais
São os verdadeiros pronomes, isto é, vêm em lugar do nome; nem anafóricos nem ca
tafóricos. Eles têm origem na oralidade e são basicamente de 1 a e 2a pessoas: e
u, tu, numa linha horizontal, direta, binária e singular. Os outros pronomes: 1
a e 2a pessoas do plural são analógicas; o mesmo se pode dizer do dual. O único
e verdadeiro pronome ( ntinvmÛa) é ¤gÅ, eu, que não tem gênero, nem plural ( nós não
significa vários eu ) e não tem derivados (as formas de outras funções se constroem
sobre uma outra raiz: ¤gÅ eu sujeito nominativo ¤m¡ me objeto direto acusativo
¤moè de mim complemento/adjunto adnominal genitivo ¤moÛ a mim, mim, me complemen
to/adjunto adnominal dativo A segunda pessoa tu, sæ, tu, o outro pólo do diálogo
, também não tem gênero nem número ( vós não significa vários tu ), mas tem as formas
oblíquas construídas sobre a mesma raiz: sæ tu sujeito nominativo s¡ te objeto d
ireto acusativo soè de ti complemento/adjunto adnominal genitivo soÛ a ti, te co
mplemento/adjunto adnominal dativo As 3as pessoas, singular e plural, estão fora
do eixo do diálogo; são dêiticos. É essa a origem dos pronomes das 3 as pessoas,
desde o grego e latim até às línguas modernas. Em grego, o sistema de flexão ver
bal era suficientemente forte para dispensar a menção do pronome pessoal agente
ou paciente sujeito, a não ser que se quisesse insistir sobre a pessoa, ela e nã
o outra: - sou eu que..., és tu que... (e não outro).26
26
Ver a identificação das pessoas gramaticais nas desinências verbais à p. 23.
mur03.p65
163
22/01/01, 11:36
164
a flexão nominal: os temas nominais
Quadro de flexão dos pronomes pessoais
Primeira pessoa Singular Nom. ¤gÅ Voc. Acus. ¤m¡ / me Gen. ¤moè / mou ¤moÛ / moi
Dat. Loc. ¤moÛ / moi Instr. ¤moÛ / moi N.V.A. G.D.L.I. Segunda pessoa Singular
Nom. sæ Voc. Acus. s¡ / se Gen. soè / sou Dat. soÛ / soi Loc. soÛ / soi Instr. s
oÛ / soi N.V.A. G.D.L.I.
eu me de mim a mim em mim por mim
Plural ²meÝw ²m w ²mÇn ²mÝn ²mÝn ²mÝn Dual nÅ / nÇi nÒn / nÇin Plural êmeÝw êm w êmÇ
n êmÝn êmÝn êmÝn Dual sfÅ / sfÇi sfÒn / sfÇin
nós nos de nós a nós em nós por nós nós dois a, de nós dois
tu te de ti a ti em ti por ti
vós vos de vós a vós em vós por vós vós dois a, de vós dois
mur03.p65
164
22/01/01, 11:36
a flexão nominal: os temas nominais
165
Notas: 1. As variantes não acentuadas, por serem átonas, são enclíticas e menos
fortes. 2. A forma antiga do pronome de 2a pessoa é tæ (latim tu). 3. Como já fo
i visto, não há pronomes pessoais de 3 a pessoa. Ela está fora do eixo do diálog
o. Então, naturalmente é um dêitico, anafórico. Em grego é o dêitico oðtow, aìth
, toèto - esse, essa, isso e aétñw, ,ñ - mesmo, o mesmo, o próprio que o substi
tuem. Uma explicação possível da origem de aétñw é:- aé - por sua vez, também +
to, esse, aquele.27 Vejam-se as notas no quadro das flexões dos dêiticos. 4. Às
vezes, para dar ênfase à pessoa, em oposição a outra ou outras, usase acrescenta
r a partícula restritiva, enfática -ge. ¦gvge - eu, por mim ; ¤moÛge dokeÝ - a m
im, pelo menos, parece 5. Em grego, como em latim, línguas de larga tradição ora
l, as expressões de tratamento são em 2 a pessoa (singular e plural). As express
ões de tratamento em 3 a pessoa têm origem litúrgica, palaciana, subserviente e
servil e se baseiam no receio da abordagem direta. Em alguns países e regiões de
língua portuguesa e castelhana, esse tratamento prevalece e lembra as relações
senhoriais de uma sociedade escravocrata. A pñliw grega não concebia essas expre
ssões de tratamento. 6. Em Homero, existe um pronome de 3a pessoa, salvo no nomi
nativo, e é considerado reflexivo, com significado forte. A partir dele a língua
usa às vezes uma forma não reflexiva, fraca, enclítica.
27
É a hipótese de A. Meillet, Traité de Grammaire Comparée du Grec et du Latin, p.
741.
mur03.p65
165
22/01/01, 11:36
166
a flexão nominal: os temas nominais
Quadro de flexão do pronome de 3a pessoa
N.V. A. §, mÛn se, o, a G. eåo ,§o, eð, §yen dele D.L.I. oå, ¥oÝ lhe
Singular
Plural sf¡aw, sf¡ se, os, as sfeÛvn, sf¡vn deles sfÛsi, sfÝ lhes
Dual sfv¡ sfvÝn sfvÝn
No ático e na prosa jônica houve uma simplificação desse quadro. N. A. G. D. Sin
gular § < sWe oð oå / oß se de si (sui) a si mesmo (sibi) Plural sfeÝw sf w sfÇn s
fÛsi eles mesmos (suj.) se mesmos (o.d.) de si mesmos a si mesmos
Mesmo assim, essas formas, sozinhas, se usam pouco; em geral vêm enfatizadas pel
o pronome em aposição aétñw, ,ñ, nas segundas e sobretudo na 3a pessoa, que é o
uso mais comum, com valor reflexivo, isto é, quando o ato retorna ao seu agente.
O sofòw ¤n aêtÒ perif¡rei t‾n oésÛan. (¥-autÒ) O sábio leva nele mesmo sua rique
za Or¡sthw feægvn ¦peisen AyhnaÛouw ¥autòn kat gein. Orestes, estando no exílio, per
suadiu os Atenienses de trazê-lo de volta. GnÇyi sautñn. (se-aétñn) Conhece te a
ti-mesmo. Tòn fÛlon pròw ¥autòn ¦labe. (¥-aétñn) Ele pegou o amigo para junto d
e si. L¡gousi ÷ti metam¡lei aêtoÝw (¥-aétoÝw) Eles afirmam que [isso] lhes traz
preocupação.
mur03.p65
166
22/01/01, 11:36
a flexão nominal: os temas nominais
167
Temas em consoante e soante/semivogal
Pertencem a este grupo todos os substantivos masculinos, femininos e neutros e t
odos os adjetivos e dêiticos cujo tema termina em consoante ou soante/semivogal.
Qualquer consoante pode servir de tema, menos m, j, c; as soantes/ semivogais s
ão: i, u, W, j.
Quadro geral das desinências
Masc./Fem. Nom. Voc. Ac. Gen. Dat. Loc. Instr. Nom. Voc. Ac. Gen. Dat. Loc. Inst
r. Singular -w/alongamento da vogal temática Tema puro/desinência zero /igual ao
nom. -n > a -ow -i -i -i Plural -ew -ew -nw > aw / enw> eiw -vn -si -si -si Neu
tros Tema puro/desinência zero Tema puro/desinência zero Tema puro/desinência ze
ro -ow -i -i -i -a -a -a -vn -si -si -si -e -oin
Dual N.V.A. -e G.D.L.I. -oin
mur03.p65
167
22/01/01, 11:36
168
a flexão nominal: os temas nominais
Notas: 1. Como se pode notar, apenas duas desinências são consonânticas: o nomin
ativo singular masc./fem.: -w e o dat./loc./inst. plural: -si. O acusativo sing.
e plural masc/fem. não é consonântico; ele é em líqüida/soante -n que se vocali
za em -a sempre que, em posição final, vem depois de consoante (patrÛd-n > patrÛ
da) e sofre síncope, quando precedido de vogal e seguido de -w (Þxyæ-nw > Þxyæw)
. Isso nos leva a concluir que a flexão desses nomes é bastante fácil: basta acr
escentar as desinências vocálicas aos temas em consoante, com que fazem sílaba,
e aos temas em semivogal, com que fazem ditongo. 2. Nas desinências em consoante
(-w/-si), o encontro das consoantes temáticas com essas desinências se resolve
observando-se as normas fonéticas comuns. Mostraremos isso em detalhe nos quadro
s de flexão. 3. Nos nomes de tema em u- (Þxyu-), o nominativo plural Þxyæ-ew pod
e se contrair em Þxyæw; o mesmo acontecendo no acusativo plural Þxyænw em Þxyæw.
Nesses dois casos há o alongamento compensatório do u. Nesse caso normalmente o
acento deveria ser circunflexo, em se tratando de sílaba final longa. Mas, por
convenção, não se acentuam com circunflexo os acusativos plurais longos, mesmo c
om sílaba final tônica: õdoæw, deinoæw, gor w, kefal w. 4. As gramáticas registram de
sinências iguais em -eiw para o nominativo e acusativo plural em alguns nomes e
adjetivos: pñleiw - lhyeÝw. Na verdade, o ditongo -ei nos dois casos é um resulta
do aparentemente igual, mas produto de componentes diferentes. a) No caso do Nom
. pl. pñleiw, é o resultado da contração de e-e: pñlejew > pñle-ew > pñleiw. O -
j- em posição intervocálica sofre síncope, pondo em contato duas vogais, que o á
tico reduz em ditongo. b) No caso do Acus. pl., pñleiw é o resultado da vocaliza
ção do -jantes de consoante e posterior síncope do -n- diante de -w-: pñlej-nw >
pñleinw > pñleiw. c) No caso do Acus. pl. lhyeÝw, a evolução é a seguinte: lhy¡s-
nw > lhy¡nw > lhyeÝw.
mur03.p65
168
22/01/01, 11:36
a flexão nominal: os temas nominais
169
Síncope das duas consoantes -sn- antes do -w e alongamento compensatório da voga
l anterior. 5. Os nomes de tema em es- (g¡nes-, lhy¡s-, SÅkrates-), ao receberem
uma desinência vocálica, sofrem a síncope desse -s- e põem em contato duas vogai
s, formando um iato, que, no dialeto ático, é reduzido por contração: g¡nes-a >
g¡nea > g¡nh Svkr tes-ow > Svkr teow > Svkr touw 6. Os nomes de tema em nt- têm dois t
ratamentos diferentes no nominativo singular masculino: a) os nomes de tema em -
ont- (l¡ont-,) e os particípios do infectum em -ont- (læ-o-nt-), ao receberem o
-w do nominativo masculino singular, sofrem apócope do -w e do -t-, e, por compe
nsação, alongam a vogal do tema: T. l¡ontl¡ont-w l¡vn T. læ-o-nt- læ-o-nt-w lævn
.28 b) os outros temas em -nt-, ao receberem -w no masculino, sofrem a síncope29
do -nt- antes do -w e, por compensação, alongam a vogal do tema: T. gÛgantgÛgan
tw > gÛgaw T. læ-sa-nt- læsantw > læsaw T. lu-y -nt- luy ntw > luy¡ntw > luyeÛw
T. deÛk-nu-nt- deiknæntw > deiknæw (as vogais a, i, u têm o mesmo registro, quer
sejam longas quer sejam breves). 7. No dativo plural, as consoantes -nt- do tem
a sofrem síncope 30 antes do -si e alongam, por compensação, a vogal anterior: T
. l¡ontl¡ont-si > l¡ousi T. læo-ntlæont-si > læousi T. gÛgantgÛgant-si > gÛgasi
T. lu-y -ntluy¡nt-si > luyeÝsi T. deÛk-nu-nt- deÛknunt-si > deÛknusi.
28
Uma outra hipótese é que o -t do tema em posição final sofre apócope e a seguir
a vogal anterior se alonga no nominativo masc./fem., como os temas en -n. 29 Suc
essivamente do t e do n. 30 Sucessivamente do t e do n.
mur03.p65
169
22/01/01, 11:36
170
a flexão nominal: os temas nominais
8. Os nomes masculinos e femininos de tema em líqüida (n, r) alongam a vogal do
tema no nominativo:31 T. =°tor- õ = tvr = torow o orador T. daÝmon- õ daÛmvn daÛ
monow o nume 9. Alguns nomes em líqüida têm o tema longo: gÅn- gÇn-ow. Nesse caso,
naturalmente, constroem toda a flexão sobre o tema longo: T. gÅn- : Nom. s. õ gÅn
Dat. pl. toÝw gÇnsi > gÇsi 10. No dativo/locativo/instrumental plural os nomes em
-n depois de vogal temática breve sofrem síncope do -n antes do -si, sem alonga
rem a vogal anterior:
T. daÝmon - Nom.s õ daÛmvn Gen.s toè daÛmon-ow D.L.I.pl. toÝw daÛmosi; T. lim¡n
- Nom.s õ lim n Gen.s toè lim¡n-ow D.L.I.pl. toÝw lim¡si
Mas, quando houver síncope de -nt-, o alongamento compensatório é natural, por s
erem duas as consoantes suprimidas: T. l¡ontõ l¡vn toÝw l¡ont-si > l¡ousi T. luy
¡ntluyeÛw toÝw luy¡nt-si > luyeÝsi 11. Os neutros não têm desinência própria (de
sinência zero). Nos casos sintáticos do singular (nom., voc., acus.) mantêm desin
ência zero , isto é, o próprio tema. Nos casos concretos do singular e plural (gen
., dat., loc., instr.) usam as desinências do masc./fem. O -a do nom., voc., acu
s. plural é a marca do coletivo indo-europeu. Uma vez reconhecido o tema do subs
tantivo ou adjetivo e identificado seu gênero, não será difícil flexionar todos
esses nomes. As irregularidades que acontecem são problemas fonéticos que se resol
vem no aparelho fonador, dentro das normas fonéticas do grego.
31
Seria uma espécie de compensação pela queda do -w final, que é a marca do nom. m
asc./fem.
mur03.p65
170
22/01/01, 11:36
a flexão nominal: os temas nominais
171
Exercício prático de identificação dos temas
Instruções: 1. Na primeira coluna está o genitivo singular 32. Isolada a desinên
cia do genitivo, em princípio, teremos o tema. Convém notar, contudo, que, em al
gumas palavras, a desinência do genitivo singular sofre alterações fonéticas, co
mo nos temas em -w, W, e j.: T. g¡nesg¡nes-ow > g¡neow > g¡nouw do gênero, da ra
ça T. steW steW-ow > ste-ow > stevw da cidadela T. pñlj-, ej-, hj- pñlhj-ow > pñlh-ow
> pñlevw da cidade Esse fato dificulta a identificação do tema. 2. Na segunda c
oluna está o nominativo singular: Se é igual ao tema, trata-se de um neutro, por
que o neutro tem desinência zero no nom. sing. Os neutros de tema em oclusiva nã
o a mantêm em posição final: T. sÇmat- sÅmat-ow tò sÇma o corpo T. luy¡nt- luy¡n
t-ow luy¡n desligado, solto a) Os neutros de tema em -w e em -r têm a vogal ante
rior ao -sbreve, por serem o próprio tema, contrariamente aos masculinos e femin
inos que a têm longa:
T. g¡nesg¡nes- ow > g¡nouw T. SÅkrates- Svkr tes-ow > Svkr touw T. lhy¡s(masc. e fem.
) (neutro) tò g¡now raça, gênero õ Svkr thw Sócrates lhy w, real, verdadeiro lhy¡w
b) Se tem um -w combinado ou não com outra consoante oclusiva: T. fl¡b- > fleb-ñ
w fl¡c, ² a veia T. aäg- > aÞg-ñw aäj, ² a cabra T. lamp d- > lamp d-ow lamp w, ² a to
cha, archote trata-se de um masculino ou feminino.
32
Mantivemos essa norma tradicional, porque é assim que as gramáticas e dicionário
s registram os nomes, para indicar a que declinação pertencem. Cremos que, ao lado
disso, deveríamos registrar os temas.
mur03.p65
171
22/01/01, 11:36
172
a flexão nominal: os temas nominais
c) Se a vogal temática está alongada: T. =°tor > = tor-ow = tvr, õ o orador T. l
¡ont- > l¡ont-ow l¡vn, õ o leão T. poim¡n > poim¡n-ow poim n, õ o pastor trata-s
e de um nome masculino ou feminino de tema em líqüida r, -n ou -ont d) Se tem um
-w acrescentado à semivogal do tema: T. Þxyæ- > Þxyæw-æow, o o peixe T. á> áw,
ßñw, ² a força trata-se de um masculino ou feminino em -i / -u 3. Na terceira co
luna está o vocativo singular. Rigorosamente, deve ser o tema puro (desinência z
ero) igual ao da primeira coluna, porque o vocativo não é caso e por isso não de
ve ter desinência (desinência zero). Se o vocativo for igual ao nominativo, é po
rque o tema é em consoante, e a apócope dela em posição final descaracterizaria
fonética e semanticamente o nome 33. 4. Na quarta coluna está o dativo, loc., in
str., plural. O encontro da desinência -si com o tema deve produzir os mesmos re
sultados fonéticos que no nominativo singular do masc. e fem. a) nos temas em -r
, o -si se adapta normalmente; = tor-si; b) nos temas em -n há a síncope dessa c
onsoante sem mais conseqüências; T. ²gemñn- ²gemñn-si > ²gemñsi c) nos temas em
-nt há síncope dessas duas consoantes e alongamento da vogal anterior. T. l¡ont-
l¡ont-si > l¡ousi d) nos temas em oclusivas labiais e velares, o -w da desinênc
ia resulta em c com as labiais e j com as velares; com as dentais há a assimilaç
ão da dental >ss e posterior redução >s; e) nos temas em -s, há a duplicação >ss
e posterior redução >s.
33
Ver explicação mais detalhada no capítulo da flexão nominal (p. 95-6).
mur03.p65
172
22/01/01, 11:36
a flexão nominal: os temas nominais
173
Gen. sing. paid-ñw fleb-ñw gup-ñw kat lif-ow aÞg-ñw fælak-ow g¡ront-ow læont-ow
læont-ow önt-ow önt-ow ôdñnt-ow pant-ñw pant-ñw deiknænt-ow deiknænt-ow luy¡nt-o
w luy¡nt-ow gÛgant-ow læsant-ow læsant-ow = tor-ow gast¡r-ow yhr-ñw aÞy¡r-ow n¡k
tar-ow l-ñw fr¡at-ow ´pat-ow gra-ñw m nte-vw pel¡ke-vw st-evw p x-evw
Nom. sing. Voc. sing. paÝw fl¡c gæc kay°lic aäj fælaj g¡rvn lævn lèon Ên ön ôdoæ
w p w p n deiknæw deiknæn luyeÛw luy¡n gÛgaw læsaw lèsan = tvr gast r y°r aÞy r n¡kt
ar lw fr¡ar ¸par graèw m ntiw p¡lekuw stu p°xuw paÝ fl¡c gæc kay°lic aäj fælaj g¡ron
lèon lèon ön ön ôdñn p n p n deiknæn deiknæn luy¡n luy¡n gÛgan lèsan lèsan =°tor g st
er y°r aÞy¡r n¡ktar lw fr¡ar ¸par graè m nti p¡leku stu p°xu
Dat. pl. paisÛ flecÛ gucÛ kay lici aÞjÛ fælaji g¡rousi læousi læousi oïsi oïsi ô
doèsi p si p si deiknèsi deiknèsi luyeÝsi luyeÝsi gÛgasi læsasi læsasi = torsi gast¡
rsi yhrsÛ aÞy¡rsi n¡ktarsi lsÛ fr¡asi ´pasi grausÛ m ntesi pel¡kesi stesi p xesi men
ino, menina a veia o abutre o sótão a cabra o vigia o ancião desligante desligan
te quem é - masc. o que é - neut. o dente todo homem - masc. toda coisa - neut.
mostrante - masc. mostrante - neut. desligado - masc. desligado - neut. gigante
tendo desligado - m. tendo desligado - n. o orador o estômago a caça, presa, fer
a o éter o néctar o sal o poço o fígado a velha o adivinho o machado a cidadela
o côvado
mur03.p65
173
22/01/01, 11:36
174
a flexão nominal: os temas nominais
Gen. sing. ²d¡-ow ²d¡-ow bay¡-ow tax¡-ow Èk¡-ow tri r-ouw Svkr t-ouw Dhmosy¡n-ouw
Prajit¡l-ouw g¡n-ouw b y-ouw ìc-ouw lhy-oèw lhy-oèw sun y-ouw sun y-ouw ceud-oèw ceu
d-oèw ceæd-ouw Hrakl¡-ouw aÞd-oèw peiy-oèw ±x-oèw Lht-oèw Sapf-oèw kr¡-vw g r-vw
g¡r-vw ndr-ñw gunaik-ñw Apñllvn-ow Ar-evw D mhtr-ow Di-ñw
Nom. sing. Voc. sing.
Dat. pl. ²d¡si ²d¡si bay¡si tax¡si Èk¡si tri resi suave, doce - masc. suave, doc
e - neut. profundo rápido veloz trirreme Sócrates Demóstenes Praxíteles gênero,
raça profundidade altura verdadeiro - masc. verdadeiro - neut. habitual - masc.
habitual - neut. falso - masc. falso - neut. a mentira Heraclés respeito, pudor
persuasão eco Letô - Latona Safo carne velhice dom, presente varão mulher Apolo
Ares Deméter Zeus
²dæw ²dæ ²dæ ²dæ bayæw bayæ taxæw taxæ Èkæw Èkæ tri rhw trÛhrew Svkr thw SÅkratew
Dhmosy¡nhw Dhmñsyenew Prajit¡lhw PrajÛtelew g¡now g¡now b yow b yow ìcow ìcow lhy w lh
y¡w lhy¡w lhy¡w sun yhw sun°yew sun°yew sun°yew ceud w ceud¡w ceud¡w ceud¡w ceèdow
ceèdow Hrakl°w Hr kleiw aÞdÅw aÞdoÝ peiyÅ peiyoÝ ±xÅ ±xoÝ LhtÅ LhtoÝ SapfÅ SapfoÝ k
r¡aw kr¡aw g°raw g°raw g¡raw g¡raw n r ner gun gænai Apñllvn Apollon Arhw Arew Dhm t
r D mhter Zeæw Zeè
g¡nesi b yesi ìcesi lhy¡si lhy¡si sun yesi sun yesi ceud¡si ceud¡si ceædesi
kr¡asi g rasi g¡rasi ndr si gunaijÛ
mur03.p65
174
22/01/01, 11:36
a flexão nominal: os temas nominais
175
Gen. sing. ´rv-ow m rtur-ow k¡rat-ow k¡r-vw ne-Åw ôneÛrat-ow PoseidÇn-ow ê-oè ê¡-o
w/êi¡-ow xeir-ñw xer-ñw kont-ow kont-ow ¥kñnt-ow xari¡nt-ow xari¡nt-ow t¡ren-ow t¡
ren-ow didñnt-ow didñnt-ow lamp d-ow örniy-ow frontÛd-ow sÅmat-ow x rit-ow gÇn-ow lim
¡n-ow hdñn-ow =in-ñw eédaÛmon-ow l¡ont-ow m¡lan-ow m¡lan-ow meÛzon-ow
Nom. sing. Voc. sing. ´rvw m rtuw k¡raw k¡raw naèw önar PoseidÇn êñw êñw xeÛr xeÛr
kvn kon ¥kÅn xarieÛw xari¡n t¡rhn t¡ren didoæw didñn lamp w örniw frontÛw sÇma x riw g
Ån lim n hdÅn =Ûw eédaÛmvn l¡vn m¡law m¡lan meÛzvn ´rvw m rtu k¡raw k¡raw naè önar
Pñseidon ê¡ ê¡ xeÛr xeÛr kon kon ¥kñn xari¡n xari¡n t¡ren t¡ren didñn didñn lamp w ö
rni frontÛ sÇma x ri gÅn lim¡n hdñn =Ûw eëdaimon l¡on m¡lan m¡lan meÝzon
Dat. pl. herói testemunha chifre, ala chifre, ala nau sonho Poseídon êoÝw filho
ê¡si filho xersÛ mão xersÛ mão kousi invito - masc. kousi invito - neut. ¥koèsi vo
luntário xarieÝsi grato, gracioso xarieÝsi grato, gracioso t¡resi tenro - masc.
t¡resi tenro - neut. didoèsi dante, dando - masc. didoèsi dante, dando - neut. l
amp si tocha örnisi pássaro, ave frontÛsi mente, pensamento sÅmasi corpo graça, fa
vor x risi gÇsi liça, combate lim¡si porto hdñsi rouxinol =isÛ nariz eédaÛmosi conte
nte, feliz l¡ousi leão m¡lasi negro - masc. m¡lasi negro - neut. meÛzosi maior -
masc. ´rvsi m rtusi k¡rasi k¡rasi nausÛ ôneÛrasi
mur03.p65
175
22/01/01, 11:36
176
a flexão nominal: os temas nominais
Gen. sing. meÛzon-ow ²dÛon-ow ²dÛon-ow del¡at-ow p¡rat-ow kñrak-ow lÅpek-ow §lmin
y-ow kten-ñw Èt-ñw nakt-ow ²gemñn-ow mhn-ñw ktÝn-ow nukt-ñw flog-ñw ¤sy°t-ow rmat-o
w g lakt-ow m¡lit-ow dñrat-ow d kru-ow pur-ñw gñnat-ow kñruy-ow kleid-ñw ¡r-ow Þxyæ-o
w bñtru-ow n¡ku-ow su-ñw mu-ñw x¡lu-ow dru-ñw
Nom. sing. Voc. sing. meÝzon ²dÛvn ´dion d¡lear p¡raw kñraj lÅphj §lmiw kteÛw oïw
naj ²gemÅn m n ktÝn næj flñj ¤sy w rma g la m¡li dñru d kru pèr gñnu kñru kleÛw r Þxy
w bñtruw n¡kuw sèw mèw x¡luw drèw meÝzon ´dion ´dion d¡lear p¡raw kñraj lÅphj §lm
iw kt¡n oïw na ´gemon m n ktÝn næj flñj ¤sy°w rma g la m¡li dñru d kru pèr gñnu kñru kl
eÛ ¡r Þxyæ bñtru n¡ku sè mè x¡lu drè
Dat. pl. meÛzosi ²dÛosi ²dÛosi del¡asi p¡rasi kñraji lÅpeji §lmisi ktesÛ ÈsÛ naji
²gemñsi mhsÛ ktÝsi nujÛ flojÛ ¤sy°si rmasi g laji m¡lisi dñrasi d krusi pursÛ gñnasi k
ñrusi kleisÛ ¡rsi Þxyæsi bñtrusi n¡kusi susÛ musÛ x¡lusi drusÛ maior - neut. mais
suave - masc. mais suave - neut. isca limite, fim corvo raposa lombriga pente o
uvido senhor comandante, guia mês, lua raio noite chama veste, roupa carro, carr
uagem leite mel lança lágrima fogo joelho elmo, capacete chave ar peixe cacho de
uva morto, cadáver porco rato, camondongo tartaruga carvalho
mur03.p65
176
22/01/01, 11:36
a flexão nominal: os temas nominais
177
Gen. sing. pÛtu-ow krat°r-ow gumn°t-ow pñle-vw dun me-vw ìbre-vw AÞyÛop-ow ndri nt-ow
Arab-ow ¤l¡fant-ow patr-ñw mhtr-ñw yugatr-ñw basil¡-vw ßer-¡vw bo-ñw kun-ñw trix
-ñw ki-ñw teÛx-ouw pel g-ouw ny-ouw brab-¡vw drom-¡vw fæs-evw sin p-evw stÛmm-evw pep
¡r-evw
Nom. sing. Voc. sing. pÛtuw krat r gumn w pñliw dænamiw ìbriw AÞyÛoc ndri w Arac ¦le
faw pat r m thr yug thr basileæw ßereæw boèw kævn yrÛj kÝw teÝxow p¡lagow nyow brab
eæw dromeæw fæsiw sÛnapi stÛmmi p¡peri pÛtu krat r gumn w pñli dænami ìbri AÞyÛo
c ndri n Arac ¦lefan p ter m°ter yægater basileè ßereè boè kævn yrÛj kÝw teÝxow p¡lago
w nyow brabeè dromeè fæsi(w) sÛnapi stÛmmi p¡peri
Dat. pl. pÛtusi krat°rsi gumn°si pñlesi dun mesi ìbresi AÞyÛoci ndri si Araci ¤l¡fasi
patr si mhtr si yugatr si basileèsi ßereèsi bousÛ kusÛ yrijÛ kisÛ teÛxesi pel gesi nyesi
brabeèsi dromeèsi fæsesi sin pesi stÛmmesi pep¡resi pinheiro vaso, cratera ginasta
cidade potência, força insolência Etíope estátua Árabe marfim, elefante pai mãe
filha rei sacerdote boi, vaca cão, cadela cabelo caruncho de trigo parede, mura
lha o mar a flor árbitro corredor natureza mostarda antimônio pimenta
mur03.p65
177
22/01/01, 11:36
178
a flexão nominal: os temas nominais
Quadro geral das dificuldades fonéticas
Temas em Tema velar (a) T. fulakT. aigT. onuxo vigia a cabra a unha Nom. sing. D
.L.I. pl. fælaj aäj önuj gæc fl¡c kat°lic x riw paÝw örniw sÇma fælaji aÞjÛ önuji
gucÛ flecÛ kat lici x risi paisÛ örnisi sÅmasi
labial (b)
T. gupo abutre T. fleba veia T. kathlif- o porão, sotão T. T. T. T. xaritpaidorn
iysvmato favor menino (a) a ave o corpo
dental (c)
(a) Nominativo singular e dat. loc. instr. plural sigmáticos, combinando com a v
elar do tema: g, k, x - w > j (b) Nominativo singular e dat. loc. instr. plural
sigmáticos, combinando com a labial do tema: b, p, f - w > c Não há neutro de te
ma em labial (c) Nominativo singular masc./fem. e dat. loc. instr. plural sigmát
icos (a dental do tema se assimila e cai): d,t,y -w > ss > w. Nos neutros, a den
tal temática em posição final no nominativo singular sofre apócope: sÅmat > sÇma
; no dat. loc. instr. plural a dental do tema se assimila: sÅmat-si > sÅmassi >
sÅmasi.
mur03.p65
178
22/01/01, 11:36
a flexão nominal: os temas nominais
179
Temas em líqüida -r (a)
Tema =htor¦arr/er (b) patr-n (c) hgemonpoimen gvno orador a primavera o pai o coma
ndante o pastor o combate
Nom. sing. = tvr ¦ar pat r ²gemÅn poim n gÅn
D.L.I. pl. = torsi ¦arsi patr si ²gemñsi poim¡si gÇsi
líqüida
(a) Alongamento compensatório da vogal temática no nom. sing. masc./fem.; (=°tor
- > = tvr) desinência zero nos neutros (¦ar). (b) A flexão se faz sobre tema em
vocalismo zero (patr-) no genitivo (patr-ñw), dat. loc. e instr. sing. (patr-Û)
e sobre vocalismo e- nos outros casos, (p ter, pat¡r-a, pat¡r-ew. pat¡r-aw, pat¡r-
vn) e alongamento da vogal temática no nom. sing. (pat r). No dat.plural uma vog
al epentética -a- desfaz a seqüência das três consoantes -trs- (patrsi > patr si).
(c) Alongamento compensatório da vogal temática no nom. sing. masc. e fem. e sí
ncope do n antes do s no dat. loc. instr. plural. Temas em -ntTema -nt (a) gigan
tluyentluyentdeiknuntleontluontluontgigante desligado desligado que mostra leão
que desliga que desliga Nom. sing. gÛgaw luyeÛw (masc.) luy¡n (neutro) deiknæw l
¡vn lævn (masc.) lèon (neutro) D.L.I. pl. gÛgasi luyeÝsi luyeÝsi deiknèsi l¡ousi
læousi læousi
ont (b)
(a) Síncope das dentais -nt- diante do -w, no nominativo singular masc. com alon
gamento compensatório da vogal temática, o mesmo acontecendo no dat. loc. instr.
plural masc. e neutro.
mur03.p65
179
22/01/01, 11:36
180
a flexão nominal: os temas nominais
Apócope da dental final no nominativo singular neutro (luy¡nt > luy¡n). (b) Alon
gamento da vogal temática no nominativo singular masculino (síncope de -tw) leon
tw > l¡vn, læontw > lævn Apócope da dental final no nominativo do neutro (desinê
ncia zero) lèont- > lèon; no dat. loc. instr. plural, síncope das dentais -nt- a
ntes do -s, com alongamento compensatório da vogal temática (o > ou).
Temas em -s
Tema geneskreasaidosSvkratesalhyesalhyesa raça a carne o pudor Sócrates verdadei
ro verdadeiro
Nom. sing. g¡now (neutro) kr¡aw (neutro) aÞdÅw (fem.) Svkr thw (masc.) lhy w (masc.
) lhy¡w (neutro)
D.L.I. pl. g¡nesi kr¡asi *aÞdñsi lhy¡si lhy¡si
* aÞdñsi: é uma forma teórica (pudor, respeito não tem plural). Nos substantivos
neutros de tema em -es: alternância fonética -ow nos casos sintáticos do singul
ar e -es nos outros casos e no plural. Nos adjetivos neutros de tema em -es não
há alternância vocálica. Nos substantivos e adjetivos masculinos e femininos de
tema em -s-: alongamento da vogal temática no nominativo singular. Em toda a fle
xão dos substantivos e adjetivos de tema em -s, o s em posição intervocálica sof
re síncope e, no ático, as vogais em contato se contraem; no jônico não.
mur03.p65
180
22/01/01, 11:36
a flexão nominal: os temas nominais
181
Temas em u (a) j/ej/hj (b) hW (c) -W/eW (d)
Tema ixyupoljfonhWtaxeW-/taxW-
Nom. sing. peixe cidade assassino rápido Þxyæw pñliw foneæw taxæw
D.L.I. pl. Þxyæsi pñlesi foneèsi taxeèsi
(a) Contração possível e freqüente no nominativo plural masc. e fem. (Þxyæew > Þ
xyèw) e síncope do n antes do s no acusativo plural (Þxyænw > Þxyæw). (b) 1. voc
alização do j final e não intervocálico (nom., voc., acus. sing.): nom.: pñliw -
voc.: pñli / pñliw - acus.: pñlin 2. síncope do j intervocálico: dat. sing.: po
leji > pñle-i > pñlei 3. síncope do j intervocálico e metátese de quantidade: ge
n. sing.: pñlhjow > pñlhow/pñlevw 4. síncope do j intervocálico e contração das
vogais do mesmo timbre: nom. pl.: pñlejew > pñleew > pñleiw 5. vogais de timbre
diferente não se contraem: gen. pl.: pñlejvn > pñlevn (ditongação de -evn por an
alogia com o gen. sing.) 6. Vocalização do j depois de consoante e síncope do -n
antes do -w: acus. pl.: pñlejnw > pñleinw > pñleiw (c) 1. o W seguido de consoa
nte se vocaliza em -u. 2. metátese de quantidade: longa + breve > breve + longa.
fonhuw > foneæw 3. as vogais do mesmo timbre se contraem; as outras não. 4. no
D.L.I. do singular fon Wi > fon i; na seqüência de duas longas, a anterior se ab
revia: fon i > fon¡i> foneÝ (d) temas em W com vocalismo zero/e 1. vocalismo zer
o nos casos sintáticos do singular (nom., voc., acus.). 2. vocalismo e nos outro
s do singular e em todo o plural 3. vogais de tibre diferente não se contraem. O
W não intervocálico ou em posição final se vocaliza em u.
mur03.p65
181
22/01/01, 11:36
182
a flexão nominal: os temas nominais
Observação: As informações necessárias para a flexão dos nomes em consoante e se
mivogal estão aí. Contudo, há uma lista de alguns nomes que apresentam uma certa
anormalidade. Não são propriamente irregularidades; são algumas formas que evol
uíram foneticamente e ficaram petrificadas, ao lado de outras; mas são muito pou
cas e estão no quadro prático de reconhecimento do tema e na lista dos heteroclí
ticos (p. 216).
Quadros de flexão:
1. Nomes de tema em oclusiva velar: T. T. T. T. T. fælaks lpiggönuxb°xtrÛxõ ² ² ²
² fælaj s lpigj önuj b°j yrÛj fælakow s lpigg-ow önux-ow bhx-ñw trix-ñw
önuj önuj önux-a önux-ow önux-i önux-i önux-i önux-ew önux-ew önux-aw ônæx-vn ön
uji önuji önuji
o vigia a trombeta a unha, a garra a tosse o cabelo
b°j b°j b°x-a bhx-ñw bhx-Û bhx-Û bhx-Û b°x-ew b°x-ew b°x-aw bhx-Çn bhjÛ bhjÛ bhj
Û yrÛj yrÛj trÛx-a trix-ñw trix-Û trix-Û trix-Û trÛx-ew trÛx-ew trÛx-aw trix-Çn
yrijÛ yrijÛ yrijÛ
Sing. Nom. Voc. Acus. Gen. Dat. Loc. Instr. Pl. Nom. Voc. Acus. Gen. Dat. Loc. I
nstr.
fælaj fælaj fælak-a fælak-ow fælak-i fælak-i fælak-i fælak-ew fælak-ew fælak-aw
ful k-vn fælaji fælaji fælaji
s lpigj s lpigj s lpigg-a s lpigg-ow s lpigg-i s lpigg-i s lpigg-i s lpigg-ew s lpigg-ew s
salpÛgg-vn s lpigji s lpigji s lpigji
fælak-e s lpigg-e önux-e b°x-e trÛx-e Dual N.V.A. G.D.L.I. ful k-oin salpÛgg-oin ônæ
x-oin b x-oin trÛx-oin
mur03.p65
182
22/01/01, 11:36
a flexão nominal: os temas nominais
183
Notas: 1. Velar seguida de sigma (g,k,x + w > j), no nominativo singular e dat.
loc. instr. plural. 2. Sempre que, na flexão, a aspirada do tema (aqui é x) é se
guida de sigma, ela perde a aspiração, e a consoante surda que fica combina com
o sigma, sendo representados pela consoante dupla j. trÛx-w > yrikw > yrÛj. 3. N
esses casos, a aspiração se desloca para a primeira consoante compatível (trix-/
yrÛj/ yrijÛ) (dissimilação). Contudo, quando esse deslocamento descaracteriza a
palavra, a compensação não se faz: b°j bhxñw (e não *f°j). 4. A palavra gun - g
unaik-ñw (T. gunaik-) desloca a tônica para a posição de oxítona no genit. e dat
. loc. instr. singular e plural como os monossílabos e faz o nominativo singular
-k (desinência zero), o que reduz o tema a gunai, por causa da apócope do -k fi
nal; essa é a forma do vocativo: gænai. O nominativo singular gun é uma variant
e oxítona do tema. 5. Todas as palavras de temas monossilábicos deslocam a tônic
a para uma posição de oxítonos ou perispômenos no dat. loc. instr. e gen. singul
ar e plural. 6. Não há neutros de tema em oclusiva velar.
mur03.p65
183
22/01/01, 11:36
184
a flexão nominal: os temas nominais
2. Nomes de tema em oclusiva labial: T. T. T. T. T.
Sing.
Arabgèpfl¡bkat°lifAiyÛopNom. Voc. Acus. Gen. Dat. Loc. Instr. Nom. Voc. Acus. Gen
. Dat. Loc. Instr.
õ õ ² ² õ
Arac gèc fl¡c kay°lc AÞyÛoc
Arab-ow gup-ñw fleb-ñw kat lif-ow AÞyÛop-ow
AÞyÛoc AÞyÛoc AÞyÛop-a AÞyÛop-ow AÞyÛop-i AÞyÛop-i AÞyÛop-i
o árabe o abutre, gavião a veia o sótão o etíope
fl¡c fl¡c fl¡b-a fleb-ñw fleb-Û fleb-Û fleb-Û fl¡b-ew fl¡b-ew fl¡b-aw fleb-Çn fl
ecÛ flecÛ flecÛ gèc gèc gèp-a gup-ñw gup-Û gup-Û gup-Û gèp-ew gèp-ew gèp-aw gup-
Çn gucÛ gucÛ gucÛ
Arac Arac Arab-a Arab-ow Arab-i Arab-i Arab-i Arab-ew Arab-ew Arab-aw Ar b-vn A
kay°lic k y°lic kat lif-a kat lif-ow kat lif-i kat lif-i kat lif-i kat lif-ew kat
lif-ew kat lif-aw kathlÛf-vn kay lici kay lici kay lici
Pl.
AÞyÛop-ew AÞyÛop-ew AÞyÛop-aw AÞyiñp-vn AÞyÛoci AÞyÛoci AÞyÛoci
Dual
N.V.A. Arab-e kat lif-e AÞyÛop-e fl¡b-e gèp-e G.D.L.I. Ar b-oin kathlÛf-oin AÞyiñp-o
in fl¡b-oin gæp-oin
Notas: 1. O vocativo singular é igual ao nominativo. É que o vocativo de desinên
cia zero terminaria nas oclusivas p, b, f, que, em posição final, sofreriam apóc
ope com a conseqüente descaracterização fonética e semântica da palavra. 2. A al
ternância t/y em kay°lic corresponde à alternância f/c da desinência: assimilaçã
o da consoante surda p e deslocamento da aspiração sobre a dental próxima t > y.
mur03.p65
184
22/01/01, 11:36
a flexão nominal: os temas nominais
185
3. Nomes de tema em dental (masc./fem.): T. T. T. T. T. T.
Sing.
paÝdpatrÛd¦ridx ritörniyneñthtNom. Voc. Acus. Gen. Dat. Loc. Instr. paÝw paÝ paÝd-
a paid-Û paid-Û paid-Û
õ/² paÝw ² patrÛw ² ¦riw ² x riw ²/õ örniw ² neñthw
patrÛw patrÛ patrÛd-a patrÛd-i patrÛd-i patrÛd-i patrÛd-ew patrÛd-ew
paid-ñw patrÛd-ow ¦rid-ow x rit-ow örniy-ow neñtht-ow
¦riw ¦ri ¦rin ¦rid-ow ¦rid-i ¦rid-i ¦rid-i ¦rid-ew ¦rid-ew ¦rid-aw ¦risi ¦risi ¦
risi ¦rid-e x riw x ri x rin x rit-ow x rit-i x rit-i x rit-i x rit-ew x rit-ew x rit-aw x
isi x rit-e
o menino, menina a pátria a disputa, briga, rixa a graça, o favor o pássaro, a a
ve a mocidade, juventude
örniw örni örnin örniy-i örniy-i örniy-i örniy-ew örniy-ew neñthw neñthw neñtht-
a neñtht-i neñtht-i neñtht-i neñtht-ew neñtht-ew
paid-ñw patrÛd-ow
örniy-ow neñtht-ow
Pl.
Nom. Voc. Acus. Gen. Dat. Loc. Instr.
paÝd-ew paÝd-ew
paÝd-aw patrÛd-aw paid-Çn patrÛd-vn paisÛ paisÛ paisÛ paÝd-e patrÛsi patrÛsi pat
rÛsi patrÛd-e
örniy-aw neñtht-aw örnisi örnisi örnisi örniy-e neñthsi neñthsi neñthsi neñtht-e
¤rÛd-vn xarÛt-vn ôrnÛy-vn neot t-vn
Dual
N.V.A.
G.D.L.I. paÛd-oin patrÛd-oin
¤rÛd-oin xarÛt-oin ôrnÛy-oin neot t-oin
mur03.p65
185
22/01/01, 11:36
186
a flexão nominal: os temas nominais
Notas: l. O vocativo singular tem normalmente desinência zero; contudo, poderemo
s encontrá-lo, com certa freqüência, igual ao nominativo (ver p. 184, nota 1 - f
lexão dos temas em labial). 2. Os nomes de -i- temático e pré-desinencial átono
(¦riw, x riw, örniw) sofrem a síncope da consoante dental antes do -n e fazem o ac
usativo como se fossem de tema em -i. ¦rin - x rin - örnin, e os de -i- temático e
pré-desinencial tônico mantêm a dental patrÛdn > patrÛda. 3. No plural, a palav
ra örniw se encontra em duas variantes nos casos sintáticos: örniyew / örneiw. 4
. Também têm T. ¦rvtT. ßdrÇtT. xrvtT. g¡lvttema em dental: õ ¦rvw ¦rvtow õ ßdrÇw
ßdrÇtow õ xrÇw xrvtñw (variante xrojñw) õ g¡lvw g¡lvtow (variante g¡lojow) a no
ite o senhor, soberano o amor o suor a pele o riso
5. Também têm tema em dental: T. nukt² næj nukt-ñw T. nakt- õ naj nakt-ow
As formas estranhas do nom. sing. e dat. loc. instr. plural se explicam foneticame
nte:
Nom. sing. Voc. sing. D.L.I. plural nukt-w > nukw > næj nakt-w > nakw > naj næj (se
ria: nu (nukt > nuk > nu)) nakt > nak > na / naj nukt-si > nuksÛ > nujÛ nakt-si > nak
i > naji
No nominativo singular e dativo plural, a dental -t se assimila ao -s que, em co
ntato da gutural -k, é representado pelo j. No vocativo singular nakt > na há apóc
ope sucessiva das consoantes finais. 6. O vocativo singular é o próprio tema que
sofre apócope da consoante final, mas sempre que isso represente uma descaracte
rização fonética (e semântica) da palavra, a opção é sempre pela analogia com o
nominativo. É o caso, por exemplo, em neñthw. A consoante final oclusiva do voca
tivo de desinência zero neñtht- cairia; daí a opção por neñthw.
mur03.p65
186
22/01/01, 11:36
a flexão nominal: os temas nominais
187
4. Nomes neutros de tema em dental: T. stñmatT. m¡litT. pr gmatT. g laktT. ´patT. ìd
attò stñma stñmat-ow tò m¡li m¡lit-ow tò pr gma pr gmat-ow tò g la tò ¸par tò ìdvr g lak
t-ow ´pat-ow ìdat-ow a boca o mel o fato, o feito, o negócio, a coisa o leite o
fígado a água
S. Nom. Voc. Acus. Gen. Dat. Loc. Instr. P. Nom. Voc. Acus. Gen. Dat. Loc. Instr
. D. N.A.V.
stñma stñma stñma stñmat-ow stñmat-i stñmat-i stñmat-i stñmat-a stñmat-a stñmat-
a stom t-vn stñmasi stñmasi stñmasi stñmat-e
m¡li m¡li m¡li m¡lit-ow m¡lit-i m¡lit-i m¡lit-i m¡lit-a m¡lit-a m¡lit-a melÛt-vn
m¡lisi m¡lisi m¡lisi m¡lit-e melÛt-oin
pr gma pr gma pr gma pr gmat-ow pr gmat-i pr gmat-i pr gmat-i pr gmat-a pr gmat-a pr gmat-a
pr gmasi pr gmasi pr gmasi pr gmat-e pragm t-oin
g la g la g la g lakt-ow g lakt-i g lakt-i g lakt-i g lakt-a g lakt-a g lakt-a g laji g laj
¸par ¸par ¸par ´pat-ow ´pat-i ´pat-i ´pat-i ´pat-a ´pat-a ´pat-a ´pasi ´pasi ´pa
si ´pat-e
ìdvr ìdvr ìdvr ìdat-ow ìdat-i ìdat-i ìdat-i ìdat-a ìdat-a ìdat-a êd t-vn ìdasi ìda
si ìdasi ìdat-e êd t-oin
gal kt-vn ²p t-vn
G.D.L.I. stom t-oin
gal kt-oin ²p t-oin
Notas: 1. Os temas em -mat- (pr gma-tow) são bastante numerosos e incontáveis; são
substantivos deverbais, construídos sobre o tema verbal puro do aoristo, e sign
ificam o resultado da ação. Em princípio, qualquer tema verbal pode produzir um
nome em mat.
mur03.p65
187
22/01/01, 11:36
188
a flexão nominal: os temas nominais
2. O tema galakt- está incluído entre os temas em dental porque de fato o é; con
tudo há um duplo acidente fonético com ele no dativo plural: a dental, em contat
o com o sigma, se assimila e sofre síncope: (galakt-si > galaks-si g lak-si); a se
guir, a gutural, em contato com o sigma, é expressa pela consoante dupla -j- (ga
lak-si > g laji). Ver næj e naj na página anterior. No nom. voc. acus. singular que
é o tema puro g lakt, as consoantes finais sofrem apócope sucessivamente: g lakt >
g lak > g la. 3. Não é demais lembrar que, pelo fato de a desinência do nominativo s
ingular neutro ser zero, os temas de neutros em -t sofrem apócope dessa consoant
e nos casos sintáticos do singular: stñmat > stñma a boca m¡lit > m¡li o mel pr gm
at > pr gma o fato, a ação g lakt > g lak > g la o leite 4. Há um certo número de temas
em -t (todos primitivos, neutros e de significado concreto, por serem nomes de o
bjetos do cotidiano), que compensam a desinência zero do nominativo singular e a
apócope da dental, acrescentando uma das três consoantes finais que não sofrem
apócope, o -r certamente por analogia com ² d mar-d mart-ow, a mulher, senhora, dona
, e também por causa do vogal temática a. Em geral são paroxítonos: T. fr¡at- fr
¡ar fr¡at-ow poço T. del¡at- d¡lear del¡at-ow isca T. leÛfat- leifar leÛfat-0w ungü
ento T. eàdateädar eàdat-ow alimento T. st¡at- st¡ar st¡at-ow toucinho, banha, g
raxa, sebo T. ´pat¸par ´pat-ow fígado Mas, ìpar (indecl.) y¡nar y¡nar-ow ¦ar ¦ar
-ow / —r-—r-ow n¡ktar n¡ktarow têm a flexão normal em -r que é o próprio visão,
constatação com os olhos palma da mão primavera néctar tema.
mur03.p65
188
22/01/01, 11:36
a flexão nominal: os temas nominais
189
5. Os de vocalismo em o preferem recorrer à consoante do mesmo ponto de articula
ção (-t > -w). T. fvttò fÇw fvt-ñw luz T. Èttò oïw Èt-ñw ouvido, orelha T. leluk
ñt- lelukÅw lelukñt-ow que acabou de desligar (part. perfeito masc.) T. lelukñt-
lelukñw lelukñt-ow que acabou de desligar (part. p. neutro) Mas tò ìdvr ìdat-ow
T. ìdr- > * ìdar / ìdvr, (como ´par, ´patow?) a água, e não *ìdvw. 6. Há também
alguns poucos que, em lugar de acrescentar uma consoante para proteger a vogal
do tema, preferem a troca da vogal como se flexionassem sobre dois temas. Ver na
lista dos heteroclíticos à página 216. Assim: gñnu - gñnat-ow - joelho dñru - d
ñrat-ow - lança São lembranças de formas homéricas (eólico-jônicas) gonWatow /do
rWatow > goænatow /doæratow (jônicas) 7. Alguns ainda, optando pela consoante do
mesmo ponto de articulação: k¡raw-k¡ratow - chifre, ala p¡raw-p¡ratow - termo,
limite acabam por criar, no singular, duas flexões paralelas: uma sobre o tema e
m -t, e outro sobre o tema em -w. N.V.A. G. D.L.I. p¡raw p¡ras-ow > p¡raow > p¡r
vw p¡ras-i > p¡rai > p¡r& p¡raw p¡rat-ow p¡rat-i
No plural predominam os temas k¡rat-, p¡rat-.
mur03.p65
189
22/01/01, 11:36
190
a flexão nominal: os temas nominais
5. Nomes de tema em -nt T. T. T. T. T. l¡ontgÛgantluy¡ntxari¡ntdeiknæntõ l¡vn õ
gÛgaw luyeÛw xarÛeiw deiknæw l¡ontow gÛgantow luy¡ntow xarÛentow deiknæntow o le
ão o gigante tendo sido desligado (part.aor.pas.) gracioso, grato, agradável dem
ostrante, o que demostra
xarÛeiw xarÛen xarÛent-a xarÛent-ow xarÛent-i xarÛent-i xarÛent-i xarÛent-ew xar
Ûent-ew xarÛent-aw xari¡nt-vn xarÛeisi xarÛeisi xarÛeisi xarÛent-e deiknæw deikn
æn deiknænt-a deiknænt-ow deiknænt-i deiknænt-i deiknænt-i deiknænt-ew deiknænt-
ew deiknænt-aw deiknænt-vn deiknèsi deiknèsi deiknèsi deiknènt-e
S. Nom. Voc. Acus. Gen. Dat. Loc. Instr. P. Nom. Voc. Acus. Gen. Dat. Loc. Instr
. D. N.A.V.
l¡vn l¡on l¡onta l¡ont-ow l¡ont-i l¡ont-i l¡ont-i l¡ont-ew l¡ont-ew l¡ont-aw leñ
nt-vn l¡ousi l¡ousi l¡ousi l¡ont-e
gÛgaw gÛgan gÛgant-a gÛgant-ow gÛgant-i gÛgant-i gÛgant-i gÛgant-ew gÛgant-ew gÛ
gant-aw gig nt-vn gÛgasi gÛgasi gÛgasi gÛgant-e
luyeÛw luy¡n luy¡nt-a luy¡nt-ow luy¡nt-i luy¡nt-i luy¡nt-i luy¡nt-ew luy¡nt-ew l
uy¡nt-aw luy¡nt-vn luyeÝsi luyeÝsi luyeÝsi luy¡nt-e
G.D.L.I. leñnt-oin gig nt-oin luy¡nt-oin xar¡nt-oin deiknænt-oin
Notas: 1. Pelo que se pode observar, sempre que há uma síncope de -nt- antes de
-w, há um alongamento compensatório da vogal anterior: -antw > aw -antsi > asi -
entw > eiw -entsi > -eisi -untw > uw, untsi > usi -ontsi > ousi
mur03.p65
190
22/01/01, 11:36
a flexão nominal: os temas nominais
191
Há apenas um tratamento especial: o nominativo singular masculino dos temas em -
ont-: Onde nós esperávamos -ouw temos -vn. l¡ontw- > l¡vn læontw- > lævn Convém
lembrar, entretanto, que isso acontece somente em posição final e com temas paro
xítonos ou proparoxítonos. Mas odñnt- (dente), tema oxítono, tem as duas formas
no nominativo singular: ôdoæw (a mais usada) e ôdÅn; o vocativo é ôdñn. 2. As gr
amáticas registram variantes para o dativo plural: xarÛent-si > xarÛeisi / xarÛe
si 3. Sobre esses modelos de tema em -nt se flexionam todos os particípios ativo
s em -nt e também o particípio aoristo passivo (que usa desinências ativas). Nom
in.
T. lè-o-nt- > T. lè-o-nt- > lævn lèon
Gen.
(masc.) desligante, desligando, que desliga læont-ow (neutro) desligante, deslig
ando, que desliga læsont-ow (masc.) havendo de desligar, que haverá de desligar,
que desligará læsont-ow (neutro) havendo de desligar, que haverá de desligar, q
ue desligará læsant-ow (masc.) tendo desligado læsant-ow (neutro) tendo desligad
o luy¡nt-ow (masc.) tendo sido desligado luy¡nt-ow (neutro) tendo sido desligado
stal¡nt-ow (masc.) tendo sido enviado stal¡nt-ow (neutro) tendo sido enviado læ
ont-ow
T. lè-s-o-nt- > læs-vn T. lès-ont- > T. læ-sant- > T. lu-sa-nt- > T. lu-yh-nt- >
T. luy nt- > T. stal- -nt- > T. stal nt- > lèson læsaw lèsan luyeÛw luy¡n stale
Ûw stal¡n
A forma neutra desses particípios é o próprio tema com a apócope da dental final
.
mur03.p65
191
22/01/01, 11:37
192
a flexão nominal: os temas nominais
4. Diferentemente do latim e das línguas românicas, o grego tem o particípio fem
inino ativo, que se constrói com o sufixo -ja sobre o tema do particípio masculi
no.
luont-ja > luontia > luonsia > lusonsia > luonsa > lusonsa > læousa-shw desligan
te, que desliga lusont-ja > lusontia > læsousa-shw havendo de desligar, que desl
igará que desligou, tendo desligado que foi desligada, tendo sido desligada
lusant-ja > lusantia > lusansia > luyent-ja > luyentia > luyensia >
lusansa > læsasa-shw luyensa > luyeÝsa-shw
stalent-ja > stalentia > stalensia > stalensa > staleÝsa-shw que foi enviada, te
ndo sido enviada, enviada
Os particípios femininos são de tema em -a impuro; (genitivo em -hw)
mur03.p65
192
22/01/01, 11:37
a flexão nominal: os temas nominais
193
6. Nomes de tema em -n
T. T. T. T. T. T.
S. Nom. Voc. Acus. Gen. Dat. Loc. Instr. P. Nom. Voc. Acus. Gen. Dat. Loc. Instr
.
daÝmondelfÝnpoim¡nm n gÅn Ellhn-
õ daÛmvn õ delfÝn õ poim n õ m n õ gÅn õ Ellhn
delfÝw delfÝn delfÝn-a delfÝn-ow delfÝn-i delfÝn-i delfÝn-i delfÝn-ew delfÝn-ew
delfÝn-aw delfÛn-vn delfÝsi delfÝsi delfÝsi
daÛmon-ow delfÝn-ow poim¡n-ow mhn-ñw agÇn-ow Ellhn-ow
poim n pom¡n poim¡n-a poim¡n-ow poim¡n-i poim¡n-i poim¡n-i pom¡n-ew pom¡n-ew poim¡n
-aw poim¡n-vn poim¡si poim¡si poim¡si
o nume o delfim o pastor o mês, a lua a luta, a liça, o combate o grego, o helen
o
gÅn g Ån gÇn-a gÇn-ow gÇn-i gÇn-i gÇn-i gÇn-ew gÇn-ew gÇn-aw gÅn-vn gÇsi gÇsi
n-a Ellhn-ow Ellhn-i Ellhn-i Ellhn-i Ellhn-ew Ellhn-ew Ellhn-aw Ell n-vn Ellhsi E
si
daÛmvn daÝmon daÛmon-a daÛmon-ow daÛmon-i daÛmon-i daÛmon-i daÛmon-ew daÛmon-ew
daÛmon-aw daimñn-vn daÛmosi daÛmosi daÛmosi
m n m n m°n-a mhn-ñw mhn-Û mhn-Û mhn-Û m°n-ew m°n-ew m°n-aw mhn-Çn mhsÛ mhsÛ mhs
Û
D. N.A.V. daÛmon-e G.D.L.I. damñn-oin
delfÝn-e poim¡n-e m°n-e gÇn-e Ellhn-e delfÛn-oin pom¡n-oin m n-oin gÅn-oin Ell n-oin
Notas: 1. Há temas em vogal breve e temas em vogal longa; os de vogal breve alon
gam-na no nominativo singular e constroem o restante sobre tema breve: os de vog
al longa não a alteram ao longo da flexão. A vogal longa do nominativo singular
masculino seria uma compensação pela ausência do -w. Mas em:
T. kten-w T. ¥n-w T. =in-w kteÝw eåw =Ýw kten-ñw ¥n-ñw =in-ñw pente um, (cardina
l masc.) nariz
houve a síncope do -n- pré-sigmático e alongamento compensatório da vogal. 2. No
D.L.I. plural o -n temático sofre síncope antes de -si sem nenhuma alteração na
vogal anterior.
mur03.p65
193
22/01/01, 11:37
194
a flexão nominal: os temas nominais
7. Adjetivos de tema em -n (masc./fem. e neutro) T. sÅfron- sÅfrvn, sÇfron prude
nte, moderado T. t¡rent¡rhn, t¡ren delicado, tenro, mole T. m¡lanm¡law, m¡lan ne
gro, preto m./f.
S. Nom. Voc. Acus. Gen. Dat. Loc. Instr. P. Nom. Voc. Acus. Gen. Dat. Loc. Instr
. D. N.A.V. sÅfrvn sÇfron sÅfron-a sÅfron-i sÅfron-i sÅfron-i sÅfron-ew sÅfron-e
w
neutro
sÇfron sÇfron sÇfron sÅfron-i sÅfron-i sÅfron-i sÅfron-a sÅfron-a
m./f.
t¡rhn t¡ren t¡ren-a t¡ren-i t¡ren-i t¡ren-i
neutro
t¡ren t¡ren t¡ren t¡ren-i t¡ren-i t¡ren-i
m./f.
m¡law m¡la(n) m¡lan-a m¡lan-i m¡lan-i m¡lan-i m¡lan-ew m¡lan-ew m¡lan-ew m¡lasi
m¡lasi m¡lasi m¡lan-e
neutro
m¡lan m¡lan m¡lan m¡lan-i m¡lan-i m¡lan-i m¡lan-a m¡lan-a m¡lan-a m¡lasi m¡lasi
m¡lasi m¡lan-e
sÅfron-ow sÅfron-ow t¡ren-ow t¡ren-ow m¡lan-ow m¡lan-ow
t¡ren-ew t¡ren-a t¡ren-ew t¡ren-a t¡ren-aw t¡ren-a t¡resi t¡resi t¡resi t¡ren-e
t¡resi t¡resi t¡resi t¡ren-e
sÅfron-aw sÅfron-a sÅfrosi sÅfrosi sÅfrosi sÅfron-e sÅfrosi sÅfrosi sÅfrosi sÅfr
on-e
svfrñn-vn svfrñn-vn ter¡n-vn ter¡n-vn mel n-vn mel n-vn
G.D.L.I. svfrñn-oin svfrñn-oin ter¡n-oin ter¡n-oin mel n-oin mel n-oin
Notas: 1. A alternância longa/breve da vogal temática identifica o masculino e o
neutro (longa para o m./f. e breve para o neutro). 2. Os adjetivos em -vn/-on s
ão biformes. 3. Mas os adjetivos em -hn/-en, -an/an fazem o feminino com o sufix
o -ja: t¡ren-ja > t¡renia > t¡reina-hw m¡lan-ja > m¡lania > m¡laina-hw Esses fem
ininos são temas em -a impuro e assim se declinam.
mur03.p65
194
22/01/01, 11:37
a flexão nominal: os temas nominais
195
4. Declinam-se também sobre o modelo acima um certo número de adjetivos biformes
em -vn/-on com significado comparativo, que não têm grau normal do mesmo tema e
, supletivamente, servem de comparativos para esses (ver p. 142). São os seguint
es: Tema ameinon areion beltion kreitton kresson lÄon algion kakion xeiron hsson
kallion meion ¤l sson pleion pleon =&on exyion meizon masc./fem. meÛnvn reÛvn beltÛ
vn kreÛttvn kreÛssvn lÐvn lgÛvn kakÛvn xeÛrvn ´ssvn kallÛvn meÛvn ¤l ssvn pleÛvn pl
¡vn = vn ¤xyÛvn meÛzvn neutro meinon reion b¡ltion kreÝtton kreÝsson lÒon lgion k kion
xeÝron —sson k llion meÝon ¦lasson pleÝon pl¡on = on ¦xyion meÝzon melhor, mais nobr
e melhor, mais nobre (poét.) melhor, de mais valor melhor, mais forte variante d
a anterior melhor, mais útil mais doloroso pior, mais vicioso inferior menor, ma
is fraco, inferior mais belo menor, mais curto, breve menos numeroso, menor mais
numeroso, maior variante ática do anterior mais fácil pior, mais inimigo, repug
nante maior, mais volumoso de temas em -u; mais doce, mais agradável mais rápido
variante do anterior variante do anterior
E ainda alguns comparativos de adjetivos ²dion ²dÛvn ´dion taxion taxÛvn t xion yat
ton y ttvn y tton yasson y ssvn y sson
5. É muito comum encontrarmos algumas formas contratas desses adjetivos por caus
a da síncope do -n- intervocálico. As mais constantes são as do acusativo singul
ar e plural masc./fem., e neutro e nominativo plural masc./fem. e neutro.
mur03.p65
195
22/01/01, 11:37
196
a flexão nominal: os temas nominais
beltÛona > beltÛv ac.sing. masc./fem. e n.v.ac. neutro pl. beltÛonew > beltÛouw
n.v.masc./fem. pl. beltÛonaw > beltÛvw/beltÛouw ac.masc.fem. pl. (ver p. 142) 6.
Os nomes próprios em -on - T. Apollon-, T. Pñseidon-, T. Ag memnon- e outros fazem
o nominativo singular longo, paroxítono e o vocativo, que é o próprio tema, prop
aroxítono; T. Apollon- voc. - Apollon nom. - Apñllvn T. Pñseidonvoc. -Pñseidon nom. -
PoseÛdvn T. Ag memnon- voc. - Ag memnon nom. - Agam¡mnvn O mesmo acontece com os adjetivo
s de mais de duas sílabas:o nominativo singular é longo, paroxítono e o vocativo
, que é o próprio tema, proparoxítono: T. kakñdaimon- voc. -kakñdaimon nom. -kak
odaÛmvn T. eëdaimonvoc. -eëdaimon nom. -eédaÛmvn T. pragmon- voc. - pragmon nom. - pr g
mvn 7. ² Pnæj, Puknñw - a Pnix, local das assembléias, sofre metátese das consoa
ntes do tema no nom. e voc. singular; o tema é Pækn- (²) Pnæj, Ï Pnæj, t n Pækna
, t°w Puknñw, t» PuknÛ 8. õ r n, rn-ñw - o cordeiro, tem o tema ren/ rn; então teria
o nom. e voc. sing. respectivamente r n - ren que quase não são usados, sendo subs
tituídos por mnñw; mas todos os outros casos flexionam normalmente sobre o tema a
rnSing. mas: Pl. õ r n (õ mnñw), Î ren ( mn¡) tòn rna, toè rnñw, tÒ rnÛ oß rnew, Î
oçw rnaw, tÇn rnÇn, toÝw rn si (homérico rnessi).
9. õ / ² fr n - fren-ñw - a mente, o coração (tema:-fren- / frn-) tem flexão nor
mal sobre o tema fren-; apenas no D.L.I. plural podemos encontrar uma variante s
obre o tema frn- frn-si > frasÛ (vocalização do n).
mur03.p65
196
22/01/01, 11:37
a flexão nominal: os temas nominais
197
8. Nomes e adjetivos de tema em -r e -l T. fvrT. = torT. y ro gatuno, mão leve,
ladrão o orador o animal selvagem, bicho, caça, presa T. gast¡r- ² gast r gast¡r
-ow o estômago T. pator- p tvr p tor-ow sem pai
masc./fem. neutro
S. Nom. Voc. Acus. Gen. Dat. Loc. Instr. P. Nom. Voc. Acus. Gen. Dat. Loc. Instr
. D. N.A.V. fÅr fÅr fÇr-a fvr-Û fvr-Û fvr-Û fÇr-ew fÇr-ew = tvr =°tor = tor-a =
tor-i = tor-i = tor-i y r y r y°r-a yhr-Û yhr-Û yhr-Û gast r g ster gast¡r-a gast¡
r-i gast¡r-i gast¡r-i p tvr pator p tor-a p tor-i p tor-i p tor-i pator pator pato
õ fÅr õ = tvr õ y r
fvr-ñw = tor-ow yhr-ñw
fvr-ñw = tor-ow yhr-ñw gast¡r-ow
p tor-ow p tor-ow
= tor-ew y°r-ew gast¡r-ew = tor-ew y°r-ew gast¡r-ew
p tor-ew p tor-a p tor-ew p tor-a
fÇr-aw = tor-aw y°r-aw gast¡r-aw p tor-aw p tor-a fvr-Çn =htñr-vn yhr-Çn gast¡r-vn patñ
r-vn patñr-vn fvr-sÛ fvr-sÛ fvr-sÛ fÇr-e = tor-si yhr-sÛ gast¡r-si = tor-si yhr-s
Û gast¡r-si = tor-si yhr-sÛ gast¡r-si = tor-e y°r-e gast¡r-e p tor-si p tor-si p tor-si
r-si p tor-si p tor-si p tor-e p tor-e
G.D.L.I. fÅr-oin =htñr-oin y r-oin gast¡r-oin patñr-oin patñr-oin
mur03.p65
197
22/01/01, 11:37
198
a flexão nominal: os temas nominais
Notas: 1. Há apenas um nome de tema em -l- : lw- l-ñw ( l-), õ - o sal (tema l). 2. Há
também alguns neutros: y¡nar-y¡nar-ow, (tñ) ¦ar-¦ar-ow / —r-—r-ow —tor-³tor-ow
palma da mão primavera pulmão, coração (sede dos sentimentos e da inteligência)
(ver p. 197).
3. A flexão de ² xeÛr, xeir-ñw, que apresenta inúmeras variantes em todos os cas
os, pode ser vista como se tivesse dois temas: N. V. A. G. D. L. I. S. xeÛr /x r
xeÛr / x¡r xeÝr-a / x¡r-a xeir-ñw / xer-ñw xeir-Û / xer-Û xeir-Û /xer-Û xeir-Û
/ xer-Û P. xeÝr-ew / x¡r-ew xeÝr-ew / x¡r-ew xeÛr-aw / x¡r-aw xeir-Çn / xer-Çn x
eir-sÛ / xer-sÛ xeir-sÛ / xer-sÛ xeir-sÛ / xer-sÛ D. xeÝre / x¡re xeir-oÝn / xer
/oÝn
Todas as variantes são possíveis. 4. O substantivo õ m rtuw, m rturow, a testemunha,
embora de tema em -r, por analogia com os nomes em -uw, faz o nominativo singul
ar m rtuw e o dat. plural m rtusi.
mur03.p65
198
22/01/01, 11:37
a flexão nominal: os temas nominais
199
9. Nomes de tema em -r / -er T. T. T. T. T. p tr-/p term tr-/m ter nr-/ ner-/ ndr steryægat
-/yægaterpat r p ter pat¡r-a patr-ñw patr-Û patr-Û patr-Û pat¡r-ew pat¡r-ew pat¡r-
aw pat¡r-vn patr -si patr -si patr -si
õ ² õ õ ²
pat r patr-ñw m thr mhtrñw n r andr-ñw st r st¡r-ow yug thr yugatrñw
n r ner ndr-a ndr-ñw ndr-Û ndr-Û ndr-Û st r ster st¡r-a st¡r-ow st¡r-i st¡r-i
o pai a mãe ovarão, marido a estrela, astro a filha
yug thr yægater yugat¡r-a yugatr-ñw yugatr-Û yugatr-Û yugatr-Û
S. Nom. Voc. Acus. Gen. Dat. Loc. Instr. P. Nom. Voc. Acus. Gen. Dat. Loc. Instr
.
m thr m°ter mht¡r-a mhtr-ñw mhtr-Û mhtr-Û mhtr-Û mht¡r-ew mht¡r-ew mht¡r-aw mht¡
r-vn mhtr -si mhtr -si mhtr -si
ndr-ew st¡r-ew yugat¡r-ew ndr-ew st¡r-ew yugat¡r-ew ndr-aw st¡r-aw yugat¡r-aw ndr-Çn
r-vn yugat¡r-vn ndr -si str -si yugatr -si ndr -si str -si yugatr -si ndr -si str -si
-oin st¡r-e yugat¡r-e st¡r-oin yugat¡r-oin
D. N.A.V. pat¡r-e mht¡r-e G.D.L.I. pat¡r-oin mht¡r-oin
mur03.p65
199
22/01/01, 11:37
200
a flexão nominal: os temas nominais
Notas: 1. Essas são as formas mais usadas. No entanto, poderemos encontrar outra
s variantes; é como se fossem duas declinações paralelas: uma sobre o tema de vo
calismo zero e outra de vocalismo e. nr ner o varão p trp ter o pai m trm ter a mãe yæg
atryægater a filha 2. No D.L.I. desses nomes, construído sobre o tema em vocalis
mo zero, para quebrar a seqüência de três consoantes, desenvolveu-se um a epenté
tico. ndrsi > ndr si 34 mhtrsi > mhtr si patrsi > patr si yugatrsi > yugatr si gastrsi >
astr si strsi > str si 3. Dhm thr se declina assim: Dhm thr, D mhter, D metra, D metro
w, D metri. 4. O tema do nome ² d mar-d mart-ow - mulher é em dental; a forma d mar é
usada só no nominativo e vocativo singular. É a redução fonética de d mart-w > d mar
w > d mar. 5. Também são em dental alguns neutros como —par-´pat-ow já incluídos n
o quadro dos temas em dental (ver p. 188).
34
Na seqüência -nrs- desenvolveu-se um -d- epentético. Ver p. 44, nota.
mur03.p65
200
22/01/01, 11:37
a flexão nominal: os temas nominais
201
10. Nomes e adjetivos de tema em semivogal: -u/- i T. T. T. T. T. T. ÞsxækÛ Erinæd k
rusæàdri² Þsxæw õ kÛw ² Erinæw ² d kruw õ/² sèw/ðw àdriw Þsxæ-ow ki-ñw Erinæ-ow d kru-
ow su-ñw/êñw àdri- ow a força o caruncho (de cereal) a/as Eríneas a lágrima a po
rca, o javali perito, hábil
masc./fem. neut. S. Nom. Voc. Acus. Gen. Dat. Loc. Instr. P. Nom. Voc. Acus. Gen
. Dat. Loc. Instr. D. N.A.V. Þsxæw Þsxæ Þsxæ-n Þsxæ-i Þsxæ-i Þsxæ-i Þsxæ-ew Þsxæ
-ew Þsxæw Þsxæsi Þsxæsi Þsxæsi Þsxæ-e kÛw kÛ(w) kÛ-n ki-Û ki-Û ki-Û kÛ-ew kÛ-ew
kÛ-aw ki-sÛ ki-sÛ ki-sÛ kÛ-e Erinæw Erinu(w) Erinæ-n Erinæ-ow Erinæ-i Erinæ-i Erinæ-
inæ-ew Erinæ-ew Erinæw Erinæ-si Erinæ-si Erinæ-si Erinæ-e d kruw d kru d kru-n d kru-
d kru-i d kru-i d kru-ew d kru-ew d kruw d kru-si d kru-si d kru-si d kru-e sèw sè(w) sè-n
u-Û su-Û su-Û sè-ew sè-ew sèw su-sÛ su-sÛ su-sÛ sè-e àdriw àdri àdri-n àdri-ow à
dri-i àdri-i àdri-i àdri-ew àdri-ew àdri-aw àdri-si àdri-si àdri-si àdri-e àdri
àdri àdri àdri-ow àdri-i àdri-i àdri-i àdri-a àdri-a àdri-a ÞdrÛ-vn àdri-si àdri
-si àdri-si àdri-e ÞdrÛ-oin
Þsxæ-ow ki-ñw
Þsxæ-vn ki-Çn Erinæ-vn
dakræ-vn su-Çn ÞdrÛ-vn
G.D.L.I. Þsxæ-oin kÛ-oin Erinæ-oin
dakræ-oin sæ-oin ÞdrÛ-oin
mur03.p65
201
22/01/01, 11:37
202
a flexão nominal: os temas nominais
Notas: 1. A forma do acusativo plural em geral aparece contrata, construída sobr
e -unw/inw; as do nominativo plural também podem se contrair: Acus. Pl. Þsxæ-nw
> ki-nw > àdri-nw > d kru-nw > Erinæ-nw > Nom. Pl. Þsxèw kÝw àdri-iw d kruw Erinèw Þsx
æ-ew > kÛ-ew > àdri-ew > d kru-ew > Erinæ-ew > Þsxèw kÝw àdriw d kruw Erinèw
2. O nome d kruw no plural aparece de preferência na forma neutra: d krua. 3. Não sã
o numerosas as palavras de tema em -u/-i. As mais usadas são as seguintes: pñtri
w-iow . ² Þxyæw-æow, õ mèw-muñw a potranca o peixe o ratinho o camundongo n¡kuw-
uow, õ o cadáver pÛtuw-uow, ² o pinheiro ¦gxeluw-uow, ² a enguia* kn°siw-iow, ²
a coceira, a raspagem bñtruw-uow, õ o cacho de uva drèw-druñw, ² o carvalho x¡lu
w-uow, ² a tartaruga, a cítara öfruw-uow, ² a sobrancelha xlamæw-æow, ² a veste,
o manto**
* Há um plural ¤gx¡leiw sobre um tema ¤gxeleW** Há variantes em dental xlamæw-xl
amæd-ow, bñtruw-bñtrud-ow
4. A palavra ² oäw, oÞ-ñw - a ovelha, tem o tema ôWi-. O -W- intervocálico sofre
síncope: ôWi > ôi. Portanto, é um tema em -i, perfeitamente regular: Nom. Voc.
Acus. Gen. Dat. Loc. Instr. Singular ôWi-w > oäw ôWi > oä / oäw ôWi-n > oän ôWi-
ñw > oÞñw ôWi-Û > oÞÛ > ôÛ ôWi-Û > oÞÛ > ôÛ ôWi-Û > oÞÛ > ôÛ Plural ôWi-ew> oäew
ôWi-ew > oäew ôWi-nw > oänw > oäw ôWi-Çn > oÞÇn ôWi-sÛ > oÞsÛ ôWi-sÛ > oÞsÛ ôWi
-sÛ > oÞsÛ Dual ôWi-e > oäe ôWi-oin > oÞoÝn
mur03.p65
202
22/01/01, 11:37
a flexão nominal: os temas nominais
203
11. Substantivos e adjetivos de tema em -es (masc./fem.) T. trÛhresT. aÞdñsT. lhy
¡s² tri rhw - ouw ² aÞdÅw-oèw lhy w, ¡w a trirreme o respeito, pudor, vergonha re
al, verdadeiro (masc./fem.)
masc./fem.
S. Nom. Voc. Acus. Gen. Dat. Loc. Instr. P. Nom. Voc. Acus. Gen. Dat. Loc. Instr
. D. N.A.V. tri rhw trÛhrew tri res-a > ea > h tri res-ow > eow > ouw tri res-i
> ei tri res-i > ei tri res-i > ei tri res-ew > eew > eiw tri res-ew > eew > eiw
tri rew-nw > enw > eiw trihr¡s-vn > ¡vn > Çn tri res-si > tri resi tri res-si >
tri resi tri res-si > tri resi tri res-e > ee > ei aÞdÅw aÞdñw aÞdñs-a > ña > Å
aÞdñs-i > ñi > oÝ aÞdñs-i > ñi > oÝ aÞdñs-i > ñi > oÝ lhy w lhy¡w lhy¡s-a > ¡a > °
lhy¡s-i > ¡i > eÝ lhy¡s-i > ¡i > eÝ lhy¡s-i > ¡i > eÝ lhy¡s-ew > ¡ew > eÝw lhy¡s-ew
> ¡ew > eÝw lhy¡w-nw > ¡nw > eÝw lhy¡s-vn > ¡vn > Çn lhy¡s-si > lhy¡si lhy¡s-si > lhy
si lhy¡s-si > lhy¡si lhy¡s-e > > eÝ lhy¡s-oin > ¡oin > oÝn
aÞdñs-ow > ñow > oèw lhy s-ow > ¡ow > oèw
G.D.L.I. trihr¡s-oin > ¡oin > oÝn
mur03.p65
203
22/01/01, 11:37
204
a flexão nominal: os temas nominais
Notas: 1. Os nomes masculinos e femininos de temas em -w alongam a vogal temátic
a breve no nominativo singular: aÞdñw > aÞdÅw ; SÅkratew > Svkr thw ; trÛhrew > tr
i rhw. 2. Alguns nomes próprios, compostos com o sufixo derivado de kl¡ow < kl¡W
ow - glória, renome, têm esse sufixo no vocalismo -ew-, (como nyes-/ nyow, tais co
mo: T. PerikleWew T. HrakleWew T. SofokleWew Perikl°w Hrakl°w Sofokl°w Péricles Hé
racles - Hércules Sófocles
Declinam-se normalmente com temas masculinos em -e. Nom. Perikl¡Whw > Perikl¡hw
> Perikl°w PerÛkleew > PerÛkleiw Voc. PerÛkleWew > Acus. Perikl¡Wew-a > Perikl¡e
a > Perikl¡a Gen. Perikl¡Wes-ow > Perikl¡eow > Perikl¡ouw Dat. Perikl¡Wes-i > Pe
rikl¡-ei > PerikleÝ 5. Alguns nomes próprios de tema em -w, como Svkr thw, Demosy¡
nhw, Aristof nhw, às vezes, por analogia com os temas em vogal -a/-h masculinos (-h
w/-aw), fazem o acusativo singular em -n (-hn), ao lado do acusativo normal: -es
-a > ea > h. Svkr thw Demosy¡nhw Aristof nhw Svkr th Demosy¡nh Aristof nh e Svkr thn e De
y¡nhn e Aristof nhn
mur03.p65
204
22/01/01, 11:37
a flexão nominal: os temas nominais
205
12. Nomes e adjetivos neutros de tema em -w T. nyes- tò nyow T. kr¡as- tò kr¡aw T.
lhy¡s- lhy¡w
S. Nom. Voc. Acus. Gen. Dat. Loc. Instr. P. Nom. Voc. Acus. Gen. Dat. Loc. Instr
. D. N.A.V. nyow nyow nyow nyes-ow > eow> ouw nyes-i > ei nyes-i > ei nyes-i > ei n
> ea > h nyes-a > ea > h nyes-a > ea > h nyes-si > nyesi nyes-si > nyesi nyes-si >
i nyes-e > ee > ei
nyouw kr¡vw
a flor a carne real, verdadeiro (neutro)
lhy¡w lhy¡w lhy¡w lhy¡s-ow> ¡ow> oèw lhy¡s-i > ¡i > eÝ lhy¡s-i > ¡i > eÝ lhy¡s-i > ¡
eÝ lhy¡s-a > ¡a > ° lhy¡s-a > ¡a > ° lhy¡s-a > ¡a > ° ley¡s-si > lhy¡si ley¡s-si >
¡si ley¡s-si > lhy¡si
kr¡aw kr¡aw kr¡aw kr¡as-ow> aow> vw kr¡as-i > ai / & kr¡as-i > ai / & kr¡as-i >
ai / & kr¡as-a > aa > a kr¡as-a > aa > a kr¡as-a > aa > a kr¡as-si > kr¡asi kr¡a
s-si > kr¡asi kr¡as-si > kr¡asi
ny¡s-vn > ¡vn > Çn kre s-vn > vn > Çn lhy¡s-vn > ¡vn > Çn
kr¡as-e > kr¡ae > kr¡a lhy¡s-e > ¡e > eÝ
G.D.L.I. ny¡s-oin > ¡oin > oÝn kre s-oin > oin > Òn lhy¡s-oin > ¡oin > oÝn
mur03.p65
205
22/01/01, 11:37
206
a flexão nominal: os temas nominais
Notas: 1. A característica maior desses nomes (substantivos, adjetivos) é a sínc
ope do -w temático sempre que se encontrar em posição intervocálica. O hiato res
ultante do encontro das vogais, no ático resulta em contração; no jônico e eólic
o o hiato permanece. 2. Nos casos nom. voc. ac. do singular os nomes neutros de
tema em -ew sofrem metafonia alternando a vogal do tema de e para o: nyew-/ nyow.
Os outros casos do singular e todo o plural flexionam sobre o tema nyes-. 3. Dois
nomes neutros de tema em dental: p¡raw - p¡rat-ow termo, limite e k¡raw - k¡rat
-ow chifre, ala, por causa da opção do nominativo singular p¡raw e k¡raw, em lug
ar de p¡ra e k¡ra, que seriam normais com a apócope do -t, têm duas flexões para
lelas no singular: uma analógica à de kr¡aw e outra em dental (ver o paradigma d
as dentais, p. 189). 4. Os adjetivos de tema em -w são biformes: o masculino/fem
inino tem a vogal do tema alongada no nominativo singular: - lhy w, e o neutro ma
ntém a vogal do tema breve em toda a flexão: lhy¡s-. 5. Sobre o modelo kr¡aw decl
inam-se alguns nomes neutros antigos e de significado especial: tò br¡taw a está
tua, (ídolo) de madeira tò oïdaw o solo, o piso, o chão tò kn¡faw as trevas, a e
scuridão tò s¡law o brilho, o esplendor (que ofusca) tò d¡maw o corpo tò s¡baw o
prodígio, a veneração tò t¡raw o prodígio, o monstro tò d¡paw a taça Desses nom
es, alguns às vezes fazem a flexão com vocalismo -e(kn¡faw, oïdaw, br¡taw), e ou
tros, por causa do significado, só se usam nos casos sintáticos do singular (nom
., voc. e acus.), o que leva os gramáticos a classificá-los como indeclináveis.
mur03.p65
206
22/01/01, 11:37
a flexão nominal: os temas nominais
207
13. Nomes de tema em -j T. pñlj-/pñlej-/pñlhj T. peiyñjFlexão de ² pñliw
S. Nom. Voc. Acus. Gen. Dat. Loc. Instr. P. Nom. Voc. Acus. Gen. Dat. Loc. Instr
. D. N.A.V. G.D.L.I. pñlj-w > pñli-w pñlj > pñli (w) pñlj-n > pñli-n polhj-ow >
pñlhiow > pñlhow > pñlevw polej-i > pñle-i > pñlei polej-i > pñle-i > pñlei pole
j-i > pñle-i > pñlei polej-ew > pñleew > pñleiw polej-ew > pñleew > pñleiw polej
-nw > pñleinw > pñleiw polej-vn > pñlevn polej-si > pñlesi polej-si > pñlesi pol
ej-si > pñlesi polej-e > pñlee > pñlei polej-oin > pol¡oin
pñliw - pñlevw, ² peiyÅ-peiyoèw, ²
² peiyÅ
a cidade a persuasão
peiyoj .> peiyÅi / peiyÐ / peiyÅ peiyñj > peiyoÝ peiyñja > peiyña > peiyÅ peiyñjow
> peiyñow > peiyoèw peiyñji > peiyoÝ peiyñji > peiyoÝ peiyñji > peiyoÝ
Notas: 1. O -j depois de consoante se vocaliza; entre vogais sofre síncope e, no
ático, vogais do mesmo timbre se contraem. nom. sing. pñlj-w > pñliw voc. sing.
pñlj- > pñli / pñliw acus. sing. pñlj-n > pñlin nom. pl. pñlej-ew > pñleew > pñ
leiw
mur03.p65
207
22/01/01, 11:37
208
a flexão nominal: os temas nominais
2. No ático, sempre que houver uma seqüência de vogal longa + vogal breve, há um
a metátese de quantidade; mas a posição da tônica fica inalterada: gen. sing. -
pñlhj-ow > pñlhow > pñlevw 3. Há muitas variantes da flexão de pñliw; há mesmo u
ma que se flexiona sobre o tema poli- sem nenhuma complicação fonética: Singular
: pñliw - pñli(w) - pñlin - pñliow - pñlii > pñli Plural: pñliew - pñliew - pñli
-nw > póliw/ pñliaw - polÛvn - pñlisi Outras duas variantes arcaicas são as segu
intes: tema poli- para os três casos sintáticos do singular e polh para os concr
etos e para o plural: Singular: pñliw - pñli(w) - pñlin - pñlhow - pñlhi Plural:
pñlhew - pñlhew - pñlhaw - pol vn - pñlhsi 4. Esse modelo é importante porque é
sobre ele que se flexionam, além de alguns temas nominais antigos na língua, ta
mbém todos os nomes deverbais em -siw, que significam a ação do verbo. Esses são
tão incontáveis quanto os deverbais em ma com quem fazem contraponto. Alguns te
mas nominais: öfiw-evw, ² a serpente sÛnapi-evw, tñ a mostarda ìbriw-ìbrevw, ² o
descomedimento m ntiw-evw, õ o adivinho p¡peri-evw,tò a pimenta Alguns deverbais:
dænamiw-evw,² potência, força fæsiw-fæsevw, ² a natureza a fileira, ordem t jiw-e
vw, ² (tag-) pr jiw-evw,² (prag-) o ato, a ação a visão, o exame öciw-evw, ² (op-)
pñsiw-evw, ² (po-) a bebida (a ação) dñsiw-evw, ² (do-) a dação, o dom a posiçã
o, a tese y¡siw-evw, ²(ye-) 5. Todos esses nomes são construídos sobre o tema ve
rbal puro (aoristo), porque significam a realização do ato verbal em si. Em prin
cípio todos eles podem ser traduzidos por nomes de sufixo -ção, do latim -tione.
mur03.p65
208
22/01/01, 11:37
a flexão nominal: os temas nominais
209
6. Poucas palavras seguem modelo peiyñj-> peiyÅ; em geral são nomes próprios e m
itolóligos, arcaicos em geral; os mais importantes são as seguintes: feidÅ-feido
èw, ² a poupança ±xÅ-±xoèw, ² Eco (ninfa), o eco DhÅ-Dhoèw, ² Deméter LhtÅ-Lhtoè
w Letô, Latona PuyÅ-Puyoèw, ² Pythô, a pytonisa HrÅ- Hroèw, ² Herô GorgÅ-Gorgoèw, ²
Gorgô, Gorgona MhtrÅ-Mhtroèw, ² Metrô SvsÅ-Svsoèw, ² Sosô IÅ- Ioèw, ² Iô SapfÅ-Sap
foèw, ² Safo DidÅ - Didoèw Dido KalucÅ- Kalucoèw Calipso 14. Nomes masculinos de
tema em -hW T. basilhW / basileW
Singular
N. V. A. G. D. L. I. basil W-w > basil uw > basileæw basil W > basil u > basileè
basil W-n > basil a > basil¡a basil W-ow > basil ow > basil¡vw basil W-i > basi
l i > basileÝ basil W-i > basil i > basileÝ basil W-i > basil i > basileÝ Dual N
.V.A. basil We > basil e > basil¡h > basil°/basileÝ
õ basileæw - basil¡vw
Plural
o rei
basil Wew > basil ew > basil¡hw > basil°w/bassileÝw basil Wew > basil ew > basil
¡hw > basil°w/bassileÝw basil Wnw > basil aw > basil¡aw basil Wvn > basil vn > b
asil¡vn basil Wsi > basil¡Wsi > basileèsi basil Wsi > basil¡Wsi > basileèsi basi
l Wsi > basil¡Wsi > basileèsi
G.D.L.I. basil Woin > basil oin > basil¡oin
mur03.p65
209
22/01/01, 11:37
210
a flexão nominal: os temas nominais
Notas: 1. O W seguido de consoante se vocaliza em -u. 2. Metátese de quantidade:
longa + breve > breve + longa. 3. Depois da síncope do W as vogais do mesmo tim
bre se contraem; as outras não. 4. No D.L.I. do singular basil Wi > basil i > ba
sil¡i > basileÝ na seqüência de duas longas, a anterior se abrevia: 5. Sobre o m
odelo basil W- declinam-se inúmeras palavras masculinas de profissões, alguns no
mes geográficos e patronímicos. 6. Alguns nomes próprios e nomes masculinos de p
rofissão ou atividade: Axilleæw - ¡vw Aquiles Odisseæw - ¡vw Odisseu, Ulisses Eébo
eæw - ¡vw Euboeu, habitante da Eubéia Promhyeæw - ¡vw Prometeu Peiraieæw - ¡vw P
ireu (o porto) ßppeæw - ¡vw o cavaleiro o genitor, o pai goneæw - ¡vw, õ goneÝw
- ¡vn, oß os pais lieæw - ¡vw, õ o pescador o árbitro brabeæw - ¡vw, õ nomeæw - ¡
vw, õ o pastor foneæw - ¡vw, õ o assassino a coé, medida para líqüidos xoeæw - ¡
vw, õ ßereæw - ¡vw, õ o sacerdote - que cuida do sagrado ¥rmhneæw - ¡vw, õ o int
érprete suggrafeæw - ¡vw, õ o historiador, escritor o corredor, o correio dromeæ
w - ¡vw, õ São menos numerosos os nomes que seguem o modelo do neutro stu (item l
5) como: ² p¡lekuw - evw o machado T. p¡lekW-, p¡lekeWõ p°xuw - evw o côvado T.
p°xW-, p°xeW tò pÇu - evw o rebanho T. pÇW-, pÇeW- (ver p. 178, quadro das dific
uldades fonéticas)
mur03.p65
210
22/01/01, 11:37
a flexão nominal: os temas nominais
211
15. Nomes de tema em W / eW T. stW- / steW- tò stu stevw T. grhW /graW- ² graèw gra-ñw
T. boWõ / ² boèw bo-ñw
S. Nom. Voc. Acus. Gen. Dat. Loc. Instr. P. Nom. Voc. Acus. Gen. Dat. Loc. Instr
. D. N.A.V. G.D.L.I. stW > stu stW > stu stW > stu steW-ñw > stevw steW-i > stei
ei steW-i > stei steW-a > stea / h steW-a > stea / h steW-a > stea / h steW-vn >
-si > stesi steW-si > stesi steW-si > stesi steW-e > stee > stei st¡W-oin > st¡oi
a cidadela, o centro, a sé a mulher velha (jônico grhèw) o boi, a vaca
boW-w > boèw boW > boè boW-n > boèn boW-ñw > boñw boW-Û > boÛ boW-Û > boÛ boW-Û
> boÛ boW-ew > bñew boW-ew > bñew boW-nw > boèw boW-vn > boÇn boW-si > bousÛ boW
-si > bousÛ boW-si > bousÛ boW-e > bñe boW-oin > booÝn
graW-w > graèw graW > graè graW-n > graèn graW-ñw > grañw graW-Û > graÛ graW-Û >
graÛ graW-Û > graÛ graW-ew > gr ew graW-ew > gr ew graW-nw > graèw graW-vn > graÇn
graW-sÛ > grausÛ graW-sÛ > grausÛ graW-sÛ > grausÛ graW-e > gr e graW-oin > graoÝn
Notas: 1. O -W-intervocálico sofre síncope:
gen. sing.
steWow > steow; graWñw > grañw boWñw > boñw
dat. sing
steWi > ste-i > stei graWÛ > graÛ boWÛ > boÛ
nom. pl.
steWa > stea / sth gr Wew > gr ew bñWew > bñew
gen. pl.
steWvn > stevn graWÇn > graÇn boWÇn > boÇn
mur03.p65
211
22/01/01, 11:37
212
a flexão nominal: os temas nominais
Se não é intervocálico, vocaliza-se em -u-: acus. pl. dat. loc. inst. pl. graWnw
> gr unw > graèw graWsÛ > grausÛ bñWnw > bñunw > boèw boWsÛ > bousÛ mas st¡Wsi > st
¡si 2. Das vogais que formam hiato após a queda do -W-, só as de timbre -epodem
sofrer contração; com as outras o hiato se mantém. 3. Os genitivos singular e pl
ural stevw - stevn são analógicos aos genitivos pñlevw - pñlevn. 4. Sobre esse mod
elo declinam-se também os adjetivos de tema em -W/ eW no masculino e neutro. 16.
Adjetivos de tema em W- / eW T. ²dW-/²deW-. Fem. ²deÛa ²dæw - ²deÛa - ²dæ masc.
S. Nom. Voc. Acus. Gen. Dat. Loc. Instr. Nom. Voc. Acus. Gen. Dat. Loc. Instr. ²
dWw > ²dæw ²dW > ²dæ ²dWn > ²dæn ²d¡W-ow > ²d¡ow ²d¡W-i > ²deÝ ²d¡W-i > ²deÝ ²d¡
W-i > ²deÝ ²d¡W-ew > ²d¡ew > ²deÝw ²d¡W-ew > ²d¡ew > ²deÝw ²d¡W-nw > ²d¡nw > ²de
Ýw ²d¡W-vn > ²d¡vn ²d¡W-si > ²d¡si ²d¡W-si > ²d¡si ²d¡W-si > ²d¡si ²d¡W-e > ²d¡e
> ²deÝ ²d¡W-oin > ²d¡oin
agradável, doce
fem.
²deÝa ²deÝa ²deÛan ²deÛaw ²deÛ& ²deÛ& ²deÛ& ²deÝai ²deÝai ²deÛaw ²deiÇn ²deÛaiw
²deÛaiw ²deÛaiw ²deÛa ²deÛain
neutro
²dW > ²dæ ²dW > ²dæ ²dW > ²dæ ²d¡W-ow > ²d¡ow ²d¡W-i > ²deÝ ²d¡W-i > ²deÝ ²d¡W-i
> ²deÝ ²d¡W-a > ²d¡a ²d¡W-a > ²d¡a ²d¡W-a > ²d¡a ²d¡W-vn > ²d¡vn ²d¡W-si > ²d¡s
i ²d¡W-si > ²d¡si ²d¡W-si > ²d¡si ²d¡W-e > ²d¡e > ²deÝ ²d¡W-oin > ²d¡oin
P.
D. N.A.V. G.D.L.I.
mur03.p65
212
22/01/01, 11:37
a flexão nominal: os temas nominais
213
Nota: 1. Vocalismo zero nos casos sintáticos do singular (nom., voc., acus.). 2.
Vocalismo e nos outros do singular e em todo o plural. 3. Vogais de timbre dife
rente não se contraem. 4. Os femininos são formados sobre o tema do masculino eW
com o sufixo -ja: ²deW-ja > ²deuia > ²deÝa. São temas em vogal. Eis alguns adje
tivos que seguem esse modelo: ´misuw, ²mÛseia, ´misu glukæw, glukeÝa, glukæ bayæ
w, bayeÝa, bayæ eéræw, eéreÝa, eéræ y°luw, y leia, y°lu ôjæw, ôjeÝa, ôjæ bradæw,
bradeÝa, bradæ taxæw, taxeÝa, taxæ Èkæw, ÈkeÝa, Èkæ baræw, bareÝa, baræ braxæw,
braxeÝa, braxæ paxæw, paxeÝa, paxæ meio, meia, metade doce fundo, profundo larg
o, ancho feminino pontudo, agudo lento, vagaroso, lerdo rápido veloz pesado, gra
ve curto, breve espesso, grosso
mur03.p65
213
22/01/01, 11:37
214
a flexão nominal: os temas nominais
17. Adjetivos de temas em W / o /a polæw - poll - polæ - muito, numeroso (T. po
lW-/pollo-/pollh-)
Singular
Nom. Voc. Acus. Gen. Dat. Loc. Instr. N.A.V. polW-w > polæw poll polW > polæ po
lWn > polæn polloè pollÒ pollÒ pollÒ poll poll n poll°w poll» poll» poll» poll p
olW >polæ polW > polæ polW > polæ polloè pollÒ pollÒ pollÒ pollÇ
Plural
polloÛ polloÛ pollÇn polloÝw polloÝw polloÝw pollaÛ pollaÛ pollÇn pollaÝw pollaÝ
w pollaÝw poll poll poll pollÇn polloÝw polloÝw polloÝw
polloæw poll w
Dual
pollÇ G.D.L.I. polloÝn pollaÝn polloÝn
Nota: Esses adjetivos (²dæw, ²deÝa, ²dæ - polæw, poll , pollæ) chamados mistos,
por flexionarem o masculino e o neutro sobre um tema e o feminino sobre outro, a
ssustam às vezes o estudante, que está acostumado a estudar toda a flexão sobre
paradigmas fechados, estáticos ou em cascata. Mas, para se libertar dessas amarr
as, basta atentar para o fato de que toda a flexão, quer nominal, quer verbal re
pousa sobre um tema. Cada nome, cada verbo tem seu tema independente, e é sobre
ele que se faz a flexão. Há outros adjetivos que têm um tema comum para o mascul
ino e neutro, e outro, derivado do primeiro, para o feminino, de tema em -a. Eis
alguns deles:
T. xarÛentT. m¡ganT. f¡rontT. luy¡ntgracioso, delicado, agradável grande particí
pio infectum de f¡rv portar particípio aoristo passivo de læv soltar T. læsant-
læsaw, læsasa, lèsan particípio aoristo ativo de læv soltar T. lelukot- lelukÅw,
lelukuÝa, lelukñw part. perf. ativo de læv soltar xarÛeiw, xarÛeissa, xarÛen m¡
gaw, meg lh, m¡gan f¡rvn, f¡rousa, f¡ron luyeÛw, luyeÝsa, luy¡n
mur03.p65
214
22/01/01, 11:37
a flexão nominal: os temas nominais
215
18. Nomes de tema em -vW T. ´rvWõ ´rvw T. dmÅWõ dmÅw T. p trvW- õ p trvw
S. Nom. Voc. Acus. Gen. Dat. Loc. Instr. P. Nom. Voc. Acus. Gen. Dat. Loc. Instr
. D. N.A.V. ´rvWw > ³rvw ´rvW > ´rv ´rvWow > ´rvow ´rvWi > ´rvi ´rvWi > ´rvi ´rv
Wi > ´rvi ´rvWew > ´rvew ´rvWew > ´rvew ´rvWaw > ´rvaw ²rÅWvn > ²rÅvn ´rvWsi > ´
rvsi ´rvWsi > ´rvsi ´rvWsi > ´rvsi ´rvWe > ´rve
´rvow dmvñw p trvow
dmÅWw > dmÅw dmÅW > dmÅ dmvWñw > dmvñw dmvWÛ > dmvÛ dmvWÛ > dmvÛ dmvWÛ > dmvÛ dm
ÇWew > dmÇew dmÇWew > dmÇew dmÇWaw > dmÇaw dmvWsÛ > dmvsÛ dmvWsÛ > dmvsÛ dmvWsÛ
> dmvsÛ dmÇWe > dmÇe
o herói o escravo, o criado o tio ou o avô paternos
p trvWw > p trvw p trvW > p trv p trvWa > p trva p trvWow > p trvow p trvWi > p trvi p trvW
vWi > p trvi p trvWew > p trvew p trvWew > p trvew p trvWaw > p trvaw p trvWsi > p trvsi p
p trvsi p trvWsi > p trvsi p trvWe > p trve patrÅWoin > patrÅoin
´rvWa > ´rva/´rv dmÅWa > dmÅa
dm vWvn > dmÅvn patrÅWvn > patrÅvn
G.D.L.I. ²rÅWoin > ²rÅoin
dmÅWoin > dmÅoin
Notas: O W - 1. em posição final ou antes de consoante sofre síncope; - 2. em po
sição intervocálica, sofre síncope. Outros nomes que seguem o T. m trvW- õ m trv
w T. MÛnvW- õ MÛnvw T. g¡lvW- õ g¡lvw mesmo modelo: m trvow o tio ou o avô mater
no MÛnvow Minos, rei de Knosos g¡lvow / g¡lvtow o riso
mur03.p65
215
22/01/01, 11:37
216
a flexão nominal: os temas nominais
Nomes heteroclíticos
Há finalmente alguns nomes que têm certas variantes em algumas formas, como se f
lexionassem sobre dois temas distintos. Em geral não são duas flexões paralelas;
são algumas formas paralelas. Vamos relacioná-los em ordem alfabética, apresent
ando as formas na ordem convencionada neste trabalho: nominativo, vocativo, acus
ativo, genitivo e dat./loc./inst. São os seguintes: Arhw - Arevw, õ - Ares (Marte)
T. Ares- / AreWN. Arhw V. Arew / Areu A. Arh / Arhn G. Arevw D. Arei gñnu - gñnat
- o joelho, T. Sing. Pl. N. gñnu, N. V. gñnu, V. A. gñnu, A. G. gñnatow G. D.L.I
. gñnati D.L.I. Dual d kru - uow, tñ - a lágrima, Sing. N. d kru V. d kru A. d kru G. d kr
uow D.L.I. d krui Dual gñnW- / gonatgñnata, gñnata, gñnata gon tvn gñnasi gñnate gon t
oin T. d kruPl. N. d krua V. d krua A. d krua G. dakrævn D.L.I. d krusi / dakræoiw d krue d
kræoin
mur03.p65
216
22/01/01, 11:37
a flexão nominal: os temas nominais
217
d¡ndron - ou, tñ - a árvore, T. dendro- / d¡ndresSing. Pl. N. d¡ndron N. d¡ndra
/ d¡ndrea V. d¡ndron V. d¡ndra / d¡ndrea A. d¡ndron A. d¡ndra / d¡ndrea G. d¡ndr
ou G. d¡ndrvn / d¡ndrevn D.L.I. d¡ndrÄ / d¡ndrei D.L.I. d¡ndroiw / d¡ndresi Dual
d¡ndre d¡ndroin T. dñru-/doratdñru -atow, tñ - a lança, Sing. Pl. N. dñru N. dñ
rata V. dñru V. dñrata A. dñru A. dñrata G. dñratow / dorñw G. dor tvn D.L.I. dñra
ti / dorÛ D.L.I. dñrasi Dual dñrate dor toin Zeèw - Diñw, õ - Zeus, T. ZeW- / DiWS
ing. N. Zeèw N. V. Zeè V. A. DÛa A. G. Diñw G. D.L.I. DiÛ D.L.I. kleÛw - kleidñw
, ² - a chave, Sing. N. kleÛw V. kleÛ, A. kleÝda / kleÝn G. kleidñw D.L.I. kleid
Û Dual T. kleidPl. N. V. A. G. D.L.I. / Z°nZ°n, Z°n, Z°na Zhnñw ZhnÛ / kleWkleÝd
ew / kleÝw kleÝdew / kleÝw, kleÝdaw / kleÝw kleidÇn kleisÛ kleÝde kleidoÝn
mur03.p65
217
22/01/01, 11:37
218
a flexão nominal: os temas nominais
kævn - kunñw, õ / ² - o cão, a cadela, Sing. Pl. N. kævn N. V. kæon V. A. kæna,
A. G. kunñw, G. D.L.I. kunÛ D.L.I. Dual l w - l ow, õ / ² - a pedra, lasca, T. Sing.
Pl. N. l aw / l w N. V. l w V. A. l an / l n A. G. l ow G. D.L.I. l i D.L.I. Dual önar - ô
ratow, tñ - o sonho, Sing. N. önar / öneirow V. önar / öneire, A. önar / öneiron
G. ôneÛrou / ôneÛratow, D.L.I. ôneÛrati / ôneÛrÄ Dual
T. kæon- / kænkænew kænew kænaw kunÇn kusÛ kæne kunoÝn laWa-/ laWl ew l ew l, aw l vn l es
i / l essi l e l oin
T. öneirat- / ôneiroPl. N. ôneÛrata, V. ôneÛrata, A. ôneÛrata, G. ôneir tvn, D.L.I
. ôneÛrasi / ôneÛroiw ôneÛrate ôneir toin
mur03.p65
218
22/01/01, 11:37
a flexão nominal: os temas nominais
219
öxow-ou, õ / öxow-ouw, tñ - o carro, T. öxoSing. N. öxow V. öxe A. öxon G. öxou
D.L.I. öxÄ Dual T. öxesN. V. A. G. D.L.I. Sing. öxow, öxow, öxow, öxes-ow > öxeo
w > öxouw öxes-i > öxei Dual Pl. N. V. A. G. D.L.I. Pl. N. V. A. G. D.L.I.
T. öxo- / öxes-
öxoi, öxoi, öxouw öxvn öxoiw öxv öxoin
öxea > h öxea > h öxea > h ôx¡s-vn > ôx¡vn > ôxÇn öxes-si > öxesi öxee > ei ôx¡o
in > oxoÝn
pr¡sbuw - pr¡sbevw, õ - o ancião, T. presbW- presbeW/ presbeut -/- Pl. - os embaix
adores
Sing. N. pr¡sbuw / presbeut w V. pr¡sbu / presbeut A. pr¡sbun / presbeut n G. pr¡
sbevw / presbeutoè D.L.I. pr¡sbei / prsbeut» Dual Pl. N. V. A. G. D.L.I. pr¡sbei
w / presbeutaÛ, pr¡sbeiw / presbeutaÛ pr¡sbeiw / presbeut w, pr¡sbevn / presbeutÇn
pr¡sbesi / presbeutaÝw pr¡sbee / presbeut presb¡oin / presbeutaÝn
mur03.p65
219
22/01/01, 11:37
220
a flexão nominal: os temas nominais
pèr - purñw, tñ - o fogo,
Pl. (fogos de bivaque, fogueira) T. pèrN. V. A. G. D.L.I. Sing. pèr pèr pèr purñ
w purÛ Dual Pl. N. V. A. G. D.L.I. pur , pur pur purÇn pursÛ père puroÝn
skñtow-ou, õ / skñtow-ouw, tñ - as trevas, T. skoto- / skotesT. skñtoN. V. A. G.
D.L.I. Sing. skñtow skñte, skñton skñtou skñtÄ Dual T. skñtesSing. N. V. A. G.
skñtow, skñtow, skñtow, skñtes-ow > skñteow > skñtouw Dual Pl. N. V. A. G. skñte
s-a > skñtea > skñth skñtes-a > skñtea > skñth skñtes-a > skñtea > skñth skot¡s-
vn > skot¡vn > skotÅn skñtee > ei skotoÝn
Pl. N. V. A. G. D.L.I.
skñtoi, skñtoi, skñtouw skñtvn skñtoiw skñtv skñtoin
D.L.I. skñtes-i > skñtei
D.L.I. skñtes-si > skñtesi
mur03.p65
220
22/01/01, 11:37
a flexão nominal: os temas nominais
221
skæfow-ou, õ / skæfow-ouw, tñ - a taça, T. skufoSing. N. skæfow V. skæfe A. skæf
on G. skæfou, D.L.I. skæfÄ Dual T. skæfesSing. N. skæfow V. skæfow A. skæfow G.
skæfes-ow > skæfeow > skæfouw D.L.I. skæfes-i > skæfei Dual
T. skæfo- / skæfes-
Pl. N. V. A. G. D.L.I.
skæfoi, skæfoi, skæfouw skæfvn skæfoiw skæfv skæfoin
Pl. N. skæfes-a > skæfea > skæfh V. skæfes-a > skæfea > skæfh A. skæfes-a > skæf
ea > skæfh G. skuf¡s-vn > skuf¡vn > skufÇn D.L.I. skæfes-si > skæfesi skæfee > e
i skufoÝn
êiñw - êioè, õ - o filho, T. êio- / êieW /êiWSing. N. êiñw V. êi¡, A. êiñn / êi¡
a G. ußoè/êi¡ow/êiñw D.L.I. êiÒ / êieÝ Dual Pl. N. V. A. G. D.L.I. êioÛ / êieÝw
êioÛ / êieÝw êioæw / êieÝw / êi¡aw êiÇn / êi¡vn êioÝw/ êi¡si êi¡e/êieÝ êi¡oin
mur03.p65
221
22/01/01, 11:37
222
a flexão nominal: os temas nominais
Nomes que só têm plural: Ay°nai - Çn, aß N. V. A. G. D.L.I. Atenas, a cidade, Ay°n
ai, Ay°nai, Ay naw, AyhnÇn, Ay naiw. T. Ayhna-
oß ¤tesÛai - Ûvn os ventos etésios, T. ¤tesÛaaß Panay naiai - Çn As Panatenéias
(festas), T. Panay naia-
Só nom. voc. e acus. õ lÛw, o leão (poético) Î lÛw, tòn lÛn
Nomes indeclináveis: tò d¡maw (poét.) tò öfelow tò ðpar o corpo (ver p. 188-9) o
proveito, a utilidade a visão
Por serem neutros podem servir aos casos sintáticos: nom., voc., acus. Os nomes
das letras do alfabeto: tò lfa, tò b°ta ktl. Os números cardinais de 5 a 100: p¡n
te (5), d¡ka (10), §ndeka (11), pentekaÛdeka (15), ¥katñn (100).
mur03.p65
222
22/01/01, 11:37
O verbo grego
Preliminares
É conhecida a ojeriza que o estudante de grego sente diante do sistema complicad
o da conjugação dos verbos gregos. Ele tem a sensação de estar pisando terreno m
ovediço, que cede sempre lá onde ele pensa poder apoiar-se. Ele não vê coerência
; por toda a parte é o arbítrio, são regras e sobretudo exceções. O recurso é ap
elar para os métodos de memorização até que tudo entre na cabeça, pronto para se
r usado. Mas, mesmo assim, permanece a insegurança. Quando ele vai enfrentar um
texto, além do dicionário, é indispensável a presença de uma gramática. Qual é a
causa disso? Não é difícil responder. É a incoerência do modelo descritivista e pr
escritivista da flexão verbal e nominal, que desconhece a base de qualquer sistem
a de flexão, que é a identificação das duas partes: o tema, a parte fixa sobre a
qual giram as desinências (o tema nominal contém o significado virtual do nome,
o tema verbal contém o significado e o aspecto do verbo), as desinências (ptÅse
iw, casus), que dão a função ao nome, e a pessoa, o número, a voz e o modo ao ve
rbo. No caso do verbo, o grande erro da gramática foi o de construir todo o sist
ema de flexão sobre o infectum, que é uma forma modificada, complexa, e por isso
não pode ser ponto de partida para todo o sistema, porque, em geral modificada,
o obriga a produzir exceções. O ponto de partida para a flexão verbal deve ser
o tema verbal puro, isto, é o tema aoristo do verbo. É nele que está a essência
do significado e é a partir dele que derivam os dois outros temas: o do infectum
e o do perfectum 1. Veremos isso pormenorizadamente à medida que estudarmos cad
a tema.
1
É bom lembrar sempre que o tema é a parte fixa, sede do significado, sobre o que
se sucedem as desinências. Se o tema absoluto, puro do verbo, é o tema do aoris
to,
mur04.p65
223
22/01/01, 11:37
224
o verbo grego
Como são três os aspectos: aoristo, infectum e perfectum, três também são os tem
as sobre os quais se constrói a conjugação verbal em grego. São temas aspectuais e
não temas temporais (tempos primitivos da gramática tradicional). O tempo delim
itador dos fatos não está no verbo. O tempo está no enquadramento do ato verbal.
Ele é exterior ao verbo. Aqui caberia observar o que diz Aristóteles (Poética,
20, 8), quando se refere ao nome (önoma) e ao verbo (=°ma): Onoma d ¤stÜ fvn‾ sunyet
‾ shmantik‾, neu xrñnou, ¸w m¡row oéd¡n ¤sti kay aêtò shmantikñn: ¤n g r toÝw diploÝw
oé xrÅmeya Éw kaÜ aétò kay aêtò shmaÝnon, oåon ¤n tÒ YeodÅrÄ tò dÇron oé shmaÛnei. R
°ma d¢ fvn‾ sunyet‾ shmantik‾ met xrñnou ¸w oéd¢n m¡row shmaÛnei kay aêtò Ësper kaÜ
¤pÜ tÇn ônom tvn: tò m¢n g r nyrvpow µ leukòn oé shmaÛnei tò tñte, tò d¢ badÛzei µ
osshmaÛnei tò m¢n tòn parñnta xrñnon tò d¢ tòn parelhluyñta . Nome é um som compost
o, significante, sem tempo, de que nenhuma parte por si mesma é significativa; p
ois dos duplos não nos servimos como o mesmo tendo um significado por si mesmo,
como em Teodoro o doro (dom, dádiva) não tem significado. Verbo é um som composto,
significante com tempo de que nenhuma parte por si mesma é significativa, como
acontece também nos nomes; pois, por um lado homem e branco não significam quando (=
nesse tempo); por outro, está andando e acabou de andar anunciam um o tempo pre
sente, o outro, o tempo decorrido . (Arist., Poét., 1457a10-1457a18). Nas expressõ
es com tempo e sem tempo , Aristóteles não se refere ao tempo externo, medido, determ
inado, mas sim ao tempo que a elocução porta consigo ou em si mesma. O nome não
tem tempo próprio; não porta a noção de tempo em si mesmo. O verbo sim, porque o
verbo é um processo (os exemplos de Aristóteles não são com verbos de estado).
que em geral coincide com a raiz, os temas do infectum e do perfectum são radica
is, isto é raiz modificada.
mur04.p65
224
22/01/01, 11:37
o verbo grego
225
Nos dois exemplos temos um infectum = inacabado; badÛzei e o perfectum = acabado
: beb dike. Curiosamente Aristóteles não exemplifica aqui com um aoristo. É que o
aoristo não tem processo verbal, ou melhor, o processo verbal não chega a eclodi
r; é o ato verbal em seu estado pontual ; não tem tempo interno , que é o desenvolvime
nto da ação verbal. No infectum e no perfectum há um processo, há um tempo intern
o , há um desenvolvimento da ação. Também as expressões tòn parñnta xrñnon e tòn p
aralhluyñta são expressões de tempo relativo (o tempo que corre e que acabou de
correr) no próprio ato; o ponto de referência (enquadramento do ato verbal) está
fora. Se Aristóteles tivesse a intenção de referir-se a um passado, teria utili
zado uma forma com o aumento ¤-, que ele conhecia e usava; é, aliás, o que ele f
az logo adiante (1457a18-23), em que ele chama de ptÇsiw tanto a flexão do nome
(casos) quanto a flexão do verbo: PtÇsiw d ¤stÜn ônñmatow µ = matow, ² m¢n kat tò t
oætou µ toætÄ shmaÝnon kaÜ ÷sa toiaèta ² d¢ kat tò ¤nÜ µ polloÝw, oåon nyrvpoi µ ny
rvpow ² d¢ kat t êpokritik , oåon kat ¤rÅthsin µ ¤pÛtajin: tò g r ¤b disen; µ b dize ptÇs
= matow kat taèta t eàdh ¤stÛn . Caso é de nome ou de verbo; um segundo o que signifi
ca: desse ou a esse e quantas coisas desse tipo; outro, segundo um ou muitos, co
mo homens e homem; outro segundo as expressões dos personagens, como numa interr
ogação ou numa determinação; pois ele caminhou? ou caminha é uma flexão (caso) do ve
rbo, segundo essas formas . Aqui, o exemplo no indicativo aoristo ¤b disen interroga
sobre um ato cometido num ponto qualquer do tempo passado; o aumento revela iss
o. No outro b dize, é apenas a emissão de uma ordem de início da ação: entra no at
o de caminhar. A única marca de tempo que a língua grega possui é o que chamam d
e aumento, que marca o passado e se antepõe ao tema verbal, com uso restrito ao
indicativo, porque a marcação ou delimitação do tempo é uma noção dêitica, demon
strativa, objetiva. Por isso é natural que a língua grega exprima essa relação s
omente pelo indicativo. Esse aumento (e-) seria um antigo advérbio de tempo, ind
ependente, e passou a ser usado
mur04.p65
225
22/01/01, 11:37
226
o verbo grego
como prefixo nos tempos da elaboração dos poemas homéricos. Na Ilíada e na Odiss
éia o seu uso é ainda hesitante. Ora aparece ora não, sem uma linha de coerência
: freqüentemente por razões de metrificação.
Os aspectos verbais: tempo interno do verbo
Inacabado (infectum)
É o ato verbal que começou e está em movimento, na sua realização, em pleno proc
essamento. Pode conter a idéia de hábito, iteração, freqüência, desdobramento, a
mplificação; pode dar a idéia de início do processo verbal e também da continuid
ade. Pode ser presente ou passado (imperfeito). Convém lembrar que, quando dizem
os presente não pensamos em tempo absoluto, mas em tempo relativo a um ponto, a um
espaço e a um tempo. O nome presente é um particípio presente e por isso traz a i
déia de simultaneidade; o nome imperfeito exprime um processo (ainda) não acabado:
passado em relação ao presente e presente, simultâneo a um processo (ato verbal
) no passado. A marca do passado está no aumento e só existe no indicativo: a no
ção de tempo é uma noção concreta, real; por isso não pode ser expressa por outr
o modo que não seja o modo da realidade, da afirmação, que é o indicativo. Isso
está claro em todos os textos gregos, se nós os lermos diretamente, não contamin
ados pela gramática. De início não nos parece uma tarefa fácil desligarmo-nos da
noção de tempo; todos nós temos a cabeça cheia de presentes, perfeitos, imperfe
itos, mais que perfeitos do subjuntivo etc. da gramática portuguesa. Em todas es
sas expressões aprendemos e entendemos que está embutido o tempo. Em grego não!
Na gramática grega, isto é, na língua grega, não há imperfeito do subjuntivo, pr
etérito perfeito do subjuntivo e mais-que-perfeito do subjuntivo. Fora do indica
tivo, as formas verbais só exprimem idéias de aspecto (tempo da ação) e modo.
mur04.p65
226
22/01/01, 11:37
o verbo grego
227
Por isso, elas nos parecem difíceis de traduzir. Mas, partindo do indicativo, va
mos registrar alguns exemplos que as gramáticas nos fornecem, dando-lhes uma tra
dução bem linear. No infectum-inacabado há freqüente confusão com os termos pres
ente - imperfeito. É que ambos exprimem atos durativos, e a idéia de tempo que n
os transmitem é a de um tempo referencial, não absoluto; há um ponto de referênc
ia para o presente (simultaneidade no presente) e um ponto de referência para o
imperfeito (simultaneidade no passado). É o paratatikòw xrñnow, isto é, o tempo e
sticado ao lado de dos estóicos. No presente e imperfeito (tema do infectum-inaca
bado) poderemos ver, nos exemplos a seguir, a idéia do permanente que inclui um
passado recente (atos freqüentes, repetição, costume) e uma projeção para um vir
a ser imediato (início ou tentativa de conatus , esforço, e continuidade da ação).
Com freqüencia não é fácil distinguir essas idéias numa só forma verbal.
Significados do infectum
1. Uma ação que se desenvolve no momento em que estamos falando, que começou há
pouco mas que continua ou que está começando no momento em que se fala; DareÛou
kaÜ Parus tidow gÛgnontai paÝdew dæo (Xen., An., 4, 7, 7) De Dario e Parisátis nas
ceram [e estão vivos] dois filhos. ¤peid‾ ¤ggçw —san ¤mpÛptousin (Tuc., 2, 81, 5
) como estavam próximos, caem em cima. ßketeæom¡n se p ntew nós todos te suplicamo
s [estamos suplicando]. oäda ÷ti poll paraleÛpv (Isócr., 16.22) eu sei que deixo
[estou deixando] passar muitas coisas. (aqui há uma combinação do perfeito oäda,
acabado e do presente paraleÛpv, ingressivo-simultâneo) taèta gr fv eu escrevo es
sas coisas [estou escrevendo, entro no ato de escrever].
mur04.p65
227
22/01/01, 11:37
228
o verbo grego
oïtiw me kteÛnei (Hom.) ninguém está me matando. Agam¡mnvn jia dÇra dÛdvsin (Hom.) A
gamêmnon dá [oferece, vai dar, está dando-entra no ato de dar] presentes dignos
[de valor]. yaum zv eu me espanto [estou me espantando-entro no ato de ...]. peÛyv
eu tento convencer [eu entro no ato de convencer]. ¤japat w me, Î fÛltate IppÛa; (
Plat., Híp. Men., 369e) tu estás me enganando [tentando me enganar, tu me engana
s] caríssimo Hípias! Éw ¤xyroçw ll oé pros kontaw (²m w) pñllusi (Is., 5, 30) Ele nos
arruina [está tentando nos arruinar] como [se fôssemos] inimigos e não parentes
. p¡peismai ¤gÆ ¥kñnta mhd¡na dikeÝn nyrÅpvn ll êm w oé peÛyv (Plat., Apol., 37a) Eu e
stou convencido que nenhum homem/nenhum dos homens comete injustiça voluntariame
nte mas a vós eu não convenço [não consigo convencer, não estou convencendo]. ¤p
eid‾ ¤teleæthse DareÝow Tissaf¡rnhw diab llei tòn Kèron Assim que Dario morreu, Ti
ssafernes calunia [começa a caluniar, se põe a caluniar] Ciro. 2. Uma ação que c
omeçou há pouco ou que se inicia, mas que continua ou que se tornou ou se torna
um hábito, que se repete, ou uma afirmação que vale para todos os tempos. Aconte
ce sobretudo com verbos em cujo significado não se percebe a separação de início
pontual e continuidade da ação. nikÇ = eu venço = venci = eu sou vencedor
mur04.p65
228
22/01/01, 11:37
o verbo grego
229
pagg¡lete AriaÛÄ ÷ti ²meÝw nikÇmen basil¡a kaÜ oédeÜw ²mÝn ¦ti m xetai. (Xen., An.,
II, 1, 4) anunciai (começai a anunciar) a Arieu que nós vencemos o rei [somos ve
ncedores] e que ninguém mais nos combate [está lutando contra nós]. A diferença
está no significado dos dois verbos vencer e combater. ²ttÇmai (a) = eu sou o ve
ncido = sou derrotado = estou sendo vencido. dikÇ (e) = eu sou o culpado = sou o
réu. diÅkv (aétñn) = eu sou o acusador (no tribunal) = entro no ato de acusar. g
r fomai (autñn) = eu movo um processo = eu acuso (no tribunal) = sou o acusador =
entrei e estou no ato de acusar. feægv = eu estou banido, exilado = estou no exí
lio, eu me exilo. ´kv = eu estou aqui = eu cheguei, estou chegando, chego. oàxom
ai / oàxetai = estou / está viajando = parti, partiu. koæv = eu ouço (ouvi) dizer
= corre o boato que. puny nomai = eu tenho a informação que. Yemistokl¡a oék koæei
w ndra gayòn gegonñta kaÜ KÛmvna kaÜ Milti dhn kaÜ Perikl¡a toutonÜ tòn nevstÜ tetel
euthkñta oð kaÜ sç k koaw; tu não ouves dizer [não sabes] que Temístocles veio a
ser um homem de bem e também Címon e Milcíades e esse Péricles, esse recentement
e falecido de que também ouviste. ¦sti yeñw existe uma divindade. HsÛodñw fhsin:
¦rgon d oéd¢n öneidow ergÛa d¡ t öneidow Diz Hesíodo: atividade nenhuma é castigo,
mas castigo é inatividade. Pl ttvn did skei ÷ti Platão ensina (contínuo) que. Xenofñ
nta nagignÅskv eu leio Xenofonte [estou lendo e sempre leio].
mur04.p65
229
22/01/01, 11:37
230
o verbo grego
p ntew tòn Svkr thn gantai todos admiram Sócrates. pany õ limòw gluk¡a pl‾n aêtoè poieÝ
a fome torna todas as coisas doces, menos ela mesma. PloÝon ¤w D°lon AyhnaÝoi p¡
mpousin Os Atenienses enviam [costumam enviar todos os anos] uma embarcação para
Delos. õrÇmen t‾n m¡littan ¤f panta blast mata kayÛzousan nós vemos [costumamos v
er] a abelha pousando sobre todas as plantas. õ Svkr thw ¦fh: oß n¡oi poll kiw ¤m¢ mi
moèntai kaÜ ¤pixeiroèsin llouw ¤jet zein Sócrates dizia: os jovens muitas vezes me im
itam e tomam nas mãos excitar os outros . p ntew oß tÇn rÛstvn PersÇn paÝdew ¤pÜ taÝw
basil¡vw yæraiw paideæontai. (Xen., An., I, 9, 3) todos os filhos dos nobres pe
rsas são educados às portas do rei. oéd¢n yaumastñn, Î ndrew AyhnaÝoi, m‾ taét ¤moÜ
kaÜ Dhmosy¡nei dokeÝn: oðtow m¢n ìdvr ¤gÆ d oänon pÛnv nada há de se admirar, ci
dadãos de Atenas, de as mesmas coisas não parecerem bem a mim e a Demóstenes; eu
bebo vinho e ele, água. mñliw fikneÝsye ÷poi ²meÝw p lai ´komen (Xen., Cir., I, 3,
4) vós chegais [estais chegando] com dificuldade onde nós há muito chegamos [ac
abamos de chegar] 3. Um ato por vir, que se inicia - iniciará- imediatamente e c
ontinuará: eÞ aìth ² pñliw lhfy setai ¦xetai kaÜ ² p sa SikelÛa (Tuc., VI, 91, 2)
se essa cidade é tomada [for tomada], a Sicília toda está presa [será]. dÛdvmÛ s
oi Î Kère taæthn gunaÝka ¤m‾n oïsan yugat¡ra (Xen., Cir., VIII, 5, 19) Eu te dou
[estou dando, entro no ato de dar, vou te dar], Ciro, essa mulher que é minha i
rmã.
mur04.p65
230
22/01/01, 11:37
o verbo grego
231
õ Kèrow eäpen: All ¤pÛ ge toætouw ¤gÆ aétòw par¡rxomai (Xen., Cir., VII, 1 ,2) Cir
o disse: Mas, contra esses aí eu mesmo marcho [vou marchar]. ¤peÜ d ¤genñmhn õ pa
t‾r kteÛnei me (Eur., Fen., 1600) depois que eu nasci [desde que] meu pai me mat
a [está me matando, vai me matar]. lÛssomai s êp¢r cux°w kaÜ goænvn (Hom., X, 339
) eu te suplico [estou te suplicando] pela tua alma e pelos teus joelhos [sobre]
poll g ¦th ³dh eÞmÛ ¤n t» t¡xnú (Plat., Prot., 317c) muitos anos já estou [e cont
inuo] nesta arte. oé sæ g ¦peita Tud¡ow ¦kgonñw ¤ssi (Hom., E, 813) tu não és , d
epois disso, filho de Tideu! [não continuas sendo] õ pñlemow oéd¡n ndr ¥kÆn aßreÝ p
onhrñn, ll toçw xrhstoæw (Sóf., Fil., 436) a guerra por sua vontade não escolhe ne
nhum homem vil, mas os melhores. sç t‾n ¤m‾n gunaÝka kvlæeiw ¤m¡... ¤pÜ Sp rthn gei
n; (Aristóf., Tesm., 918) tu me impedes [estás tentando me impedir] de levar min
ha mulher para Esparta?! Todas essas situações podem se repetir no imperfeito do
indicativo (o imperfeito não tem outros modos): a) ação passada vista em sua ex
tensão (duração) taèta l¡gousa ¤n¡due t ÷pla kaÜ lany nein m¢n ¤peir to, ¤leÛbeto d¢
aét» t d krua kat tÇn pareiÇn (Xen., Cir., 6, 4, 3) enquanto dizia essas palavras [e
ssas coisas dizendo] ela vestia as armas e tentava esconder, mas escorriam-lhe a
s lágrimas pelas faces. pemfyeÜw di¡tribe par Lus ndrÄ treÝw m°naw (Xen., Hell., 2,
2, 16) [tendo sido] enviado, ele passou [começou a passar] três meses junto a L
isandro.
mur04.p65
231
22/01/01, 11:37
232
o verbo grego
Kl¡arxow sun gagen ¤kklhsÛan tÇn strativtÇn: kaÜ prÇton m¢n ¤d krue polçn xrñnon ¤
stÅw: oß d¢ õrÇntew ¤yaæmazon kaÜ ¤siÅpvn: eäta ¦leje t de: (Xen.) Clearco reuniu
a assembléia dos soldados; e aí, primeiro, de pé, chorava [pôs-se a chorar] por
muito tempo; e os que o viam ficaram admirados [entraram no ato de admirar] e em
silêncio; a seguir ele disse estas coisas: b) ação passada concomitante a um ou
tro fato passado: Kèrow ¤jelaænei ¤pÜ potamòn pl rh Þxyævn meg lvn oîw oß Særoi ye
oçw ¤nñmizon. Ciro chega a um rio repleto de grandes peixes que os Sírios consid
eravam deuses. ÷te p¡ynúsken —n ¤tÇn Éw tri konta (Xen., An., 2.6.20) No momento em
que ele estava morrendo, ele tinha por volta de trinta anos. ² ²met¡ra pñliw pr
òw ¶n fiknoènto prñteron ¤k t°w Ell dow aß presbeÝai (Ésquin., Contr. Ctes., 134) no
ssa cidade para a qual antes chegavam [vinham, costumavam vir] delegações de tod
a a Grécia. Svkr thw oék ¦pinen eÞ m‾ dicÐh Sócrates não bebia, a não ser que tive
sse sede. ¤peid‾ d¢ noixyeÛh (tò desmvt rion) es»men (Plat., Fedro, 59e) depois q
ue [a prisão] se abria nós entrávamos [costumávamos entrar]. ¤klegñmenow tòn ¤pi
t deion ¦paien n (Xen., An., 2.3.11) separando o mais próximo ele batia [começava
a bater]. oëpote meÝon pestratopedeæonto oß b rbaroi tÇn Ell nvn ¤j konta stadÛvn (
Xen.) Os bárbaros nunca acampavam [costumavam acampar] a menos de sessenta estád
ios dos gregos. öfra m¢n ±Çw —n kaÜ ¡jeto ßeròn ¸mar tñfra m l mfot¡rvn b¡le ´pteto, p
Ýpt¡ te lañw. (Hom.) enquanto durava [era] a manhã e crescia o divino dia, duran
te esse tempo intensamente de ambos os lados os dardos golpeavam e o povo caía.
mur04.p65
232
22/01/01, 11:37
o verbo grego
233
c) esforço, começo e continuidade ou repetição da ação no passado N¡vn ¦peiyen a
étoçw potr¡pesyai: oã d¢ oéx êp kouon. (Xen., Cir., V, 5, 22) Nêon tentava conven
cê-los a voltar; e eles não lhe obedeciam. ¦peiyon aétoçw kaÜ oîw ¦peisa toætouw
¦xvn ¤poreuñmhn, (Xen., An., VI, 5, 27) eu tentava convencê-los e tendo esses,
os que eu convenci, iniciei a marcha. di¡fyeiron prosiñntew toçw stratiÅtaw kaÜ
§na ge loxagòn di¡fyeiran (Xen., An., V, 7, 25) aproximando-se dos soldados eles
tentavam corrompê-los [corrompiam-nos] e até um capitão eles corromperam. pvllæm
eya nós estávamos perdidos [corríamos perigo]. ¤pnÛgeto ele estava se afogando [
ia se afogar]. paredæeto eÞw Pelopñnhson (Dem., Cor., 79) ele se introduzia [pro
curava entrar] no Peloponeso. ¤sp¡ndonto naÛresin toÝw nekroÝw mayñntew d¢ tò lhy¢
w ¤paæsanto (Tuc., 3, 244, 3) Eles estavam empenhados no recolhimento dos mortos
, mas, tendo-se informado da verdade, renunciaram. d) dois imperfeitos seguidos
não marcam simultaneidade da ação passada (que seria expressa pelo particípio pr
esente) mas sim uma ação passada antes da outra: nemimn skonto kaÜ Éw yæein ¤n Aé
lÛdi tòn AghsÛlaon oék eàvn (Xen., Hell., 3, 3, 5) Eles se lembravam também como
em Aulis eles não tinham deixado (ação durativa e não pontual) Agesilau oferecer
sacrifício. Algumas vezes, ao narrarmos um fato passado, para darmos mais ênfas
e à narrativa, usamos o presente, como para pôr diante dos olhos do ouvinte/leit
or o fato narrado. É o que as gramáticas chamam de presente histórico.
mur04.p65
233
22/01/01, 11:37
234
o verbo grego
Ele marca, na verdade, concomitância com o fato narrado. Heródoto (I, 10) diz qu
e Giges, por insistência de Candaules, vai ver a mulher deste se despir antes de
se deitar. A narrativa é feita no imperfeito e aoristo; mas na hora de o intrus
o esgueirar-se para fugir, Heródoto escreve: kaÜ ² gun‾ ¤por min ¤jiñnta e a mulh
er o avista saindo (J. Humbert, 234). yn¹skei gunaikñw... dñlÒ... Aàgisyow d¢ ba
sileæei (Eur., El., 9-11) ele [Agamêmnon] morre por um ardil da mulher, e Egisto
é rei [reina]. keÛnh g r Êles¡n nin eÞw TroÛan t gei (Eur., Héc., 268) é ela que o p
erdeu e o leva para Tróia.
Aoristo
É o ato verbal em sua essência, expresso pelo tema verbal puro (freqüentemente a
própria raiz), sem contornos, sem limites. É usado: (1) nas máximas e provérbio
s (aoristo gnômico, não enquadrado) e (2) nos quadros narrativos em que enumera
fatos isolados (pontuais) que incidem sobre a linha do processo narrativo (aoris
to narrativo, enquadrado). 1. Exemplos do primeiro uso gnÇyi sautñn Conhece-te a
ti mesmo. =Åmh met fron sevw Èf¡lhsen força com sabedoria ajuda [é útil] (Isócra
tes). mikròn ptaÝsma di¡luse p nta pequeno acidente estraga tudo. ùw m¡n t aÞd¡setai
koæraw Diòw sson Þoæsaw, tòn d¢ m¡g Ênhsan, kaÛ t ¦kluon eéjam¡noio (Hom., K, 509) q
uem respeitar as filhas de Zeus que chegam perto, esse elas o protegem muito e o
ouvem suplicante [tendo suplicado].
mur04.p65
234
22/01/01, 11:37
o verbo grego
235
oédeÜw ¦painon ²donaÝw ¤kt sato ninguém adquire elogio com prazeres. tÒ xrñnÄ ²
dÛkh p ntvw —ly potisam¡nh com o tempo [pelo tempo] sempre chega a justiça vingadora
. kaÜ bradçw eëboulow eålen taxçn ndra diÅkvn até o lento, quando quer, perseguin
do, pega o homem veloz. t w tÇn faælvn sunousÛaw ôlÛgow xrñnow di¡lusen um tempo c
urto dissolve as sociedades dos levianos. k tyan õmÇw ÷ t ergòw n‾r ÷ te poll ¤orgÇw (
om.) morre igualmente o homem inativo e o que fez muitas coisas. k llow xrñnow n lv
sen o tempo destrói a beleza. tò dokeÝn eänai kalòn k gayòn tòn lñgon pistñteron ¤
poÛhsen o fato de parecer belo e bom [o parecer belo e bom, ter boa reputação] f
az o discurso mais acreditável. Esse uso do aoristo, expresso em português pelo
presente simples, não indica duração, hábito ou continuidade do ato verbal, mas
verdades gerais e é por isso denominado aoristo gnômico pelas gramáticas, de gnÅ
mh - gnÇmai, máxima, provérbio. 2. No segundo uso, como foi assinalado, dentro d
e um quadro narrativo, o aoristo exprime um ato isolado, pontual no passado, igu
almente sem nenhuma conotação de duração, continuidade ou término do ato verbal.
É uma enumeração de fatos isolados, pontuando o fio narrativo: Hoje eu fui à cidad
e, almocei, comprei livros, encontrei amigos e fui à escola . Todos são aoristos,
enquadrados no passado pela palavra hoje , isto é: até este momento. Em português e
le corresponde ao nosso pretérito simples do indicativo. É o aoristo que podemos
chamar de narrativo, enquadrado. Aparece às vezes com conjunções ou com advérbi
os, que não regem o aoristo, mas apenas situam o ato verbal no tempo. Não se trata
de uma regra gramatical, mas de uma relação normal, semântica, orgânica, lógica
. As conjunções ou os advérbios mais comuns neste caso são:
mur04.p65
235
22/01/01, 11:37
236
o verbo grego
¤peÛ, Éw, ÷te - quando; ¤peid (t xista) ¤peÜ prÇton - logo que, assim que; §vw, ¦
ste, m¡xri - até que (trataremos disso no capítulo dos invariáveis). Di mikròn ¤p
olem sate Entrastes em guerra por pequena coisa (o ato em si). Peisistr tou teleut
santow IppÛaw ¦sxe t‾n rx n (Arist.) Tendo morrido Pisístrato Hípias obteve o pod
er (o ato em si). ¤gÆ —lyon, eädon, ¤nÛkhsa, (Apiano) Eu vim, vi, venci. Fica be
m claro, desse último exemplo, que o uso do indicativo exprime o carácter da sim
ples enumeração de fatos isolados, pontuais, no passado, sem marcar anterioridad
e de um em relação ao outro (a anterioridade seria expressa pelo particípio aori
sto ou por um advérbio de tempo). É uma sucessão natural dos fatos, expressa pel
o conteúdo semântico dos verbos. Esse emprego do aoristo como ato isolado dentro
de um processo narrativo explica o aumento e- (marca do passado) que ele recebe
no indicativo e que permanece no aoristo gnômico. Danaòw ¤j AÞgæptou fugÆn Argow
kat¡sxen (Isócr., El. de Hel., 6) Dânaos tendo fugido do Egito se apoderou de A
rgos (fato isolado no passado, sem idéia de duração). Polem rxÄ par ggeilan oß Tri k
onta tò ¤p ¤keÛnvn eÞyism¡non par ggelma (Lísias, Contr. Erat., 17) Os 30 deram a P
olemarco a ordem habitual naqueles casos (ato momentâneo, pontual, isolado). met
t‾n ¤n KorvneÛ& m xhn oß AyhnaÝoi ¤j¡lipon t‾n BoivtÛan p san depois da batalha na Co
ronéia os atenienses abandonaram toda a Beócia (fato isolado, sem idéia de duraç
ão ou resultado).
mur04.p65
236
22/01/01, 11:37
o verbo grego
237
PausanÛaw ¤k LakedaÛmonow strathgòw êpò Ell nvn ¤jep¡mfyh met eàkosi neÇn pò Pelopo
nn sou, jun¡pleon d¢ kaÜ AyhnaÝoi tri konta nausÜ kaÜ ¤str teusan ¤w Kæpron kaÜ aét°w
t poll katestr¡canto Pausânias foi enviado [como] comandante (fato pontual) pelos
Helenos de Lacedemônia, a partir do Peloponeso, com 20 navios; navegavam (ação
concomitante) também conjuntamente Atenienses com trinta navios e partiram (fato
pontual) para Chipre e submeteram (fato pontual) a maior parte dela. Tojik‾n ka
Ü Þatrik‾n kaÜ mantik‾n Apñllvn neèren. Apolo inventou a arte do arco, a médica e
a divinatória (mera menção do ato pontual no passado). Éw õ Kèrow ¾syeto kraug°w
, nep dhsen ¤pÜ tòn áppon Ësper ¤nyousiÇn Assim que Ciro ouviu [percebeu] (fato m
omentâneo, pontual) o alarido, saltou (fato pontual, isolado) sobre o cavalo com
o inspirado pela divindade. (Os dois atos são aoristo narrativo, porque enquadra
dos no passado.) oß Peloponn sioi ôlÛgon m¢n xrñnon ¦meinan, ¦peita de ¤tr ponto ¤
w tòn P normon ÷yenper nhg gonto. os Peloponésios permaneceram por pouco tempo; a seg
uir tomaram a direção de Panormos exatamente de onde reconduziram. O último verb
o poderia ser entendido em português como maisque-perfeito do indicativo. Em gre
go, não; o mais-que-perfeito do indicativo grego nos daria a idéia de uma situaç
ão (resultado) no passado. Não é o caso; são três atos isolados no passado (aori
sto narrativo). Basileçw ¤peÜ —lye t xista ¤piy¡syai toÝw polemÛoiw ¤k¡leusen o re
i assim que chegou, imediatamente mandou atacar os inimigos (dois atos isolados)
. ¦deisan polloÜ kaÜ ¦feugon eÞw t‾n y lattan (Xen., An., 6.6.7) muitos ficaram co
m medo (fato isolado da ação de ficar com medo = aoristo pontual) e se puseram a
fugir para o mar (início e continuidade do ato de fugir = imperfeito).
mur04.p65
237
22/01/01, 11:37
238
o verbo grego
¤peid‾ Yhseçw ¤basÛleuse ¤w t‾n nèn pñlin oïsan p ntaw sunÐkise (Tuc., 2, 15, 2) q
uando Teseu se tornou rei ele fez todos coabitarem na cidade agora existente (fa
tos vistos isolados, como um todo pontual e não na sua realização). ßeròn katest
santo oðper ¤poi sato t‾n eéx n (Isócr., Evág., 15) Eles erigiram um templo exa
tamente no lugar em que ele fez [fizera] a oração. Dois fatos isolados no passad
o, sem nenhuma intenção de marcar anterioridade de um em relação ao outro; a ant
erioridade está no contexto (a anterioridade seria expressa pelo particípio aori
sto na secundária e o resultado, pelo mais-que-perfeito). toçw ¤k SerreÛou teÛxo
uw ¤j¡ballen oîw õ êm¡terow strathgòw ¤gkat¡sthsen (Dem., Fil., 3, 15) Ele se pô
s a expulsar (início da ação que continuou - imperfeito) da fortificação de Sere
ion os que o vosso comandante lá instalou (num determinado momento: não relação
direta de anterioridade; em português poderíamos usar o mais-que-perfeito tinha i
nstalado/ instalara sem a idéia de resultado no passado). Kèron metap¡mpetai ¤k t
°w rx°w ¸w aétòn satr phn ¤poÛhsen (Xen.) Ele revoca Ciro do governo de que o fez [
fizera] sátrapa. (São dois fatos isolados: um isolado no passado = ¤poÛhse e out
ro presente = metap¡mpetai, e não tendo feito sátrapa o revocou ; a anterioridade n
este caso estaria expressa por um particípio aoristo, e um mais-que-perfeito: re
sultado no passado).
mur04.p65
238
22/01/01, 11:37
o verbo grego
239
Acabado (perfectum)
É o ato acabado. Perfeito. É o resultado presente de um ato que terminou. Sem co
notação temporal nem espacial externa ou delimitada. A conclusão do processo ver
bal é interna. É o ato verbal que está completo e cujo resultado perdura até ago
ra. 1. Resultado presente: perfeito eàrhka eu disse: já disse, acabei de dizer e
ìrhka encontrei (afinal), achei t¡ynhke ele morreu > está morto m¡mnhmai estou l
embrado (veio-me à memória) k¡krage ele gritou - deu um grito, acabou de dar ¤sp
oædaka estou cheio de ardor (enchi-me de...) ölvla perdi-me, estou perdido, arru
inado teyoræbhmai estou cheio de confusão, estou confuso oäda eu vi > eu sei (re
sultado) teyaæmaka eu me espantei > estou espantado bebÛvke viveu (não mais está
vivo), uixit d¡doika estou cheio (tomado) de temor > eu temo ¤piteyæmhka koèsai
fiquei cheio de ardor [estou cheio] de ouvir [estou desejoso de ouvir]. pefñbhma
i t w oÞkeÛaw martÛaw µ t w tÇn ¤nantÛvn dianoÛaw estou [fiquei] com medo mais de nos
sas próprias falhas do que dos projetos dos adversários. ³dh g r tet¡lestai moi fÛ
low ³yele yumñw (Hom). agora já acabou [ já se realizou, está realizado] o que m
eu querido coração queria. ² pñliw ¦ktistai par tÇn KorinyÛvn a cidade foi fundad
a (o resultado está aí) pelos [da parte dos] Coríntios. t xr mata toÝw plousÛoiw
² tæxh oé dedÅrhtai ll ded neiken aos ricos a Fortuna não deu de presente os bens, m
as emprestou-os.
mur04.p65
239
22/01/01, 11:37
240
o verbo grego
õ pñlemow p ntvn ²m w pest¡rhken kaÜ g r penest¡rouw pepoÛhke a guerra nos privou [e est
amos privados] de tudo; na verdade nos fez mais pobres [e estamos pobres]. lñgow
l¡lektai p w todo o discurso [já] está dito. ² tajÛa polloçw ³dh polÅleken (Xen., A
n., 3.1.38) a desordem já arruinou muitos (resultado constatado; o emprego do já r
eforça o sentido do ato terminado). oß pefilosofhkñtew (Plat., Féd., 69b) os que
assumiram a qualidade de filósofos [e continuam sendo]. oämai sumf¡rein beboule
èsyai kaÜ pareskeu syai (Dem., Quers., 3) Eu acho ser conveniente a deliberação já
estar tomada [ter sido tomada] e os preparativos já feitos. t w llaw politeÛaw eìr
oi n tiw metakekinhm¡naw kaÜ ¦ti kaÜ nèn metakinoum¡naw (Xen., Rep. dos Lac., 15,
1) poder-se-ia achar as outras constituições que já sofreram modificações [já mo
dificadas = part. perf. pass.] e que ainda agora estão sofrendo modificações [es
tão sendo modificadas = part. pres. pass.]. beboæleusye oéd¢n aétoÜ prÜn µ gegen
hm¡non µ gignom¡non ti pæyhsye. (Dem., Fil., I, 41) vós mesmos sobre nada delibe
rastes [não terminastes a deliberação] antes de vos informardes ou que algo já a
conteceu (gegenhm¡non, part. perf.) ou estava acontecendo (gignom¡non, part. pre
s.). ² f lagj diaspasy setai eéyçw kaÜ toèto yumÛan poi sei ÷tan tetagm¡noi eÞw f lag
ga taæthn diesparm¡nhn õrÇsin (Xen., An., 4.8.10) imediatamente a tropa será dis
persada e isso provocará perda de coragem quando, depois de [já] terem sido arra
njados (tetagm¡noi, part. perf. pass.) em fileiras, virem a tropa dispersada [di
spersa] (diesparm¡nhn, part. perf. pass.). Neste exemplo o quadro imaginado é fu
turo (eventual), mas o valor do part. perf. continua o mesmo, isto é, o resultad
o da ação.
mur04.p65
240
22/01/01, 11:37
o verbo grego
241
¤ n toèto nikÇmen p nta ²mÝn pepoÛhtai caso vençamos isso [se vencermos isso], tudo
está feito [fica feito] para nós (quadro futuro, eventual). ²g sato aétoÝw n‾r P¡
rshw doèlow gegenhm¡now tÇn ¤n kropñlei tinòw frourÇn (Xen., Cir., 7, 2, 3) guiou
-os um homem persa que se tinha tornado (e era ainda; gegenhm¡now, part. perf.)
servo de um dos que eram vigias da cidadela. taèta ¦lege spoud zousa tÒ ³yei Ëst ¤m
¢ taèta pepeÝsyai ela dizia essas coisas com ar tão sério que eu me convenci del
as [fiquei convencido, na ocasião]. 2. Resultado passado: mais-que-perfeito (só
indicativo): ÷te —lye õ fÛlow ¤gegr fein t‾n ¤pistol n Quando [no momento em que]
chegou o [meu/nosso] amigo, eu [ já] tinha escrito/escrevera a carta. ² OÞnñh ¤t
eteÛxisto kaÜ aétÒ frourÛÄ oß AyhnaÝoi ¤xrÇnto (Tuc.) Enoé estava cercada [tinha
sido] de muralhas e os Atenienses se serviam da própria guarnição. ©n —n xvrÛon
metrñpoliw aétÇn: eÞw toèto p ntew sunerru kesan (Xen., An., 5.3.3.) havia um só l
ugar, metrópole [capital] deles; para lá todos tinham acorrido. oé polçn n lvse x
rñnon ll eéyçw ¤pepeÛkei (Ésquines, C. Tim., 57) ele não gastou muito tempo; ao con
trário, rapidamente já tinha persuadido. eéyçw tÇn sukofantoæntvn tòn KrÛtona nhu
r kei poll dik mata (Xen., Mem., 2, 9, 5) rápido ele [ já] tinha descoberto muitas
injustiças dos que caluniavam Críton.
mur04.p65
241
22/01/01, 11:37
242
o verbo grego
¦legon ÷ti AriaÝow pefeugÆw ¤n tÒ staymÒ eàh met tÇn llvn barb rvn ÷yen t» proteraÛ&
Ërmhnto (Xen., An., 2, 1, 3) diziam que Arieu estaria refugiado [teria-se refugi
ado, e estava] junto com os outros bárbaros no posto de onde no dia anterior ele
s tinham atacado. eðde lelasm¡now ÷ss ¤pepñnyei (Hom.) ele dormia, esquecido (lel
asm¡now, part. perf. méd.) do que tinha sofrido (¤pepñnyei, mais que perf. ativo
). ¤n toÝw Dr kontow nñmoiw mÛa pasin Ëristo toÝw mart nousi zhmÛa: y natow nas leis de
Drácon uma só pena estava determinada [tinha sido determinada] para todos os del
inqüentes: morte. ¤peÜ paj ³rjanto êpeÛkein, taxç d‾ p sa ² krñpoliw ¦rhmow tÇn pole
mÛvn ¤geg¡nhto assim que, por uma vez, começaram a se retirar, rapidamente a cid
adela toda ficou [tinha ficado e estava] vazia de inimigos. feægousin eÞw tòn st
aymòn ¦nyen Ërmhnto eles fogem [estão fugindo] para a parada de onde tinham atac
ado. 3. Resultado futuro: Futuro perfeito (um ato estará terminado em uma situaç
ão futura). Construído sobre o tema do perfeito, o seu uso não é freqüente e é q
uase sempre empregado na voz passiva; é raro na voz ativa. oìtvw oß pol¡mioi ple
Ýston ¤ceusm¡noi ¦sontai (Xen., An., 3, 2, 31) dessa maneira os inimigos de pref
erência estarão enganados [estarão numa situação de terem sido enganados]. p w õ p
arÆn fñbow lelæsetai todo o medo presente estará dissipado [terá sido]. n taèt eÞd
Çmen t d¡onta ¤sñmeya ¤gnvkñtew se soubermos essas coisas [caso saibamos], estare
mos em situação de conhecedores do que é necessário.
mur04.p65
242
22/01/01, 11:37
o verbo grego
243
¤moÜ d¢ leleÛcetai lgea lugr (Hom.) os tristes sofrimentos me terão abandonado. ¤ n
taèta pr júw toÝw m¢n polemÛoiw ¤piteteixikÆw ¦sú, filÛan d¢ pñlin diasesvkÅw, eék
le¡statow d¢ ¦sú se executares essas coisas [caso executes] tu te terás fortific
ado diante dos inimigos, tu terás salvo uma cidade amiga e serás muito glorioso.
fr son ÷ ti me deÝ poieÝn kaÜ pepr jetai dize-me o que me é preciso fazer e estará
feito. ÷te pei p nta pepraxÆw ¦somai quando [no momento em que] partires eu já tere
i executado tudo [estarei numa situação de ter executado]. ÷tan koæsúw toè salpig
ktoè lelukñtew ¤sñmeya quando ouvires [caso ouças] o tocador de trombeta estarem
os soltos [estaremos em situação de termo-nos livrado]. toÝw kakoÝw memÛjetai t ¤
syl com as coisas más estarão misturadas [terão sido] coisas boas.
mur04.p65
243
22/01/01, 11:37
244
o verbo grego: os modos
Os modos
É a maneira como se realiza o ato verbal. É uma visão externa do processo verbal
. É uma species , como diz Varrão. A palavra aspecto caberia melhor ao modo do que ao
que convencionalmente chamamos aspecto. O modo, na verdade, é um eädow isto é, um
a aparência, uma forma exterior. O modo depende do enunciante, que imprime ao pr
ocesso verbal a sua vontade, a sua visão, a sua intenção. Ele passa ao receptor
uma realidade vista à maneira pela qual ele quer que o receptor a aceite. Há qua
tro modos verbais em grego.
Indicativo
Exprime a realidade objetiva, como ela é de fato, e a realidade subjetiva, como
ela é no entendimento do emissor, mas que não o é necessariamente na mente do re
ceptor. São as chamadas proposições enunciativas em que há uma declaração, uma a
firmação: As uvas estão verdes, diz a raposa - realidade subjetiva As uvas estav
am verdes, diz o narrador - realidade objetiva 2 Do mesmo modo que o indicativo
exprime a realidade, ele o faz também com a irrealidade objetiva ou possível. Nã
o há dúvidas na irrealidade subjetiva ou objetiva: As uvas não estão / não estav
am maduras. Mas, Se as uvas estivessem maduras eu as comeria (não estão maduras
e eu não as como/comerei) - irrealidade hipotética presente. Se as uvas tivessem
caído no chão a raposa as teria comido (não caíram no chão e a raposa não as co
meu) - irrealidade hipotética passada.
2
Há inúmeros exemplos do indicativo real, na p. 248, entre outras.
mur04.p65
244
22/01/01, 11:37
o verbo grego: os modos
245
Nesses dois casos o grego emprega: o indicativo imperfeito no primeiro caso (irr
ealidade hipotética presente), tanto na condicionante (prótase) quanto na condic
ionada (apódose). Há coerência, porque, se o indicativo exprime a realidade, ips
o facto deve exprimir também a irrealidade. o indicativo aoristo no segundo caso
(irrealidade hipotética passada), tanto na condicionante (prótase) quanto na co
ndicionada (apódose). Como no caso da irrealidade presente, também aqui o uso do
indicativo é semanticamente coerente. Apenas o grego usa eÞ para introduzir a c
ondicionante (prótase) e n para introduzir a condicionada (apódose). Em português
clássico ou erudito, o emprego do indicativo nas frases acima não é raro. O que
mudou foi apenas o uso, que revestiu a irrealidade de uma atmosfera nebulosa ex
pressa pelas formas passadas do subjuntivo e pelo condicional, que, veremos mais a
diante, são o optativo grego. Mas, se disséssemos Se as uvas eram (estavam) madur
as eu as comia (Não estão e eu não as como), não estaríamos incorrendo em erro. O
s exemplos a seguir (cerca de 70) têm por objetivo ressaltar que o indicativo ex
prime a certeza, a realidade em qualquer tipo de enunciado (consecutivo, causal,
real, irreal, modal, concessivo) e que ele vale por si mesmo e não porque o enu
nciado está classificado neste ou naquele modo sintático. Nos exemplos arrolados
a seguir poderemos constatar que em grego, em qualquer contexto em que esteja,
o indicativo é a expressão do real ou do irreal, indicados de várias maneiras, c
om a partícula (conjunção) supositiva eÞ e a partícula potencial n.
Expressão da irrealidade:
êpñ ken talasÛfron per d¡ow eåle o medo teria [poderia ter] se apoderado até de u
m corajoso (mas não se apoderou; irreal do passado: indicativo aoristo).
mur04.p65
245
22/01/01, 11:37
246
o verbo grego: os modos
basileçw smenow n toçw AyhnaÛouw eÞw t‾n summaxÛan prosed¡jato O rei teria [poderia
ter] aceito com prazer os Atenienses na aliança (mas não aceitou; irreal do pas
sado: indicativo aoristo). EgÆ d ¤boulñmhn n aétoçw lhy° l¡gein (Lísias) Eu queria [
quereria] que eles estivessem dizendo a verdade. [Eu os queria estarem dizendo a
verdade (mas não estão).] Eà ti eäxon ¤dÛdoun n. Se eu tivesse algo eu daria. [S
e eu tinha eu dava; mas não tenho.] EÞ m‾ ³lyete ¤poreuñmeya n ¤pÜ tòn basil¡a (X
en.) Se vós não tivésseis chegado nós estaríamos marchando contra o grande rei.
[Se vós não chegastes nós não estávamos marchando. Mas vós chegastes e nós estáv
amos marchando contra o rei.] Oék n n°son ¤kr tei eÞ m ti kaÜ nautikòn eäxen (Tuc.
) Ele não estaria dominando a ilha se não tivesse algo e também uma esquadra. [M
as ele está dominando a ilha e tem a esquadra.] Wietñ tiw n Alguém poderia acredit
ar [não acredita]. TÛ sig w; oék ¤xr°n sig n (Eur.) Por que silencias? Não deverias
[devias] silenciar. Pèr n oé par°n (Sóf) O fogo faltava. [estaria faltando, às ve
zes, freqüentemente]. (o n marca o enfraquecimento da afirmação) R mat n bñeia dÅdek
eäpen (Aristóf.) E lá disse ele [teria dito] uma dúzia de palavrões [do tamanho
de um boi] (o n marca a atenuação da afirmação). Eàye soi tñte sunegenñmhn (Xen.)
Oxalá eu tivesse encontrado contigo então! [mas não me encontrei.] Eàye m poy ´m
arten Oxalá ele nunca tivesse falhado! [mas falhou] Freqüentemente nas exclamati
vas, ou interrogativas que exprimem ou perplexidade ou uma descrença (irrealidad
e latente), o indicativo concorre com o optativo, segundo o grau de firmeza ou d
úvida do enunciante.
mur04.p65
246
22/01/01, 11:37
o verbo grego: os modos
247
Di toçw nyistam¡nouw êmeÝw ¤st¢ sÇoi: ¤peÜ di g êm w aétoçw p lai n polÅleite (Dem.)
vossos adversários que estais sãos e salvos, porque por vós mesmos já há muito
estaríeis arruinados (causa, fato real). Episteuñmhn êpò tÇn LakedaimonÛvn: oé g r n
me ¦pempon pròw êm w (Xen.) Eu tinha a confiança dos Lacedemônios [era acreditado
por], por que se não, eles não me enviariam para vós (real e depois irreal do p
resente). ¦nya d‾ ¦gnv n tiw Naquele momento alguém poderia ter tomado conhecimen
to [mas não tomou (irreal do passado = indicativo aoristo)]. All Êfele Kèrow z°n;
Ah! se Ciro estivesse vivo! [mas não está (irreal do presente = indicativo imper
feito)]. Sun¡bh m pot Êfele (sumbaÛnein) Aconteceram as coisas que não deveriam [
não deviam acontecer]. ±boulñmhn n eu quereria / quisesse eu / eu queria [mas não
quero] (irreal do presente / potencial = indicativo imperfeito). ±dun mhn n eu pod
eria / pudesse eu [mas não posso] (irreal do presente / potencial = indicativo i
mperfeito). E mais algumas expressões de uso muito constante: ¤j°n seria (era) p
reciso, permitido, possível eÞkòw —n seria (era) natural, verossímil, justo kalÇ
w eäxen seria (era) bonito kalÇw —n seria (era) bonito jion —n seria (era) digno
dÛkaion —n seria (era) justo ¦dei seria (era) preciso ¤xr°n seria (era) bom, úti
l, preciso pros°ke(n) seria (era) conveniente, decente Êfele(n) seria (era) útil
(ajudaria)
mur04.p65
247
22/01/01, 11:37
248
o verbo grego: os modos
Expressão da realidade:
Mas o uso desses mesmos verbos no presente, aoristo e futuro do indicativo sem n
exprime uma realidade. São enunciativas, afirmativas, declarativas. T°w ret°w ßdr
Çta yeoÜ prop roiyen ¦yhkan Na frente da virtude [excelência] os deuses colocaram
o suor. Ar oïn m‾ kaÜ ²mÝn ¤nantiÅsetai; (Xen.) Será então que ele não se oporá ta
mbém a nós? (o futuro indicativo exprime sempre uma certa antecipação da certeza) A
llo ti µ dianoeÝ ²m w pol¡sai; (Plat.) É outra coisa ou ele medita [trama] nos arru
inar? [não é verdade que?] (indicativo real) TÛw soi dihgeÝto ; µ aétòw Svkr thw;
Quem te dizia isso? ou [não é?/a não ser] o próprio Sócrates? (indicativo real)
TÛ dikhyeÜw ¤pibouleæeiw moi; Prejudicado em quê tu estás tramando [tramas] contr
a mim? Pñy xr‾ pr jete; ¤peid n ti g¡nhtai; (Dem.) Quando fareis o que é preciso? (in
d. real) Depois que algo acontecer [aconteça]? (eventual) Oéd¢n ÷ ti m‾ ¤rg thw ¦s
ú (Luc.) Tu não serás nada que não mão-de-obra (eventual com grau de certeza). d
eÝ prò toè polemeÝn ¤sk¡fyai tÛw êp rjei paraskeu‾ tÒ genhsom¡nÄ pol¡mÄ É preciso,
antes de empreender a guerra, já ter refletido que recursos estarão à disposiçã
o para a guerra vindoura. jion (¤sti) êm w mou koèsai é justo vós me ouvirdes. Hretñ
me tÛw eÞmÛ. [eàhn] Ele me perguntou quem eu sou [seria]
mur04.p65
248
22/01/01, 11:37
o verbo grego: os modos
249
Oäsya Eéyædhmon õpñsouw ôdñntaw ¦xei; (Plat.) Sabes quantos dentes tem Eutidemo?
DokÇ moi koæein. Eu pareço estar ouvindo. [Parece-me que ouço.] DokeÝ moi mart nein
. Tu me parece errar. [Parece-me que está errando.] L¡gv ÷ti yeñw ¤stin. Eu digo
que existe um deus. Oäda ÷ti yeñw ¤stin. Eu sei que existe um deus. XaÛrv ÷ti e
édokimeÝw (Plat.) Eu me alegro [por] que tens boa fama. Oék aÞsxænomai eÞ tÇn nñ
mvn ¦latton dænamai. (And.) Eu não sinto vergonha se tenho menos poder do que as
leis. Oäda ÷stiw eä Eu sei quem tu és. AnerÅta aétòn pñteron boæletai m¡nein µ o
ë. [µ m ] Pergunta-lhe de novo se ele quer ficar ou não. TÛ g r ¾dh eà ti k keÝnow e
äxe sid rion; (Lísias) Pois em que eu sabia se também ele tinha um punhal? Leæse
te oåa pròw oávn ndrÇn p sxv; (Sóf.) Vede que coisas diante de que homens eu estou
sofrendo. HrÅta §kaston eà tina ¤lpÛda ¦xei. Ele interrogava a cada um se tinha [
tem] alguma esperança. Oék oäd ÷pvw n ¦prajen. (Isócr.) Eu não sei como ele agiu [
teria agido] Foboæmeya m‾ mfot¡rvn ma ²mart kamen (Tuc.) Nós temos receio que falh
amos nos dois objetivos [na realidade já falhamos]. Eéyçw nast w, oìtv deèro ¤poreu
ñmhn (Plat.) Assim que me levantei [direto tendo-me posto de pé] pus-me a caminh
o daqui.
mur04.p65
249
22/01/01, 11:37
250
o verbo grego: os modos
Oéd¢n llo ¦xv eÞ m‾ toèto. Não tenho nada outro a não ser [senão] isso (realidade
). Ep¡pese xiÆn pletow Ëste p¡kruce t ÷pla (Xen.) Caiu uma neve abundante que cobriu
as armas [a tal ponto que (consecutiva, fato real)]. Tosoætou d¡v ôrgÛzesyai Ës
te kaÜ eéfraÛnomai. Careço tanto de me irritar que até estou contente. (consecut
iva, fato real) UmÝn p¡mcv ndraw oátinew summaxoèntai (Xen.) Eu vos enviarei homen
s que combaterão junto [para combaterem junto]. (consecutiva, fato real) TÛw oìt
v maÛnetai ÷stiw oé boæletaÛ soi fÛlow eänai; (Xen.) Quem está delirando a tal p
onto que não quer ser teu amigo?! (consecutiva, fato real) Oàontai politikoÜ eän
ai ÷ti ¤painoèntai épò tÇn pollÇn. (Plat.) Porque são elogiados pela massa eles
se crêem homens de estado. [eles crêem ser homens] (causa, fato real) Oék —n kr
nh ÷ti m‾ mÛa ¤n t» kropñlei (Tuc.) Não havia fonte a não ser uma na acrópole. (f
ato real) EÞ kaÜ m‾ bl¡peiw froneÝ ÷mvw (Sóf.) Mesmo se és cego, assim mesmo tu
pensas. (concessiva,fato real) AÞsxunoÛmhn toèto õmologeÝn ¤peÜ polloÛ g¡ fasin
(Plat.) Eu me envergonharia de admitir isso uma vez que [se] muitos afirmam [afi
rmem]. (concessiva, fato real) Taèta ¤poÛoun m¡xri skñtow ¤g¡neto (Xen.) Eles fi
caram fazendo essas coisas até que chegou a noite. Nèn ¤peÜ p¡nhw geg¡nhmai (Xen
.) Agora porque [depois que] fiquei pobre... Oék ³yele feægein prÜn ² gun‾ aétòn
¤peisen (Xen.) Ele não queria evadir-se antes que a mulher o persuadiu. [até qu
e]. L¡ge d‾ t‾n ¤pistol‾n ¶n ¦pemce FÛlippow (Dem.) Dize, então, a mensagem que
Felipe enviou.
mur04.p65
250
22/01/01, 11:37
o verbo grego: os modos
251
Nèn eÞl famen ù p lai kaÜ polloÜ tÇn sofÇn zhtoèntew prÜn eêreÝn kateg rasan (Plat
.) Nós agora entendemos [captamos] o que há muito muitos sábios envelheceram pro
curando antes de encontrar. Wsper t xalkeÝa plhg¡nta ±xeÝ kaÜ oß = torew oìtv (Pla
t.) Como os objetos de bronze ressoam quando batidos, assim também os oradores. O
sÄ m llon pisteæv êmÝn tosoætÄ m llon porÇ. (Plat.) Quanto mais eu confio em vós tant
o mais fico sem saída [em dificuldade]. SoÛ sumf¡rei t aét kaÜ ¤moÛ. A ti interess
am as mesmas coisas que a mim. Yaumastòn poieÝw ùw oéd¢n dÛdvw (Xen.) Ages de ma
neira estranha, tu que não nos dás nada. A m‾ oäda oéd¢ oàomai eÞd¡nai (Plat.) Aq
uilo que por acaso não sei nem mesmo acho que sei. [não julgo saber].
Expressão da condição:
No item irrealidade há inúmeras frases hipotéticas, condicionais, supositivas. O u
so do modo depende do significado da condição; se é real, é indicativo (eÞ), se
é irreal, indicativo (eÞ - n); se potencial, o optativo (eÞ - n); se eventual, o s
ubjuntivo ou futuro (eÞ - ¤ n). EÞ n gkh ¤stÜ m xesyai deÝ paraskeu sasyai (Xen.) Se é ne
cessário lutar [entrar na luta] é preciso preparar-se. (exprime um fato afirmati
vo, da realidade subjetiva) EÞ m‾ kay¡jeiw glÇssan ¦stai soi kak (Eur.) Se não re
tiveres [caso não retenhas] a língua, desgraças vão te acontecer. (suposição eve
ntual, com grande certeza)
mur04.p65
251
22/01/01, 11:37
252
o verbo grego: os modos
EÞ m¢n oïn taèta l¡gvn diafyeÛrv toçw n¡ouw taèt n eàh blaber (Plat.) Se dizendo [ao
dizer] essas coisas eu corrompo os jovens, então essas coisas seriam danosas. (
condição real no primeiro verbo; no segundo o optativo atenua a conclusão) Poll e
ÞpeÝn n ¦xoien oß Olænyioi nèn tñt eÞ proeÛdonto oék n pÅlonto (Dem.) Os Olíntios po
eriam dizer agora (potencial - atenuação da afirmação) muitas coisas que, se tiv
essem previsto antes, não teriam sucumbido. (irreal do passado) Oék ¤dænat n pr ttein
¤boæleto (Xen). Ele não podia [poderia] fazer o que queria [quisesse]. ôlÛgou t
‾n pñlin eålon Por pouco [faltou pouco, de pouco] eles tomaram a cidade. O empre
go do indicativo é coerente: ele sempre exprime a realidade objetiva ou subjetiv
a e também a irrealidade objetiva ou subjetiva (em português às vezes sob forma
supositiva). Observação importante: Nas orações supositivas (hipotéticas), a idé
ia de tempo não está presente nem no indicativo; o que há é apenas o aspecto; ma
s, quando o tema de qualquer aspecto recebe o aumento ¤- passa a exprimir o pass
ado de cada um deles: o passado do presente: imperfeito, aumento anteposto ao te
ma do infectum; o aoristo narrativo (enquadrado ou pontual): (pretérito simples
em português) ou aoristo gnômico (presente simples em português), aumento antepo
sto ao tema do aoristo; mais-que-perfeito: passado do perfeito (mais-que-perfeit
o simples ou composto em português), aumento anteposto ao tema do perfectum. Out
ros exemplos de indicativo podem ser encontrados no capítulo que trata dos aspec
tos verbais. O objetivo do grande número de exemplos é insistir no valor semânti
co autônomo das formas verbais. O enquadramento sintático leva a esquemas formal
istas, que provocam a criação de regras de regência e de correlação complexas, q
uando é muito mais facil se ater ao significado intrínseco da forma verbal.
mur04.p65
252
22/01/01, 11:37
o verbo grego: os modos
253
Subjuntivo
Exprime o fato eventual, provável, futuro. O nome subjuntivo ou conjuntivo cobre ape
nas uma parte do significado: quando exprime uma finalidade ou um fato futuro de
pendendo de uma eventualidade. Na proposição independente ele é volitivo (pedido
, conselho) deliberativo, desiderativo, que são as várias facetas da eventualida
de. Trouxe água para que bebas. - final Se trouxeres água eu beberei - eventual
Caso tragas água eu beberei - eventual Quando (sempre que) os homens bebem eles
são ricos, ajudam os amigos, são felizes - eventual O subjuntivo exprime também
a exortação e a deliberação (que são fatos eventuais, futuros). Corram que chega
rão a tempo - exortativo Vamos mais depressa? - deliberativo O que farei? O que
faremos? - deliberativo Por exprimir um fato eventual, provável, futuro ou uma a
ntecipação não há em grego o perfeito, o imperfeito e o mais-que-perfeito do sub
juntivo que não exprimem eventualidade. Por isso devemos traduzir o subjuntivo g
rego ou pelas formas do subjuntivo presente, do subjuntivo futuro ou pelo infini
tivo preposicionado (para) ou com conjunção (a fim de / que). É inútil procurar
outras traduções para o subjuntivo grego; a idéia do eventual-futuro permanece.
Não é por mero acaso que em grego não haja subjuntivo futuro. Sempre que leio Ho
mero, eu sinto prazer. Esse indicativo leio, na medida em que não é uma realidade
objetiva única, mas um fato repetido, ou seja, eventual, o grego, coerentemente,
o exprime com ¤ n/ n e subjuntivo. Em português poderíamos chamá-lo de indicativo ev
entual Outra observação incontestável: as desinências do subjuntivo são primárias
, qualquer que seja a voz e o aspecto. É que a noção da eventualidade tem o pres
ente como ponto de partida e as desinências primárias são do presente e do event
ual, que é uma antecipação do futuro.
mur04.p65
253
22/01/01, 11:37
254
o verbo grego: os modos
No latim, o eventual se exprime pelo presente do subjuntivo ou pelo futuro (indi
cativo). Em grego há tantos subjuntivos quantos são os aspectos e vozes, mas, co
mo já foi dito, não há subjuntivo futuro! Seria redundante. As três formas do su
bjuntivo são: Subjuntivo presente (tema do infectum, inacabado): entrada no ato
verbal Subjuntivo aoristo (tema do aoristo): isolado, pontual Subjuntivo perfeit
o (tema do perfectum): ato verbal acabado. Não há idéia de tempo no subjuntivo.
1. Nas orações independentes
a) Deliberativo PerÜ toætvn d¢ l¡gvn pñyen rjvmai; E falando a respeito dessas co
isas, de onde eu começarei? [vou começar = incipiam] (subj. aoristo = apenas o a
to verbal) tÛ d¢ prÇton l¡gv; (Plat., Górg.) O que direi [vou dizer, dicam] prim
eiro? (subj. pres. = entrada no processo verbal) PoÝ tr pvmai; Para onde eu me dir
ijo? [Para onde eu vou me dirigir? Para onde me viro?] (subj. aoristo = apenas o
ato verbal) Eàpvmen µ sigÇmen; Vamos falar [falaremos] ou permanecemos [permane
ceremos] calados? (Eàpvmen, subj. aoristo = apenas o ato verbal; sigÇmen, subj.
pres. = entrada no ato verbal) PoÝ katafeægvmen; Para onde vamos fugir? [iniciar
a fuga?] (subj. pres. = entrada no ato verbal) Boælei soi ônom zv toçw ¥pt sofoæw;
Queres [que] eu te cite [nomeie] os sete sábios? (subj. pres. = inicie o ato de
citar)
mur04.p65
254
22/01/01, 11:37
o verbo grego: os modos
255
Boælei soi ônom sv toçw ¥pt sofoæw; Queres [que] eu te cite os sete sábios? (subj.
aoristo = ato pontual de citar) PÇw s¢ keÛrv; SivpÇn. Como vou fazer tua barba?
(subj. pres.) Calado.
toèton eÞr nhn gein ¤gÆ fÇ pròw êm w; eu vou dizer para vós que esse homem está em
paz? b) Exortativo: exortação, persuasão positiva ou negativa. Pode ser ligada a
tonalidades de imperativo, no seu sentido de modo do diálogo e não da ordem ou
proibição. F¡re àdvmen eà ti ¤dÅdimon ² p¡ra ¦xei. Vamos, vejamos [vamos ver, ve
remos] se tua sacola tem algo comestível. (subj. aor. = o ato pontual de ver) Ivm
en d‾ kaÜ m‾ m¡llvmen ¦ti; Vamos indo e não mais hesitemos! (subj. pres.) Ivmen;
Vamos! [Eamus!] (subj. pres. = entrada no ato) Age d , àdv; Vamos lá! que eu veja
! (subj. aor.= ato pontual) yumÒ g°w perÜ t°sde maxÅmeya kaÜ perÜ paÛdvn yn skvm
en; Com coragem lutemos por esta terra e morramos pelos nossos filhos! (subj. pr
es.= iniciemos a luta e morramos) FeidÅmey ndrÇn eégenÇn, feidÅmeya; Poupemos, pou
pemos os homens nobres! (subj. pres.= vamos poupar) c) Desiderativo (positivo ou
negativo) M‾ lÛan pikròn eÞpeÝn  (Dem.) Que não seja muito duro [azedo] de diz
er! M‾ yorub shte; Não façais barulho! (subj. aor. = o ato verbal em si)
mur04.p65
255
22/01/01, 11:37
256
o verbo grego: os modos
M‾ oék  didaktòn ret . (Plat.) Que a virtude não seja algo ensinável! (subj. pre
s. = não há noção aorista do ser, mas pode haver a noção eventual) M‾ poi súw; N
ão faças! (subj. aor. = o ato em si) Mhd¢n yum shte §neka tÇn gegenhm tvn; Não vos
desencorajeis diante do que aconteceu! (subj. aor. = o ato em si) MhdenÜ sumfor n
ôneidÛsúw; A ninguém desejes desgraças! (subj. aor. = o ato em si) MhdeÜw yaum sú;
Ninguém admire! (subj. aor.= o ato em si) MhdeÜw êpol bú me boælesyai layeÝn. (Pl
at.) Que ninguém suspeite que eu quero [estou querendo] dissimular. (subj. aor.
= o ato em si) SiÅpa, mhd¢n eàpúw n pion; (Aristóf.) Cala-te, não digas nenhuma
bobagem! (subj. aor.) m pv ¤keÝse àvmen, prÑ g r ¤stin, ll deèro ¤janastÇmen eÞw t‾n
aél n (Plat., Prot., 311a) Não vamos ainda para lá, pois ainda é cedo, mas leva
ntemo-nos aqui e vamos para o quintal
2. Nas orações dependentes
a) Intenção, finalidade: fato futuro, eventual Conjunções usadas ána, Éw ÷pvw ( n)
para que, que > subj. para > inf. de modo a que
Kr zv ána mou koæú. Estou gritando para que ele me ouça. [passe a me ouvir] (subj.
pres.)
mur04.p65
256
22/01/01, 11:37
o verbo grego: os modos
257
Kñsmiow àsyi ÷pvw m‾ kol zú. Sê bem comportado para que [de modo a que] não sejas
punido. [passes a ser punido] (subj. pres.) Toçw n¡ouw eÞw paidotrÛbou p¡mpousin
ána sÅmata beltÛv ¦xvsin. (Plat.). Eles mandam os jovens ao mestre de ginástica
para que tenham os corpos melhores. [passem a ter, e mantenham] (subj. pres) De
Ý tòn dhmotikòn ndreÝon eänai ána m‾ par toçw kindænouw ¤gkataleÛpú tòn d°mon. (És
quines) É preciso o representante do povo ser corajoso para que não o abandone n
as situações de perigo. (subj. pres.= idéia permanente) Opvw m‾ poy nú ßk¡teuen. (Lí
sias) Ele suplicava para não morrer [para que não morresse] (subj. aor. = o ato
em si) M‾ fyñnei toÝw eétuxoèsin m‾ dok»w eänai kakñw. Não inveja [invejes] os f
elizes para que não pareças mau. [fiques parecendo] (subj. pres.) Toçw fÛlouw eï
poÛei ána aétòw eï pr ttúw. Faze [faça] o bem/sê benfazejo a teus amigos para que
tu mesmo passes bem. (subj. pres. = entrada na ação) L¡gv soi t de ÷pvw n m‾ ¤pil yú
. Eu te digo estas coisas para que não te esqueças. [de modo a que não esqueças]
(subj. aor.= o ato em si) Eprassen ÷pvw pñlemow g¡nhtai. (Tuc.) Ele trabalhava p
ara que a guerra aconteça (subj. aor= o ato em si) EpimelÅmeya ÷pvw n oß n¡oi mhd¢
n kakourgÇsin. (Plat.) Tomemos cuidado para que [de modo a que] os jovens não fa
çam nenhum mal. (subj. pres. = entrem no ato de) Eélaboè m‾ p¡súw; Toma cuidado
[para que] não caias! (subj. aor. o ato em si) SugxvrÇ ána soi xarÛsvmai. (Plat.
) Concordo [acompanho] para que te agrade [para te agradar]. (subj. aor. = o ato
em si)
mur04.p65
257
22/01/01, 11:37
258
o verbo grego: os modos
b) Circunstâncias temporais de indeterminação (fato repetido no presente ou no f
uturo) temporais, hipotéticas, relativas. A partícula por excelência do eventual
é ¤ n / ³n / n, se, no caso de, caso, e ela pode vir enfatizando outras conjunções
ou adverbios: ÷tan (÷te n) ¤p n (¤peÜ n), ¤peid n (¤peid n) §vw, ¦ste, m¡xri ( n) ¤n
Ú ( n) ¤j oð, f oð ( n) prÛn ( n) quando (eventual) - sempre que desde que, depois que,
assim que, a partir do momento em que (eventual) até que, até em que, no que, en
quanto do que, a partir do que, desde que antes, antes que
Não há necessidade de pormenorizar se a oração é causal, temporal, final, conces
siva ou condicional, embora seja útil para a compreensão do contexto; mas não se
trata de regência ; desde que há uma eventualidade ela é expressa pelo subjuntivo.
É o que importa. Toçw llouw õrÇ toçw kinduneæontaw ¤peid n Îsi perÜ t‾n teleut‾n t
°w pologÛaw ßketeæontaw. (Isócr.) Eu vejo os outros acusados, quando [sempre que]
estão perto do fim da defesa, suplicantes. (subj. pres. = fato em si: eventual;
indicativo em português.). Tò g¡now tÇn Yr&kÇn ¤n Ú n yars sú fonikÅtatñn ¤stin.
(Tuc.) A raça dos Trácios, no que [enquanto, sempre que] está segura é muito sa
nguinária. (subj. aor. = fato em si: eventual) Tò tettÛgvn g¡now g¡raw toèt ¦labe
dein §vw n teleut sú. (Plat.) O gênero das cigarras recebeu esse dom de cantar at
é que morra [até morrer]. (subj. aor. = o ato em si = eventual) O m¢n oïn Pl ttvn f
hsÜ tñte t nyrÅpeia kalÇw §jein ÷tan µ oß filñsofoi basileæsvsi µ oß basileÝw filo
sof svsin. (Pol.) Pois bem, Platão diz que os negócios dos homens estarão bem na
quele momento em que [quando, sempre que] ou os filósofos reinarem ou os reis fi
losofarem. (subj. aor.)
mur04.p65
258
22/01/01, 11:37
o verbo grego: os modos
259
E n g r ¤m¢ pokteÛnhte oé =&dÛvw llon toioèton eêr sete. (Plat.) Na verdade, se vós me
matardes [caso me mateis] não facilmente achareis um outro igual. (subj. aor.) E n z
ht»w kalÇw eêr seiw. (Plat.) Se procurares [caso procures] bem, acharás. (subj.
aor.) An glaçj nakr gú, dedoÛkamen. (Men.) Uma coruja pia e estamos com medo. [Se um
a coruja pia estamos com medo.] (subj. aor = o ato em si) Hn ¤ggçw ¦lyú y natow oéd
eÜw boæletai yn¹skein. (Eur.) Se a morte chega perto, ninguém quer morrer. [caso
chegue, sempre que] (subj. aor. = o ato em si) Oé mñnon ¤n t»de t» pñlei dænata
i pr ttein ÷ ti boælhtai ll ¤n p sú t» Ell di. (Plat.) [Péricles] pode fazer o que quer
por acaso queira] não só nesta cidade, mas em toda a Grécia. (subj. pres. = fato
habitual) M‾ p¡lyhte prÜn n koæshte moè. (Xen.) Não vades [não vos retireis] antes
que me ouçais. [de me ouvir] (subj. aor. = o ato em si) Apñmnusi mhd¢n pr jein prÜ
n n t‾n toè Ektorow kefal‾n ¤pÜ tòn toè Patrñklou t fon ¤n¡gkú. (Ésquines) [Aquiles]
jura nada fazer [que nada fará] antes que traga [que trouxer, de trazer] a cabe
ça de Heitor sobre o túmulo de Pátroclo. (subj. aor. = o ato em si) Otan keleæsú,
¤ n keleæsú, ù n keleæsú pr jv. Quando ele manda [sempre que mande], se ele mandar [
caso ele mande], o que ele mandar [o que mande], farei. (subj aor. = eventual =
o ato em si, pontual) Otan keleæú, ¤ n keleæú, ÷ ti n keleæú pr ttv Quando ele manda [
sempre que] se ele manda, o que ele manda/ mande eu faço. (subj. pres. = eventua
l, fato repetido, habitual; infectum, entrada e permanência no ato verbal) Epeid n
diapr jvmai ´jv. (Xen.) Quando [depois que] terminar eu virei. (subj. aor., o ato
em si)
mur04.p65
259
22/01/01, 11:37
260
o verbo grego: os modos
Epeid n t xista ßppeæein m yúw diÅjei yhrÛa. Imediatamente assim que aprendas [aprender
es] cavalgar perseguirás animais selvagens. (subj. aor. = o ato em si) oß oÞnoxñ
oi ¤peid n didÇsi t‾n fi lhn eÞw t‾n rister n xeÝra ¤gxe menoi katarroroèsin. (Xen.) Os e
scanções, assim que eles entregam a taça, derramando na mão direita eles engolem
. (subj. pres. = fato repetido, habitual) EgÅ se oék¡ti f sv prÛn n moi êp¡sxhsai po
deÛjúw Eu não te deixarei partir antes que me mostres o que prometeste. (subj. a
or. = o ato em si) Periiñntew aétoè diatrÛcvmen §vw n fÇw g¡nhtai. (Plat.) Passem
os o tempo dando voltas no mesmo lugar, até que a luz [o dia] apareça. (subj. ao
r. = o ato em si) Strateæontai õpñtan tiw aétÇn d¡htai. (Xen.) Eles se engajam n
o exército quando [sempre que] alguém precisa [precise] deles. (subj. pres. = at
o habitual) Poi somai t‾n pologÛan Éw n dænvmai. (Lísias) Farei a defesa como pude
r. [como possa]. (subj. pres.) E n Levkr thn polæshte prodidñnai t‾n pñlin chfieÝsye.
(Lísias) Se absolverdes [caso absolvais] Leócrates vós votareis trair [estar tr
aindo] a cidade. (subj. aor., o ato em si)
c) Interrogativas indiretas com idéia de eventualidade Chamamos interrogativas in
diretas as interrogativas dependentes, isto é, as orações completivas subordinada
s com significado interrogativo: Direta : Quem fez isto? Indireta: Quero saber quem
fez isto. OrÇ se poroènta poÛan õdòn ¤pÜ tòn bÛon tr pú. Eu te vejo hesitante que ca
minho tomar [tomes] na vida. (subj. aor. = o ato em si)
mur04.p65
260
22/01/01, 11:37
o verbo grego: os modos
261
D¡doika m‾ oé ¤pilayÅmeya t°w oàkade õdoè. Tenho receio de que não nos esqueçamo
s do caminho para casa. (subj aor. =o ato em si) M thr ¤n oàkoiw, ¶n sç m‾ deÛsú
w, (Sóf.) Minha mãe está nos aposentos; não a temas! (subj. aor. = o ato em si)
DeÛdv: m ti p yhsi; (Hom.) Estou com medo; que ele sofra algo! (subj. aor.= o ato
em si) Sæ m¢n pñstixe, m ti no sú Hrh; (Hom.) Tu, fica distante; que Hera não pe
nse algo! (subj. aor.= o ato em si) Foboèmai m‾ toèto lhy¢w Â. Temo que isso seja
verdade! (subj. pres. = seja e permaneça)
Optativo
Exprime, no presente, a possibilidade (possível), a afirmação atenuada, o voto n
ão realizável (irreal do presente) ou o voto possível e, no passado, o fato repe
tido e a afirmação atenuada ou opinião de terceiros. Se eu fosse rico ajudaria o
s outros - fato possível 3 Se eu pudesse estaria viajando - impossível presente
Eu diria / poderia dizer - afirmação atenuada Ah se eu fosse rico! voto não real
izável Sempre que os homens se reuniam (reunissem) prejudicavam-se mutuamente -
fato repetido no passado. Vemos que essas noções se exprimem em português pelo i
mperfeito do subjuntivo ou pelo condicional simples (futuro do pretérito em algu
mas gramáticas).
3
Em português, a forma do possível (fato possível) e irreal do presente é a mesma
. Em grego, o irreal do presente se exprime por eÞ + impf.- n + impf.; o fato pos
sível (possível) por eÞ + opt. - n + opt.
mur04.p65
261
22/01/01, 11:37
262
o verbo grego: os modos
1. Desejo, voto possível
optativo às vezes precedido de eàye, eÞ g r, Éw. A negação é m porque não é reali
dade objetiva. A margem entre o voto possível, mera possibilidade e o realizável
, na imaginação, é extremamente frágil e movediça. Muitas vezes só o contexto e
sobretudo o significado da mensagem podem definir. Na expressão oral, é uma ques
tão de entonação. De qualquer maneira prevalece o sentido possível, do fato poss
ível, simples operação do espírito. Quando o voto é irrealizável, em que está pa
tente a irrealidade, o modo é o indicativo (imperfeito ou aoristo). Ver página 2
45. W paÝ, g¡noio patròw eétux¡sterow; Menino, pudesses tu ser [oxalá fosses] mai
s feliz do que teu pai! (opt. aor. = o ato em si, mero voto) M moi g¡noiy boælom l
l sumf¡rei; Que não me acontecesse [pudesse acontecer] o que eu quero, mas o que
é útil! (opt. aor. = o fato em si, mero voto) Eàye fÛlow ²mÝn g¡noio; (Xen.) Ah,
se pudesses [tu poderias] tornar-te nosso amigo! (opt. aor. o fato em si, voto
possível) M‾ g¡noito; Ah, que isso não acontecesse! (opt. aor. o fato em si, mer
o voto) Eï pr ttoimi; Ah, que eu pudesse estar bem! (opt. pres. = entrar no ato, m
ero voto) W basileè, m‾ eàh n‾r P¡rshw ÷stiw soi ¤pibouleæsei; eÞ d ¦sti pñloito Éw
t xista; (Heród.) Ó rei, pudesse não existir um homem persa para conspirar contra
ti! mas se existe, que ele perecesse [pudesse perecer] o quanto antes! (opt. pre
s. idéia permanente - opt. aor. = o ato em si, mero voto) Apñloio Î pñleme; (Aris
tóf.) Que morresses [pudesses tu morrer] ó guerra! (opt. aor. = o ato em si, mer
o voto)
mur04.p65
262
22/01/01, 11:37
o verbo grego: os modos
263
Toèto m‾ g¡noito, Î p ntew yeoÛ; (Sóf.) Que isso não acontecesse [pudesse acontece
r], ó deuses todos! (opt. aor. = o fato em si) Eàye m pote gnoÛhw ùw eä; (Sóf.)
Ah, que nunca soubesses [oxalá nunca soubesses] quem és! (opt. aor. = o ato em s
i) EÞ g r genoÛmhn ntÛ sou nekrñw; (Eur.) Ah, se eu pudesse morrer em teu lugar! (o
pt. aor. = o fato em si) Ote keleæoi, eÞ keleæoi ÷ ti keleæoi ¦pratton. Quando [s
empre que] ele mandava [mandasse], se ele mandava [mandasse] o que [quer que] el
e mandava [mandasse] eu executava. (opt. pres. = fato habitual) PÇw n tiw ge m‾ ¤
pÛstaito taèta sofòw eÞh; (Xen.) Como (seria possível) que alguém poderia ser [f
osse] hábil naquelas coisas que não conhecesse? (pÛstaito, opt. perf. = estado,
resultativo - (eàh opt. pres. = idéia permanente) TeynaÛhn ÷te moi mhk¡ti taèta
m¡loi; (Mimn.) Pudesse eu estar morto quando essas coisas não mais me interessas
sem! (TeynaÛhn, opt. perf. = ato acabado - m¡loi, opt. aor. = o ato em si)
2. Afirmação atenuada
a) Com n: suaviza a afirmação, transformando a realidade ou a ordem em mera possi
bilidade. É de uso freqüente na transmissão de opinião de terceiros. Isvw n tiw eà
poi; Talvez [certamente] alguém diria. [poderia dizer, dirá] (opt. aor. o ato em
si) XvroÝw n eàsv; (Sóf.) Tu poderias entrar! [Por que não entras?! Entre!] (opt
. pres. entrar na ação)
mur04.p65
263
22/01/01, 11:37
264
o verbo grego: os modos
Wra n eàh suskeu zesyai; Seria o momento de preparar-se. [Talvez fosse, seja] (opt.
pres. = idéia permanente) Enya svfrosænhn katam yoi n tiw. (Xen.) Lá [então] se pode
ria aprender a moderação. (opt. aor. = o ato em si) Poè d°t n eäen oß j¡noi; (Sóf.
) Onde, então, estariam os estrangeiros? [poderiam estar, estão]. (opt. pres. =
permanecer) tÛ n ÈfeloÝmi [ÈfeloÛhn] soi ; Em que eu te poderia ser útil? (opt. p
res. = entrada no ato) TÛnaw êpò tÛnvn eìroimen n meÛzona eéergethm¡nouw µ paÝdaw
êpò gon¡vn ; Quem nós poderíamos encontrar beneficiados em maiores coisas por q
uem a não ser [do que] os filhos pelos pais? (opt. aor. = o ato em si) b) Podemo
s encontrar também o emprego do optativo, embora sem n, nas orações dependentes d
e verbos declarativos, de expressão de vontade ou de medo e em geral na caracter
ização do que se chama discurso (interrogação) indireto. O verbo da principal em
geral está no passado. O optativo pode substituir qualquer outra forma verbal d
a completiva. A gramática diz que esse uso não é obrigatório e o denomina de opt
ativo oblíquo ou de subordinação. Não se trata de regra; trata-se da vontade do
enunciante de amaciar, suavizar o conteúdo da mensagem contida na oração subordi
nada. O contexto do passado enfraquece a afirmação dando-lhe um aspecto nebuloso
, de incerteza e, nesse caso, o optativo é o modo ideal. (Em português esses mat
izes se exprimem pelas formas do condicional simples ou composto.) Elege ÷ti p¡nh
w eàh. Ele afirmava que era pobre. [Seria pobre, isto é, é ele que dizia, não eu
.] (opt. pres. = qualidade permanente) Elege ÷ti p¡nhw —n. Ele afirmava que era p
obre. [De fato era. Eu concordo.] (indicativo imperfeito, modo da realidade)
mur04.p65
264
22/01/01, 11:37
o verbo grego: os modos
265
ProselyÆn tÒ strathgÒ ¤d lvsa ÷ti ¤strateum¡now eàhn [—n] ³dh. Tendo-me aproxima
do do comandante, revelei a ele que eu já teria feito campanha. [tinha feito]. (
opt. perf. = fato realizado) Sfñdra pi¡saw aétoè tòn pñda ¾reto eÞ aÞsy noito [¼sy
eto]. (Plat., Fédon) Tendo-lhe apertado fortemente o pé, perguntou se estaria se
ntindo [se sentia]. (opt. pres. = simultaneidade do ato) Ek¡leuse l¡gein ÷ ti gig
nÅskoi Mandou [o] dizer o que estava sabendo [o que estaria sabendo, o que soube
sse] (opt. pres. = fato permanente) Oäsya ¤pain¡santa Omhron Agam¡mnona Éw basileç
w eàh gayñw. Tu sabes que Homero elogiou Agamêmnon [dizendo] que [na opinião de H
omero] ele era [seria] um bom rei. (opt. pres. = permanente) Efoboènto m ti p yoi.
Eles temiam que ele sofresse algo. (opt. aor. = o ato em si) EpÛstasye, Ëste k n ll
ouw eÞkñtvw n did skoite. (Xen.) Vós sabeis, e assim talvez poderíeis ensinar [esta
r ensinando] os outros. (conseqüência possível, opt. pres.) Hretñ moi ÷stiw n eàhn
. Ele me perguntou quem eu seria [era] (opt. pres. = permanente) HrÅta §na §kasto
n eà tina ¤lpÛda ¦xoi (¦xei). Ele passou a perguntar a cada um se tinha [se teri
a] alguma esperança. (opt.pres. naquele momento, estado permanente) EpemeleÝto ÷p
vw m‾ sitoÛ pote ¦sointo. (Xen.) Ele cuidava para que [de modo a que] eles não pu
dessem haver de ser um dia (futuro) privados de alimentos (opt. fut.) Sunevnoènt
o tòn sÝton án Éw jiÅtaton êmÝn pvloÝen. (Lísias) Eles compravam o trigo em grande
quantidade para que vos vendessem [para vos vender] o mais caro possível. (opt.
aor. = o ato em si)
mur04.p65
265
22/01/01, 11:37
266
o verbo grego: os modos
Ek kizon tòn Perikl¡a ÷ti oék ¤pej goi. (Tuc.) Eles xingavam Péricles porque ele não
saía -estava saindo- para atacar. (opt. pres. = fato habitual) Svkr thw õpñte nagka
syeÛh p ntaw ¤kr tei pÛnvn. (Plat.) Sócrates cada vez que foi [ fosse] forçado ele s
uperava todos bebendo [na bebida]. (opt. aor. = o ato em si) Periem¡nomen §vw noi
xyeÛh tò desmvt rion. (Plat., Fédon) Nós ficamos esperando até que fosse aberta
a prisão [se abrisse]. (opt. aor. = o ato em si) Svkr thw oék ¦pinen eÞ m‾ dicÐh.
(Xen.) Sócrates não bebia se não tivesse [tinha] sede. (opt. pres. = fato habitu
al) EfobeÝto m‾ oé dænaito ¤k t°w xÅraw ¤jelyeÝn. (Xen.)4 Ele temia que não pudes
se sair do país. (opt. aor. = o ato em si) XenofÇn ¦legen ÷ti ôryÇw ¼tiÇnto, kaÜ
aétò tò ¦rgon aétoÝw marturoÛh. (Xen.) Xenofonte afirmava que eles tinham feito
a acusação corretamente e que a própria obra [era] lhes seria testemunha. (opt.
pres. = fato simultâneo) H m thr dihrÅta tòn Kèron pñteron boæloito [boæletai] m
¡nein µ pi¡nai. A mãe perguntou [perguntava: entrada no ato verbal] a Ciro se ele
queria [quereria, estaria querendo] ficar ou partir. (opt. pres. simultaneidade
do ato) Oämai n ²m w toiaèta payeÝn oåa toçw ¤xyroçw oß yeoÜ poi seian. (Xen.) Eu
creio sofrer tais quais os deuses fariam sofrer os nossos inimigos. (opt. aor. =
o ato em si)
4
Nos verbos de temor está implícita uma idéia do não eventual; por isso, em grego
, eles vêm acompanhados do m , como se estivesse colado ao verbo; a segunda negaç
ão pertence ao verbo complemento.
mur04.p65
266
22/01/01, 11:37
o verbo grego: os modos
267
O Dionæsiow pròw tòn puyñmenon eÞ sxol zoi eäpe: Mhd¡pot¡ moi toèto sumbaÛh; Dionísio
disse a alguém que procurava saber se ele estava [estaria] de folga: Isso jamais
me acontecesse! (opt. pres. = ato simultâneo, durativo - opt. aor. = o ato em si
) TÛw oìtvw Þsxuròw ùw limÒ kaÜ =Ûgei dænait n maxñmenow strateæesyai; (Xen.) Quem
é forte a tal ponto que pudesse [poderia] fazer uma expedição militar combatend
o com fome e com frio? (opt. pres.) Witini ¤ntugx noien p ntaw p¡kteinon. (Tuc.) Com q
ualquer um que encontrassem [encontravam] eles matavam todos. (opt. pres. fato r
epetido) c) Um optativo futuro poderia, à primeira vista, parecer uma contradiçã
o, uma vez que o futuro é um eventual. O que acontece, no entanto, e só nas oraç
ões dependentes num quadro de passado, é o enfraquecimento, a atenuação do conte
údo do verbo. Esse optativo é denominado oblíquo ou de subordinação e se usa sem
partícula. É uma superposição de modos: um enfraquecimento ou do indicativo ou
do subjuntivo/futuro eventual. O ti poi soi [poi sei] oék eäpe. Ele não disse o q
ue faria [fará]. (opt. fut. = o ato em si)
3. Nas orações supositivas
Não se trata de um esquema rígido de correlação obrigatória de tempos (não há te
mpo fora do indicativo e modos), mas sim da tonalidade, isto é, do modo como é s
entida e transmitida a mensagem, na suposição (condicionante) e na conseqüente (
condicionada). O modo é precisamente como o enunciante sente e transmite a mensage
m. Trata-se de mera suposição. Alguns exemplos serão suficientes. EÞ sÅsaimi s , e
àsei moi x rin; (Eur.) Se eu te salvasse, tu me serás grato? (opt. aor. = o ato em
si, possível)
mur04.p65
267
22/01/01, 11:37
268
o verbo grego: os modos
Oék n forhtòw eàhw eÞ pr ssoiw kalÇw (Ésquines) Tu não serias suportável se estives
ses bem (opt. pres. = fato habitual, possível) EÞ ¤moÜ pisteæoiw oék n m¡noiw ¤ny d
e. Se acreditasses em mim não permanecerias aqui. (opt. pres. = continuidade do
ato, possível) EgÆ aÞsxunyeÛhn n eÞ di llo ti svzoÛmhn µ di toçw lñgouw. (Isócr.) Qua
nto a mim, eu sentiria vergonha se eu fosse salvo por outra coisa que por meus d
iscursos. (opt. aor. = o ato em si; opt. pres. = agora, entrada no ato, possível
nos dois casos) EÞ boæloio Þatròw gen¡syai tÛ n poioÛhw; Se quisesses tornar-te
médico o que farias? [se estivesses com vontade - estarias fazendo: opt. pres. =
possível] AdikoÛh n ÷stiw toèto poioÛh. Cometeria uma injustiça aquele que [quem]
fizesse isso. [estaria cometendo, estaria fazendo: opt. pres. = possível] Oék n
g¡nointo pñleiw eÞ olÛgoi aÞdoèw kaÜ dÛkhw met¡xoien. (Plat., Prot.) Não acontec
eriam cidades se poucos tivessem sua parte de respeito e justiça. (opt. aor. = o
fato em si; opt. pres. = o fato permanente; possível) All eà moÛ ti pÛyoio: tñ ke
n ( n) polç k¡rdion eàh. (Hom.) Ah, se tu pudesses crer em mim! Isso seria muito m
ais vantajoso! (opt. aor. = o ato em si; opt. pres. = idéia permanente) PÇw n m del
f°w xeÜr perist¡laien n Como [seria] se a mão de minha irmã fizesse as obséquias!
(opt. aor. = o ato em si) As denominações gramaticais mais uma vez não correspo
ndem ao significado das formas. Num paralelismo: Eu afirmo que irei. // Ele afirmou
que viria. . Não há o paralelo futuro do presente e futuro do pretérito ; o que há no
segundo elemento é o enfraquecimento da afirmação, uma afirmação de um terceiro
que não se realizou. É um modo e não um tempo! Denominar viria futuro do pretérito
é desconhecer o signi-
mur04.p65
268
22/01/01, 11:37
o verbo grego: os modos
269
ficado da forma verbal. A denominação tradicional de condicional simples , embora n
ão perfeita porque nem sempre exprime uma condição, não é tão contraditória como
futuro do pretérito . Seria preferível chamála de possível . Nas frases arroladas aci
ma, o futuro do pretérito não apareceu nenhuma vez. E nem poderia aparecer! Em gre
go há tantos optativos quantos são os aspectos e vozes. Optativo presente: tema
do infectum, inacabado Optativo futuro: tema do aoristo Optativo aoristo: tema d
o aoristo Optativo perfeito: tema do perfectum, acabado Por exprimir possibilida
de, irrealidade presente e afirmação atenuada o optativo se serve de desinências
secundárias, as mesmas do passado (imperfeito, aoristo narrativo e mais-que-per
feito). Não há idéia de tempo no optativo.
Imperativo
É o modo do diálogo direto (segunda pessoa) e indireto (terceira pessoa - subjun
tivo em português). Exprime a mensagem direta, o gancho do diálogo, o chamamento
e também, subsidiariamente, a ordem. O imperativo tem desinências próprias, que
se repetem em todos os aspectos. Ver p. 338-40. Em grego há tantos imperativos
quantos são os aspectos e vozes: Imperativo presente: tema do infectum, inacabad
o); Imperativo aoristo: tema do aoristo) Imperativo perfeito: tema do perfectum,
acabado Não há idéia de tempo no imperativo: só de aspecto. Não há imperativo f
uturo (impossibilidade semântica), e o imperativo perfeito ativo também é de um
emprego muito raro.
mur04.p65
269
22/01/01, 11:37
270
o verbo grego: os modos
Apenas o imperativo ativo singular, o único autêntico e original, que se exprime
pelo próprio tema verbal, como em latim e português, apresenta alguns problemas
fonéticos. Læete tòn aÞxm lvton. Soltai o prisioneiro. [agora] (imp. pres. entrad
a na ação) UmeÝw deÛjate ´ntina gnÅmhn ¦xete perÜ tÇn pragm tvn. (Lísias) Vós revel
ai que opinião tendes a respeito dos fatos. (imp. aor. o ato em si > pontual) To
çw m¢n yeoçw foboè toçw d¢ gon¡aw tÛma toÝw d¢ nñmoiw peÛyou. (Isócr.) Teme os d
euses, honra os pais, obedece às leis [agora e sempre]. (imp. pres. ordem perman
ente) n gnvyi tòn nñmon lê a lei (imp. aor. o ato em si > pontual); p¡mcon t ÷pla; ¤
lyÆn lab¡; Entrega as armas! Vem e pega! l¡ge §teron nñmon (Lísias) [e agora] lê
a outra lei [passa a ler: imp. pres.] SkopeÝte d‾ kaÜ logÛsasye toèto. (Dem.) O
bservai (imp. pres. entrai no ato ) então, e refleti isso (imp. aor. o ato em si
). Boælou d r¡skein p si m‾ sautÒ mñnon; Quere agradar a todos; não só a ti! (imp. p
res. entrada no ato). A ordem negativa, proibição, também se exprime pelo impera
tivo (negação m ), diferentemente do português que usa sempre o subjuntivo exort
ativo. M‾ yorubeÝte; Parai esse barulho! [estão fazendo barulho: imp. pres.] M‾
peÛyesye toÝw nosivt toiw Tri konta; (Xen.) Não obedecei [obedeçais] a esses infames
Trinta! (imp. pres. entrada no ato)
mur04.p65
270
22/01/01, 11:37
o verbo grego: os modos
271
MhdeÜw êmÇn prosdokhs tv llvw; (Plat.) Ninguém de vós prejulgue de outra maneira! (
imp. aor. o ato em si) MhdeÜw nomis tv; (Xen.) Ninguém acredite! (imp. aor. o ato
em si) MhdeÜw toèto leg¡tv; Ninguém diga [dirá] isso. (imp. pres. entrada no ato
) O subjuntivo às vezes pode substituir o imperativo, sobretudo na proibição. Na
verdade, passa a ser um pedido, uma súplica, que é uma antecipação, um eventual
. SiÅpa; mhd¢n eàpúw n pion; (Aristóf.) Cala-te! (imp. pres. entrada no ato). Nã
o digas nenhuma bobagem! (subj. aor. pedido, o ato em si) MhdeÜw yaum sú; (Dem.) N
inguém se admire! (subj. aor. pedido, o ato em si) M‾ yorub shte; Não façais bar
ulho! (subj. aor. o ato em si) M me pol¡shte dÛkvw; (Lísias) Não me arruineis inj
ustamente! (subj. aor. o ato em si) Algumas vezes, no enunciado de uma ordem ou
exortação, o grego emprega o imperativo de alguns verbos como interjeição; àyi;
(Þ¡nai - ir) : vai! ge - gete ( gein - conduzir, levar) : vamos! (toca!) f¡re - f¡re
te (f¡rein - portar, levar) : vamos! (em frente!) Essas formas são como interjei
ções introdutórias para ordem ou exortação. àyi; nèn parÛstasyon; (Aristóf.) Vam
os lá! apresentem-se os dois! (imper. pres. entrada no ato) F¡re; ¤kpæyvmai; (Eu
r.) Vamos! que eu me informe! (imper. presente, mera chamada de atenção)
mur04.p65
271
22/01/01, 11:37
272
o verbo grego: formas nominais
Formas nominais do verbo
O particípio
1) Definição
É o verbo-adjetivo de uso intenso em grego. O fato de a idéia do verbo estar ass
ociada à forma e idéia nominal dá-lhe um significado mais concreto. Todos os asp
ectos e todas as vozes têm o seu particípio, contrariamente ao latim que só tem
um particípio ativo (infectum) e o supino, que deu origem ao particípio perfeito
passivo. Para nós há uma dificuldade inicial em entender o uso do particípio gr
ego. É que em grego, por ser um adjetivo, o particípio se comporta como tal: ass
ume o caso do substantivo de quem é adjunto ou predicativo e é triforme; isto é,
tem uma forma para cada gênero. No latim e no português o particípio presente a
tivo é uniforme. Além disso, em português, por causa da invasão das formas do ge
rúndio na voz ativa, portanto sem gênero e sem número e com significado circunst
ancial (adverbial), é compreensível uma dificuldade de entendimento inicial. Ess
e significado circunstancial, adverbial decorre do significado do particípio pres
ente , isto é, infectum, inacabado, do processo verbal no seu curso. É o significa
do do aspecto verbal. Mas, esse significado se deixa contaminar pela idéia de lo
cativo-temporal e instrumental, pela idéia de extensão no tempo e no espaço, do
locativo-temporal, e pela idéia de passagem do ato verbal pelo objeto inerte, do
instrumental: Eu vejo o menino corrente = correndo = a correr No grego e no lat
im é um predicativo do objeto direto. Em português, semanticamente também é, mas
gramaticalmente é um adjunto adverbial e formalmente é invariável na voz ativa.
Já foi diferente: Como se a não tivera merecida (Camões). Por ser um adjetivo em
sua forma, ou melhor, em suas formas, o particípio grego, quer ativo, quer médio
, quer passivo, é triforme (masculino, feminino e neutro) e varia no singular e
plural, concordando sempre com o substantivo em gênero, número e caso.
mur04.p65
272
22/01/01, 11:37
o verbo grego: formas nominais
273
Em português o particípio da voz ativa foi substituído pelo gerúndio, que é inva
riável. Só o particípio passivo varia: masculino e feminino, singular e plural.
Assim5: õr w tòn ndra tr¡xonta õr w t‾n gunaÝka tr¡xousan õr w tò t¡knon tr¡xon õr w toçw
ndraw tr¡xontaw õr w t w gunaÝkaw trexoæsaw õr w t t¡kna tr¡xonta : Vês o homem corrend
o (corrente) : Vês a mulher correndo (corrente) : Vês a criança correndo (corren
te) : Vês os homens correndo (correntes) : Vês as mulheres correndo (correntes)
: Vês as crianças correndo (correntes)
Do mesmo modo que, em grego, nas seis frases acima, o particípio, predicativo do
objeto direto, variou e concordou em gênero, número e caso com o objeto direto,
e, com as mesmas funções, ele permaneceu inalterado em português, assim também
acontecerá quando o particípio estiver em função predicativa do sujeito (particí
pio conjunto, segundo as gramáticas):
õ n‾r tr¡xvn ¦pesen o homem correndo (corrente, enquanto corria) caiu ² gun‾ tr¡x
ousa ¦pesen a mulher correndo (corrente, enquanto corria) caiu tò t¡knon tr¡xon
¦pesen a criança correndo (corrente, enquanto corria) caiu oß ndrew tr¡xontew ¦pe
son os homens correndo (correntes, enquanto corriam) caíram aß gunaÝkew tr¡xousa
i ¦peson as mulheres correndo (correntes, enquanto corriam) caíram t t¡kna tr¡xon
ta ¦peson as crianças correndo (correntes) caíram
Os dois quadros acima ilustram apenas as relações formais do particípio-adjetivo
; neles o verbo empregado, tr¡xv - eu corro, é intransitivo.
5
As frases a seguir são meras construções gramaticais; não são de autor nenhum. O
leitor não deve esperar nelas nenhuma mensagem filosófica.
mur04.p65
273
22/01/01, 11:37
274
o verbo grego: formas nominais
Mas, como o próprio nome exprime, metox - participação, o particípio é nome (ad
jetivo) quanto à forma, mas não perde sua natureza verbal e suas relações com o
sujeito e complementos se mantêm intactas: ele pode ser ativo, médio e passivo.
E, se é transitivo, continua a procurar ( aÞt¡v - eu busco) o seu complemento (t
ermo do ato verbal). Por exemplo, na frase: p w nyrvpow ´detai tò fÇw õrÇn todo hom
em sente prazer vendo a luz. tò fÇw, a luz, é objeto direto de õrÇn, que está no
particípio presente, nominativo masculino singular, porque é aposto do sujeito
p w nyrvpow. Então, uma forma nominal do verbo (verbo adjetivo) é adjetivo em suas
formas e verbo em seu significado e rexão.
2) Aspecto e tempo no particípio
a) Generalidades: Em grego há tantos particípios quantos são os aspectos e vozes
. Sobre cada tema podem ser construídos os particípios ativo, médio e passivo. O
que os particípios têm de próprio é o aspecto, isto é o tempo interno do proces
so verbal: O particípio não tem tempo próprio, mas sim tempo relativo: o constru
ído sobre o tema do infectum (inacabado) marca simultaneidade com o verbo da pri
ncipal; o construído sobre o tema do aoristo marca anterioridade em relação ao v
erbo da principal, se é pontual, aoristo, ou posterioridade em relação ao verbo
da principal, se depende de verbo de movimento e intenção (vontade); o construíd
o sobre o tema do perfectum (acabado) mantém seu significado próprio de ato acab
ado, terminado, sem nenhuma relatividade.
mur04.p65
274
22/01/01, 11:37
o verbo grego: formas nominais
275
b) Particípio presente: Sobre o tema do infectum (inacabado), construímos os par
ticípios ativo, médio e passivo: mesmas desinências para médio e passivo;
Voz ativo médio Tema læ-o-ntlu-o-menoFormas: m., f., n. lævn, læousa, lèon luñme
now,h,on Significado desligante-desligando, que desliga, que está desligando des
ligante-desligando para si, que desliga para si, que está desligando para si que
está sendo desligado, que é desligado, desligado
passivo
lu-o-meno-
luñmenow,h,on (o mesmo da voz média)
Ver no quadro de flexão do particípio o comportamento dos temas em vogal (verbos
em -mi). O particípio construído sobre o tema do infectum (inacabado) não expri
me tempo absoluto, mas um tempo relativo: a simultaneidade de tempo com o verbo
principal, qualquer que seja o tempo deste. Oék ¦sti m‾ nikÇsi svthrÛa. Não exis
te salvação para os que não vencem. [estão vencendo] KaÛper p nu ndreÝow Ên nikhy s
ú Mesmo sendo [ainda que sejas] muito corajoso serás vencido. c) Particípio aori
sto: Sobre o tema do aoristo, que serve também para o futuro, construímos os par
ticípios ativo, médio e passivo do aoristo e do futuro:
Voz Tema Formas: m. f. n. Significado aoristo ativo: lu-sa-nt- læsaw, læsasa, lè
san tendo desligado, que desligou médio: lu-sa-meno- lus menow,h,on tendo desligad
o para si, que desligou para si passivo: lu-yh-nt- > luyeÛw, luyeÝsa, luy¡n tend
o sido desligado, que foi desluyentligado stal-h-nt staleÛw, staleÝsa, tendo sid
o enviado, que foi enviado stal¡n
mur04.p65
275
22/01/01, 11:37
276
o verbo grego: formas nominais
Voz Tema futuro: ativo: lu-s-ontmédio: lu-s-o-menopassivo: lu-yh-s-o-meno-
Formas: m. f. n. læsvn, læsousa, lèson lusñmenow,h,on luyhsñmenow,h,on
Significado havendo de desligar, que desligará havendo de desligar para si, que
desligará para si havendo de ser desligado, que será desligado havendo de ser en
viado, que será enviado
stal-h-s-o-meno- stalhsñmenow,h, on
O particípio construído sobre o tema do aoristo não exprime uma idéia de tempo a
bsoluto, mas um tempo relativo, isto é, a anterioridade em relação ao verbo prin
cipal, qualquer que seja o tempo deste. O particípio construído sobre o tema do
futuro não exprime uma idéia de tempo absoluto, mas um tempo relativo, isto é, a
posterioridade em relação ao verbo principal, qualquer que seja o tempo deste.
Via de regra o particípio futuro se encontra como complemento de verbos de movim
ento ou intenção, às vezes precedido de Éw (para), sempre com a idéia do eventua
l. d) Particípio perfeito: Sobre o tema do perfectum (acabado) construímos os pa
rticípios perfeitos ativo, médio e passivo (mesmas desinências para o médio e pa
ssivo):
Voz ativo: médio: Tema le-lu-kotle-lu-menoFormas: m. f. n. lelukÅw, lelukuÝa, le
lukñw lelum¡now, h, on Significado que terminou o ato de desligar, que desligou
que terminou o ato de desligar para si, que acabou de desligar para si que foi e
está desligado, desligado
passivo:
le-lu-meno-
lelum¡now, h, on (o mesmo que o médio)
O particípio construído sobre o tema do perfeito exprime o ato acabado, terminad
o (idéia de aspecto e não de tempo).
mur04.p65
276
22/01/01, 11:37
o verbo grego: formas nominais
277
3) Concordância do particípio
O particípio grego é um adjetivo; não podemos nos esquecer disso nunca. Por isso
, salvo em situações em que está substantivado, concorda com o referente (substa
ntivo ou equivalente). O elenco abaixo, com todos os usos do particípio, permiti
rá ao leitor constatar a veracidade dessa afirmação. As traduções que daremos se
rão quase sempre lineares, visando sempre à relação significante-significado. O
fato de estarem fora do uso atual não impedirá o aluno de entendê-las e substitu
í-las por construções equivalentes atuais. Não levaremos em conta também o enqua
dramento das orações com particípio ou gerúndio nas diversas categorias da sinta
xe tradicional, por entendermos que elas, as reduzidas de particípio ou gerúndio
, valem por si mesmas. A sintaxe (=coordenação) delas é interessante mas não ess
encial. Se tivermos sempre presente na memória o que foi exposto sobre o signifi
cado linear dos particípios e se observarmos a concordância deles com os nomes a
que se referem, não teremos grandes dificuldades em assimilar a sintaxe do parti
cípio . O uso do particípio grego corresponde, grosso modo, às orações reduzidas d
e gerúndio no presente (voz ativa e passiva = amando / sendo amado) e reduzidas
de particípio no passado (voz ativa e passiva = tendo amado / tendo sido amado)
em português. A diferença (e daí a dificuldade) está em que, em português, o ger
úndio é invariável na voz ativa e variável na voz passiva, e, em grego, o partic
ípio, quer ativo, médio ou passivo é um adjetivo e por isso concorda com o seu r
eferente (sujeito ou complemento), numa espécie de aposição (por vir em geral de
pois). No caso de omissão do sujeito em grego, o gênero e número são identificad
os pelas formas do particípio, que têm os três gêneros em todas as vozes e aspec
tos. p w nyrvpow ´detai tò fÇw õrÇn todo homem sente prazer vendo [ao ver] a luz (p
. pres. aposto do sujeito masculino)
mur04.p65
277
22/01/01, 11:37
278
o verbo grego: formas nominais
ChfÛsasye tòn pñlemon m‾ fobhy¡ntew tò aétÛka deinñn. (Tuc.) Votai a guerra, não
tendo temido o perigo imediato [não temei e votai; votai sem temer]. (p. aor. a
posto do sujeito do verbo: vós, sujeito masculino) Hn eérey»w ¤w t nde m‾ dÛkaiow
Ên. (Sóf.) Se fores encontrado não sendo justo para esta. (p. pres. aposto do s
ujeito: tu, masc.) P reimi õplÛtaw ¦xvn ¥katñn. (Xen.) Eu me apresento tendo 100 h
oplitas [com 100 hoplitas]. (p. pres aposto do sujeito: eu, masc.) Deipn santew p
elaænete. (Xen.) Tendo jantado, parti. [Parti depois de jantar.] (part. aor. apo
sto do sujeito: vós, masc.) Oék n dænaio m‾ kamÆn eédaimoneÝn. (Eur). Tu não pode
rias não tendo trabalhado [sem penar] ser feliz. (part. pres. aposto do sujeito:
tu, masc.) Sun¡lyomen ôcñmenoi. Nós nos reunimos para ver. [havendo de ver] (pa
rt. fut. aposto do sujeito: nós, masc.) eäpe gel saw Ele riu e disse. [tendo rido]
ele disse (p. aor.suj. masc. sing.) ¦tuxen ¤lyÅn tendo vindo por acaso, [por ac
aso ele veio] (p. aor. suj. masc. sing) ¦layen ¤lyÅn passou desapercebido tendo
chegado [chegou sem ser percebido] (p. aor. suj. masc. sing.) Lúzñmenoi zÇsin. (
Xen.) Eles vivem [saqueando] saqueantes. [Vivem de saque]. (p. pres. suj. masc.
pl.) Elaænvn Õxeto. Ele partiu cavalgando. (part. pres. suj. masc. sing.)
mur04.p65
278
22/01/01, 11:37
o verbo grego: formas nominais
279
Em xonto ma poreuñmenoi. (Xen.) Eles combatiam marchando [enquanto marchavam]. (part
. pres. suj. masc. pl.) Eéyçw meir kion Ên... Desde a adolescência [imediatamente
em sendo adolescente] (part. pres. suj. masc. sing.) ApeÛxonto kerdÇn aÞsxr nomÛzo
ntew eänai. (Xen.) Eles se abstinham de lucro, julgando ser vergonhoso [porque j
ulgavam]. (part. pres. suj. masc. pl.) Ww phllagm¡noi tÇn kakÇn ²d¡vw ¤koim yhsan.
(Xen.) Porque estavam afastados [tinham sido afastados] dos perigos, repousaram
com prazer. (part. perf. passivo suj. masc. pl.) Wrxoènto Ësper lloiw ¤pideiknæme
noi. (Xen.) Eles dançavam como se oferecendo em espetáculo aos outros. (part. pr
es. suj. masc. pl.) OàetaÛ ti eÞd¡nai oék eÞdÅw. (Plat.) Ele crê que sabe algo [
mesmo] não sabendo. (part. perf. suj. masc. sing.) Sullamb nei Kèron Éw poktenÇn. (
Xen.) Ele prende Ciro para matá-lo. [havendo de matar] (part. fut. suj. masc. si
ng.) T‾n pñlin labÆn ¤sælhse. Tendo tomado a cidade, ele saqueou. [Ele tomou e s
aqueou.] (part. aor. masc. sing.) O particípio em função de aposto ou de predica
tivo concorda com o referente em qualquer caso, mesmo se o referente está implíc
ito. Toèton oédeÜw xaÛrvn dik sei. (Plat.) Esse aí ninguém maltratará de alegre [
alegrando-se] (part. pres. suj. masc. sing.) EpÜ xÛoni pesoæsú sobre a neve que c
aiu [tendo caído] (part. aor. - pred. do locativo)
mur04.p65
279
22/01/01, 11:37
280
o verbo grego: formas nominais
Met Surakoæsaw oÞkisyeÛsaw (Tuc.) Depois de Siracusa tendo sido fundada. [depois
da fundação de] (part. aor. pas. pred. do acus.) Prò ²lÛou dænontow. Diante do s
ol que se punha [pondo-se] (part. pres. pred. do gen.). Ama ²lÛÄ nat¡llonti Junto
com o sol se levantando (part. pres. pred. do dat.) Oék ¦sti toÝw m‾ nikÇsi svth
rÛa. (Xen.) Não há salvação aos que não vencem [que não estão vencendo] (part. p
res. masc. pl. pred. do dat. referente implícito) DuoÝn kakoÝn oédeÜw tò meÝzon
aßreÝtai ¤jòn tò ¦latton. (Plat.) De dois males ninguém escolhe o maior, sendo p
ossível [escolher] o menor. (part. pres. predicativo do sujeito oracional) OéxÜ
¤sÅsam¡n se oåñn te øn kaÜ dunatñn. (Plat.) Nós nem mesmo te salvamos [isso] sen
do viável e sendo possível. (part. pres. predicativo do sujeito oracional) Hdesye
...Éw periesom¡nouw ²m w tÇn Ell nvn. (Her.) Vós sentis prazer... em nós havendo de
dominar os gregos. (part. fut. predicativo do objeto direto) Oß k mnontew stratiÇ
tai ¤koim yhsan. (Xen.) Os soldados que estavam cansados [estando cansados] deit
aram-se (part. pres. adj. adn.) Tòn ßeròn kaloæmenon pñlemon. (Tuc.) A guerra qu
e chamam santa. [que está sendo chamada] (part. pres. pas. - adj. adn.) O kateilh
fÆw kÛndunow t‾n pñlin. (Dem.) O perigo que surpreendeu [terminou o ato de] a ci
dade. (part. perf. adj. adn.) Aß prò toè stñmatow n°ew naumaxoèsai. (Tuc.) Os na
vios que estavam combatendo diante da entrada [do porto]. (part. pres. adj. adn.
)
mur04.p65
280
22/01/01, 11:37
o verbo grego: formas nominais
281
² ônomazom¡nh ndreÛa a chamada [que chamamos, que está sendo chamada, que costuma
m chamar] coragem (part. pres. pass. adj. adn.) ² nèn kaloum¡nh Ell w a chamada ago
ra Grécia [que chamamos] (part. pres. pass. adj. adn.) ² MÛdou kaloum¡nh kr nh a
fonte chamada [que chamamos, costumamos chamar] de Midas. (part. pres. pass. ad
j. adn.) oß strathgoÜ oß oék nelñmenoi toçw ¤k naumaxÛaw nekroçw ¤krÛyhsan Os com
andantes que não recolheram [os não tendo recolhido] os cadáveres da batalha nav
al foram julgados. (part. aor. substantivado, aposto do sujeito) pñliw eéreÛaw gu
i w ¦xousa uma cidade que tem [tendo] ruas largas (part. pres. apost do suj.) Met t
aèta fiknoèntai gg¡llontew. (Isócr.) Depois disso chegam pessoas anunciando [anunc
iantes] (part. pres. apost. do suj.) m¡mnhso nyrvpow Ên lembra-te que és homem, [
seres humano; sendo homem] (part. pres. pred. do sujeito) oß pleÝstoi oék aÞsy non
tai diamart nontew a maioria não percebe que se engana [que está se enganando, fal
hando] (part. pres. pred. do sujeito) Pl¡omen ¤pÜ poll w naèw kekthm¡nouw. (Xen.)
Nós navegamos contra possuidores [que adquiriram] de muitas naus. (part. perf. s
ubst. compl. preposicionado; acus. de direção) mhd¡pote metem¡lhs¡ moi sig santi
, fyegjam¡nÄ d¢ poll kiw (Plat.) jamais eu me arrependi de ter ficado quieto, mas
freqüentemente de ter falado [arrependeu-me (latim: paenituit me) tendo silencia
do.. tendo falado] (part. aor. pred. do dat.)
mur04.p65
281
22/01/01, 11:37
282
o verbo grego: formas nominais
gnÇte nagkaÝon øn êmÝn ndr sin gayoÝw gÛgnesyai (Tuc.) sabei que vos é necessário tor
nar-vos homens de bem [sendo-vos necessário] (part. pres. pred. do obj. dir. ora
cional) ¤mautÒ sænoida oéd¢n ¤pistam¡nÄ eu sei comigo mesmo não saber nada [não
sabendo nada] (part. perf. apost. de dat. comitativo) ¥autòn oédeÜw õmologeÝ kak
oèrgow Ên [kakoèrgon önta] ninguém concorda [confessa] que é malfeitor [sendo el
e malfeitor] (part. pres. apost. do suj: Ên ; pred. do obj. dir.: önta) diat¡lei
me gapÇn ele continua a me amar [amando-me] (part. pres. apost. do suj) paæsate
tòn ndra êbrÛzonta fazei cessar a insolência desse homem [sendo insolente, comete
ndo insolência] (part. pres. pred. do obj. dir.) m‾ k múw fÛlon ndra eéergetÇn não
te canses de fazer o bem a um homem amigo [fazendo o bem] (part. pres. pred. do
suj.)
O particípio, por ser adjetivo, pode ser substantivado (particípio com artigo) q
ualquer que seja seu aspecto ou voz.Tem gênero e número próprios, e assume os ca
sos das funções que tem na frase. Nesses casos ou se traduz por uma oração relat
iva adjetiva: -õ l¡gvn - o que está falando, o falante, (p. pres.); ou por um su
bstantivo, caso exista: o orador (de momento). oß rxontew: os que estão no poder,
no comando, ou os arcontes, os governantes. (também em português se deu a subst
antivação do particípio!) eÞsÜn oß oÞñmenoi há [existem] os que crêem [os crente
s] (p. pres.) tÛw n pñliw êpò m‾ peiyom¡nvn loÛh; que cidade poderia ser tomada po
r não obedientes! [que não obedecem!] (sem artigo por ser indeterminado). (p. pr
es.)
mur04.p65
282
22/01/01, 11:37
o verbo grego: formas nominais
283
tò sumf¡ron: o que traz proveito, o juro, o lucro (p. pres.) tò pros°kon: o que
convém - o conveniente, o dever (p. pres.) oß ¤rgasñmenoi: os que vão trabalhar,
cultivar, os havendo de trabalhar (p. fut.) O mhd¢n eÞdÆw oéd¢n mart nei. O que sab
e nada [o ignorante] em nada se engana. (part. perf. estado atual, resultante) O
ß grac menoi tòn Svkr thn: Os acusadores de Sócrates [os que acusaram]. (p. aor. ant
erioridade) O tuxÅn: O que apareceu; o que [por acaso] chegou. (part. aor.) oß pr
os kontew: os com-venientes , os chegados, os parentes (part. pres.) tò m¡llon: o q
ue está para, o por vir [porvir] (part. pres.) t m¡llonta: as coisas que estão pa
ra vir, o futuro (part. pres.) P w õ boulñmenow: todo o que quer [que está querend
o] (part. pres.) En°san ¤n t» xÅr& oß ¤rgasñmenoi. (Xen.) Havia no país os que ha
veriam de cultivar [os futuros cultivadores; os havendo de cultivar]. (part. fut
. sujeito) Oéd õ kvlæsvn par°n. (Sóf.) Nem mesmo estava presente o que haveria [o
havendo de] de impedir. (part. fut. sujeito.) Di ¤ndeÛan toè yerapeæsontow. (Isó
cr.) Por carência de quem haveria [do havendo de] de tratar. (part. fut. comp. n
om.) H pñliw ¦rhmow —n tÇn munoum¡nvn. (Xen.) A cidade estava carente de defensore
s [dos havendo de defender, que haveriam de defender]. (part. fut. comp. nom.)
mur04.p65
283
22/01/01, 11:37
284
o verbo grego: formas nominais
4) Funções do particípio
Ele pode ter todas as funções do adjetivo e do nome, como já vimos. Nos exemplos
acima vimo-lo como substantivo nas funções de sujeito e objeto e como adjetivo
nas funções de aposto (conjunto), adjunto adnominal, predicativo do sujeito e pr
edicativo do objeto direto. São notáveis certas construções que, em português, u
sam o infinitivo com preposição (em ou de) ou gerúndio do verbo complemento, e,
em grego, exprimem a mesma idéia pelo particípio em função predicativa ou aposit
iva. a) Particípio nas orações completivas Há um grande número de verbos neste c
aso, sobretudo os que significam: maneira de ser, determinada ou indeterminada e
star no começo ou no fim cessar estar cansado de fazer bem ou mal a ser superior
ou inferior em sentir alegria, tristeza, vergonha em ou de. É na verdade uma fu
nção predicativa. O uso do particípio em lugar do infinitivo se explica porque o
particípio exprime o ato verbal de maneira concreta e delimitada; o infinitivo
tem um significado aberto e indefinido. Em português, encontramos o gerúndio ou
o infinitivo preposicionado. Principais verbos que exprimem: maneira de ser, est
ado di gv diagÛgnomai diatelÇ(e) d°low, fanerñw eÞmi lany nv tugx nv faÛnomai fy nv eu e
u eu eu eu eu eu eu permaneço (fazendo) fico continuamente (fazendo) chego ao fi
m (fazendo) sou evidente (fazendo) passo desapercebido (fazendo) me encontro por
acaso (fazendo) me manifesto, apareço (fazendo) me antecipo (fazendo)
mur04.p65
284
22/01/01, 11:37
o verbo grego: formas nominais
285
Ept ²m¡raw p saw maxñmenoi diet¡lesan Eles passaram todos os sete dias combatendo [c
ombatentes; a combater]. (part. pres.) ToÝw summ xoiw pistoÜ öntew diam¡nomen. Nós
permanecemos [sendo] fiéis aos aliados. (part. pres.) diatelÇ eënoian ¦xvn êmÝn
Eu continuo tendo [a ter] benevolência para convosco (part. pres.) pñlemon ¦xvn
di gei (tòn bÛon) õ tærannow O tirano passa a vida tendo guerra [fazendo, a fazer
] (part. pres.) Efyhsan toçw Persaw fikñmenoi eÞw t‾n pñlin Eles se anteciparam ao
s Persas chegando à cidade [tendo chegado: part. aor.] Fy ne toçw fÛlouw eéergetÇn
Antecipa beneficiando os amigos. [sê o primeiro a beneficiar] (part. pres.) Oék
n fy noiw l¡gvn. Tu não te anteciparias em falar [falando, já não seria sem tempo
de falares] (part. pres.) Oék ¦fyasan t‾n rx‾n katasxñntew kaÜ YhbaÛoiw eéyçw ¤pe
boæleusan. Eles não se anteciparam tendo tomado o poder e imediatamente conspira
ram com os Tebanos [apenas tomaram o poder] (part. aor.) Elayen ²m w podr w Ele passou
desapercebido de nós tendo escapado. [ele escapou sem que nós tivéssemos perceb
ido] (part. aor.) El nyanon aêtoçw ¤pÜ tÒ lñfÄ genñmenoi Eles passavam desapercebid
os deles mesmos chegando ao topo da colina. [eles chegavam ao topo da colina sem
perceber] (part. aor.) Etuxen ²mÇn ² ful‾ prutaneæousa. Aconteceu [por acaso] a
nossa tribo estar exercendo a função de prítane. [por acaso nossa tribo exercia
a função de prítane] (part. pres.)
mur04.p65
285
22/01/01, 11:37
286
o verbo grego: formas nominais
TÛw ¦tuxe paragenñmenow; Quem encontrou-se por acaso tendo estado presente? [que
m por acaso esteve presente?] (part. aor.) O m¡n ¤sti faneròw ¤kb w ¤k toè ploÛou k
aÜ oék eÞsb w p lin. É evidente ele tendo saído da embarcação e não tendo entrado de
novo. [É manifesto que ele saiu da embarcação e não entrou de novo] (part. aor.
) ¤oÛkate turannÛsi m lon µ politeÛaiw ²dñmenoi Vós pareceis tendo prazer mais com
tiranias do que com governos populares (part. pres.) toèto tò str teuma ¤l nyane tr
efñmenon esse exército passava desapercebido sendo sustentado. [esse exército er
a sustentado secretamente] (part.pres.) Ùnto faneÝw eänai piñntew Eles acreditavam
estar invisíveis saindo (part. pres.) Douleævn sautòn l¡lhyaw Tu passas desaper
cebido de ti mesmo sendo escravo [tu és escravo sem perceberes] (part. pres.) co
meçar, sofrer, cansar-se de (processo da ação) n¡xomai eu agüento, eu suporto (fa
zendo) pagoreæv eu desisto de (fazendo) rxomai eu começo a (fazendo) k mnv eu me can
so de, eu cesso (fazendo) paæomai, l gv eu paro, eu cesso de (fazendo) Oëpote ¤p
auñmhn êm w oÞktÛrvn. Eu não parava de vos lamentar. [lamentando] (part. pres.) M‾
k mnúw fÛlon ndra eéergetÇn Não cesses de fazer o bem a um amigo querido [fazendo
o bem]. (part. pres.) Paæsomai toçw ¤xyroçw gelÇntaw. Eu farei os adversários pa
rarem de rir. [rindo] (part. pres.)
mur04.p65
286
22/01/01, 11:37
o verbo grego: formas nominais
287
oß AyhnaÝoi ¤m¢ êp°rjan dika poioèntew Os atenienses começaram primeiro fazendo-me
injustiça (part. pres.) Hrxñmeya dialegñmenoi. Começávamos a dialogar [dialogant
es] (part. pres.) oß Lakedaimñnioi oék ¤paæsanto t w pñleiw kakÇw poioèntew Os lac
edemônios não pararam de prejudicar [prejudicando] as cidades. (part. pres.) H pñ
liw oéd¡pote ¤kleÛpei toçw teleut santaw timÇsa A cidade nunca deixa de honrar [
honrando] os finados (part. pres.)
verbos com sentido de estar certo ou errado, fazer o bem ou o mal, ser superior
ou inferior a aÞdoèmai (e) aÞsxænomai dikÇ(e) ganaktÇ(a) gapÇ(a) mart nv xyomai ´domai
²ttÇmai(a) kakÇw poiÇ(e) kalÇw (eï) poiÇ(e) karterÇ (e) kratÇ(e) leÛpomai lupoèm
ai (e) nikÇ(a) st¡rgv xalepÇw f¡rv xaÛrv eu eu eu eu eu eu eu eu eu eu eu eu eu
eu eu eu eu eu eu tenho pudor em (fazendo) sinto vergonha, pudor em sou injusto
em (fazendo) me irrito, acho ruim gosto (de fazer) fazendo ajo mal, eu falho, pe
co em me indigno, acho ruim tenho prazer em (fazendo) sou inferior em faço (ajo)
mal em (fazendo) faço (ajo) bem em (fazendo) agüento, suporto (fazendo) domino
em (fazendo) fico para trás em me aflijo em (fazendo) venço em (fazendo) gosto (
de fazer) fazendo suporto mal (fazendo) me alegro em (fazendo)
mur04.p65
287
22/01/01, 11:37
288
o verbo grego: formas nominais
AdikeÝte pol¡mou rxontew kaÜ spond w læontew Vós agis mal [sois injustos] ao começar
a guerra e romper os tratados [começando e rompendo entrada no ato verbal] Hdoma
i koævn sou fronÛmouw lñgouw. Sinto prazer ouvindo palavras sábias de ti (simultâ
neo) di tÛ met ¤moè xaÛrousÛ tinew diatrÛbontew; ÷ti xaÛrousi ¤jetazom¡noiw toÝw o
Þom¡noiw eänai sofoÝw. Por que alguns se alegram entretendo-se comigo? porque se
alegram em pesquisar [pesquisando] com os que são considerados sábios. p w n‾r ´de
tai tò fÇw õrÇn todo homem sente prazer vendo a luz (simultâneo) õ d¢ fresÜ t¡rp
et koævn (Hom.) ele se alegrava na mente ouvindo [ao ouvir, em ouvir, em ouvindo,
enquanto ouvia] kalÇw ¤poÛhsaw proeipÅn fizeste bem tendo falado antes [em falar
antes, em ter falado antes] kreÛssvn —sya mhk¡t Ìn µ zÇn tuflñw tu eras melhor n
ão mais existindo do que vivendo cego [se não mais existisses do que se vivesses
cego] ¤moÜ xarÛzou pokrinñmenow sê-me agradável respondendo-me [em responder] ka
rterÇ koævn eu agüento escutando [escuto pacientemente] aÞsxænomai toèto l¡gvn eu
sinto vergonha dizendo isso
mur04.p65
288
22/01/01, 11:37
o verbo grego: formas nominais
289
b) Particípio predicativo de sujeito oracional Podemos incluir nessa construção
de particípio conjunto aquilo que as gramáticas denominam de acusativo absoluto : na
verdade são sujeitos oracionais em que o particípio aparece como predicativo do
sujeito - neutro, naturalmente. A confusão se originou disto: o nominativo do pa
rticípio neutro é igual ao acusativo. Vejamos os exemplos: ¤jòn eÞr nhn gein oéde
Üw pñlemon aßr setai. sendo permitido conduzir a paz, ninguém escolherá a guerra
. ¤jñn é nominativo neutro, predicativo do sujeito que é a frase toda. DuoÝn kak
oÝn oédeÜw tò meÝzon aßreÝtai, ¤jòn tò ¦latton (Plat.) De dois males [entre dois
males] ninguém escolhe o maior, sendo permitido [escolher] o menor. (duoÝn kako
Ýn é um dual) poll kiw ¤jòn êmÝn pleonektèsai oék ±yel sate muitas vezes sendo-vos
possível ficar grandes, não quisestes. oß Surakoæsioi kraug» oék ôlÛgú ¤xrÇnto d
ænaton øn ¤n nuktÜ llÄ tÄ shm°nai (Plat.) os Siracusanos se serviam de não pouco
alarido, sendo impossível fazer sinais durante a noite com um outro meio. oéd¢ d
Ûkaiñn moi dokeÝw ¤pixeireÝn pr gma, sautòn prodoènai, ¤jòn svy°nai Não me pareces
estar fazendo um negócio justo ao te entregares, sendo possível ser salvo. oéxÜ
¤sÅsam¡n se oåñn te øn kaÜ dunatñn (Plat.) Nós não te salvamos, mesmo sendo viá
vel e possível. d°lon g r ÷ti oäsya toèto, m¡lon g¡ soi Pois é evidente que tu sab
es isso, sendo tua preocupação. eÞrhm¡non d aétaÝw pant n, ¤ny di eìdousi koéx ´kousin
(Aristóf.) (mesmo) estando dada a ordem de as mulheres se reunirem, elas estão d
ormindo e não vêm.
mur04.p65
289
22/01/01, 11:37
290
o verbo grego: formas nominais
sundñjan tÒ patrÜ kaÜ t» mhtrÜ gameÝ t‾n Kuaj rou yugat¡ra tendo parecido bem igua
lmente ao pai e à mãe, [Ciro] casa-se com a filha de Ciáxares (part. aor. neutro
, pred. do suj.). São bastante freqüentes essas construções de particípio neutro
com função predicativa. As mais comuns são as seguintes: aÞsxròn ön nagkaÝon ön
dedogm¡non dokÇ(e) dñjan dokÇ(e) dokoèn dunatñn/ dænaton ön d¡on (d¡v) eÞrhm¡non ¤
nñn (¦neimi), parñn (p reimi) kalÇw parasxÅn legñmenon metam¡lon m¡lon (m¡lomai) p
ar¡xon (par¡xv) pr¡pon (pr¡pv) pros°kon (pros kv) prostaxy¡n (prost ttv) sendo fei
o, vergonhoso sendo inevitável, forçoso tendo-se chegado à conclusão tendo parec
ido (bem) parecendo bem sendo possível/impossível sendo necessário, preciso tend
o sido dito, está dito sendo possível, permitido tendo sido oportuno sendo dito,
correndo o boato de que havendo arrependimento de havendo o cuidado sendo oport
uno sendo decente sendo conveniente tendo sido estabelecido
Em todas essas construções, que correspondem às reduzidas de gerúndio ou de part
icípio em português, quer na voz ativa, média ou passiva, basta traduzirmos os p
articípios em seu verdadeiro sentido e teremos o significado claro. Todos os par
ticípios gregos são adjetivos e concordam com o sujeito, de quem são aposto e co
m os objetos de que são predicativos, em gênero, número e caso. Esse particípio c
onjunto (= predicativo ou do sujeito da principal ou do sujeito/objeto da subordi
nada completiva) pode ser visto também em uma série de orações subordinadas, com
plementos de verbos que exprimem percepção pelos sentidos ou pela mente:
mur04.p65
290
22/01/01, 11:37
o verbo grego: formas nominais
291
gnoÇ(e) koæv lÛskomai aÞsy nomai ( po)faÛnv gignÅskv deÛknumi dhlÇ(o) (¤j)agg¡llv ¤jel¡
gxv eêrÛskv ¤pilany nomai ¤pÛstamai, oäda katalamb nv lamb nv many nv m¡mnhmai jænoida ¤
mautÒ õrÇ(a) periorÇ(a) puny nomai sunÛhmi
eu ignoro, eu desconheço (que) eu ouço (que) eu me convenço (sou cooptado) eu pe
rcebo, eu sinto eu revelo, anuncio eu tomo conhecimento eu mostro, demonstro (qu
e) eu mostro, eu revelo eu anuncio, denuncio eu convenço, eu provo eu acho, enco
ntro eu esqueço de (que) eu sei (que) eu compreendo, depreendo, percebo eu pego , p
ercebo, entendo eu entendo (que) eu me lembro, estou lembrado tenho consciência
que (sei comigo mesmo que) eu vejo (que) eu deixo passar eu venho a saber, eu me
informo eu entendo, eu percebo
A lista não é exaustiva, mas contém a maioria dos verbos de percepção pelos sent
idos ou pela inteligência. A expressão do objeto direto (ou indireto) desses ver
bos pelo particípio (geralmente predicativo do objeto direto) deve ser entendida
a partir do significado deles e do tipo de ação que eles exercem sobre o objeto
: o campo da percepção é limitado e dinâmico e só uma forma verbal ao mesmo temp
o processante e nominal, limitada e dinâmica, pode exprimir essa relação. Daí o
uso necessário do particípio. Contudo, quando o objeto de alguns desses verbos n
ão é fechado, circunscrito, com verbos de ligação, que acrescentam idéia de qual
idade ou estado, esse objeto, ou oração objetiva é expresso por um infinitivo, c
om o sujeito dele no acusativo. Veremos nos exemplos que seguem:
mur04.p65
291
22/01/01, 11:37
292
o verbo grego: formas nominais
Éw eädon aétoçw pel zontaw, oß leúlatoèntew eéyçw f¡ntew t xr mata ¦feugon Assim que
os viram se aproximando [aproximantes, que se aproximavam] os saqueadores rapid
amente, jogando [tendo jogado] os objetos, fugiram. Xersñnhson kat¡maye pñleiw §
ndeka µ dÅdeka ¦xousan Ele veio a saber que Quersoneso tinha onze ou doze cidade
s ³kous pote Svkr touw perÜ fÛlvn dialegom¡nou Ouvi certa vez Sócrates discutindo s
obre amigos. ³kouse Kèron ¤n XilikÛ& önta Ouviu que Ciro estava na Cilícia. ¤pei
d n aÞsy nhsye ¤moè ¤pitiyem¡nou toÝw tò d¡jion k¡raw tñte kaÜ êmeÝw kay êm w ¤pixeireÝt
e. Quando perceberdes que eu estou fazendo carga sobre os da ala direita, então,
também vós, por vós mesmos, tomai iniciativa. pesñnta BrasÛdan oß m¢n AyhnaÝoi o
ék aÞsy nontai oß d¢ plhsÛon rantew p negkan Os atenienses não percebem que Brásidas
caiu [tendo caído Brásidas], mas os que estavam perto tendo-o levantado levaram
-no. toÝw ¤pixeir masin ¥Årvn oé katoryoèntew kaÜ toçw stratiÇtaw xyom¡nouw t» mo
n», (Tucid.) [Os atenienses] viam não prosperantes com as iniciativas e os solda
dos aborrecidos com a demora. mfñter oïn oäde kaÜ aêtòn êmÝn ¤pibouleænta kaÜ êm w a
Þsyanom¡nouw. (Dem.) Ele sabe as duas coisas: que ele próprio está conspirando c
ontra vós e que vós estais percebendo. ¤mautÒ g r sun»dein oéd¢n ¤pistam¡nÄ (Plat.
) Pois eu sabia em minha consciência [era ciente] que nada sabia [nada sabendo].
¤gÆ oëte m¡ga oëte smikròn jænoida ¤mautÒ sofòw Ên (Plat.) Por mim, eu sabia co
migo mesmo que eu nem em pouco nem em grande [coisa] era sábio [sendo].
mur04.p65
292
22/01/01, 11:37
o verbo grego: formas nominais
293
¤keÝnoi junÛsasi Mel tÄ m¢n ceudom¡nÄ ¤moÜ d¢ lhyeæonti (Plat.) Esses aí têm cons
ciência com Meletos que ele está mentindo e comigo que estou dizendo a verdade.
mas, koæv eänai ¤n tÒ strateæmati ²mÇn RodÛouw Ouço existirem ródios em nosso exér
cito.
c) Genitivo absoluto Há ainda algumas construções de orações reduzidas de gerúnd
io ou de particípio, em que a oração participial ou gerundiva está isolada (ab-s
oluta) da oração principal por ter um sujeito diferente, solto, à parte, ab-solu
to. De fato, são dois assuntos diferentes, dois sujeitos independentes, embora s
emanticamente interligados. A denominação absoluto é de cunho formalista; registra
apenas a ausência do conetivo. Essa separação, essa independência, essa soltura
, quando expressa por uma oração reduzida de particípio é chamada pelos gramátic
os de genitivo absoluto , isto é, solto, desligado em grego, e ablativo absoluto em l
atim. Nesses casos o grego e o latim têm um tratamento especial: pelo fato de as
orações subordinadas (participiais ou gerundivas) estarem distantes, separadas
(ab-solutas) da oração principal, o grego põe o particípio e seu agente (na voz
ativa e média), ou seu paciente (na voz passiva) no genitivo, e o latim põe o pa
rticípio ou gerúndio no ablativo (genitivo e ablativo, repectivamente, sendo os
casos de separação ab-solutos ). Epi Kærou basileæontow. Em Ciro reinando [reinante,
enquanto reinava, durante o reinado]. (part. pres. aposto) ¼syñmhn aétÇn oÞom¡n
vn eänai sofvt tvn (Plat.) Eu percebia que eles acreditavam [eles acreditando] ser
os mais sábios [que eram muito sábios] (part. pres.)
mur04.p65
293
22/01/01, 11:37
294
o verbo grego: formas nominais
Diabebhkñtow ³dh Perikl¡ouw ¤w Eëboian ±gg¡lyh aétÒ ÷ti M¡gara f¡sthken. (Tuc.) T
endo já Péricles atravessado para a Eubéia, foi-lhe anunciado que Megara estava
separada (distante). xalepòn ÷ron ¤piyeÝnai taÝw ¤piyumÛaiw êphretoæshw ¤jousÛaw
É difícil pôr um limite às paixões havendo excesso de riqueza [existindo recurs
os, possibilidade]. oék n —lyon deèro êmÇn m‾ keleus ntvn eu não teria vindo aqui s
e vós não tivésseis ordenado [vós não tendo ordenado]. Kèrow n¡bh ¤pÜ t örh oédenò
w kvlæontow (Xen.) Ciro chegou ao topo da colina sem que ninguém o impedisse [ni
nguém o impedindo]. tÇn svm tvn yhlunom¡nvn kaÜ aß cuxaÜ polç rrvstñterai gÛgnontai
(Xen.) Os corpos efeminando-se também as almas se tornam muito mais fracas. Éw
²dç tò z°n m‾ fyonoæshw t°w tæxhw como é agradável viver quando a Fortuna não te
m inveja! [a Fortuna não tendo inveja] shmany¡ntvn ÷ti pol¡mioÛ eÞsin ¤n t» xÅr&
, ¤jebo yei. (Xen.) Tendo sido dados indícios de que os inimigos estavam [estão]
no país, partiu em socorro. Prospesñntow ußòn gegon¡nai tÒ basileÝ. (Plat.) Ten
do caído [a notícia] de ter nascido um filho ao rei. ¤j°n soi ¥koæshw t°w pñlevw
toèto poi°sai (Plat.) Era [te] possível, a cidade estando conivente, fazer isso
. Kærou basileæontow oß P¡rsai ¤kurÛeusan tÇn M dvn Ciro reinante [durante o rei
nado de Ciro], os Persas dominaram os Medos.
mur04.p65
294
22/01/01, 11:37
o verbo grego: formas nominais
295
Druòw pesoæshw p w n‾r juleæetai O carvalho tendo caído [caído o carvalho, depois q
ue o carvalho caiu] qualquer homem faz lenha. toætvn nagignvskom¡nvn pros¡xete tò
n noèn essas coisas sendo lidas - enquanto são lidas! - prestai atenção. Perikl¡
ouw ²goum¡nou poll kaÜ kal ¦rga pedeÛjanto oß AyhnaÝoi Péricles dirigente [sob a dir
eção de, no governo de Péricles], os Atenienses produziram muitas e belas obras.
g¡noit n p n yeoè texnvm¡nou A divindade dando condições, tudo poderia acontecer. po
pleÝ oÞk de kaÛper m¡sou xeimÇnow Ele embarca para casa, mesmo sendo pleno [no mei
o do] inverno. oé deÝ yumeÝn Éw oék eét ktvn öntvn AyhnaÛvn Não é preciso perder âni
mo como os Atenienses não estando bem organizados. ¤gÆ toætouw eárhka lñgouw oéx
Éw oédemi w llhw ¤noæshw ¤n toÝw pr gmasi svthrÛaw ll boulñmenow (Isócr.) Eu pronuncie
i esses discursos não (por) não havendo na situação presente nenhuma outra salva
ção, mas porque eu queria [querendo]. polloÛ kat¡bhsan kaÜ te yevm¡nvn tÇn ¥taÛrv
n poll‾ filoneikÛa ¤gÛgneto Muitos desceram [à arena] e [porque] os companheiros
estando assistindo, originou-se uma grande emulação.
d) O particípio com conetivo Como em português, em que as reduzidas de gerúndio
e particípio podem ser modificadas por uma conjunção que explicita o conteúdo da
subordinada, assim também, em grego, o particípio pode vir modificado por uma c
onjunção que faz lembrar o modo que seria empregado se a oração permanecesse con
juncional.
mur04.p65
295
22/01/01, 11:37
296
o verbo grego: formas nominais
a idéia de causa (causal) conjunções: te, oåon, oåa d , (causa real, objetiva) Éw
, (causa subjetiva, pessoal) Ësper (lat. quod). A conjunção nem sempre é express
a. sunetòw pefukÆw feège t‾n panourgÛan Tendo nascido inteligente, evita a malva
deza [porque nasceste inteligente, inteligente de nascença] (p. perf.) Kèrow, te
paÝw Ìn kaÜ filñkalow kaÜ filñtimow, ´deto t» stol». (Xen.) Ciro, sendo criança
e amante de belas coisas e de honras, compraziase com roupas [porque era] (p. pr
es.: simultaneidade com ação do verbo principal) Éw oïn phllagm¡noi tÇn kakÇn ²d¡
vw ¤koim yhsan (Xen.) Como se livrados de todos os males eles adormeceram com pr
azer [porque, como se] (p. perf. pas.: resultado da ação) Ate ¤jaÛfnhw ¤pipesñnte
w poll ndr poda ¦labon Tendo-se precipitado [caído em cima] de repente, fizeram muit
os prisioneiros. [porque se precipitaram] (p. aor.: anterioridade)
a idéia de tempo (temporal) conjunções: ma - ao mesmo tempo; eéyæw, aétÛka - imed
iatamente; metajæ - nesse meio tempo, nesse intervalo; ¦ti - ainda; Ëw - assim q
ue. A conjunção nem sempre é expressa. ²dç svy¡nta memn°syai pñnvn (Eur.) É agra
dável tendo sido salvo lembrar-se dos sofrimentos [depois de ter sido salvo] (p.
aor. pass. anterioridade) ma poreuñmenoi ¤m xonto Ao mesmo tempo que marchavam, lu
tavam [marchando] (part. pres. simultaneidade) metajç deipnoèntew ¤jan¡sthsan en
quanto almoçavam, levantaram-se [levantaram-se no meio da refeição, almoçando] (
p. pres. simultaneidade)
mur04.p65
296
22/01/01, 11:37
o verbo grego: formas nominais
297
eéyçw paÝdew öntew desde a infância [direto sendo crinças] (part. pres. simultan
eidade) pollaxoè me ¤p¡sxe l¡gonta metajæ (Plat.) Muitas vezes [em muitas passag
ens] ele se intrometeu, enquanto eu falava [interrompeu minha fala, eu falando]
(part. pres. simultaneidade) Íw ra fvn saw peb seto (Hom.) assim que disse isso, f
oi embora [tendo dito] (part. aor.: anterioridade) a idéia de finalidade (final)
Expressa-se pelo particípio futuro só ou com a conjunção: Éw seguida do particí
pio futuro = idéia de eventualidade: sun lyomen ôcñmenoi Nós nos reunimos para v
er [viemos havendo de ver] sullamb nei Kèron Éw poktenÇn Ele manda prender Ciro par
a matá-lo [havendo de matar] oß AyhnaÝoi pareskeu zonto Éw polem sontew Os ateniens
es estavam se preparando para a guerra [para guerrear; havendo de guerrear] kata
skecom¡nouw ¦pempe tÛ pr ttoi Kèrow Ele enviou batedores [os havendo de observar]
o que Ciro estava fazendo a idéia de concessão (concessiva) conjunções: kaÛper,
kaÛ - ainda que, mesmo se, mesmo ÷mvw kaÛ - mesmo que polloÜ g r kaÜ öntew eégeneÝ
w eÞsi kakoÛ Muitos, com efeito, mesmo sendo de boa origem, são maus (part. pres
., estado permanente) EÞs lyete êmeÝw kaÛper oé didñntow nñmou Vós chegastes, me
smo a lei não permitindo. (part. pres.) sumbouleæv soi kaÛper neÅterow Ên (Xen.)
estou te aconselhando, mesmo sendo mais jovem (part. pres.) kaÛper p nu gayòw Ên (
Plat.) mesmo sendo muito bom (part. pres.)
mur04.p65
297
22/01/01, 11:37
298
o verbo grego: formas nominais
a idéia de condição (condicional) conjunções: eÞ = se > supositivo potencial; ¤ n
= se> supositivo eventual na condicionante (prótase - subordinada) e n na condici
onada potencial ou futuro na condicionada eventual (apódose - principal). dÛkaia
dr saw summ xouw §jeiw yeoæw Tendo agido bem [tendo praticado coisas justas] terás
os deuses aliados [caso ajas bem, tendo agido bem] (part. aor. anterioridade em
relação ao verbo principal e o eventual por ser uma proposição futura) FÛlippow
PoteÛdaian dunhyeÜw n aétòw ¦xein eÞ ¤boul yh OlunyÛoiw par¡dvken. (Dem.) Felipe,
tendo podido [teria podido], se assim o quisesse, manter Potideia, entregou-a ao
s Olíntios. (part. aor. com n = irreal do passado) oék n dænaio m‾ kamÆn eédaimone
Ýn Tu não poderias ser feliz não tendo feito esforço [caso não tenhas feito, se
não fizeres] (part. aor.= anterioridade = irreal do passado) fanerñw ¤sti toèto
oék n poi saw eÞ m‾ katoryÅsein ³lpizen É evidente ele não ter feito isso [não te
ndo feito] se não esperasse haver de dar certo. [é evidente que ele não teria fe
ito] (part. aor.= anterioridade, irreal do passado) EgÅ eÞmi tÇn ²d¡vw n ¤legj ntvn
eà tÛw ti m‾ lhy¢w l¡goi. (Plat.) Sou dos que prazerosamente teriam refutado [mas
não refutei] se alguém não dissesse a verdade. (part. aor., irreal do passado)
Oék n —lyon deèro êmÇn m‾ keleus ntvn Eu não teria vindo aqui se vós não tivésseis
mandado [vós não tendo mandado] (part. aor., irreal do passado).
mur04.p65
298
22/01/01, 11:37
o verbo grego: formas nominais
299
Infinitivo
É o verbo-substantivo. É a noção substantiva do ato verbal, também de uso intens
o em grego por trazer um significado mais concreto ao ato verbal. O infinitivo n
ão é uma forma verbal propriamente dita; semanticamente é a virtualidade, a essê
ncia, a noção substantiva do verbo (processo ou estado). Por isso ele é um subst
antivo e se comporta como tal. A denominação infinitivo é mero decalque do grego pa
r¡mfaton, que os gramáticos latinos traduziram por infinitiuus , isto é inflexionáv
el. É assim que deve ser entendido no latim e nas línguas românicas, por oposiçã
o aos modos finitos, isto é flexionáveis. É uma denominação de cunho descritivis
ta. Mas ela é verdadeira só no grego; não o é nem em latim nem nas línguas român
icas. O termo grego par¡mfaton não é formalista, é semântico; significa: que não d
iz a partir de si mesmo , que não define claramente , não determinativo ou indicativo
, isto é, nele mesmo ele não tem relação nem com o agente ou paciente. Ele não é
=°ma, isto é, não tem as desinências pessoais que referem ao [são a marca de] s
ujeito agente ou paciente. Essa denominação, contudo, foi perdendo seu conteúdo
semântico também no grego, porque no grego o infinitivo é verdadeiramente inflex
ionável, visto que o grego tem artigo e que todas as funções exercidas pelo infi
nitivo, que é verbo-substantivo, são expressas pela flexão do artigo. Como subst
antivo, o infinitivo pode ter todas as funções do substantivo, mas ele é invariá
vel, não tem casos (daí a denominação de infinito invariável por oposição às forma
s finitas variáveis). É que no grego os casos do infinitivo se exprimem pela flexã
o do artigo, diferentemente do latim. O latim não tem artigo e por isso se viu d
iante da necessidade de criar uma ptÇsiw, um caso para o verbo-substantivo, sobr
etudo nas relações concretas, criando as formas do gerúndio. complemento de dire
ção lugar onde lugar de onde instrumental complemento limitativo (nominal) -ndum
-ndo -ndo -ndo -ndi
mur04.p65
299
22/01/01, 11:37
300
o verbo grego: formas nominais
Em grego, por causa da existência do artigo, o infinitivo pode ser usado nas trê
s vozes: ativa, média e passiva e nos três aspectos: infectum, aoristo e futuro
e perfectum, porque o artigo assume todos os casos. Em latim, o uso do infinitiv
o/gerúndio só se encontra na voz ativa e nos depoentes, que são verbos de voz mé
dia, portanto ativos, mas só no infectum. Os outros infinitivos só se usam nos c
asos sintáticos (nom. e acus. de obj. direto); as funções expressas no grego pel
o acusativo de direção e pelo ablativo e instrumental são expressas em latim pel
o supino (-tu / tum). Nas línguas românicas, só restam as funções circunstanciai
s, adverbiais -ndo (menos no francês, que usa a forma invariável do particípio a
tivo do infectum -nt mas o chama de gérondif ). Podemos então formar um quadro da
flexão do Infinitivo. Nom. Voc. Acus. (o.d.) Acus. (dir.) Gen. Dat. Loc. Instr.
Abl. Português (o) escrever escrever para escrever de escrever ao escrever 6 no
escrever 7 em escrevendo pelo escrever escrevendo de escrever 8 Grego (tò) gr fein
(tò) gr fein eÞw tò gr fein toè gr fein tÒ gr fein ¤n tÒ gr fein tÒ gr fein pò toè gr fei
im scribere scribere ad scribendum scribendi scribendo in scribendo scribendo a
scribendo
6 7
8
É o dativo de complemento nominal; por exemplo: semelhante, igual ao escrever. A
gramática latina nos passou as relações de locativo e instrumental incluídas no
ablativo. Nós já vimos que é um erro. Ao dizermos que em escrever/em escrevendo
é um locativo, estamos pensando na relação concreta, espacial - dentro do ato d
e escrever. Como se trata de um infectum, inacabado, a relação de duração > temp
o é natural; por isso, na medida em que é uma incidência num processo, o locativ
o nesse caso tem um sentido temporal. O ablativo (separativo/de onde) significa
eu venho de escrever, do ato de escrever.
mur04.p65
300
22/01/01, 11:37
o verbo grego: formas nominais
301
Pode-se ver que, em português, o gerúndio ablativo é menos freqüente do que o lo
cativo/temporal e instrumental. Há muita coerência nesses dois casos, porque a n
oção temporal de duração e instrumental de passagem do ato verbal pelo instrumen
to inerte combinam com o aspecto do infectum-durativo-presente, do ato verbal em
seu desenvolvimento. A do ablativo, que é a noção de separação, ponto de partid
a, é menos natural. Só existe gerúndio no presente (infectum, inacabado, durativ
o). Em grego há tantos infinitivos quantos são os temas; são três os temas, um p
ara cada aspecto - infectum, perfectum, aoristo, e futuro, que é um desdobrament
o do aoristo e construído sobre o mesmo tema. E cada tema tem infinitivos das tr
ês vozes. Os infinitivos médios e passivos no infectum e no perfectum são formal
mente idênticos. Há quatro infinitivos em grego: Infinitivo presente (tema do in
fectum, inacabado) ativo e médio /passivo; Infinitivo aoristo (tema do aoristo)
ativo, médio e passivo; Infinitivo futuro (tema do aoristo) ativo, médio e passi
vo; Infinitivo perfeito (tema do perfectum, acabado) ativo e médio /passivo. Não
há idéia de tempo no infinitivo; prevalece a noção de aspecto. o infectum (pres
ente-inacabado) traz a idéia de ato em desenvolvimento e simultaneidade com o ve
rbo principal. o aoristo (pontual) traz a idéia absoluta, pura do ato verbal; ma
s, num contexto narrativo, pode exprimir uma anterioridade em relação ao verbo p
rincipal (fato isolado, pontual). o futuro, sempre dependente de verbos de vonta
de ou intenção ou movimento, remete o ato absoluto, puro, para frente. o perfect
um (acabado) exprime o término (ativo e médio) e o resultado da ação (passivo).
Resumindo, o infinitivo grego é um substantivo verbal neutro singular que pode s
er declinado com o artigo. Por conseguinte: 1. Ele não tem adjunto adnominal (ep
íteto), mas é modificado pelo advérbio; (a qualidade de um processo ou estado é um
a idéia de modo/ instrumento).
mur04.p65
301
22/01/01, 11:37
302
o verbo grego: formas nominais
2. Todas as suas funções como nome são expressas pela flexão do artigo, já que e
le é indeclinável (infinito). 3. Sendo verbo, ele pode ter sujeito, predicativo,
complementos, e pode ser sujeito e predicativo, porque é substantivo. Nesse cas
o o predicativo é neutro, porque o infinitivo é um substantivo neutro (isto é, n
ão tem gênero); e pode ter complementos, porque não perde sua natureza verbal.
Empregos do Infinitivo:
I. O infinitivo é substantivo e verbo O fato de o infinitivo ser substantivo e v
erbo permite que ele tenha todas as funções do substantivo semanticamente compat
íveis e que ao mesmo tempo ele possa ser o núcleo de uma oração a que chamaremos
de infinitiva. 1. O infinitivo como verdadeiro substantivo: teríamos o equivale
nte português: o pôr-do-sol , o comer , por exemplo. nyrÅpvn ¤stin tò mart nein o errar
[próprio] dos homens (suj. de ¤stin) 2. O infinitivo como mero enunciado da ação
: precisa comer para viver . ¤pÛstamai neÝn eu sei nadar (inf. comp. obj. dir.) 3.
O infinitivo como núcleo de uma oração infinitiva: neste caso, ele tem um sujeit
o, expresso ou não, mas diferente do verbo ou da oração da qual depende: Vejo os
homens correr . O verbo vejo é o verbo principal, cujo sujeito não expresso é eu;
os homens é sujeito de correr; os homens correr é oração infinitiva complemento
de objeto direto de vejo. oék n¡meinen ²m¡ran gen¡syai ele não esperou o dia acon
tecer (²m¡ran gen¡syai é complemento da principal cujo sujeito é ele; ²m¡ran é s
ujeito de gen¡syai e está no acusativo)
mur04.p65
302
22/01/01, 11:37
o verbo grego: formas nominais
303
Não há diferenças essenciais nestas três construções; porém é preciso fazer algu
mas observações a respeito da oração infinitiva: a) Numa grande maioria de casos
ela é uma completiva, e o sujeito do infinitivo é geralmente o complemento de o
bjeto direto do verbo principal: vejo os homems - cumprindo a ação de - correr,
daí é normal o uso do acusativo no sujeito da oração infinitiva. T°w ret°w oéd¡na
deÝ Þdivteæein (Plat.) É preciso ninguém ser leigo da virtude (suj. de deÝ ) b)
O que reforça esta idéia de primazia de relação do sujeito da oração infinitiva
com o verbo principal são os casos ditos de atração de casos: nèn soi ¦jesti ndr
Ü [ ndra] gen¡syai 9 Agora te é possível tornares-te homem (atração de caso: gen¡s
yai é inf. suj. de ¦jesti, seu predicativo: ndrÜ está no mesmo caso que o comp. d
e atrib. soi do verbo ¦jesti, o sujeito acusativo de gen¡syai não sendo expresso
) c) O predicativo do sujeito do infinitivo terá normalmente o mesmo caso (event
ualmente o mesmo número e gênero se for adjetivo) que o sujeito do infinitivo st
rathgoè ¤sti maxom¡nou [maxñmenon] poyaneÝn é [dever] do comandante morrer lutand
o (inf. suj. de ¤sti; maxom¡nou é predicativo de strathgoè complemento de ¤sti e
sujeito, no genitivo, de poyaneÝn) 4. Tanto o infinitivo como a oração infinitiv
a se comportam como um substantivo neutro singular e, se tiverem um predicativo
adjetivo, ele será neutro singular. tò ceædesyai aÞsxrñn ¤stin (o) mentir [ser m
entiroso] é feio (suj. de ¤stin) As completivas se constroem com o predicativo d
o objeto direto ou predicativo do sujeito, se o sujeito da completiva e o da pri
ncipal é o mesmo; nesse caso o sujeito da completiva nem sempre é expresso; e qu
ando o é, seu caso depende de sua função: se predicativo do sujei9
Neste exemplo e no seguinte o normal seria ndra predicativo do sujeito implícito
se é maxñmenon.
mur04.p65
303
22/01/01, 11:37
304
o verbo grego: formas nominais
to da principal, o caso é nominativo, se predicativo da subordinada completiva o
bjetiva direta, o caso é acusativo. ¤keÝnoi [oß P¡rsai] ¤pÜ tÒ sÛtÄ oàontai deÝn
frñnimoi kaÜ m¡trioi faÛnesyai Eles [os Persas] crêem ser necessário mostrarem-
se sensatos e comedidos às refeições [no comer]. (o suj. de oàontai (principal)
e de faÛnesyai é o mesmo: e faÛnesyai é o sujeito de deÝn que é objeto de oàonta
i; o sujeito de faÛnesyai é nominativo e não acusativo = frñnimoi kaÜ m¡trioi sã
o predicativos do sujeito de faÛnesyai no nom.). II. Funções do infinitivo e da
oração infinitiva Dentro da frase, o infinitivo e a oração infinitiva podem ter
todas as funções do substantivo; vejamo-las. 1. Infinitivo sujeito: a) Freqüente
mente ele é sujeito da oração inteira. As gramáticas o apresentam como sujeito d
e verbos ou expressões impessoais 10, como: gÛgnetai - ¤g¡neto acontece, aconteceu
deÝ (d¡on ¤stin) é preciso, é dever diaf¡rei difere, importa (interest) dokeÝ pa
rece (bem), agrada (placet) ¦nestin está em, é possível é possível, é permitido
¦jesti (¦sti) p restin a ocasião se apresenta, é possível pr¡pei, pros kei convém
(decet) sumbaÛnei sucede (que) acontece sumf¡rei é útil, proveitoso, bom xr é b
om, é necessário (opus est, oportet)
10
Admitir a impessoalidade é admitir a possibilidade de um enunciado sem sujeito,
isto é, sem essência. O que acontece é que o sujeito do verbo impessoal é o enunci
ado todo; por isso o verbo está na terceira pessoa.
mur04.p65
304
22/01/01, 11:37
o verbo grego: formas nominais
305
Com predicativos neutros (adjetivos): dænaton / dunatñn dÛkaion ¤pÛdojon ¤pit dei
on kalñn / aÞsxrñn oåon ¦sti / —n / ¦stai / eàhn: impossível, possível justo pre
sumível vantajoso, conveniente belo, feio possível, viável é, era, será, seria
tò froneÝn eédaimonÛaw prÇton êp rxei O pensar a felicidade é a coisa que está em
primeiro lugar (suj. de êp rxei) tò mart nein (aétoçw) nyrÅpouw öntaw oéd¢n yaunastñn
O falharem sendo homens, em nada é admirável (suj. de yaumastñn [¤stin]) tò t w ²d
on w feægein kalñn ¤stin O evitar [fugir de] os prazeres é belo (suj. de kalñn ¤st
in) tò kalÇw z°n xalepñn O viver bem é difícil (suj.de xalepñn [¤stin]) sumboule
uñmey soi tÛ xr‾ poieÝn (Xen.) Nós estamos nos aconselhando contigo [sobre] o que
é preciso fazer. (suj. de xr‾ ) Xr‾ m te xrhm tvn feÛdesyai m te pñnvn (Plat.) É
preciso não poupar despesas nem sacrifícios (suj. de xr‾) ¦doj¡ moi eÞw lñgouw s
oi ¤lyeÝn (Xen.) Pareceu-me [bem] vir para uma conversa contigo (suj. de ¦doje) p
i¡nai ¦jestin É permitido [possível] ir embora (suj. de ¦jestin ) eÜ kr tistñn ¤sti
t lhy° l¡gein É sempre muito melhor dizer a verdade (suj. de ¤sti )
mur04.p65
305
22/01/01, 11:37
306
o verbo grego: formas nominais
õmoÛvw aÞxrñn koæsanta xr simon lñgon m‾ mayeÝn kaÜ didñmenñn ti gayòn par tÇn fÛlv
n m‾ labeÝn (Isócr.) É semelhantemente feio não entender tendo ouvido uma palavr
a útil quanto não aceitar alguma coisa boa dos amigos (infinitivos sujeitos de.
aÞxrñn [¦stin]) ¦doj¡ moi m‾ sÛga tò ploèn poieÝsyai Pareceu-me bem [eu decidi]
não fazer a viagem em segredo. (inf. suj. de ¦doj¡) ¦doje pleÝn tòn Alkibi dhn Deci
diu-se Alcibíades embarcar. [pareceu bem] (inf. suj. de ¦doje) aÞsxròn tÒ parñnt
i kairÒ m‾ xr°syai É uma vergonha não se apropriar da ocasião que se apresenta [
do momento presente] (inf. suj. de aÞsxròn ¤stin). DeÝ se yeoseb° eänai É precis
o tu seres piedoso [que sejas] (inf. suj. de deÝ). xr° toçw eï pr ttontaw t°w eÞr
nhw ¤piyumeÝn (Isócr.) É preciso os que estão bem desejar [em] a paz (suj. de xr
° ) xr‾ tolm n xalepoÝsin ¤n lgesi keÛmenon ndra É preciso o homem encontrando-se em
dores cruéis ter coragem (suj. de xr‾ ) kaÜ Ellhni kaÜ barb rÄ ¤g¡neto d¡vw poreæes
yai Aconteceu ao grego e ao bárbaro viajar sem temor (suj. de ¤g¡neto) dokeÝ d¡
moi kaÜ Karxhdñna m‾ eänai (Plut.) Parece-me [sou de opinião] também Cartago não
existir [não dever] (suj. de dokeÝ ) oék ¦stin eêreÝn bÛon lupon oédenÛ (Eur.) N
ão é possível [permitido] a ninguém encontrar uma vida sem sofrimento. (suj. de
oék ¦stin) oé d pou tòn rxonta tÇn rxom¡nvn ponhrñteron pros kei eänai (Xen.) Não
é sem dúvida conveniente o comandante ser pior do que os comandados (suj. de pro
s kei)
mur04.p65
306
22/01/01, 11:37
o verbo grego: formas nominais
307
W Zeè labeÝn moi g¡noito aétòn Éw ¤gÆ boælomai Ó Zeus, pudesse me acontecer eu pe
gá-lo, como desejo! (suj. de g¡noito) jun¡bhn Ëste pol¡mou mhd¢n ¦ti casyai mhdet
¡rouw (Tuc.) Aconteceu de nenhum dos dois [inimigos] em nada acenderem a guerra
[recomeçarem a guerra]. (suj. de casyai ) b) As construções em que o adjetivo apa
rece em função predicativa do sujeito oracional, com o verbo em 3a pessoa, são f
reqüentemente substituídas por uma expressão em que o adjetivo é predicativo do
sujeito do verbo ser e o infinitivo (ou oração infinitiva) é complemento do adje
tivo: Î Prñdike, sòw SimvnÛdhw polÛthw : dÛkaiow eä [dÛkaiñn ¤stin] bohyeÝn tÒ nd
rÛ. (Plat.) Pródico, Simônides é teu concidadão; és justo ajudares o homem [é ju
sto tu ajudares] (compl. nom. de dÛkaiow eä) dÛkaiñw eÞmi zhmioèsyai [dÛkaiñn ¤s
tin ¤m¢ zhmioèsyai] (Xen.) Eu sou justo em ser castigado. [é justo eu ser castig
ado / estar sendo castigado] (compl. nom. de dÛkaiñw eÞmi ) ndraw tin w p¡kteinan oé
polloçw oã ¤dñkoun ¤pit deioi eänai êpejairey°nai = oîw ¤dñkei ¤pit deion eänai
êpejairey°nai. (Tuc.) [Os 400] mataram alguns homens, não muitos, os que pareci
am ser convenientes para serem eliminados [os que pareciam convenientes de serem
eliminados] (compl. nom. de ¤pit deioi eänai) ¤pidojñw eÞmi tuxeÝn t°w tim°w ta
æthw [¤pidojñn ¤stin ¤m¡] (Isócr.) eu sou provável de encontrar essa honraria [é
provável eu encontrar] (compl. nom. de ¤pidojñw eÞmi) c) Encontramos essa mesma
construção com substantivos em função de sujeito ou predicativo; nesse caso ele
s mantêm o próprio gênero. Em português, às vezes somos tentados a usar o infini
tivo como complemento nominal (= é hora de sair) ou sujeito (comandar a frota du
as vezes não era costume...)
mur04.p65
307
22/01/01, 11:37
308
o verbo grego: formas nominais
kÛndunñw ¤stin nñmow ¤stin Ëra / kairñw ¤stin
há risco de, há perigo de é costume, é norma é hora, é o momento (de)
All g r ³dh Ëra pi¡nai./ pi¡nai Ëra ¤stin/ Mas já é hora de ir embora (compl. nom. em
português). Ëra ²mÝn bouleæesyai (Xen.) É tempo [hora de] para nós deliberarmos
[estar deliberando] (compl. nom. em português) oé g r nñmow aétoÝw dÜw tòn aétòn n
auarxeÝn (Xen.) Não é costume entre eles [de] o mesmo [homem] comandar a frota d
uas vezes. 2. Predicativo (aposto = particípio conjunto) do sujeito da frase pri
ncipal: O sujeito nem sempre é expresso quando o sujeito do verbo principal e do
infinitivo é o mesmo. dikeÝsyai nomÛzei êf ²mÇn [aétñw] Ele pensa estar sendo prej
udicado por nós (pred. do suj. de nomÛzei). oß oÞnoxñoi f skontew eänai [oß f skonte
w oÞnoxñoi eänai] Os que diziam ser escanções (pred. do suj. de f skontew). pallage
Üw toætvn tÇn faskñntvn dikastÇn eänai Liberado desses que diziam ser juízes (pr
ed. do suj. de faskñntvn).
3. Infinitivo complemento do objeto direto e orações completivas. a) Complemento
de verbos enunciativos, declarativos a.1) Infinitivo PeÛyesyai many nein Aprender
a obedecer (obj. dir. acus.). aétò tò poyn¹skein oédeÜw fobeÝtai O morrer mesmo
(obj. dir. acus.) ninguém teme.
mur04.p65
308
22/01/01, 11:37
o verbo grego: formas nominais
309
t pur oék ¦fh ÞdeÝn (aétñw) Ele não disse ter visto a fogueira [ele negou ter vist
o]. Kèrow êp¡sxeto ndrÜ ¥k stÄ dÅsein p¡nte mn w [aétñw] Ciro prometeu haver de dar c
inco minas a cada homem [que daria]. õmologÇ d¢ s dikeÝn (¤gÅ) Concordo ser-te inju
sto [que eu estou / estar prejudicante] õmologeÝw oïn perÜ ¤m¢ dikow gegen°syai;
Tu concordas ter-te tornado injusto a meu respeito? a.2) Oração infinitiva, ou s
ubstituindo o indicativo tò proeid¡nai tòn yeòn tò m¡llon kaÜ tò prosshmaÛnein Ú
boæletai kaÜ toèto p ntew kaÜ l¡gousi kaÜ nomÛzousin. O fato de a divindade preve
r o porvir e assinalar além do mais antecipadamente com o que ela quer, também i
sso todos afirmam e pensam. (obj. dir. de kaÜ l¡gousi kaÜ nomÛzousin. - ou apost
o de isso, ele mesmo obj. dir. de kaÜ l¡gousi kaÜ nomÛzousin; posição de anacolu
to). ¤rvtÅmenow d¢ podapòw eàh, P¡rshw m¢n ¦fh eänai Sendo perguntado de que paí
s era [seria], disse ser Persa [que era Persa] (obj. dir. de ¦fh). tòn kalòn k gay
òn ndra kaÜ gunaÝka eédaÛmona eänai fhmi, tòn de dikon kaÜ ponhròn ylion. (Plat.) O
homem e a mulher belo[s] e bom[s] eu afirmo ser[em] feliz[es]; o injusto e malv
ado, infeliz (obj. dir. de fhmi). ¤k ruje d¢ labñntaw t ÷pla kaÜ t skeæh toçw stra
tiÅtaw ¤ji¡nai [Anaxíbio] fez anunciar que os soldados pegassem as armas e bagag
ens e partissem [tendo pegado... partirem] (inf. obj. dir. de ¤k ruje). sofist‾n
ônom zousi tòn ndra eänai Chamam esse homem de ser sofista (inf. obj. dir. de ônom z
ousi).
mur04.p65
309
22/01/01, 11:37
310
o verbo grego: formas nominais
b) Complemento objeto de verbos volitivos Na expressão de um desejo ou de um ato
de vontade (verbos volitivos), o objeto se exprime com o infinitivo ou com uma
oração infinitiva. Substitui ou o subjuntivo ou o optativo. b.1) Infinitivo ßk¡t
eue m‾ aétòn pokteÝnai (Lís.) Ele me suplicava não matá-lo (inf. aoristo obj. dir
. de ßk¡teue). kalÇw koæein m llon µ plouteÝn y¡le (Men.) Deseja [tu] antes ser lou
vado que ser rico (inf. obj. dir. de y¡le). b.2) Oração infinitiva taæthn t‾n xÅ
ran ¤p¡trece diarp sai toÝw Ellhsin Éw polemÛan oïsan. (Xen.) [Ciro] destinou aos g
regos saquearem aquele país por ser inimigo [sendo país inimigo] (obj. dir. de ¤
p¡trece). keleæv se ¦rxesyai Eu te ordeno vir (obj. dir. de keleæv). tÛw se kvlæ
sei deèro badÛzein; Quem te impedirá de vir aqui? (obj. dir. de kvlæsei ) Kèrow
¤k¡leuse g¡furan zeugnænai Ciro ordenou construir [unir] uma ponte (obj. dir. de
¤k¡leuse). perainÇ soi sig n Estou te aconselhando calar [que cales] (obj. dir. d
e perainÇ) õ fñbow tòn noèn peÛrgei m‾ l¡gein boæletai O medo impede o intelecto
de exprimir o que quer (obj. dir. de peÛrgei). (Kl¡arxow) toçw õplÛtaw ¤k¡leusen
aétoè meÝnai t w spÛdaw pròw t gñnata y¡ntaw, (Xen.) [Clearco] ordenou aos hoplitas
permanecer no mesmo lugar colocando os escudos diante dos joelhos (inf. aoristo
obj. dir. de ¤k¡leusen). peiloèsi BoivtoÜ ¤mbaleÝn eÞw t‾n Attik n (Xen.) Os Beóci
os ameaçam invadir a Ática (obj. dir. de peiloèsi).
mur04.p65
310
22/01/01, 11:37
o verbo grego: formas nominais
311
c) Completivas (objeto direto) de verbos que enunciam um julgamento, um ponto de
vista, uma necessidade, uma possibilidade. Substitui o indicativo, ou o subjunt
ivo/futuro no caso da eventualidade ou o optativo no caso da possibilidade. c.1)
Infinitivo polloè moi dokÇ deÝn t êm¡tera ¦xein (Isócr) Eu pareço faltar por mui
to de ter as vossas coisas [parece que me falta muito de ter as vossas coisas] (
inf. obj. dir. de dokÇ) nomÛzei dikeÝsyai Ele considera [estar sendo] injustiçado
. (obj. dir. de nomÛzei) mikroè ¤d¡hsen õ Eé goraw Kæpron pasan katasxeÝn [mikroè ¤
d¡hsen tòn Eé goran]. (Isócr.) Evágoras faltou por pouco de se apoderar de toda Ch
ipre (inf. obj. de ¤d¡hsen) oék Õmhn kat rx w êpò soè ¥kñntow eänai ¤japathy sesyai,
Éw öntow fÛlou. (Plat.) No começo eu não pensava ser [possível] eu haver de ser
enganado por ti voluntariamente, sendo amigo. (obj. dir. de Õmhn - futuro eventu
al) Aß ponhrÛai tÇn faskñntvn eänai sofistÇn (sofistaÛ) As malvadezas [vícios] d
os que diziam ser sofistas (inf obj. dir. de faskñntvn) ômnæasi m‾ t‾n t jin leÛce
in Eles juram não abandonar [haverem de] as fileiras. (obj. dir. de ômnæasi, fut
uro > intenção, eventual) ¤lpÛzei dunatòw eänai rxein ( rjesyai) Ele espera ser cap
az de comandar [haver de comandar] (obj. dir. de ¤lpÛzei, futuro > eventual) ¦do
ja koèsai Eu pareci ouvir. [Pareceu-me ouvir; parece que ouvi] (obj dir. de ¦doja
)
mur04.p65
311
22/01/01, 11:37
312
o verbo grego: formas nominais
c.2) Oração infinitiva Õmhn t‾n ¤mautoè gunaÝka pasÇn svfronest thn eänai tÇn ¤n t
» pñlei. (Lís.) Eu acreditava que minha mulher era [minha mulher ser] a mais bem
comportada de todas as da cidade (obj. dir. de Ömhn). nomÛzv eänai yeoæw Eu cre
io existirem deuses [que existem deuses] (obj. dir. de nomÛzv). oämaÛ se sofòn e
änai Eu creio [acho] que és sábio [seres sábio] (obj. dir. de oämaÛ) ¤dÛdaske to
çw paÝdaw m‾ ceædesyai Ele ensinava os filhos [a] não serem mentirosos [não ment
ir] (inf. obj. dir. de ¤dÛdaske ) d¡omai êmÇn m‾ yorubeÝn Eu vos peço não fazer[
des] barulho (inf. obj. dir. de d¡omai) boælomaÛ s¡ moi §pesyai Eu quero que tu
me sigas [tu me seguires] (inf. obj. dir.) eäpon t teÛxh kayeleÝn Eles disseram [
para] destruir as muralhas (inf. obj. dir. de eäpon) pisteævn yeoÝw pÇw oék eäna
i yeoçw ¤nñmizen; Acreditando nos deuses, como ele pensava não existirem deuses?
! (inf. obj. dir. de ¤nñmizen) oék ³lpizon [¤kpeseÝsyai] ¤kpeseÝn [ n] tòn Perikl¡
a Eles não esperavam Péricles cair [que P. caísse; na queda de Péricles; que Pér
icles poderia cair] (inf. obj. dir. de ³lpizon, futuro > eventual) oék ¤lpÛzete
aétoçw d¡jasyai [d¡jesyai] ²m w Vós não esperais eles nos aceitar [que eles nos ac
eitem; aceitarão; haverem de aceitar] (inf. obj. dir. de ¤lpÛzete futuro > event
ual) ¤lpÛzv oéd¢ toçw polemÛouw meneÝn ¦ti. Eu espero que os inimigos não mais h
averem de esperar[nos] [esperarão]. (inf. obj. dir. de ¤lpÛzv futuro > intenção)
mur04.p65
312
22/01/01, 11:37
o verbo grego: formas nominais
313
÷ ti n poi»w nñmiz õr n yeoæw tinaw O que quer que faças considera alguns deuses esta
rem vendo [que alguns deuses estão vendo]. (inf. obj. dir. de nñmize) oß ²gemñne
w oë fasin eänai llhn õdñn Nossos guias afirmam que não há outro caminho [negam h
aver outro caminho = negam existir um outro caminho] (inf. obj. dir. de fasin)
d) Complemento dos verbos que significam poder ou ter a faculdade de, estar em c
ondições de, saber, fazer de maneira a (que), obter, conseguir. d.1) Infinitivo
m¡lleiw t‾n cux‾n t‾n sautoè parasxeÝn yerapeèsai ndrÜ sofist»; (Plat.) Estás dis
posto a entregar [tu vais entregar] tua própria alma para cuidar a um homem [que
é um] sofista? (obj. dir. de m¡lleiw) oé dænamai m‾ gel n Eu não posso não rir (i
nf. comp obj. dir.) ¤pÛstamai ¤pistateÝn Eu sei comandar (inf. comp. obj. dir.)
eéyçw paÝdew öntew many nousin rxein te rxesyai Desde crianças [logo sendo] eles apr
endem a mandar e ser mandados (inf. comp obj. dir.) oék aß trÛxew poioèsin aß le
ukaÜ froneÝn Não são os cabelos, os brancos, que fazem pensar (inf. obj. dir. po
ioèsin) Oß Ellhnew ¤bñvn llhloiw m‾ yeÝn drñmÄ ll ¤n t jei §pesyai Os gregos gritavam
uns aos outros de [para] não entrarem correndo, mas [para] seguirem em fileiras.
(inf. obj. dir. de ¤bñvn) ¤poÛhse tòn t°w KilikÛaw rxonta Su¡nnesin m‾ dænasyai
kat g°n ¤nantioèsyai KærÄ poreuom¡nÄ ¤pÜ basil¡a.
mur04.p65
313
22/01/01, 11:37
314
o verbo grego: formas nominais
Fez com que o governador da Cilícia Siníesis não pudesse [não poder] opor-se a C
iro que marchava [marchando], por terra, contra o rei. (inf. obj. dir. de dænasy
ai ) oék n ¦xoimi toèto pò stñmatow eÞpeÝn Eu não poderia dizer isso de boca [de c
or] (inf. obj. dir.) All , m tòn DÛa, ¦fh, oék n ¦xoimÛ soi oìtvw ge pò stñmatow eÞpeÝ
n Mas, por Zeus, disse ele, eu não poderia dizer-te assim de boca [de memória].
(inf. comp obj. dir. de n ¦xoimÛ > atenuação da afirmação) d.2) Oração infinitiva
diepr jato p¡nte m¢n strathgoçw Þ¡nai, Ele conseguiu [fez] cinco comandantes irem
[que fossem] (inf. obj. dir. de diepr jato)
4. O infinitivo com valor de possível (com n): o significado possível do infiniti
vo é marcado por n; indica também a atenuação da afirmação (=condicional ou imper
feito do subjuntivo em português). Sçn êmÝn n oämai tÛmiow eänai ÷pou Î. Em vossa
companhia eu creio que poderia ser estimado onde eu estiver, [onde esteja]. (in
f. comp obj. dir. de oämai > eventual) nomÛzv, êmÇn ¦rhmow Ên, oék n ßkanòw eänai
¤xyròn l¡jasyai (Xen.) Eu considero, sendo eu privado de vós, não ser capaz, [qu
e, sendo eu privado de vós, não seria capaz] de afastar o inimigo. (inf. comp. >
possível) m lista oämai n soè puy¡syai Eu creio que poderia ser informado sobretud
o de [por] ti (inf. obj. dir. de oämai > possível)
mur04.p65
314
22/01/01, 11:37
o verbo grego: formas nominais
315
dokoÝt¡ moi polç b¡ltion n perÜ toè pol¡mou bouleæsasyai eÞ tòn tñpon t°w xÅraw p
ròw ¶n polemeÝn ¤nyumhyeÛhte. Vós me pareceis poder deliberar muito melhor a res
peito da guerra [poderíeis deliberar] se vós refletísseis no espaço de terreno d
o país contra o qual guerreais. (inf. obj. dir. de dokoÝt¡ > possível) P¡rsai oà
ontai toçw xarÛstouw kaÜ perÜ yeoçw n m lista melÇw ¦xein kaÜ perÜ gon¡aw, kaÜ patrÛd
a kaÜ fÛlouw. Os Persas pensam que os ingratos tanto se descuidariam [poderiam d
escuidar] dos deuses quanto dos pais, da pátria e dos amigos (inf. obj. dir. de
oàontai > possível) ¤nñmizon par KærÄ öntew gayoÜ jivt¡raw n tim°w tugx nein µ par tÒ
asileÝ Eles achavam que, sendo bons ao lado de Ciro, poderiam encontrar honra ma
ior do que junto ao rei [dos Persas]. (inf. obj. dir de ¤nñmizon > possível) Kèr
ow eÞ ¤bÛv ristow n dokeÝ rxvn n gen¡syai (¤gÛgneto) Ciro, se vivesse, parece que se
tornaria o melhor dos governantes. (inf. obj. dir. de dokeÝ > irreal do present
e) eÞ xrus°n ¦xvn ¤tægxanon t‾n cux‾n, Î KalÛkleiw, oék n oàei smenon eêreÝn toætv
n tin tÇn lÛyvn oåw basanÛzousi tòn xrusòn, t‾n rÛsthn; (Plat.) Se por acaso eu ti
vesse a alma de ouro, Cálicles, não seria agradável poder encontrar [que eu pude
sse encontrar] uma daquelas pedras, a melhor, que testam o ouro? (inf. suj. de o
àei > irreal do presente)
5. Infinitivo e oração infinitiva complemento nominal. Com adjetivos que signifi
cam: (tornar, ser) apto a, bom de, bom para, difícil de, agradável a, digno de,
capaz de, suficiente para etc. que em português exigem uma preposição antes do i
nfinitivo (compl. nominal), em grego fazem a relação direta: complemento nominal
sem preposição. Na verdade são as várias maneiras do acusativo de relação. Ver
acusativo de relação.
mur04.p65
315
22/01/01, 11:37
316
o verbo grego: formas nominais
ßkanòw n‾r diagnÇnai (Plat.) Um homem capaz de discernir [de julgar] (compl. nom.
de ßkanòw, quanto a, em relação a). õpñsoi ßkanoÛ eÞsi t w kropñleiw ful ttein Quant
os são suficientes para montar guarda nas cidadelas (compl. nom. de ßkanoÜ). oß
l¡gein deinoÛ Os aptos [que são aptos, capazes de] a falar. (compl. nom. de dein
oÛ). ¦toimòw —n peisy°nai Ele estava pronto para ser persuadido [obedecer] (comp
l. nom. de ¦toimow). oß sofistaÜ ßkanoÜ —san makroçw lñgouw kaÜ kaloçw eÞpeÝn Os
sofistas eram capazes de pronunciar longos e belos discursos (compl. nom. de ßk
anoÜ). ôjætatoÛ ¤ste gnÇnai t =hy¡nta Vós sois muito perspicazes em entender o qu
e foi dito [as coisas ditas] (compl. nom. de ôjætatoÛ.) xalepòn eêreÝn Difícil d
e encontrar (compl. nom. de xalepòn). Ark w tiw Aræstaw önoma fageÝn deinñw Um arcád
io chamado Aristas, terrível para comer [grande comilão] (compl. nom. de deinñw)
. deinòw g r oänow kaÜ palaÛesyai baræw, (Eur.) Pois perigoso é o vinho e pesado d
e ser combatido (compl. nom. de baræw). gun‾ eéprep‾w ÞdeÝn Mulher bem convenien
te de ver (compl. nom. de eéprep‾w). Kl¡arxow õr n stugnòw —n kaÜ t» fvn» traxæw,
(Xen.) Clearco era triste de ver e de voz rude (compl. nom. de stugnòw). —n d¢ Y
emistokl°w m llon ¥t¡rou jiow yaum sai, (Tuc.) Mais do que outro Temístocles era dign
o de admirar (compl. nom. de jiow).
mur04.p65
316
22/01/01, 11:37
o verbo grego: formas nominais
317
õ xrñnow braxçw jÛvw dihg sasyai O tempo é curto para discorrer dignamente (compl
. nom. de braxçw). ¦fh ²g sesyai dunat‾n kaÜ êpozugÛoiw poreæesyai õdñn Ele afir
mou haver de guiar [que guiará] por um caminho possível até para bestas de carga
passarem. (or. inf. compl. nom. de dunat‾n) jiñw ¤stin ¤pain¡sai Ele é digno de
elogio [de alguém elogiar] (compl. nom. de jiñw) pñteron tò par soÜ ìdvr yermñtero
n pieÝn ¤stin µ tò ¤n Asklhpioè; Será que tua água [da tua casa] é mais quente pa
ra beber do que a do templo de Asclépios? (compl. nom. de yermñteron) oÞkÛa ²dÛs
th ¤ndiait syai Casa muito agradável de se viver [passar o tempo] (compl. nom. de
²dÛsth) 6. Outras funções expressas pelos mais variados casos do infinitivo. Já
vimos o infinitivo e a oração infinitiva como sujeito, como predicativo, como co
mplemento objeto direto, como complemento nominal de adjetivos, em construção di
reta. O grego pode construir diretamente diversas funções do infinitivo, usando
o verbo no caso sintaticamente conveniente, e exprime-as pela flexão do artigo,
enquanto o latim e o português as expressam pelas diversas formas do gerúndio ou
do infinitivo preposicionado. Mas, quando for semanticamente indispensável, o g
rego também pode usar o infinitivo preposicionado. a) Genitivo Complemento de su
bstantivos paÝdew êmÝn ôlÛgou ²likÛan ¦xousi paideæesyai, (Plat.) Vossos filhos
de [de pouco falta terem] pouco têm idade de serem instruídos (inf. compl. nom.
de ²likÛan) ¤keÝ ski t ¤stÜ kaÜ pneèma m¡trion kaÜ pña kayÛzesyai µ n boulÅmeya kat
akliy°nai, (Plat.) Lá há sombra e uma brisa comedida e relva para sentar e, se q
uisermos, para deitar. (compl. nom.)
mur04.p65
317
22/01/01, 11:37
318
o verbo grego: formas nominais
Ëra bouleæsasyai É hora de deliberar (compl. nom. de Ëra) ² proyumÛa toè l¡gein
/ toè ÞdeÝn A ambição [desejo] de falar/de ver (compl. nom. de proyumÛa) tò eï p
r ttein par t‾n jÛan form‾ toè kakÇw froneÝn toÝw no toiw gÛgnetai O ser bem-sucedido,
contrariamente à honra, torna-se aos estultos um incentivo de pensar mal (infin
itivo comp. nom.). eï àsyi ÷ti tò ceudñmenon faÛnesyai m llista ¤mpodÆn gÛgnetai ny
rÅpoiw toè suggnÅmhw tugx nein Saibas [sabe tu] bem que o fato de se revelar menti
roso [aparecer mentindo] se torna para os homens um maior obstáculo de encontrar
perdão (compl. nom.). Genitivo-ablativo MÛnvw tò lústikòn kay¹rei ¤k t°w yal sshw
toè t w prosñdouw m llon Þ¡nai aétÒ. (Tuc., 1.6) Minos limpava [passou a eliminar]
do mar a pirataria em troca de [por causa de] entrarem mais recursos para ele. (
gen-abl.-const. dir.) t w aÞtÛaw toè pol¡mou proëgraca toè m tina zht°sai (Tuc.)
Eu escrevi as causas da guerra antes de alguém não procurá-las. (gen. separ. / c
ausa / em troca de) êp¢r toè m‾ doènai dÛkhn Por (em favor de) não ser sentencia
do (gen.- abl. de separ.) Dativo eÞ d¢ m‾ tò aétñ ¤sti tò eänai tÒ gen¡syai, (Pl
at., Prot., 340c) se o ser não é a mesma coisa que o tornar-se (vir a ser) b) In
strumental FÛlippow kekr thke tÒ prñterow pròw toçw polemÛouw Þ¡nai Felipe venceu
pelo fato de marchar [por marchar, ir primeiro contra os inimigos]. (inf. instr.
)
mur04.p65
318
22/01/01, 11:37
o verbo grego: formas nominais
319
nÛkhson ôrg‾n tÒ logÛzesyai kalÇw Vence a cólera raciocinando bem [pelo raciocin
ar, instr.] Kèrow di tò filomay‾w eänai [tÒ filomayeÝ eänai ] poll toçw parñntaw nh
rÅta. Ciro, por ser desejoso de aprender perguntava muitas coisas aos presentes
(instr > causal). c) Locativo pròw tÒ mhd¢n ¤k t°w presbeÛaw labeÝn toçw aÞxmalÅ
touw ¤k tÇn ÞdÛvn ¤lus mhn além de nada receber da embaixada [literal. em cima de
= loc.] eu resgatei os prisioneiros [a partir] de meus próprios recursos. ¤n tÒ
§kaston dikaÛvw rxein ² politeÛa sÅzetai No cada um governar com justiça a admini
stração é salva (loc.) d) Acusativo de relação tò d¢ nèn eänai t‾n sunousÛan dia
læsvmen (Plat.) Quanto a agora [por ser agora] interrompamos nosso encontro. e)
Acusativo de direção: A idéia de finalidade, conseqüência, destinação de uma açã
o, também pode ser expressa pelo infinitivo ativo com os verbos que significam:
destinação, fim, escolher para, pedir para, dar para, enviar para, deixar para,
encarregar de (no latim freqüentemente se usa o particípio futuro passivo). Com
verbos de movimento ou intenção também é freqüente a construção com o futuro ati
vo com ou sem Éw / ána pròw tò metrÛvn deÝsyai kalÇw pepaÛdeumai Fui [estou] bem
educado para necessitar de coisas comedidas (acus. de direção, intenção) pñroi
pròw tò polemeÝn Recursos para fazer a guerra (acus. de direção, intenção)
mur04.p65
319
22/01/01, 11:37
320
o verbo grego: formas nominais
pasÇn pñlevn Ay°nai m lista pefækasin ¤n eÞr nú aëjesyai De todas as cidades, Atena
s sobretudo nasceu para crescer na paz (finalidade, const. direta) kraug‾n poll‾
n ¤poÛoun kaloèntew ll louw Ëste kaÜ toçw polemÛouw koæein. (Xen.) Eles faziam um
grande alarido ao se chamarem mutuamente a ponto de os inimigos ouvirem. (comp.
da princ. introduzido por Ëste) —lye zht°sai ele veio pesquisar (finalidade, con
st. direta) eálonto Drakñntion Sparti thn drñmou t ¤pimelhy°nai kaÜ toè gÇnow prosta
t°nai. Eles escolheram [elegeram] o espartano Dracôntio para se encarregar da co
rrida e presidir à luta. (intenção, finalidade) Arist rxÄ ¦dote ²m¡ran polog sasyai
(Xen.) Concedestes a Aristarco um dia para fazer a defesa (intencão, finalidade)
par¡xv ¤mautòn t¡mnein tÒ ÞatrÒ Ofereço-me [apresento] ao médico para cortar (i
ntenção, finalidade) par¡dvka aétòn paideæein Entreguei-o para educar (intenção,
finalidade) pieÝn didñnai Dar de beber [para beber] (finalidade) P ntew aÞtoèntai
toçw yeoçw t faèla potr¡pein Todos suplicam aos deuses afastarem as coisas ruins
(intenção) Elegñn soi m‾ gameÝn Eu te dizia para não casar. (intenção) D¡omai êmÇ
n m‾ koèsaÛ mou. Eu vos peço não me ouvirdes (intenção) Perikl°w ²r¡yh l¡gein (Tu
c.) Péricles foi escolhido para falar [na ocasião]. (intenção, finalidade) oänon
¤gxeÝn pieÝn servir vinho para beber (intenção, finalidade)
mur04.p65
320
22/01/01, 11:37
o verbo grego: formas nominais
321
jun¡bhsan toÝw Plataieèsi paradoènai sf w aétoçw kaÜ t ÷pla xr sasyai ÷ ti n boælvnt
ai. (Tuc.) [Os Tebanos] chegaram a um acordo de eles mesmos se entregarem aos Pl
ateenses e de (os Plateenses) se servirem das armas em (relação ao) que quisesse
m (intenção, finalidade) õ rxein aßreyeÛw o escolhido para comandar (intenção, fi
nalidade) taæthn t‾n xÅran ¤p¡trece diarp sai toÝw Ellhsin Éw polemÛan oïsan. (Xen.
) [Ciro] confiou aos gregos saquearem aquele país por ser inimigo [sendo país in
imigo]. (intenção, finalidade)
III. Infinitivo com valor verbal O Infinitivo pode ser o elemento de uma oração
independente ou principal, substituindo outros modos. 1. Infinitivo com valor im
perativo (exclamativo), comum nas saudações e nas imprecações: trap¡zaw eÞsf¡rei
n; (Aristóf.) Trazer as mesas! [tragam/trazei as mesas] Toèto par êmÝn aétoÝw beb
aÛvw gnÇnai; (Dem.) Conhecer isso seguramente em vós mesmos [na vossa cabeça]! E
m¢ payeÝn t de; (Ésq.) Eu sofrer isto?! ToioutonÜ tr¡fein kæna; (Aristóf.) Aliment
ar esse cachorro!? [um cachorro desses?!] Tò ¤m¢ deèro tuxeÝn; O encontrar-me lá
?! yarsÇn nèn, Diñmhdew, ¤pÜ TrÅessi m xesyai; (Hom.) Força [vamos!] aí, Diomedes,
[ao]combater com os troianos!
mur04.p65
321
22/01/01, 11:37
322
o verbo grego: formas nominais
yeoÜ polÝtai m me douleÛaw tuxeÝn; (Ésq.) Deuses da cidade! que eu não caia [nã
o me deixeis cair] em escravidão! tò g r ntil¡gein tolm n êm w; (Aristóf.) E vós ousar[
des] me contradizer. 2. Infinitivo absoluto ou livre ou independente, isolado, s
em ligação sintática aparente (às vezes com a conjunção Éw, como, por assim dize
r). Em geral ele se encontra num enclave (frases intercaladas, explicativas, res
tritivas, entre vírgulas). É um uso comum em todas as línguas modernas: por isso
não nos deve espantar. Daremos a seguir as expressões mais comuns:
Éw ¦pow eÞpeÝn Éw suntñmvw eÞpeÝn Éw plÇw eÞpeÝn Éw eÞpeÝn Éw sunelñnti [moi] eÞp
eÝn Éw g ¤n ²mÝn eÞr°syai Éw ¤moÜ dokeÝn tò ¤p ¤moÜ eänai ÷son g¡ m eÞd¡nai ÷sa dokeÝ
n aétÒ Éw eÞk sai nèn ÞdeÝn ¥kÆn (¥kñntew)eänai kat toèto eänai tò nèn eänai mikroè
(ôlÛgou) deÝn Éw lhy¢w eÞpeÝn Éw oêtvsÛ koèsai para usar dessa expressão, por assi
m, dizer (ut ita dicam) para dizer em resumo (ut breviter dicam) para dizer simp
lesmente para dizer, por (assim) dizer para dizer em poucas palavras (para eu re
sumir em poucas palavras) para ser dito entre nós pelo que me parece (para me pa
recer) pelo que depender de mim o quanto eu estar sabendo (o que depende) o quan
to lhe parecer como é a parecer, a figurar, imaginar a ver agora por vontade, vo
luntariamente por ser assim (conforme isso) por ser agora por faltar pouco, falt
ando pouco para dizer a verdade por (para) ouvir assim
mur04.p65
322
22/01/01, 11:37
o verbo grego: formas nominais
323
Alhy¡w ge, Éw ¦pow eÞpeÝn, oéd¢n eÞr kasin [de] verdadeiro, por assim dizer, eles
nada disseram Tò ¤p ¤keÛnoiw eänai polÅlate O estar sobre eles [de vos apoiardes]
vós estáveis perdidos. ¦jv t°w oÞkoum¡nhw ôlÛgou deÝn p shw meyeist kei (Ésquines)
fora de toda a terra habitada pouco falta [faltar] que [Alexandre] tivesse ultr
apassado. oé fÛloiw oéd¢ j¡noiw ¥kÆn eänai g¡lvta par¡xeiw (Xen.) não ser por vo
ntade que tu fazes rir amigos ou hóspedes pÇw dokeÝ l¡gein; - Eï ge, ¦fh õ Men¡j
enow, Ëw ge oêtvsÜ koèsai (Plat.) Como lhe parece dizer? - Bem, disse Menexenos,
pelo menos ao ouvir dessa maneira KaÜ st lh §sthke par tòn naòn gr mmata ¦xousa: ße
ròw õ xÇrow t°w Art¡midow: tòn d¢ ¦xonta kaÜ karpoæmenon t‾n m¢n dek thn katayæein ¥
k stou ¦touw, ¤k d¢ toè perittoè tòn naòn ¤piskeu zein: ¤ n d¡ tiw m‾ poi» taèta, t» y
eÒ mel sei. (Xen) Há uma coluna junto ao templo tendo esses dizeres: é sagrado o
terreno de Ártemis; [dever é de] o que o possui e usufrui consagrar a cada ano o
dízimo; do restante fazer a manutenção do templo; se alguém não fizer essas coi
sas, a deusa se ocupará . [caberá à deusa].
mur04.p65
323
22/01/01, 11:37
324
a flexão verbal
A flexão verbal
Como conclusão do que acabamos de expor, podemos afirmar sem receio de errar que
há dois elementos essenciais no verbo grego: o aspecto (tempo interno) do verbo
e o modo (visão externa). Vimos também que três são os aspectos do verbo: o aor
isto, o infectum (inacabado) e o perfectum (acabado). Vamos ver agora como esses
três elementos se exprimem formalmente. Constataremos que, coerentemente, o aor
isto, por ser o primeiro aspecto, o aspecto-base, tem sua forma coincidente com
o tema verbal puro. Ele é -ñristow , isto é não definido, não determinado, não limit
ado, tanto semanticamente quanto formalmente. Veremos isso com clareza, quando t
ratarmos dos quadros de flexão do aoristo, que chamaremos de raiz-tema e que as gr
amáticas tradicionais chamam de aoristo II ou aoristo temático. No aoristo de rai
z-tema a flexão se faz sobre a própria raiz, sem modificação nenhuma. É a raiz fl
exionada; isto é, a raiz é o tema e sobre ela se juntam as ptÅseiw. Mas, ao lado
desse aoristo de raiz-tema, a língua grega criou uma característica formal para
identificar o aoristo: foi o -s- que se juntou ao tema. Esse aoristo chamado sig
mático revelou-se muito produtivo, porque era mais cômodo e evidente, na medida e
m que é expresso por uma forma concreta. Por isso, aos poucos, ele foi se firman
do até tomar o lugar do outro, de raiz-tema, o primeiro e mais antigo. Em Homero
, os dois aoristos já convivem e, no dialeto ático, só se conservam alguns aoris
tos homéricos de raiz-tema. Todos os verbos que se foram criando passaram a serv
ir-se do aoristo sigmático.11
11
Ao lado desse aoristo em -s-n > -sa, a língua criou um outro, tomando de emprést
imo o -k-, marca do perfeito ativo, mas só para os verbos de raiz-tema monossilá
bicos: yh-, dv-,sth-, ². Esses temas deveriam flexionar-se como ¦gnv-n, mas esse
-k- só é usado no singular, com o tema longo; e se mantém talvez pelo fato de o
tema ser monossilábico, e as desinências de uma só letra (n, w, t). No plural,
com as desinências silábicas, não há mais necessidade do k/ka.
mur05.p65
324
22/01/01, 11:37
a flexão verbal
325
Mas essa característica formal, -s-, se junta ao tema verbal puro e não ao tema
do infectum como a gramática insinua. Isso deve ficar bem claro na mente do estu
dioso, porque é o que acontece de fato. Acrescentar uma característica de aorist
o a um tema de infectum ou perfectum seria uma incongruência, uma contradição no
s próprios termos. E não há incongruência, não há contradição nos sistemas de fl
exão nominal e verbal da língua grega. Há muita coerência, organicidade, lógica;
a unidade semântica entre significante e significado é total. Já vimos, na flex
ão nominal que os casos são a marca das funções dos nomes: não há nada de artifici
al, de arbitrário; há uma coerência total. Confirmaremos isso no capítulo das pr
eposições. Vamos demonstrar agora essa mesma coerência semântica na relação das
formas verbais. Sendo o aoristo o tema-base, os outros dois aspectos se constroe
m a partir do tema do aoristo. São radicais no sentido denotativo; isto é: são der
ivados da raiz, que é a raiz-tema. Por conseguinte, toda a flexão verbal grega r
epousa sobre esses 3 temas: 1. tema do aoristo: aoristo puro-gnômico ou aoristo
pontual-narrativo (passado); sobre esse tema formou-se a flexão do futuro, que t
em sua origem no desiderativo (subjuntivo eventual). Veremos isso mais tarde qua
ndo tratarmos da formação do futuro. Por ora fique claro apenas que o futuro se
constrói sobre o tema do aoristo. 2. tema do infectum: infectum, inacabado: pres
ente e passado (imperfeito); é construído sobre o tema verbal puro (aoristo) ou,
em alguns casos, é igual ao tema do aoristo. 3. tema do perfectum: acabado, per
feito e passado (mais-que-perfeito); também é construído sobre o tema verbal pur
o (aoristo) O tema essencial, primeiro, é o tema do aoristo. Os outros, ou são i
guais ao do aoristo (nos verbos paradigmáticos , regulares ), ou são diferentes; e, ne
sse caso, para maior: no infectum (inacabado) ele é ampliado, alongado, inchado,
ou por meio de prefixos (redobro em -i-), ou de infixos, geralmente nasais, ou
de sufixos (-(i)sk-). no perfectum (acabado) ele recebe um redobro em -e ou equi
valente.
mur05.p65
325
22/01/01, 11:37
326
a flexão verbal
Toda a flexão dos verbos gregos é construída sobre esses temas: 1. Sobre o tema
do infectum se constroem todos os modos e todas as vozes e o passado (imperfeito
) do infectum; 2. Sobre o tema do aoristo se constroem todos os modos e todas as
vozes do aoristo e todos os modos e todas as vozes do futuro; 3. Sobre o tema d
o perfectum se constroem todos os modos e todas as vozes e o passado (mais-que-p
erfeito e futuro perfeito) do perfectum. Não há exceções. Não há irregularidades
. Sobre os temas dos aspectos o verbo grego recebe as desinências 12 (primárias
ou secundárias/ativas ou médio-passivas) e as características modais (morfemas).
Na tradição, os verbos gregos, para efeito de flexão, se dividem em dois grupos
: verbos em -v e verbos em -mi. Na verdade não se trata de duas categorias de ve
rbos. A única diferença está na primeira pessoa da voz ativa, em que, como em la
tim -o / m, no grego a variante é -v / mi. As diferenças de flexão, muito poucas
, são acidentes fonéticos, e se reduzem praticamente ao sistema do infectum.
12
As desinências (ptÅseiw) pessoais são as expressões das relações das pessoas com
o verbo; são bem características e intransferíveis.
mur05.p65
326
22/01/01, 11:37
a flexão verbal
327
Quadro das desinências verbais
Primárias - para o presente real, eventual e futuro Secundárias - para o passado
, potencial e irreal Pessoa Ativas: Singular Plural Dual la 2a 3a la 2a 3a 2a 3a
Primárias mi/v13 si ti men/mew te nti ton ton Secundárias n/a -w/sya (t) men te
nt thn thn Imperativo
tema/yi/w tv te ntvn ton tvn/ tvsan
Médias*:
Singular 1a 2a 3a Plural 1a 2a 3a Dual 1a 2a 3a
mai sai tai meya/mesya sye ntai meyon syon syhn
mhn so to meya/mesya sye nto meyon syon syhn
so syv sye syvn syvn/ syvsan
* A voz passiva não tem desinências próprias; por isso se serve das desinências
médias. Então há formas médio-passivas, não uma voz médio-passiva. 13 Faremos a
demostração da evolução fonética na medida em que apresentarmos os quadros de fl
exão.
mur05.p65
327
22/01/01, 11:37
328
a flexão verbal
O aoristo passivo, sobre o qual se constrói o futuro passivo, se formou com o su
fixo -h-/-yh-/-syh-.
As desinências e suas particularidades
1. No quadro da página anterior, as desinências aparecem como elas são, sem alte
rações. As alterações acontecem no momento em que as desinências se colocam fren
te a frente com os temas verbais e a eles se juntam: por exemplo, o encontro de
um tema verbal terminado em consoante e uma desinência iniciada por consoante; o
aparelho fonador faz as adaptações necessárias. O mesmo processo se dá quando u
m tema verbal vocálico se encontra com uma desinência também vocálica. São alter
ações fonéticas normais, freqüentes em todas as línguas. Elas serão explicadas q
uando aparecerem. 2. Como deve ter sido notado no quadro, só há desinências ativ
as e médias; não há registro de desinências passivas. É que a voz passiva aparec
eu tardiamente e se serviu das desinências médias. No infectum (inacabado) e no
perfectum (acabado) não há distinção de formas entre passiva e média. No sistema
do aoristo, só o futuro passivo usa das desinências médias, além da característ
ica da passiva: -h-/-yh-/-syh-. o futuro médio difere do futuro passivo pela aus
ência da característica da passiva: -h- / -yh- / -syho aoristo passivo se constr
ói com a característica da passiva -h- / yh- / -syh- e se serve de desinências a
tivas. 3. Fazem a 1 a pessoa da voz ativa em -v: a) todos os verbos de tema em c
onsoante, quer primitivos quer derivados: f¡r-v, eu porto, many n-v, eu entendo, e
u aprendo, gignÅskv, eu tomo conhecimento.
mur05.p65
328
22/01/01, 11:37
a flexão verbal
329
b) os verbos de tema em semivogal (i, u, W, j) - a semivogal (soante) é sentida
mais como semiconsoante: tÛ-v, eu honro, yæ-v, faço fumaça, eu ofereço sacrifíci
o, deik-næ-v, eu mostro. Fazem a 1 a pessoa em -mi: a) os verbos de tema monossi
lábico em vogal longa: dÛ-dv-mi, eu dou, tÛ-yh-mi, eu coloco, á-sth-mi, eu ponho
de pé, á-h-mi, eu lanço. O redobro em -i é uma característica desses verbos, pr
ovavelmente por serem monossilábicos; e o seu uso só no infectum é significante;
é uma espécie de reforço ou uma compensação. b) os verbos que recebem infixo -n
u- / nnu deÛk-nu-mi, eu mostro, zÅ-nnu-mi, eu cinjo. c) os verbos que recebem in
fixo -nh- também monossilábicos d m-nh-mi, eu domo. d) quatro verbos sem redobro n
em infixo: fh-/ fami eu me manifesto, eu digo, ±- ±mi eu digo, ei-/i- eämi eu vo
u, estou indo, es-/-s- eÞmi eu sou.14
14
Como podemos sentir, a opção pela 1a pessoa -v / -mi é de ajuste do aparelho fon
ador; mesmo nos temas em i- e -u a opção pelo -v é uma solução de facilidade. Sã
o mais fáceis as ditongações -iv e -uv do que -imi ou -umi. É por isso também qu
e a língua criou, para os verbos que recebem o sufixo -nu / -nnu, uma flexão par
alela em -uv.
mur05.p65
329
22/01/01, 11:37
330
a flexão verbal
4. Vogal de ligação a) No sistema do infectum (inacabado) uma vogal de ligação s
e faz presente nos verbos de 1 a pessoa em -v, porque são temas em consoante ou
semivogal. Mas, nos verbos derivados de nomes com tema vocálico, como tima-j-v,
dhlo-j-v, e nos derivados com o sufixo -ej, como filej-v, o -j- em posição inter
vocálica sofre síncope, tornando vocálicos os temas: tima-, dhlo-, file-. O enco
ntro dessa vogal temática com a vogal de ligação produz um hiato, que o dialeto
ático reduz numa contração. As gramáticas dão o nome de contratos a esses verbos.
Não é bem assim. Eles têm formas contratas só no sistema do infectum, exatamente
por causa da presença da vogal de ligação, que, depois da síncope do -j-, faz h
iato com a vogal temática. Essa vogal de ligação é: e antes de todas as consoant
es orais; o antes das consoantes nasais m/n. f¡r-o-men nós portamos f¡r-e-te vós
portais/portai vós tim j-o-men > tim -o-men > timÇmen nós honramos tim j-e-te > tim -e-
te > tim te vós honrais/honrai vós dhlñj-e-te > dhlñ-e-te > dhloète vós revelais/r
evelai vós 5. Em situação desinencial, depois de vogal de ligação, na flexão ver
bal e nominal, o -s- em posição intervocálica sofre síncope, e as vogais remanes
centes formam um hiato, que, no ático, é reduzido em uma contração. læ-e-sai > l
æeai > læhi / læú (ei) g¡nes-a > g¡nea > g¡nh læ-e-so > læeo > læou stel-¡s-v >
stel¡v > stelÇ és desligado as raças sê desligado eu enviarei
Mas não há síncope do -s- depois de uma vogal temática longa: y -s-v eu colocare
i dÅ-s-v eu darei st -s-v eu porei de pé ´-s-v eu lançarei
mur05.p65
330
22/01/01, 11:37
a flexão verbal
331
ou breve
tÛ- ye-sai d¡-do-sai á-sta-sai á-e-sai
tu tu tu tu
és és és és
colocado dado posto de pé lançado
mas no imperativo singular médio-passivo há síncope do -s- depois de vogal temát
ica e contração subseqüente, nos verbos de tema vocálico, por analogia com os ve
rbos de tema em consoante (p. 339). b) No aoristo, futuro e perfeito de temas em
consoante, o grego usa a vogal de ligação: -hmay- -s-o-mai eu entenderei, eu ap
renderei me-m y-h-ka eu entendi, eu aprendi Nesses casos não há síncope do -s- int
ervocálico; mas no futuro em -es- dos temas em soante, o -s- encontrando-se depo
is de vogal de ligação breve sofre síncope: stel-¡s-o-men > stel¡omen > steloème
n - enviaremos O -s- intervocálico depois da vogal de ligação longa, marca do su
bjuntivo, também sofre síncope nos verbos de tema em consoante, soante e semivog
al: læ-h-sai > læhai > læhi / læú - tu és desligado 6. O -n, precedido de uma co
nsoante, vocaliza-se em -a. Em situação desinencial final: patrÛd-n > patrÛda a
pátria (acus.) l¡ont-n > l¡onta o leão (acus.) ¤-lus-n > ¦lusa = aoristo eu desl
igo / desliguei l¡lu-k-n > l¡luka = perfeito eu completei o ato de desligar Em s
ituação interna, o -nou se vocaliza em -a-: g¡grap-ntai > gegr patai ou desenvolve
um -a- epentético: may- > manyn- > manyan-v foram escritos, estão escritos eu e
ntendo, eu aprendo
mur05.p65
331
22/01/01, 11:37
332
a flexão verbal
7. Na seqüência nts, há síncopes sucessivas das dentais: - nts > ns > s e um alo
ngamento compensatório da vogal anterior 15: - o em ou; - e em ei; e as outras v
ogais a, i, u em sua longa correspondente do mesmo timbre. f¡r-o-nti > f¡ronsi >
f¡rousi ( -nti > -nsi) l¡ont-si > l¡onsi > l¡ousi luy¡nt-si > luy¡nsi > luyeÝsi
gÛgant-si > gÛgansi > gÛgasi ¥lmÛny-si > ¥lmÛnsi > ¥lmÝsi deiknænt-si > deiknæn
si > deiknèsi eles portam aos leões aos que foram desligados aos gigantes às lom
brigas aos que mostram
8. A língua grega só mantém três consoantes em posição final: n, r, w. As outras
todas caem (menos na negação oék / oéx e na preposição ¤k / ¤j). No quadro das
desinências secundárias ativas mantemos o (-t) em posição final; é mera reminisc
ência. Mas é para explicar a vogal de ligação -e-. 9. O -n no final das 3as pess
oas do singular das desinências secundárias ativas (-e-n) e plural das desinênci
as primárias ativas dos verbos (nti > ousin/asin), bem como no dativo plural em
-sin, é mero registro eufônico e se usa ou no fim da frase, gayñw ¤stin, ou no me
io, ¤stin gayñw, quando a palavra seguinte começa com vogal, para evitar hiato ou
elisão; mas, se a palavra seguinte começa com consoante, ele não aparece, ¤sti
kalñw.
15
Esse alongamento compensatório , que os estudantes têm dificuldade de entender, nad
a mais é do que a permanência da duração da vogal que sustenta duas ou mais cons
oantes com ela, e, depois da síncope das consoantes, o consciente lingüístico ma
ntém a duração da vogal. É uma espécie de memória.
mur05.p65
332
22/01/01, 11:37
a flexão verbal
333
10. Nos verbos, os encontros consonânticos acontecem ou entre o s que caracteriz
a o aoristo e o futuro com os diversos temas verbais consonânticos, ou entre o k
que caracteriza o perfeito e mais-que-perfeito com os diversos temas verbais co
nsonânticos. Convém notar que todas essas alterações não são problemas gramatica
is, morfológicos. São problemas meramente fonéticos, que se produzem no aparelho
fonador e nele mesmo são resolvidos. Não é porque se trata de um substantivo, a
djetivo ou verbo que os problemas são diferentes; são exatamente os mesmos e são
resolvidos da mesma maneira, porque são fonéticos e são resolvidos foneticament
e.
Alguns problemas fonéticos
Vejamos os encontros mais comuns: l. Encontros de consoantes 16: a) oclusiva + s
= assimilação da oclusiva
labiais b-p-f + s > c blab-s-v> bl cv prejudicarei velares g-k-x + s > j g-s-v > jv
conduzirei dentais d-t-y + s > s* peiy-s-o-mai > peissomai > peÛsomai obedecerei
* Dental antes de s se assimila em ss e se reduz a s.
b) oclusiva + k = aspiração da oclusiva (síncope da dental)
labiais b,p,f + k .> f b¡-blab-ka > b¡blafa velares g,k,x + k > x p¡-prag-ka > p
¡praxa dentais d,t.y + k > k* p¡-peiy-ka > p¡peika * Dental sofre síncope antes
de k. prejudiquei fiz convenci
c) oclusiva + t = assimilação da oclusiva
labiais b,p,f + t > pt b¡-blab-tai > b¡blaptai velares g,k,x + t > kt p¡-prag-ta
i > p¡praktai dentais d,t,y + t > st p¡-peiy-tai > p¡peistai foi, está prejudica
do foi, está feito foi, está convencido
16
Esses encontros consonânticos foram tratados no Capítulo Fonética Aplicada . Mas ac
hamos conveniente expô-los aqui sucintamente, mais próximos dos quadros de flexã
o. Os exemplos contêm formas nominais e verbais justamente para mostrar que não
são problemas morfológicos mas simplesmente fonéticos.
mur05.p65
333
22/01/01, 11:37
334
a flexão verbal
d) oclusiva + m = assimilação da oclusiva
labiais b,p,f + m > mm velares g,k,x + m > gm dentais d,t, y + m > sm t¡-trib-ma
i > t¡trimmai fui, estou esmagado p¡-prag-mai > p¡pragmai fui, estou feito p¡-pe
iy-mai > p¡peismai fui, estou convencido
2. Encontros de vogais: os mais freqüentes a + e > a* o + e > ou a+o>v o + o > o
u e + a > h* o + oi >oi (ooi > oui > oi) e + e > ei o + ei > oi (oei > oui > oi)
e + o > ou** a, e, o + v > v*** e + oi > oi (eoi > oui>oi)
* no encontro de a-e/e-a prevalece o timbre da vogal anterior: a-e > a; e-a > h.
** em todos os encontros vocálicos em que aparecem as vogais o/v prevalece o ti
mbre o na contração resultante; *** uma vogal longa absorve a vogal breve (o timbr
e -o prevalece sempre).
Além do s, que caracteriza o aoristo ativo e médio e o futuro ativo, médio e pas
sivo, e do k que caracteriza o perfeito ativo, isto é, características de aspect
os, o verbo grego tem também uma forma de caracterizar os modos.
Características dos modos
O INDICATIVO não tem característica especial, porque exprime a identidade e a pr
ópria realidade da ação. É o modo predominante, referencial, da realidade imedia
ta, do significado positivo, e por isso o próprio enunciado das formas é a sua r
epresentação. Fala-se de um morfema zero no indicativo. Sobre o tema de cada aspec
to, acrescentam-se as desinências primárias ou secundárias, ativas ou médias (pa
ssivas) e, se necessárias, as vogais de ligação no infectum dos verbos de tema e
m consoante ou semivogal.
mur05.p65
334
22/01/01, 11:37
a flexão verbal
335
O SUBJUNTIVO tem como característica a vogal de ligação longa na seqüência: o,e,
e,o,e,o > v,h,h,v,h,v, que é: a) ou a própria vogal de ligação (no infectum) nos
verbos de tema em consoante ou semivogal: ind. f¡r-o-men portamos, levamos ind.
fer-ñ-meya somos levados subj. f¡rvmen portemos, levemos subj. fer-Å-meya sejam
os levados b) ou, nos verbos de tema em vogal, (verbos em -v) em contração com a
vogal temática: ind. fil¡-o-men > filoèmen amamos ind. file-ñ-meya > filoæmeya s
omos amados subj. fil¡-v-men > filÇmen amemos subj. file-Å-meya > filÅ-meya seja
mos amados c) ou, nos verbos de tema em vogal (verbos em ind. tÛyhsi > tÛyhi >tÛ
y úw/hiw ind. tÛye-men ind. dÛdv-si ind. dÛdo-men subj. tiy¡-h-si>tiy¡hi>tiy°iw/
tiy»w subj. tiy¡-v-men > tiyÇmen subj. didñ-h-si>didñhi>didÇi/didÒw subj. didñ-v
-men> didÇmen d) ou nos temas do aoristo passivo: ind. ¤læyh-n ind. ¤-st l-h-n sub
j. luy -v> luy¡v> luyÇ18 subj. stal v> stal¡v> stalÇ -mi): colocas colocamos ele
dá damos coloques coloquemos ele dê 17 demos sou desligado sou enviado desligad
o enviado
fui, fui, seja seja
17
Nos encontros vocálicos que resultam em contração, sempre que houver uma vogal d
e timbre -o-, o timbre -o- prevalece, mesmo que a outra vogal de outro timbre se
ja longa; o resultado nesse caso é -v. 18 No dialeto ático, na seqüência de duas
vogais longas, a longa anterior se abrevia.
mur05.p65
335
22/01/01, 11:37
336
a flexão verbal
e) ou ainda, nos temas do aoristo sigmático (que não têm vogal de ligação) acres
centam-se diretamente as desinências primárias: ind. ¦lusa19 desligo, desliguei
ind. ¤-lu-s -mhn desligo, desliguei para mim subj. læ-s-v desligue subj. læ-s-v-ma
i desligue para mim Por ser eventual, isto é, fato futuro, o subjuntivo grego te
m sempre desinências primárias e se traduz em português ou pelo presente do subju
ntivo ou pelo futuro do subjuntivo ; no latim e nas outras línguas românicas, pelo pr
esente do subjuntivo ou pelo futuro do indicativo . O subjuntivo não exprime tempo;
somente o aspecto, o que deve ser levado em conta na tradução. O OPTATIVO tem c
omo característica essencial o -i- / -ie /ih 20, que se acrescenta ao tema do as
pecto correspondente: No sistema do infectum (inacabado), no perfectum (acabado)
ativo e nas formas do futuro (ativo, médio ou passivo) e no aoristo de raiztema
ele vem acompanhado de uma vogal de ligação permanente: o-i: infectum futuro pe
rfeito aoristo de raiz-tema ativo læ-oi-mi læs-oi-mi médio lu-oÛ-mhn lus-oÛ-mhn
passivo luyhs-oÛ-mhn
lelæk-oi-mi. àd-oi-mi Þd-oÛ-mhn
Ver quadros de flexão: infectum, p. 341-69; futuro, p. 459; perfeito, p. 509; ao
risto, p. 426.
19
A construção do subjuntivo revela a origem do futuro: antigo desiderativo (event
ual) e a desinência primária se acrescenta diretamente ao tema; não como o indic
ativo, que, por ser passado, teve a desinência secundária -n vocalizada em -a >
sa. 20 É bom lembrar que esse -i- do optativo é longo; isso é importante para a
acentuação.
mur05.p65
336
22/01/01, 11:37
a flexão verbal
337
No aoristo sigmático ativo e médio o -i- do optativo se acrescenta ao próprio te
ma do aspecto, sem vogal de ligação, por desnecessária, dada a presença do -a. l
æ-sa-i-mi - lu-sa-Û-mhn desligaria, desligaria para mim. Ver quadros de flexão,
p. 445. No aoristo passivo, (a marca do aoristo passivo é vocálico -h- /-yh-) o
-i- do optativo se acrescenta à marca da voz passiva na variação longasingular /
breve-plural -ih/i: lu-yh-Ûh-n > lu-ye-Ûh-n - seria desligado lu-ye-Ý-men sería
mos desligados Ver quadro de flexão, p. 477 e 479. O mesmo acontece no infectum
de todos os temas vocálicos (verbos em -mi): tiye-Ûh-n, ye-Ûh-n / tiye-Ý-men, ye
-Ý-men dido-Ûh-n, do-Ûh-n / dido-Ý-men, do-Ý-men; ße-Ûh-n, e-áh-n / ße-Ý-men, e-
å-men Ver quadros de flexão, p. 347 e 360. Os verbos denominativos de tema em vo
gal com sufixo -j-, na voz ativa do infectum, mantêm a vogal de ligação única -o
- e fazem o optativo em -oi- ou o-Ûh-n. tim j- = tim j-oi-mi > tim -oi-mi > timÒmi / t
imaj-o-Ûh-n > tima-o-Ûh-n > timÅihn/timÐhn fil¡j- = fil¡j-oi-mi > filoÝmi > fil¡
-oi-mi > filoÝmi / filej-o-Ûh-n > file-o-Ûh-n > filoÛhn dhlñj- = dhlñj-oi-mi > d
hlñ-oi-mi > dhloÝmi / dhloj-oÛh-n > dhlo-oÛh-n > dhloÛhn Ver quadros de flexão,
p. 376, 381, 383, 386, 388, 391 e 393, respectivamente. Mas na voz média (passiv
a) constroem o optativo de uma só maneira: com a característica -i- em vocalismo
zero e vogal de ligação única -o-.: tim j- = timaj-o-Û-mhn > tima-o-Û-mhn > timÅi
mhn / timÐmhn poiej- = poiej-o-Û-mhn > poie-o-Û-mhn > poiouÛmhn > poioÛmhn dhlñj
- = dhloj-o-Û-mhn > dhlo-o-Û-mhn > delouÛmhn > dhloÛmhn Ver quadros de flexão p.
375, 390 e 385, respectivamente.
mur05.p65
337
22/01/01, 11:37
338
a flexão verbal
O optativo, por ser o modo do fato possível ou da atenuação da afirmação, isto é
, mais próximo da irrealidade, tem desinências secundárias 21 e se traduz em por
tuguês ou pelo imperfeito do subjuntivo geralmente na prótase (desejo irrealizável
-irreal do presente) ou condicional simples na apódose (fato possível ou afirmação
atenuada). O optativo não exprime tempo; somente o aspecto, o que deve ser leva
do em conta na tradução. O tem suas desinências próprias, como vimos no quadro. O
imperativo singular de 2a pessoa, por ser o primeiro, o verdadeiro e de longe o
mais empregado22, apresenta certas dificuldades, sobretudo no aoristo da voz at
iva e média.
IMPERATIVO
Voz ativa: 1. Uso da vogal de ligação: Infectum: o próprio tema com vocal de lig
ação (de apoio) nos verbos de tema em consoante ou semivogal (verbos em -v): læ-
e desliga f¡r-e porta, carrega Nos aoristos de temas-raiz em consoante dá-se o m
esmo: Þd-¡ vê lab-¡ pega Nesses casos há o deslocamento da tônica para a posição
de oxítona. Nos verbos denominativos em -j- a vogal temática, depois da síncope
do -j-, se contrai com essa vogal de ligação: tÛmaj-e > tÛma-e > tÛma honra poÛ
ej-e > poÛe-e > poÛei faz d loj-e > d lo-e > d lou revela
21
A desinência -mi é primária , da 1a pessoa eu ; e, por razões fonéticas, de menos esfo
rço, o eu do optativo tomou emprestado o -mi.:: é mais fácil pronunciar læoimi do qu
e læoin. Mas a desinência primitiva era -m > -n. 22 Compare-se com o vocativo; o
s dois são o eixo do diálogo primeiro, linear, bipolar, horizontal; os dois não
têm desinência porque basta o tema. Depois, por analogia, a língua desenvolveu o
s outros imperativos.
mur05.p65
338
22/01/01, 11:37
a flexão verbal
339
Por analogia, essa vogal de ligação se estende para os verbos de tema em vogal (
verbos em -mi): tÛye-e > tÛyei põe, coloca dÛdo-e > dÛdou dá áe-e > áei lança ás
ta-e > ásth (ásta) põe de pé deÛknu-e > deÛknu mostra 2. O sufixo -yi: Mas com o
s verbos eämi - eu vou, eÞmi - eu sou, fhmi - eu falo e nos aoristos de raiz de
tema em vogal longa ¦gnvn - eu tomei conhecimento, ¦bhn - eu andei, p-¡dran - eu
saí correndo, ¦dun - eu imergi, ¤x rhn - eu me alegrei, usa-se o antigo sufixo loc
ativo -yi: à-yi vai (latim: i) gnÇ-yi conhece (toma conhecimento) às-yi sê dè-yi
mergulha, veste-te f -yi fala pñ-dra-yi afasta-te b°-yi anda x rh-yi alegra-te Esse
sufixo -yi, por analogia, forma também o imperativo singular dos aoristos passiv
os em -h-, -yh / syh: ¤-læ-yh-n eu fui (sou) desligado læ-yh-yi > læyhti sê desl
igado ¤-st l-h-n eu fui (sou) enviado st lh-yi sê enviado 3. Os aoristos sigmáticos:
No aoristo sigmático ativo usa-se a desinência de 2a pessoa -so, com -n eufônic
o. ¦-lu-sa > imper. lè-so-n desliga ¦stel-sa > imper. st¡l-so-n > steÝl-on envia
Voz média: a) desinência -so de 2a pessoa, secundária, no infectum e no perfect
um23;
23
Na voz média e passiva do infectum e perfectum só os temas são diferentes; as de
sinências são as mesmas.
mur05.p65
339
22/01/01, 11:37
340
a flexão verbal
b) desinência -sai de 2a pessoa, primária24, no aoristo
Infectum læ-e-so > læeo > læou dÛdo-so > dÛdou Perfectum l¡-lu-so Aoristo lè-sai
st¡l-sai > steÝlai desliga para ti envia para ti fica desligado para ti desliga
-te, desliga para ti dá para ti /sê desligado /sê dado
As outras formas do imperativo: 2a do plural (imperativo direto) e 3a pessoa sin
g. e pl. (imperativo indireto) são sempre as mesmas e não apresentam nenhum prob
lema fonético digno de nota. -te para a 2a p. do pl. da voz ativa -tv para a 3a
p. do sing. da voz ativa (imperat. indir.) -ntvn para a 3a p. pl. da voz ativa (
imperat. indir.) -sye para a 2a p. do pl. da voz média / pas. -syv para a 3a p.
do sing. da voz m./p. (imperat. indir.) -syvn para a 3a p. do pl. da voz m./p. (
imperat. indir.) De posse dessas informações (temas, desinências, característica
s) pode-se construir a conjugação de qualquer verbo grego. Tendo um texto na fre
nte, identificando primeiramente se é uma forma verbal ou nominal, podem-se sepa
rar as partes e encontrar o significado. O aprendizado de cor dos quadros de dec
linações e conjugações tem uma desvantagem: leva a aprender fórmulas vazias de s
ignificado, acumulando informações sem saber usá-las. É porque se tem a impressã
o de que os quadros são fixos, numa sucessão vertical, obedecendo a um padrão ún
ico. Não é exato. Todas as formas, quer nominais quer verbais, são construídas s
obre o tema (nominal ou verbal) dentro dos padrões fonéticos da língua. Todavia,
um quadro-referência de flexão é não só útil, mas também necessário, sobretudo
se é construído por aquele que está estudando. Voltaremos a tratar disso, com ma
is detalhes, nos quadros das flexões de todos os temas.
24
Certamente é outro caso de empréstimo ; -sai é desinência própria de 2a pessoa; com
o o -so já foi usado na voz ativa, apelou-se para o -sai para a voz média.
mur05.p65
340
22/01/01, 11:37
a flexão verbal
341
Quadros da flexão verbal
Infectum (inacabado) I. Presente
VOZ ATIVA:
Indicativo
læ-v tÛ-yh-mi dÛ-dv-mi á-sth-mi á-h-mi
S. læv læ-eiw læ-ei P. læ-o-men læ-e-te D. læ-e-ton læ-e-ton
eu eu eu eu eu
desligo, eu estou desligando coloco, eu ponho, eu estou colocando dou, eu estou
dando ponho de pé, eu estou pondo de pé lanço, eu estou lançando
dÛ-dv-mi dÛ-dv-w dÛ-dv-si dÛ-do-men dÛ-do-te dÛ-do-ton dÛ-do-ton á-sth-mi á-sth-
w á-sth-si á-sta-men á-sta-te á-sta-ton á-sta-ton á-h-mi á-h-w á-h-si á-e-men á-
e-te á-e-ton á-e-ton
tÛ-yh-mi tÛ-yh-w tÛ-yh-si tÛ-ye-men tÛ-ye-te tÛ-ye-ton tÛ-ye-ton
læ-o-nti > ousi tÛ-ye-nti > ¡asi dÛ-do-nti > ñasi á-sta-nti > si á-e-nti > si
Notas: 1. A desinência da 1a pesssoa do singular é -v em læ-v e -mi nos outros.
Exceto essa diferença, que é a mesma do latim (-o/-m), o resto das desinências é
o mesmo para todos os verbos. As diferenças aparentes podem ser explicadas pela
fonética.
mur05.p65
341
22/01/01, 11:37
342
a flexão verbal
2. As 2a e 3a pessoas do singular dos verbos em -v : læ-eiw, læ-ei são contraçõe
s devidas à vogal de ligação25: o -w é desinência característica de 2 a pessoa e
foi acrescentado por analogia, para evitar confusão com a desinência da 3 a . V
er quadro demostrativo a seguir.
Quadro demostrativo de flexão dos verbos de tema em semivogal (soante) ou consoa
nte:
S. læ-e-si > læei > læ-e-ti > læ-e-si > P. læ-o-nti > læonsi > D. læ-v læeiw læe
i f¡r-v f¡reiw f¡rei
f¡r-e-si > f¡rei > f¡r-e-ti > f¡r-e-si >
læ-o-men f¡r-o-men læ-e-te f¡r-e-te læousi f¡r-o-nti > f¡ronsi > f¡rousi læ-e-to
n læ-e-ton f¡r-e-ton f¡r-e-ton
As 2as e 3as pessoas do singular dos verbos em -mi- recebem o seguinte tratament
o: 2 a pessoa: tÛ-yh-si > dÛ-dv-si > ásthsi > áh-si > tÛyhi > dÛdvi > ásthi > áh
i > tÛyú > dÛdÄ> ástú > áú > tÛyú-w/tÛyh-w dÛdÄw/dÛ-dvw ástúw/ásth-w áúw/áhw
O -w é a marca da 2a pessoa da voz ativa e por isso substitui -si.
25
Porque, dos verbos que têm a 1 a pessoa do presente do indicativo em -v, mais de
90% são de tema em consoante; os outros, ou são de tema em semivogal u- / i-, o
u são de tema em W- vocalizado em u- ou em j-, resultando em várias conbinações
fonéticas (ver formação dos temas do infectum, p. 412. Os que recebem o sufixo n
u / nnu têm um tema alternativo em u- e têm a 1a pessoa -æv.
mur05.p65
342
22/01/01, 11:37
a flexão verbal
343
3 a pessoa:
tÛyhti > dÛdvti > ásth-ti > áhti >
tÛyhsi dÛdvsi ásth-si áhsi
3. Os verbos em -mi sofrem, no indicativo ativo, alternância de quantidade na vo
gal temática: longa no singular e breve no plural. 4. na 3 a pessoa do pl. a des
inência -nti tem dois tratamentos: a) læ-o-nti > læ-onsi > læ-ousi. O -n- sofre
síncope antes da dental e alonga a vogal anterior; b) tÛ-ye-nti > tiy¡-ati > tiy
¡-asi dÛ-do-nti > didñ-ati > didñ-asi á-sta-nti > ßst -ati > ßst -asi > ßst si á-e -nt
i > ß¡-ati > ß-¡-asi > ß -si O -n-, diante da consoante -t- se vocaliza em -a-.: n
ti > ati > asi26.
5. Além dos verbos do quadro acima, fazem a 1 a pessoa do indicativo presente em
-mi: a) alguns temas verbais em consoante, que recebem um infixo -nucomo: deÛk-
nu-mi - eu mostro b) alguns temas verbais em vogal, que recebem um infixo -nnu-
como: zÅ-nnu-mi - eu cinjo c) alguns temas verbais em consoante, que recebem um
infixo -nhcomo: d m-nh-mi - eu domo p¡r-nh-mi - eu vendo
26
Essa diferença de tratamento se deve à competência lingüística ; nos verbos monossi
lábicos a vogal é temática e por isso significativa. Não se faz a simplificação
fonética. Por isso o -n- é soante, e em contato com a consoante se vocaliza em -
a-.
mur05.p65
343
22/01/01, 11:37
344
a flexão verbal
d) quatro verbos sem redobro nem infixo: eämi eu vou, estou indo eÞmi eu sou fhm
i eu me manifesto, eu digo ±mi eu digo A flexão desses verbos se faz normalmente
como nos quatro modelos em -mi. Convém notar, porém, que todos esses verbos com
infixo nh/nu têm uma forma alternativa em -v: deÛknumi / deiknæv, zÅnnumi / zvn
æv, d mnhmi / d mnv, p¡rnhmi / p¡rnv. e é assim que flexionam todas as formas do inf
ectum fora do indicativo ativo. Mas, na 3a pessoa do plural, como o -u-é temátic
o e dispensa vogal de ligação, na desinência nti, o -n- vogaliza-se antes do -t-
, e temos a desinência -nti > ati > asi.
Subjuntivo
læ-v-men = desliguemos (exortativo), vamos desligar? (deliberativo), se (¤ n/ n / µ
n) começarmos a desligar, caso comecemos a desligar, se desligarmos, caso deslig
uemos (eventual). Não há idéia de tempo nessas expressões; apenas aspecto e modo
. S. læ-v læ-ú-w læ-ú læ-v-men læ-h-te læ-v-si læ-h-ton læ-h-ton ti-yÇ ti-y»-w t
i-y» di-dÇ di-dÒ-w di-dÒ ß-stÇ ß-st»-w ß-st» ß-Ç ß-»-w ß-»
P.
ti-yÇ-men di-dÇ-men ti-y°-te di-dÇ-te ti-yÇ-si di-dÇ-si ti-y°-ton ti-y°-ton di-d
Ç-ton di-dÇ-ton
ß-stÇ-men ß-Ç-men ß-st°-te ß-°-te ß-stÇ-si ß-Ç-si ß-st°-ton ß-st°-ton ß-°-ton ß-
°-ton
D.
mur05.p65
344
22/01/01, 11:37
a flexão verbal
345
Notas: 1. Notar a equivalência de sentidos entre o subjuntivo presente e o futur
o, mesmo em português. Os dois são eventuais. 2. Para não ocupar espaço e cansar
inutilmente o leitor, daqui para frente traduziremos só as formas do verbo læv;
As outras serão traduzidas por analogia. Para efeito de consulta, damos a segui
r o quadro da flexão do Subjuntivo, com a demostração das alterações fonéticas:
læv læ-v læ-h-si > læ-h-ti > læ-v-men læ-h-te læ-v-nti > læ-h-ton > læ-h-ton > t
Û-y¡-v > ti-y¡-h-si > tÛ-y¡-h-ti > ti-y¡-v-men > ti-y¡-h-te > ti-y¡-v-nti > ti-y
¡-h-ton > ti-y¡-h-ton > di-dñ-v > di-dñ-h-si > di-dñ-h-ti > di-dñ-v-men > di-dñ-
h-te > di-dñ-v-nti > di-dñ-h-ton > di-dñ-h-ton > læhi / læú > læhsi > læ-v læhiw
/ læúw læhi / læú læ-v-men læ-h-te lævsi læ-h-ton læ-h-ton tiyÇ tiy°iw / tiy»w
tiy°i / tiy» tiyÇmen tiy°te tiyÇsi ti-y°-ton ti-y°-ton didÇ didÇiw/ didÒw didÇi
/ didÒ didÇmen didÇte didÇsi di-dÇ-ton di-dÇ-ton
læhti >
lævnti >
lævnsi >
tÛyhmi
tiy°si > tiy°ti >
tiy°i/tiy» > tiy°si >
tiyÇnti >
tiyÇnsi >
dÛdvmi
didÇsi > didÇti >
didÇi /didÒ > didÇsi >
didÇnti >
didÇnsi >
mur05.p65
345
22/01/01, 11:37
346
a flexão verbal
ásthmi
ßst -v > ßst -h-si > ßst -h-ti > ßst -v-men > ßst -h-te > ßst -v-nti > ßst -h-ton > ßst -h-
ß-¡-v > ß-¡-h-si> ß-¡-h-ti > ß-¡-v-men > ß-¡-h-te > ß-¡-v-nti > ß-¡-h-ton > ß-¡
-h-ton >
ßst°si > ßst°ti >
ßst°i / ßst» > ßst°si >
ßstÇnti >
ßstÇnsi >
ßstÇ ßst°iw / ßst»w ßst°i / ßst» ßstÇmen ßst°te ßstÇsi ß-st°-ton ß-st°-ton ßÇ ß°
iw / ß»w ß°i / ß» ßÇmen ß°te ßÇsi ß-°-ton ß-°-ton
áhmi
ß°si > ß°ti >
ß°i / ß» > ß°si >
ßÇnti >
ßÇnsi >
Notas: 1. O subjuntivo tem duas características: vogal de ligação longa e desinê
ncias primárias por ser eventual nos três temas. 2. No verbo læv, isto é, nos ve
rbos de tema em consoante ou semivogal (soante), essa vogal longa coincide com o
alongamento da vogal de ligação ou a substitui; nos outros, a vogal longa v, h,
h, v, h, v, característica do subjuntivo, se junta à vogal breve do tema e a ab
sorve (contração), prevalecendo sempre o timbre: o. ti-y -v > ti-y¡-v > tiyÇ di-
dÅ-v > didñ-v > didÇ 3. A acentuação está dentro dos hábitos fonéticos da língua
: sempre que uma vogal acentuada entra na contração leva consigo a tonicidade; e
o acento da forma final, tônica, é circunflexo (perispômeno). 4. O subjuntivo g
rego se traduz em português quer pelo presente do subjuntivo quer pelo futuro do
subjuntivo. Mas, na repetição de presente, quando eventual, sempre que , se , o portug
ês usa o indicativo, o grego não. Sempre o subjuntivo. (ver no capítulo do subju
ntivo)
mur05.p65
346
22/01/01, 11:37
a flexão verbal
347
Optativo
læ-o-i-men - poderíamos começar a desligar, poderíamos estar desligando, desliga
ríamos (potencial ou afirmação atenuada), ( n) ah se estivéssemos desligando! (eÞ
-eàye) se desligássemos - oxalá desligássemos! oxalá pudéssemos desligar! (desej
o, anseio por uma possibilidade, voto). Não há idéia de tempo nessas expressões,
apenas aspecto e modo.
S. læ-oi-mi læ-oi-w læ-oi læ-oi-men læ-oi-te læ-oi-en læ-oi-ton lu-oÛ-thn ti-ye-
Ûh-n ti-ye-Ûh-w ti-ye-Ûh ti-ye-Ý-men27 ti-ye-Ý-te ti-ye-Ý-en ti-ye-Ý-ton ti-ye-Û
-thn di-do-Ûh-n di-do-Ûh-w di-do-Ûh di-do-Ý-men di-do-Ý-te di-do-Ý-en di-doÝ-ton
di-do-Û-thn ß-sta-Ûh-n ß-sta-Ûh-w ß-sta-Ûh ß-sta-Ý-men ß-sta-Ý-te ß-sta-Ý-en ß-
sta-Ý-ton ß-sta-Û-thn ß-e-Ûh-n ß-e-Ûh-w ß-e-Ûh ß-e-Ý-men ß-e-Ý-te ß-e-Ý-en ß-e-Ý
-ton ß-e-Û-thn
P.
D.
Notas: 1. Há um falso ditongo na seqüência da vogal breve do tema desses verbos
e a característica -i- longa do optativo; isso explica a posição da tônica. No s
ingular o -i- longo se abrevia diante de outra longa. A variante longa no plural
é menos usada do que a curta. Lei do menor esforço. 2. A característica do opta
tivo é i / ie-ih. 3. O optativo tem sempre desinências secundárias, por ser o mo
do do possível e da atenuação da afirmação. 4. Nos verbos em -v, por serem de te
ma em consoante ou semivogal (soante), há uma vogal de ligação fixa -o- no infec
tum (pres.), futuro e perfeito ativo -oi-.
27
Variante: tiye-Ûh-men, tiye-Ûh-te, tiye-Ûh-san.
mur05.p65
347
22/01/01, 11:37
348
a flexão verbal
5. Nos outros, com temas terminados em vogal, a característica do optativo se ju
nta diretamente, numa alternância -ih- singular e -i- plural. 6. A desinência da
1a pessoa do singular, em vez de -n é -mi, e a da 3a do plural, em vez de -n é
-en. É um recurso fonético e semântico: a seqüência dos sons -i- e nasal é incôm
oda; por isso, na 1a pessoa há um empréstimo ou mesmo uma opção pela desinência
-mi28 e na 3a pessoa a vogal de ligação -edesfaz a dificuldade fonética. 7. O op
tativo grego se traduz em português, quer pelo imperfeito do subjuntivo, geralme
nte na condicionante (prótase), quer pelo condicional simples, na condicionada (
apódose).
Imperativo
- lèe - læete - desliga, vai desligando, começa a desligar (tu); desligai, começ
ai a desligar, ide desligando (vós); - lu¡tv - luñntvn: desligue , vá desligando
, comece a desligar (ele); desliguem, vão desligando, comecem a desligar (eles).
Não há idéia de tempo nessas expressões; apenas aspecto e modo.
S. lè-e lu-¡-tv P. læ-e-te tÛ-ye-te dÛ-do-te á-sta-te á-e-te lu-ñ-ntvn ti-y¡-ntv
n di-dñ-ntvn ß-st -ntvn ß-¡-ntvn lu-¡-tvsan29 ti-y¡-tvsan di-dñ-tvsan ß-st -tvsan ß-
¡-tvsan D. læ-e-ton lu-¡-tvn tÛ-ye-ton ti-y¡-tvn dÛ-do-ton di-dñ-tvn á-sta-ton ß
-st -tvn á-e-ton ß-¡-tvn tÛ-ye-e > ei ti-y¡-tv dÛ-do-e > ou di-dñ-tv á-sta-e > h ß
-st -tv á-e-e > ei ß-¡-tv
28
Esse empréstimo só é possível porque tanto -mi como -v são propriedade da 1a pessoa
e ela as usa como bem lhe convém, foneticamente, é claro. A desinência original
é -m- (todas as desinências de 1a pessoa começam por -m-); o -n é a forma do -m-
em posição final. A opção por -mi-, então é natural. 29 A forma lu-¡-tvsan de 3
a pessoa do plural é menos freqüente do que lu-ñntvn.
mur05.p65
348
22/01/01, 11:37
a flexão verbal
349
Notas: 1. Não há uma desinência específica do imperativo singular; é o próprio t
ema do verbo; esse -e é vogal de apoio para os verbos de tema em consoante, soan
te e semivogal, nos outros verbos, é usado por analogia. 2. As outras desinência
s são próprias do imperativo; são fixas e serão encontradas na voz ativa de tema
s dos outros aspectos. Mas mantêm a caracterização fonética das pessoas gramatic
ais: -t- 3a pessoa do singular -nt- 3a pessoa do plural -te- 2a pessoa do plural
Particípio
lævn - desligante, desligando, que está desligando: sempre simultâneo ao ato exp
resso pelo verbo da oração principal. Não há idéia de tempo próprio no particípi
o; apenas aspecto e modo. A simultaneidade não significa tempo próprio, mas temp
o relativo, isto é, do enquadramento do ato verbal.
T M. F. N. lu-o-ntlævn læousa lèon ti-ye-nttiyeÛw-y¡ntow tiyeÝsa-shw tiy¡n-y¡ntow
di-do-ntß-sta-ntdidoæw-dñntow ßst w- ntow didoèsa-shw ßst sa-shw didñn-dñntow ßst n- ntow
ß-e-ntßeÛw-¡ntow ßeÝsa-shw ß¡n-¡ntow
Notas: 1. A característica do particípio ativo é -nt no grego e -nt- no latim e
línguas latinas. 2. O nom. sing. masc. se faz com a desinência -w, e o encontro
desse -w com o -nt- do tema tem tratamentos diferentes: a) - Com vocalismo o : T
.: lu-o-nt- > læont-w > læ0n-w > læon> lævn alongamento compensatório o > v ante
s de -n, sobre o modelo de l¡vn - l¡ontow - l¡ousi, ou, mais provavelmente, para
evitar um tritongo nos temas verbais em u e i.
mur05.p65
349
22/01/01, 11:37
350
a flexão verbal
Os particípios do infectum dos verbos de tema em consoante ou semivogal (verbos
em -v) se constroem sobre esse modelo. Mas: T.: di-do-nt- > didñnt-w > didñn-w >
didoæw alongamento compensatório o > ou antes de -w, sobre o modelo de T.: ôdñn
t- > ôdñnt-w > ôdñn-w > ôdoæw 30 3. Com outras vogais: síncope sucessivamente do
t e do n e alongamento compensatório: tiy¡ntw > tiy¡n-w > tiyeÛw alongamento co
mpensatório -e > ei ß¡nt-w > ß¡n-w > ßeÛw alongamento compensatório -e > ei ßst nt
w > ßst n-w > ßst w alongamento compensatório -a deiknæntw > deiknænw > deiknæw alon
gamento compensatório -u 4. O feminino de todos esses particípios se forma com o
sufixo -ja lu-o-nt-ja > luontia > luonsia > luousia > læousa læousa é um tema e
m -a impuro (faz o gen. sing. em -hw e o dat./loc. instr. singular -ú). Também:
tiyeÝsa - shw ßeÝsa - shw ßst sa - shw deiknèsa - shw 5. O neutro é o tema puro, e
o -t em posição final sofre apócope no nominativo, vocativo e acusativo singula
r. læ-o-nt- > lèont > lèon di-dñnt- > didñnt > didñn tiy¡nt- > tiy¡nt > tiy¡n ß¡
nt- > ß¡nt > ß¡n st nt- > st nt > st n deiknunt- > deikænt > deiknæn
30
Os gramáticos não explicam esta diferença. Cremos que é por causa da tonicidade
do -o- em didñnt- e ôdñnt-. Mas há registro de didÅn, embora didoæw seja a forma
mais empregada.
mur05.p65
350
22/01/01, 11:37
a flexão verbal
351
Infinitivo
læ-ein - estar desligando, estar começando a desligar, estar no processo de desl
igar. Não há idéia de tempo nessas expressões; apenas aspecto e modo. Infinitivo
s: læ-ein ti-y¡-nai di-dñ-nai ß-st -nai ß-¡-nai Há duas desinências do infinitivo
ativo: - en /-een (-hn) e -nai - lu-e-en > læeen > læein - tiy¡-nai, - didñ-nai,
- ßst -nai, - ß¡-nai
II. Passado: Imperfeito
¦-lu-o-n: eu desligava, eu estava desligando O ¤- que se antepõe ao tema chama-s
e aumento: é a marca do passado. Só se usa no indicativo. O passado usa desinênc
ias secundárias. Não há outros modos no passado; só o indicativo.
S. ¦-lu-o-n ¦-lu-e-w ¦-lu-e ¤-læ-o-men ¤-læ-e-te ¦-lu-o-n ¤-læ-e-ton ¤-lu-¡-thn
¤-ti-yh-n/ein ¤-dÛ-dv-n/oun ¤-tÛ-yhw/eiw ¤-dÛ-dv-w/ouw ¤-tÛ-yh/ei ¤-dÛ-dv/ou ¤-t
Û-ye-men ¤-tÛ-ye-te ¤-tÛ-ye-san ¤-tÛ-ye-ton ¤-ti-y¡-thn ¤-dÛ-do-men ¤-dÛ-do-te ¤
-dÛ-do-san ¤-dÛ-do-ton ¤-di-dñ-thn á-sth-n á-sth-w á-sth á-sta-men á-sta-te á-st
a-san á-sta-ton ß-st -thn á-h-n/ein á-h-w/eiw á-h/ei á-e-men á-e-te á-e-san á-e-to
n ß-¡-thn
P.
D.
Notas: 1. Como no presente, os verbos em -mi, no singular do imperfeito ativo, t
êm vogal temática longa e no plural, breve.
mur05.p65
351
22/01/01, 11:37
352
a flexão verbal
2. Nas três pessoas do singular, os verbos em -mi, menos ásthmi31, podem ditonga
r a vogal temática longa. Assim: -h-> ei ; -v- > ou ¤-tÛyei-n ¤-dÛ-dou-n á-ei-n
¤-tÛ-yei-w ¤-dÛ-dou-w á-ei-w ¤-tÛ-yei ¤-dÛ-dou á-ei 3. Na 3a pessoa do plural de
sses mesmos verbos, para não confundir com a 1a pessoa, usa-se emprestada a desi
nência -san da 3a pessoa do plural do aoristo sigmático. Com lu-v não, porque se
ria igual ao aoristo; nos outros, o aoristo não tendo redobro, a distinção se ma
ntém.
O aumento
O imperfeito (passado do presente, infectum) recebe, no indicativo, a marca do p
assado. Aliás é só pelo indicativo que o grego exprime o passado. Não há outros
modos no passado. O grego só tem um passado para cada aspecto: o do infectum, in
acabado: imperfeito o do aoristo: aoristo narrativo o do perfectum, acabado: mai
s-que-perfeito O aumento é um ¤-, que seria um antigo advérbio de tempo, antepos
to ao tema do verbo e pode ser silábico ou temporal. É silábico quando, antepost
o ao tema verbal iniciado por consoante, faz sílaba independente monovocálica: ¦
-graf-o-n eu escrevia; e é temporal quando, anteposto ao tema verbal iniciado po
r vogal breve, provoca um hiato e a conseqüente contração: ¤-¡lpiz-o- n > ±lpizo
n eu esperava ¤-¡x-o-n > eäxon eu tinha ¤- g-o-n > —gon eu conduzia ¤-orgiz-ñ-mhn
> Èrgizñmhn eu me irritava
31
É que esses três verbos alternam a vogal temática longa/breve no mesmo timbre: h
/e, v/o; mas ásthmi alterna com ástami.
mur05.p65
352
22/01/01, 11:37
a flexão verbal
353
O aumento não faz parte da flexão; não é uma ptÇsiw = casus = caso = desinência;
é um prefixo ou afixo que não se funde com o tema; tem uma função própria e é u
sado quando se precisa dele, para marcar o passado32.
Aumentos temporais
Como se vê, contrações em posição inicial diferem um pouco das em posição intern
a no encontro de ¤ - + -e e ¤- + -o; Enquanto em posição média, interna, resulta
m respectivamente em ditongo -ei- e -ou-, em posição inicial resultam em ±- e È-
. Alguns exemplos de aumentos temporais: a)
gv dv aÞt¡v > aÞtÇ aÞsy nomai ¤lpÛzv eÞk zv ôrgÛzomai, oÞk¡v > oÞkÇ oämai ßketeæv êbrÛ
zv Èfel¡v > ÈfelÇ ´kv aéj nv eêrÛskv oét zv, eu conduzo eu canto eu exijo eu sinto e
u espero eu imagino eu me exalto eu habito eu penso, eu acho eu suplico eu ofend
o eu ajudo eu venho eu aumento eu acho eu machuco ¦-agon > ¦-&don > ¤-aÛteon > ¤
-aisyñmhn > ¤-¡lpizon > ¤-eÛkazon > ¤-orgizñmhn > ¤-oÛkeon > ¤-oÛmhn > ¤-ik¡teuo
n > ¤-æbrizon > ¤-vf¡loun > ¤-°kon > ¤-aæjanon > ¤-eæriskon > ¤-oætazon > —gon Â
don ¾toun ¼syñmhn ³lpizon ¾kazon Èrgizñmhn Õkoun Õmhn ßk¡teuon ìbrizon Èf¡loun ¸
kon hëjanon hìriskon oëtazon
32
O aumento não é flexão; não se relaciona com a pessoa gramatical como as desinên
cias pessoais: é um acréscimo, um apêndice; é externo ao tema. Não é um morfema.
Isto mostra que o tempo não está na forma verbal.
mur05.p65
353
22/01/01, 11:37
354
a flexão verbal
b) Alguns verbos que começam com ¤- começavam primitivamente por s- ou W-. A sín
cope do -s- e do -W- em posição intervocálica depois do acréscimo do aumento pro
voca o hiato que se desfaz na contração em -ei- e não em -h-. Os verbos são os s
eguintes:
¤ v ¤yÛzv ¥lÛssv §lkv ¤rg zomai ¥sti v §pomai §rpv, ¦xv eu permito eu costumo eu faço
girar eu puxo, arrasto eu trabalho eu recebo em casa eu acompanho eu rastejo eu
seguro, eu tenho ¤W¡aon > ¤W¡yizon > ¤W¡lisson > ¤W¡lkon > ¤Wergazñmhn > ¤WestÛa
on > ¤-sepñmhn > ¦-serpon > ¦-sexon > eàvn eàyizon eálisson eålkon eÞrgzñmhn eßs
tÛvn eßpñmhn eårpon eäxon
c) Em alguns verbos, também por causa da síncope do W intervocálico, mas entre v
ogais de timbre diferente, não se fez a contração, e o aumento recai sobre a seg
unda vogal:
¥ort zv õr v > õrÇ n-oÛgv eu festejo eu olho, vejo eu abro Weort zv Wor v nWoÛgv ¥-eñrtaz
n > ¥Årtazon ¤-ñraon > ¥Årvn n-¡-oigon > n¡Ägon
d) Há outros também que, por causa do W inicial e depois em posição intervocálic
a com o acréscimo do aumento, não fazem a contração entre vogais de timbre difer
ente:
g-nu-mi lÛskomai Èy¡v > ÈyÇ Èn¡omai > Ènoèmai eu quebro eu sou pego eu empurro eu
vendo ¤W gnuon > ¤Waliskñmhn > ¤WÅyeon > ¤Wvneñmhn > ¤ gnuon ¥aliskñmhn ¤Åyoun ¤vnoæ
mhn
e) Os três verbos seguintes fazem o aumento em ±- paralelamente ao aumento em ¤-
:
dænamai boælomai, m¡llv eu posso eu quero estou para, eu vou ±-dun mhn ±-boulñmhn
³-mellon ¤-dun mhn ¤-boulñmhn ¦-mellon
mur05.p65
354
22/01/01, 11:37
a flexão verbal
355
Aumento nos verbos compostos
Exatamente porque o grego entende os compostos como compostos , ele põe o aumento a
ntes do verbo e não antes da preposição. prost ttv, eu prescrevo, ordeno pros-¡-ta
tton ¤mb llv eu jogo dentro ¤n-¡-ballon ¤kb llv eu jogo fora ¤j-¡-ballon suggignÅskv
eu compreendo, eu perdoo sun-e-gÛgnvskon ¤kf¡rv eu retiro ¤j-¡-feron ¤gkalæptv
eu cubro, envolvo ¤n-e-k lupton sumbaÛnv, eu ando junto sun-¡-bainon Acidentes fon
éticos no encontro das preposições e do aumento: a) Observe que, como em ¤mb llv e
em ¤n-¡-ballon, as consoantes finais das preposições se assimilam parcialmente
ou não com a consoante inicial do verbo; no imperfeito, com a presença da vogal-
aumento, elas retomam sua forma normal. b) Quando a preposição termina em vogal,
ela sofre elisão antes do aumento; dia-speÛrv eu espalho, disperso di-¡-speiron
¤pi-tr¡pv eu dirijo sobre ¤p-¡-trepon po-tr¡pv eu afasto, desvio p-¡-trepon c) Ma
s, nos compostos com peri, não se faz a elisão da vogal final da preposição, por
que esse -i é a desinência do locativo e é longo. peri-tr¡pv eu faço dar a volta
peri-¡-trepon d) Nos compostos com a preposição prñ normalmente se processa uma
contração; pro-tr¡pv eu excito proætrepon mas não é rara a manutenção do hiato:
proÛsthmi ponho diante de, pro¡sthka e) Em alguns casos, ou porque a composição
é muito antiga, ou porque o falante grego já a fundiu semanticamente e a sente
como um todo, o aumento se antepõe à forma inteira, e não entre as partes: nti-di
k¡v eu contradigo ±nti-dÛkoun -dik¡v eu cometo injustiça ±dÛkoun dus-tux¡v estou
sem sorte ¤-dustæxoun
mur05.p65
355
22/01/01, 11:37
356
a flexão verbal
plhm-mel¡v mfis-bht¡v
eu cometo infração eu estou em dificuldade
¤-plhmm¡loun ±mfis-b toun
f) Mas às vezes o falante grego hesita entre duas formas e usa um ou dois aument
os: um antes do verbo composto e outro entre o primeiro e o segundo elemento: ¤n
-oryñv eu endireito ±n-Åryoun di-oik¡v eu administro ¤-di-Ðkoun n-¡xomai eu agüen
to, suporto ±n-eixñmhn ou então só antes do segundo elemento: dus-arest¡v não es
tou mais contente dus-hr¡stoun
VOZ MÉDIA E PASSIVA:
Indicativo presente
læ-o-mai
S.
Voz média: eu estou desligando, desligo para mim. Voz passiva: estou sendo desli
gado, sou desligado.
tÛ-ye-mai tÛ-ye-sai tÛ-ye-tai ti-y¡-meya tÛ-ye-sye tÛ-ye-ntai tÛ-y¡-meyon tÛ-ye-
syon dÛ-do-mai dÛ-do-sai dÛ-do-tai di-dñ-meya dÛ-do-sye dÛ-do-ntai á-sta-mai á-s
ta-sai á-sta-tai ß-st -meya á-sta-sye á-sta-ntai á-e-mai á-e-sai á-e-tai ß-¡-meya
á-e-sye á-e-ntai
læ-o-mai læ-e-sai > ú/ei læ-e-tai lu-ñ-meya læ-e-sye læ-o-ntai lu-ñ-meyon læ-e-s
yon
P.
D.
di-dñ-meyon ß-st -meyon ß-¡-meyon dÛ-do-syon á-sta-syon á-e-syon
1. Na 2 a pessoa do sing., nos verbos em -v, o -s- em posição desinencial interv
ocálica sofre uma síncope e, no ático, o hiato formado é reduzido por uma contra
ção -esai > eai > ú / ei; no jônico, o hiato permanece. A variante -ei é ática e
vamos encontrá-la com freqüencia, sobretudo em Platão e Aristófanes. À primeira
vista, ela se presta a confusão com a 3a pessoa do singular da voz ativa. Mas o
contexto resolve o problema.
mur05.p65
356
22/01/01, 11:37
a flexão verbal
357
2. Nos verbos em -mi, por serem de tema em vogal, a desinência é -sai porque não
há vogal de ligação e não há síncope do -s-. Essa distinção entre vogal de liga
ção e vogal temática é clara: a vogal temática é essencial; a vogal de ligação é
apenas funcional, instrumental. A vogal temática se mantém e a vogal de ligação
se acomoda. Já vimos na flexão da voz ativa essa diferença de tratamento entre
vogal temática e vogal de ligação læ-o-nti > læ-o-nsi > ousi tÛ-ye-nti > tÛ-ye-a
ti > ¡asi
Subjuntivo
læ-v-mai - Voz média - vou desligar para mim? (deliberativo); desligue para mim!
(exortativo); caso eu desligue para mim, se eu desligar para mim (¤ n) (eventual)
. Voz passiva - vou ser desligado? (deliberativo); sejamos desligados! (exortati
vo), caso eu seja desligado, se eu for desligado (eventual - ¤ n/ n/ µn). A tradução
do subjuntivo grego em português se faz quer pelo presente do subjuntivo quer p
elo futuro do subjuntivo.33 Não há idéia de tempo nessas expressões; apenas aspe
cto e modo.
S. læ-v-mai ti-yÇ-mai di-dÇ-mai ß-stÇ-mai ß-Ç-mai læ-h-sai> ú ti-y°-sai > » di-d
Ç-sai > Ò ß-st°-sai > » ß-°-sai > » læ-h-tai ti-y°-tai di-dÇ-tai á-st°-tai ß-°-t
ai P. lu-Å-meya læ-h-sye læ-v-ntai ti-yÅ-meya ti-y°-sye ti-yÇ-ntai di-dÅ-meya di
-dÇ-sye di-dÇ-ntai ß-stÅ-meya ß-st°-sye ß-stÇ-ntai ß-Å-meya ß-°-sye ß-Ç-ntai
D. lu-Å-meyon ti-yÅ-meyon di-dÅ-meyon læ-h-syon ti-y°-syon di-dÇ-syon
ß-stÅ-meyon ß-Å-meyon ß-st°-syon ß-°-syon
33
Nas expressões da repetição do presente, na medida em que o ato repetido não é fe
chado > indicativo, o grego, coerentemente, emprega o subjuntivo com n, porque se
trata de um eventual. Em português usa-se o indicativo: quando, sempre que ele v
em (venha) > ÷tan/¤ n ¦lyú.
mur05.p65
357
22/01/01, 11:37
358
a flexão verbal
Notas: 1. O -s- da 2a pessoa do singular, -sai, está em posição desinencial em t
odos os verbos acima (vogal longa, característica do subj. e desinências pessoai
s); por isso ele sofre síncope em todos, o que, no ático, resulta em hiato e pos
terior contração.
læ-h-sai > ti-y¡-h-sai > di-d ñ-h-sai > ß-st -h-sai > ß-¡-h-sai > læhai > læhi > t
iy°sai > tiy°ai > tiy°i > didÇsai > didÇai > didÇi > ßst°sai > ßst°ai > ßst°i >
ß°sai > ß°ai > ß°i > læú / læhi tiy» / tiy°i didÒ / didÇi ßst» / ßst°i ß» / ß°i
2. Novamente, nos verbos em -mi, as formas do subjuntivo são contratas, porque a
vogal longa do subjuntivo se acrescenta à vogal breve do tema. Ver quadro demos
trativo de flexão a seguir.
Quadro demostrativo da flexão do subjuntivo médio/passivo:
T. tÛyh- / tiyeS. ti-y¡-v-mai > ti-y¡-h-sai > tiy°sai > tiy°ai > ti-y¡-h-tai > t
i-ye-Å-meya > ti-y¡-h-sye > ti-y¡-v-ntai > ti-ye-Å-meyon > ti-y¡-h-syon > tiyÇma
i tiy°i /tiy» tiy°tai tiyÅmeya tiy°sye tiyÇntai tiyÅmeyon tiy°syon
P.
D.
mur05.p65
358
22/01/01, 11:37
a flexão verbal
359
T. didv-/didoS. didñ-v-mai > didñ-h-sai > didÇsai > didÇai > didñ-h-tai > dido-Å
-meya > didñ-h-sye > didñ-v-ntai > dido-Å-meyon > didñ-h-syon > didÇmai didÇi /
didÒ didÇtai didñmeya didÇsye didÇntai didÅmeyon didÇsyon
P.
D.
T. ßsth- / ßstaS. ßst -v-mai > ßst -h-sai > ßst°sai > ßst°ai > ßst -h-tai > ßsta-Å-mey
a > ßst -h-sye > ßst -v-ntai > ßsta-Å-meyon > ßst -h-syon > ßstÇmai ßst°i / ßst» ßst°t
ai ßstÅmeya ßst°sye ßstÇntai ßstÅmeyon ßst°syon
P.
D.
T. ßh- / ßeS. ß¡-v-mai > ß¡-h-sai > ß°sai > ß°ai > ß¡-h-tai > ße-Å-meya > ß¡-h-s
ye > ß¡-v-ntai > ße-Å-meyon > ß¡-h-syon > ßÇmai ß°i / ß» ß°tai ßÅmeya ß°sye ßÇnta
i ßÅmeyon ß°syon
P.
D.
mur05.p65
359
22/01/01, 11:37
360
a flexão verbal
Optativo
lu-oÛ-mhn - Voz média - eu poderia estar desligando para mim, eu desligaria para
mim ( n) (possível, afirmação atenuada), eÞ/eàye (oxalá, possível, desejo, voto)
eu pudesse estar desligando para mim, ah! se eu pudesse desligar para mim. Voz p
assiva - se eu pudesse, eu poderia ser desligado!- eÞ, eàye (possível, desejo, v
oto) se eu pudesse, eu poderia estar sendo desligado. A tradução do optativo gre
go em português se faz quer pelo imperfeito do subjuntivo na condicionante (prót
ase), quer pelo condicional simples na condicionada (apódose). O mesmo acontece
nas orações independentes: imperfeito do subjuntivo ou condicional. Também pelas
locuções com o verbo poder, como está nas traduções acima 34. Não há idéia de t
empo nessas expressões; apenas aspecto e modo.
S. lu-oÛ-mhn ti-ye-Û-mhn di-do-Û-mhn ß-sta-Û-mhn ß-e-Û-mhn
læ-oi-so > oio ti-ye-Ýs0 > eÝo di-do-Ý-so > oÝo ß-sta-Ý-so > aÝo ß-e-Ý-so > eÝo
læ-oi-to P. lu-oÛ-meya læ-oi-sye læ-oi-nto D. lu-oÛ-meyon lu-oÛ-syhn ti-ye-Ý-to
ti-ye-Û-meya ti-ye-Ý-sye ti-ye-Ý-nto ti-ye-Û-meyon ti-ye-Û-syhn di-do-Ý-to di-do
-Û-meya di-do-Ý-sye di-do-Ý-nto di-do-Û-meyon di-do-Û-syhn ß-sta-Ý-to ß-sta-Û-me
ya ß-sta-Ý-sye ß-sta-Ý-nto ß-sta-Û-meyon ß-sta-Û-syhn ß-e-Ý-to ß-e-Û-meya ß-e-Ý-
sye ß-e-Ý-nto ß-e-Û-meyon ß-e-Û-syhn
Notas: 1. O -s- em posição desinencial intervocálica na 2a pessoa do singular de
todos os verbos sofre síncope e põe em contato duas vogais e uma semivogal, o q
ue resulta em tritongo, dispensando a contração. læoiso > læoio tiyeÝso > tiyeÝo
, didoÝso > didoÝo ßstaÝso > ßstaÝo, ßeÝso > ßeÝo
34
Ver notas sobre a morfologia do optativo no quadro de flexão da voz ativa.
mur05.p65
360
22/01/01, 11:37
a flexão verbal
361
2. Há um falso ditongo na seqüência da vogal temática breve dos verbos de tema e
m vogal e o -i- longo da característica do optativo; isso explica a posição fixa
da tônica. 3. Primitivamente, as vogais temáticas de tiye-Ýs0, dido-Ýso, Þsta-Ý
so, ße-Ýso deveriam ser pronunciadas separadamente da marca do optativo; mas nos
verbos de tema em consoante, soante e semivogal, a vogal de ligação fazia bloco
com o -i- do optativo: læ-oi-so, f¡r-oi-men.
Imperativo
læ-e-so > læeo > læou - læ-e-sye Voz média: desliga para ti/começa a desligar pa
ra ti - desligai para vós, começai a desligar para vós; ele/eles desligue(m) par
a si/ comece(m) a desligar para si. Voz passiva: tu sê desligado / começa a ser
desligado; vós sede desligados / começai a ser desligados; ele/eles seja(m) desl
igado(s) / comece(m) a ser desligados. Não há idéia de tempo nessas expressões;
apenas aspecto e modo.
S. læ-e-so > ou lu-¡-syv P. læ-e-sye lu-¡-syvn / D. læ-e-syon lu-¡-syvn tÛ-ye-sy
e ti-y¡-syvn / tÛ-ye-syon ti-y¡-syvn dÛ-do-sye di-dñ-syvn / dÛ-do-syon di-dñ-syv
n á-sta-sye ß-st -syvn / á-sta-syon ß-st -syvn á-e-sye ß-¡-syvn / á-e-syon ß-¡-syvn
tÛ-ye-so > ou ti-y¡-syv dÛ-do-so > ou di-dñ-syv á-sta-so > v ß-st -syv á-e-so > ou
ß-¡-syv
lu-¡-stvsan35 ti-y¡-stvsan di-dñ-stvsan ß-st -stvsan ß-¡-stvsan
35
Como na voz ativa, há uma variante de 3a pessoa do plural, mas é usada com menos
freqüência; é um pouco rebuscada.
mur05.p65
361
22/01/01, 11:37
362
a flexão verbal
Notas: 1. Nas formas da 2a pessoa do singular apenas a dos verbos de tema em con
soante, soante e semivogal sofrem contração regular depois da síncope do -s- int
ervocálico, entre vogal de ligação e vogal desinencial; a contração nos outros v
erbos - de tema em vogal - aconteceu por analogia, porque o -s- intervocálico en
tre vogal temática e desinencial em geral não sofre síncope; por isso é muito co
mum encontrarem-se as formas não contratas. 2. Notar a presença coerente das des
inências pessoais também no imperativo: 2a pessoa do singular: -so a pessoa do p
lural: 2 -tye > sye -tyv > -syv 3a pessoa do singular: a pessoa do plural: 3 -nt
yvn > -tyvn > -syvn
Particípio
lu-ñ-menow: Voz média: estou desligando para mim (médio). Voz passiva: estou sen
do desligado, sou desligado. Sempre simultâneo ao ato expresso pelo verbo da ora
ção principal. Não há idéia de tempo nessas expressões, apenas aspecto. A simult
aneidade não significa tempo próprio, mas relativo; isto é, o enquadramento do a
to verbal.
Tema Masc. Fem. Neut. lu-ñ-menolu-ñ-menow lu-o-m¡nh lu-ñ-menon ti-y¡-menoti-y¡-m
enow ti-ye-m¡nh ti-y¡-menon di-dñ-menodi-dñ-menow di-do-m¡nh di-dñ-menon ß-st -men
oß-st -menow ß-sta-m¡nh ß-st -menon ß¡-menoß-¡-menow ß-e-m¡nh ß-¡-menon
Notas: 1. O tema do particípio médio ou passivo é -meno/menh/meno para todos os
aspectos, exceto para o aoristo passivo. 2. Nos verbos de temas em consoante ou
soante (semivogal) há vogal de ligação, nos outros não, por desnecessária.
mur05.p65
362
22/01/01, 11:37
a flexão verbal
363
Infinitivo
læ-e-syai: Voz média: desligar para si, estar desligando para si. Voz passiva: e
star sendo desligado, ser desligado. Não há idéia de tempo nessas expressões, ap
enas aspecto. læ-e-syai tÛ-ye-syai dÛ-do-syai á-sta-syai áe-syai Notas: 1. A des
inência do infinitivo médio ou passivo é -syai para todos os verbos, em todos os
aspectos, exceto para o aoristo passivo. 2. Nos verbos de temas em consoante ou
soante (semivogal) há vogal de ligação, nos outros não, por desnecessária.
Imperfeito
¤-lu-ñ-mhn: Voz média: eu desligava, estava desligando para mim. Voz passiva: eu
era desligado, eu estava sendo desligado.
S. ¤-lu-ñ-mhn ¤-ti-y¡-mhn ¤-læ-e-so > ou ¤-tÛ-ye-so ¤-læ-e-to ¤-tÛ-ye-to ¤-lu-ñ-
meya ¤-læ-e-sye ¤-læ-o-nto ¤-læ-e-syon ¤-lu-¡-syhn ¤-ti-y¡-meya ¤-tÛ-ye-sye ¤-tÛ
-ye-nto ¤-tÛ-ye-syon ¤-ti-y¡-syhn ¤-di-dñ-mhn ¤-dÛ-do-so ¤-dÛ-do-to ß-st -mhn ß-¡-m
hn á-sta-so > v á-e-so á-sta-to á-e-to ß-¡-meya á-e-sye á-e-nto á-e-syon ß-¡-syh
n
P.
¤-di-dñ-meya ß-st -meya ¤-dÛ-do-sye á-sta-sye ¤-dÛ-do-nto á-sta-nto ¤-dÛ-do-syon á
-sta-syon ¤-di-dñ-syhn ß-st -syhn
D.
Notas: 1. Observar novamente que o -s- sofre síncope apenas depois de vogal de l
igação na 2a pessoa do singular de læv: ¤-læ-e-so > ¤læeo > ¤læou No caso de á-s
ta-so > á-sta-o > ástv é por analogia com o aoristo sigmático, ¤læsaso > ¤læsao
> ¤læsv, que se faz a contração.
mur05.p65
363
22/01/01, 11:37
364
a flexão verbal
2. Constatar que em toda a flexão do infectum nós tivemos a) de um lado, 4 verbo
s de tema em vogal breve e por isso a vogal de ligação é dispensável; na verdade
poderiam ser chamados de verbos temáticos por terem toda a flexão construída so
bre o tema; b) de outro lado, um verbo de tema em soante (lu-), (semivogal, trat
ada como consoante), que poderia ser em consoante (fer-) e por isso se fez neces
sária a vogal de ligação. 3. Observar também que os 4 verbos temáticos têm a vog
al temática longa apenas no singular da voz ativa do presente e imperfeito ativo
s; aqui a vogal temática é breve. 4. Ainda, dentro do sistema do infectum, devem
os incluir alguns temas de verbos denominativos, que as gramáticas chamam de ver
bos contratos. São formações verbais com sufixo -j- sobre temas nominais em voga
l: nika-j-v (nÛkh - vitória) eu venço dhlo-j-v (d°lo-w - claro) eu revelo file-j
-v (fÛlo-w - amigo) eu amo ôxe-j-v öxo-w - veículo) eu transporto em veículo, eu
viajo koni-j-v kñni-w - cinza) eu faço cinza, eu reduzo a cinza ghru-j-v g°ri-w
- grito) eu grito dakru-j-v (d kru - lágrima) eu choro Na flexão sobre o tema do
infectum o -j- se encontra em posição intervocálica e naturalmente sofre síncope
, pondo em contato a vogal temática e a vogal de ligação. No dialeto ático, o hi
ato resultante é eliminado pela contração, no jônico, o hiato permanece. Nos tem
as em semivogal, depois da síncope do -j- já em posição intervocálica, formam-se
os ditongos: -Ûv / -æv; -Ûeiw / -æeiw ; -Ûei / -æei. Na flexão sobre os outros
dois temas, aoristo/futuro e perfeito não há contrações, porque não há vogal de
ligação, mas, por uma espécie de compensação, as vogais temáticas são alongadas:
mur05.p65
364
22/01/01, 11:37
a flexão verbal
365
presente
nik -v > nikÇ dhlñ-v > dhlÇ fil¡-v > filÇ
futuro
nik sv dhlÅsv fil sv
aoristo
¤nÛkhsa ¤d lvsa ¤fÛlhsa
perfeito
nenÛkhka36 ded lvka pefÛlhka
Þ -o-mai > iÇmai) dr -v > drÇ
eu curo eu ajo, eu faço
fut. Þ somai.* fut. dr sv
Há alguns verbos antigos de tema em -a que fazem as contrações como se fossem de
tema em -h. Os mais usados são: z -v eu estou vivo, eu vivo dic -v eu tenho sede pe
in -v eu tenho fome xr -o-mai eu me sirvo de, eu uso c v eu coço, eu raspo (as cordas
da lira) Ver quadro demostrativo de flexão nas p. 380. Nos verbos ßdrÅv - eu suo
, =igÅv - eu tremo, tenho frissão, a vogal temática longa -v absorve todas as vo
gais das desinências e o -i desinencial ou do optativo se subscreve ou se adscre
ve. Alguns temas verbais monossilábicos em -W / -eW, com a síncope do W em posiç
ão intervocálica, só fazem contrações entre vogais do mesmo timbre. Contudo, a m
aioria deles desenvolve uma forma paralela em que o W se vocaliza em -u- e forma
ditongo com a vogal do tema; d¡v eu amarro, eu prendo deWdeæ-v y¡v eu corro yeW
yeæ-v n¡v eu nado neWneæ-v pl¡v eu navego pleWpleæ-v pn¡v eu sopro pneWpneæ-v =¡
v eu fluo, escorro =eW=eæ-v x¡v eu verto, sirvo xeWxeæ-v d¡v eu careço, preciso
deWdeæ-v j¡v eu raspo, lixo, aliso jeWjeæ-v
36
Quando o -a temático é precedido de vogal ou -r- o alongamento se faz na vogal d
o mesmo timpre -a- e não em -h-.
mur05.p65
365
22/01/01, 11:37
366
a flexão verbal
Os verbos: kaWv > kaæv/k v / kaWjv > kaÛv - eu queimo klaWv > kl v /klaWjv > klaÛv -
eu choro por causa da síncope do W intervocálico no infectum, só fazem as contr
ações das vogais do mesmo timbre; nos temas dos outros aspectos (aoristo. futuro
e perfectum) vocalizam o W antes da consoante: kaÛv /kaæv kaæsv ¦kausa k¡kauka
klaÛv /klaæv klaæsomai ¦klausa k¡klauka O mesmo acontece com todos os verbos em
-eW-; constroem-se o aoristo (futuro) e perfeito sobre o tema com o W vocalizado
pl¡v pleæsv ¦pleusa p¡pleuka Podemos incluir aqui também os verbos denominativo
s formados com o sufixo eW / W sobre temas consonânticos: õdñw õdeWv > õdeæv eu
caminho paid paideWv > paideæv eu educo
Quadro de flexão dos verbos denominativos de tema em vogal e sufixo -jDaremos a
seguir o quadro geral DO INFECTUM dos verbos de tema em vogal e sufixo -j-.37 De
ve-se notar que as contrações das vogais temáticas depois da síncope do -j- inte
rvocálico com as duas vogais de ligação -e-/-o- são naturais: Tema em -a: a+o>v
-a+e>a Tema em -o: o + o > ou - o + e > ou / - o+ei > oi* Tema em -e: e + o > ou
- e + e > ei / - e +oi > oi*
37
Na verdade, não são verbos de tema em vogal, mas verbos de tema em soante (semiv
ogal -j-). Nas formas-base apresentadas já houve a síncope do -j-; é a forma fin
al. Um quadro demostrativo completo será apresentado a seguir. Ele é instrutivo,
porque se o lermos com atenção, veremos que cada forma tem um comportamento ind
ividual, dentro das normas fonéticas do jônico e do ático.
mur05.p65
366
22/01/01, 11:37
a flexão verbal
367
* De fato, a evolução dessa contração é a seguinte: -o + -e > ou + -i > oui > oi
-e + -o > ou + -i > oui > oi Vogal longa absorve vogal breve. No encontro de vo
gais a > e / e > a prevalece o timbre da vogal anterior e o resultado é a longa
correspondente h ou a longo.
VOZ ATIVA:
Indicativo presente
eu venço eu revelo eu amo fil¡-v > filÇ fil¡-eiw > fileÝw fil¡-ei > fileÝ S. nik -
v > nikÇ dhlñ-v > dhlÇ nik -eiw > nik w / nik iw dhlñ-eiw > dhloÝw nik -ei > nik / nik i d
lñ-ei > dhloÝ P. nik -o-men > nikÇmen nik -e-te > nik te nik -ousi > nikÇsi D. nik -e-ton
> nik ton nik -e-ton > nik ton
dhlñ-o-men > dhloèmen fil¡-o-men > filoèmen dhlñ-e-te > dhloète fil¡-e-te > file
Ýte dhlñ-ousi > dhloèsi fil¡-ousi > filoèsi dhlñ-e-ton > dhloèton fil¡-e-ton > f
ileÝton dhlñ-e-ton > dhloèton fil¡-e-ton > fileÝton
Subjuntivo
vença/vencer S. nik -v > nikÇ nik -úw > nik w nik -ú > nik revele/revelar ame/amar dhlñ-v
> dhlÇ fil¡-v > filÇ dhlñ-úw>dhloÝw / dhlÒw fil¡-úw > fil»w dhlñ-ú > dhloÝ / dh
lÒ fil¡-ú > fil» fil¡-v-men > filÇmen fil¡-h-te > fil°te fil¡-v-si > filÇsi fil¡
-h-ton > fil°ton fil¡-h-ton > fil°ton
P. nik -v-men > nikÇmen dhlñ-v-men > dhlÇmen nik -h-te > nik te dhlñ-h-te > dhlÇte nik -
v-si > nikÇsi dhlñ-v-si > dhlÇsi D. nik -h-ton > nik ton dhlñ-h-ton > dhlÇton nik -h-t
on > nik ton dhlñ-h-ton > dhlÇton
mur05.p65
367
22/01/01, 11:37
368
a flexão verbal
Optativo
venceria/vencesse S. nika-oÛh-n > nikÐhn nika-oÛh-w > nikÐhw nika-oÛh > nikÐh**
P. nik -oi-men > nikÒmen nik -oi-te > nikÒte nik -oi-en > nikÒen D. revelaria/revelass
e dhlo-oÛh-n > dhloÛhw/dhloÝw dhlo-oÛh > dhloÛh/dhloÝ** dhlñ-oi-men > dhloÝmen d
hlñ-oi-te > dhloÝte dhlñ-oi-en > dhloÝen amaria/amasse* file-oÛh-w > filoÛhw fil
e-oÛh > fileoÛh** fil¡-oi-men > filoÝmen fil¡-oi-te > filoÝte fil¡-oi-en > filoÝ
en fil¡-oi-ton > filoÝton file-oÛ-thn > filoÛthn dhlo-oÛh-n > dhloÛhn/dhloÝmi fi
le-oÛh-n > filoÛhn
nik -oi-ton > nikÒton dhlñ-oi-ton > dhloÝton nika-oÛ-thn > nikÐthn dhlo-oÛ-thn > d
hloÛthn
* Também: poderia/pudesse vencer, revelar, amar. ** As três pessoas do singular
têm variantes com o vocalismo zero do optativo: tim oimi > timÅimi / timÒmi - tim oi
w > timÇiw / timÇw / tim oi > timÇi / timÒ; dhlñoimi > dhloèimi > dhloÝmi - dhlñoi
w > dhloèiw > dhloÝw dhlñoi > dhloèi > dhloÝ; fil¡oimi > filoèimi > filoÝmi - fi
l¡oiw > filoèiw > filoÝw - fil¡oi > filoèi > filoÝ.
Imperativo
vence/vencei S. nÛka-e > nÛka nika-¡-tv > nik tv P. nik -e-te > nik te nika-ñ-ntvn > n
ikÅntvn D. nik -e-ton > nik ton nika-¡-tvn > nik tvn dhlñ-e-te > dhloète dhlo-ñ-ntvn >
dhloæntvn dhlñ-e-ton > dhloèton dhlo-¡-tvn > dhloætvn fil¡-e-te > fileÝte file-
ñ-ntvn > filoæntvn fil¡-e-ton > fileÝton file-¡-tvn > fileÛtvn d lo-e > d lou dh
lo-¡-tv > dhloætv fÛle-e > fÛlei file-¡-tv > fileÛtv revela/revelai ama/amai *
* Imperativo de 3a pessoa: ele vença, revele, ame eles vençam, revelem, amem
mur05.p65
368
22/01/01, 11:37
a flexão verbal
369
Particípio
vencendo, que vence tema Masc. Fem. Neut. nik -o-ntnik -vn > nikÇn nik -ousa > nikÇsa
nik -on > nikÇn revelando, que revela dhlñ-o-ntdhlñ-vn > dhlÇn dhlñ-ousa > dhloèsa
dhlñ-on > dhloèn amando, que ama fil¡-o-ntfil¡-vn > filÇn fil¡-ousa > filoèsa f
il¡-on > filoèn
Infinitivo
vencer, estar vencendo nik en > nik n revelar, estar revelando dhloæen > dhloèn amar
, estar amando fil¡en > fileÝn
Indicativo imperfeito
vencia, estava vencendo S. ¤-nÛka-o-n > ¤nÛkvn ¤-nÛka-e-w > ¤nÛkaw ¤-nÛka-e > ¤n
Ûka P. ¤-nik -e-te > ¤nik te ¤-nÛka-o-n > ¤nÛkvn D. ¤-nik -e-ton > ¤nik ton ¤-nika-¡-thn
> ¤nik thn revelava, estava revelando ¤-d lo-o-n > ¤d loun ¤-d lo-e-w > ¤d louw ¤
-d lo-e > ¤d lou ¤-dhlñ-e-te > ¤-dhloète ¤-d lo-o-n > ¤d loun amava, estava aman
do ¤-fÛle-o-n > ¤fÛloun ¤-fÛle-e-w > ¤fÛleiw ¤-fÛl-e > ¤fÛlei ¤-fil¡-o-men > ¤fi
loèmen ¤-fil¡-e-te > ¤fileÝte ¤-fÛle-o-n > ¤fÛloun
¤-nik -o-men > ¤nikÇmen ¤-dhlñ-o-men > ¤dhloèmen
¤-dhlñ-e-ton > ¤dhloèton ¤-fil¡-e-ton > ¤fileÝton ¤-dhlo-¡-thn > ¤dhloæthn ¤file
-¡-thn > ¤fileÛthn
mur05.p65
369
22/01/01, 11:37
370
a flexão verbal
peinÇ (pein v) eu tenho fome
Indicativo eu tenho fome S. Subjuntivo eu tenha. (se) tiver fome Optativo teria
fome, tivesse fome* Imperativo tem (tu) tende fome** peÛnh pein tv pein°te peinÅ
ntvn
peinÇ peinÇ peinÅimhn/peinÐmhn pein°iw/pein»w pein°iw/pein»w peinÅihw/peinÐhw pe
in°i/pein» pein°i/pein» peinÐih/peinÐh peinÇmen pein°te peinÇsi peinÇmen pein°te
peinÇsi pein°ton pein°ton peinÒmen peinÅite/peinÒte peinÅien/peinÒen
P.
D. pein°ton pein°ton
peinÅinton/peinÒnto pein°ton peinÅithn/peinÐthn pein tvn
* Também: poderia/pudesse ter fome. ** Imperativo de 3a pessoa: tenha ele/tenham
eles fome.
Imperfeito: S. ¤peÛnvn ¤peÛnhw ¤peÛnh
tinha fome P. ¤peinÇmen ¤pein°te ¤peÛnvn
estava tendo fome D. ¤pein°ton ¤pein thn
Particípio: que tem fome Tema Masc. pein ont- peinÇn-Çntow
Fem. peinÇsa-Åshw
Neut. penÇn-Çntow
Infinitivo: ter fome
pein°-en > pein°n
mur05.p65
370
22/01/01, 11:37
a flexão verbal
371
VOZ MÉDIA E PASSIVA:
Indicativo
Voz média: venço, revelo, amo para mim/estou vencendo, revelando, amando para mi
m. Voz passiva: sou/estou sendo vencido, revelado, amado.
S. nik -o-mai > nikÇmai nik -e-sai > nik nik -e-tai > nik tai P. nik -e-sye > nik sye nik
ai > nikÇntai D. nik -e-syon > nik syon nik -e-syon > nik syon dhlñ-o-mai > dhloèmai dhl
ñ-e-sai > dhlÒ dhlñ-e-tai > dhloètai dhlñ-e-sye > dhloèsye dhlñ-o-ntai > dhloènt
ai fil¡-o-mai > filoèmai fil¡-e-sai > fil» fil¡-e-tai > fileÝtai fil¡-e-sye > fi
leÝsye fil¡-o-ntai > filoèntai
nika-ñ-meya > nikÅmeya dhlo-ñ-meya > dhloæmeya file-ñ-meya > filoæmeya
dhlñ-e-syon > dhloèsyon fil¡-e-syon > fileÝsyon dhlñ-e-syon > dhloèsyon fil¡-e-s
yon > fileÝsyon
Subjuntivo
Voz média: vença, revele, ame, esteja vencendo, revelando, amando para mim. Voz
passiva: seja/esteja sendo vencido, revelado, amado.
S. nik -v-mai > nikÇmai nik -h-sai > tim nik -h-tai > tim tai P. nik -h-sye > nik sye D. n
-syon > nik syon nik -h-syon > nik syon dhlñ-v-mai > dhlÇmai dhlñ-h-sai > dhlÒ dhlñ-h-
tai > dhlÇtai dhlñ-h-sye > dhlÇsye fil¡-v-mai > filÇmai fil¡-h-sai > fil» fil¡-h
-tai > fil°tai fil¡-h-sye > fil°sye
nika-Å-meya > nikÅmeya dhlo-Å-meya > dhlÅmeya file-Å-meya>filÅmeya nik -v-ntai > n
ikÇntai dhlñ-v-ntai > dhlÇntai fil¡-v-ntai > filÇntai dhlñ-h-syon > dhlÇsyon fil
¡-h-syon > fil°syon dhlñ-h-syon > dhlÇsyon fil¡-h-syon > fil°syon
mur05.p65
371
22/01/01, 11:37
372
a flexão verbal
Optativo
Voz média: venceria/vencesse, revelaria/revelasse, amaria/amasse estaria/estives
se vencendo, revelando, amando para mim. Voz passiva: seria/fosse vencido, revel
ado, amado; poderia/pudesse ser (estar sendo) vencido, revelado, amado.
S. nika-oÛ-mhn > nikÐmhn nik -oi-so > nikÒ nik -oi-to > nikÒto nik -oi-sye > nikÒsye n
ik -oi-nto > nikÒnto dhlo-oÛ-mhn > dhloÛmhn dhlñ-oi-so > dhloÝo dhlñ-oi-to > dhloÝ
to dhlñ-oi-sye > dhloÝsye dhlñ-oi-nto > dhloÝnto file-oÛ-mhn > filoÛmhn fil¡-oi-
so > filoÝo fil¡-oi-to > filoÝto fil¡-oi-sye > filoÝsye fil¡-oi-nto > filoÝnto
P. nika-oÛ-meya > nikÐmeya dhlo-oÛ-meya > dhloÛmeya file-oÛ-meya > filoÛmeya
D. nik -oi-syon > nikÒsyon dhlñ-oi-syon > dhloÝsyon fil¡-oi-syon > filoÝsyon nika-
oÛ-syhn > nikÐsyhn dhlo-oÛ-syhn > dhloÛsyhn file-oÛ-syhn > filoÛsyhn
Imperativo
Voz média: vence, revela, ama para ti - vencei, revelai, amai para vós - vença,
revele, ame (ele)/(eles) - vençam, revelem, amem para si. Voz passiva: sê/sede v
encido(s), revelado(s), amado(s).
S. nik -e-so > nikÇ nika-¡-syv > nik syv P. nik -e-sye > nik sye D. nik -e-syon > nik syon
hlñ-e-sye > dhloèsye dhlñ-e-syon > dhloèsyon fil¡-e-sye > fileÝsye fil¡-e-syon >
fileÝsyon nika-¡-syvn > nik syvn dhlo-¡-syvn > dhloæsyvn file-¡-syvn > fileÛsyvn
nika-¡-syvn > nik syvn dhlo-¡-syvn > dhloæsyvn file-¡-syvn > filoæsyvn dhlñ-e-so >
dhloè dhlo-¡-syv > dhloæsyv fil¡-e-so > filoè file-¡-syv > fileÛsyv
mur05.p65
372
22/01/01, 11:37
a flexão verbal
373
Particípio
Voz média: vencendo, revelando, amando para si/que vence, revela, ama para si. V
oz passiva: sendo vencido, revelado, amado/que é (está sendo) vencido, revelado,
amado. Tema Masc. Fem. Neut. nika-ñ-menonikÅmenow nikvm¡nh nikÅmenon dhlo-ñ-men
odhloæmenow dhloum¡nh dhloæmenon file-ñ-menofiloæmenow filoum¡nh filoæmenon
Infinitivo
Voz média: vencer, revelar, amar/estar vencendo, revelando, amando para si. Voz
passiva: estar sendo/ser: vencido, revelado, amado.
nik -e-syai > nik syai dhlñ-e-syai > dhloèsyai fil¡-e-syai > fileÝsyai
Imperfeito
Voz média: estava vencendo, revelando, amando/vencia, revelava, amava para si. V
oz passiva: era / estava sendo vencido, revelado, amado.
S. ¤-nika-ñ-mhn > ¤nikÅmhn ¤-nik -e-so > ¤nikÇ ¤-nik -e-to > ¤nik to P. ¤-dhlo-ñ-mhn >
¤dhloæmhn ¤-dhlñ-e-so > ¤dhloè ¤-dhlñ-e-to > ¤dhloèto ¤-file-ñ-mhn > ¤filoæmhn
¤-fil¡-e-so > ¤filoè ¤-fil¡-e-to > ¤fileÝto
¤-nika-ñ-meya > ¤nikÅmeya ¤-dhlo-ñ-meya > ¤dhloæmeya ¤-file-ñ-meya > ¤filoæmeya
¤-nik -e-sye > ¤nik sye ¤-nik -o-nto > ¤nikÇnto ¤-dhlñ-e-sye > ¤dhloèsye ¤-dhlñ-o-nto
> ¤dhloènto ¤-dhlñ-e-syon > ¤dhloèsyon ¤-dhlo-¡-syhn > ¤dhloæsyhn ¤-fil¡-e-sye >
¤fileÝsye ¤-fil¡-o-nto > ¤filoènto ¤-fil¡-e-syon > ¤fileÝsyon ¤-file-¡-syhn > ¤
fileÛsyhn
D.
¤-nik -e-syon > ¤nik syon ¤-nika-¡-syhn > ¤nik syhn
mur05.p65
373
22/01/01, 11:37
374
a flexão verbal
xrÇmai (xr omai): eu uso, eu me sirvo de
Indicativo
Voz média: eu me sirvo, eu uso para mim. Voz média: eu me sirva, (se) eu me serv
ir. Voz média: eu me serviria, eu me servisse, poderia/pudesse servir-me. Voz mé
dia: serve-te, sirva-se, servi-vos, sirvam-se.
Indicativo xrÇmai xr°i / xr» xr°tai xrÅmeya xr°sye xrÇntai xr°syon xr°syon Subju
ntivo xrÇmai xr°i/xr» xr°tai xrÅmeya xr°sye xrÇntai xr°syon xr°syon Optativo xrv
Ûmhn/xrÐmhn xrÅio/xrÒo xrÅito/xrÒto xrvÛmeya/xrÐmeya xrÅisye/xrÒsye xrÅinto/xrÒn
to xrvÛsyhn/xrÐsyhn xrvÛsyhn/xrÐsyhn Imperativo xrÇ xr syv xr°sye xr syvn xr°syo
n xr syvn
Subjuntivo Optativo
Imperativo
S.
P.
D.
Particípio
Voz média: que se serve, que usa. Tema masc. fem. xrañmeno- xrÅmenow xrvm¡nh Voz
média: servir-se, usar. xr°syai Voz média: servia-se, usava. S. ¤xrÅmhn P. ¤xrÅ
meya ¤xrÇ ¤xr°sye ¤xr°to ¤xrÇnto
neut. xrÅmenon
Infinitivo
Imperfeito
D.
¤xr°syon ¤xr syhn
mur05.p65
374
22/01/01, 11:37
a flexão verbal
375
Quadro demostrativo da evolução fonética
Tema: nika-jIndicativo ativo presente
S. nik -j-v > nik -j-e-si > nik -j-e-ti > nik -j-o-men > nik -j-e-te > nik -j-o-nti > nik -
-ton > nik -j-e-ton > nik v > nik esi > nik eti > nik omen > nik ete > nik onti > nik eton
ton > nik si > nik esi > nik i+w > nik si > nikÇ nik iw /nik w nik i /nik nikÇmen nik te n
ik ton nik ton
P.
nikÇnti >
nikÇnsi >
D.
Subjuntivo ativo
S. nik -j-v > nik -j-h-si > nik -j-h-ti > nik v > nik hsi > nik hti > nik si > nik ti > nik
nik si > nikÇ nik iw/nik w nik i/nik nikÇmen nik te nikÇsi nik ton nik ton
P.
nik -j-v-men > nik vmen > nik -j-h-te > nik hte > nik te > nik -j-v-nti > nik vnti > nikÇnt
nik -j-h-ton > nik -j-h-ton > nik hton > nik hton >
nikÇnsi >
D.
mur05.p65
375
22/01/01, 11:37
376
a flexão verbal
Optativo ativo
S. nika-j-o-Ûh-n > nika-j-o-Ûh-w > nika-j-o-Ûh-(t) > nik -j-o-i-men > nik -j-o-i-te
> nik -j-o-i-e-n > nik -j-o-i-ton > nika-j-o-Û-thn > nikaoÛhn > nikaoÛhw > nikaoÛh >
nik oimen > nik oite > nik oien > nik oiton > nikaoÛthn > nikvÛhn/nikÐhn 38 nikÅihw/nik
Ðhw nikÅih/nikÐh nikÅimen/nikÒmen nikÅite/nikÒte nikÅien/nikÒen nikÅiton/nikÒton
nikÅithn/nikÐthn
P.
D.
Imperativo ativo
S. P. D. 2a 3a 2a 3a 2a 3a nÛka-j-e > nikaj-¡-tv > nik -j-e-te > nika-j-ñ-ntvn > n
ik -j-e-ton > nika-j-¡-tvn > nÛkae> nika¡tv > nik ete > nikañntvn > nik eton > nika¡tv
n > nÛka nik tv nik te nikÅntvn nik ton nik tvn
Particípio ativo
Tema Masc. Fem. nik -j-o-nt-> nik -j-o-nt-w > nik -j-o-nt-j-a > nik ont- > nik ont > nik on
ia > nik ont > nikÇnt > nik ousia > nik on > nik ousa > nikÇntnikÇn nikÇsa nikÇn
Neutro nik -j-o-nt >
38
Variantes: nik o-j-o-i-mi > nik oimi > nikÅimi/nikÒmi; nik -j-o-i-w > nik oiw > nikÅiw/n
ikÒw; nik -j-o-i-t > nik oi > nikÅi/nikÒ
mur05.p65
376
22/01/01, 11:37
a flexão verbal
377
Infinitivo ativo nik -j-en > Imperfeito ativo
S. ¤-nÛka-j-o-n > ¤-nÛka-j-e-w > ¤-nÛka-j-e-(t) > ¤-nik -o-men > ¤-nik -j-e-te > ¤-n
Ûka-j-o-n > ¤-nik -j-e-ton > ¤-nika-j-¡-thn > ¤nÛkaon > ¤nÛkaew > ¤nÛkae > ¤nik omen
> ¤nik ete > ¤nÛkaon > ¤nik eton > ¤nika¡thn > ¤nÛkvn ¤nÛkaw ¤nÛka ¤nikÇmen ¤nik te ¤
nÛkvn ¤nik ton ¤nik thn
nik en >
nik n
P.
D.
Indicativo presente médio / passivo
S. nik -j-o-mai > nik -j-e-sai > nik -j-e-tai > nik omai > nikÇmai nik esai > nik eai > nik
> nik iw / nik w nik etai > nik tai nikÅmeya nik sye nikÇntai nik syon nik syon
P.
nika-j-ñ-meya > nikañmeya > nik -j-e-sye > nik esye > nik -j-o-ntai > nik ontai >
D. nik -j-e-syon > nik syon > nik -j-e-syon > nik syon >
mur05.p65
377
22/01/01, 11:37
378
a flexão verbal
Subjuntivo médio / passivo
S. nik -j-v-mai > nik -j-h-sai > nik -j-h-tai > nika-j-Å-meya > nik -j-h-sye > nik -j-v-nt
ai > nik -j-h-syon > nik -j-h-syon > nik vmai > nik hsai > nik htai > nikaÅmeya > nik hsye
nik vntai > nik hsyon > nik hsyon > nik hai > nik hi > nikÇmai nik i/nik nik tai nikÅmeya
e nikÇntai nik syon nik syon
P.
D.
Optativo médio / passivo
S. nika-j-o-Û-mhn > nik -j-o-i-so > nik -j-o-i-to > nika-j-o-Û-meya > nik -j-o-i-sye >
nik -j-o-i-nto > nik -j-o-i-syon > nika-j-o-Û-syhn > nikaoÛmhn > nik oiso > nik oito >
nikaoÛmeya > nik oisye > nik ointo > nik oisyon > nikaoÛsyhn > nikvÛmhn/nikÐmhn nikÅio
/nikÒ nikÅito/nikÒto nikÅimeya/nikÐmeya nikÅisye/nikÒsye nikÅinto /nikÒnto nikÅi
syon/nikÒsyon nikÅisyhn/nikÐsyhn
P.
D.
Imperativo médio / passivo
S. P. D. 2a 3a 2a 3a 2a 3a nik -j-e-so > nika-j-¡-syv > nik -j-e-sye > nik -j-¡-syvn >
nik -j-e-syon > nika-j-¡-syvn > nik eso > nik eo > nika¡syv > nik esye > nika¡syvn > ni
k esyon > nika¡syvn > nik v > nikÇ nik syv nik sye nik syvn nik syon nik syvn
mur05.p65
378
22/01/01, 11:37
a flexão verbal
379
Particípio médio / passivo
Tema Masc. Fem. Neutro nika-j-ñ-meno- > nika-j-ñ-meno-w > nika-j-o-m¡nh > nika-j
-ñ-menon > nikañmeno- > nikañmenow > nikaom¡nh > nikañmenon > nikÅmenonikÅmenow
nikvm¡nh nikÅmenon
Infinitivo médio / passivo
nik -j-e-syai > nik esyai > nik syai
Imperfeito médio / passivo
S. ¤-nik -j-ñ-mhn > ¤-nik -j-e-so > ¤-nik -j-e-to > ¤-nika-j-ñ-meya > ¤-nik -j-e-sye > ¤
-nik -j-o-nto > ¤-nik -j-e-syon > ¤-nika-j-¡-syhn > ¤nikañmhn > ¤nik eso > ¤nik eto > ¤n
ikañmeya > ¤nik esye > ¤nik onto > ¤nik esyon > ¤nika¡syhn > ¤nik eo > ¤nikÅmhn ¤nik o > ¤
nÛkÇ ¤nik to ¤nikÅmeya ¤nik sye ¤nikÇnto ¤nik syon ¤nik syhn
P.
D.
mur05.p65
379
22/01/01, 11:37
380
a flexão verbal
Tema: peinaj- / peinhjIndicativo ativo presente
S. pein -j-v > pein -j-e-si > pein -j-e-ti > pein v > pein esi > pein eti > pein
¡v > pein ei > pein esi > pein°i +w > pein ei > peinÇ pein°iw/pein»w pein°i/pein
»
P.
pein -j-o-men > pein omen > peinÇmen pein -j-e-te > pein ete > pein°te pein -j-o
-nti > pein onti > peinÇnti > peinÇnsi > peinÇsi pein -j-e-ton > pein eton > pei
n -j-e-ton > pein eton > pein°ton pein°ton
D.
Subjuntivo ativo
S. pein -j-v > pein -j-h-si > pein -j-h-ti > pein -j-h-te > pein v > pein hsi >
pein hti > pein hte > pein¡v > pein¡hsi > pein°si > pein¡hti > pein°ti > pein et
e > peinÇ pein°i +w > pein°iw/ pein»w pein°si > pein°i/pein» peinÇmen pein°te pe
in°ton pein°ton
P. pein -j-v-men > pein vmen > pein¡vmen >
pein -j-v-nti > pein vnti > pein¡vnti > peinÇnti > peinÇnsi > peinÇsi D. pein -j
-h-ton > pein hton > pein¡hton > pein -j-h-ton > pein hton > pein¡hton >
mur05.p65
380
22/01/01, 11:37
a flexão verbal
381
Optativo ativo
S. peinh-j-o-Ûhn > peinh-j-o-Ûhw > peinh-j-o-Ûh > pein -j-o-i-men > pein -j-o-i-
te > pein -j-o-i-en > peinhoÛhn > peinhoÛhw > peinhoÛh > peinÅimhn/peinÐmhn pein
Åihw/peinÐhw peinÐih/peinÐh
P.
pein oimen > peinÅimen > peinÒmen pein oite > peinÅite/peinÒte pein oien > peinÅ
ien/peinÒen peinÅinton/peinÒnto peinÅithn/peinÐthn
D.
pein -j-o-i-ton > pein ointon > peinh-j-o-Û-thn > peinhoÛthn >
Imperativo ativo
S. P. 2a 3a 2a 3a peÛnh-j-e > peinh-j-¡-tv > pein -j-e-te > peinh-j-ñ-ntvn > pei
n -j-e-ton > peinh-j-¡-tvn > peÛnhe > peinh¡tv > pein ete > peinhñntvn > pein et
on > peinh¡tvn > peineÅntvn > peÛnh pein tv pein°te peinÅntvn pein°ton pein tvn
D. 2a 3a
Particípio ativo
Tema Masc. Fem. pein -j-ontpein -j-ont-w > peinh-j-ñ-ntja >peinhñntia > pein -on
tpein ontw >peinÇntw > pein°ont > peinÇntpeinÇn/Çntow peinÇn-Çntow
peinÅntia > peinÅnsia > peinÇsa-shw
Neutro pein -j-ont >
Infinitivo ativo
pein -j-en > pein°en > pein°n
mur05.p65
381
22/01/01, 11:37
382
a flexão verbal
Imperfeito ativo
S. ¤-peÛnh-j-o-n > ¤-peÛnh-j-e-w > ¤-peÛnh-j-e > ¤-pein -j-o-men > ¤-pein -j-e-t
e > ¤-pein -j-o-nto > ¤-pein -j-e-ton > ¤-peinh-j-¡-thn > ¤peÛnhon > ¤peÛnhew >
¤peÛnhe > ¤pein omen > ¤pein ete > ¤pein onto > ¤pein eton > ¤peinh¡thn > ¤peÛnv
n ¤peÛnhw ¤peÛnh ¤peinÇmen ¤pein°te ¤peinÇnto ¤pein°ton ¤pein thn
P.
D.
Tema: xraj- / xrhjIndicativo presente médio
S. xr -j-o-mai > xr -j-e-sai > xr -j-e-tai > xrh-j-ñ-meya > xr -j-e-sye > xr -j-
o-ntai > xr -j-e-syon > xr -j-e-syon > xr omai > xr esai > xr etai > xrhñmeya >
xr esye > xr ontai > xr esyon > xr esyon > xr eai > xrÇmai xr°i / xr» xr°tai xrÅ
meya xr°sye xrÇntai xr°syon xr°syon
P.
D.
mur05.p65
382
22/01/01, 11:37
a flexão verbal
383
Subjuntivo médio
S. xr -j-v-mai > xr -j-h-sai > xr -j-h-tai > P. xr -j-h-sye > D. xr -j-h-syon >
xr -j-h-syon > xr vmai > xr hsai > xr htai > xr hsye > xr hsyon > xr hsyon > xr¡
vmai > xr¡hsai > xr¡htai > xreÅmeya > xr¡hsye > xr¡vntai > xr¡hsyon > xr¡hsyon >
xr°sai > xr°ai > xrÇmai xr°i/xr» xr°tai xrÅmeya xr°sye xrÇntai xr°syon xr°syon
xrh-j-Å-meya > xrhÅmeya > xr -j-v-ntai > xr vntai >
Optativo médio
S. xrh-j-o-Û-mhn > xr -j-o-i-so > xr -j-o-i-to > P. xrh-j-o-Û-meya > xr -j-o-i-s
ye > xr -j-o-i-nto > D. xrh-j-o-Û-syhn > xrh-j-o-Û-syhn > xrhoÛmhn > xr oiso > x
r oito > xrhoÛmeya > xr oisye > xr ointo > xrhoÛsyhn > xrhoÛsyhn > xr oio > xrvÛ
mhn/xrÐmhn xrÅio/xrÒo xrÅito/xrÒto xrvÛmeya/xrÐmeya xrÅisye/xrÒsye xrÅinto/xrÒnt
o xrvÛsyhn/xrÐsyhn xrvÛsyhn/xrÐsyhn
Imperativo médio
S. P. D. 2a 3a 2a 3a 2a 3a xr -j-e-so > xrh-j-¡-syv > xr -j-e-sye > xrh-j-¡-syvn
> xr -j-e-syon > xrh-j-¡-syvn > xr eso > xrh¡syv > xr esye > xrh¡syvn > xr esyo
n > xrh¡syvn > xr°so > xr°o > xrÇ xr syv xr°sye xr syvn xr°syon xr syvn
mur05.p65
383
22/01/01, 11:37
384
a flexão verbal
Particípio médio
Tema Masc. Fem. Neutro xrh-j-ñ-meno > xrh-j-ñ-menow > xrh-j-o-m¡nh > xrh-j-ñ-men
on > xrhñmeno > xrhñmenow > xrhom¡nh > xrhñmenon > xrÅmenoxrÅmenow xrvm¡nh xrÅme
non
Infinitivo médio
xr -j-e-syai > xr esyai > xr°syai
Imperfeito médio
S. ¤-xrh-j-ñ-mhn > ¤-xr -j-e-so > ¤-xr -j-e-to > ¤-xrh-j-ñ-meya > ¤-xr -j-e-sye
> ¤-xr -j-o-nto > ¤-xr -j-e-syon > ¤-xrh-j-¡-syhn > ¤xrhñmhn > ¤xr eso > ¤xr eo
> ¤xr eto > ¤xrhñmeya > ¤xr esye > ¤xr onto > ¤xr esyon> ¤xrh¡syhn > ¤xr o > ¤xr
Åmhn ¤xrÇ ¤xr°to ¤xrÅmeya ¤xr°sye ¤xrÇnto ¤xr°syon ¤xr syhn
P.
D.
mur05.p65
384
22/01/01, 11:37
a flexão verbal
385
Tema: dhlo-j-
Indicativo ativo presente
S. dhlñ-j- v > dhlñ-j- esi > dhlñ-j- eti > P. dhlñ-j- ete > dhlñ-j- onti > D. dh
lñ-v > dhlñ-e-si > dhlñ-e-ti > dhlñ-e-te > dhlñ-o-nsi > dhloènsi > dhlñei > dhlñ
esi > dhloèi > dhlñei > dhloÝ+w> dhloèi > dhlÇ dhloÝw dhloÝ dhloèmen dhloète dhl
oèsi dhloèton dhloèton
dhlñ-j- omen > dhlñ-o-men >
dhlñ-j- eton > dhlñ-e-ton > dhlñ-j- eton > dhlñ-e-ton >
Subjuntivo ativo
S. dhlñ-j-v > dhlñ-j- hsi > dhlñ-j-hti > P. dhlñ-j- vmen > dhlñ-j- hte > dhlñ-j-
vnti > D. dhlñ-j- hton > dhlñ-j- hton > dhlñ-v > dhlñ-h-si > dhlñ-h-ti > dhlñ-v
-men > dhlñ-h-te > dhlñ-v-nti > dhlñ-h-ton > dhlñ-h-ton > dhlñvnsi > dhlñvsi > d
hlñhi > dhlñhsi > dhlñúi+w> dhlÇ dhlÅiw/dhlÒw dhlÇmen dhlÇte dhlÇsi dhlÇton dhlÇ
ton dhlñhi/dhlÅi dhlÅi/dhlÒ
mur05.p65
385
22/01/01, 11:37
386
a flexão verbal
Optativo ativo
S. dhlo-j- oÛhn > dhlo-j-oÛh-w > dhlo-j-oÛh(t) > dhlñ-j-oimen > dhlñ-j-oite > dh
lñ-j-oint > dhlñ-j- oiton > dhlo-j- oÛthn > dhlo-oÛ-hn > dhlo-oÛ-hw > dhlo-oÛ-h
> dhlñ-oi-men > dhlñ-oi-te > dhlñ-oi-n > dhlñ-oi-ton > dhlo-oÛ-thn > dhlouÛhn >
dhlouÛhw > dhlouÛh > dhloæimen > dhloæite > dhloæin > dhloæiton > dhloæithn > dh
loÛhn39 dhloÛhw dhloÛh dhloÝmen dhloÝte dhloÝen dhloÝton dhloÛthn
P.
D.
Imperativo ativo
S. P. D. 2a 3a 2a 3a 2a 3a d lo-j-e > dhlo-j-¡-tv > dhlñ-j-ete > dhlo-j-ñntvn >
dhlñ-j-eton > dhlñ-j-¡tvn > d lo-e > dhlo-¡-tv > dhlñ-e-te > dhlo-ñ-ntvn > dhlñ-
e-ton > dhlo-¡-tvn > d lou dhloætv dhloète dhloæntvn dhloèton dhloætvn
Particípio ativo
Tema Masc. Fem. dhlñ-j-o-nt-> dhlñ-j-o-nt- > dhlñont-> dhlñvnt > dhlñont > dhlñv
nt > dhloñnsia > dhlñon > dhlÇnt > dhloèntdhlÇn dhloèn dhloæsia > dhloèsa
dhlo-j-ñ-nt-j-a > dhloñntia >
Neutro dhlñ-j-o-nt >
39
Variantes: dhlñ-j-o-i-mi > dhlñoimi > dhloæimi > dhloÝmi;
dhlñ-j-o-i-w > dhlñoiw > dhloæiw > dhloÝw; dhlñ-j-o-i-t > dhlñoi > dhloæi > dhlo
Ý.
mur05.p65
386
22/01/01, 11:37
a flexão verbal
387
Infinitivo ativo dhlñ-j-en > dhlñen > dhloèn
Imperfeito ativo
S. ¤-d lo-j-o-n > ¤-d lo-j-e-w > ¤-d lo-j-e-(t) > ¤-dhlñ-j-o-men > ¤-dhlñ-j-e-te
> ¤-d lo-j-o-nt > ¤-dhlñ-j-e-ton > ¤-dhlo-j- ¡-thn > ¤-d loo-n > ¤-d loe-w > ¤-
d loe > ¤-dhlño-men > ¤-dhlñe-te > ¤-d loo-n > ¤-dhlñe-ton > ¤-dhlo¡-thn > ¤d lo
un ¤d louw ¤d lou ¤dhloèmen ¤-dhloète ¤d loun ¤dhloèton ¤dhloæthn
P.
D.
Indicativo presente médio / passivo
S. dhlñ-j-o-mai > dhlñ-j-e-sai > dhlñ-j-e-tai > dhlo-j-ñ-meya > dhlñ-j-e-sye > d
hlñ-j-o-ntai > dhlñ-j-e-syon > dhlñ-j-e-syon > dhlñ-o-mai > dhlñ-e-sai > dhlñ-e-
tai > dhlo-ñ-meya > dhlñ-e-sye > dhlñ-o-ntai > dhlñ-e-syon > dhlñ-e-syon > dhlñe
ai > dhloèai > dhloèmai dhlÒ dhloètai dhloæmeya dhloèsye dhloèntai dhloèsyon dhl
oèsyon
P.
D.
mur05.p65
387
22/01/01, 11:37
388
a flexão verbal
Subjuntivo médio / passivo
S. dhlñ-j-v-mai > dhlñ-j-h-sai > dhlñ-j-h-tai > P. dhlo-j-Å-meya > dhlñ-j-h-sye
> dhlñ-j-v-ntai > D. dhlñ-j-h-syon > dhlñ-j-h-syon > dhlñ-v-mai > dhlñ-h-sai > d
hlñ-h-tai > dhlo-Å-meya > dhlñ-h-sye > dhlñ-v-ntai > dhlñ-h-syon > dhlñ-h-syon >
dhlñhai > dhlñhi > dhlÇmai dhlÒ/dhlÇi dhlÇtai dhlÅmeya dhlÇsye dhlÇntai dhlÇsyo
n dhlÇsyon
Optativo médio / passivo
S. dhl0-j-o-Û-mhn > dhlñ-j-o-i-so > dhlñ-j-o-i-to > P. dhlo-j-o-Û-meya > dhlñ-j-
o-i-sye > dhlñ-j-o-i-nto > D. dhlñ-j-o-i-syon > dhlo-j-o-Û-syhn > dhlo-oÛ-mhn >
dhlñ-oi-so > dhlñ-oi-to > dhlo-oÛ-meya > dhlñ-oi-sye > dhlñ-oi-nto > dhlñ-oi-syo
n > dhlo-oÛ-syhn > dhlouÛmhn > dhlñoio > dhloæito > dhlouÛmeya > dhloæisye > dhl
oæinto > dhloæisyon > dhlouÛsyhn > dhloæio > dhloÛmhn dhloÝo dhloÝto dhloÛmeya d
hloÝsye dhloÝnto dhloÝsyon dhloÛsyhn
Imperativo médio / passivo
S. P. D. 2a 3a 2a 3a 2a 3a dhlñ-j-e-so > dhlo-j-¡-syv > dhlñ-j-e-sye > dhlo-j-¡-
syvn > dhlñ-j-e-syon > dhlo-j-¡-syvn > dhlñ-e-so > dhlo-¡-syv > dhlñ-e-sye > dhl
o-¡-syvn > dhlñ-e-syon > dhlo-¡-syvn > dhlñeo > dhloèo > dhloè dhloæsyv dhloèsye
dhloæsyvn dhloèsyon dhloæsyvn
mur05.p65
388
22/01/01, 11:37
a flexão verbal
389
Particípio médio / passivo Tema Masc. Fem. Neutro dhlo-j-ñ-meno- > dhlo-j-ñ-meno
-w > dhlo-j-o-m¡nh > dhlo-j-ñ-meno-n > dhlo-ñ-meno- > dhlo-ñ-menow > dhlo-o-m¡nh
> dhlo-ñ-menon > dhloæmenodhloæmenow dhloum¡nh dhloæmenon
Infinitivo médio / passivo dhlñ-j-e-syai > dhlñ-e-syai > dhloèsyai
Imperfeito médio / passivo
S. ¤-dhlo-j-ñ-mhn > ¤-dhlñ-j-e-so > ¤-dhlñ-j-e-to > P. ¤-dhlo-j-ñ-meya > ¤-dhlñ-
j-e-sye > ¤-dhlñ-j-o-nto > D. ¤-dhlñ-j-e-syon > ¤-dhlo-j-¡-syhn > ¤-dhlo-ñ-mhn >
¤-dhlñ-e-so > ¤-dhlñ-e-to > ¤-dhlo-ñ-meya > ¤-dhlñ-e-sye > ¤-dhlñ-o-nto > ¤-dhl
ñ-e-syon > ¤-dhlo-¡-syhn > ¤-dhlñeo > ¤-dhloèo > ¤dhloæmhn ¤dhloè ¤dhloèto ¤dhlo
æmeya ¤dhloèsye ¤dhloènto ¤dhloèsyon ¤dhloæsyhn
mur05.p65
389
22/01/01, 11:37
390
a flexão verbal
Tema: file-jIndicativo presente ativo
S. fil¡-j-v > fil¡-j-e-si > fil¡-j-e-ti > fil¡-j-o-men > fil¡-j-e-te > fil¡-j-o-
nti > fil¡-j-e-ton > fil¡-j-e-ton > fil¡-v > fil¡-e-si > fil¡-e-ti > fil¡-o-men
> fil¡-e-te > fil¡-o-nti > fil¡-e-ton > fil¡-e-ton > fil¡ei > fil¡esi > fileÝ+w
> fil¡ei > filÇ fileÝw fileÝ filoèmen fileÝte filoèsi fileÝton fileÝton
P.
fil¡onsi >
filoènsi >
D.
Subjuntivo ativo
S. fil¡-j-v > fil¡-j-h-si > fil¡-j-h-ti > fil¡-j-v-men > fil¡-j-h-te > fil¡-j-v-
nti > fil¡-j-h-ton > fil¡-j-h-ton > fil¡-v > fil¡-h-si > fil¡-h-ti > fil°si > fi
l°si > fil°i+w> filÇ fil»w/fil°iw fil»/fil°i filÇmen fil°te filÇsi fil°ton fil°t
on
P.
fil¡-v-men > fil¡-h-te > fil¡-v-nti > fil¡vnsi > filÇnsi > fil¡-h-ton > fil¡-h-t
on >
D.
mur05.p65
390
22/01/01, 11:37
a flexão verbal
391
Optativo ativo
S. file-j-o-Ûh-n > file-j-o-Ûh-w > file-j-o-Ûh-(t) > fil¡-j-o-i-men > fil¡-j-o-i
-te > fil¡-j-o-i-nt > fil¡-j-o-i-ton > file-j-o-Û-thn > file-oÛh-n > file-oÛh-w
> file-oÛh > fil¡-oi-men > fil¡-oi-te > fil¡-oi-en > fil¡-oi-ton > file-oÛ-thn >
filouÛhn > filouÛhw > filouÛh > filouÝmen > filouÝte > filouÝen > filouÝton > f
ilouÛthn > filoÛhn40 filoÛhw filoÛh filoÝmen filoÝte filoÝen filoÝton filoÛthn
P.
D.
Imperativo ativo
S. P. D. 2a 3a 2a 3a 2a 3a fÛle-j-e > file-j-¡-tv > fil¡-j-e-te > file-j-ñ-ntvn
> fil¡-j-e-ton > file-j-¡-tvn > fÛle-e > file-¡-tv > fil¡-e-te > file-ñ-ntvn > f
il¡-e-ton > file-¡-tvn > fÛlei fileÛtv fileÝte filoæntvn fileÝton fileÛtvn
Particípio ativo
Tema Masc. Fem. Neutro fil¡-j-o-nt-> fil¡-j-o-nt- > file-j-ñ-nt-j-a > fil¡-j-o-n
t > fil¡-o-nt-> fil¡-v-nt > fileñntia > fil¡-o-nt > filoèntfil¡vnt > filÇnt > fi
lÇn fileñnsia > fileñnsa > filoèsa filoènt > filoèn
40
Variantes: fil¡-j-o-i-mi > fil¡oimi > filoæi-mi > filoÝmi; fil¡-j-o-i-w > fil¡oi
w > filoèiw > filoÝw; fil¡-j-o-i-t> fil¡oi > filoèi > filoÝ
mur05.p65
391
22/01/01, 11:38
392
a flexão verbal
Infinitivo ativo fil¡-j-en > Imperfeito ativo
S. ¤-fÛle-j-o-n > ¤-fÛle-j-e-w > ¤-fÛle-j-e (t) > ¤-fil¡-j-o-men > ¤-fil¡-j-e-te
> ¤-fÛle-j-o-nt > ¤-fil¡-j-e-ton > ¤-file-j-¡-thn > ¤-fÛle-o-n > ¤-fÛle-e-w > ¤
-fÛle e > ¤-fil¡-o-men > ¤-fil¡-e-te > ¤-fÛle-o-n > ¤-fil¡-e-ton > ¤file-¡-thn >
¤fÛloun ¤fÛleiw ¤fÛlei ¤filoèmen ¤fileÝte ¤fÛloun ¤fileÝton ¤fileÛthn
fil¡-en >
fileÝn
P.
D.
Indicativo médio / passivo presente
S. fil¡-j-o-mai > fil¡-j-e-sai > fil¡-j-e-tai > file-j-ñ-meya > fil¡-j-e-sye > f
il¡-j-o-ntai > fil¡-j-e-syon > fil¡-j-e-syon > fil¡-o-mai > fil¡-e-sai > fil¡-e-
tai > file-ñ-meya > fil¡-e-sye > fil¡-o-ntai > fil¡-e-syon > fil¡-e-syon > fil¡e
ai > fil¡hi > filoèmai fil»/fil°i fileÝtai filoæmeya fileÝsye filoèntai fileÝsyo
n fileÝsyon
P.
D.
mur05.p65
392
22/01/01, 11:38
a flexão verbal
393
Subjuntivo médio / passivo
S. fil¡-j-v-mai > fil¡-j-h-sai > fil¡-j-h-tai > fil¡-v-mai > fil¡-h-sai > fil¡-h
-tai > fil¡hai > fil¡hi > filÇmai fil»/fil°i fil°tai filÅmeya fil°sye filÇntai f
il°syon fil°syon
P.
file-j-Å-meya > file-Å-meya > fil¡-j-h-sye > fil¡-h-sye > fil¡-j-v-ntai > fil¡-v
-ntai > fil¡-j-h-syon > fil¡-j-h-syon > fil¡-h-syon > fil¡-h-syon >
D.
Optativo médio / passivo
S. file-j- o-Û-mhn > fil¡-j-o-i-so > fil¡-j-o-i-to > file-j-o-Û-meya > fil¡-j-o-
i-sye > fil¡-j-o-i-nto > fil¡-j-o-i-syon > file-j-o-Û-syhn > file-oÛ-mhn > fil¡-
oi-so > fil¡-oi-to > file-oÛ-meya > fil¡-oi-sye > fil¡-oi-nto > fil¡-oi-syon > f
ile-oÛ-syhn > filouÛmhn > filoæio > filoæito > filouÛmeya > filoæisye > filoæint
o > filoæisyon > filouÛsyhn > filoÛmhn filoÝo filoÝto filoÛmeya filoÝsye filoÝnt
o filoÝsyon filoÛsyhn
P.
D.
Imperativo médio / passivo
S. P. D. 2a 3a 2a 3a 2a 3a fil¡-j-e-so > file-j-¡-syv > fil¡-e-so > fil¡eo > fil
e-¡-syv > fil¡ou > filoè fileÛsyv fileÝsye fileÛsyvn fileÝsyon fileÛsyvn
fil¡-j-e-sye > fil¡-e-sye > file-j-¡-syvn > file-¡-syvn > fil¡-j-e-syon > fil¡-e
-syon > file-j-¡-syvn > file-¡-syvn >
mur05.p65
393
22/01/01, 11:38
394
a flexão verbal
Particípio médio / passivo Tema Masc. Fem. Neutro file-j-ñ-meno- > file-j-ñ-meno
w > file-j-o-m¡nh > file-j-ñ-menon> file-ñ-meno- > file-ñ-menow > file-o-m¡nh >
file-ñ-menon > filoæmenofiloæmenow filoum¡nh filoæmenon
Infinitivo médio / passivo fil¡-j-e-syai > Imperfeito médio / passivo
S. ¤-file-j-ñ-mhn > ¤-fil¡-j-e-so > ¤-fil¡-j-e-to > ¤-file-ñ-mhn > ¤-fil¡-e-so >
¤-fil¡eo > ¤-fil¡-e-to > ¤filoæmhn ¤fil¡ou > ¤filoè ¤fileÝto ¤filoæmeya ¤fileÝs
ye ¤filoènto ¤fileÝsyon ¤fileÛsyhn
fil¡-e-syai >
fileÝsyai
P.
¤-file-j-ñ-meya > ¤-file-ñ-meya > ¤-fil¡-j-e-sye > ¤-fil¡-e-sye > ¤-fil¡-j-onto
> ¤-fil¡-o-nto >
D. ¤-fil¡-j-e-syon > ¤-fil¡-e-syon > ¤-file-j-¡-syhn > ¤-file-¡-syhn >
mur05.p65
394
22/01/01, 11:38
a flexão verbal
395
Quadro de flexão de verbos em -mi com sufixo nu/nnu
T. deik-nu - deÛk-nu-mi - eu mostro VOZ ATIVA Infectum:
Indicativo mostro S. deÛk-nu-mi deÛk-nu-w *** deÛk-nu-si *** P. deÛk-nu-men deÛk
-nu-te deÛk-nu-nti>-næasi*** D. deÛk-nu-ton deÛk-nu-ton Subjuntivo mostre/ mostr
ar deik-næ-v deik-næ-úw deik-næ-ú deik-næ-vmen deik-næ-hte deik-næ-vsi deik-næ-h
ton deik-næ-hton Optativo mostraria/ mostrasse** deik-næ-oi-mi deik-næ-oi-w deik
-næ-oi deik-næ-oi-men deik-næ-oi-te deik-næ-oi-e-n deik-næ-oiton deik-nu-oÛ-thn
deÛk-nu-te deik-næ-ntvn/-tvsan deÛk-nu-ton deik-næ-tvn deÛk-nu deik-næ-tv Impera
tivo mostra/mostrai*
* Imperativo de 3 a pessoa: ele mostre/eles mostrem. ** Também: poderia/pudesse
mostrar. *** Ver flexão de tÛyhmi, p. 341. Nota: O subjuntivo e o optativo são c
omo os verbos de tema em -u-.
Imperfeito: S. ¤-deÛk-nu-n* ¤-deÛk-nu-w ¤-deÛk-nu
mostrava P. ¤-deÛk-nu-men ¥-deÛk-nu-te ¤-deÛk-nu-san
estava mostrando D. ¤-deÛk-nu-ton ¤-deik-næ-thn
* O sufixo -nu- dispensa vogal de ligação diante das desinências consonânticas.
mur05.p65
395
22/01/01, 11:38
396
a flexão verbal
Particípio: mostrando / que mostra
Tema
deik-nu-nt-
Masc.
deiknæw - deiknæntow
Fem.
deiknèsa - deiknæshw
Neut.
deiknæn- deiknæntow
Infinitivo: mostrar/estar mostrando deik-næ-nai
VOZ MÉDIA E PASSIVA
Indicativo Subjuntivo
m. mostre, se mostrar para mim; p. seja, for mostrado
m. mostro para mim; p. sou mostrado
Optativo
m. mostraria, mostrasse para mim; p. seria, fosse mostrado* deik-nu-oÛ-mhn
Imperativo
m. mostra/mostrai para ti/vós; mostre/mostrem para si; sê mostrado(s) sejam most
rados
S.
deÛk-nu-mai deÛk-nu-sai deÛk-nu-tai
deik-næ-v-mai deik-næ-h-tai deik-næ-h-sye
deik-næ-h-sai > hai >ú deik-næ-oi-so > oio deÛk-nu-so deiknæ-oi-to deik-nu-oÛ-me
ya deik-næ-oi-sye deik-næ-oi-nto deik-næ-oi-syon deik-nu-oÛ-syhn deÛk-nu-sye dei
k-næ-syvn/syvsan deÛk-nu-syon deik-næ-syvn deik-næ-syv
P.
deik-næ-meya deik-nu-Å-meya deÛk-nu-sye deÛk-nu-ntai deik-næ-vntai
D. deÛk-nu-syon deik-næ-h-syon deÛk-nu-syon deik-næ-h-syon
* Também: poderia/pudesse mostrar e poderia/pudesse ser mostrado.
mur05.p65
396
22/01/01, 11:38
a flexão verbal
397
Imperfeito: eu mostrava, estava mostrando para mim/ eu era mostrado.
S. ¤-deik-næ-mhn* ¤-deÛk-nu-so ¤-deÛk-nu-to P. ¤-deik-næ-meya ¥-deÛk-nu-sye ¤-de
Ûk-nu-nto D. ¤-deÛk-nu-syon ¤-deik-næ-syhn
* O sufixo -nu- dispensa vogal de ligação diante das desinências consonânticas.
Particípio: mostrando para si/ que é, está sendo mostrado
Tema deik-næ-menoMasc. deiknæ-menow Fem. deiknum¡nh Neut. deiknæ-menon
Infinitivo: mostrar para si/estar estar sendo mostrado deÛk-nu-syai
AORISTO ATIVO
Indicativo mostro/mostrei S. ¦-deija ¦-deija-w ¦-deij-e P. ¤-deÛja-men ¤-deÛja-t
e ¦-deija-n D. ¤-deij -thn /jaton ¤-deij -thn Subjuntivo deÛj-v deÛj-ú-w deÛj-ú deÛj
-v-men deÛj-h-te deÛj-v-si deÛj-h-ton deÛj-h-ton Optativo deÛja-i-mi deÛja-i-w (
seiaw) deÛja-i (seien) deÛja-i-men deÛja-i-te deÛja-i-en (jeian) deija-Û-thn/-to
n) deija-Û-thn deÛja-te lu-s -ntvn deÛja-ton deij -tvn deÝj-son deij -tv Imperativo mo
stre/se mostrar mostraria/ mostrasse** mostra, mostrai***
* O subjuntivo se constrói sobre o tema verbal+característica -s- do aoristo + c
aracterísticas do subjuntivo v, h, h, v, h, v + desinências primárias ativas. (V
er o quadro demostrativo na página seguinte.) ** Também: poderia/pudesse mostrar
. *** Imperativo de 3a pessoa: (ele) mostre / (eles) mostrem.
mur05.p65
397
22/01/01, 11:38
398
a flexão verbal
Quadro demostrativo do subjuntivo
S. deÛj-v > deÛj-h-si > deÛj-h-ti > deÛj-v-men > deÛj-h-te > deÛj-v-nti > deÛj-h
-ton > deÛj-h-ton > deÛjv deÛjhi/jú > deÛjú/deÛjhi deÛjvmen deÛjhte deÛjvsi deÛj
hton deÛjhton
deÛjhsi > deÛjhsi >
deÛjúw/deÛjhiw
P.
deÛjvnsi >
D.
Particípio: tendo mostrado
Tema deÛja-ntMasc. Fem. Neutro deÛja-nt-w > deÛja-nt-j-a > deÛja-nt > deÛjaw - d
eÛjant-ow deÛjasa - deij s-hw deÝjan - deÛj-ant-ow
Infinitivo:
mostrar:
deÝj-ai
mur05.p65
398
22/01/01, 11:38
a flexão verbal
399
AORISTO MÉDIO
Indicativo
mostro/mostrei para mim S. ¤-deij -mhn ¤-deÛja-so > sao > sv ¤-deÛja-to P. ¤-deij -m
eya ¤-deÛja-sye ¤-deÛja-nto D. ¤-deÛja-syon ¤-deij -syhn mostre/se mostrar para mi
m deÛj-v-mai* deÛj-h-sai >sú** deÛj-h-tai deij-Å-meya deÛj-h-sye deÛj-v-ntai deÛ
j-h-syon deÛj-h-syon
Subjuntivo
Optativo
mostraria/ mostra para ti / mostrasse para mim** mostrai para vós**** deija-Û-mh
n deÝj-ai deij- -syv deÛj-a-sye deij- -syvn deÛj-a-syon deij- -syvn
Imperativo
deÛja-i-so > saio deÛja-i-to deija-Û-meya deÛja-i-sye deÛja-i-nto deÛja-i-syon d
eija-Û-syhn
* O subjuntivo aoristo médio se constrói sobre o tema verbal + característica do
subjuntivo v, h, h, v, h, v, + desinências primárias médias. ** A 2a pessoa do
singular é: deÛj-h-sai> deÛjhai> deÛjhi> deÛjú. *** Também: poderia/pudesse most
rar para mim. **** Imperativo de 3a pessoa:(ele/eles) mostre/mostrem para si.
Particípio: tendo mostrado para mim
Tema deij -menoMasc. deij -menow-ou Fem. deija-m¡nh-hw Neutro deij -menon-ou
Infinitivo:
deÛja-syai
mostrar para si
mur05.p65
399
22/01/01, 11:38
400
a flexão verbal
FUTURO ATIVO
Tema: deik-s
Indicativo mostrarei* S. deÛjv deÛj-eiw deÛj-ei deÛj-o-men deÛj-e-te deÛj-ousi d
eÛj-e-ton deÛj-e-ton Optativo poderia/pudesse haver de mostrar deÛj-oi-mi deÛj-o
i-w deÛj-oi deÛj-oi-men deÛj-oi-te deÛj-oi-en deÛj-oÛ-thn deÛj-oÛ-thn
P.
D.
* Também: hei de mostrar
Particípio: havendo de mostrar, que há de mostrar, que mostrará
Tema deÛj-o-nt Masc. deÛj-vn,ontow Fem. deÛj-ousa,shw Neutro deÝj-on,ontow
Infinitivo:
deÛj-ein
haver de mostrar
mur05.p65
400
22/01/01, 11:38
a flexão verbal
401
FUTURO MÉDIO
Indicativo mostrarei / hei de mostrar para mim S. deÛjo-mai deÛj-e-sai> ú deÛj-e
-tai P. deij-ñ-meya deÛj-e-sye deÛj-o-ntai D. deÛj-e-syon deÛj-e-syon Optativo p
oderia / pudesse haver de mostrar para mim deij-oÛ-mhn deij-oi-so > soio deÛj-oi
-to deij-oÛ-meya deÛj-oi-sye deÛj-oi-nto deÛj-oi-syon deij-oÛ-syhn
Particípio: havendo de mostrar para si, que há de mostrar /que mostrará para si
Tema deij-ñ-menoMasc. deij-ñ-menow Fem. deij-o-m¡nh Neutro deij-ñ-menon
Infinitivo:
deÛj-e-syai
haver de mostrar para si
mur05.p65
401
22/01/01, 11:38
402
a flexão verbal
AORISTO PASSIVO
Indicativo fui/sou mostrado S ¤-deÛx-yh-n ¤-deÛx-yh-w ¤-deÛx-yh P ¤-deÛx-yh-men
¤-deÛx-yh-te ¤-deÛx-yh-san D ¤-deÛx-yh-ton ¤-deÛx-y -thn Subjuntivo seja/for mos
trado deix-yÇ**** deix-y»/-y°i deix-yÇ-men deix-y°-te deix-yÇ-si deix-y°-ton dei
x-y -tvn Optativo seria/fosse mostrado* deix-ye-Ûh-n deÛx-yh-ti deix-y -tv deÛx-
yh-te deix -y¡-ntvn deÛx-yh-ton deix-y -tvn deix-ye-Ûh deix-ye-Ûh-men (-yeÝmen)*
** deix-ye-Ûh-te (-yeÝte) deix-ye-Ûh-san (-yeÝen) deix-ye-Ûh-ton (-yeÝton) deix-
ye-i -thn (-yeÛthn) Imperativo sê/sede mostrado**
deix-y»-w/-y°iw deix-ye-Ûh-w
* Também: poderia/pudesse ser mostrado. ** Imperativo de 3a pessoa: (ele) seja m
ostrado, (eles) sejam mostrados. *** As formas sincopadas, reduzidas são as mais
usadas. Lei do menor esforço. **** O subjuntivo é construído sobre o tema verba
l + característica do passivo -yh- + característica do subjuntivo v, h, h, v, h,
v e desinências primárias ativas. Na seqüência de duas vogais longas a anterior
se abrevia, e aqui há a absorção da breve pela longa (contração), o que explica
as formas perispômenas e properispômenas.
Particípio: tendo sido mostrado, que foi mostrado
Tema deix-y¡ntMasc. deix-yeÛw-y¡ntow Fem. deix-yeÝsa-yeÛshw Neutro deix-y¡n-y¡nt
ow
Infinitivo: deix-y°nai ser mostrado
mur05.p65
402
22/01/01, 11:38
a flexão verbal
403
FUTURO PASSIVO
Indicativo serei mostrado S deix-y -s-o-mai deix-y -s-e-sai > sú/-ei deix-y -s-e
-tai deix-yh-s-ñ-meya deix-y -s-e-sye deix-y -s-o-ntai deix-y -s-e-syon deix-y -
s-e-syon Optativo pudesse/poderia haver de ser mostrado deix-yh-s-oÛ-mhn deix-y
-s-oi-so> soio deix-y -s-oi-to deix-yh-s-oÛ-meya deix-y -s-oi-sye deix-y -s-oi-n
to deix-yh-s-0Û-syhn deix-yh-s-oÛ-syhn
P
D
Particípio: havendo de ser mostrado, que será mostrado
Tema deix-yh-s-ñ-menoMasc. deix-yh-s-ñ-menow Fem. deix-yh-s-o-m¡nh Neutro deix-y
h-s-ñ-menon
Infinitivo: deix-y -s-e-syai haver de ser mostrado
Outros verbos cuja conjugação é análoga à de deÛknumi. Todos os verbos que receb
em um sufixo -nu-/nnu/nh seguem esse modelo no sistema do infectum; no aoristo/f
uturo e no perfectum eles também não têm mais esse sufixo. Contudo, a maioria do
s verbos de sufixo -nu-/nnu desenvolveram uma outra flexão em -v por ser mais fá
cil. Ver página 329, nota 14. Podemos incluir aqui dois verbos (e seus compostos
) que só têm a conjugação do infectum (inacabado): eä-mi eu vou, estou indo T. e
i-/ i- (lat. i-re) eÞ-mi < ¤s-mi eu sou T. ¤s-/s- (lat. esse)
mur05.p65
403
22/01/01, 11:38
404
a flexão verbal
eä-mi - eu vou, estou indo - T. ei / i
Presente
Indicativo vou S. eä-mi eä-si >eäi > eä eä-ti > eä-si à-men *** à-te à-nti > àat
i > àasi à-ton à-ton Subjuntivo vá à-v à-ú-w à-ú à-v-men à-h-te à-v-si à-h-ton à
-h-ton Optativo iria/fosse* à-oi-mi / Þ-oÛ-hn à-oi-w / Þ-oÛ-hw à-oi / Þ-oÛ-h à-o
i-men à-oi-te à-oi-e-n à-oi-ton Þ-oÛ-thn Imperativo vai/ide/vade à-yi à-tv** à-t
e Þ-ñ-ntvn / àtvsan à-ton à-tvn
P.
D.
* Também: poderia/pudesse ir. ** Imperativo de 3a pessoa: vá ele/ vão eles. ***
Alternância longa no singular/breve no plural do tema no indicativo ativo, como
em fhmi - famen.
Particípio: indo Tema Þ-o-ntMasc. Þ-Ån - Þ-ñ-nt-ow Fem. Neut. Þ-oèsa- Þoæshw Þ-ñ
n - Þ-ñ-nt-ow
Infinitivo:
ir
Þ-¡-nai
Adjetivo verbal:
í-vel/que pode ir que deve ir
Þ-tñw, ,ñn Þ-t¡ow,a,on / Þ-tht¡on
mur05.p65
404
22/01/01, 11:38
a flexão verbal
405
Imperfeito: ia/estava indo
S. ¾-ein Âa ¾-eiw ¾-ei-sya ¾-ei ¾-ein P. ¾-ei-men Â-men ¾-ei-te Â-te ¾-e-san Â-s
an D. ¾-ei-ton Â-ton ±-eÛ-thn ¾-thn
As gramáticas afirmam que este verbo se emprega no presente com significado futu
ro. É um problema semântico. Em português nem sempre eu vou significa estou indo . É
uma questão conotativa; o contexto resolve o problema. Ainda os dois verbos segu
intes, de temas monossilábicos sem redobro no infectum:
fh-mÛ ±-mi eu digo, eu me manifesto eu digo T. fa- / fh- (lat. fa-ri) T. ±- (lat
. aio)
fh-mi - eu digo, eu me manifesto. T. fh-/fa-
Presente
Indicativo digo S. fh-mÛ fhsÛ > fhÛ > f»w fh-tÛ > fhsÛ fa-m¡n*** fa-t¡ fa-sÛ fa-
tñn fa-tñn Subjuntivo diga fÇ f»-w f» fÇ-men f°-te fÇ-si f°-ton f°-ton Optativo
diria/dissesse* fa-Ûh-n fa-Ûh-w fa-Ûh fa-Ý-men fa-Ý-te fa-Ý-e-n fa-Ûh-ton fa-i -
thn Imperativo dize/dizei* f -yi f -tv f -te f -ntvn/f tvsan f -ton f -tvn
P.
D.
* Também: poderia/pudesse dizer. ** Imperativo de 3 a pessoa: diga ele / digam e
les. *** Alternância longa no singular/breve no plural do tema no indicativo ati
vo.
mur05.p65
405
22/01/01, 11:38
406
a flexão verbal
Nota: Excetuando-se a 2a pessoa do singular, todas as outras formas (dissilábica
s) do indicativo são enclíticas. (Os enclíticos dissilábicos, quando acentuados,
são oxítonos.)
Particípio: dizendo/que diz
Tema fantf skontMasc. f w - f -nt-ow* f skvn Fem. f sa-f shw f skousa Neut. f n-f nt-ow f s
* Essa forma não é usada; usa-se a forma do incoativo: f skvn, f skousa, f skon.
Infinitivo: dizer: f -nai Adj. verbal: dizível : que deve ser dito : fa-tñw, ,ñn f
a-t¡ow,¡a,¡on
Imperfeito: dizia / disse S. ¦-fh-n ¦-fh-sya / ¦-fh-w ¦-fh Notas: 1. O aoristo e
o futuro são pouco usados, mas constroem-se normalmente sobre o tema fh-s-. 2.
Nos diálogos, essa forma significa disse eu / disse ele - dizia eu / dizia ele ; nã
o que ela possa ser traduzida indiferentemente pelo aoristo ou imperfeito, mas,
certamente, porque ¦fh / ¦fhn tanto podem ser flexão de um aoristo de raiz-tema,
como ¦-bh-n/ ¦-gnv-n, quanto a flexão do imperfeito sobre o tema sem redobro do
infectum fh-. 3. oë fhmi quer dizer não, digo , isto é, digo não, nego . P. ¦-fa-men
¦-fa-te ¦-fa-san D. ¦-fa-ton ¤-f -thn
mur05.p65
406
22/01/01, 11:38
a flexão verbal
407
±-mi - eu digo - T. ± / ¤ Só se usa em discurso opinião: digo eu: disse / dizia
eu: disse / dizia ele: indireto, em narrativas, para intercalação de - ±mÛ, - —n
d ¤gÅ - — d ÷w
Verbo Ser
Convém lembrar que o emprego do verbo ser em grego não corresponde exatamente ao
seu emprego em português. Em grego, no início, o verbo ser tem um sentido exist
encial, forte, absoluto; não é usado no sentido em que nós o usamos; ele não é n
ecessário para fazer a ligação com o predicativo, isto é, como verbo de ligação. S
ó mais tarde, a partir do século V, é que seu uso se generalizou, passando a ser
usado, não só como verbo de ligação, como também como verbo auxiliar, inicialme
nte para a construção do perfeito médio-passivo, para exprimir um estado:-está,
esteja, estaria, estivesse desligado. Não há uma regra para o uso ou não do verb
o ser na sua função de verbo de ligação. Não há problemas para as 1 a e 2a pesso
as do singular e plural; mas, a pessoa singular e plural, é mais freqüente a omi
ssão do que a prena 3 sença. É uma questão de contexto, conotativa: se há ênfase
, se há uma afirmação categórica, usa-se o verbo; se não, não. No quadro a segui
r, vamos constatar que o verbo ser carece de todo o sistema do aoristo e do perf
eito. Trata-se de uma impossibilidade semântica: o ser é o conceito do que é, er
a e continua, continuará sendo, que só pode ser expresso pelo infectum, inacabad
o, no presente e no passado (imperfeito); ele marca a entrada e permanência no a
to ou no estado, que o verbo exprime. É um problema de aspecto e está presente e
m todas as línguas. A gramática descritiva preenche os quadros restantes do paradi
gma ideal com formas de outros verbos: gÛgnomai no grego, fieri no latim, e assi
m por diante.
mur05.p65
407
22/01/01, 11:38
408
a flexão verbal
O próprio futuro, que é uma forma de aoristo, foi criado por analogia, acrescent
ando-se a característica -s- do aoristo/futuro ao tema esdo verbo; é que o futur
o é um antigo desiderativo, um modo e não um tempo, com sentido eventual e por i
sso não leva consigo o aspecto durativo.
Quadro de flexão do verbo eänai
Tema: es- / s
Indicativo sou S. ¤s-mi > eÞ-mi ¤s-si > ¤si > eä ¤s-ti > ¤s-ti (n) ¤s-men > ¤s-m
en ¤s-te > ¤s-te ¤s-nti > eÞ-si(n) ¤s-tñn ¤s-tñn Subjuntivo seja Î Âw  Î-men —-
te Î-si(n) —-ton —-ton Optativo seria/fosse* e-àh-n e-àh-w e-àh e-àh-men/e-ä-men
e-àh-te/e-ä-te e-àh-san/e-ä-e-n e-àh-ton/eä-ton e-à-thn Imperativo sê/sede** às
-yi (si-s-yi) ¦s-tv ¦s-te ö-ntvn/¦stvsan ¦s-ton ¦s-tvn
P.
D.
* Também: poderia/pudesse ser. ** Imperativo de 3a pessoa: ele seja/ eles sejam.
Particípio: sendo/que é
Tema -o-ntHomero Masc. Ên - önt-ow ¦vn-¤ñnt-ow Fem. oïsa-oëshw ¦ousa-¤oæshw Neut
. ön-önt-ow ¦on-¤ñntow
Infinitivo: ser: eä-nai (¤s-nai) - Homero: ¦mmenai
mur05.p65
408
22/01/01, 11:38
a flexão verbal
409
Passado do Infectum: Imperfeito: era
S. ±(s)n > —/—n —s-ya ±(s)e(t) > ³(e)n > —-n P. ±s-men > —-men —s-te/ —-te —-san
D. ³s-thn ³s-thn
Futuro: serei, continuarei sendo Indicativo serei S. ¦s-o-mai ¦s-e-sai - ¦sú/¦se
i ¦s-tai ¤s-ñ-meya ¦s-e-sye ¦s-o-ntai ¦s-e-syon ¦s-e-syon Optativo haveria de ha
ver de ser ¤s-o-Û-mhn ¦s-o-i-so > ¦soio ¦s-o-i-to ¤s-o-Û-meya ¦s-o-i-sye ¦s-o-i-
nto ¦s-o-i-syon ¤s-o-Û-syhn
P.
D.
Particípio: havendo de ser, que continuará sendo, que será: ¤s-ñ-menow, ¤s-o-m¡n
h, ¤s-ñ-menon Infinitivo: haver de ser, continuar sendo: ¦s-e-syai
Notas: 1. No futuro, houve o emprego da característica -s- do aoristo/futuro, qu
e se somou ao tema es-s. > ¦ssomai (dialeto homérico e jônico), havendo posterio
r simplificação no ático: ¦ssomai > ¦somai. 2. Todas as formas do indicativo pre
sente, com exceção da segunda do singular são enclíticas; isto é, não têm acento
próprio e por isso se apóiam na anterior (¤n-klÛnv); nesse caso elas podem rece
ber um acento ou não, dependendo da lei dos três tempos. Contudo, acentuadas ou
não,
mur05.p65
409
22/01/01, 11:38
410
a flexão verbal
essas formas, como todos os enclíticos de duas sílabas, pronunciam-se como se fo
ssem oxítonas. 3. Contudo, quando usado em seu sentido primeiro; sou, existo, es
tou, ou com significados derivados desses: é permitido, é possível, recebe o ace
nto no tema: ¦stin. Também depois de toèto (isso), ll (mas), Éw (como): toèt ¦stin
- isso é, Éw ¦stin - como é, ll ¦stin - mas é.
Quadro demostrativo de flexão
Subjuntivo
S. ¦s-v> ¦s-h-si > ¦s-h-ti > ¦v > ¦shi > ¦shsi > ¦hi > ¦shi —iw > ¦hi Î ¦hi/ Îm
en —te Îsi —-ton —-ton ¤s-Ûh-n > ¤s-Ûh-(t) > ¤s-Ûh-men > ¤s-Ûh-te > —iw/Âw ¤s-Ûh
-w >
Optativo
eàhn eàhw eàh eàhmen/¤s-Ý-men > e-ä-men eàhte/¤s-Ý-te > e-ä-te e-ä-e-n
P. ¦s-v-men > ¦vmen > ¦s-h-te > ¦hte > ¦s-v-nti > ¦svnsi > ¦vsi > D. ¦s-h-ton >
¦hton > ¦s-h-ton > ¦hton >
¤s-Ûh-san > eàhsan/¤s-Ý-en >
¤s-Ûh-ton > eàhton/¤s-Ý-ton > eä-ton ¤s-Ûh-thn > eàhthn/¤s-Ý-thn > eà-thn
Imperativo
2a 3a S. redobro de pres. em -i- > -si-> sÛ-s-yi > à-s-yi > à-s-yi ¦s-tv ¤s-ñntv
n > ¤ñntvn > öntvn ¦s-tvsan ¦s-tvn P. ¦s-te D. ¦s-ton
Particípio
Tema Masc. Fem. Neutro ¤s-o-nt- > ontw > öntja > ont > ¤s-o-nt- > öntia > önsia
> önsa > öntÊn oïsa ön
mur05.p65
410
22/01/01, 11:38
a flexão verbal
411
Compostos de eänai
Como todos os verbos gregos, também o verbo eänai se compõe com todas as preposi
ções semanticamente compatíveis. A língua grega tem uma consciência clara da com-
posição , isto é, o significado final é uma somatória do significado dos dois comp
onentes. Eles são independentes e têm um significado próprio; por isso, ora estã
o juntos, ora separados. Os gramáticos viram nessa separação uma tm°siw (tmese -
corte). Vejamos alguns exemplos:
par ao lado de sun ¤n pñ ¤k/¤j perÛ junto, com em, dentro de de, distante de dentr
o de, para fora de em volta de, em torno de p reimi = eÞmi par estou ao lado de, es
tou presente sæneimi = eÞmi sæn estou junto, em companhia de ¦neimi = eÞmi ¤n es
tou dentro, estou em peimi = eÞmi pñ estou distante, estou ausente ¦jeimi = eÞmi ¤
k estou (saí) fora (de dentro para fora)41 perÛeimi = eÞmi perÛ estou em volta d
e, estou em torno de, eu cerco, envolvo, domino
41
Da idéia de dentro para fora é fácil passar-se à idéia de deus ex machina , do surgim
ento abrupto; daí o uso constante de ¦jesti com o sentido de é possível, é permi
tido com sujeito oracional. Não há nada de estranho nisso e nem é um significado
especial; é apenas o jogo da metáfora ou da metonímia e pode acontecer com todo
s esses compostos; é a passagem do concreto para o abstrato, o figurado. Esses e
xemplos são suficientes; basta aplicar o mesmo sistema a todas as preposições se
manticamente compatíveis com a idéia do ser, isto é, que não contenham idéia de
movimento. Mas a preposição traz ao verbo ser uma relação de espaço, e neste cas
o, em português, nós usamos o verbo estar.
mur05.p65
411
22/01/01, 11:38
412
a flexão verbal
Formação dos temas do infectum
Como já vimos, o tema verbal puro é o tema do aoristo, que é por isso mesmo o as
pecto puro, o aspecto referência. Em grande parte o tema verbal e o tema aoristo
se confundem. O que vai trazer algum diferença é a presença do -s-42 que passa
a ser o elemento formador do tema do aoristo para a maioria dos verbos. Nesse ca
so, o -s-/sa passa a exercer o mesmo papel do sufixo formador do infectum -j-. M
as, todos os formadores dos temas dos três aspectos são sufixos sobre o tema ver
bal puro. tema verbal puro: pragaoristo: ¦-prag-sa > ¦praja futuro: prag-sv > pr j
v infectum: prag-j-v > pr ssv/pr ttv perfectum: pe-prag-ka > p¡praxa Como podemos ve
r, o encontro dos formadores dos temas com o tema verbal apresenta problemas fon
éticos, que se resolvem dentro das normas e hábitos fonéticos do grego, precisam
ente do dialeto ático, que nos interessa neste trabalho. Vamos ver como se forma
o tema do infectum; a formação dos temas do aoristo/futuro e do perfeito será e
studada nos capítulos a eles destinados. Pormenorizaremos aqui somente a formaçã
o do tema do infectum.
42
E o -k- nos temas monossilábicos em vogal yh-, dv-, sth-, ²- só no indicativo si
ngular.
mur05.p65
412
22/01/01, 11:38
a flexão verbal
413
1.Temas consonânticos, monossilábicos, geralmente de vocalismo -ef¡r- v l¡g-v g¡
m-v d¡r-v dr¡p-v ¦p-v leÛp-v leÛb-v n¡m-v feæg-v peÛy-v k¡l-v ¤reÛd-v ¤reÛk-v g-v
rx-v gr f-v trÛb-v bñl-omai/boæl-omai ÷r-v oàx-v / oàxomai trÅ-v trÅg-v s¡x-v/ àsx
-v m¡n-v/ mimn-v eu porto, eu levo, carrego digo, afirmo estou saciado eu esfolo
, tiro a pele eu colho, eu gozo eu digo, enuncio eu abandono, eu deixo eu derram
o, verto, faço libação eu distribuo, faço partilha eu evito, fujo eu persuado eu
anuncio, exorto, mando eu apóio, escoro, estaqueio, fixo eu rasgo, despedaço, r
alo eu conduzo, toco (o gado) eu começo, eu comando eu gravo, eu escrevo eu trit
uro, esmago eu quero eu estou alerta, vigilante eu viajo de carro, eu conduzo eu
furo eu devoro, eu pasto eu seguro, levo, porto* eu permaneço, fico*
* Estes dois verbos têm uma forma com redobro e uma forma sem ele.
Notas: 1. São temas verbais puros e fazem o indicativo do infectum, inacabado, s
implesmente acrescentando a desinência -v à 1a pessoa e às outras, as desinência
s primárias comuns, que, por serem consonânticas, têm necessidade da vogal de li
gação.
mur05.p65
413
22/01/01, 11:38
414
a flexão verbal
2. Alguns temas de vocalismo -e- fazem o presente em vocalismo zero e por isso r
ecebem um redobro em -i. Esse redobro compensa de alguma forma o vocalismo zero,
que normalmente deve ser o do aoristo.
T. gn-/genT. ¦dT. pt-/ petT. tk-/tekgÛgn-omai àz-v pÛ-pt-v tÛ-tkv > tÛkt- v eu v
enho a ser, eu me torno, fico eu comerei / eu como eu caio eu dou à luz, crio
3. Temas em semivogal: -u-, -iSão pouco numerosos na origem, mas há um grupo del
es criados como alternativa para os verbos em -nu-mi (ver pg.313, nota 90), e tê
m a 1a pessoa do presente em -v e desinências primárias (consonânticas), com vog
al de ligação. yæ-v eu faço fumaça, eu ofereço sacrifício læ-v eu solvo, desligo
tÛ- v eu aprecio, honro 4. Raízes monossilábicas de vocalismo longo/breve, com
redobro em -ida consoante inicial e desinência de 1a pessoa -mi. Por serem temas
vocálicos dispensam a vogal de ligação quando se lhes acrescentam as desinência
s pessoais consonânticas, por desnecessária.
T. dh T. nh T. xrh T. plh T. prh T. dv T. yh T. sth T. ² T. zh dÛ-dh-mi ônÛ-nh-m
i kÛ-xrh-mi pÛ-m-plh-mi pÛ-m-prh-mi dÛ-dv-mi tÛ-yh-mi á-sth-mi á-h-mi dÛ - zh-mi
- ( zht¡v ) eu amarro eu ajudo, eu sou útil eu empresto eu encho eu incendeio e
u dou eu coloco eu ponho de pé eu lanço eu procuro
Podemos incluir aqui alguns temas sem redobro:
fhmi eu me manifesto, eu digo eämi eu vou eÞmi, ±mi, eu sou eu digo
mur05.p65
414
22/01/01, 11:38
a flexão verbal
415
5. Temas consonânticos, na maioria monossilábicos, que recebem o sufixo -na-/-nu
-./-nnu. Os temas consonânticos recebem o sufixo -nu-.; os vocálicos, o sufixo -
nnu-. Têm a 1a pessoa em -mi e as outras desinências consonânticas sem vogal de
ligação, por desnecessária. kÛr-nh-mi p¡r-nh-mi sk¡d-na-mai pÛl-na-mai skÛd-na-m
ai sked -nnu-mi zeæg-nu-mi stñr-nu-mi ¦r-nu-mi g-nu-mi d m-na-mi/-nhmi kr m-nh-mi pÛt
-nh-mi m r-na-mai deÛk-nu-mi zÅ-nnu-mi pt r-nu-mai -nu-mi r-nu-mai x-nu-mai eu eu eu eu
eu eu eu eu eu eu eu eu eu eu eu eu eu eu eu eu misturo vendo espalho me aproxi
mo me disperso disperso, eu espalho ato, eu junto, eu amarro estendo (esteira, t
apete) surjo, levanto quebro, eu rompo domo suspendo estendo combato mostro cinj
o espirro proclamo pego me aflijo
Muitos desses temas em -nu-/-nnu-, por causa do -u, por analogia com læ-v, têm a
1a pessoa em -v e uma flexão como o tema em soante: deiknæ-v, / deÛk-nu-mi eu m
ostro, etc. (Ver página 329, nota 14.)
mur05.p65
415
22/01/01, 11:38
416
a flexão verbal
6. Temas em consoante, com sufixo -n- (alargamento da raiz)
kamtemdaktipifyilhy/lay martßkÞd-j¤rukÞyæk m-n-v t¡m-n-v d k-n-v tÛ-n-v pÛ-n-v fyÛ-n-v
lhy-n-v > lhy nv lay-n-v > lany nv mart-n- > mart nv ßk nv/ßknv/ßkv Þzv/ Þz nv ¤rækv/ ¤r
Þyæ-n-v eu me canso, estou doente eu corto eu mordo eu honro eu bebo eu destruo
, faço perecer eu passo desapercebido eu peco, eu falho eu chego, atinjo eu asse
nto , estabeleço eu seguro, retenho (as rédeas) eu endireito, ponho na reta
Alguns têm uma variante sem o sufixo: keuy- n-v / keæyv eu escondo, eu fecho lhy- n-
v / l yv eu passo desapercebido aéj- n-v / aéjv eu aumento, eu acresço oÞd- n-v / oÞ
d¡v eu incho
Temas em consoante com um infixo e um sufixo nasais. antes da consoante -n-, dep
ois da consoante -n- > an
puy- > lip- > xad- > lax- > may- > lab- > lay-> tux-/teux- > pu-n-y- n-omai li-m-p
- n-v xa-n-d- n-v la-g-x- n-v ma-n-y- n-v la-m-b- n-v la-n-y- n-v tugx- n-v eu pergunto, eu
informo eu deixo, abandono eu contenho eu obtenho por sorte eu entendo, eu apre
ndo eu tomo, eu pego eu passo desapercebido eu estou por acaso, eu encontro
mur05.p65
416
22/01/01, 11:38
a flexão verbal
417
7. Temas com dupla sufixação: -sk-/-isk-+-n-. O sufixo -sk-/-isk- é incoativo, e
xprime o desdobramento da ação. O sufixo -n- exprime o alargamento, continuidade
, extensão da ação.
l-usk-n ôfl-isk-n sx-> sisx-> -ásx- > sx- > sisx-n > -ásxn > àsx-a-n > lu-sk-n-v >
lusk nv ôfli-sk-n-v > ôflisk nv àsxv Þsx nv eu escapo, eu evito eu devo, sou devedor e
u seguro, retenho
8. Temas com sufixo -sk-/ -isk- (desdobramento da ação verbal, incoativo), às ve
zes com redobro em -i-: blv-sk-v eu venho, vou bñ-sk-v eu pasto ghr -sk-v eu envel
heço ²b -sk-v eu entro na adolescência p y-sk-v > p sxv eu passo a sofrer, eu sofro yn
- -sk-v eu morro, estou morrendo l-Ûsk-o-mai estou sendo preso ster-Ûsk-o-mai est
ou sendo privado eêr-Ûsk-v encontro, eu estou encontrando rar-Ûsk-v eu adapto, eu
ajusto p-ar-Ûsk-v eu engano meyæ-sk-o-mai eu me embebedo ki-kl -sk-v eu chamo re
petidamente ti-trÅ-sk-v eu encho de ferimentos (furos) bi-b -sk-v eu saio andando,
eu passeio di-d -sk-v eu ensino (repetição) mi-mn -sk-v eu me lembro gi-gnÅ-sk-v
eu tomo conhecimento de po-di-dr -sk-v eu saio correndo b -sk-v -/baÛnv eu ando f -sk-v
/ fhmi /fami eu estou falando
mur05.p65
417
22/01/01, 11:38
418
a flexão verbal
9. Esse sufixo -sk- assume um sentido iterativo quando recebe desinências secund
árias (no imperfeito) e, às vezes, no aoristo (pontualidade repetida), como nest
es exemplos em Homero: R 461 R 462 t 574 H 141 Y 271 G 217 feæge-sk-en ¤paÛja-sk
-e ásta-sk-e = gnu-sk-e dæ-sk-e àde-sk-e ele fugia (repetidamente) ele irrompia
(repetidamente) fazia uma parada (e recomeçava) ele ia romper (e voltava) ele ia
se esconder (e voltava) ele olhava repetidamente (e recomeçava)
10. Temas com sufixos t, y, k, x, g; São em geral remanescentes de um estado ant
igo da língua. Muitos deles têm variantes sem o infixo: næ-t-v ræ-t-v ¦syv < ¦d-y-
v diÅ-k-v fyi-næ-yv ôl¡-k-v pl -y-v ¤ræ-k-v t -k-v tm -g-v sm -x-v c -x-v træ-x-
v n -x-v sten -x-v / næv / ræv / ¦dv / / / / / / / / / / fyinÇ (e) öllumi plhyæv ¤ræ
v t¡mnv sm v c v/c v træv n¡v st¡nv eu completo, acabo eu tiro água eu como (impf.
—syon) eu persigo eu faço perecer eu arruíno, eu faço perecer eu encho eu reten
ho (as rédeas), impeço eu fundo, eu derreto eu corto eu enxugo, limpo eu esfrego
, raspo, coço eu gasto, desgasto, consumo eu nado eu gemo
11. Sufixo -j- (temas vocálicos: tÛma-, d lo-, fÛle- + -j-). É o mais produtivo
dos formadores de infectum, quer a partir de temas verbais, quer a partir de tem
as nominais. Essa divisão, no entanto, é teórica, embora interessante. A forma f
inal (tema do infectum) é resultante do tratamento que o -j- recebe em contato c
om as consoantes ou vogais do tema e isso é do domínio da fonética.
mur05.p65
418
22/01/01, 11:38
a flexão verbal
419
Os verbos que chamam mais a atenção são os verbos que as gramáticas chamam de con
tratos , que dão tanto trabalho para aprendê-los. São verbos denominativos (constr
uídos sobre temas nominais, substantivo ou adjetivo), com o sufixo -j-. Como o t
ema verbal em soante pede uma vogal de ligação, o -j- acaba se colocando em posi
ção intervocálica, e sofre síncope, deixando em contato duas vogais que, no átic
o, tendem a contrair-se. Vimos o modelo dessa flexão nas páginas 366-94. a) Oclu
siva dental ou velar surda + -j- > ss / tt
lit-j-omai > play-j-v > frik-j-v > ôrux-j-v > ptux-j-v > tarax-j-v > phk-j-v > b
hk-j-v > mlit-j-v > khruk-j-v > tuflvk-j-v > plhk-j-v > rmñt-j-v> br t-j-v > ¤r¡t-j
-v > p t-j-v > ptÛt-j-v > lÛssomai /-ttomai pl ssv/-ttv frÛssv/-ttv ôræssv/-ttv ptæs
sv/-ttv tar ssv/-ttv p ssv/-ttv b ssv/-ttv blÛssv/-ttv khræssv/-ttv tuflÅssv/-ttv
pl ssv/-ttv rmñssv/-ttv br ssv/-ttv ¤r¡ssv/-ttv p ssv/-ttv ptÛssv/-ttv eu suplico eu
modelo, moldo eu me arrepio, frissono eu cavo, escavo eu dobro eu turvo, eu pert
urbo eu cozinho, faço ferver eu tusso eu colho mel eu proclamo, anuncio eu cego
eu bato eu ajusto eu expilo, eu peneiro eu desfraldo (asas, remos) eu verto, der
ramo, espalho eu soco, eu trituro
b) Oclusiva dental ou velar sonora + j > z
sxid-j-v > ônomat-j-v sfag-j-v > nig-j-v > klagg-j-v> liyad-j-v > ¤lpid-j-v> fra
d-j-v> sxÛzv ônomazv sf zv nÛzv kl gzv/kl zv liy zv ¤lpÛzv fr zv tiro lasca, eu fendo nome
io, denomino degolo lavo clamo, grito apedrejo espero explico, sinalizo
mur05.p65
419
22/01/01, 11:38
420
a flexão verbal
ôd-j-v > ¤d-j-v> frontid-j-v > rpag-j-v> g-j-omai > plag-j-v > stag-j-v > stig-j-v
> =eg-j-v>
özv ¦zv/¦zomai frontÛzv rp zv zomai pl zv st zv stÛzv =¡zv
exalo odor, tenho cheiro como medito, tenho em mente arrebato, roubo venero faço
errar, faço vacilar faço gotejar, destilo pico, furo faço, executo, cumpro
O uso desse sufixo -zv, -azv / -izv estendeu-se também a alguns temas em vogal,
criando às vezes uma forma paralela, como se fosse construída sobre um tema em -
dj-/-tj-.43
ktÛv dam v pel v kal¡v kom¡v por¡v poreæomai / ktÛ-zv / dam -zv / pel -zv / kal -zv / ko
mæ-zv / porÛ-zv construo, edifico, fundo domo, submeto aproximo chamo cuido, tra
go junto abro caminho, dou passagem providencio
c) Oclusiva labial + j > pt
blab-j-v > klep-j-v > kruf-j-v > nib-/nif-j-v > skep-j-v > bl ptv kl¡ptv kræptv nÛ
ptv sk¡ptomai prejudico roubo, furto escondo lavo examino, observo
43
Só a analogia explica o futuro dam sv, o aoristo ¤d masa e o perfeito ded maka, porque
o -j- é formador do infectum (e o z é uma consoante dupla, resultante do encont
ro de dental e -j-). Ora, isso só acontece no infectum; no futuro, aoristo e per
feito teríamos o tema em dental; talvez * damat- ? ou simplesmente dama-.
mur05.p65
420
22/01/01, 11:38
a flexão verbal
421
d) Oclusiva velar sonora + j > ss / tt ou z
prag-j-v > tag-j-v > phg-j-v > mag-j-v > pr ssv/-ttv t ssv/-ttv p ssv/-ttv m zv faço,
executo ordeno, enfileiro bato amasso, faço pão
e) Sufixo nasal -n- + -j-> -ani > ain: vocalização do -j- e posterior metátese o
u síncope do -i-;
tekt-n-j-v > poim-n-j-v > ban-j-v > ônom-n-j-v > melan-j-v > kten-j-v > yen-j-v
> ten-j-v > klin-j-v > ôtrun-j-v > õlofur-j-v > ôdur-j-omai > fur-j-v > tektaniv
> poimaniv> b niv > ônomaniv > melaniv > kteniv > yeniv > teniv > klÛniv ôtræniv
õlofuriv > ôdæriomai færiomai tektaÛnv poimaÛnv baÛnv ônomaÛnv melaÛnv kteÛnv ye
Ûnv teÛnv klÛnv ôtrænv õlofærv ôdæromai færv trabalho com madeira44 sou pastor a
ndo, eu marcho nomeio pretejo, pinto de preto mato bato estico, estendo deito* e
mpurro, aperto* lamento* choro, eu lamento* ponho de molho*
* Quando a vogal temática é -i-/-u-, a metátese é imperceptível foneticamente, p
or isso parece uma síncope. Mas há metátese e contração, porque a vogal temática
se torna longa.
f) Tema em -ar-/er- + j : -ari- > air- , - eri- > eir-. Vocalização do -j- e pos
terior metátese do -i-;
tekmar-j-v > kayar-j-v > fyer-j-v > mer-j-omai > der-j-v > tekm riv > kay riv > fy¡r
iv > m¡riomai > d¡riv > tekmaÛrv kayaÛrv fyeÛrv meÛromai deÛrv assinalo, provo p
urifico, lavo corrompo, destruo distribuo tiro a pele
44
Nos temas de vocalismo zero, o -n- vocaliza-se em -a-.
mur05.p65
421
22/01/01, 11:38
422
a flexão verbal
g) Tema em: al + -j- > ll
l-j-omai > bal-j-v > yal-j-v > skal-j-v > sfal-j-v > llomai b llv y llv sk llv sf llv me
anço, salto atiro, eu jogo broto, floresço, fico verde cavouco, fuço, cavo desli
zo, escorrego
h) Alguns temas monossilábicos em líquida (r, n, l) fazem o infectum com redobro
pleno (expressivo, enfático), mas mantêm o mesmo comportamento dos itens anteri
ores
garfurmurfan mulgargar-j-v > por-fur-j-v > mor-mur-j-v > pam-fan-j-v > moi-mul-j
-v > gargaÛrv porfærv mormærv pamfaÛnv moimællv envelheço levanto ondas murmuro
resplandeço todo mamo, chupo
i) Tema em -as- + -j- : -j-v > -siv > aiv. Vocalização do -j- e posterior síncop
e do -s- intervocálico.
nas-j-v > mas-j-omai > nasiv > masiomai > naÛv maÛomai habito estou cheio de ard
or, desejo ardentemente, busco
Pelo que acabamos de ver, a formação do tema do infectum é variada, porém não co
mplexa. Basicamente, exceto em um pequeno número de verbos, houve um alargamento
45 do tema verbal por três processos: redobro, infixação e sufixação. O número
desses elementos não é excessivo. O que nos dá a idéia de complexidade são os me
taplasmos, isto é, acidentes fonéticos que se sucederam no encontro desses temas
com as desinências.
45
Como temos insistido, há sempre uma razão semântica para uma alteração morfológi
ca. Não é por mero acaso que a forma mais reduzida do tema seja o tema do aorist
o (pontualidade); e o infectum, se não é da mesma dimensão do aoristo, é sempre
mais extenso: a extensão da forma coincide com a extensão do significado.
mur05.p65
422
22/01/01, 11:38
a flexão verbal
423
Contudo, fica evidente que o sistema vigente de basear a conjugação verbal sobre
o tema do infectum causa mais problemas do que soluções. O ponto de partida é s
empre o tema verbal, isto é, o tema do aoristo. A partir daí, as formas se const
roem, isoladamente, e não em bloco ou quadro, à maneira dos gramáticos. O modelo
existia, sim, na mente do grego, mas orgânico, dinâmico, coerente, significativ
o, ágil, e não petrificado, imóvel, imperativo.
Aoristo
Como já foi dito, o aoristo é o aspecto primeiro, a raiz-tema, de onde derivam o
s outros dois aspectos: infectum-inacabado e perfectumacabado. É importante ater
-se a essa idéia para entender todo o sistema de conjugação do verbo grego e pri
ncipalmente o do aoristo. A gramática não é unânime na sua visão do aoristo. Bas
icamente, ela faz uma divisão em dois grupos: l. Aoristo sigmático (ou Aoristo I
)46 Com uma série de subdivisões, segundo a soante ou a consoante do radical (ve
lar, labial, dental, líquida). 2. Aoristo II sobretudo o chamado temático (tema em
consoante) por causa da vogal de ligação: e , o . o aoristo radical , em que a vogal
ligação não aparece, por se tratar de temas de vogais longas.
46
As gramáticas não têm um aoristo I . Elas falam do aoristo sigmático e o apresentam
em primeiro lugar, como paradigmático, regular; e ipso facto os outros são sent
idos como não paradigmáticos, irregulares, levando a numeração II, III, IV.
mur05.p65
423
22/01/01, 11:38
424
a flexão verbal
Cremos que há um modo mais simples e objetivo de abordar o aoristo: Por ser o as
pecto primeiro, isto é, indeterminado, pontual, sem conotação temporal, com sign
ificado absoluto do ato verbal, o aoristo se constrói sobre a própria raiz do ve
rbo, de quatro maneiras; I. acrescentando-se as desinências secundárias à raiz-t
ema (aoristo II nas gramáticas) e vogal de ligação nos temas em consoante. II. a
crescentando-se as desinências secundárias diretamente à raiz (tema verbal), sem
vogal de ligação, nos temas em vogal longa. III. acrescentando-se um kapa (k) (
empréstimo do perfeito?) e desinências secundárias à raiz (tema verbal) só no si
ngular. IV. acrescentando-se um sigma (s) e desinências secundárias à raiz, que
é o próprio tema verbal. a) Pertencem ao grupo I: Os aoristos de raiz-tema em co
nsoante, tipo id-, lip-, ely, aos quais se acrescentam as desinências secundária
s, que, por serem em consoante, pedem a presença de uma vogal de ligação; A deno
minação de aoristo temático repousa sobre este equívoco: vogal de ligação = vogal t
emática .47 Essa vogal de ligação e/o é a mesma do infectum (inacabado) dos verbos
em -v ; esse fato provoca, às vezes, no principiante, alguma confusão entre o i
mperfeito e o aoristo indicativo. Mas a distinção não é difícil de ser feita. É
preciso identificar o tema. Por exemplo, nos verbos de aoristo de raiz-tema a di
ferença se nota nos temas: tema do aoristo: may- > ¦-may-o-n tema do infectum: m
anyan- > ¤-m nyan-o-n (imperfeito).
47
A vogal temática pertence ao corpo do tema; ela não é flexional. Vogal de ligaçã
o é a vogal que amacia o contato entre duas consoantes: a do tema e a da desinênci
a. Vogal de apoio é a vogal que se coloca em posição final, para proteger uma co
nsoante; é mais ou menos uma vogal eufônica, como a do imperativo singular da vo
z ativa: krÛn-e.
mur05.p65
424
22/01/01, 11:38
a flexão verbal
425
b) Pertencem ao grupo II: Os aoristos de raiz-tema em vogal longa: -v,-h,-a,-u N
a verdade, esses verbos não apresentam dificuldade alguma na flexão: na medida e
m que terminam em vogal longa, a vogal de ligação se faz desnecessária; é só acr
escentar as desinências correspondentes. c) Pertencem ao grupo III: Os aoristos
em -ka, no indicativo. São 4 aoristos de verbos com redobro no infectum (inacaba
do): tÛ-yh-mi, dÛ-dv-mi, á-h-mi, ásthmi Até certo ponto, esses temas poderiam es
tar enquadrados no item b) (raiz-tema em vogal longa). Mas, tratando-se de temas
monossilábicos, a opção por uma característica forte é normal; mas isso só acon
tece no singular, que tem desinências fracas monolíteres. No plural, sem o -ka e
com desinências silábicas, o tema volta a ser breve. d) Pertencem ao grupo IV:
Os aoristos em -s-: nestes verbos não há o problema com similitude com o imperfe
ito, visto que o imperfeito se constrói sobre o tema do inacabado, que pode ser
igual ao do aoristo, mas sem a marca deste: imperfeito: ¦-lu-o-n aoristo: ¦-lu-s
-a Convém notar que um bom número dos aoristos de raiz-tema, por razões semântic
as, não tem o inacabado. A gramática solucionou o problema cobrindo essa lacuna co
m outros temas, quer no inacabado, quer no acabado. É essa a origem dessas lista
s intermináveis de verbos irregulares , suplício dos estudantes de grego. 48
48
O fato de um verbo não ter esse ou aquele aspecto obedece a razôes semânticas: o
tema fer- de portar, carregar só tem o tema de infectum, tanto em grego quanto em
latim: não se concebe uma idéia aorista nem perfeita do ato de portar. O tema i
d significa o ato aoristo de ver ; não é olhar , mas admite um perfeito, isto é, o res
ultado do ato. (A idéia busca a forma); ¤pÛstamai significa o saber-resultado, o
saber empírico, não tem nem infectum nem aoristo. Por razões semânticas e não p
or obedecer a essa ou aquela regra.
mur05.p65
425
22/01/01, 11:38
426
a flexão verbal
Quadro de flexão dos aoristos: voz ativa e média
Quadro de flexão dos aoristos de raiz-tema: Raiz-tema em consoante: id-, lip-, e
ly
VOZ ATIVA: lip- (leÛpv - eu deixo)
Indicativo deixo/deixei S. ¦-lip-o-n ¦-lip-e-w ¦-lip-e ¤-lÛp-o-men ¤-lÛp-e-te ¦-
lip-0-n ¤-lip-¡-thn ¤-lip-¡-thn Subjuntivo deixe/deixar lÛp-v lÛp-úw lÛp-ú lÛp-v
-men lÛp-h-te lÛp-v-si lÛp-h-ton lÛp-h-ton Optativo deixaria* deixasse lÛp-o-i-m
i lÛp-o-i-w lÛp-o-i lÛp-o-i-men lÛp-o-i-te lÛp-o-i-en lÛp-0-i-ton lip-o-Û-thn Im
perativo deixa/deixai** lip-¡ lip-¡-tv lip-¡-te lip-ñ-ntvn lip-¡-ton lip-¡-tvn
P.
D.
* ou: pudesse/poderia deixar ** imperativo de 3a pessoa:(ele) deixe/(eles) deixe
m Particípio: tendo deixado
Tema lip-o-ntMasc. lip-Ån - lip-ñnt-ow Fem. lip-oèsa - lip-oæshw Neutro lip-ñn -
lip-ñnt-ow
Infinitivo: deixar: lip-eÝn
mur05.p65
426
22/01/01, 11:38
a flexão verbal
427
VOZ MÉDIA: deixar para mim
Indicativo deixo/ deixei para mim S. ¤-lip-ñ-mhn ¤-lÛp-e-so (ou) ¤-lÛp-e-to ¤-li
p-ñ-meya ¤-lÛp-e-sye ¤-lÛp-o-n-to Subjuntivo deixe/deixar para mim lÛp-v-mai lÛp
-h-sai (ú) lÛp-h-tai lip-Å-meya lÛp-h-sye lÛp-v-ntai lÛp-h-syon lÛp-h-syon Optat
ivo deixaria/ deixasse* para mim lip-o-Û-mhn lÛp-o-i-so (oio) lÛp-o-i-to lip-o-Û
-meya lÛp-o-i-sye lÛp-o-i-nto lip-o-Û-syhn lip-o-Û-syhn Imperativo deixa para ti
-deixai para vós** lip-¡-so (oè) lip-¡-syv lip-¡-sye lip-¡-syvn lip-¡-syon lip-¡
-syvn
P.
D. ¤-lip-¡-syhn ¤-lip-¡-syhn
* poderia/pudesse deixar ** Imperativo de 3a pessoa: (ele/eles) deixe(m) para si
Particípio: tendo deixado para mim
lip-ñ-meno-
Tema
lip-ñ-menow
Masc.
lip-o-m¡nh
Fem.
lip-ñ-menon
Neutro
Infinitivo: deixar para mim: lip-¡-syai Adj. verbal:
liptñw, , n / leiptñw, , ñn lipt¡ow, h, on / leipt¡ow, h, on deixável/ que pod
e ser deixado que deve ser deixado
Notas: 1. Sobre o modelo acima conjugam-se todos os verbos que fazem o aoristo s
obre a raiz-tema: os terminados em consoante, como id-, ely-,
mur05.p65
427
22/01/01, 11:38
428
a flexão verbal
gen- e os de raiz-tema em vogal longa, como gnv, bh/ba, dra, du, cuja flexão ver
emos a seguir; 2. No imperativo, particípio e infinitivo da voz ativa, a sílaba
tônica, em vez de manter a norma na flexão verbal, ou seja, permanecer no tema,
avança para posição de oxítona: imperativo:- lip¡, lip¡tv, lip¡te, lipñntvn, lip
¡ton, lip¡tvn particípio:- lipÅn, lipoèsa, lipñn infinitivo:- lipeÝn na voz médi
a, o deslocamento da tônica se dá só no imperativo e infinitivo: imperativo:- li
poè, lip¡syv, lip¡sye, lip¡syvn infinitivo:- lip¡syai 3. Algumas raízes-tema (po
ucas), em oclusiva ou líqüida, fazem o aoristo ativo sem vogal de ligação; junta
ndo diretamente o -n da la pessoa à raiz-tema. O -n, em contato direto com a con
soante ou o W da raiz-tema, se vocaliza em -a. Em princípio, só se usam na l a e
3a pessoa do singular; embora possamos encontrá-los, raramente, em outras pesso
as. Os verbos são estes: Tema
xW > xu/xeW > xeu (verter água) sW > su/seW > seu (empurrar, repelir)
aoristo jônico
¦xeWa>¦xea/¦xeua ¦sseua
aoristo ático
kaW/keW > kau/keu > kaÛv (acender, embrasar-se, consumir) ¦khWa > ¦kha/¦kausa en
eik/enik (serve de aoristo para f¡rv) Weip > eäp (dizer) ³neika/³nika/±nÛxyhn ³n
egka/³negkon eäpa, eäpaw / eäpon, eäpew
4. Os verbos de raiz-tema só têm as vozes ativa e média. Apenas alguns deles des
envolveram, mais tarde, uma forma para a voz passiva. Provavelmente é porque ess
es verbos já existiam antes do surgimento da voz passiva.
mur05.p65
428
22/01/01, 11:38
a flexão verbal
429
5. Há um bom número de aoristos de raiz-tema arcaicos, encontrados sobretudo em
Homero, que o ático não conservou. Os dicionários e as gramáticas registram essa
s formas sob a rubrica épica . Não são necessariamente épicas; diríamos melhor arcai
cas , por se tratar de formas antigas; e se lembrarmos que a prosa e o dialeto áti
co só aparecem em meados do séc. V, o que vem antes é poesia, mas não exclusivam
ente épica. Esses aoristos, construídos sobre raiz-tema, todos registrando atos
e atos primeiros da vida, ou ficaram petrificados, não reproduzindo temas do per
fectum ou do infectum no ático, ou, se o significado permitiu, reproduziram os t
emas ou do infectum ou do perfectum ou os dois; mas, tanto o infectum quanto o p
erfectum sofrem alterações na sua forma: (prefixação/sufixação/infixação). Assim
: raiz-tema aoristo
may → id → fag →
infectum
perfectum
¦-may-o-n many n → many nv; mem yhka eu entendo, aprendo ¤-m nyan-on eädon oäda eu vi ¦f
agon eu comi
Nos três exemplos acima, vemos que o primeiro desenvolveu um tema de infectum, a
largando a raiz-tema com dois infixos nasais, porque o significado permite: o at
o de entender pode ser pontual, inacabado e terminado, por isso desenvolveu tamb
ém o tema do perfectum. O segundo é a noção aorista do ver, a percepção momentân
ea pela visão, mais da mente do que do olhar (que necessariamente seria ato inac
abado); por isso a impossibilidade de existir um tema do infectum; mas a idéia bu
sca a forma , e a percepção visual pela mente leva ao conhecimento (resultado); é
por isso que é possível um tema do perfeito: eu vi, donde eu sei. O terceiro não
admite nem um tema do infectum nem um tema do perfectum, porque exprime o ato a
oristo (pontual) de deglutir, comer e não de almoçar ou jantar , que é o comer social
.
mur05.p65
429
22/01/01, 11:38
430
a flexão verbal
Eis alguns desses verbos: Tema
d bal/bl tek r mart sx ¤xy drk /dark dÛe /dWi ¤rik ¤rip gr/ger ktup lak ple/pl pry/
pary §l ¦ly fag yal kan kuy krg/krag krub stix stug trp/tarp trp/tra trf/traf tr
ag
Aoristo
don/§adon (§ada) ¦balon ¦tekon retñmhn ³marton ±nesxñmhn phxyñmhn ¦drakon dÛomai* ³
rikon ³ripon ¤gretñmhn ¦ktupon l kon ¤pletñmhn ¦prayon eålon —lyon ¦fagon ¦yalon ¦
kanon ¦kuyon ¦kragon ¦krubon ¦stixe ¦stugon tarpñmhn ¦trapon ¦trafon ¦tragon
Infectum
nd nv b llv tÛktv rnumai mart nv n¡xomai p¡xyomai d¡rkomai deÛdv ¤reÛkv ¤reÛpv ¤geÛrv
v l skv/lhk¡v p¡lomai p¡ryv/pory¡v
Perfeito
Significado
agrado
¦blhfa t¡toka
eu atiro, jogo eu dou à luz, gero tento pegar, conquistar
±m rthka eu erro o caminho, eu falho, eu peco eu tolero eu sou odioso brilho, olho
temo quebro, rasgo derrubo, abato ¤gr gora desperto (intr. e tr.) percuto, ress
ôo grito movo-me, chego perto arraso eu pego, eu escolho ¤l luya eu chego, chegu
ei eu comi, como eu floresço eu mato eu escondo eu grito eu escondo avanço, ando
odeio, horrorizo alegro-me viro, desvio t¡trofa nutro, encho eu devoro
y llv kaÛnv keæyv kr zv kræptv steÛxv stug¡v tr¡pv tr¡fv trÅgv
mur05.p65
430
22/01/01, 11:38
a flexão verbal
431
Tema
xad dak dram drp/drap sep rug Wid/id lab lay/lhy lax lip may piy puy ptar sx/sex
tux fug kam tm/tam yn/yan ktn/ktan klu pi pay stix ml/mel
Aoristo
¦xadon ¦dakon ¦dramon dr pon sp¡syai/ spñmenow ³rugon eädon ¦labon ¦layon/ ¦laxon
¦lipon ¦mayon ¤piyñmhn ¤puyñmhn ¦ptaron ¦sxon ¦tuxon ¦fugeon ¦kamon ¦yanon ¦ktat
o/ ¦ktanon klèyi-¦kluon pÝyi -¦pion ¦payon ¦stixon ¦molon
Infectum
xand nv d knv didr skv dr¡pv §pomai ¤reægomai/ ¤rugg nv
Perfeito
Significado
contenho, pego mordo ponho-me a correr colho, ceifo acompanho ronco, ressôo, arr
oto
oäda lamb nv lany nv l¡-layon lagx nv leÛpv many nv peÛyv puny nomai/ peæyomai ptaÛrv / pt
v / pt rnumi **s¡xv > ¦xv tugx nv feægv k mnv yn¹skv kten > tkeÛnv klæv pÛnv p sxv steÛx
v (m)blÅskv p¡pvka p¡ponya p¡feuga k¡kmhka t¡tmhka t¡ynhka l¡loipa p¡poiya eàlhf
a
vejo pego, tomo oculto-me, não sou percebido obtenho por sorte, atinjo deixo, ab
andono persuado-me, obedeço informo-me, inquiro espirro seguro, tenho
mem yhka entendo, aprendo
tetæxhka encontro-me por acaso evito, fujo trabalho, canso-me corto, amputo morr
o quero matar, mato ouço, sinto bebo eu sofro eu caminho, vou estou a ponto de,
vou
¦tamon /¦temon t mnv /t¡mnv
mur05.p65
431
22/01/01, 11:38
432
a flexão verbal
Tema
pr/per ol/Wol yor ofl gn/gen blasy pt/pet yen l aÞsy fen/fon eêr ¤negk ¤ly tup ki
lit kel/kl g ar ôr ôsfr
Aoristo
¦poron Êleto ¦yoron Êflon ¤g¡neto ¦blaston ¦peson/¦peton ¦yenon ²lñmhn ¼syñmhn ¦
pefnon hðron ¦negkon/¦negka —lyon ¦tupon kÛe/kiÅn litñmhn ¤-k¡kleto ³gagon ³raro
n Êroron Èsfrñmhn
Infectum
pñrv öllumi ti)yrÅskv ôfeÛlv/ ôflisk nv gÛgnomai blast nv pÛptv yeÛnv lomai aÞsy nomai
eêrÛskv
Perfeito
Significado
forneço, mando buscar, busco pereceu atiro-me, lanço sou devedor, devo
g¡gona/ tornou-se, aconteceu geg¡nhmai eu germino p¡ptvka caio bato eu salto per
cebo pelos sentidos bato, mato hìrhka ¤n noxa ¤l luya encontro, acho eu levo, le
vei venho, chego eu bato movo, agito oro, suplico ponho em movimento, mando, ord
eno —xa conduzo, levo pego, escolho faço levantar, nasço eu cheiro
tæptv kÛnv lÛtomai/lÛssomai k¡lomai (keleæv) gv aàrv/ rarÛskv örnumi ôsfraÛnomai
* As gramáticas chamam estas formas (dÛomai, pÛomai, eàpomai) subjuntivo com voga
l breve ou futuro sem sigma . ** s¡xv > §xv > ¦xv.
mur05.p65
432
22/01/01, 11:38
a flexão verbal
433
Raízes-tema em vogal longa: -v, -h, -a, -u - (gnv/bh/dra/du)
VOZ ATIVA:
Tema: gnv/gno: tomo conhecimento
Indicativo
tomo/tomei conhecimento S. ¦-gnv-n ¦-gnv-w ¦-gnv P. ¦-gnv-men ¦-gnv-te ¦-gnv-san
D. ¦-gnv-ton ¦-gnv-ton
Subjuntivo
tome/tomar conhecimento gnÇ* gnÒw gnÒ gnÇ-men gnÇ-te gnÇ-si gnÇ-ton gnÇ-ton
Optativo
tomaria conhecimento** gno-Ûh-n/gnÐhn gno-Ûh-w/gnÐhw gno-Ûh/gnÐh gno-Ûh-men (gno
Ýmen) gno-Ûh-te (gnoÝte) gno-Ûh-san (gnoÝen) gnoÛhton/gno-Ý-ton gnoi thn/gno-Û-t
hn
Imperativo
toma/tomai conhecimento*** gnÇ-yi gnÅ-tv gnÇ-te gnñ-ntvn/tvsan gnÇ-ton gnÅ-tvn
* O subjuntivo se constrói sobre o tema verbal gnv- + característica do subjunti
vo v, h, h, v, h, v, (vogal longa seguida de longa se abrevia) + desinências pri
márias. Nas contrações prevaleceu o vocalismo o da raiz-tema. ** Também: poderia
/pudesse tomar conhecimento. A vogal do tema se abrevia diante da característica
longa do optativo. *** Imperativo de 3 a pessoa: (ele / eles) tome(m) conhecime
nto.
mur05.p65
433
22/01/01, 11:38
434
a flexão verbal
Quadro demostrativo da flexão do subjuntivo
gnÅ-v > gnÅ-h-si > gnÅ-h-ti > gnÅ-v-men > gnÅ-h-te > gnÅ-v-nti > gnÅ-h-ton > gnÅ
-h-ton > gnñv > gnñhsi > gnñhti > gnñvmen > gnñhte > gnñvnti > gnñhton > gnñhton
> gnÅsi > gnÅti > gnÇ gnÇi/gnÒ > gnÇiw/gnÒw gnÅsi > gnÇi/gnÒ gnÇ-men gnÇ-te gnÇ
nsi > gnÇ-si gnÇ-ton gnÇ-ton
gnÇnti >
Particípio: Tema Masc. Fem. Neutro gnv-nt-.> gno-nt-* gno-nt-w > gnoæw-gnñnt-ow
gnont-j-a > gnoèsa-gnoæs-hw gnñnt- gnñn-gnñnt-ow
* Vogal longa seguida de soante e oclusiva se abrevia.
Infinitivo: gnÇ-nai tomar conhecimento
Adjetivo verbal: gno-stñw, ,ñn gno-st¡ow,a,on conhecível que deve ser conhecido
mur05.p65
434
22/01/01, 11:38
a flexão verbal
435
Tema: ba- / bh: ando
Indicativo ando/andei S. ¦-bh-n ¦-bh-w ¦-bh ¦-bh-men ¦-bh-te ¦-bh-san ¤-b -thn ¤
-b -thn Subjuntivo ande/andar bÇ* b»-w b» bÇ-men b°-te bÇ-si b°-ton b -tvn Optat
ivo andaria/andasse** ba-Ûh-n ba-Ûh-w ba-Ûh ba-Ûh-men/ba-Ý-men ba-Ûh-te/ba-Ý-te
ba-Ûh-san / ba-Ý-en ba-Ûh-ton/ba-Ý-ton ba-i -thn/ba-Û-thn Imperativo anda/andai*
** b°-yi b -tv b°-te ba-ntvn/ntvsan b°-ton b -tvn
P.
D.
* O subjuntivo se constrói sobre o tema verbal bh- + característica do subjuntiv
o v, h, h, v, h, v, (vogal longa seguida de longa se abrevia) + desinências prim
árias. ** Também: poderia/pudesse andar. A vogal do tema se abrevia diante da ca
racterística longa do optativo. *** Imperativo de 3 a pessoa: (ele) ande; (eles)
andem.
Quadro demostrativo da flexão do subjuntivo
b -v > b -h-si > b -h-ti > b -v-men > b -h-te > b -v-nti > b -h-ton > b -h-ton >
b¡v > b¡hsi > b¡hti > b¡vmen > b¡hte > b¡vnti > b¡hton > b¡hton > b°si > b¡hsi
> bÇnti > b°i/b» > b°si > bÇnsi > bÇ b°iw/b»w b°i/b» bÇmen b°te bÇsi b°ton b°ton
mur05.p65
435
22/01/01, 11:38
436
a flexão verbal
Particípio: tendo andado Tema: Masc.: Fem.: Neutro: bh-nt- > ba-nt-* ba-nt-w > b w
- b nt-ow bant-ja > b sa - b s-hw bant- > b n - b nt-ow
* Vogal longa seguida de soante e oclusiva se abrevia. Infinitivo: b°-nai: andar
andável, passável que deve ser andado, atravessado
Adjetivo verbal:
ba-tñw, ,ñn: ba-t¡ow,a,on:
Tema: du-: eu imerjo
Indicativo eu imerjo, eu imergi
S. ¦-du-n ¦-du-w ¦-du ¦-du-men ¦-du-te ¦-du-san ¤-dæ-thn ¤-dæ-thn
dæv / dæomai
Imperativo imerge, imergi
Subjuntivo imerja, imergir
dæ-v dæ-ú-w dæ-údæ-v-men dæ-h-te dæ-v-si dæ-h-ton dæ-h-ton
Optativo imergeria, imergisse*
dæ-o-i-mi dæ-o-i-w dæoi dæ-o-i-men dæ-o-i-te dæ-o-i-en du-o-Û-thn du-o-Û-thn
dæ-yi dæ-tv dè-te dæ-ntvn/dæ-tvsan dè-ton dæ-tvn
P.
D.
* Também pudesse, poderia imergir Particípio: que imerge Tema du-ntMasc. dèw-dèn
tow Fem. dèsa-dæshw Neutro dèn-dèntow
mur05.p65
436
22/01/01, 11:38
a flexão verbal
437
Infinitivo:
dè-nai: imergir
Adj. verbal: du-tñw, du-t , du-tñn: du-t¡ow, du-t¡a, du-t¡on:
imergível o que deve, vai ser imergido
Seguem os modelos acima de alguns outros aoristos em vogal longa:
¥- lv-n/´lvn p-¡-dra-n ¦-brv-n ¤-bÛv-n ¤-g ra-n ¦-du-n ¦-sth-n ¦-pth-n/ pta-n ¤-rræ
h-n ¦-sklh-n ¦-tlh-n ¤-x rh-n ¦-fyh-n ¦-fu-n lÛskomai po-di-dr sk-v bi-brÅ-sk-v bi-Ç g
hr -sk-v dæ-o-mai á-sth-mi (ástamai) p¡t-o-mai =¡-v sk¡ll-v tl -v xa-Û-r-v fy -n-v fæ-
o-mai sou preso, sou apanhado safo-me, saio correndo como, devoro vivo, levo a v
ida eu envelheço mergulho, visto-me ponho (-me) de pé eu vôo fluo, corro (água)
eu seco, eu resseco eu sofro alegro-me eu me antecipo nasço, sou de nascença
mur05.p65
437
22/01/01, 11:38
438
a flexão verbal
Aoristo em -ka (só no indicativo)
Temas monossilábicos
Os verbos de temas monossilábicos (yh-/ye-, dv-/do-/, sth-/ sta-, ²-/¥-), que, n
o infectum, inacabado, sofrem um redobro em -i, poderiam fazer o aoristo seguind
o os modelos acima. Mas só ásthmi o faz. 49 Os três outros recebem a característ
ica -k- sobre o tema longo; essa característica é emprestada do perfeito ativo e
a flexão se faz analogicamente aos aoristos ativos sigmáticos. Mas o -k- só se
usa no singular 50; no plural a flexão se faz sobre o tema breve, como se fossem
aoristo de raiz-tema.
Quadro de flexão do aoristo em -ka
Temas:
VOZ ATIVA Indicativo coloco/coloquei
S ¦-yh-ka ¦-yh-ka-w ¦-yh-ke ¦-ye-men ¦-ye-te ¦-ye-san ¦-ye-ton ¤-y¡-thn
yh/ye
dv/do
²/¥
sth/sta
dou/dei
¦-dv-ka ¦-dv-ka-w ¦-dv-ke ¦-do-men ¦-do-te ¦-do-san ¦-do-ton ¤-dñ-thn
lanço/lancei
¸-ka ¸-ka-w ¸-ke eå-men eå-te eå-san eå-ton eá-thn
ponho/pus de pé
¦-sth-n ¦-sth-w ¦-sth ¦-sth-men ¦-sth-te ¦-sth-san ¦-sth-ton ¤-st -thn
P
D
49 50
§sthka significa: estou de pé ou pus de pé (perfeito). Em Homero encontram-se fo
rmas também no plural e nos outros modos.
mur05.p65
438
22/01/01, 11:38
a flexão verbal
439
Subjuntivo coloque/colocar
S. yÇ* y»-w y» yÇ-men y°-te yÇ-si y°-ton y°-ton
dê/der
dÇ* dÒ-w dÒ dÇ-men dÇ-te dÇ-si dÇ-ton dÇ-ton
lance/lançar
Ï* Ã-w à Ï-men ¸-te Ï-si ¸-ton ¸-ton
ponha/puser de pé
stÇ* st»-w st» stÇ-men st°-te stÇ-si st°-ton st°-ton
P.
D.
* O subjuntivo se constrói sobre os temas breves (ye, do, ¥, sta ) com o acrésci
mo da característica do subjuntivo v,h,h,v,h,v, que absorvem a vogal temática (c
ontração) e desinências pessoais. As contrações resultam em formas perispômenas.
Veja o quadro demostrativo abaixo.
Quadro demostrativo das modificações fonéticas do subjuntivo
S. y¡-v > y¡-h-si > y¡-h-ti > P. y¡-v-men > y¡-h-te > D. y¡-h-ton > y¡-h-ton > S
. §-v > §-h-si > §-h-ti > P. ¸si > ¸i/ Ã §-hsi > ¸si Ï y¡hi /y» > y¡hsi >y¡hi >
yÇ y°i /y» yÇmen y°te y°ton y°ton dñ-v > dñ-h-ti > dñ-v-men > dñ-h-te > dñ-h-ton
> dñ-h-ton dvhsi >dÇsi > dÇ dÇsi>dÇi/dÒ > dÇiw/dÒw dÇi /dÒ dÇmen dÇte dÇton dÇt
on stÇ st hi > st°i/st» > st°iw/st»w st hsi > st hi > st°i/st» y°iw/y»w dñ-h-si >
y¡-v-nti > y¡vnsi > y¡vsi > yÇsi
dñ-v-nti > dÇnti > dÇnsi > dÇsi
st -v >
¸iw/Ãw st -h-si > ¸i/ Ã st -h-ti >
§-v-men > Ïmen st -v-men > stÇmen §-h-te > ¸te st -h-te > st°te §-v-nti > §vnsi>Ïnsi
> Ïsi st -v-nti > st vnsi > stÇnsi > stÇsi ¸ton ¸ton st -h-ton > st -h-ton > st°ton st°
ton
D. §-h-ton > §-h-ton >
mur05.p65
439
22/01/01, 11:38
440
a flexão verbal
Optativo:
colocaria /colocasse* S. ye-Ûh-n yeÛh-w ye-Ûh P. ye-Ûh-men/ye-Ý-men ye-Ûh-te/ye-
Ý-te ye-Ûh-san/ye-Ý-en D. ye-Ý-ton ye-Û-thn daria /desse do-Ûh-n do-Ûh-w do-Ûh d
o-Ûh-men/do-Ý-men do-Ûh-te/do-Ý-te do-Ûh-san/do-Ý-en do-Ý-ton do-Û-thn lançaria
/lançasse e-áh-n e-áh-w e-áhstaÛh e-áh-men/e-å-men e-áh-te/ e-å-te e-áh-san/e-å-
en e-å-ton e-á-thn sta-Ý-men sta-Ý-te sta-Ý-en sta-Ý-ton sta-Û-thn poria/pusesse
de pé sta-Ûh-n sta-Ûh-w
* Também: poderia/pudesse colocar, dar, lançar, pôr de pé
Imperativo:
coloca colocai S. P. D. y¡w** y¡-tv y¡-te y¡-ntvn y¡-ton y¡-tvn dá dai dñw** dñ-
tv dñ-te dñ-ntvn dñ-ton dñ-tvn lança lançai §w** §-tv §-te §-ntvn §-ton §-tvn põ
e-te/ponde-vos de pé* st°-yi st -tv st°-te st -ntvn/st tvsan st°-ton st -tvn
* Imperativo de 3a pessoa: (ele) coloque, dê, lance, ponha-se de pé; (eles) colo
quem, dêem, lancem, ponham-se de pé. ** O imperativo singular seria o próprio te
ma, mas por ser vocálico, o -w (marca de 2 a pessoa) protege a vogal. Particípio
: tendo colocado, tendo dado, tendo lançado, tendo-me posto de pé
Tema Masc. Fem. Neut. ye-ntyeÛw-y¡ntow yeÝsa-yeÛshw y¡n-y¡ntow do-nt- ¥-ntdoæw-d
ñntow doèsa-doæshw dñn-dñntow sta-nteåw-§ntow eäsa-eáshw §n-§ntow st w-st ntow st sa-s
t shw st n-st ntow
mur05.p65
440
22/01/01, 11:38
a flexão verbal
441
Infinitivo: colocar
ye-e-nai > yeÝnai
dar
do-e-nai > doènai
lançar
¥-e-nai > eänai
pôr de pé
st°-nai
VOZ MÉDIA Indicativo:
coloco/coloquei para mim S. ¤-y¡-mhn ¦-ye-so> ¦you ¦-ye-to ¤-y¡-meya ¦-ye-sye ¦-
ye-nto ¤-y¡-syhn ¤-y¡-syhn dou/dei para mim ¤-dñ-mhn ¦-do-so > ¦dou ¦-do-to ¤-dñ
-meya ¦-do-sye ¦-do-nto ¤-dñ-syhn ¤-dñ-syhn lanço/lancei para mim ponho-me de pé
eá-mhn eå-so e-to eá-meya eä-sye eá-nto eá-syhn eá-syhn ¤-st -mhn* ¦-sta-so > ¦st
v ¦-sta-to ¤-st -meya ¦-sta-sye ¦-sta-nto ¤-st -syhn ¤-st -syhn
P.
D.
* Esse aoristo médio, embora formalmente normal, não é usado. Em lugar dele a lí
ngua desenvolveu um aoristo em -s-. Assim temos:
Indicativo: - ¤sth-s mhn, saso(sv), sato, s meya, sasye, santo Subjuntivo: - st -svm
ai, shsai(sú), shtai, sÅmeya, shsye, svntai Optativo: - sth-saÛmhn, saiso(saio),
saito, saÛmeya, saisye, sainto Imperativo: - st°-sai, sths syv, st sasye, sths syvn
Particípio: - sth-s menow,n,on Infinitivo: - st -sasyai
mur05.p65
441
22/01/01, 11:38
442
a flexão verbal
Subjuntivo
coloque/ colocar para mim dê/der para mim lance/lançar para mim ponha-me /puser
de pé
S.
yÇ-mai* y» y°-tai yÅ-meya y°-sye yÇ-ntai yÅ-meyon y°-syon
dÇ-mai dÒ dÇ-tai dÅ-meya dÇ-sye dÇ-ntai dÅ-meyon dÇ-syon
Ï-mai à ¸-tai Ë-meya ¸-sye Ï-ntai Ë-meyon ¸-syon
stÇ-mai st» st°-tai stÅ-meya st°-sye stÇ-ntai stÅ-meyon st°-syon
P.
D.
* O subjuntivo forma-se sobre o tema verbal breve (ye, do, ¥, sta), com o acrésc
imo da característica do subjuntivo (v, h, h, v, h, v ) e desinências primárias.
A absorção da vogal temática pela vogal longa, característica do subjuntivo, re
sulta em contração, o que explica as formas perispômenas e properispômenas.
Quadro demostrativo da evolução fonética do subjuntivo da voz média
S. y¡-v-mai > y¡-h-tai > P. ye-v-meya > y¡-h-sye > y¡-v-ntai > D. ye-Å-meyon > y
¡-h-syon > yÅmeyon y°syon y°sye yÇmai y°tai dñ-v-mai > dñ-h-sai > dñhai > dÇai d
ñ-h-tai > yÅmeya dñ-h-sye > yÇ-ntai do-Å-meyon > dñ-h-syon > dñ-v-ntai > do-Å-me
ya > dÇmai dÇi/dÒ* dÇtai dÅmeya dÇsye dÇntai dÇsyon dÇsyon y¡-h-sai > y¡hai > y°
ai > y°i/y»*
mur05.p65
442
22/01/01, 11:38
a flexão verbal
443
S.
§-v-mai > §-h-sai > §-h-tai >
Ïmai §hai > ¸ai > ¸i/Â* ¸tai ¸sye Ïntai ¸syon
st -v-mai > st -h-sai > st -h-tai > st -h-sye > st -v-ntai > st -h-syon >
stÇmai st hai > st°ai > st°i/st»* st°tai stÅmeya st°sye stÇntai stÅmeyon st°syon
P.
§-v-meya > §-h-sye > §-v-ntai >
Ëmeya sta-Å-meya >
D.
§-Å-meyon > §-h-syon >
Ëmeyon sta-Å-meyon >
* Estas formas da 2a pessoa do singular média são iguais às de 3a pessoa do sing
ular ativa. Só o contexto resolve.
Optativo
colocaria/ colocasse* S. ye-Û-mhn ye-Ý-so > yeÝo ye-Ý-to ye-Û-meya ye-Ý-sye ye-Ý
-nto ye-Û-syhn ye-Û-syhn daria/desse do-Û-mhn do-Ý-so > doÝo do-Ý-to do-Û-meya d
o-Ý-sye do-Ý-nto do-Û-syhn do-Û-syhn lançaria/lançasse e-á-mhn e-å-so > eåo e-å-
to e-á-meya e-å-sye eä-nto e-á-syhn e-á-syhn me poria/pusesse de pé sta-Û-mhn sta
-Ý-so > staÝo sta-Ý-to sta-Û-meya sta-Ý-sye sta-Ý-nto sta-Û-syhn sta-Û-syhn
P.
D.
* Também: poderia/pudesse colocar, dar, lançar, pôr-me de pé.
mur05.p65
443
22/01/01, 11:38
444
a flexão verbal
Imperativo:
coloca/colocai para ti/vós dá/dai para ti /vós lança/lançai para ti/vós põe-te/p
onde-vos de pé*
S. P.
y¡-so > yoè y¡-syv y¡-sye y¡-syvn/ y¡syvsan y¡-syon y¡-syvn
dñ-so > doè dñ-syv dñ-sye dñ-syvn/ dñsyvsan dñ-syon dñ-syvn
§-so > oð §-syv §-sye §-syvn/ §syvsan §-syon §-syvn
st -so > stÇ st -syv st -sye st -syvn/ st -syvsan st -syon st -syvn
D.
* Imperativo de 3 a pessoa: (ele) coloque, dê, lance, ponha de pé para si; (eles
) coloquem, dêem, lancem, ponham de pé para si
Particípio: tendo colocado para mim, tendo dado para mim, tendo lançado para mim
, tendo-me posto de pé.
Tema ye-menodo-meno§-menosta-menoy¡-menow,h,on dñ-menow,h,on §-menow,h,on st -meno
w,h,on
Infinitivo: colocar para mim, dar para mim, lançar para mim, pôr-se de pé y¡-sya
i dñ-syai §-syai st -syai
mur05.p65
444
22/01/01, 11:38
a flexão verbal
445
Aoristo sigmático
O aoristo sigmático também é antigo na língua e, em Homero, convive com os outro
s tipos de aoristo; mas, por ter uma característica marcante, o -s-, que passa a
ser o sinal distintivo de fácil identificação, começou a ser usado com mais int
ensidade, a ponto de se tornar o aoristo paradigmático, regular , e, a partir do sé
culo V, todos os verbos que se foram criando adotaram esse aoristo. Esse -s-, ac
rescentado ao tema verbal, sem vogal de ligação, lu-s-, marcaria o aoristo; mas
é no indicativo que ele se identifica mais claramente e é a partir do indicativo
que se constrói o tema do aoristo, da maneira seguinte: O aoristo indicativo, r
ecebendo um aumento, por ser pontual no processo narrativo, tem desinências secu
ndárias. Assim, em ¤-lu-s-n: a soante -n, posta ao lado da consoante -s-, se voc
aliza em -a, resultando daí a sílaba -sa, que passa a ser a característica ident
ificadora desse tipo de aoristo. É assim que as gramáticas o denominam: aoristo
sigmático, ou aoristo em -sa.
Quadro de flexão do aoristo sigmático
VOZ ATIVA Tema em semivogal:
Indicativo
desligo/desliguei S. ¦-lu-sa ¦-lu-sa-w ¦-lu-se P. ¤-læ-sa-men ¤-læ-sa-te ¦-lu-sa
-n D. ¤-lu-s -thn (ston) ¤-lu-s -thn
Subjuntivo
desligue / desligar* læ-s-v læ-s-ú-w læ-s-ú læ-s-v-men læ-s-h-te læ-s-v-si læ-s-
h-ton læ-s-h-ton
Optativo
desligaria/ desligasse** læ-sa-i-mi læ-sa-i-w (seiaw) læ-sa-i (seien) læ-sa-i-me
n læ-sa-i-te læ-sa-i-en (seian) lu-sa-Û-thn(-ton) lu-sa-Û-thn
Imperativo
desliga/ desligai*** lè-son lu-s -tv læ-sa-te lu-s -ntvn læ-sa-ton lu-s -tvn
mur05.p65
445
22/01/01, 11:38
446
a flexão verbal
* O subjuntivo se constrói sobre o tema verbal+característica -s- do aoristo + c
aracterísticas do subjuntivo v, h, h, v, h, v + desinências primárias ativas. (V
er o quadro demostrativo abaixo.) ** Também: poderia/pudesse desligar. *** Imper
ativo de 3a pessoa:(ele) desligue/(eles) desliguem.
Quadro demostrativo do subjuntivo:
S. læ-s-v > læ-s-h-si > læ-s-h-ti > læ-s-v-men > læ-s-h-te > læ-s-v-nti > læ-s-h
-ton > læ-s-h-ton > læshsi > læshti > læsv læshi/læsú > læshsi > læsvmen læshte
læsvnsi > læshton læshton læsúw/læshiw læsú/læshi
P.
læsvnti >
læsvsi
D.
Particípio: tendo desligado
Tema
lu-sa-nt-
Masc.
lu-sa-nt-w > læsaw - læsant-ow
Fem.
lu-sa-nt-j-a > læsasa - lus s-hw
Neutro
lu-sa-nt > lèsan - læsant-ow
Infinitivo:
desligar: lè-sai
mur05.p65
446
22/01/01, 11:38
a flexão verbal
447
VOZ MÉDIA Indicativo
desligo/ desliguei para mim S. ¤-lu-s -mhn ¤-læ-sa-so > sao > sv ¤-læ-sa-to P. ¤-l
u-s -meya ¤-læ-sa-sye ¤-læ-sa-nto D. ¤-læ-sa-syon ¤-lu-s -syhn
Subjuntivo
desligue/desligar para mim læ-s-v-mai* læ-s-h-sai > sú læ-s-h-tai lu-s-Å-meya læ
-s-h-sye læ-s-v-ntai læ-s-h-syon læ-s-h-syon
Optativo
desligaria/desligasse para mim** lu-sa-Û-mhn
Imperativo
desliga para ti/ desligai para vós***
læ-sa-i-so > saio lè-sai læ-sa-i-to lu-sa-Û-meya læ-sa-i-sye læ-sa-i-nto læ-sa-i
-syon lu-sa-Û-syhn læ-sa-sye lu-s -syvn læ-sa-syon lu-s -syvn lu-s -syv
* O subjuntivo aoristo médio se constrói sobre o tema verbal + característica do
subjuntivo v, h, h, v, h, v, + desinências primárias médias. A 2a pessoa do sin
gular é: læ-s-h-sai> læshai> læshi> læsú. ** Também: poderia/pudesse desligar pa
ra mim. *** Imperativo de 3a pessoa:(ele) desligue para si; (eles) desliguem par
a si.
Particípio: tendo desligado para mim Tema
lu-s -menolu-s -menow-ou
Masc.
Fem.
lu-sa-m¡nh-hw
Neutro
lu-s -menon-ou
Infinitivo:
læ-sa-syai
desligar para mim
No modelo acima, o -s- se mantém porque segue a semivogal do tema verbal lu-; ma
s, quando o tema verbal é em consoante, sofre o processo de assimilação, segundo
as normas fonéticas da língua, como aconteceu na flexão nominal dos temas em co
nsoante.
mur05.p65
447
22/01/01, 11:38
448
a flexão verbal
Assim, nos temas em oclusiva: Dental + sigma: a dental se assimila e cai peiy ¦-
peiy-sa > ¦-peis-sa > yaumat ¤-yaæmat-sa > ¤-yaæmas-sa > speud ¦-speud-sa > ¦spe
us-sa > Velar + sigma: a velar arx prag fulak combina com s > j ¦-arx-sa > ¦-pra
g-sa > ¤-fælak-sa > ¦peisa ¤yaæmasa ¦speusa —rja ¦praja ¤fælaja ¦yreca ¦trica ¦t
reca
Labial + sigma: a labial combina com s > c tref ¦-tref-sa > trib ¦-trib-sa > tre
p ¦-trep-sa >
Aoristo sigmático com temas em oclusivas
Tema em oclusiva: peiy-; prag-; tref-.
VOZ ATIVA Indicativo
eu convenci/convenço
S. ¦peiy-sa > ¦peisa ¦peiy-saw > ¦peisaw ¦peiy-se > ¦peise P. ¤peÛy-samen > ¤peÛ
samen ¤peÛy-sate > ¤peÛsate ¦peiy-san > ¦peisan D. ¤peÛy-saton > ¤peÛsaton ¤peiy
s thn > ¤peis thn
eu fiz/eu faço
¦prag-sa > ¦praja ¦prag-sw > ¦prajaw ¦prag-se > ¦praje ¤pr g-samen > ¤pr jamen ¤pr g-s
ate > ¤pr jate ¦prag-san > ¦prajan ¤pr g-saton > ¤pr jaton ¤prag-s thn > ¤praj thn
eu nutri/eu nutro
¦tref-sa > ¦yreca* ¦tref-saw > ¦yrecaw ¦tref-se > ¦yrece ¤tr¡f-samen > ¤yr¡camen
¤tr¡f-sate > ¤yr¡cate ¦tref-san > ¦yrecan ¤tr¡f-saton > ¤yr¡caton ¤trefs thn > ¤y
rec thn
mur05.p65
448
22/01/01, 11:38
a flexão verbal
449
* A oclusiva aspirada seguida de -s- compõe a consoante dupla -c- fazendo com qu
e a aspiração se desloque para a oclusiva anterior: t > y.
Subjuntivo
eu convença/convencer
S. peÛy-sv > peÛsv peÛy-súw > peÛsúw peÛy-sú > peÛsú P. peÛy-svmen > peÛsvmen pe
Ûy-shte > peÛshte peÛ-svsi > peÛsvsi D. peÛy-shton > peÛshton peÛy-shton > peÛsh
ton
eu faça/fizer
pr g-sv > pr jv* pr g-súw > pr júw pr g-sú > pr jú pr g-svmen > pr jvmen pr g-shte > pr jht
> pr jvsi pr g-shton > pr jhton pr g-shton > pr jhton
eu nutra/nutrir
tr¡f-sv > yr¡cv tr¡f-súw > yr¡cúw tr¡f-sú > yr¡cú tr¡f-svmen > yr¡cvmen tr¡f-sht
e > yr¡chte tr¡f-svsi > yr¡cvsi tr¡f-shton > yr¡chton tr¡f-shton > yr¡chton
* Ver modelo fonético no quadro de læ-v, læs-v, p. 404.
Optativo
eu convenceria/ convencesse
S. peÛy-saimi > peÛsaimi peÛy-saiw > peÛsaiw/eiaw peÛy-sai > peÛsai/eie P. peÛy-
saimen > peÛsaimen peÛy-saite > peÛsaite peÛy-saien > peÛsaien/eian
eu faria/fizesse
pr g-saimi > pr jaimi pr g-saiw > pr jaiw/eiaw pr g-sai > pr jai/eie pr g-saimen > pr jaime
saite > pr jaite pr gsaien > pr jaien/eian
eu nutriria/nutrisse*
tr¡f-saimi > yr¡caimi tr¡f-saiw > yr¡caiw/eiaw tr¡f-sai > yr¡cai/eie tr¡fsaimen
> yr¡caimen tr¡fsaite > yr¡caite tr¡fsaien > yr¡caien/ eian
D.
peiy-saÛthn > peisaÛthn peiy-saÛthn > peisaÛthn
prag-saÛthn > prajaÛthn prag-saÛthn > prajaÛthn
trefsaÛthn > yrecaÛthn trefsaÛthn > yrecaÛthn
* Também: poderia/pudesse convencer, fazer, nutrir.
mur05.p65
449
22/01/01, 11:38
450
a flexão verbal
Imperativo
convence/convencei
S. peÝy-son > peÝson peiy-s tv > peis tv P. peÛy-sate> peÛsate peiy-s ntvn > peis ntvn51
D. peÛy-saton > peÛsaton peiy-s tvn > peis tvn pr g-sate > pr jate prag-s ntvn > praj ntvn
pr g-saton > pr jaton prags tvn > praj tvn tr¡fsate > yr¡cate trefs ntvn > yrec ntvn tr¡fsa
on > yr¡caton trefs tvn > yrec tvn pr g-son > pr jon prag-s tv > praj tv tr¡f-son > yr¡con
ref-s tv > yrec tv
faze/fazei
nutre/nutri*
* Imperativo de 3 a pessoa: (ele) convença, faça, nutra; (eles) convençam, façam
, nutram. Particípio
tendo convencido Tema Masc. Fem. Neut.
peÛysant > peÛsantpeÛsaw-santow peÛsasa-s shw peÝsan-santow
tendo feito
pr jaw-jantow pr jasa-j shw pr jan-jantow
tendo nutrido
yr¡caw-cantow yr¡casa-c shw yr¡can-cantow
pr gsant > pr jant- tr¡fsant > yr¡cant-
Infinitivo convencer peÝysai > peÝsai fazer pr gsai > pr jai nutrir tr¡fsai > yr¡cai
51
Também peiy-s tvsan > peis tvsan (menos usada, rebuscada).
mur05.p65
450
22/01/01, 11:38
a flexão verbal
451
VOZ MÉDIA Indicativo
convenci/ convenço para mim
S. ¤peiys mhn > ¤peis mhn ¤peÛysato > ¤peÛsato P.
fiz/faço para mim
¤prags mhn > ¤praj mhn ¤pr g-sato > ¤pr jato
nutri/nutro para mim
¤trefs mhn > ¤yrec mhn ¤tr¡fsato > ¤yr¡cato
¤peÛysaso > ¤peÛsaso > sv ¤pr gsaso > ¤pr jaso > sv ¤tr¡fsaso > ¤yr¡caso> sv
¤peiys meya > ¤peis meya ¤prags meya > ¤praj meya ¤trefs meya > ¤yrec meya ¤peÛysasye > ¤pe
sasye ¤peÛysanto > ¤peÛsanto ¤pr gsasye > ¤pr jasye ¤pr gsanto > ¤pr janto ¤tr¡fsasye >
¤yr¡casye ¤tr¡fsanto > ¤yr¡canto
D. ¤peiys syhn > ¤peis syhn ¤prags syhn > ¤praj syhn ¤trefs syhn > ¤yrec syhn ¤peiys syhn >
eis syhn ¤prags syhn > ¤praj syhn ¤trefs syhn > ¤yrec syhn
Subjuntivo
eu convença / convencer para mim
S. peÛysvmai > peÛsvmai peÛyshsai > peÛshsai> sú peÛyshtai > peÛshtai P. peiysÅm
eya > peisÅmeya peÛyshsye > peÛshsye peÛysvntai > peÛsvntai D. peÛy-shsyon > peÛ
shsyon peÛy-shsyon > peÛshsyon
faça / fizer para mim
pr gsvmai > pr jvmai pr gshsai > pr jhsai > jú pr gshtai pr jhtai pragsÅmeya > prajÅmeya pr
hsye > pr jhsye pr gsvntai > pr jvntai pr gshsyon > pr jhsyon pr gshsyon > pr jhsyon
nutra / nutrir para mim
tr¡fsvmai > yr¡cvmai tr¡fshsai > yr¡chsai > cú tr¡fshtai > yr¡chtai trefsÅmeya >
yrecÅmeya tr¡fshsye > yr¡chsye tr¡fsvntai > yr¡cvntai tr¡fshsyon > yr¡chsyon tr
¡fshsyon > yr¡chsyon
mur05.p65
451
22/01/01, 11:38
452
a flexão verbal
Optativo
convenceria / convecesse para mim
S. peiysaÛmhn> peisaÛmhn peÛysaiso > peÛsaiso > saio** peÛysaito > peÛsaito P. p
eiysaÛmeya > peisaÛmeya peÛysaisye > peÛsaisye peÛysainto > peÛsainto D. peiysaÛ
syhn > peisaÛsyhn peiysaÛsyhn > peisaÛsyhn
faria / fizesse para mim
pragsaÛmhn > prajaÛmhn pr gsaiso > pr jaiso > aio pr gsaito > pr jaito pragsaÛmeya > pra
jaÛmeya pr gsaisye > pr jaisye pr gsainto > pr jainto pragsaÛsyhn > prajaÛsyhn pragsaÛsy
hn > prajaÛsyhn
nutriria / nutrisse para mim*
trefsaÛmhn > yrecaÛmhn tr¡fsaiso > yr¡caiso > aio tr¡fsaito > yr¡caito trefsaÛme
ya > yrecaÛmeya tr¡fsaisye > yr¡caisye tr¡fsainto > yr¡cainto trefsaÛsyhn > yrec
aÛsyhn trefsaÛsyhn > yrecaÛsyhn
* Também: poderia/pudesse convencer, fazer, nutrir para mim. ** O -s- intervocál
ico da desinência sofre síncope provocando um tritongo, de pronúncia fácil; por
isso permanece. Imperativo
convence para ti / convencei para vós
S. peÝy-sai > peÝsai peiy-s syv > peis syv P. peÛy-sasye> peÛsasye peiy-s syvn > peis sy
vn 52 D. peÛy-sasyon > peÛsasyon peiy-s syvn > peis syvn
faze para ti / fazei para vós
pr g-sai > pr jai prag-s syv > praj syv pr g-sasye > pr jasye prag-s syvn > praj syvn pr g-
pr jasyon prags syvn > praj syvn
nutre para ti / nutri para vós
tr¡f-sai > yr¡cai tref-s syv > yrec syv tr¡fsasye > yr¡casye trefs syvn > yrec syvn tr¡f
sasyon > yr¡casyon trefs syvn > yrec syvn
* Imperativo de 3 a pessoa: (ele) convença, faça, nutra; (eles) convençam, façam
, nutram para si.
52
Também peiy-s tvsan > peis tvsan (menos usada, rebuscada).
mur05.p65
452
22/01/01, 11:38
a flexão verbal
453
Particípio
tendo convencido para mim tendo feito para mim tendo nutrido para mim
trefs meno -> yrec menopeis menow, h, on praj menow, h, on yrec menow, h, on
Tema peiys meno -> peis meno- prags meno -> praj meno-
Infinitivo
convencer para si
peÛysasyai > peÛsasyai
fazer para si
pr gsasyai > pr jasyai
nutrir para si
tr¡fsasyai > yr¡casyai
Temas em líqüida / soante / nasal:
Na flexão nominal dos temas em líquida, só a soante nasal seguida de -s- cai, se
m compensação de alongamento. O -r- e o -l- permanecem. assim: daÛmon-si > daÛmo
si aos numes ²gemñn-si > ²gemñsi aos guias mas: = tor-si aos oradores lw o sal Na
flexão verbal, nos verbos cujo tema termina por l, r, m, n, o -sdo aoristo sofr
e síncope, e, em compensação, a vogal do tema é alongada. Tema Aoristo stel¦-ste
l-sa > ¦-steil-a enviei fyer¦-fyer-sa > ¦-fyeir-a corrompi men¦-men-sa > ¦-mein-
a permaneci nem¦-nem-sa > ¦-neim-a distribuí kayar¤-k yar-sa > ¤-k yhr-a purifiquei
fan¦-fan-sa > ¦-fhn-a fiz aparecer Para maior clareza vamos dar a seguir o parad
igma construído sobre o tema stel-.
mur05.p65
453
22/01/01, 11:38
454
a flexão verbal
VOZ ATIVA
Tema: ¦-stel-sa > ¦-steil-a
Indicativo envio/enviei
S. ¦-steil-a ¦-steil-aw ¦-steil-e P. ¤-steÛl-a-men ¤-steÛl-a-te ¦-steil-an D. ¤-
steil- -thn /aton ¤-steil- -thn
Subjuntivo envie/enviar
steÛl-v* steÛl-úw steÛl-ú steÛl-v-men steÛl-h-te steÛl-v-si steÛl-h-ton steÛl-h-
ton
Optativo enviaria /enviasse**
steÛl-a-i-mi steÛl-a-i-w (-eiaw) steÛl-a-i (-eie) steÛl-a-i-men steÛl-a-i-te ste
Ûl-a-i-en (-eian) steil-a-Û-thn/ton steil-a-Û-thn
Imperativo envia/enviai***
steÝl-on steil- -tv steÛl-a-te steil- -ntvn steÛl-a-ton steil- -tvn
* O subjuntivo aoristo ativo se constrói sobre o tema verbal + característica -s
- do aoristo, que sofre síncope, alongando por compensação a vogal do tema + car
acterística do subjuntivo v, h, h, v, h, v, + desinências primárias. ** Também:
poderia/pudesse enviar. *** Imperativo de 3 a pessoa: ele envie / eles enviem. P
articípio: tendo enviado
Tema
steilant >
Masc.
steÛlaw-steÛlant-ow
Fem.
steilant-j-a > steilantia > steÛlasa-steil s-hw
Neutro
steil-a-nt steÝlan-steÛlant-ow
stel-sa-nt- > steil-a-nt-w >
Infinitivo: enviar stel-s-nai >
steil-nai >
steÝlai
mur05.p65
454
22/01/01, 11:38
a flexão verbal
455
VOZ MÉDIA
Indicativo
envio/enviei para mim S. ¤-steil- -mhn ¤-steÛl-a-so > v ¤-steÛl-a-to P. ¤-steil- -me
ya ¤-steÛl-a-sye ¤-steÛl-a-nto D. ¤-stel- -syhn
Subjuntivo
envie/enviar para mim steÛl-v-mai* steÛl-h-tai steil-Å-meya steÛl-h-sye steÛl-v-
ntai steÛl-h-syon
Optativo
enviaria/enviasse para mim** steil-a-Û-mhn
Imperativo
envia para ti enviai para vós*** steÝl-ai53 steil- -syv steÛl-a-sye steil- -ntvn ste
il- -syvn
steÛl-h-sai > ú steÛl-a-i-so > aio steÛlai-to steil-a-Û-meya steÛl-a-i-sye steÛl
-a-i-nto steil-a-Û-syhn
¤-steil- -syhn/syon steÛl-h-syon
steil-a-Û-syhn/syon steÛl-a-syon
* O subjuntivo aoristo médio se constrói sobre o tema verbal + característica -s
- do aoristo que sofre síncope, alongando por compensação a vogal do tema + cara
cterísticas do subjuntivo v, h, h, v, h, v, + desinências primárias médias. ** T
ambém: poderia/pudesse enviar para mim. *** Imperativo de 3 a pessoa: ele envie
para si / eles enviem para si. Particípio: tendo enviado para mim
Tema
stel-sa-meno- > steil-a-meno-
Masc.
steil- -menow
Fem.
steil-a-m¡nh
Neutro
steil- -menon
Infinitivo: enviar para mim stel-sa-syai > steÛl-a-syai
53
Observe o acento properispômeno, como no infinitivo aoristo ativo na p. 402; mas
a 3a pessoa do optativo ativo steÛlai é paroxítona, porque o -i- do optativo é
longo.
mur05.p65
455
22/01/01, 11:38
456
a flexão verbal
Note-se que o -a-, remanescente da queda do -s- da característica, mantém-se em
todos os modos, exceto no subjuntivo. O subjuntivo tem como característica a vog
al de ligação longa: v, h, h, v, h, v, que se acrescenta diretamente à caracterí
stica -s- do aoristo (sem o -n-, desinência secundária do indicativo que se voca
lizou em -a). Além disso, por ser eventual, o subjuntivo tem desinências primári
as. O quadro de flexão acima serve de modelo para todos os verbos de tema em líq
uida: l, m, n, r.
O futuro
O futuro não é propriamente um tempo. É um vir-a-ser, isto é: uma eventualidade,
uma antecipação. As gramáticas ora dizem que o futuro se originou de um antigo
desiderativo, ora que é um subjuntivo eventual. Não há erro nessas informações.
Não é nossa intenção fazer gramática histórica, mas cremos que não seria errado
afirmar que o futuro é uma noção secundária, associada ao aoristo; é uma mera pr
ojeção do ato verbal, a formulação de um desejo num certo grau de intensidade; (
daí o uso do indicativo, e, no português, a criação do subjuntivo futuro). A noç
ão de eventualidade, de virtualidade da ação se exprime pelo subjuntivo. Mas o f
uturo não contém a idéia de inacabado, infectum, que conflita com a idéia aorist
a da pontualidade. Não é por mero acaso que, nos paradigmas de conjugação, o lug
ar do futuro do subjuntivo é o mesmo que o do subjuntivo aoristo. É por isso que
vamos mostrar que a construção do futuro se faz sobre o tema do aoristo. Constr
uir o futuro a partir do tema do infectum (inacabado), como se faz tradicionalme
nte é um contra-senso, além de obrigar o estudioso a decorar listas de futuros ir
regulares 54.
54
Mas, às vezes, tem-se a impressão de que o futuro é a continuidade do presente,
como no verbo eänai que não tem aoristo. A construção do futuro sobre o tema do
infectum exprime a continuidade do ser.
mur05.p65
456
22/01/01, 11:38
a flexão verbal
457
Basta citarmos alguns exemplos para provar que o futuro nem semanticamente nem m
orfologicamente deriva do tema do infectum: Vejamos o verbo gignÅskv: o futuro é
gnÅ-s-o-mai. O que aconteceu? O futuro foi construído sobre a raiz-tema: gnv co
m o auxílio da característica -s- do futuro, sem levar consigo o redobro em i, q
ue é exclusivo do infectum, e sem levar o sufixo incoativo -sk- que semanticamen
te está ligado ao infectum (inacabado). Note-se também a forma média, caracterís
tica do envolvimento do sujeito na ação verbal. Muitos verbos ativos têm um futu
ro médio. Não se deve procurar explicação gramatical para esse fato, mas sim sem
ântica. Por exemplo, o verbo entender, aprender: Ao dizermos eu aprenderei , o que
estamos dizendo é eu hei de aprender (aprenderei < aprender-ei < aprender-hei) com
o uma promessa (futuro promissivo) e uma certa antecipação de certeza. Aliás, to
da a formação do futuro nas línguas românicas é semelhante à do português, com o
s auxiliares semelhantes a eu tenho, eu hei, eu devo . Na verdade, é uma voz média,
embora não tenhamos uma forma especial que reflita isso. No grego é claro: may
> may- -s-o-mai, eu hei de aprender. Novamente aqui podemos notar que na voz méd
ia grega o sujeito é agente do ato verbal, isto é, uma forma média em grego deve
r ser traduzida na voz ativa em português. O que diferencia a voz ativa da voz m
édia é o envolvimento ou não do agente no ato verbal. Em português também temos
a voz média, semanticamente, não morfologicamente. Então não é mera coincidência
o uso do mesmo -s- no futuro e no aoristo: os problemas que vamos encontrar est
ão na fórmula usual de apresentar os tempos primitivos dos verbos nas gramáticas e
nos dicionários. Contudo, se tivermos o cuidado de isolar o aoristo, veremos qu
e o futuro tem o mesmo tema e a mesma característica do aoristo. A diferença est
á no tratamento do -s-: 1. no futuro, as desinências primárias se juntam ao tema
pela vogal de ligação; 2. no aoristo, a desinência secundária de 1 a pessoa -n
se junta sem vogal de ligação ao tema, vocalizando-se em -a, passando a ser esse
o tema para todos os modos do aoristo, menos para o subjuntivo, que é eventual
e tem desinências primarias.
mur05.p65
457
22/01/01, 11:38
458
a flexão verbal
Assim:
¦-lu-s-n > ¦-lu-sa / ¤-lu-s -mhn : læ-s-v / læ-s-o-mai :
aoristo futuro
Em princípio, não é difícil construir o futuro dos verbos gregos; basta acrescen
tar o -s- ao tema verbal (tema do aoristo) e observar as normas fonéticas, uma v
ez que podem acontecer encontros entre o -s- e as consoantes dos temas e também
a síncope do -s-, quando em situação intervocálica. Convém notar, entretanto, qu
e a noção de futuro (vir-a-ser, eventual) não se coaduna com o modo optativo, qu
e é o modo do potencial, e é pleonástica com o subjuntivo aoristo por serem os d
ois (subjuntivo aoristo e futuro) o mesmo eventual; e também com o imperativo fu
turo (também essencialmente um fato futuro, portanto eventual), embora formalmen
te todas essas formas sejam possíveis. As gramáticas omitem o imperativo e subju
ntivo futuros, mas registram o optativo. Creio que esse optativo futuro faz dupl
o uso com o optativo aoristo, uma vez que o aspecto é o mesmo. Como já foi demon
strado, o futuro não se faz sobre o tema do infectum e, ipso facto, não contém e
sse aspecto. Contudo, nos quadros de flexão a seguir, daremos as formas do optat
ivo futuro, com sua tradução linear. O leitor verá que é um significado incomum,
embora possível.
mur05.p65
458
22/01/01, 11:38
a flexão verbal
459
Flexão do futuro
1. Quadro de flexão do futuro dos temas em semivogal: -u-/-iOs temas em semivoga
l acrescentam o -s- e desinências primárias sem maiores problemas. Tema: læfut.:
lu-s-v / læ-s-o-mai Tema: tifut.: tÛ-s-v / tÛ-s-o-mai
Tema: læ-; Verbo: læv
VOZ ATIVA Indicativo desligarei*
S. læ-s-v læ-s-eiw læ-s-ei læ-s-o-men læ-s-e-te læ-s-ousi læ-s-e-ton læ-s-e-ton
Optativo poderia/pudesse haver de desligar
læ-s-oi-mi læ-s-oi-w læ-s-oi læ-s-oi-men læ-s-oi-te læs-oi-en lu-s-oÛ-thn lu-s-o
Û-thn
P.
D.
* Também: hei de desligar Particípio: havendo de desligar, que há de desligar, q
ue desligará. Tema læ-s-o-nt Infinitivo: Masc. læ-s-vn,ontow Fem. Neutro læ-sous
a,shw lè-s-on,ontow
haver de desligar: læ-s-ein
mur05.p65
459
22/01/01, 11:38
460
a flexão verbal
VOZ MÉDIA Indicativo desligarei / hei de desligar para mim
S. læ-s-o-mai læ-s-e-sai> ú læ-s-e-tai lu-s-ñ-meya læ-s-e-sye læ-s-o-ntai læ-s-e
-syon læ-s-e-syon
Optativo poderia / pudesse haver de desligar para mim
lu-s-oÛ-mhn læ-s-oi-so > soio læ-s-oi-to lu-s-oÛ-meya læ-s-oi-sye læ-s-oi-nto lu
-s-oÛ-syhn lu-s-oÛ-syhn
P.
D.
Particípio: havendo de desligar para si, que há de desligar /que desligará para
si Tema lu-s-ñ-menoInfinitivo: læ-s-e-syai haver de desligar para si. Masc. lu-s
-ñ-menow Fem. lu-s-o-m¡nh Neutro lu-s-ñ-menon
2. Quadro de flexão dos temas monossilábicos em vogal longa Os temas em vogal lo
nga acrescentam o -s-, que não sofre síncope, em posição intervocálica. Esse alo
ngamento da vogal temática tem objetivo de ordem fonética: evitar a síncope do -
s- intervocálico, e é comandado por motivação morfológica e semântica. Naturalme
nte, é para não repetir a forma final do infectum. Por isso é que, sempre que a
língua não quer eliminar o -s- intervocálico, sobretudo no futuro, alonga a voga
l temática, como no caso
mur05.p65
460
22/01/01, 11:38
a flexão verbal
461
dos denominativos e nos temas monossilábicos ye-, do-, ¤-, sta- do quadro a segu
ir. O mesmo acontece com as vogais de ligação longas de may somai, gnÅsomai, b s
omai, dæsomai. O -s- mantém-se.
VOZ ATIVA
Tema: -y - Verbo: tÛyhmi Tema: -´Indicativo
colocarei S. y -s-v* y -s-eiw y -s-ei y -s-omen y -s-ete y -s-ousi y -s-eton y -
s-eton darei dÅ-s-v dÅ-s-eiw dÅ-s-ei dÅ-s-omen dÅ-s-ete dÅ-s-ousi dÅ-s-eton dÅ-s
-eton
Tema: -dÅ- Verbo: dÛdvmi Tema: -st - Verbo: ásthmi
Verbo: àhmi
lançarei ´-s-v ´-s-eiw ´-s-ei ´-s-omen ´-s-ete ´-s-ousi ´-s-eton ´-s-eton
pôr-me-ei de pé st -s-v st -s-eiw st -s-ei st -s-omen st -s-ete st -s-ousi st -s
-eton st -s-eton
P.
D.
* Note-se que o redobro do presente não vem para o futuro.
mur05.p65
461
22/01/01, 11:38
462
a flexão verbal
Optativo poderia/pudesse haver de:
colocar S. y -s-oi-mi y -s-oi-w y -s-oi y -s-oi-men y -s-oi-te y -s-oi-en y -s-o
i-ton yh-s-oÛ-thn dar dÅ-s-oi-mi dÅ-s-oi-w dÅ-s-oi dÅ-s-oi-men dÅ-s-oi-te dÅ-s-o
i-en dÅ-s-oi-ton dv-s-oÛ-thn lançar ´-s-oi-mi ´-s-oi-w ´-s-oi ´-s-oi-men ´-s-oi-
te ´-s-oi-en ´-s-oi-ton ²-s-oÛ-thn pôr-me de pé st -s-oi-mi st -s-oi-w st -s-oi
st -s-oi-men st -s-oi-te st -s-oi-en st -s-oi-ton sth-s-oÛ-thn
P.
D.
Particípio: havendo de / que vai colocar; dar; lançar; pôr-se de pé
Tema Masc. Fem. Neut.
y°-s-o-nt y svn - sontow y sousa - shw y°son - sontow dÇ-s-o-nt dÅsvn - sontow d
Åsousa -shw dÇson - sontow ¸-s-o-nt ´sousa - shw ¸son - sontow st°-s-o-nt st sou
sa - shw st°son - sontow ´svn - sontow st svn - sontow
Infinitivo haver de colocar
y -s-ein
dar
dÅ-s-ein
lançar
´-s-ein
pôr-se de pé
st -s-ein
mur05.p65
462
22/01/01, 11:38
a flexão verbal
463
VOZ MÉDIA Indicativo
colocarei para mim S. y -s-o-mai y -s-e-tai P. yh-s-ñ-meya y -s-e-sye y -s-o-nta
i D. y -s-e-syon y -s-e-syon darei para mim dÅ-s-o-mai dÅ-s-e-tai dv-s-ñ-meya dÅ
-s-e-sye dÅ-s-o-ntai dÅ-s-e-syon dÅ-s-e-syon lançarei para mim ´-s-o-mai ´-s-e-t
ai ²-s-ñ-meya ´-s-e-sye ´-s-o-ntai ´-s-e-syon ´-s-e-syon pôr-me-ei de pé st -s-o
-mai st -s-etai sth-s-ñ-meya st -s-esye st -s-o-ntai st -s-e-syon st -s-e-syon
y -s-e-sai > sú/ei dÅ-s-e-sai > sú/ei ´-s-e-sai > sú/ei st -s-e-sai > sú/ei
Optativo poderia/pudesse haver de:
colocar para mim S. yh-s-oÛ-mhn y -s-oi-to P. yh-s-oÛ-meya y -s-oi-sye y -s-oi-i
nto D. y -s-oi-syon yh-s-oÛ-syhn dar para mim dv-s-oÛ-mhn dÅ-s-oi-to dv-s-oÛ-mey
a dÅ-s-oi-sye dÅ-s-oi-nto dÅ-s-oi-syon dv-s-oÛ-syhn lançar para mim ²-s-oÛ-mhn ´
-s-oi-to ²-s-oÛ-meya ´-s-oi-sye ´-s-oi-nto ´-s-oi-syon ²-s-oÛ-syhn pôr-me de pé
sth-s-oÛ-mhn st -s-oi-so > soio st -s-oi-to sth-s-oÛ-meya st -s-oi-sye st -s-oi-
nto st -s-oi-syon sth-s-oÛ-syhn
y -s-oi-so > soio dÅ-s-oi-so > soio ´-s-oi-so > soio
mur05.p65
463
22/01/01, 11:38
464
a flexão verbal
Particípio: havendo de, que vai colocar para si; dar para si; lançar para si; pô
r-se de pé
Tema Masc. Fem. Neut. yh-s-o-menoyhsñmenow yhsom¡nh yhsñmenon dv-s-o-menodvsñmen
ow dvsom¡nh dvsñmenon ²-s-o-meno²sñmenow ²som¡nh ²sñmenon sth-s-o-menosthsñmenow
sthsom¡nh sthsñmenon
Infinitivo: haver de colocar para si y -s-e-syai dar para si dÅ-s-e-syai lançar
para si ´-s-e-syai pôr-se de pé st -s-e-syai
3. Quadro de flexão dos temas em oclusiva: - g,k,x / b,p,f /d,t,y Os temas em oc
lusiva comportam-se como no aoristo sigmático. Ver o quadro de flexão do aoristo
sigmático nas páginas 445 e seguintes. VOZ ATIVA Indicativo
eu farei S. pr g-s-v > jv pr g-s-eiw > jeiw pr g-s-ei > jei pr g-s-o-men > jomen pr g-s-e-
te > jete pr g-s-ousi > jousi pr g-s-e-ton > jeton pr g-s-e-ton > jeton olharei bl¡p-s
-v > cv bl¡p-s-eiw > ceiw bl¡p-s-ei > cei bl¡p-s-o-men > comen bl¡p-s-e-te > cet
e bl¡p-s-ousi > cousi bl¡p-s-e-ton > ceton bl¡p-s-e-ton > ceton convencerei peÛy
-s-v > sv peÛy-s-eiw > seiw peÛy-s-ei > sei peÛy-s-o-men > somen peÛy-s-e-te > s
ete peÛy-s-ousi > sousi peÛy-s-e-ton > seton peÛy-s-e-ton > seton
P.
D.
mur05.p65
464
22/01/01, 11:38
a flexão verbal
465
Optativo poderia/pudesse
haver de fazer
S. pr g-s-oi-mi > joimi pr g-s-oi0w > joiw pr g-s-oi > joi P. pr g-s-oi-men > joimen pr g-
s-oi-te > joite pr g-s-oi-en > joien D. prag-s-oÛ-thn > joÛthn prag-s-oÛ-thn > joÛ
thn
haver de olhar
bl¡p-s-oi-mi > coimi bl¡p-s-oi-w > coiw bl¡p-s-oi > coi bl¡p-s-oi-men > coimen b
l¡p-s-oi-te > coite bl¡p-s-oi-en > coien blep-s-oÛ-thn > coÛthn blep-s-oÛ-thn >
coÛthn
haver de convencer
peÛy-s-oi-mi > soimi peÛy-s-oi-w > soiw peÛy-s-oi > soi peÛy-s-oi-men > soimen p
eÛy-s-oi-te > soite peÛy-s-oi-en > soien peiy-s-oÛ-thn > soÛthn peiy-s-oÛ-thn >
soÛthn
Particípio: havendo de fazer, olhar, convencer*
Tema Masc. Fem. Neut. pr g-s-o-nt > pr jont pr jvn-ontow pr jousa-shw pr jon-ontow bl¡p-s-
o-nt > bl¡cont bl¡cvn-ontow bl¡cousa-shw bl¡con-ontow peÝy-s-o-nt > peÝsont peÛs
vn-ontow peÛsousa-shw peÝson-ontow
* Também: que há de fazer / que fará, olhará, convencerá
Infinitivo: haver de fazer
prag-s-ein > pr jein
olhar
blep-s-ein > bl¡cein
convencer
peÛy-s-ein > peÛsein
mur05.p65
465
22/01/01, 11:38
466
a flexão verbal
VOZ MÉDIA Indicativo
farei para mim
S. pr g-s-o-mai > jomai pr g-s-e-sai > jú/ei pr g-s-e-tai > jetai P. prag-s-ñ-meya > j
ñmeya pr g-s-e-sye > jesye pr g-s-o-ntai > jontai D. pr g-s-e-syon > jesyon pr g-s-e-syo
n > jesyon
olharei para mim
bl¡p-s-o-mai > comai bl¡p-s-e-sai > cú/ei bl¡p-s-e-tai > cetai blep-s-ñ-meya > c
ñmeya bl¡p-s-e-sye > cesye bl¡p-s-o-ntai > contai bl¡p-s-e-syon > cesyon bl¡p-s-
e-syon > cesyon
convencerei para mim
peÛy-s-o-mai > somai peÛy-s-e-sai > sú/ei peÛy-s-e tai > setai peiy-s-ñ-meya > s
ñmeya peÛy-s-e-sye > sesye peÛy-s-o-ntai > sontai peÛy-s-e-syon > sesyon peÛy-s-
e-syon > sesyon
Optativo Poderia/pudesse haver de
fazer para mim S. prag-s-oÛ-mhn > joÛmhn pr g-s-oi-so > joio pr g-s-oi-to > joito P.
prag-s-oÛ-meya>joÛmeya pr g-s-oi-sye > joisye pr g-s-oi-nto > jointo D. prag-s-oÛ-s
yhn> joÛsyhn prag-s-oÛ-syhn> joÛsyhn olhar para mim blep-s-oÛ-mhn > coÛmhn bl¡p-
s-oi-spo > coio bl¡p-s-oi-to > coito convencer para mim peiy-s-oÛ-mhn > soÛmhn p
eÛy-s-oi-so > soio peÛy-s-oi-to > soito
blep-s-oÛ-meya> coÛmeya peiy-s-oÛ-meya > soÛmeya bl¡p-s-oi-sye > coisye bl¡p-s-o
i-nto > cointo peÛy-s-oi-sye > soisye peÛy-s-oi-nto > sointo
blep-s-oÛ-syhn> coÛsyhn peiy-s-oÛ-syhn > soÛsyhn blep-s-oÛ-syhn> coÛsyhn peiy-s-
oÛ-syhn > soÛsyhn
mur05.p65
466
22/01/01, 11:38
a flexão verbal
467
Particípio: havendo de fazer para si/ havendo de olhar para si/ havendo de conve
ncer para si, também: que há de fazer / que fará para si etc.
Tema Masc. Fem. Neut. prag-s-ñ-meno> jñmenoprajñmenow prajom¡nh prajñmenon blep-
s-ñ-meno> cñmenoblecñmenow blecom¡nh blecñmenon peiy-s-ñ-meno> sñmenopeisñmenow
peisom¡n peisñmenon
Infinitivo: haver de fazer, de olhar, de nutrir para si fazer para si
pr g-s-e-syai > jesyai
olhar para si
bl¡p-s-e-syai > cesyai
convencer para si
peÛy-s-e-syai > sesyai
Contudo, nem sempre é fácil identificar o tema verbal na forma pela qual os verb
os dão entrada nos dicionários, vocabulários e gramáticas, isto é, pela forma do
presente. Mas, se observarmos bem a forma do aoristo, conseguiremos identificar
o tema verbal. Assim:
Verbo
kl gzv / kl zv eu grito
Tema verbal
klaggklag-
Tema do infectum
klagg-jv > kl gzv klag-jv > kl zv nif->nif-jv > nÛptv nib-jv > nÛzv sxid-jv > sxÛzv
sfag-jv > sf zv
Futuro
kl gg-s-v > kl gjv kl g-sv > kl jv nÛf-sv > nÛcv nÛb-sv > nÛcv sxÛd-sv > sxÛsv sf g-sv > s
f jv
Aoristo
¦klagg-sa > ¦klagja ¦klag-sa > ¦klaja ¦nif-sa > ¦nica ¦nib-sa > ¦nica ¦sxid-sa >
¦sxisa ¦sfag-sa > ¦sfaja
nÛzv / nÛptv eu lavo
nifnib-
sxÛzv eu fendo, eu racho sf zv eu degolo
sxidsfag-
mur05.p65
467
22/01/01, 11:38
468
a flexão verbal
Nesses quatro casos, a construção do aoristo e futuro (ativo e médio) é normal:
klagg - s > klagj sxid-s > sxiss > sxis nif/nib - s > nic sfag-s > sfaj
Também não haverá problemas na construção da voz passiva (aoristo e futuro) com
o sufixo -h-/-yh-. (Ver no quadro de flexão próprio).
4. Quadro de flexão do futuro em -es- dos temas em líquida / soante Nos casos do
s temas em soante, nasal ou líquida, (l, m, n, r), o s- do futuro vem com vocali
smo e, como se fosse uma vogal de ligação es-; é um tratamento diferente daquele
dispensado para esse mesmo encontro consonântico, no aoristo. Certamente para n
ão causar confusão com o tema do infectum. Com a presença de -es-, das desinênci
as primárias e da vogal de ligação, o -s- fica em posição intervocálica e sofre
síncope. Isso transforma esse tema de futuro em um tema em vogal e-, igual ao te
ma do verbo denominativo em e- (file-), e normalmente a flexão se faz da mesma f
orma, isto é, como o verbo fil¡-v. Assim: ggel-¡s-v > ggel¡v > ggelÇ,eÝw,eÝ; nem-¡s
-v > nem¡v > nemÇ,eÝw,eÝ; fan-¡s-o-mai > fan¡omai > fanoèmai,»,eÝtai; kayar-¡s-v
> kayar¡v > kayarÇ,eÝw,eÝ Veja os quadros de flexão a seguir.
mur05.p65
468
22/01/01, 11:38
a flexão verbal
469
VOZ ATIVA Indicativo
destruirei
S.
fyer-¡s-v > Ç fyer-¡s-eiw > eÝw fyer-¡s-ei > eÝ
enviarei
stel-¡s-v > Ç stel-¡s-eiw > eÝw stel-¡s-ei > eÝ
repartirei
nem-¡s-v > Ç nem-¡s-eiw > eÝw nem-¡s-ei > eÝ
permanecerei
men-¡s-v > Ç men-¡s-eiw > eÝw men-¡s-ei > eÝ
P.
fyer-¡s-omen > oèmen stel-¡s-omen > oèmen nem-¡s-omen > oèmen men-¡s-omen > oème
n fyer-¡s-ete > eÝte fyer-¡s-ousi > oèsi stel-¡s-ete > eÝte stel-¡s-ousi > oèsi
nem-¡s-ete > eÝte nem-¡s-ousi > oèsi men-¡s-ete > eÝte men-¡s-ousi > oèsi
D.
fyer-¡s-eton > eÝton stel-¡s-eton > eÝton nem-¡s-eton > eÝton men-¡s-eton > eÝto
n fyer-¡s-eton > eÝton stel-¡s-eton > eÝton nem-¡s-eton > eÝton men-¡s-eton > eÝ
ton
Optativo: poderia/pudesse haver de
destruir S. fyeroÛhn* fyeroÛhw fyeroÛh fyeroÝmen fyeroÝte fyeroÝen fyeroÝton fye
roÛthn enviar steloÛhn steloÛhw steloÛh steloÝmen steloÝte steloÝen steloÝton st
eloÛthn repartir nemoÛhn nemoÛhw nemoÛh nemoÝmen nemoÝte nemoÝen nemoÝton nemoÛt
hn permanecer menoÛhn menoÛhw menoÛh menoÝmen menoÝte menoÝen menoÝton menoÛthn
P.
D.
* fyer-es-o-Û-hn > fyereoÛhn > fyeroÛhn igual ao modelo filoÛhn das páginas 391
e 393.
mur05.p65
469
22/01/01, 11:38
470
a flexão verbal
Particípio: havendo de destruir, enviar, repartir, permanecer*
Tema Masc. Fem. Neut.
fyer-¡sont >-¡ont fyerÇn, oèntow fyeroèsa, shw fyeroèn, oèntow stel-¡sont >-¡ont
stelÇn, oèntow steloèsa, shw steloèn, oèntow nem-¡sont >-¡ont nemÇn, oèntow nemo
èsa, shw nemoèn, oèntow men-¡sont >-¡ont menÇn, oèntow menoèsa, shw menoèn, oènt
ow
* Também: que há de destruir, enviar, repartir, permanecer; que destruirá, envia
rá, repartirá, permanecerá. Infinitivo: haver de destruir
fyer-¡s-ein > eÝn
enviar
stel-¡sein > eÝn
repartir
nem-¡sein > eÝn
permanecer
men-¡s-ein > eÝn
VOZ MÉDIA Indicativo
destruirei para mim
S. fyer-¡s-omai > oèmai fyer-¡sesai > » / eÝ fyer-¡setai > eÝtai P. fyer-esñmeya
> oæmeya fyer-¡sesye > eÝsye fyer-¡sontai > oèntai D. fyer-¡sesyon > eÝsyon fye
r-¡sesyon > eÝsyon
enviarei para mim
stel-¡somai > oèmai stel-¡sesai > » / eÝ stel-¡setai > eÝtai stel-esñmeya > oæme
ya stel-¡sesye > eÝsye stel-¡sontai > oèntai stel-¡sesyon > eÝsyon stel-¡sesyon
> eÝsyon
aparecerei
fan-¡somai > oèmai fan-¡sesai > » / eÝ fan-¡setai > eÝtai fan-esñmeya > oæmeya f
an-¡sesye > eÝsye fan-¡sontai > oèntai fan-¡sesyon > eÝsyon fan-¡sesyon > eÝsyon
mur05.p65
470
22/01/01, 11:38
a flexão verbal
471
Optativo poderia/pudesse haver de
destruir para mim
S. fyer-esoÛmhn > oÛmhn fyer-¡soiso > oÝo fyer ¡soito > oÝto P. fyer-esoÛmeya >
oÛmeya fyer-¡soisye > oÝsye fyer-¡sointo > oÝnto D. fyer-¡soisyon > oÝsyon fyer-
esoÛsyhn > oÛsyhn
enviar para mim
stelesoÛmhn > oÛmhn stel-¡soiso > oÝo stel-¡soito > oÝto stel-esoÛmeya > oÛmeya
stel-¡soisye > oÝsye stel-¡sointo > oÝnto stel-¡soisyon > oÝsyon stel-esoÛsyhn >
oÛsyhn
aparecer para mim
fan-esoÛmhn > oÛmhn fan-¡soiso > oÝo fan-¡soito > oÝto fan-esoÛmeya > oÛmeya fan
-¡soisye > oÝsye fan-¡sointo > oÝnto fan-¡soisyon > oÝsyon fan-esoÛsyhn > oÛsyhn
Particípio: havendo de destruir, enviar, aparecer para si Também: que há de dest
ruir/que destruirá para si que há de enviar/que enviará para si que há de aparec
er/que aparecerá para si
Tema Masc. Fem. Neut. fyer-esñmeno - > oæmenofyeroæmenow fyeroum¡nh fyeroæmenon
stel-esñmeno - > oæmenosteloæmenow steloum¡nh steloæmenon fan-esñmeno - > oæmeno
fanoæmenow fanoum¡nh fanoæmenon
Infinitivo: haver de destruir para si fyer-¡s-esyai > fyereÝsyai enviar para si
stel-¡s-esyai > steleÝsyai aparecer fan-¡s-esyai > faneÝsyai
mur05.p65
471
22/01/01, 11:38
472
a flexão verbal
5. Flexão do futuro ático Por analogia com os temas em líqüida, alguns verbos de
temas dissilábicos em dental precedida de -i-, que fazem o infectum em -izv, e
fariam o futuro -isv, elidem o -s- intervocálico e decalcam a flexão sobre o fut
uro em -es-, e, a seguir, analogicamente, seguem o modelo dos verbos denominativ
os de tema em -e, como fil¡v > filÇ.
Infectum
eu voto eu mentalizo, penso eu penso, considero eu agrado chfid-jv > chfÛzv fron
tid-jv > frontÛzv nomid-jv > nomÛzv xarit-jv > xarÛzomai
Futuro
chfÛdsv > chfÛsv > chfÛv > chfiÇ, eÝw,eÝ.. frontÛdsv > frontÛsv > frontÛv > fron
tiÇ, eÝw,eÝ.. nomid-sv > nomÛsv > nomÛv > nomiÇ,eÝw,eÝ.. xarit-somai > xarÛsomai
> xariomai > xarioèmai, », eÝtai.
Em geral, isso se dá com os temas de duas sílabas ou mais. As gramáticas denomin
am esse futuro de futuro ático. Esse uso, contudo, não é absoluto: O verbo ¤lpÛz
v, por exemplo, tem ¤lpÛsv no futuro, normalmente. Há também alguns verbos, como
: eÞsbib zv, eu faço entrar, eu embarco, ¤laænv, eu empurro, eu toco para frente,
que fazem o futuro respectivamente: eÞsbib sv > eÞsbibÇ, w, ,Çmen, te,Çsi, e ¤l sv> ¤lÇ, w,
men, te,Çsi, isto é, o -s- intervocálico sofre síncope e o hiato resultante torna
o tema igual ao tema dos verbos denominativos em -a, e por isso fazem a flexão c
omo tim -v. Isso acontece também com alguns verbos de tema em -a, mas que recebem
o sufixo -nnumi no infectum.
mur05.p65
472
22/01/01, 11:38
a flexão verbal
473
Por exemplo:
Infectum
eu misturo eu abro as asas eu disperso eu suspendo ker -nnumi napet -nnumi sked -nnumi
krem -nnumi
Futuro
ker -s-v > pet -s-v > kerÇ, w, ,Çmen, te,Çsi petÇ. w, ,Çmen, te,Çsi
sked -s-v > skedÇ, w, ,Çmen, te,Çsi krem -s-v > kremÇ, w, ,Çmen, te,Çsi
Quadro de flexão
Indicativo eu dispersarei
S. sked sv > sked v > skedÇ sked seiw > sked eiw > sked w sked sei > sked ei > sked P. ske
> sked omen > skedÇmen sked sete > sked ete > sked te sked sonsi > sked onsi > skedÇsi D.
ked seton > sked eton > sked ton sked seton > sked eton > sked ton
Optativo eu poderia / pudesse haver de dispersar
sked soimi > sked oimi > skedÒmi sked soiw > sked oiw > skedÒw sked soi > sked oi > skedÒ s
ed soimen > sked oimen > skedÒmen sked soite > sked oite > skedÒte sked soien > sked oien >
skedÒen sked soiton > sked oiton > skedÒton skedasoÛthn > skedaoÛthn > skedÐthn
Particípio: havendo de dispersar/que há de dispersar/que dispersará
Tema
sked -s-o-nt > sked ont- > skedvnt-
Masc.
skedÇn-Çntow
Fem.
skedÇsa-Åshw
Neutro
skedÇn-Çntow
Infinitivo: haver de dispersar: sked -s-en > sked en > sked n
mur05.p65
473
22/01/01, 11:38
474
a flexão verbal
6. Flexão do futuro dos temas em vogal Há também alguns poucos verbos, encontrad
os sobretudo em Homero, de tema em vogal, que fazem o futuro em -s-, o que faz c
om que esse -s- se encontre em posição intervocálica e tenda a cair, provocando
a seguir, no dialeto ático, a contração das vogais em contato, resultando em for
mas que podem ser confundidas com as do presente dos verbos denominativos de tem
as em vogal (e-,a-,o-). kal¡v - kal¡sv > ático - kalÇ max¡omai - max¡somai > áti
co - maxoèmai ¤l v - ¤l sv > ático - ¤lÇ Em Homero, e no dialeto jônico em geral, pr
edominam as formas não contratas; isto é, o hiato permanece. Esses verbos não se
confundem com os denominativos, de formação recente, que só se contraem no sist
ema do presente (encontro da vogal com a vogal de ligação). No futuro/aoristo e
no perfeito, os denominativos alongam a vogal temática. filÇ - fil sv - ¤fÛlhsa
- pefÛlhka timÇ - tim sv - ¤tÛmhsa - tetÛmhka dhlÇ - dhlÅsv - ¤d lvsa - ded lvka
Nota: Convém notar que as contrações que acontecem no modelo acima são conseqüê
ncia da queda do -s- em posição desinencial intervocálica. Nos verbos que a gram
ática chama de contratos , essas contrações acontecem só no tema do infectum, e são
conseqüência da queda do sufixo formador do tema do infectum -j- (jod), que fic
a em posição intervocálica, na formação do infectum dos verbos denominativos de
tema em vogal, como: fil¡-j-v > fil¡-v > filÇ dhlñ-j-v > dhlñ-v > dhlÇ tim -j-v >
tim -v > timÇ Þ -j-omai > Þ omai > ÞÇmai peir -j-omai > peir omai > peirÇmai eu eu eu eu e
u amo revelo honro curo tento
mur05.p65
474
22/01/01, 11:38
a flexão verbal
475
Essas contrações se fazem para reduzir o hiato provocado pelo encontro da vogal
temática e a vogal de ligação depois da síncope do -j-. Todos esses verbos along
am a vogal temática nos outros dois aspectos: futuro e aoristo sigmáticos ativos
, médios e passivos e perfeito e mais-que-perfeito, ativos, médios e passivos: e
> h, o > v, a > a/h.
Futuro
V. Ativ. V. Med. V. Pass. V. Ativ. V. Med. V. Pass. V. Ativ. V. Med. V. Pass. ti
mÇ(a) dhlÇ(o) filÇ(e) fil sv fil somai filhy somai dhlÅsv dhlÅsomai tim sv tim s
omai timhy somai
Aoristo
¤fÛlhsa ¤filhs mhn ¤fil yhn ¤d lvsa
Perfeito
pefÛlhka pefÛlhmai ded lvka
+p. Perfeito
¤pefil khn/ein ¤pefil mhn ¤dedhlÅkhn/ein
¤dhlvs mhn ded lvmai ¤dedhlÅmhn ¤tÛmhsa ¤timhs mhn ¤tim yhn tetÛmhka tetÛmhmai ¤teti
m khn/ein ¤tetim mhn
dhlvy somai ¤dhlÅyhn
Mas os temas em a-, precedidos de vogal ou r, ao alongarem a vogal não mudam o s
eu timbre, permanecendo a: ÞÇmai (a) peirÇmai Þ somai peir somai Þas mhn ¤peiras mhn
mur05.p65
475
22/01/01, 11:38
476
a flexão verbal
Aoristo passivo
Os modelos ¦gnvn/¦bhn também servem de paradigma para uma categoria de aoristos
em h/v, intransitivos e médios na origem, marcando o ponto de partida da ação em
que o sujeito está envolvido; diferente das formas ativas. A partir daí passou
a ser sentido como forma e significado passivos, como: ¥ lvn, eu caí nas mãos, fui
preso ¦sbhn, eu me apaguei, fui apagado A voz média é essencialmente intransiti
va, na medida em que o sujeito, envolvido na ação, não sai do ato verbal; por is
so, esses verbos não têm voz passiva; e, com o objeto direto, a voz ativa aparec
e mais tarde, com o ato verbal rompendo o círculo da intransitividade. Assim faÛ
nomai eu apareço desenvolveu uma forma ativa faÛnv eu mostro, faço aparecer. Há
um bom número de verbos transitivos que têm esse aoristo em -h-. São verbos esse
nciais, isto é, verbos que exprimem atos fundamentais, concretos, cotidianos e q
ue desenvolveram posteriormente uma forma de aoristo em -yh.Em sua maioria são v
erbos em líqüida e nesses casos esse aoristo se constrói sobre a raiz no vocalis
mo zero, desenvolvendo depois um a: fyr > ¤-fy r-hn sou, fui corrompido stl > ¤-st l
-hn sou, fui enviado Os de tema em labial55 também fazem esse aoristo desenvolve
ndo o mesmo a, como: trp> tr¡pv > ¤-tr p-hn sou, fui virado trf > tr¡fv > ¤-tr f-hn
sou, fui nutrido
55
Nos grupos de 3 consoantes há sempre uma líquida e duas oclusivas.
mur05.p65
476
22/01/01, 11:38
a flexão verbal
477
Com a extensão do seu uso para a voz passiva, a língua desenvolveu um aoristo fo
neticamente mais forte, em -yh-, sobretudo com os temas em vogal. Este revelou-s
e tão produtivo que se tornou o aoristo passivo mais comum. Em alguns verbos con
vivem os dois aoristos: o em -h-, com significado de estado (intransitivo), e o
aoristo em yh /syh, com significado passivo. Alguns aoristos acima citados, como
¥ lvn, ¦pthn são representativos dessa passagem da noção média, intransitiva para
a passiva. O aoristo, contrariamente ao infectum e ao perfectum, tem uma marca
distintiva na voz passiva. O que marca o aoristo passivo é o sufixo -yh/-syh ou
o sufixo -h Notar também que o aoristo passivo se serve de desinências ativas; m
as isso não representa problema, porque a característica -h-/-yh,-syh é suficien
te para marcar a passividade.
Quadro de flexão do aoristo passivo em yh
Temas em semivogal: lu-yh
Indicativo
fui/sou desligado S. ¤-læ-yh-n ¤-læ-yh-w ¤-læ-yh P. ¤-læ-yh-men ¤-læ-yh-te ¤-læ-
yh-san D. ¤-læ-yh-ton ¤-lu-y -thn
Subjuntivo
seja/for desligado lu-yÇ*** lu-y»-w/lu-y°iw lu-y»/lu-y°i lu-yÇ-men lu-y°-te lu-y
Ç-si lu-y°-ton lu-y -tvn
Optativo
seria/fosse desligado* lu-ye-Ûh-n lu-ye-Ûh-w lu-ye-Ûh lu-ye-Ûh-men (yeÝmen)****
lu-ye-Ûh-te (yeÝte) lu-ye-Ûh-san (yeÝen) lu-ye-Ûh-ton (luyeÝton) lu-ye-i -thn (l
uyeÛthn)
Imperativo
sê/sede desligado** læ-yh-ti lu-y -tv læ-yh-te lu-y¡-ntvn læ-yh-ton lu-y -tvn
* Também: poderia/pudesse ser desligado. ** Imperativo de 3 a pessoa: (ele) seja
desligado, (eles) sejam desligados. *** O subjuntivo é construído sobre o tema
verbal + característica do passivo -yh- + característica do subjuntivo v,h,h,v,h
,v e desinên-
mur05.p65
477
22/01/01, 11:38
478
a flexão verbal
cias primárias ativas. Na seqüência de duas vogais longas a anterior se abrevia,
luy -v-men > luy¡-v-men > luyÇmen e aqui há a absorção da breve pela longa (con
tração), o que explica as formas perispômenas e properispômenas. **** As formas
sincopadas, reduzidas são as mais usadas. Lei do menor esforço.
Quadro demostrativo da evolução fonética do subjuntivo:
lu-yh- > luyeS. lu-y¡-v* > lu-y¡-h-si > lu-y¡-h-ti > lu-y¡-v-men > lu-y¡-h te > lu
-y¡-v-nti > lu-y¡-h ton > lu-y¡-h ton > luy¡hiw > luy¡hsi > luyÇ* luy°i/luy» > luy¡h
i > luyÇmen luy°te luyÇnsi > luy°ton luy°ton luy°iw/luy»w** luy°i/luy»
P.
luyÇnti >
luyÇsi
D.
* Vogal longa seguida de vogal longa se abrevia e, a seguir, é absorvida: lu-y -
v > lu-y¡-v > luyÇ. ** O -w é característica de 2a pessoa do singular da voz ati
va; ele deve aparecer. Particípio: tendo sido desligado
Tema
lu-y -nt- > lu-y¡-nt-*
Masc.
luyeÛw, luy¡ntow
Fem.
luyeÝsa, luyeÛshw
Neutro
luy¡n, luy¡ntow
* Vogal longa seguida de soante e oclusiva se abrevia. Infinitivo: lu-y°-nai: se
r desligado
mur05.p65
478
22/01/01, 11:38
a flexão verbal
479
Adjetivos verbais: lu-tñw, ,ñn : lu-t¡ow,a,on :
desligável que deve ser desligado
Temas monossilábicos
Indicativo
sou/fui colocado S. ¤-t¡-yh-n* ¤-t¡-yh-w ¤-t¡-yh ¤-t¡-yh-men ¤-t¡-yh-te ¤-t¡-yh-
san ¤-t¡-yh-ton ¤-te-y -thn sou/fui dado ¤-dñ-yh-n ¤-dñ-yh-w ¤-dñ-yh ¤-dñ-yh-men
¤-dñ-yh-te ¤-dñ-yh-san ¤-dñ-yh-ton ¤-do-y -thn sou/fui lançado eá-yh-n eá-yh-w
eá-yh eá-yh-men eá-yh-te eá-yh-san eá-yh-ton eß-y -thn sou/fui posto de pé ¤-st -y
h-n ¤-st -yh-w ¤-st -yh ¤-st -yh-men ¤-st -yh-te ¤-st -yh-san ¤-st -yh-ton ¤-sta-y -thn
P.
D.
* No caso de duas sílabas seguidas começarem por oclusiva aspirada, a anterior p
erde a aspiração e é expressa pela surda correspondente: psilose.
mur05.p65
479
22/01/01, 11:38
480
a flexão verbal
Subjuntivo
seja/for colocado S. te-yÇ* te-y»w te-y» te-yÇ-men te-y°-te te-yÇ-si te-y°-ton t
e-y°-ton seja/for dado do-yÇ do-y»w do-y» do-yÇ-men do-y°-te do-yÇ-si do-y°-ton
do-y°-ton seja/for lançado ¥-yÇ ¥-y»w ¥-y» ¥-yÇ-men ¥-y°-te ¥-yÇ-si ¥-y°-ton ¥-y
°-ton seja/for posto de pé sta-yÇ sta-y»w sta-y» sta-yÇ-men sta-y°-te sta-yÇ-si
sta-y°-ton sta-y°-ton
P.
D.
* O subjuntivo é construído sobre o tema breve + característica da voz passiva -
yh- + característica do subjuntivo -v-h-h-v-h-v, e desinências primárias ativas.
Na seqüência de duas vogais longas, a anterior se abrevia y -v > y¡-v > yÇ, e d
epois há a contração, o que explica as formas perispômenas e properispômenas.
Quadro demostrativo da evolução fonética
S. te-y¡-v* > te-y¡-h-si > te-y¡-h-ti > te-y¡-v-men > te-y¡-h te > te-y¡-v-nti > t
e-y¡-h ton > te-y¡-h ton > teyÇ tey°i/tey» > tey¡hi > teyÇmen tey°te teyÇnsi > tey°t
on tey°ton
tey¡hi > tey¡hsi >
tey°iw/tey»w tey°i/tey»
P.
teyÇnti >
teyÇsi
D.
* ye-y -v > yey¡v > tey¡v.
mur05.p65
480
22/01/01, 11:38
a flexão verbal
481
S.
do-y¡-v > do-y¡-h-si > do-y¡-h-ti > do-y¡-v-men > do-y¡-h-te > do-y¡-v-nti > do-
y¡-h-ton > do-y¡-h-ton >
doy¡hi > doy¡hsi >
doyÇ doy°i/doy» > doy¡hi > doyÇmen doy°te doyÇnsi > doy°ton doy°ton
doy°iw/doy»w doy°i/doy»
P.
doyÇnti >
do-yÇ-si
D.
S.
¥-y¡-v > ¥-y¡-h-si > ¥-y¡-h-ti > ¥-y¡-v-men > ¥-y¡-h-te > ¥-y¡-v-nti > ¥-y¡-h-to
n > ¥-y¡-h-ton >
¥y¡hi > ¥y¡hsi >
¥yÇ ¥y°i/¥y» > ¥y¡hi > ¥yÇmen ¥y°te ¥yÇnsi > ¥y°ton ¥y°ton
¥y°iw/¥y»w ¥y°i /¥y»
P.
¥yÇnti >
¥-yÇ-si
D.
S.
sta-y¡-v > sta-y¡-h-si > sta-y¡-h-ti > sta-y¡-v-men > sta-y¡-h-te > sta-y¡-v-nti
> sta-y°-ton > sta-y°-ton >
stay¡hi > stay¡hsi >
stayÇ stay°i/stay» > stay°iw/sta-y»w stay¡hi > stay°i /stay» stayÇmen stay°te st
ayÇnsi > stay°ton stay°ton
P.
stayÇnti >
stayÇsi
D.
mur05.p65
481
22/01/01, 11:38
482
a flexão verbal
Optativo
seria/fosse colocado* S.
te-ye-Ûh-n te-ye-Ûh-w te-ye-Ûh
seria/fosse dado
do-ye-Ûh-n do-ye-Ûh-w do-ye-Ûh do-ye-Ûh-men/eÝmen do-ye-Ûh-te/eÝte do-ye-Ûh-san/
eÝen do-ye-Ûh-ton/eÝton do-ye-i -thn/eÛthn
seria/fosse lançado
¥-ye-Ûh-n ¥-ye-Ûh-w ¥-ye-Ûh ¥-ye-Ûh-men/eÝmen ¥-ye-Ûh-te/eÝte ¥-ye-Ûh-san/eÝen ¥
-ye-Ûh-ton/eÝton ¥-ye-i -thn/eÛthn
seria/fosse posto de pé
sta-ye-Ûh-n sta-ye-Ûh-w sta-ye-Ûh sta-ye-Ûh-men/eÝmen sta-ye-Ûh-te/eÝte sta-ye-Û
h-san/eÝen sta-ye-Ûh-ton/eÝton sta-ye-i -thn/eÛthn
P.
te-ye-Ûh-men/eÝmen** te-ye-Ûh-te/eÝte te-ye-Ûh-san/eÝen
D.
te-ye-Ûh-ton/eÝton te-ye-i -thn/eÛthn
* Também: poderia/pudesse ser: colocado, dado, lançado, posto de pé. ** As forma
s sincopadas, reduzidas são as mais usadas. Lei do menor esforço.
Imperativo
sê/sede colocado S. t¡-yh-ti** te-y -tv P. t¡-yh-te te-y¡-ntvn*** D. t¡-yh-ton t
e-y -tvn dñ-yh-te do-y¡-ntvn dñ-yh-ton do-y -tvn §-yh-te ¥-y¡-ntvn §-yh-ton ¥-y
-tvn st -yh-te sta-y¡-ntvn st -yh-ton sta-y -tvn dñ-yh-ti do-y -tv §-yh-ti ¥-y -tv s
t -yh-ti sta-y -tv sê/sede dado sê/sede lançado sê/sede posto de pé*
* Imperativo de 3 a pessoa: (ele) seja colocado, dado, lançado, posto de pé; (el
es) sejam colocados, dados, lançados, postos de pé. ** Psilose: t¡-yh-yi > t¡-yh
-ti. *** Vogal longa seguida de soante e oclusiva se abrevia.
mur05.p65
482
22/01/01, 11:38
a flexão verbal
483
Particípio: tendo sido colocado, dado, lançado, posto de pé
Tema Masc. Fem. Neut.
te-y -nt > tey¡nt-* teyeÛw - y¡ntow teyeÝsa - shw tey¡n - y¡ntow do-y -nt > doy¡
ntdoyeÛw - y¡ntow doyeÝsa - shw doy¡n - y¡ntow ¥-y -nt > ¥y¡nt¥yeÛw - y¡ntow ¥ye
Ýsa - shw ¥y¡n - y¡ntow sta-y -nt > stay¡ntstayeÛw - y¡ntow stayeÝsa - shw stay¡
n - y¡ntow
* Vogal longa seguida de soante e oclusiva se abrevia.
Infinitivo ser colocado te-y°-nai ser dado do-y°-nai ser lançado ¥-y°-nai ser po
sto de pé sta-y°-nai
Temas em oclusivas
Tema: peiy pr g tr¡f Indicativo
fui/sou convencido S. ¤peÛyyhn > ¤peÛsyhn* ¤peÛyyhn> ¤peÛsyhw ¤peÛyyh > ¤peÛsyh
P. ¤peÛyyhmen > ¤peÛsyhmen ¤peÛyyhsye > ¤peÛsyhsye ¤peÛyyhsan > ¤peÛsyhsan D. ¤p
eiyy thn > ¤peisy thn ¤peiyy thn > ¤peisy thn fui/sou feito ¤pr gyhn > ¤pr xyhn** ¤p
r gyhw > ¤rp xyhw ¤pr gyh > ¤pr xyh ¤pr gyhmen > ¤pr xyhmen ¤pr gyhsye > ¤pr xyhsye ¤pr gyh
r xyhsan ¤pragy thn > ¤praxy thn ¤pragy thn > ¤praxy thn fui/sou nutrido ¤tr¡fyhn*
** ¤tr¡fyhw ¤tr¡fyh ¤tr¡fyhmen ¤tr¡fyhsye ¤tr¡fyhsan ¤trefy thn ¤trefy thn
* Dental seguida de dental se dissimila/suaviza em -s-. ** Oclusiva gutural ou l
abial, surda ou sonora seguida de aspirada se aspira. *** O -f- temático não sof
reu alteração, porque combina com a aspirada seguinte.
mur05.p65
483
22/01/01, 11:38
484
a flexão verbal
Subjuntivo
seja/for convencido
S. peiyyÇ > peisyÇ* peiyy»w > peisy»w peiyy» > peisy» P. peiyyÇmen > peisyÇmen p
eiyy°te > peisy°te peiyyÇsi > peisyÇsi D. peiyy°ton > peisy°ton peiyy°ton > peis
y°ton
seja/for feito
pragyÇ > praxyÇ pragy»w > praxy»w pragy» > praxy» pragyÇmen > praxyÇmen pragy°te
> praxy°te pragyÇsi > praxyÇsi pragy°ton > praxy°ton pragy°ton > praxy°ton
seja/for nutrido
trefyÇ trefy»w trefy» trefyÇmen trefy°te trefyÇsi trefy°ton trefy°ton
* O subjuntivo aoristo passivo se constrói sobre o tema puro do verbo + caracter
ística do passivo -yh- + característica do subjuntivo (vogal longa) v, h, h, v,
h, v, o que faz uma seqüência de duas longas e conseqüente abreviação da anterio
r e posterior contração. É o que explica as formas perispômenas e properispômena
s. (Ver o modelo fonético acima - quadro demostrativo de læv. Ver página 478.)
Optativo
seria/fosse convencido* S.
peiyyhÛhn > peisyeÛhn peiyyhÛhw > peisyeÛhw peiyyhÛh > peisyeÛh
seria/fosse feito
pragyhÛhn > praxyeÛhn pragyhÛhw > praxyeÛhw pragyhÛh > praxyeÛh pragyhÝmen > pra
xyeÝmen pragyhÝte > praxyeÝte pragyhÝen > praxyeÝen pragyhÛthn > praxyeÛthn prag
yhÛthn > praxyeÛthn
seria/fosse nutrido
trefyhÛhn > trefyeÛhn** trefyhÛhw > trefyeÛhw trefyhÛh > trefyeÛh trefyhÝmen > t
refyeÝmen*** trefyhÝte > trefyeÝte trefyhÝen > trefyeÝen trefyhÛthn > trefyeÛthn
trefyhÛthn > trefyeÛthn
P.
peiyyhÝmen > peisyeÝmen peiyyhÝte > peisyeÝte peiyyhÝen > peisyeÝen
D.
peiyyhÛthn > peisyeÛyhn peiyyhÛthn > peisyeÛyhn
* Também: poderia/pudesse ser convencido, feito, nutrido. ** Vogal longa seguida
de longa se abrevia; o -i- do optativo é longo; por isso o -h- da marca da pass
iva se abrevia; depois, por sua vez, o -i- se abreviará diante do -h-. do vocali
smo longo do optativo.
mur05.p65
484
22/01/01, 11:38
a flexão verbal
485
*** Essas formas são mais usadas do que as longas: trefyeÛhmen, trefyeÛhte, tref
yeÛhsan, para todos os verbos. São mais cômodas. Lei do menor esforço. Imperativ
o
sê/sede convencido(s) S.
peÛy-yhyi > peÛsyhti** peiy-y tv > peisy tv pr gyhyi > pr xyhti pragy tv > praxy tv
tr¡fyhyi > tr¡fyhti trefy tv
sê/sede feito(s)
sê/sede nutrido(s)*
P.
peÛyyhte > peÛsyhte peiyyhntvn > peisy¡ntvn*** pr gyhte > pr xyhte pragy ntvn > prax
y¡ntvn pr gyhton > pr xyhton pragy tvv > praxy tvn tr¡fyhte trefy¡ntvn tr¡fyhton tre
fy tvn
D. peÛyyhton > peÛsyhton
peiy-y tvn > peisy tvn
* Imperativo de 3 a pessoa: (ele) seja convencido, feito, nutrido; (eles) sejam
convencidos, feitos, nutridos. ** A desinência do imperativo seria um locativo a
ntigo -yi, para enfatizar, porque o imperativo singular normalmente não teria de
sinência. A seguir houve uma psilose, porque as duas sílabas começam com aspirad
a. Lei do menor esforço. *** Vogal longa seguida de soante (líquida) e oclusiva
se abrevia. Particípio: tendo sido convencido, tendo sido feito, tendo sido nutr
ido*
Tema Masc. Fem. Neut.
peiyy nt-> peisy¡nt- ** peisyeÛw-y¡ntow peisyeÝsa-shw peisy¡n-y¡ntow pragy nt> p
raxy¡ntpraxyeÛw-y¡ntow praxyeÝsa-shw praxy¡n-y¡ntow trefy nt> trefy¡nttrefyeÛw-y
¡ntow trefyeÝsa-shw trefy¡n-y¡ntow
* Também: que foi convencido, feito, nutrido. ** Vogal longa seguida de soante (
líquida) e oclusiva se abrevia. Infinitivo
ser convencido peiyy°nai > peisy°nai ser feito pragy°nai > praxy°nai ser nutrido
trefy°nai
mur05.p65
485
22/01/01, 11:38
486
a flexão verbal
Quadro de flexão do aoristo passivo em -hAoristo sigmático de tema em líquida To
dos os verbos em líquida fazem o aoristo passivo em -h-. Os de raiz monossilábic
a trilítere, em geral composta de duas consoantes e uma soante, líqüida, fazem o
aoristo passivo sobre o vocalismo zero da raiz, desenvolvendo a seguir um -a- e
pentético. T: stl/stel; T: fyr/fyer; aoristo ativo: ¦-steil-a aoristo ativo: ¦-f
yeir-a aoristo passivo: ¤-st l-h-n aoristo passivo: ¤-fy r-h-n
stl > stal-h
Indicativo sou/fui enviado S. ¤-st l-h-n ¤-st -l-h-w ¤-st l-h Subjuntivo Optativo seja
/for enviado seria/fosse enviado** stal-Ç* stal-»-w stal-» stal-eÛ-h-n stal-eÛ-h
-w stal-eÛ-h Imperativo sê/sede enviado*** st l-h-yi stal- -tv st l-h-te stal-¡-ntvn
****
P.
¤-st l-h-men stal-Ç-men stal-eÝ-men ¤-st l-h-te stal-°-te stal-eÝ-te ¤-st l-h-san stal
-Ç-si stal-eÝ-en
D. ¤-st l-h-ton stal-°-ton stal-e-Ûh-ton/eÝton st l-h-ton ¤-stal- -thn stal-°-ton st
al-e-i -thn/eÛthn stal- -tvn
* O subjuntivo se constrói sobre o tema verbal puro + característica passiva -h-
+ característica do subjuntivo v, h, h, v, h, v, o que resulta numa seqüência d
e duas vogais longas; nesses casos a longa anterior se abrevia e a seguir se dá
a contração. É isso que explica as formas perispômenas e prosperispômenas. ** Ta
mbém: poderia/pudesse ser enviado. *** Imperativo de 3a pessoa: (ele) seja envia
do; (eles) sejam enviados. **** Vogal longa seguida de soante e oclusiva se abre
via.
mur05.p65
486
22/01/01, 11:38
a flexão verbal
487
Quadro demostrativo da evolução fonética no subjuntivo
S. stal -v > stal¡-h-si > stal¡-h-ti > stal¡v > stal¡hi > stal¡hsi > stalÇ* stal
°i/stal» > stal°iw/sta-l»w** stal¡hi > stal°i/stal» stalÇmen stal°te stalÇnsi >
stal°ton stal°ton
P.
stal¡-v-men > stal¡-h-te > sta-l¡-v-nti > stalÇnti > stal¡-h-ton > stal¡-h-ton >
stalÇsi
D.
* Vogal longa seguida de vogal longa se abrevia e, a seguir, é absorvida. ** O -
w é característica de 2a pessoa do singular da voz ativa; por isso aparece aí.
Particípio: tendo sido enviado
Tema
stal- -nt > stal¡nt-*
Masc.
stal¡nt-w > staleÛw, stal¡ntow
Fem.
stal¡ntja > stal¡ntia staleÝsa, staleÛshw
Neutro
stal¡nt > stal¡n, stal¡ntow
* Vogal longa seguida de soante e oclusiva se abrevia.
Infinitivo: stal-°-nai ser enviado
Adjetivos verbais: stal-tñw, , ñn: stal-t¡ow, a, on: enviável que deve ser envi
ado
mur05.p65
487
22/01/01, 11:38
488
a flexão verbal
Quadro de flexão do futuro passivo em -yhTemas em semivogal (i, u) Indicativo se
rei desligado
S. lu-y -s-o-mai lu-y -s-e-sai > sú/-ei lu-y -s-e-tai lu-yh-s-ñ-meya lu-y -s-e-s
ye lu-y -s-o-ntai lu-y -s-e-syon lu-y -s-e-syon
Optativo pudesse/poderia haver de ser desligado
lu-yh-s-oÛ-mhn lu-y -s-oi-so> soio lu-y -s-oi-to lu-yh-s-oÛ-meya lu-y -s-oi-sye
lu-y -s-oi-nto lu-yh-s-0Û-syhn lu-yh-s-oÛ-syhn
P.
D.
Particípio: havendo de ser desligado, que será desligado Tema
lu-yh-s-ñ-meno-
Masc.
lu-yh-s-ñ-menow
Fem.
lu-yh-s-o-m¡nh
Neutro
lu-yh-s-ñ-menon
Infinitivo: Nota:
lu-y -s-e-syai
haver de ser desligado
A vogal dos verbos denominativos de temas em a, e, o se alonga no aoristo, futur
o e perfeito ativos, médios e passivos:
tim -v fut. aor. perf. fut. aor. perf. fut. aor. perf. tim sv ¤tÛmhsa tetÛmhka fil
sv ¤fÛlhsa pefÛlhka dhlÅsv ¤d lvsa ded lvka tim somai ¤timhs mhn tetÛmhmai fil so
mai ¤filhs mhn pefÛlhmai dhlÅsomai ¤dhlvs mhn ded lvmai timhy somai ¤tim yhn filhy s
omai ¤fil yhn dhlvy somai ¤dhlÅyhn
fil¡-v -
dhlñ-v -
mur05.p65
488
22/01/01, 11:38
a flexão verbal
489
Futuro passivo dos monossilábicos
Tema: ye-, do-, ¥-, sta-.
Indicativo
serei colocado
S. te-y -somai te-y -setai P. te-yh-sñmeya te-y -sesye te-y -sontai D. te-y -ses
yon te-y -sesyon
serei dado
do-y -somai do-y -setai do-yh-sñmeya do-y -sesye do-y -sontai do-y -sesyon do-y
-sesyon
serei lançado
¥-y -somai ¥-y -setai ¥-yh-sñmeya ¥-y -sesye ¥-y -sontai ¥-y -sesyon ¥-y -sesyon
serei posto de pé
sta-y -somai sta-y -setai sta-yh-sñmeya sta-y -sesye sta-y -sontai sta-y -sesyon
sta-y -sesyon
te-y -sesai > sú/ei do-y -sesai > ú/ei ¥-y -sesai > ú/ei sta-y -sesai > ú/ei
Optativo
poderia/pudesse haver de ser
colocado S. te-yh-soÛmhn te-y -soiso > soio te-y -soito P. te-yh-soÛmeya te-y -s
oisye te-y -sointo D. te-yh-soÛsyhn te-yh-soÛsyhn dado do-yh-soÛmhn do-y -soiso
> soio do-y -soito do-yh-soÛmeya do-y -soisye do-y -sointo do-yh-soÛsyhn do-yh-s
oÛsyhn lançado ¥-yh-soÛmhn ¥-y -soiso > soio ¥-y -soito ¥-yh-soÛmeya ¥-y -soisye
¥-y -sointo ¥-yh-soÛsyhn ¥-yh-soÛsyhn posto de pé sta-yh-soÛmhn sta-y -soiso >
soio sta-y -soito sta-yh-soÛmeya sta-y -soisye sta-y -sointo sta-yh-soÛsyhn sta-
yh-soÛsyhn
mur05.p65
489
22/01/01, 11:38
490
a flexão verbal
Particípio: havendo de, que haverá de ser
colocado Tema Masc. Fem. Neut.
te-yh-s-ñ-menoteyhsñmenow teyhsom¡nh teyhsñmenon
dado
do-yh-s-ñ-menodoyhsñmenow doyhsom¡nh doyhsñmenon
lançado
¥-yh-s-ñ-meno¥yhsñmenow ¥yhsom¡nh ¥yhsñmenon
posto de pé
sta-yh-s-ñ-menostayhsñmenow stayhsom¡nh stayhsñmenon
Infinitivo: haver de ser colocado
te-y -sesyai
dado
do-y -sesyai
lançado
¥-y -sesyai
posto de pé
sta-y -sesyai
Quadro de flexão do futuro passivo em -h-sTemas em líquida Indicativo serei envi
ado
S. stal- -s-o-mai stal- -s-e-sai > sú/-ei stal- -s-e-tai stal-h-s-ñ-meya stal- -
s-e-sye stal- -s-o-ntai stal- -s-e-syon stal- -s-esyon
Optativo poderia/pudesse haver de ser enviado
stal-h-soÛ-mhn stal- -s-oi-so > soio stal- -s-oi-to stal-h-s-oÛ-meya stal- -s-oi
-sye stal- -s-oi-nto stal-h-s-oÛ-syhn stal-h-s-oÛ-syhn
P.
D.
Particípio: havendo de ser enviado, que será enviado
Tema stal-h-s-ñ-meno Masc. stalhsñmenow Fem. stalhsom¡nh Neutro stalhsñmenon
mur05.p65
490
22/01/01, 11:38
a flexão verbal
491
Infinitivo: Notas:
stal- -s-e-syai
haver de ser enviado
1. Todos os verbos de tema em soante-líquida fazem o aoristo e futuro passivos e
m -h-. 2. A maioria dos verbos que têm o aoristo passivo em -h- não têm um outro
em -yh-; alguns, contudo, ao lado de um aoristo em -h- desenvolveram um aoristo
em -yh-, como o tema plhg/plag, que tem o duplo ¤-pl g-h-n / ¤-pl x-yh-n. 3. Como
se pode notar, o aoristo em -h-, não traz problemas fonéticos, uma vez que a vo
gal forma sílaba com a consoante temática; outro tanto não acontece com o aorist
o em -yh-; o -y-, em contato com as diversas consoantes oclusivas temáticas sofr
e e provoca um processo de assimilação, quer progressiva quer regressiva. Esse p
rocesso já nos é familiar, uma vez que o enfrentamos na flexão nominal de temas
em consoante. O quadro abaixo dá o modelo dessa assimilação entre consoantes ocl
usivas (dentais, labiais, velares) e a característica do aoristo passivo - yh-.
Dentais diante de yh* gumnad- > ¤-gumn s-yh-n rmot- > ²rmñs-yh-n peiy- > ¤-peÛs-yh-
n * Dental, seguida de dental, dissimila-se em -sLabiais diante de yh* trib- > ¤
-trÛf -yh-n pemp- > ¤-p¡mf-yh-n kruf- > ¤-kræf-yh-n * Oclusiva sonora ou surda,
seguida de aspirada, acomoda-se (contamina-se) e se torna aspirada. Velares dian
te de yh* prag- > ¤-pr x-yh-n fulak- > ¤-ful x-yh-n arx- > ³rx-yh-n * Oclusiva sonor
a ou surda seguida de aspirada acomoda-se (contaminase) e se torna aspirada.
mur05.p65
491
22/01/01, 11:38
492
a flexão verbal
O perfeito
Preliminares
1. O perfeito é uma forma verbal antiga e exprime noção de ato verbal completo,
terminado, com idéia de resultado. É a expressão da ação que está completa no pr
esente. Por isso, ele é chamado algumas vezes de perfeito presente . Perfeito é asp
ecto (acabado) e não tempo. Pode-se afirmar daí que o perfeito nos dá a idéia de
intransitividade, de estado. Esse é o perfeito em sua forma mais antiga: fica e
ntre a voz ativa e a voz passiva. Há inúmeras formas com esse significado: oäda
eu sei (por ter visto) t¡ynhke ele morreu, está morto p¡poiya eu tenho confiança
(eu me convenci) §sthka eu estou de pé (eu me pus de pé) p¡fuka eu sou de nasce
nça (naturalmente), eu nasci g¡gona eu nasci, eu sou di¡fyora eu estou perdido E
ssa noção de estado, de ato acabado, é certamente a origem do redobro 56; isto é
, da repetição da consoante inicial do tema-raiz acompanhada da vogal -e. A idéi
a de estado, de resultativo, de permanência, de presente, nos leva a crer que o
perfeito intransitivo, médio, é anterior ao perfeito ativo.
56
O redobro (consoante repetida acompanhada de -i- ou de -e-) tem certamente um va
lor semântico, psicológico, enfático: o do infectum, em -i- funciona como alonga
dor do tema verbal monossilábico, como yh > tÛyh-mi, dv > dÛdv-mi, sth > sisth-m
i > ásth-mi , gn > gÛgn-o-mai, às vezes, associado a um sufixo alongador como -s
k- p. ex.: gnv > gignv-sk-v. O redobro do perfectum em -e- tem um caráter confir
mativo, da martelada a mais que damos quando pregamos um prego. Essa martelada a
mais , às vezes duas, quer dizer: está pregado , acabou. É esse, exatamente, o signif
icado do redobro do perfeito.
mur05.p65
492
22/01/01, 11:38
a flexão verbal
493
As formas do perfeito nos mostram isso: o perfeito médio, intransitivo e depois
passivo se forma basicamente sobre a raiz-tema + redobro + desinências primárias
médias.
lu- > peiy- > prag- > trib- > l¡-lu-mai p¡-peis-mai p¡-prag-mai t¡-trim-mai fui
desligado, estou desligado fui convencido, estou convencido fui feito, estou fei
to fui esmagado, estou esmagado
Como ficou dito no capítulo do aoristo, também no perfeito os temas sofrem alter
ações fonéticas.
dia - fyr- > di-¡-fyor-a/di-¡-fyar-mai te-trib- > t¡-trif-a/t¡-trim-mai eu destr
uí/eu fui destruído eu esmaguei/eu fui esmagado
Essas alterações fonéticas acontecem por ação da metafonia (alternância vocálica
). Muitas raízes-tema, sobretudo aquelas que formam o aoristo sobre a raiz-tema,
sofrem essa alternância (zero/e/o). Em geral, no perfeito prevalece o vocalismo
o, com algumas variantes em a (que na verdade é um a epentético) nas raízes em
líqüida; o vocalismo do aoristo, em geral, é zero, e o vocalismo do presente (in
acabado, infectum) é e. Há também algumas variantes de vocalismo e no aoristo e
de vocalismo zero no infectum. Nesses casos o vocalismo zero no infectum vem com
pensado pelo redobro em -i. Assim: pres. leÛpaor. lipperf. le-loipdeixar Mas: pr
es. gi-gn aor. genperf. ge-gonvir a ser Note-se que, no segundo caso, o vocalism
o zero no infectum (deveria ser e e o do aoristo deveria ser zero) teve a compensa
ção pelo redobro em -i. Ao lado do perfeito intransitivo, médio, havia também um
perfeito que se construía sobre a raiz-tema, no vocalismo do perfeito, com as d
esinências secundárias ativas, sem auxílio de nenhuma característica. Assim: ge-
gon-n > g¡-gon-a pe-prag-n > p¡praga Do mesmo modo como aconteceu na formação do
aoristo sigmático, em que a desinência consonântica -n se vocalizou, em contato
com
mur05.p65
493
22/01/01, 11:38
494
a flexão verbal
a consoante do tema, formando a sílaba -sa, sobre o que se flexionou todo o aori
sto ativo e médio, assim também teria acontecido com esse perfeito, que as gramá
ticas denominam segundo : esse -a, que é a vocalização do -n desinencial, formou sí
laba com a consoante da raiz-tema e serviu de base para a flexão. Veremos o quad
ro de flexão mais adiante. Esse perfeito em -a seria o perfeito mais antigo. Na
origem tinha um significado intransitivo. Aliás, não é fácil associar a idéia de
voz ativa com a idéia do resultado, acabado, perfeito; contudo, em muitos casos
, torna-se necessário completar o ato verbal. Como a transitividade ou intransit
ividade do verbo está no seu conteúdo semântico e na relação do sujeito agente (
ou paciente) com o processo verbal e determina a voz ativa ou média, é natural,
nos verbos transitivos, ativos ou médios, o complemento ou termo do ato verbal e
xpresso pelo acusativo do objeto direto. À maneira do aoristo com característica
forte -s-, a língua grega desenvolveu um perfeito ativo com característica fort
e -k- que, no indicativo, recebe desinências secundárias. Também aí, a presença
do -n desinencial de 1 a pessoa, em contato direto com o k-, forma a sílaba -ka,
base para a flexão do indicativo. Note-se, porém, que, nos outros modos, a flex
ão se faz só sobre a característica k-, ao contrário do que acontece no aoristo
sigmático (-sa-). A explicação está, provavelmente, no fato de que o perfeito in
dicativo ativo sugere uma idéia de tempo no ato verbal, justificando a presença
de desinências secundárias e os outros modos do perfeito não. Esse perfeito ativ
o em -k-, por ser uma marca forte, passa a ser o perfeito paradigmático. Exatame
nte como aconteceu com o aoristo em s. De qualquer modo, fora do indicativo perf
eito, os outros modos do perfeito não têm uma tradução fácil em português, porqu
e associamos sempre uma idéia de tempo à palavra perfeito , o que é absolutamente f
ora de propósito. Assim na voz ativa: Perfeito indicativo = l¡-lu-ka - eu deslig
uei, eu completei o ato de desligar; Perfeito subjuntivo = le-læ-kv - que eu ten
ha completado o ato de desligar; Perfeito optativo = le-læ-k-oi-mi - que eu pude
sse ter completado o ato de desligar; ou eu poderia ter completado o ato de desl
igar;
mur05.p65
494
22/01/01, 11:38
a flexão verbal
495
Perfeito imperativo = le-lu-kÅw, uÝa, ñw àsyi/¦stv - sê/seja numa situação de te
r completado o ato de desligar; le-lu-kñtew, uÝaw, ñta ¦ste/ ¦stvn [¦stvsan] - s
ede/sejam numa situação de terdes completado o ato de desligar; Perfeito particí
pio = le-lu-kÅw, uÝa, ñw - que está em um estado de ter completado o ato de desl
igar; Perfeito infinitivo = le-lu-k¡nai - ter completado o ato de desligar 57.
Morfologia do perfeito
Constrói-se o perfeito: 1. Sobre o tema verbal puro (aoristo); 2. Com redobro em
-e:58 a) nos temas iniciados por consoante, repete-se a consoante inicial, segu
ida de -e; b) nos temas iniciados por vogal, esse redobro é substituído por um e
- que se contrai com a vogal inicial do tema; c) nos temas iniciados por duas co
nsoantes, esse redobro é substituído por um e- só. 3. Na voz ativa: característi
ca -kn > -ka/-a + desinências. secundárias ativas; 4. Na voz média/passiva: desi
nências primárias médias/passivas, acrescentadas diretamente ao tema.
57
Nos quadros de flexão do perfeito, todas as formas estarão com o correspondente
em português. 58 Quando se fala em redobro , fala-se da repetição da consoante inic
ial do tema verbal seguida de -i- (infectum) ou seguida de -e- (perfectum): redob
ro em -i- e redobro em -e- . O redobro em -e- pode ser substituído pela vogal simples
e- .
mur05.p65
495
22/01/01, 11:38
496
a flexão verbal
Variedades de redobro
1. Tema em consoante inicial: a) nos temas iniciados por oclusiva, repete-se a c
onsoante inicial seguida de -e:
tipeiykaleyufuxrit¡-ti-k-a p¡-pei-k-a k¡-klh-k-a t¡-yu-k-a p¡-fu-k-a k¡-xri-k-a
t¡-ti-mai p¡peismai k¡-klh-mai t¡-yu-mai eu honrei/eu fui (estou) honrado eu per
suadi/eu fui (estou) persuadido eu chamei/eu fui (estou) chamado
b) se a oclusiva for aspirada, redobra-se a surda correspondente:
k¡-xri-mai
eu sacrifiquei/eu fui (estou) sacrificado eu nasci/sou de nascença eu ungi/eu fu
i (estou) ungido
c) se o tema começa por oclusiva seguida de outra consoante, redobra-se a primei
ra consoante, seguida de -e:
grafg¡-graf-a kleiptp¡-ptv-ka ynt¡-ynh-ka kta/kthfyr stelsxgnvsperg¡-gram-mai k¡
-klei-mai eu gravei/eu fui (estou) gravado eu fui (estou) chamado eu caí, estou
caído eu morri, estou morto eu adquiri/eu possuo
k¡-kth-mai
d) em alguns casos substitui-se o redobro pelo aumento 59:
¦-fyor-a ¦-stal-ka ¦-sxh-ka ¦-gnv-ka ¦-spar-ka
eu destruí, eu corrompi eu enviei eu segurei, eu estou numa situação eu tomei co
nhecimento, eu sei eu espalhei, eu semeei
e) se o tema começa por consoante dupla, também não há redobro, mas aumento:
zhtec l¤-z th-ka ¦-cal-ka eu procurei eu puxei (a corda), eu entoei
59
Esse -e- é chamado de aumento por força do hábito e reflete uma visão material da
palavra; de fato a forma verbal aumenta. É um substitutivo do redobro nos verbos
iniciados por vogal, sibilante e vibrante.
mur05.p65
496
22/01/01, 11:38
a flexão verbal
497
f) se o tema começa por r, não há redobro, mas aumento e duplicação do r: =ap- §
-rrap-mai > ¦-rram-mai eu costurei, eu amarrei 2. Se o tema começa por vogal, o
redobro é compensado pelo aumento em e- mas, contrariamente ao aumento temporal
(marca do passado) que é usado só no indicativo, esse aumento, substituto de red
obro, se estende para todos os modos:
aÞte g rx¾th-ka —x-a —rx-a eu exigi eu conduzi governei ´th-mai —g-mai —rg-mai eu fu
i (estou) exigido eu fui conduzido eu fui(estou) governado
Nota: em alguns temas iniciados por vogal (a, e, o) seguida de consoante, no áti
co, redobra-se essa vogal com a consoante que segue (redobro ático).
ör- numi koæ-v leÛf-v ¤geÛr-v öz-v ôræssv (ap)ñllumi odjorugjoljeu surjo (levanto)
eu ouço eu unto eu acordo eu cheiro a eu cavo eu faço perecer, eu pereço ör-vr-
a k- ko-a l- lif-a ¤gr- gor-a öd-vd-a ôr-Årux-a > ôr-Årug-mai (ap)ol-lÅle-ka ( p-ñlv
l-a) eu fiz perecer, eu pereci, estou perdido eu surgi (levantei) eu ouvi eu unt
ei eu acordei eu exalei um cheiro eu cavei
mur05.p65
497
22/01/01, 11:38
498
a flexão verbal
Quadro de flexão do perfeito
VOZ ATIVA Indicativo: eu acabei de, eu completei o ato de
desligar desliguei
S. l¡-lu-ka l¡-lu-ka-w l¡-lu-ke P. le-læ-ka-men le-læ-ka-te le-læ-ka-si D. le-læ
-ka-ton le-læ-ka-ton
dar dei
d¡-dv-ka d¡-dv-ka-w d¡-dv-ke de-dÅ-ka-men de-dÅ-ka-te de-dÅ-ka-si de-dÅ-ka-ton d
e-dÅ-ka-ton
colocar coloquei
t¡-yh-ka t¡-yh-ka-w t¡-yh-ke te-y -ka-men te-y -ka-te te-y -ka-si te-y -ka-ton t
e-y -ka-ton
pôr de pé pus de pé
§-sth-ka §-sth-ka-w §-sth-ke ¥-st -ka-men ¥-st -ka-te ¥-st -ka-si ¥-st -ka-ton ¥
-st -ka-ton
lançar lancei
eå-ka eå-ka-w eå-ke eá-ka-men eá-ka-te eá-ka-si eá-ka-ton eá-ka-ton
Subjuntivo: eu tenha completado o ato de, tenha acabado de
desligar
S. le-læ-kv* le-læ-kúw le-læ-kú P. le-læ-kvmen le-læ-khte le-læ-kvsi D. le-læ-kh
-ton le-læ-kh-ton
dar
de-dÅ-kv de-dÅ-kúw de-dÅ-kú de-dÅ-kvmen de-dÅ-khte de-dÅ-kvsi de-dÅ-kh-ton de-dÅ
-kh-ton
colocar
te-y -kv te-y -kúw te-y -kú te-y -kvmen te-y -khte te-y -kvsi te-y -kh-ton te-y
-kh-ton
pôr de pé
¥-st -kv ¥-st -kúw ¥-st -kú ¥-st -kvmen ¥-st -khte ¥-st -kvsi ¥-st -kh-ton ¥-st
-kh-ton
lançar
eá-kv eá-kúw eá-kú eá-kvmen eá-khte eá-kvsi eá-kh-ton eá-kh-ton
* O subjuntivo se constrói sobre o tema do perfeito (com redobro ou equivalente)
+ característica do perfeito ativo -k- + característica do subjuntivo v, h, h,
v, h, v, + desinências primárias: -v, -si, -ti. -men, -te, -nti.
mur05.p65
498
22/01/01, 11:38
a flexão verbal
499
Quadro demostrativo da flexão do perfeito do subjuntivo
S. le-læ-k-v > le-læ-k-h-si > le-læ-k-h-ti > le-læ-k-v-men > le-læ-k-h-te > le-l
æ-k-vnti > le-læ-kh-ton > le-læ-kh-ton > lelækv lelækhi/ú > lelækhsi >
lelækhiw/úw lelækhi/ú lelækvmen lelækhte lelækvsi lelækhton lelækhton
P.
lelækvnsi >
D.
Optativo: eu poderia/ pudesse ter acabado o ato de
desligar
S. le-læ-k-oi-mi le-læ-k-oi-w le-læ-k-oi P. le-læ-k-oi-men le-læ-k-oi-te le-læ-k
-oi-e-n D. le-læ-k-oi-ton le-lu-k-oÛ-thn
dar
de-dÅ-k-oi-mi de-dÅ-k-oi-w de-dÅ-k-oi de-dÅ-k-oi-men de-dÅ-k-oi-te de-dÅ-k-oi-e-
n
colocar
te-y -k-oi-mi te-y -k-oi-w te-y -k-oi te-y -k-oi-men te-y -k-oi-te te-y -k-oi-e-
n
pôr de pé
¥-st -k-oi-mi ¥-st -k-oi-w ¥-st -k-oi ¥-st -k-oi-te ¥-st -k-oi-e-n
lançar
eá-k-oi-mi eá-k-oi-w eá-k-oi eá-k-oi-te eá-k-oi-e-n
¥-st -k-oi-men eá-k-oi-men
de-dÅ-d-oi-ton te-y -k-oi-ton ¥-st -k-oi-ton eá-k-oi-ton de-dv-k-oÛ-thn te-yh-k-
oÛ-thn ¥-sth-k-oÛ-thn eß-k-oÛ-thn
Imperativo Singular: sê tu/seja (esteja) ele numa situação (estado) de ter acaba
do o ato de 2a pessoa 3a pessoa
desligar dar colocar pôr de pé lançar le-lu-kÅw, le-lu-kuÝa, lelukñw de-dv-kÅw,
de-dv-kuÝa, de-dv-kñw te-yh-kÅw, te-yh-kuÝa, te-yh-kñw ¥-sth-kÅw, ¥-sth-kuÝa, ¥-
sth-kñw eß-kÅw, eß-kuÝa, eß-kñw àsyi àsyi àsyi àsyi àsyi ¦stv ¦stv ¦stv ¦stv ¦st
v
mur05.p65
499
22/01/01, 11:38
500
a flexão verbal
Plural: sede vós / sejam (estejam) eles numa situação (estado) de ter acabado o
ato de desligar, dar, colocar, pôr de pé, lançar
2a pessoa
desligar dar colocar pôr de pé lançar le-lu-kñtew, le-lu-kuÝai, le-lu-kñta de-dv
-kñtew, de-dv-kuÝai, de-dv-kñta te-yh-kñtew, te-yh-kuÝai, te-yh-kñta ¥-sth-kñtew
, ¥-sth-kuÝai, ¥-sth-kñta eß-kñtew, eß-kuÝai, eß-kñta ¦ste ¦ste ¦ste ¦ste ¦ste
3a pessoa
¦atvn (¦stvsan) ¦stvn (¦stvsan) ¦stvn (¦stvsan) ¦stvn (¦stvsan) ¦stvn (¦stvsan)
É muito difícil pensar em imperativo, que encerra uma idéia de eventualidade, qu
e pode ser uma ordem, mas, de conformidade com o tom e o conteúdo do enunciado,
pode ser uma exortação, uma permissão, um pedido perfectum, pois o fato comandad
o é posterior à emissão da ordem ou conselho e é incompatível com a noção do aca
bado, resultativo. É, pois, uma forma artificial.
razão.
Muitas gramáticas não registram o imperativo perfeito ativo. E têm
Particípio: que está numa situação de ter acabado o ato de desligar, que desligo
u, que completou o ato de desligar, dar, colocar, pôr de pé, lançar
Tema Masc. Fem. Neut. le-lu-kñtle-lu-kÅw le-lu-kuÝa-aw le-lu-kñw de-dv-kñtde-dv-
kÅw de-dv-kñw te-yh-kñtte-yh-kÅw te-yh-kñw ¥-sth-kñt¥-sth-kÅw ¥-sth-kñw eß-kñteß
-kÅw eß-kñw
de-dv-kuÝa-aw te-yh-kuÝa-aw ¥-sth-kuÝa-aw eß-kuÝa-aw
Infinitivo: ter acabado o ato de
desligar le-lu-k-¡-nai dar de-dv-k-¡-nai colocar te-yh-k-¡-nai pôr de pé ¥-sth-k
-¡-nai lançar eß-k-¡-nai
mur05.p65
500
22/01/01, 11:38
a flexão verbal
501
Mais-que-perfeito
VOZ ATIVA Indicativo: eu desligara, eu tinha acabado o ato de
desligar
S. ¤-le-læ-kein* ¤-le-læ-keiw ¤-le-læ-kei P. ¤-le-læ-kei-men ¤-le-læ-kei-te D. ¤
-le-læ-kei-ton ¤-le-lu-keÛ-thn
dar
¤-de-dÅ-kein ¤-de-dÅ-keiw ¤-de-dÅ-ke ¤-de-dÅ-kei-men ¤-de-dÅ-kei-te
colocar
¤-te-y -kein ¤-te-y -keiw ¤te-y -kei ¤-te-y -kei-te
pôr de pé
¥-st -kein ¥-st -keiw ¥-st -kei ¥-st -kei-te
lançar
eá-kein eá-keiw eá-kei eá-kei-te
¤-te-y -kei-men ¥-st -kei-men eá-kei-men ¥-st -kei-san á-kei-san ¥-st -kei-ton eá
-kei-ton ¥-sth-keÛ-thn eß-keÛ-thn
¤-le-lu-kei-san** ¤-de-dÅ-kei-san ¤-te-y -kei-san ¤-de-dÅ-kei-ton ¤-te-y -kei-to
n ¤-de-dv-keÛ-thn ¤-te-yh-keÛ-thn
* As três pessoas do singular também se encontram flexionadas assim:
¤-le-læ-kh-n ¤-le-læ-khw ¤ le-læ-kh ¤-de-dÅ-kh-n ¤-de-dÅ-khw ¤-de-dÅ-kh ¤-te-y -kh
-n ¤-te-y -khw ¤-te-y -kh ¥-st -kh-n ¥-st -khw ¥-st -kh eá-kh-n eá-khw eá-kh
** Esta forma também se encontra em outra variante:
¤-le-læ-ke-san ¤-de-dÅ-ke-san ¤-te-y -ke-san ¥-st -ke-san eá-ke-san
Nota: O mais-que-perfeito é o passado do perfeito. Por isso, além do redobro (ou
os substitutos do redobro) do perfeito, ele tem o aumento eque é a marca do pas
sado. O mais-que-perfeito, que exprime um passado, só pode existir no indicativo
.
mur05.p65
501
22/01/01, 11:38
502
a flexão verbal
VOZ MÉDIA / PASSIVA
Indicativo Voz média: eu acabo de desligar, de dar, de colocar, de pôr de pé, de
lançar para mim; Voz passiva: eu acabo de ser, eu fui, eu estou desligado, dado
, colocado, posto de pé, lançado.
desligado S. l¡-lu-mai l¡-lu-sai l¡-lu-tai le-læ-meya l¡-lu-sye l¡-lu-ntai l¡-lu
-syon l¡-lu-syon dado d¡-do-mai d¡-do-sai d¡-do-tai de-dñ-meya d¡-do-sye d¡-do-n
tai d¡-do-syon d¡-do-syon colocado t¡-ye-mai t¡-ye-sai t¡-ye-tai te-y¡-meya t¡-y
e-sye t¡-ye-ntai t¡-ye-syon t¡-ye-syon posto de pé §-sta-mai* §-sta-sai §-sta-ta
i ¥-st -meya §-sta-sye §-sta-ntai §-sta-syon §- sta-syon lançado eå-mai eå-sai eå-
tai eá-meya eå-sye eå-ntai eå-syon eå-syon
P.
D.
* As formas do perfeito médio ou passivo desse verbo são teoricamente possíveis,
mas, por razões semânticas, não são usadas. Nos outros modos deixaremos de regi
strá-las.
mur05.p65
502
22/01/01, 11:38
a flexão verbal
503
Subjuntivo
Voz média
S. le-lu-m¡now, h le-lu-m¡now, h le-lu-m¡now, h P. le-lu-m¡noi, ai le-lu-m¡noi,
ai le-lu-m¡noi, ai D. le-lu-m¡nv, a, v le-lu-m¡nv, a, v Î Âw  Îmen —te Îsi —ton
—ton tenha acabado de desligar para mim tenhas acabado de desligar para ti tenh
a acabado de desligar para si tenhamos desligado para nós tenhais desligado para
vós
Voz passiva
tenha sido/esteja desligado* tenhas sido/estejas desligado tenha sido/esteja des
ligado* tenhamos sido/estejamos desligados tenhais sido/estejais desligados
tenham desligado para si tenham sido/estejam desligados tenhais os dois desligad
o para vós tenham os dois desligado para si (os dois) tenhais sido/ estejais des
ligados (os dois) tenham sido/ estejam desligados
Voz média
S. de-do-m¡now, h de-do-m¡now, h de-do-m¡now, h P. de-do-m¡noi, ai de-do-m¡noi,
ai de-do-m¡noi, ai D. de-do-m¡nv, a, v de-do-m¡nv, a, v Î Âw  Îmen —te Îsi —ton
—ton tenha dado para mim tenhas dado para ti tenha dado para si tenhamos dado p
ara nós tenhais dado para vós tenham dado para si tenhais os dois dado para vós
tenham os dois dado para si
Voz passiva
tenha sido/esteja dado tenhas sido/estejas dado tenha sido/esteja dado tenhamos
sido/estejamos dados tenhais sido/estejais dados tenham sido/estejam dados (os d
ois) tenhais sido/ estejais dados (os dois) tenham/ estejam sido dados
mur05.p65
503
22/01/01, 11:38
504
a flexão verbal
Voz média
S. te-ye-m¡now, h te-ye-m¡now, h te-ye-m¡now, h P. te-ye-m¡noi, ai te-ye-m¡noi,
ai te-ye-m¡noi, ai D. te-ye-m¡nv, a, v te-ye-m¡nv, a, v Î Âw  Îmen —te Îsi —ton
—ton tenhas colocado para ti tenha colocado para si tenhamos colocado para nós
Voz passiva
tenhas sido/estejas colocado tenha sido/esteja colocado tenhamos sido/ estejamos
colocados
tenha colocado para mim tenha sido/esteja colocado
tenhais colocado para vós tenhais sido/ estejais desligados tenham colocado para
si tenhais os dois colocado para vós tenham os dois colocado para si tenham sid
o/ estejam colocados (os dois) tenhais sido/ estejais colocados (os dois) tenham
sido/ estejam colocados
Voz média
S. eß-m¡now, h eß-m¡now, h eß-m¡now, h P. eß-m¡noi, ai eß-m¡noi, ai eß-m¡noi, ai
D. eß-m¡nv, a, v eß-m¡nv, a, v Î Âw  Îmen —te Îsi —ton —ton tenhas lançado par
a ti tenha lançado para si tenhamos lançado para nós tenham lançado para si tenh
ais os dois lançado para vós tenham os dois lançado para si
Voz passiva
tenhas sido/estejas lançado tenha sido/esteja lançado tenhamos sido/ estejamos l
ançados tenham sido/estejam lançados (os dois) tenhais sido/ estejais lançados (
os dois) tenham sido/ estejam lançados
tenha lançado para mim tenha sido/esteja lançado
tenhais lançado para vós tenhais sido/estejais lançados
* Foi a partir das formas do perfeito que a língua grega começou a construir for
mas analíticas: o imperativo perfeito ativo, visto acima, o subjuntivo perfeito
médio ou passivo, no quadro acima, e o optativo perfeito passivo, a seguir.
mur05.p65
504
22/01/01, 11:38
a flexão verbal
505
Optativo
Voz média
S. le-lu-m¡now le-lu-m¡now le-lu-m¡now P. le-lu-m¡noi,ai,a le-lu-m¡noi,ai,a le-l
u-m¡noi,ai,a D. le-lu-m¡nv,a,v le-lu-m¡nv,a,v S. eàhn eàhw eàh eämen eäte, eäen
pudesse, poderia ter acabado de desligar para mim pudesses, poderias ter acabado
de desligar para ti pudesse, poderia ter acabado de desligar para si
Voz passiva
pudesse, poderia ter sido/ estar desligado pudesses, poderias ter sido/ estar de
sligado pudesse, poderia ter sido /estar desligado
pudéssemos, poderíamos ter pudéssemos, poderíamos ter acabado de desligar para n
ós sido/estar desligados pudésseis, poderíeis ter acabado de desligar para vós p
udessem, poderiam ter acabado de desligar para si pudésseis, poderíeis ter sido/
estar desligados pudessem, poderiam ter sido/ estar desligados pudésseis, poder
íeis ter sido/ estar desligados
eàthn / pudésseis, poderíeis ter acaeÞ thn bado de desligar para vós
eàthn / pudessem, poderiam ter pudessem, poderiam ter sido/ eÞ thn acabado de de
sligar para vós estar desligados pudesse, poderia ter acabado pudesse, poderia t
er sido/ de dar para mim estar dado pudesses, poderias ter acabado de dar para t
i pudesse, poderia ter acabado de dar para si pudéssemos, poderíamos ter acabado
de dar para nós pudésseis, poderíeis ter acabado de dar para vós pudesses, pode
rias ter sido/ estar dado pudesse, poderia ter sido/ estar dado pudéssemos, pode
ríamos ter sido/estar dados pudésseis, poderíeis ter sido/ estar dados
de-do-m¡now,h,on eàhn de-do-m¡now,h,on eàhw de-do-m¡now,h,on eàh
P.
de-do-m¡noi,ai,a de-do-m¡noi,ai,a de-do-m¡noi,ai,a
eämen eäte eäen
pudessem, poderiam ter aca- pudessem, poderiam ter sido/ bado de dar para si est
ar dados pudésseis, poderíeis ter sido/ estar dados
D.
de-do-m¡nv, a, v eàthn / pudésseis, poderíeis ter acaeÞ thn bado de dar para vós
de-do-m¡nv, a, v eàthn / pudessem, poderiam ter aca- pudessem, poderiam ter sido
/ eÞ thn bado de dar para si estar dados
mur05.p65
505
22/01/01, 11:38
506
a flexão verbal
Voz média
S. te-ye-m¡now, h,on eàhn te-ye-m¡now, h,on eàhw te-ye-m¡now, h,on eàh P. te-ye-
m¡noi ai,a te-ye-m¡noi, ai,a te-ye-m¡noi, ai,a D. eämen eäte eäen pudesse, poder
ia ter acabado de colocar para mim pudesses, poderias ter acabado de colocar par
a ti pudesse, poderia ter acabado de colocar para si
Voz passiva
pudesse, poderia ter sido/ estar colocado pudesses, poderias ter sido/ estar col
ocado pudesse, poderia ter sido/ estar colocado
pudéssemos poderíamos ter pudéssemos, poderíamos ter acabado de colocar para nós
sido/estar colocados pudésseis, poderíeis ter acabado de colocar para vós pudes
sem, poderiam ter acabado de colocar para si pudésseis, poderíeis ter sido/ esta
r colocados pudessem, poderiam ter sido/ estar colocados pudésseis, poderíeis te
r sido/ estar colocados
te-ye- m¡nv, a, v eàthn/ pudésseis, poderíeis ter acaeÞ thn bado de colocar para
vós
te-ye- m¡nv, a, v eàthn/ pudessem, poderiam ter aca- pudessem, poderiam ter sido
/ eÞ thn bado de colocar para si estar colocados
S.
eß-m¡now,h,on eß-m¡now,h,on eß-m¡now,h,on
eàhn eàhw eàh eämen eäte eäen
pudesse, poderia ter acabado de lançar para mim pudesses, poderias ter acabado d
e lançar para ti pudesse, poderia ter acabado de lançar para si pudéssemos, pode
ríamos ter acabado de lançar para nós pudésseis, poderíeis ter acabado de lançar
para vós pudessem, poderiam ter acabado de lançar para si
pudesse, poderia ter sido/ estar lançado pudesses, poderias ter sido/ estar lanç
ado pudesse, poderia ter sido/ estar lançado pudéssemos, poderíamos ter sido/est
ar lançados pudésseis, poderíeis ter sido/ estar lançados pudessem, poderiam ter
sido/ estar lançados pudésseis, poderíeis ter sido/ estar lançados pudessem, po
deriam ter sido/ estar lançados
P.
eß-m¡noi, ai,a eß-m¡now,h,on eß-m¡now,h,on
D.
eß-m¡nv, a, v eß-m¡nv, a, v
eàthn / pudésseis, poderíeis ter acaeÞ thn bado de lançar para vós eàthn / pudes
sem, poderiam ter eÞ thn acabado de lançar para si
mur05.p65
506
22/01/01, 11:38
a flexão verbal
507
Imperativo Voz média: Singular Plural sê tu / seja ele sede vós/sejam eles numa
situação de ter acabado de desligar, dar, colocar, lançar para ti/ele/vós/eles s
ê tu / seja ele sede vós/sejam eles numa situação de estar desligado, dado, colo
cado, lançado; estejas/esteja, fica/fique desligado, dado, colocado, lançado dar
d¡-do-so de-dñ-syv d¡-do-sye de-dñ-syvn d¡-do-syon de-dñ-syvn
Voz passiva: Singular Plural
desligar
S. 1a 2a 3a P. 1a 2a 3a C. S. l¡-lu-so le-læ-syv l¡-lu-sye le-læ-syvn l¡-lu-syon
le-læ-syvn
colocar
t¡-ye-so te-y¡-syv t¡-ye-sye te-y¡-syvn t¡-ye-syon te-y¡-syvn
lançar
eå-so eå-syv eå-sye eá-syvn eå-syon eá-syvn
D.
Particípio* Voz média: que completou o ato de desligar, dar, colocar, lançar par
a si Voz passiva: que foi desligado, está desligado, dado, colocado, lançado
le-lu-m¡now,h,on de-do-m¡now,h,on te-ye-m¡now,h,on eß-m¡now,h,on
* O particípio perfeito médio/passivo é paroxítono; (tem a penúltima sílaba tôni
ca: -m¡now, h, on, diferentemente dos outros particípios em -menow, h, on (infec
tum médio/passivo e aoristo e futuro médios), que têm a penúltima átona. Essa to
nicidade mais forte tem algo a ver com o significado do particípio perfeito, aca
bado, resultativo, de estado presente resultante.
mur05.p65
507
22/01/01, 11:38
508
a flexão verbal
Infinitivo Voz média: ter completado o ato de desligar, dar, colocar, lançar par
a si Voz passiva: ter sido desligado, estar desligado, dado, colocado, lançado
le-læ-syai de-dñ-syai te-y¡-syai eå-syai*
* Também no infinitivo perfeito médio e passivo a tonicidade na penúltima (poder
ia ser na antepenúltima) tem a ver com o significado de estado final, resultativ
o.
Mais-que-perfeito
Indicativo Voz média: eu tinha completado o ato de desligar, dar, colocar, lança
r para mim Voz passiva: eu tinha sido desligado, eu estava desligado, dado, colo
cado, lançado
S. ¤-le-læ-mhn ¤-l¡-lu-so ¤-l¡-lu-to ¤-le-læ-meya ¤-l¡-lu-sye ¤-l¡-lu-nto ¤-l¡-l
u-syon ¤-le-læ-syhn ¤-de-dñ-mhn ¤-d¡-do-so ¤-d¡-do-to ¤-de-dñ-meya ¤-d¡-do-sye ¤
-d¡-do-nto ¤-d¡-do-syon ¤-de-dñ-syhn ¤-te-y¡-mhn ¤-t¡-ye-so ¤-t¡-ye-to ¤-te-y¡-m
eya ¤-t¡-ye-sye ¤-t¡-ye-nto ¤-t¡-ye-syon ¤-te-y¡-syhn eá-mhn eå-so eå-yo eá-meya
eå-sye eå-nto eå-syon eá-syhn
P.
D.
mur05.p65
508
22/01/01, 11:38
a flexão verbal
509
Particularidades fonéticas do sistema do perfeito
VOZ ATIVA: 1. Os verbos denominativos de tema em vogal (a-e-o) alongam essa voga
l no perfeito e mais-que-perfeito: Presente do Infectum tim -v poi¡-v dhlñ-v eu ho
nro eu faço eu revelo Perfeito te-tÛmh-ka pe-poÛh-ka de-d lv-ka Mais-que-perfeit
o ¤-te-tim - kein ¤-pe-poi -kein ¤-de-dhlÅ-kein
2. Os verbos de tema em dental (t-d-y) perdem essa dental antes do -k. peÛy-v eu
persuado p¡-pei-ka ¤-pe-peÛ-kein ceæd-v eu engano p¡-ceu-ka ¤-pe-ceæ-kein Podem
os incluir nesse grupo alguns verbos que formam o infectum, inacabado, com sufix
os -tv e -yv. Estes verbos, em geral, têm uma variante sem o t ou o y, de modo q
ue, no perfeito e aoristo, nos verbos em -tv/yv, essa dental cai antes do -s e d
o -k; e, nos verbos da variante sem essas dentais, o aoristo e perfeito se fazem
naturalmente.
Infectum næv / nutv* ræv / rætv pl yv (pÛm-plh-mi) pr yv (pÛm-prh-mi) eu termino eu
esgoto eu encho eu incho Aoristo ´nu-sa ³ru-sa ¦-plh-sa ¦-prh-sa Perfeito ´nu-ka
³ru-ka p¡-plh-ka p¡-prh-ka Mais-que-perfeito ²næ-kein ±ræ-kein ¤-pepl -kein ¤-p
epr -kein
* Há uma variante não ática de vogal não aspirada. Notas: 1. Nem sempre os verbo
s que no infectum, inacabado, têm o tema em ttv/-ssv e zv (-izv -azv-ozv) são ve
rbos de tema em dental. Na realidade são temas de inacabado formados com o sufix
o -j-, sobre temas em velares ou dentais, e o perfeito se constrói sobre o tema
verbal puro, isto é, sobre o tema do aoristo.
mur05.p65
509
22/01/01, 11:38
510
a flexão verbal
Tema
playpragfrikôrux play-j-v > prag-j-v > frik- j-v > ôrux- j-v > pl ssv (tt) pr ssv fr
Ûssv (tt) ôræssv (tt) eu fabrico, moldo eu faço estremeço, arrepio eu cavo, esca
vo
Perfeito
p¡-play-a p¡-plaka p¡-prag-a p¡-praxa p¡-frik-a Êrux-a
2. Também os temas em -pt- no infectum, inacabado, nem sempre são em dental: são
, de fato, temas verbais puros, em labial (tema do aoristo):
klep-j-v > blab-j-v > kruf-j-v > kuf-j-v > kñp-j-v > kl¡pt-v bl pt-v kræpt-v kæpt-
v kñpt-v eu roubo eu prejudico eu escondo eu me abaixo eu bato k¡-klop-a b¡blaf-
a/b¡-blhf-a k¡-kruf-a k¡-kuf-a k¡-kof-a
Como vimos acima, alguns desses verbos de tema em labial e vogal temática e faze
m alternância em o no perfeito ativo. 3. Os temas em líquida/soante não levam o
sufixo do infectum, inacabado para o perfeito, porque o perfeito se constrói sob
re o tema verbal puro, isto é, o tema do aoristo e o constroem quer em -k- quer
em -a:
T. fan T. fan T. man/mhn T. kten/kton fan-jv > fan-jomai man-jomai > kten-jv > f
aÛn-v faÛnomai maÛn-o-mai po-kteÛn-v eu mostro, revelo eu surjo, apareço eu estou
furioso eu mato p¡-fag-k-a p¡-fhn-a m¡-mhn-a p-¡kton-a
Também nos temas em nasal a alternância vocálica não é rara. 4. Alguns verbos de
tema em vogal sofrem no infectum, inacabado, um alargamento por intermédio da n
asal -n-/ne, que permanece só no infectum, inacabado. O aoristo e o perfeito con
stroem-se sobre o tema puro.
T. duT. tiT. fyaT. ßkT. kuT. ¤ladæ-n-v tÛ-n-v fy -n-v ßk-ne-omai ku-n¡-v ¤la-æn-v
eu mergulho eu pago eu antecipo eu venho eu beijo eu empurro ¦-du-sa ¦-ti-sa ¦-f
ya-sa ßk-ñ-mhn ¦-ku-sa ³-la-sa d¡-du-ka t¡-ti-ka ¦-fya-ka åg-mai k¡-ku-ka ¤-l -l
a-ka
Os temas em -n: faÛnv - m¡nv - n¡mv serão tratados junto com os outros temas em
líquida: fyeÛrv - st¡llv.
mur05.p65
510
22/01/01, 11:38
a flexão verbal
511
5. Os verbos de tema em oclusiva labial ou velar (p-b-/k-g-), surdas ou sonoras,
aspiram a oclusiva e absorvem o -k. Os temas em oclusiva labial ou velar aspira
da absorvem o -k e mantêm a aspiração. Em alguns desses verbos de tema em labial
nota-se a alternância da vogal do tema: e/o presente/perfeito ativo.
Presente trÛb-v p¡mp-v diÅk-v g-v gr f-v ôrætt-v (x-jv) tr¡p-v eu trituro eu envio
eu persigo eu conduzo eu escrevo eu cavo eu viro Perfeito ¡-trif-a p¡-pomf-a de-
dÛvx-a —x-a g¡-graf-a Êrux-a t¡-trof-a mais-que-perfeito ¤-te-trÛf-ein ¤-pe-pñmf
-ein ¤-de-diÅx-ein ³x-ein ¤-ge-gr f-ein Èræx-ein ¤-tetrñf-ein
6. Os verbos de tema em líqüida constroem o perfeito sobre o tema do aoristo, na
turalmente:
aggelfan kri(n-) ar-(ar-j-v) anuncio revelo, apareço julgo pego, ergo ³ggel-ka p
¡-fag-ka k¡-kri-ka —r-ka ³ggel-mai p¡-fas-mai* k¡-kri-mai —r-mai
* Alguns temas mantêm a nasal no perfeito; nesses casos há uma dissimilação n >
s antes de -m.
eu me manifestei, p¡-fan-mai > apareço p¡-fas-mai p¡-fan-sai p¡-fan-tai pe-f n-mey
a > p¡-fan-tai > pe-fan-m¡noi eÞsÛ > pe-f s-meya p¡-fas-ye pef natai ou pe-fas-m¡noi
eÞsÛn
7. Nos verbos de raízes com oclusiva+líqüida, desenvolve-se um -a- epentético an
tes da líqüida:
fyr stl tn ¦-fyar-ka ¦-stal-ka t¡-tn-ka > t¡-ta-ka* eu destruí ¦-fyar-mai eu env
iei ¦-stal-mai eu estiquei t¡-tn-mai > t¡-ta-mai* eu fui (estou) destruído, corr
ompido eu fui (estou) enviado eu fui (estou) esticado (tenso)
* O que houve, neste caso, foi a vocalização do -n depois da consoante.
mur05.p65
511
22/01/01, 11:38
512
a flexão verbal
O mesmo acontece na formação do aoristo passivo, que eles fazem em -h-.
fyr stl tn ¤fy r-hn ¤st l-hn ¤t n-hn eu fui destruído eu fui enviado eu fui esticado,
tendido
8. Em outros temas em líquida (m-, n-, l-), uma vogal de ligação -hfacilita a fl
exão.
nemmenynbl/bal ne-n¡m-h-ka ne-n¡m-h-mai me-m¡n-h-ka t¡-yn-h-ka b¡-bl-h-ka b¡-bl-
h-mai eu distribuí eu fui, estou distribuído eu permaneci, eu fiquei eu morri, e
stou morto eu atirei eu fui (estou) atirado
9. Os verbos (apo-) yn¹skv (eu morro) e ásthmi (eu estou, me ponho de pé), além
das formas normais em -kn > ka, têm outras mais antigas, reduzidas, sem essa car
acterística, mas que são bastante usadas. São as seguintes: po-yn¹skv
Indicativo: te-yn- -ka-men te-yn- -ka-si Imperativo: não usada id. Optativo: Inf
initivo: id. id. te-yn-h-k¡-nai te-yn-h-kuÝa-aw te-yn-h-kñw t¡-yn-a-men te-yn- -si
/ teyn konti t¡-yn-a-yi teyn- -tv te-yn-a-Ûh-n te-yn-a-Ûh-w te-yn- -nai te-yn-e-Çsa, Å
shw te-yn-e-ñw, ñtow estaria, estivesse morto estarias, estivesses morto estar m
orto que está morto, morto nós morremos, estamos mortos eles morreram, estão mor
tos sê (estejas) morto
Particípio: te-yn-h-kÅw-kñtow te-yn-e-Åw, ñtow
mur05.p65
512
22/01/01, 11:38
a flexão verbal
513
á-sth-mi - eu estou de pé
Indicativo: ¥-st -ka-men ¥-st -ka-te ¥-st -ka-si Imperativo: não usada id. id. S
ubjuntivo: ¥-st -k-v-men ¥-st -k-v-si Optativo: Infinitivo: ¥-st -k-oi-mi ¥-sth-
k-¡-nai ¥-sth-k-uÝa,aw ¥-sth-k-ñw,ñtow + que Perf.: eß-st -k-eisan §-sta-men §-s
ta-te ¥-st -si/§-sta-n §-sta-yi ¥-st tv §-sta-te ¥-stÇ-men ¥-stÇ-si ¥-sta-Ûh-n ¥-st -n
ai ¥-stÇsa,shw ¥-stñw,ñtow (¥-stÇw) §-sta-san eles tinham ficado, estavam de pé
pusemo-nos, estamos de pé puseste-vos, estais de pé puseram-se, estão de pé de p
é, fica de pé de pé, fique de pé de pé, ficai de pé fiquemos, estejamos de pé fi
quem, estejam de pé eu ficaria, pudesse ficar de pé ter ficado, estar de pé de p
é, que ficou, está de pé
Particípio: ¥-sth-k-Åw,kñtow ¥-stÅw,ñtow
Perfeitos de flexão especial com alternância e/o
1. T id- > oäda: eu vi > eu sei
Indicativo
eu vi/eu sei S. o-äd-a o-äd-ya > o-äs-ya o-äd-e P. àd-men > às-men àd-te > às-te
àd-nti > àdati > àd-asi D. àd-ton > àston àd-ton > àston
Subjuntivo
eu saiba e-Þd-Ç e-Þd-»-w e-Þd-» e-Þd-Ç-men e-Þd-°-te e-Þd-Ç-si e-Þd-°-ton e-Þd-°
-ton
Optativo
eu soubesse, saberia e-Þde-Ûh-n e-Þd-e-Ûh-w e-Þd-e-Ûh e-Þd-e-Ý-men e-Þd-e-Ý-te e
-Þd-e-Ý-en e-Þd-e-Ý-thn e-Þd-e-Ý-thn
Imperativo
sabe /sabei àd-yi > às-yi àd-tv > às-tv àd-te > às-te àd-tvn > às-tvn às-ton às-
tvn
mur05.p65
513
22/01/01, 11:38
514
a flexão verbal
Particípio: sabendo, sabedor
Tema eÞdñtMasc. e-Þd-Åw, e-Þdñt-ow Fem. e-Þd-uÝa, aw Neutro e-Þd-ñw, e-Þdñt-ow
Infinitivo:
e-Þd-¡-nai
saber
Adjetivo verbal: que se pode saber (sabível): que se deve saber (ser sabido): No
tas:
Þd-tñw > Þd-t¡ow >
Þs-tñw, , ñn Þs-t¡ow, a, on
1. O vocalismo o só aparece no indicativo singular; no plural é o vocalismo zero
. 2. A segunda pessoa do indicativo singular, -ya, é uma antiga desinência, -sya
/ya, que aparece em algumas formas antigas, como —sya, eras e ¦fhsya, dizias. A
2 a pessoa do singular tem a marca -s-. 3. Alguns gramáticos costumam derivar, d
o tema do perfeito, um futuro eàsomai ( < e-id-s-o-mai ) e também formas de um su
bjuntivo com vogal breve : eàdomen (A 363), eàdete (Y 18). Cremos que são formas d
erivadas do tema do aoristo, refeitas com vocalismo e e com o s do futuro para e
àsomai. Quanto às formas eàdomen, eàdete, na voz ativa, são mais difíceis de exp
licar do que pÛomai, eu beberei (vou beber), que os dicionários registram também
como subjuntivo com vogal breve . Na medida em que o futuro é um eventual como o s
ubjuntivo, às vezes não é fácil encontrar o limite entre um e outro. Para o greg
o, praticamente não havia diferença, porque o futuro é um modo (desiderativo > e
ventual). Em português, desde cedo, aprendemos que o futuro é um tempo. Não é. V
eja outras explicações no capítulo do futuro. 4. O subjuntivo e o optativo se co
nstroem sobre um tema eÞdh (futuro eÞd sv).
mur05.p65
514
22/01/01, 11:38
a flexão verbal
515
Subjuntivo
S. eÞd -v > eÞd -h-si > eÞd -h-ti > eÞd -v-men > eÞd -h-te > eÞd -v-nti > eÞd -h
-ton > eÞd -h-ton > eÞd¡v > eÞd¡hsi > eÞd¡hti > eÞd¡vmen > eÞd¡hte > eÞd¡vnti >
eÞd¡hton > eÞd¡hton > eÞd°si > eÞd°ti > eÞdÇ eÞd°i > eÞd°si > eÞdÇmen eÞd°te eÞd
Çnsi > eÞd°ton eÞd°ton eÞd°iw/eÞd»w eÞd°i/eÞd»
P.
eÞdÇnti >
eÞdÇsi
D.
Optativo
S. eÞdh-Ûh-n > eÞdh-Ûh-si > eÞdh-Ûh-ti > eÞdh-Ûh-men > eÞdh-Ûh-te > eÞdh-Ûh-san>
eÞdh-ih-ton > eÞdh-Ûh-ton > eÞdeÛhsi > eÞdeÛhti > eÞdeÛhmen > eÞdeÛhte > eÞdeÛh
san > eÞdeÛhton > eÞdeÛhton > eÞdeÛhn eÞdeÛhw > eÞdeÛsi > eÞdeÛhw eÞdeÛ°i > eÞde
Ûhmen eÞdeÛhte eÞdeÛhsan eÞdeÛhton eÞdeÛhton
eÞdeÛ°
P.
D.
No optativo, houve apenas a abreviação da vogal temática longa h- diante do -i-
longo da característica do optativo. Mais-que-perfeito: eu tinha visto > eu sabi
a
S. ¤-eid-ein > ¾d-ei-n ¾d-ei-s-ya Âd-ei ¾d-ei-men ¾d-ei-te ¾d-e(i)-san / ¾d-h /
¾d-h-s-ya / ¾d-h / Âs-men / Âs-te / Â-san Âs-thn Âs-thn / ¾d-hw
P.
D.
mur05.p65
515
22/01/01, 11:38
516
a flexão verbal
Nota: As formas do mais-que-perfeito são bastante normais: o tema é eid-, e com
o aumento: e-eid > úd-/hid-. As desinências são normais, sem o -k- (-kein/-khn /
/ -ein/-hn) e -san na terceira pessoa do plural. Na segunda pessoa do singular,
à semelhança do perfeito, a desinência é -s-ya.
2. eàkv - ¦oika - ¤Ðkein
Indicativo perfeito eu pareço, tenho a imagem de S. ¦-oik-a ¦-oik-aw ¦-oik-e P.
¤-oÛk-amen ¤-oÛk-ate ¤-oÛk-asi / eàkasi D. ¤-oÛk-aton ¤-oÛk-aton Mais-que-perfei
to eu parecia, eu tinha a imagem de ¤-Ðk-ein / ¤-Ðk-h > ¤-Ðk-eiw / ¤-Ðk-úw > ¤-Ð
k-ei / ¤-Ðk-ú > ¤-Ðk-eimen / ¤-Ðk-hmen > ¤-Ðk-eite / ¤-Ðk-hte > ¤-Ðk-eisan / ¤-Ð
k-hsan > ¤-Äk-eÛthn ¤-Äk-eÛthn ático ¾-kein ¾-keiw ¾-kei ¾k-eimen ¾k-eite ¾k-eis
an ¼k-eÛthn ¼k-eÛthn
Particípio: que parece
Masculino Feminino Neutro Tema ¤oikñt-/eÞkñt¤oikuÝa-/eÞkuÝa¤oikñt-/eÞkñt¤-oik-Åw
/eÞkÅw-kñtow ¤-oik-uÝa, aw/eÞkuÝa ¤-oik-ñw/eÞkñw-kñtow
Infinitivo:
¤-oik-¡-nai /¤-ik-¡nai parecer
mur05.p65
516
22/01/01, 11:38
a flexão verbal
517
Voz média / passiva
A construção da voz média (e passiva) não apresenta grandes dificuldades. Basta
acrescentar ao tema verbal (tema do aoristo) o redobro da primeira consoante ou
seu equivalente, no caso dos temas iniciados por vogal ou duas consoantes, junta
r as desinências primárias médias, sem vogal de ligação, e respeitar as normas f
onéticas.
prag- > lu- > trib- > peiy- > do- > ye- > ¥- > p¡-prag-mai l¡-lu-mai t¡-trib-mai
> t¡-trim-mai p¡-peiy-mai > p¡-peis-mai d¡-do-mai t¡-ye-mai ¥-e-mai > eå-mai eu
fui (estou) feito eu fui (estou) desligado eu fui (estou) esmagado eu fui (estou
) convencido eu fui (estou) dado eu fui (estou) colocado, posto eu fui (estou) l
ançado
Como se vê, em alguns casos, a ausência da vogal de ligação põe em contacto as c
onsoantes do tema com as consoantes das desinências, de pontos de articulação di
ferentes. A língua resolve esses casos pelo processo de assimilação.
Tema em labial
trib- eu fui esmagado, estou esmagado
S. t¡-trib-mai > t¡-trib-sai > t¡-trib-tai > te-trÛb-meya > te-trib-sye > t¡-tri
b-ye > te-trib-m¡noi eÞsÛn tetrib-n-tai > t¡-trib-syon > t¡-trib-yon > t¡-trib-s
yon > t¡-trib-yon > t¡-trim-mai1 t¡-tric-ai2 t¡-trip-tai3 te-trÛm-meya t¡-trif-y
e4 te-trim-m¡noi eÞsÛn te-trÛba-tai5 t¡-trif-yon t¡-trif-yon
P.
D.
mur05.p65
517
22/01/01, 11:38
518
a flexão verbal
1. 2. 3. 4.
Oclusiva labial, antes de m assimila-se: bm > mm. Oclusiva labial mais s > c: bs
, ps, fs > c. Oclusiva sonora, antes de oclusiva surda assimila-se bt > pt. s, e
ntre consoantes oclusivas, sofre síncope: bsy > by; oclusiva surda ou sonora, an
tes de oclusiva aspirada, assimila-se: by > fy. 5. A forma mais comum é a analít
ica: particípio e verbo ser. Mas a variante sintética, resultante da vocalização
do -n- entre consoantes: tetrib-n-tai > tetrÛbatai encontra-se com freqüência e
m Heródoto, Hipócrates (dialeto jônico) e nos líricos.
Tema em dental
peiy- eu fui persuadido, estou persuadido
S. p¡-peiy-mai > p¡-peiy-sai > p¡-peis-sai > p¡-peiy-tai > pe-peÛy-meya > p¡-pei
y-sye > p¡-peiy-ye > p¡-peiy-ntai > pe-peiy-m¡noi eÞsÛn pe-peis-m¡noi eÞsÛn p¡-p
eiy-syon > p¡-peiy-yon > p¡-peiy-syon>p¡-peiy-yon > p¡-peis-mai1 p¡-pei-sai2 p¡-
peis-tai3 pe-peÛs-meya p¡-peis-ye4 pe-peÛy-atai/pepeÛsatai5 p¡-peis-yon p¡-peis-
yon
P.
D.
1. Oclusiva dental, antes de m, suaviza-se: ym > sm; 2. Oclusiva dental, antes d
e s, assimila-se: ys, ds, ts > ss, depois ss > s; 3. Oclusiva dental, antes de o
utra dental, suaviza-se: yt > st; 4. s, entre consoantes oclusivas, sofre síncop
e: ysy > yy; oclusiva dental, antes de outra oclusiva dental, suaviza-se: yy > s
y; 5. Ver nota 5 nos temas em labial.
mur05.p65
518
22/01/01, 11:38
a flexão verbal
519
Tema em velar
prag- eu fui feito, estou feito
S. p¡-prag-mai p¡-prag-sai > p¡-prag-tai > pe-pr g-meya p¡-prag-sye>p¡-prag-ye > p
¡prag-ntai > pe-prag-m¡noi eÞsÛn pe-prag-m¡noi eÞsÛn p¡-prag-syon> p¡-prag-yon >
p¡-prag-syon> p¡-prag-yon > p¡-prag-mai p¡-praj-ai1 p¡-prak-tai2 pe-pr g-meya p¡-
prax-ye3 pepr gatai4 p¡-prax-yon p¡-prax-yon
P.
D.
1. Oclusiva velar mais s > j; gs, ks. xs > j; 2. Oclusiva sonora, antes de oclus
iva surda, assimila-se: gt > kt; Também acontece o contrário (surda > sonora): o
clusiva surda, antes de oclusiva sonora, assimila-se: pe-fælak-mai > pe-fælag-ma
i; a anterior se assimila à posterior; 3. O s, entre consoantes oclusivas, sofre
síncope: gsy > gy; a seguir, a consoante oclusiva, surda ou sonora, antes de as
pirada, assimila-se: gy > xy (no caso em tela a oclusiva é sonora). 4. Ver nota
5 dos verbos em oclusiva labial. Essa é a flexão do indicativo. Os mesmos aciden
tes fonéticos podem acontecer em toda a flexão e sempre serão resolvidos da mesm
a maneira. Nos temas em vogal nada disso acontece.
mur05.p65
519
22/01/01, 11:38
520
a flexão verbal
Perfeito dos temas em vogal
Indicativo: eu fui/estou
dado
S. d¡-do-mai d¡-do-sai d¡-do-tai P. de-dñ-meya d¡-do-sye d¡-do-ntai D. d¡-do-syo
n d¡-do-syon
feito
pe-poÛh-mai pe-poÛh-sai pe-poÛh-tai pe-poi -meya pe-poÛh-sye pe-poÛh-ntai pe-poÛ
h-syon pe-poÛh-syon
honrado
te-tÛmh-mai te-tÛmh-sai te-tÛmh-tai te-tim -meya te-tÛmh-sye te-tÛmh-ntai te-tÛm
h-syon te-tÛmh-syon
revelado
de-d lv-mai de-d lv-sai de-d lv-tai de-dhlÅ-meya de-d lv-sye de-d lv-ntai* de-d
lv-syon de-d lv-syon
* Essas formas sintéticas dos verbos de tema em vogal, apesar de foneticamente v
iáveis, são pouco usadas. A construção analítica de particípio passivo + verbo a
uxiliar, comentadas nos verbos de tema em oclusivas (ver a nota 5 dos temas em l
abial), por serem mais cômodas e mais concretas, embora mais longas, passaram a
ser mais usadas e aos poucos substituíram completamente as sintéticas.
de-do-m¡noi eÞsÛ pe-poih-m¡noi eÞsÛ te-timh-m¡noi eÞsÛ de-dhlv-m¡noi eÞsÛ
Outros modos do perfeito médio / passivo
Subjuntivo
tenha sido dado/esteja dado S. P. D. dedom¡now, h, on dedom¡noi, ai, a dedom¡nv,
a, v Î, Îmen, —ton, Âw, —te, —ton  Îsin
mur05.p65
520
22/01/01, 11:38
a flexão verbal
521
tenha sido feito/esteja feito S. P. D. S. P. D. S. P. D. pepoihm¡now, h, on pepo
ihm¡noi, ai, a pepoihm¡nv, a, v tenha sido honrado/esteja honrado tetimhm¡now, h
, on tetimhm¡noi, ai, a tetimhm¡nv, a, v tenha sido revelado/esteja revelado ded
hlvm¡now, h, on dedhlvm¡noi, ai, a dedhlvm¡nv, a, v Î, Îmen, ton, Âw, —te, ton Â
Îsin Î, Îmen, ton, Âw, —te, ton  Îsin Î, Îmen, —ton, Âw, —te, —ton  Îsin
Optativo
poderia/pudesse ter sido dado/estar dado S. P. D. S. P. D. S. P. D. S. P. D. ded
om¡now, h, on dedom¡noi, ai, a dedom¡nv, a, v pepoihm¡now, h, on pepoihm¡noi, ai
, a pepoihm¡nv, a, v tetimhm¡now, h, on tetimhm¡noi, ai, a tetimhm¡nv, a, v dedh
lvm¡now, h, on dedhlvm¡noi, ai, a dedhlvm¡nv, a, v eàhn, eàhmen/eämen, eàhton/eä
ton, eàhn, eàhmen/eämen, eàhton/eäton, eàhn, eàhmen/eämen, eàhton/eäton, eàhn, e
àhmen/eämen, eàhton/eäton, eàhw, eàh eàhte/ eäte, eàhsan/eäen eàthn eàhw, eàh eà
hte/eäte, eàhsan/eäen eàthn eàhw, eàh eàhte/eäte, eàhsan/eäen eàthn eàhw, eàh eà
hte/eäte, eàhsan/eäen eàthn
poderia/pudesse ter sido feito/ estar feito
poderia/pudesse ter sido honrado/estar honrado
poderia/pudesse ter sido revelado/estar revelado
mur05.p65
521
22/01/01, 11:38
522
a flexão verbal
Imperativo S.: sê/estejas tu, seja/esteja (fique) ele num estado de ter sido/est
ar
dado d¡-do-so de-dñ-syv feito pe-poÛh-so pe-poi -syv honrado te-tÛmh-so te-tim -
syv revelado de-d lv-so de-dhlÅ-syv
P.: sede/estejais vós, sejam/estejam (fiquem) eles num estado de ter sido/estar
dados d¡-do-sye de-dñ-syvn feitos pe-poÛh-sye pe-poi -syvn honrados te-tÛmh-sye
te-tim -syvn revelados de-d lv-sye de-dhlÅ-syvn
D.: sede/estejais (os dois)
dados de-dñs-yon de-dñ-syvn feitos pe-poi°-syon pe-poi -syvn honrados te-tim°-sy
on te-tim -syvn revelados de-dhlÇ-syon de-dhlÅ-syvn
Particípio: que foi/que está
dado
de-do-m¡now, h, on
feito
pe-poih-m¡now, h, on
honrado
te-timh-m¡now, h, on
revelado
de-dhlv-m¡now, h, on
Infinitivo: ter sido/estar
dado de-dñ-syai feito pe-poi°-syai honrado te-tim°-syai revelado de-dhlÇ-syai
mur05.p65
522
22/01/01, 11:38
a flexão verbal
523
Mais-que-perfeito médio / passivo:
tinha sido/estava
desligado S. ¤-le-læ-mhn ¤-l¡-lu-so ¤-l¡-lu-to ¤-le-læ-meya ¤-l¡-lu-sye ¤-l¡-lu-
nto ¤-l¡-lu-syon ¤-le-læ-syhn dado ¤-de-dñ-mhn ¤-d¡-do-so ¤-d¡-do-to ¤-de-dñ-mey
a ¤-d¡-do-sye ¤-d¡-do-nto ¤-d¡-do-syon ¤-de-dñ-syhn colocado ¤-te-yeÛ-mhn ¤-t¡-y
ei-so ¤-t¡-yei-to ¤-te-yeÛ-meya ¤-t¡-yei-sye ¤-t¡-yei-nto ¤-t¡-yei-syon ¤-te-yeÛ
-syhn lançado eá-mhn eå-so eå-to eá-meya eå-sye eå-nto* eå-syon eá-syhn
P.
D.
* Como aconteceu com as formas sintéticas de 3a pessoa do plural do perfeito pas
sivo, também no mais-que-perfeito passivo elas se encontram freqüentemente const
ruídas analiticamente com particípio passivo + verbo auxiliar.
le-lu-m¡noi —san de-do-m¡noi —san te-ye-m¡noi —san eß-m¡noi —san
Nota: O mais-que-perfeito exprime uma ação completa no passado. Pode ser definid
o como o passado do perfeito, num paralelismo com o imperfeito que é o passado d
o presente.
Verbos que têm só o perfeito
Alguns verbos, por razões semânticas, só têm o tema do perfeito, como acontece c
om outros, que só têm o tema do inacabado (f¡rv) ou só o do aoristo (fag-). Algu
mas gramáticas apresentam-nos como formas de perfeito com significado de presente .
São os seguintes (entre outros): dænamai eu posso ¤pÛstamai eu sei gamai eu admi
ro, estou admirado
mur05.p65
523
22/01/01, 11:38
524
a flexão verbal
k yhmai ¸mai keÝmai ¦ramai kr¡mamai
eu estou sentado eu estou sentado, pousado (arc.) eu estou deitado eu amo, estou
tomado de amor estou suspenso, dependurado
Esses verbos podem ter formas do passado: basta acrescentar-lhes um aumento e de
sinências secundárias. Naturalmente serão formas do mais-que-perfeito com signifi
cado de imperfeito . eu posso
S. dæna-mai dæna-sai dæna-tai dun -meya dæna-sye dæna-ntai dæna-syon dæna-syon
eu podia
¤-dun -mhn ¤-dæna-so > ao > v ¤-dæna-to ¤-dun -meya ¤-dæna-sye ¤-dæna-nto ¤-dæna-syo
n ¤-dun -syhn
P.
D.
Mas não são problemas meramente formais; são semânticos, e por serem verbos de u
so constante, desenvolveram outras formas compatíveis com seu significado, analo
gicamente, dentro das características morfo-sintáticas da língua.
ga gamai ±g mhn g somai ±gas mhn ±g syhn dænamai dun somai dænvmai dunaÛmhn dænaso eu est
admirado, admiro eu estava admirado, admirava (estado) eu admirarei (fato pontua
l futuro) eu admirei (pontual pas.: aoristo) eu fiquei admirado/fui admirado (fa
to pontual passado) tenho a possibilidade, capacidade de, eu posso eu poderei, e
starei em condições de eu possa, eu poderei (eventual: desiderativo) eu poderia,
eu pudesse (fato potencial) pode tu (imperativo)
duna-
mur05.p65
524
22/01/01, 11:38
a flexão verbal
525
dænasyai ¤dun mhn ¤dunas mhn ¤dun syhn/ ¤dun yhn/±dun yhn ¤pi-sta- ¤pÛstamai ±pist mhn ¤
pist somai ¤ra¦ramai/ ³rasmai ±r mhn ±ras mhn ±r syhn
poder, estar em condições de eu estava em condições de eu estive em condições de
(fato pontual passado) eu estive em condições de fato pontual eu sei (por exper
iência) eu sabia, estava em situação de saber estarei em situação de saber estou
tomado de amor eu estava tomado de amor eu estive tomado de amor (fato pontual)
eu estive tomado de amor (fato pontual)
São formas analógicas construídas sobre o tema do perfeito como se fosse infectu
m. O verbo ¤pÛstamai - eu sei (por experiência), para as outras formas do perfei
to, serve-se do modelo ástamai.-eu estou de pé; ásthmi eu ponho de pé.
Indicativo
estou de pé S á-sta-mai á-sta-sai á-sta-tai P ß-st -meya á-sta-sye á-sta-ntai D á-
sta-syon á-sta-syon
Subjuntivo
esteja de pé ß-st -v- mai > Ç-mai* ß-st -h-sai > »** ß-st -h tai > °-tai ß-sta-Å-meya
> Ç-meya ß-st -h-sye > °-sye ß-st -v-ntai > Ç-ntai ß-st -h-syon > °-syon ß-st -h-syon >
°-syon
Optativo
poderia/ pudesse estar de pé ß-sta-Û-mhn ß-sta-Û-so > aÝo ß-sta-Ý-to ß-sta-Û-mey
a ß-sta-Ý-sye ß-sta-Ý-nto ß-sta-Û-syhn ß-sta-Û-syhn
Imperativo
fica/ficai de pé
á-sta-so (ástv) ß-st -syv á-sta-sye ß-st -syvn á-sta-syon ß-st -syvn
* O subjuntivo se constrói sobre o tema sta- + vogal longa característica, v, h,
h, v, h, v e desinências primárias; daí as formas contratas: ** ß-st -h-sai > ß-s
t -h-ai > ßst hi > ßst» / ßst°i.
mur05.p65
525
22/01/01, 11:38
526
a flexão verbal
Particípio: de pé, estando de pé, que está de pé: ßst -menow,h,on Infinitivo: esta
r de pé: ásta-syai
Mais-que-perfeito:
estava de pé S. ß-st -mhn á-sta-so á-sta-to P. ß-st -meya* á-sta-sye* á-sta-nto D. ß
-st -syhn ß-st -syhn
* Essas duas formas são iguais às do perfeito; só o contexto poderá distinguir-l
hes o significado. Além das formas acima, poderemos encontrar alguns desses verb
os flexionados no aoristo com o sufixo passivo -yh-, mas com significado intrans
itivo, médio. (Ver o quadro de flexão do aoristo passivo). É um problema semânti
co complexo em que entram: o significado do verbo pôr, pôr-se, estar de pé ; o sign
ificado da voz média, em que o sujeito está envolvido no ato verbal; e o signifi
cado da voz passiva, em que o sujeito é receptáculo, paciente do ato verbal. Ist
o não acontece só com ásthmi, ástamai, mas também com os principais verbos que,
pelo significado, são classificados de verbos que só têm o perfeito . Na medida em
que o perfeito é uma situação acabada no presente (perfeito = presente), desenvo
lveu-se uma flexão analógica, como vimos na página 524. Algumas dessas formas sã
o iguais às do aoristo (p. 525). São formas tardias, refeitas, e o aoristo indic
ativo significa o ato pontual. Sobre ele construiu-se também um futuro, que, emb
ora com característica de passivo, mantém o significado intransitivo. O quadro é
o seguinte:
mur05.p65
526
22/01/01, 11:38
a flexão verbal
527
Aoristo:
Indicativo pôs-se de pé S. ¤-st -yh-n ¤-st -yh-w ¤-st -yh ¤-st -yh-men ¤-st -yh-te ¤-st -yh
san ¤-st -yhn ¤-st -yhn Subjuntivo ponha-se de pé sta-yÇ* sta-y»-w sta-y» sta-yÇ- me
n sta-y°-te sta-yÇ-si sta-y°-ton sta-y°-ton Optativo poderia/pudesse por-se de p
é sta-ye-Ûh-n sta-ye-Ûh w sta-ye-Ûh sta-ye-Ûh-men 60 sta-ye-Ûh-te sta-ye-Ûh-san st
a-ye-Ûh-ton sta-ye-i -thn Imperativo põe-te, ponde-vos de pé st -yh-ti sta-y¡-tv s
t -yh-te sta-y¡-ntvn st -yh-ton sta-y -tvn
P.
D.
* As formas do subjuntivo passivo (médio) são construídas com o sufixo -yh- e vo
gal longa característica do subjuntivo. Na seqüência de duas vogais longas, a an
terior se abrevia e depois é absorvida pela longa remanescente, o que resulta em
formas contratas.
Quadro demonstrativo da flexão do subjuntivo:
sta-y -v > sta-y -h-si > sta-y -h-ti > sta-y -v-men > sta-y -h-te > sta-y -v-nti
> sta-y°-h-ton > sta-y°-ton > sta-y¡-v > sta-yÇ sta-y¡-h-si > sta-y°i > stay°iw
/»w sta-y¡-h-ti > sta-y°-ti > sta-y°si > stay°i/» sta-y¡-v-men > stayÇmen sta-y¡
-h-te > stay°te sta-y¡-v-nti > stayÇnti > stayÇnsi > stayÇsi sta-y¡-h-ton stay°t
on sta-y¡-h-ton stay°ton
60
Há variantes com a característica do optativo -i-: stayeÝmen, stayeÝ-te, stayeÝs
an, stayeÛthn, stayeÛthn.
mur05.p65
527
22/01/01, 11:38
528
a flexão verbal
Particípio: tendo-se posto de pé, tendo sido posto de pé
Tema sta-yh-nt > stay¡nt-* Masc. stay¡nt-w > stayeÛw-y¡ntow Fem. stayent-ja > st
ayeÝsa-shw Neutro stay¡nt- > stay¡n-y¡ntow
* Uma vogal longa, seguida de soante + oclusiva, abrevia-se. Infinitivo: pôr-se
de pé sta-y°-nai
Futuro
Indicativo: eu me porei de pé, serei posto de pé, estarei de pé sta-y -s-omai, ú
, etai, ñmeya, esye, ontai Subjuntivo: é o do aoristo Optativo: poderia/pudesse
haver de me pôr de pé/ser posto, estar de pé sta-yh-so-Û-mhn, soio, soito, soÛme
ya, soisye, sointo Imperativo: não é possível Particípio: havendo de se pôr de p
é, de ser posto de pé, que será posto de pé, que estará de pé sta-yh-s-ñ-menow,
h, on Infinitivo: haver de se pôr de pé, de estar de pé sta-y -s-e-syai
mur05.p65
528
22/01/01, 11:38
a flexão verbal
529
Futuro Anterior
Exprime um estado, um ato acabado no futuro, isto é, um resultado futuro. Empreg
o raro. É o perfeito (aspecto e não tempo) transferido para o futuro, uma anteci
pação de um ato acabado. Por exprimir uma situação, um estado a partir do qual s
e fará alguma coisa, o futuro do perfeito se constrói, naturalmente, sobre o tem
a do perfeito. Na voz ativa, constrói-se com o particípio perfeito ativo, em fun
ção predicativa, e futuro de eänai: pepraxÆw ¦somai: eu terei feito, estarei num
a situação de ter feito Na voz média, também: pepragm¡now ¦somai: eu terei feito
para mim, estarei numa situação de ter feito para mim. Na voz passiva, constrói
-se, como na voz média, com o particípio perfeito passivo e o futuro do verbo eä
nai: pepragm¡now ¦somai: estarei numa situação de estar feito. Há também a const
rução sintética do futuro anterior na voz ativa e média, com significado de esta
do futuro, sobre o tema do perfeito, acrescentando-se a característica do futuro
-s- e desinências primárias médias.
p¡praxa k¡klaka d¡dhka pepragkekladedhpepr jomai kekl somai ded setai eu terei rea
lizado eu terei sido chamado ele estará preso (Plat., Rep., 3612)
Não confundir com o futuro passivo, construído sobre o tema do aoristo: de-y -s-
e-tai: ele será preso. Apenas dois verbos (ásthmi: eu ponho de pé e yn skv: eu m
orro) constroem um futuro anterior sobre o tema do perfeito ativo: §sthka eu me
pus de pé, estou de pé ¥st jv eu estarei de pé, terei ficado de pé t¡ynhka eu mo
rri, estou morto teyn jv eu terei morrido, estarei morto ¥st jv par aétñn: (Arist
of., Lis., 654) - eu estarei de pé ao lado dele. teyn jeiw: (Aristof., Vesp., 65
4) - Tu serás/estarás (um homem) morto.
mur05.p65
529
22/01/01, 11:38
530
os invariáveis: preposições
Os invariáveis
preposições, conjunções, partículas, advérbios
Preposições
O sistema de flexão nominal, isto é, o relacionamento de dependência e de determ
inação dos nomes entre si (complemento nominal, epíteto, adjunto adnominal, apos
to) e entre nomes e verbos (atributo-predicativo, objeto direto, indireto: termo
do ato verbal), todos eles expressos pelas ptÅseiw - casus - casos, foram se en
fraquecendo, sobretudo nas relações concretas de espaço, tempo e modo, enfim, em
todas as relações concretas, que costumamos chamar de adverbiais ou circunstanc
iais. A língua grega lançou mão então de um grupo de palavras fixas, invariáveis
, que significavam espaço e, por metáfora, tempo, sobretudo espaço e tempo relat
ivos. Inicialmente podemos identificar um número pequeno delas (cerca de 18), qu
e passaram a chamar-se: proy¡seiw - praepositiones - preposições. Mera denominaç
ão formal, descritivista, porque elas acrescentavam ao significado verbal (ação
ou estado) a relação espacial e se colocavam em geral antes do verbo. Mas esse u
so se generalizou por ser cômodo: dava maior precisão e concretude às relações d
e espaço e tempo, a tal ponto que essas préposições passaram a ser sentidas e usad
as como se estivessem coladas aos temas verbais, formando palavras compostas; pa
ssaram então a ser denominadas, novamente pelo modelo formalista-descritivista,
de prevérbios; mas essa última denominação é mais recente; não é dos gramáticos
gregos. É dos gramáticos modernos e traz mais malefícios do que benefícios, uma
vez que atribui à preposição-advérbio uma função meramente formal, quase esvazia
da de significado. Ora, os gregos não entendiam as-
mur06.p65
530
22/01/01, 11:38
os invariáveis: preposições
531
sim, isto é, coladas, fundidas com o tema verbal; tanto é que para exprimir o pa
ssado, serviram-se do aumento ¤- anteposto ao tema verbal, e, nos verbos compost
os, esse aumento figura entre a preposição/prevérbio e o verbo. Isso mostra que
identificavam significado nas duas partes. Além disso, freqüentemente, quando qu
erem enfatizar o significado contido na preposição, os autores a separam, de-comp
ondo o verbo com-posto : separam novamente a preposição-advérbio do verbo, restabele
cendo o valor individual de cada um. Isto significa que os dois elementos da com
posição tinham e têm significados próprios. Essa mobilidade da preposição, coloc
ando-se antes do verbo, colada ou depois dele, separada, os gramáticos a chamam
de tmese = corte. Exemplos: tòn aét delfon ¤n t fÄ tiyeÝsa [¤ntiyeÝsa]1 colocando o
próprio irmão no túmulo tñnde ¤w taf w ¤gÆ y sv [eÞsy sv taf w] 2 este, eu mesma col
ocarei na sepultura [levarei à] Os exemplos acima nos fazem deduzir uma regra de
regência dos verbos compostos, tão a gosto de alguns gramáticos e professores. Na
verdade não há regra de regência: no primeiro exemplo, o locativo se faz necess
ário, porque é essa a relação que está no significado de ¤n [dentro de - imóvel]
; no segundo exemplo o mesmo verbo vem associado à idéia contida em ¤w / eÞw, ac
usativo de direção [para dentro de]. Essa regra de que não há regra de regência nã
o tem exceção, porque não é regra! Restabelece apenas a relação lógica, orgânica
, funcional, semântica entre os elementos do enunciado. Os casos são expressões
formais dessas relações.
1
2
Nos verbos com-postos podemos identificar dois complementos: o da preposição-advér
bio, isto é, o locativo, e o do verbo colocar no acusativo. A mesma observação da
nota anterior: apenas muda a relação de lugar; agora é para onde , com acusativo. O
verbo é o mesmo e o complemento é o mesmo: acusativo.
mur06.p65
531
22/01/01, 11:38
532
os invariáveis: preposições
Os casos são determinados pelas relações espaciais ou temporais que as preposiçõ
es/prevérbios trazem ao tema verbal. Na verdade tudo é comandado pelo significad
o e pela função. Veremos isso com mais detalhes quando tratarmos individualmente
das preposições. Algumas gramáticas (J. Humbert) dividem as preposições em prepo
sições propriamente ditas , as que se associam a temas verbais ou nominais e então
elas passam a ser prevérbios , e preposições impropriamente ditas , as que permanecem
com seu significado adverbial e não se prestam a composições, isto é, não se to
rnam prevérbios . É importante salientar também que o processo de composição é simp
les: no caso de preposição (prevérbio) + verbo, o prevérbio se antepõe aos temas
verbais, com as adaptações fonéticas convencionais, como ficou demostrado no pa
rágrafo que trata do aumento na formação do passado (p. 351), e, no caso de prep
osição+tema nominal, o procedimento é o mesmo e as desinências (das funções) se
acrescentarão ao tema nominal puro. Trataremos, em primeiro lugar, das preposiçõe
s propriamente ditas , isto é, das preposições que podem servir de prevérbios. Far
emos isso num bloco só, porque consideramos que essa distinção é meramente forma
lista-descritivista e induz ao erro seguinte: conforme o caso que a preposição re
ge , ela adquire um significado diferente, embora próximo. Não é verdade. Não há a
lteração de significado. Há apenas um processo de metaforização: o significado a
dquire coloração diferente segundo o plano e a relação espacial em que a preposi
ção é usada. Veremos isso nas preposições que regem mais de um caso. Na verdade, t
odas as preposições são antigos advérbios de significado espacial. Esse signific
ado não muda na sua base; o que dá idéia de mudança é o uso metafórico, figurado
, ou a sua associação com o significado dos temas verbais. Por exemplo: par signi
fica exatamente: ao lado de excluída a idéia de dentro de. Os atenienses enviam
embaixadores à corte persa, isto é, para junto do rei par tòn basil¡a (acusativo
de direção); mas a relação expressa na expressão junto de / a, se refere ao rei,
e não ao palácio ou à cidade (metonímia). Pode também já haver uma embaixada at
eniense junto ao rei, na corte persa, par tÒ basileÝ (o locativo se refere à idéi
a de lugar onde, imóvel, estático, ou dativo se se quer insistir na idéia de lat
eralidade).
mur06.p65
532
22/01/01, 11:38
os invariáveis: preposições
533
Os atenienses podem também receber embaixadores da Pérsia, da corte persa, do re
i da Pérsia, isto é da parte do rei, de junto de, par toè basil¡vw (genitivo de o
rigem, de separação, genitivo-ablativo). Por esse exemplo podemos constatar que
o significado da preposição se manteve: junto a, ao lado de; o que mudou foram a
s relações: lugar onde > locativo; ou lateralidade > dativo; lugar para onde > a
cusativo de direção; lugar de onde > genitivo de origem. É evidente que nem semp
re traduzimos literalmente, linearmente, par por ao lado de; há muitas opções de
traduções conotativas [na corte de, na casa de etc.]; mas elas nunca devem se af
astar do significado primeiro, original, concreto: ao lado de. Mesmo no emprego
metafórico, figurado, podemos reconstituir, seguindo os vários níveis da metáfor
a, o significado original, concreto, espacial. Daremos a seguir, em ordem alfabé
tica, as principais preposições, dando prioridade ao significado primeiro, concr
eto, espacial. Incluiremos também nessa lista as que muitos gramáticos chamam de
preposições impropriamente ditas , porque, na opinião deles, não se prestam a comp
osição com verbos. De um modo geral, são advérbios (como todas as preposições sã
o), mas que não enfocam em si mesmas o desenvolvimento da relação espacial (onde
, de onde, para onde), embora essas relações estejam no significado. São formas
nominais, são antigos casos que se petrificaram e priviligiam a relação de compl
emento limitativo, restritivo. A razão de entrarem no rol das preposições é que
elas têm um significado relativo e precisam de complemento (limitativo, determin
ativo, restritivo) que estão neste ou naquele caso; o mais freqüente é o genitiv
o.
mur06.p65
533
22/01/01, 11:38
534
os invariáveis: preposições
Ama Juntamente, ao mesmo tempo. É uma idéia de acompanhamento (comitativo), mas q
ue, na relação paralela, não implica em um movimento, é uma simultaneidade, um p
aralelismo, pode ser espacial ou temporal. Por isso, a designação de dativo instr
umental não tem sentido; no instrumental o ato verbal passa pelo objeto inerte (i
nstrumento ou meio). Podemos então identificar no significado de ma ou um dativo,
que é o mais certo, ou um locativo (imobilidade na simultaneidade, lugar onde).
Dativo comitativo. Locativo. Pode vir também empregado isoladamente; sem regênci
a , e significa, ao mesmo tempo, simplesmente advérbio. ma tÒ ²lÛÄ duom¡nÄ eÞw t w ¤g
gut tv kÅmaw katesk nvsen (Xen., An., 2, 2, 16) ao pôr do Sol [juntamente com o so
l se pondo], (Clearco) acampou pelas aldeias que estavam mais perto. ¤k d ¦feron
zugñdesmon ma zugÒ ¤nne phxu (V, 270) junto com o jugo [a parelha] (eles), levavam
uma correia de nove côvados. m ²m¡rú diafvskoæsú (Hdt., 3, 86) junto com o dia cla
reando / clareante [ao clarear o dia]. ma tÒ sÛtÄ km zonti ¤str teusan eÞw t‾n Attik n
(Tuc., 3, 1, 1) junto com o trigo amadurecendo, eles fizeram a expedição contra
a Ática [ao mesmo tempo que o trigo amadurecia]. ma toÝw AntandrÛoiw toè teÛxouw t
i ¤pet¡lesan (Xen., 2, 66, 1) eles completaram algo da muralha, junto com os hab
itantes de Antandros [em companhia de].
mur06.p65
534
22/01/01, 11:38
os invariáveis: preposições
535
AmfÛ - de mfv, ambos, os dois (lat. ambo). O -i é do locativo; os dois lados do ca
dáver, lutando pelos despojos - genitivo de limitação espacial, daí, por causa d
e, em torno de: Locativo: posição imóvel. Acusativo de expansão espacial. oã d¢
pros¹esan pollÒ yoræbÄ mfÜ Ïn eäxon diaferñmenoi (Xen., An., IV, 5, 1) [os bárbar
os] avançavam com muito barulho disputando em torno do que seguravam [arrancavam
-se mutuamente, cada um de um lado da presa] (genitivo). mfÜ porfur¡vn p¡plvn...
jÛfh sp santew (Eur., Or., 1427) [eles] tendo tirado as espadas de dentre as veste
s de púrpura [as vestes estão dos dois lados da espada] (genitivo). diaf¡resyai m
fÛ tinow entrar em disputa a propósito de alguma coisa [ou pessoa] [dos dois lad
os] (genitivo). lñgow mfÛ tinow discurso a respeito [sobre, em torno de algo/algu
ém, dos dois lados] (genitivo). mfÜ t°w pñlevw sobre a cidade, no que diz respeit
o à cidade [falando dos dois lados] (genitivo). Sarp donow mfim xesyai (P, 496) com
bater por Sarpédon [dos dois lados de] (genitivo). KaustrÛou mfÜ =¡eyra...potÇnta
i (B, 461) de cada lado [ao longo de cada lado: acus. de extensão] das torrentes
do Cáustrio voam [as aves]. toçw mfÜ g°n ¦xontaw, (Xen., Ec., 6, 7) os que se oc
upam da terra [que se mantêm nela e em torno dela] (acus. de extensão). peltasta
Ü mfÜ toçw disxilÛouw, (Xen., An., 1, 2, 9) por volta de dois mil peltastas (acus
. de extensão).
mur06.p65
535
22/01/01, 11:38
536
os invariáveis: preposições
mfÜ d¢ s¢ TrÄaÛ... klaæsontai (S, 339) em torno de ti [dos dois lados] troianas c
horarão (acus. de extensão, relação). sull¡getai tò str teuma mfÜ tòn Paktvlñn, (Xe
n., Cir., 6, 2, 11) o exército se reúne ao longo do Páctolo [às margens, dos doi
s lados] (acus. de extensão). katalamb nousi toçw fælakaw mfÜ pèr kayhm¡nouw, (Xen.
, An., 4, 2, 5) eles surpreendem (agarram) os vigias sentados em torno do fogo (
acus. de extensão). —n mfÜ gor n pl yousan, (Xen., An., 1, 8, 1) era por volta [na h
ora] de o mercado se enchendo [em que o mercado se enchia] (acus. de extensão). f
iknoèntai eÞw prÇton staymòn mfÜ m¡shn nækta (Xen., Intend., 4, 43) eles chegam à
primeira parada por volta da meia noite (acus. de extensão). p¡xei taèta t teÛxh p l
l lvn mfÜ t ¥j konta st dia (Xen., Cir, 7, 1, 1) essas fortificações distam entre si
por volta de 60 estádios (acus. de extensão). eänai mfÜ t ßer (Xen., Ec., 6, 7) es
tar ocupado dos rituais [em torno, às voltas com os sacrifícios, envolvido com]
(acus. de extensão). mfÜ t‾n pñlin em volta da cidade (acus. de extensão). mfÜ t‾n
SikelÛan pela Sicília (acus. de extensão). mfÜ deÛlhn pela tarde, por volta de (
acus. de extensão). mfÜ toèton tòn xrñnon por esse tempo (acus. de extensão).
mur06.p65
536
22/01/01, 11:38
os invariáveis: preposições
537
t mfÜ tòn spñron, t mfÜ t‾n futeÛan ¤pÛstasyai, (Xen. Ec., XIX, 1) ter conhecimento
em relação à semeadura e ao plantio [o que se refere a: acus. de extensão]. ¤pey
æmhsen õ d°mow ...¤nn¡a strathgoçw ...toçw mfÜ Yr sullon kaÜ ErasinÛdhn pokteÝnai, (X
en., Mem., 1, 1, 18) o povo desejou matar [condenar à morte] nove comandantes da
companhia de Trásilo e Erasinides. [em torno de, em volta de: acus. de extensão
]. Hliow m¡son oéranòn mfibeb kei, (Y, 68) O sol já tinha percorrido meio céu [mai
s ou menos, por volta de: acus. de extensão]. AxaioÜ ¦stasan mfÜ Menoiti dú, (R, 267
) Os Aqueus estavam de pé em volta [dos dois lados] de Menetiades (locativo). O
mesmo significado está nos compostos: Alguns nomes e verbos compostos:
mfÛ-biow mfÛ-logow mfignoÒ(e) mfi¡nnumÛ tina ti anfíbio, que vive na terra e na água
ambíguo, palavra/discurso de dois (significados opostos) estou duvidando, estou
tomando conhecimento (dos dois lados) eu visto alguém de, eu envolvo alguém em
(alguma coisa)
An An diante de consoante e An diante de vogal. Levantar de baixo para cima, acima
plano inclinado (o movimento do cavaleiro com um pé apoiado no estribo e lançan
do o corpo para cima); esforço repetido de baixo para cima, a partir do contato
com a superfície, esforço repetido, recomeçando (daí um sentido distributivo, ex
tensivo), subindo, percorrendo - oposto a kat . Acusativo de extensão, movimento,
relação. Locativo.
mur06.p65
537
22/01/01, 11:38
538
os invariáveis: preposições
n =ñon [navegar] corrente acima, rio acima, [contra a corrente]. n potamòn pleÝn nav
egar rio acima. n p san t‾n g°n por toda a extensão da terra [por cima, por toda a s
uperfície]. n stñma ¦xein ter na [por sobre] boca [na ponta da língua, por sobre o
s lábios]. n ¥k sthn ²m¡ran a cada dia, repetidamente. n t¡ttaraw a cada quatro, por c
ada quatro. n nækta pela noite, por volta da noite. n lñgon conforme o raciocínio, s
eguindo o raciocínio. n kr tow conforme, segundo o poder. eðde pat‾r n Garg rÄ lrÄ (J,
2) o pai [dos deuses] estava dormindo no cimo do Gárgaros [por cima de] (loc.).
kiñn n êchl‾n ¦rusan (X, 192) eles o alçaram sobre uma alta coluna [por sobre] (ext
ensão, movimento: acus.). oé g r tiw n¡mesiw fug¡ein kakñn, oéd n nækta (J, 80) não é
possível [não há permissão alguma] de evitar o mal, nem mesmo de noite [pela noi
te] (extensão: acus.). nabib saw toçw paÛdaw ¤f áppouw (Hdt., 1, 63) [bib saw n ] tendo
eito os filhos montarem sobre os cavalos (movimento: acus.) ÷te pò DhlÛou fug» nex
Årei tò stratñpedon (Plat., Banq., 220e) [¤xÅrei n ]
mur06.p65
538
22/01/01, 11:38
os invariáveis: preposições
539
quando, de Délion, em fuga, debandava o acampamento [corria pelo... extensão]. e
Þ ôrrvdeÝw tò nachfÛsai, (Tuc., 6, l4) [chfÛsai n ] se te aterrorizas em se votar no
vamente keklhm¡nouw m¢n nakaloæmey aï yeoæw (Eur., Supl., 626) [kaloæmeya n ] estamos
invocando de novo os deuses que já invocamos [já invocados]. plan syai n t örh (Xen.
, Cir., 2, 4, 27) vagar pelas montanhas [subindo] (extensão: acus.). n p san g°n eÞr
nh ¦stai (Xen., Rec. da Át., 6) existirá paz por toda a terra [por toda a exten
são]. pleÛstouw fÛlouw kaÜ rÛstouw n p san t‾n g°n k¡kthtai (Xen., Ages., 9, 7). ele
possui [por ter adquirido] muitíssimos e ótimos amigos por toda a terra [por tod
a a extensão de: acus.]. oß strathgoÜ ¤poÛhsan §j lñxouw n ¥katòn ndraw, (Xen., An.
, 3, 4, 21) os comandantes formaram seis batalhões de cem homens cada um [por ce
m homens, cada um de cem homens]. ¤poreæyhsan ¥pt staymoçw n p¡nte paras ggaw, (Xen.,
An., 4, 6, 5) eles percorreram 7 etapas de [por volta] cinco parasangas3 cada u
ma. ¥st nai kæklÄ n p¡nte kaÜ d¡ka ndraw (And., Mist., 38). ficar [de pé] em círculo
por 15 homens [em grupos de].
3
Medida itinerária da Pérsia: 5.250m; a etapa (jornada), então, era de 26.750m. A
o todo foram 187.250m.
mur06.p65
539
22/01/01, 11:38
540
os invariáveis: preposições
Aneu Sem, separado, longe de, exceto. Sempre com idéia de separação, distância, p
rivação. Por isso o genitivo é natural. Às vezes pode vir reforçada com prefixos
ou sufixos adverbiais. Mas o que muda é apenas uma extensão ou amplificação do
significado; a idéia de separação continua sendo expressa pelo genitivo. Não se
presta à composição com verbos. Por isso alguns gramáticos não a incluem entre a
s preposições. Às vezes vem enfatizada com o sufixo -yen. oé m¢n g r pot neu dhÛvn —
n (N, 556) na verdade ele jamais estava distante dos saqueadores. p nta neu xrusoè
(Plat., Crítias, 112c) todas as coisas com exceção do ouro. neu koloæyou mñnow (Pl
at., Banq., 217a) só sem acompanhante. ll sçn toÝw yeoÝw deÛjvmen toÝw barb roiw ÷ti
kaÜ neu toè ¤keÛnouw yaum zein dun meya toçw ¤xyroçw timvreÝsyai (Xen., Hel., 1, 6,
11) mas, com os deuses [com a ajuda dos deuses] mostremos aos bárbaros que mesmo
sem admirá-los nós podemos nos vingar dos inimigos. oé g r y¡miw z°n pl‾n yeoÝw ne
u kakÇn (Prov.) na verdade não é lícito viver sem males, a não ser aos deuses. o
ék neu lñgou eäxon ¥toÛmvw pròw ¤leuyerÛan oß Ellhnew (Dem., Fil., 3, 36) não sem
razão os gregos estavam preparados para a liberdade.
mur06.p65
540
22/01/01, 11:38
os invariáveis: preposições
541
AntÛ Em face de, contra, em lugar de (Antipapa, Anticristo), pelo preço de, (na c
ompra, na troca, no ato de pagar há uma substituição de uma coisa por outra, uma
toma o lugar da outra: o dinheiro pela mercadoria), de preferência a. Genitivo
de separação. bouleæetai ÷pvw m pote ¦ti ¦stai ¤pÜ tÒ delfÒ ll basileæsei nt ¤keÛnou
(Xen., An., 1, 1, 4) Ele delibera [trama] de modo a que não mais estará [esteja]
sobre o irmão [apoiado, amparado] mas, [ao contrário], reinará [reine] em lugar
dele. ntÜ toè r gein toÝw summ xoiw feægvn Õxeto (Xen., Cir., 6, 2, 19) em vez de [
em lugar de] socorrer os aliados, ele empreendeu viagem fugindo. ¥l¡syaÛ ti ntÛ t
inow escolher algo em lugar de algo [preferir algo a algo]. ntÜ pol¡mou eÞr nhn e
ßlÅmeya (Tuc., 4, 20, 2) Em lugar da guerra escolhamos a paz. n‾r nt ndròw luyeÛw so
lto [libertado] homem contra homem [um homem contra outro, em lugar de]. nt gayÇn k
akoÜ geg nhntai (Tuc., 1, 86, 1) Em vez de bons eles se tornaram maus. ntÜ kunòw
eä fælaj (Xen., Mem., 2, 7, 14) Tu és guarda em lugar de cão [como um cão]. nt rgur
Ûou ll jasyaÛ ti (Plat., Rep., 371c) trocar algo por dinheiro, alienar. tÛ ²mÝn ntÜ
toætvn êperet seiw; (Xen., Cir., 4, 6,8) o que nos servirás em lugar dessas cois
as? Èfel sv aétòn ny Ïn eï ¦payon êp ¤keÛnou (Xen., An., 3, 5) Eu o ajudarei em tro
ca das coisas que senti [sofri] dele [sob o efeito de, por causa de].
mur06.p65
541
22/01/01, 11:38
542
os invariáveis: preposições
÷son pl¡yron dasç pÛtusi dialeipoæsaiw meg laiw ny Ïn ¥st kontew ndrew tÛ n p sxoien; (
en, An., 4, 7) espesso numa extensão de um pletro [100 pés] de grandes pinheiros
remanescentes, contra os quais, os homens de pé, o que poderiam sofrer? fÛkonto
oß nt ¤keÛnvn strathgoÛ (Xen., Hel., 1, 1, 27) chegaram os comandantes em lugar da
queles. êmeÝw ntÜ patròw ¤moÜ g¡nesye (And., Mist., 149) Vós, tornai-vos para mim
em lugar de meu pai [sede para mim]. ntÜ tÇn martærvn diante de testemunhas [fac
e a face]. Antikræ / kat-antikræ Em face de, em frente a, do lado oposto (em linh
a reta). Genitivo de separação. llon oÞstñn . . . àallen Ektorow ntikræ (Y, 300) el
e lançou um outro dardo, de frente a Heitor [estando em face de e de lá lançando
o dardo]. diab w eÞw Shstòn katantikrç önta Abædou (Xen., Hel., 4, 8, 5) tendo pas
sado para Sestos, que está em frente de Ábidos. ntikruw diretamente, em face, em
linha reta. oéd¡n µ ntikruw douleÛan, (Tuc., 1, 122) nada a não ser (do que) a se
rvidão direta. ² ntikruw ¤leuyerÛa, (Tuc., 8, 64) a liberdade em face (diretament
e do outro lado).
mur06.p65
542
22/01/01, 11:38
os invariáveis: preposições
543
Antip¡raw / ntip¡ran / kat-antip¡raw Em face de, do lado oposto. Genitivo de separ
ação, naturalmente. [Z kunyow] keÝtai ntip¡raw Hlidow (Tuc., 2, 66, 1) Zácintos está
situada em frente à Élide [na margem oposta]. Anv Subindo (em cima) na posição de
cima. Privilegia a idéia de situação estável, mas relativa a; por isso pede um
complemento limitativo, restritivo. O genitivo exprime essa relação. õrÇsi pezoç
w ¤pÜ taÝw öxyaiw nv tÇn ßpp¡vn paratetagm¡nouw, (Xen., An., 4.3.3) eles vêem a i
nfantaria enfileirada sobre as margens, por cima (acima) dos cavaleiros [acima d
e]. Apñ Apñ diante de consoante; Ap diante de vogal não aspirada; Af diante de vogal
spirada. Afastando-se de, de (latim: a, ab), ponto de partida (espaço e tempo).
Genitivo de separação, de ponto de partida. p ¤keÛnhw t°w ²m¡raw a partir daquele
dia. pò deÛpnou após a refeição [a partir da]. eéyçw f ¥sp¡raw imediatamente [diret
o] a partir da tarde. pò skopoè longe [fora] do alvo, da meta. pò gnÅmhw longe [fo
ra] da opinião comum [contra].
mur06.p65
543
22/01/01, 11:38
544
os invariáveis: preposições
oß pò skhn°w os da cena [do teatro], os atores. oß apò t°w sto w os do pórtico [que
vêm de], os estóicos. pò toè aétom tou a partir da própria interpretação [por si m
esmo, espontaneamente]. pò toætou toè xrñnou desde [a partir de] esse tempo. f oð d
esde que, [ex quo]. oß pò IvnÛaw Os jônios [os que vieram da Jônia, os da Jônia]. p
ò yal sshw eÞw y lassan de um mar a outro. f áppvn lto xam ze saltou (saltaram?) dos cav
los [carruagem] para o chão. kaleÝsyai pñ tinow ser chamado [receber um nome] a p
artir de algo. aétñnomow pò t°w eÞr nhw independente a partir da paz. tòn bÛon ¦x
ein (poieÝsyai, porÛzesyai) pñ tinow ter uma vida [levar, fazer, ganhar] a vida a
partir de algo. pò oàkou eänai estar fora do país [longe, distante de casa]. log
Ûzesyai pò xeirñw contar [calcular] a partir da mão [com os dedos]. llai gnÇmai f ¥k s
tvn ¤l¡gonto outras opiniões eram ditas a partir de cada um. katesp syh pò toè áppo
u (Xen., An., 1, 9, 4) ele foi arrancado [puxado para baixo] do cavalo.
mur06.p65
544
22/01/01, 11:38
os invariáveis: preposições
545
yhreæein f áppou caçar a cavalo [a partir de]. pò toè ìdatow eärgon oß Yr kew (Xen.,
An., 6, 3, 8) Os trácios os afastavam [procuravam afastá-los] da água. læonto d¢
teæxe p Êmvn (R, 318) eles soltavam as armas [as armaduras] dos ombros. ¦th ¤stÜ m l
ista tetrakñsia... f oð Lakedaimñnioi t» aét» politeÛ& xrÇntai (Tuc., 1, 18) já sã
o 400 anos... a partir do que os Lacedemônios se servem [têm] o mesmo governo [c
onstituição]. eà tiw ... paraineÝ êmÝn ¤kpleÝn tò ¥autoè mñnon skopÇn... ÷pvw ya
umast» pò t°w ßppotrofÛaw (Tuc., 6, 12) Se alguém vos aconselha a fazer uma exped
ição naval só levando em conta o seu próprio ponto de vista de modo a que seja a
dmirado a partir de sua escuderia... ¾desan Svkr th p ¤laxÛstvn xrhm tvn aétark¡stata
zÇnta (Xen., Mem., I, 2, 14) Eles sabiam que Sócrates, a partir de meios reduzid
íssimos, vivia da maneira mais suficiente. ¤pr xyh p aétÇn oéd¢n ¦rgon jiñlogon (Tuc.
, 1, 17) a partir deles nem um ato foi realizado digno de registro. oäda g r ÷ti k
akoÜ m¢n poÛxontai pol¡moio (L, 408) [oàxontai apñ] eu sei que os maus [covardes]
se afastam do combate. pò toè bouleuthrÛou pelyÅn (Tuc., 8, 92) [¤lyÆn pñ] Tendo s
aído do Conselho, da Assembléia. toçw rgurÛou tÒ boulom¡nÄ pvloæntaw sofist w pokalo
èsin (Xen., Mem., 1, 6, 13) [kaloèsin pñ = de-nominam] Os que em troca de dinheir
o vendem ao que quer, chamam-nos de sofistas. [de-nominam, chamam a partir de].
eålke [Yhram¡nhn] pò toè bvmoè õ S turow (Xen., Hel., 2.3) Sátiro puxava Teramenes
para longe do altar.
mur06.p65
545
22/01/01, 11:38
546
os invariáveis: preposições
Yeait tÄ ¤n¡tuxon ferom¡nÄ pò toè stratop¡dou (Plat., Teet., 142a) Eu me encontre
i com Teeteto sendo conduzido do acampamento. tò mimeÝsyai perÜ trÛton ¤stÜn pò t
°w lhyeÛaw (Plat., Rep., 599a) o imitar está em terceiro lugar a partir da verdad
e. m¡xri §j ¤tÇn pò gene w oß paÝdew taèta pr ttousi, (Xen., Cir., 1, 2, 8) até seis
anos a partir do nascimento os meninos fazem essas coisas. pò jummaxÛaw aétñnomoi
(Tuc., 7, 57) livres [soberanos] a partir dessa aliança. pò toætvn ¤zetazom¡nvn
eêrey setai eÞ lhy° g¡grafe (Dem., Cor., 57) a partir do exame dessas coisas [des
sas coisas examinadas] será descoberto se ele escreveu coisas verdadeiras. numfÇ
n ßeròn pò tÇn galm tvn ¦oiken eänai (Plat., Fedr., 230b) a partir das estátuas pare
ceu ser um templo de ninfas. Além da idéia de afastamento, separação, ponto de p
artida, pñ pode ser vista como esgotamento do ato verbal desde o ponto de partida
: po-kteÛnv = eu esgoto o ato de matar, eu mato completamente; po-yn¹skv = eu morr
o completamente (enfático). tò d¢ met toèto... peirÅmeya... podeiknænai, (Plat., R
ep., 473b) quanto ao que vem depois disso, tentemos demonstrar (mostrar completa
mente, provando). t r tÛ m¡lleiw poieÝn; - pojureÝn tadÛ (Aristóf., Tesm., 215) Entã
o, o que pretendes fazer? - Raspar completamente estas coisas aqui. [fazer compl
etamente a barba].
mur06.p65
546
22/01/01, 11:38
os invariáveis: preposições
547
Notar alguns verbos:
podidr skein pob llein potr¡pein pokaleÝn pokalæptein pagoreæein podidñnai potiy¡na
sair correndo, fugir completamente perder, jogar fora, jogar ao mar desviar de,
remover denominar, dar um nome a [partindo de quem dá o nome] des-cobrir, revela
r denunciar [um contrato], proibir dar a partir de, restituir, atribuir, devolve
r, pagar de-por, renunciar exigir [pedir até o fim]
Pode também exprimir renúncia, demissão, desistência do ato verbal. ¤peid‾ peÛrhk
a tòn önta skopÇn (Plat., Féd., 99d) [eàrhka pñ] depois que eu renunciei à procur
a [procurando, visando] do Ser. Apvyen Distante de; numa situação a partir de. Ge
nitivo de separação. A partícula -yen é enfática. pvyen toè teÛxouw §ndeka st dia (
Tuc., 1, 22, 3) distante da muralha onze estádios. Ater Distante de, longe de. Ge
nitivo, naturalmente. Poucos exemplos; arcaica. Não se presta a composição. Kron
Ûdhn ter §menon llvn (A, 498) o Cronida sentado afastado dos outros [longe de]. oé
gúr ter ge Zenñw (O, 292) pois não sem [a ajuda de] Zeus.
mur06.p65
547
22/01/01, 11:39
548
os invariáveis: preposições
Axri (-w) Até a (um ponto, posição de contato > partitivo). Sentido espacial e te
mporal. Genitivo, naturalmente. Às vezes pode vir enfatizada com pròw, eÞw, com
enfoque sobre a direção, movimento, intenção; aí o caso é pedido pelo valor pred
ominante (acusativo se houver movimento ou direção) ficando xri com significado e
função adverbial, sem relação de casos. xri t°w ¤sñdou toè ßeroè ¥kat¡rh [diÇruj
] ¤s¡xei (Hdt., 2, 138) cada um dos dois [canais] fluem até a entrada do santuár
io (marca o ponto de chegada, não a chegada). n stiew xri m la kn¡faow (S, 369) jej
unos até bem dentro da noite [na obscuridade: ponto de chegada]. xri toè m‾ pein°
n (Xen., Banq., 4.37) até não ter fome [até matar a fome: ponto de chegada]. pep
oÛhken xri t°w Attik°w (Dem., Emb., 334) ele fez (um caminho) até à Ática (ponto d
e chegada). poreuñmenow xri pròw t‾n pñlin, (Luc., Herm., 24, 6) percorrendo (um
caminho) até diante da cidade (o acusativo é do movimento, direção contido em pr
ñw). Pl°yow t°w katab sevw t°w õdoè pò t°w ¤n BabulÇni m xhw xri eÞw Kotævra staymoÜ ¥
katòn eàkosi dæo, (Xen., Anáb., 5, 5, 4) A extensão do caminho da descida a part
ir da batalha na Babilônia até chegar a Cotíora era de cento e vinte dois marcos
.
mur06.p65
548
22/01/01, 11:39
os invariáveis: preposições
549
BÛ& Por força de. É um instrumental petrificado e por isso requer um complemento
delimitativo, restritivo, no genitivo naturalmente. Do significado concreto por
força de podem derivar por causa de, apesar de , abstrato. KerkuraÛouw m‾ summ xouw d¡
xesye bÛ& ²mÇn (Tuc., 1, 43, 3) não aceiteis os corcirenses como aliados por for
ça de nós [forçados por nós, por causa de nós]. Di - (dæo > dÛw) Através, por mei
o de. Primitivamente: espaço intermediário entre dois pontos (o ponto de partida
e o de chegada), daí o elemento separador ou intermediário entre o emissor do a
to e o receptor: (falar por mensageiros); o elemento que atravessa, cortando, se
parando em dois (diâmetro). Em alemão zwischen (entre dois objetos) de zwei, (do
is). Essa idéia permanece em português, pelo latim: - dis-córdia, diferença, dis
-cernir etc. Em grego o genitivo se faz presente, naturalmente. Mas aqui não há
a idéia do percurso, travessia, como um projétil que atravessa, perfurando um co
rpo do começo ao fim, de um lado a outro; nesse caso aparece o acusativo, porque
exprime o movimento (é a idéia de per em latim). O genitivo marca o espaço entr
e o ponto de partida e o ponto de chegada, mas sem atravessar, furar, como um pr
ojétil. Poderíamos pensar em uma idéia de estar no meio de, atravessado, separand
o , às vezes se associando a outras preposições: ¤k, prñ. dñru d ôfyalmoÝo diaprñ..
.—lyen (J, 494) a lança chegou diante [de frente] atravessando o olho [abrindo e
m dois]. aàglh ...di aÞy¡row oéranòn åke (B, 458) o brilho chegou ao céu atravess
ando o éter [mas o céu é o éter, portanto não ultrapassou].
mur06.p65
549
22/01/01, 11:39
550
os invariáveis: preposições
di t¡louw d¡ soi ¤ggçw parestÅw (Ésq., Eum., 64) até o fim [não ultrapassando] eu
te serei/sou guarda, [presente ao lado]. keÝt ¦ntosy ntroio tanuss menow di m lvn (P,
298) ele [o Ciclope] estava deitado dentro do antro no meio do rebanho [estava
atravessado, separando]. p gagon tòn ndra di t°w gor w (Xen., Hel., 2, 3, 56) eles lev
aram embora o homem pela praça. [não de um lado ao outro]. ¤boæleto NikÛaw t‾n f
ulak‾n di ¤l ssonow eänai (Tuc., 3, 51, 2) Nícias queria que o posto de guarda esti
vesse num intervalo menor. filosofeÝn di pantòw toè bÛou (Plat., Banq., 203c) fil
osofar durante [através] a vida toda [ela não acabou]. taèta met kindænvn di ÷lou
aÞÇnow moxyoèsi (Tuc., 1, 70, 8) essas coisas em meio a perigos eles tentam obte
r durante toda existência. [em meio a]. õ yeòw aétñw ¤stin õ l¡gvn di toætvn d¢ [
tÇn poihtÇn] fy¡ggetai (Plat., Íon, 534d) é a própria divindade que fala, mas el
e se faz ouvir através desses, os poetas [intermediários entre a divindade e os
homens, não agentes da passiva]. di negke tÇn llvn basil¡vn tÇn rx w di ¥autÇn kthsam
¡nvn (Xen., Cir., 1, 1, 4) ele se distinguiu dos outros reis que tinham adquirid
o o poder por eles mesmos. ¤poreæonto di xiñnow poll°w (Xen., An., 1, 8, 26) eles
marchavam em meio a muita neve [através de]. di dikaiosænhw Þ¡nai kaÜ svfrosænhw
(Plat., Prot., 323a) ir através de justiça e moderação [por vias justas e sensa
tas]. p ntew tòn Kèron di stñmatow eäxon (Xen., Cir., 1, 4, 25) todos tinham [o nom
e de] Ciro na boca [atravessado]. di makrÇn, di braxut tvn toçw lñgouw poieÝsyai (Pl
at., Górg., 449b) fazer discursos com coisas longas, com coisas muito curtas [at
ravés de].
mur06.p65
550
22/01/01, 11:39
os invariáveis: preposições
551
di tax¡vn tòn pñlemon poieÝsyai (Xen., An., 1, 5, 9) fazer guerra com muita rapid
ez (por coisas rápidas). di makroè kaÜ m‾ ßkanÇw õrÇn ti (Plat., Teet., 193c) olh
ando algo [observando] de longe e não suficientemente. ¦lege di ¥rmhn¡vw toi de: (X
en., An., 2, 3, 17) através de um intérprete [por intermédio] ele dizia estas co
isas. ¤y¡lousi di ¤piorkÛaw te pròw toçw yeoçw kaÜ [di ] pistÛaw pròw nyrÅpouw pr ttei
n ti (Xen., An., 2, 5, 11) eles querem realizar algo [tirar proveito] por meio d
e perjúrios diante dos deuses e de má fé diante dos homens. di m¢n spÛdow —lye fae
in°w öbrimon ¦gxow (Hom.) a poderosa lança chegou através do escudo brilhante [s
eparando]. di polemÛaw [xÅraw] poreæesyai marchar através de país inimigo [não at
ravessando inteiro]. skñpei, pñkrisiw pot¡ra ôryot¡ra, Ú õrÇmen, toèto eänai ôfya
lmoæw µ di oð õrÇmen (Plat., Teet., 184c) vê bem qual das duas respostas é mais c
orreta: os olhos são aquilo com o que nós vemos, ou através do que nós vemos [po
r intermédio do que]. O acusativo está sempre ligado à idéia de movimento. Com a
preposição di acontece o mesmo; ela marca a travessia de um lado ao outro, como
se perfurasse com uma bala. No sentido figurado também. Muitos gramáticos identi
ficam aí uma idéia de causa: as guerras acontecem pela posse de riquezas; o ato
da guerra passa pela posse das riquezas (em latim per, propter). basileçw aßreÝt
ai oéx ána ¥autoè kalÇw ¤pimel°tai ll ána kaÜ oß ¥lñmenoi di aétòn eï pr ttvsin, (Xen
. Mem., 3, 2, 3) Um rei é escolhido [escolhe-se um rei] não para que se ocupe be
m de si mesmo, mas para que os que o escolheram, por meio dele, passem bem. [pas
sando por ele]. sÐzesyai di ²m w (Xen., An., 5, 8, 13) ser salvos por nosso intermé
dio [passando por nós].
mur06.p65
551
22/01/01, 11:39
552
os invariáveis: preposições
di ²m w ¦xete t nde t‾n xÅran (Xen., An., 7, 7, 7) Vós tendes [possuis] esta terra
por nós [graças a nós]. toçw nñmouw, di oîw oÞkoèmen t‾n pñlin, parab¡bhke (Dem.,
19, 74 e 90) Ele transgrediu as leis, pelas quais administramos a cidade. ¤tetÛ
mhto êpò Kærou di eënoian kaÜ pistñthta (Xen., An., 1, 8, 29) ele fora estimado [
honrado] por Ciro, por seu bom caráter [boa mente] e fidelidade. di tò filomay‾w
eänai poll eÜ toçw parñntaw nhrÅta (Xen., Cir., 1, 4, 3) por ser desejoso de aprend
er, ele sempre perguntava muitas coisas aos presentes (aos que o acompanhavam).
¤keÝ di kaèma oé dænantai oÞkeÝn nyrvpoi (Xen., An., 1, 7, 6) por causa da canícul
a, homens não podem habitar lá. duskolÅterow di t‾n nñson (Isócr., 19, 26) muito
mal humorado, por causa da doença. di t‾n tÇn xrhm tvn kt°sin oß pñlemoi gÛgnontai
(Plat., Féd., 66b) as guerras acontecem, por causa da posse de riquezas [pela po
sse]. Milti dhn eÞw tò b rayron ¤mbaleÝn ¤chfÛsanto, kaÜ eÞ m‾ di tòn prætanin, ¤n¡pe
sen n (Plat., Górg., 516e) haviam votado lançar Milcíades no báratro, e se não fo
sse pelo pritane, ele teria caído lá. st laiw dialabeÝn toçw ÷rouw (Dem., 18, 15
4) tomar os limites na sua extensão com marcos. yeoÜ di¡yesan t önta (Xen., Mem.,
2, 1, 27) as divindades dispuseram os seres [dis-puseram]. Observação: Os gramá
ticos chamam de prevérbio pleno, isto é, com significado, mas sem relação, todas
as vezes em que a preposição (prevérbio) não tem um complemento expresso, isto
é, uma relação espacial definida. Na
mur06.p65
552
22/01/01, 11:39
os invariáveis: preposições
553
verdade, nestes casos, a preposição-prevérbio está em seu sentido e função origina
l: advérbio. Às vezes, também, o significado do advérbio (preposição/prevérbio)
se fundem totalmente com o significado do verbo. Nesses casos, denominam o prevé
rbio/preposição de vazios . Isso é ilógico. Não há significado vazio; a preposição/
prevérbio amplia, precisa o significado do verbo. Já vimos alguns exemplos com
a preposição pñ; vamos ver agora com a preposição di . tò eÜ diam xesyai l¡gonta t b¡lt
ista (Plat., Górg., 503a) o fato de sempre lutar até o fim dizendo as coisas mel
hores: di nos dá a idéia do ato de lutar do começo até o fim. diapl¡jantow tòn bÛ
on eï (Hdt., 5, 92) tendo tramado completamente [até o fim] bem sua vida. ù d‾ n
ekròn kaloèmen, Ú pros kei dialæesyai kaÜ diapÛptein kaÜ diapneÝsyai (Plat., Féd
., 80c) o que na verdade denominamos cadáver, é o que convém se dissolver comple
tamente, cair completamente e se evaporar completamente. oéd õ xrñnow aét w dies fhs o
ësaw ken w (Eur., Fen., 398) nem mesmo o tempo revelou-as sendo completamente vazi
as. ¦fh diadej menow tòn lñgon õ Glaækvn (Plat., Rep., 576b) e, recebendo a palavr
a por sua vez [de través], Glauco disse. A diferença semântica no emprego do gen
itivo e acusativo aparece mais nitidamente na série de construções a seguir: a)
com genitivo: di dikaÛou /dikaiosænhw poreæesyai andar pela via do justo/ da just
iça; [não atravessá-la]. di filÛaw Þ¡nai tinÛ ir [estar] em amizade com alguém, s
er amigo de alguém [estar em meio à amizade]. di ôrg°w ¦xein tin ter alguém em cól
era [atravessado], [estar com raiva de alguém].
mur06.p65
553
22/01/01, 11:39
554
os invariáveis: preposições
di fñbou eänai estar com medo [em meio ao medo, cercado de, numa situação de medo
]. di oédenòw poieÝsyai fazer de conta de nada [levar na conta de nada]. di t xouw c
om pressa, em meio à pressa. di kefalaÛvn pelos topos, pelas cabeças, por cima, s
umariamente. di braxut tvn / diú brax¡vn com brevidade, pelos pontos mais curtos /
por pontos rápidos. di tax¡vn tòn pñlemon poieÝsyai fazer a guerra com rapidez [p
or espaços curtos]. di m¡yhw por embriaguês, na embriaguês, em meio à embriaguês,
daí: por causa de. di kribeÛaw com exatidão, por exatidão. di m xhw Þ¡nai estar ofer
ecendo batalha, estar em meio à batalha. di xeirÇn ¦xein ter nas mãos, ter entre
as mãos. di stñmatow ¦xein ter na boca [atravessado na boca]. di makroè num grande
intervalo [em meio a]. di nuktñw durante a noite, no meio de [no correr da noite
, mas não ultrapassando]. di eàkosin ¤tÇn por vinte anos [no intervalo de vinte a
nos]. di trÛtou ¦touw já é o terceiro ano [no intervalo de 3 anos].
mur06.p65
554
22/01/01, 11:39
os invariáveis: preposições
555
b) com acusativo: di toèto por isso [passando por] > causa. di taèta por essas coi
sas [passando por] > causa. di ù / diñ pelo que/por que [passando por] > causa. di
a tÛ; por quê? > causa. di dÅmata através dos aposentos, [o ato de passar]. di næk
ta durante a noite [atravessando a noite, a noite toda]. di t‾n nñson xrÅmeya tÒ
ÞatrÒ pela doença [por causa de] servimo-nos do médico. dikÛa aét‾ di ¥aut‾n kakñn
¤stin a injustiça ela mesma [por ela mesma] é um mal [passando por ela mesma].
Nos verbos compostos, nos casos em que os gramáticos chamam de prevérbios ou pre
fixos, di significa movimento, extensão até o fim do ato verbal e também difusão
no espaço e no tempo, uma espécie de divisão, que podemos ver com dis latino:
diabaÛnein diaskopeÝn diapr ttein diapr ttesyai diadidñnai diaireÝn diaf¡rein di gein
diam¡nein diafyeÛrein passar por, percorrer, atravessar observar a fundo, atrave
ssando, até o fim, completamente realizar, fazer até o fim, completamente realiz
ar para si, obter, realizar [finalmente] dar em volta, distribuir pegar por part
es, distribuir levar através separando, separar, distinguir conduzir através, at
ravessar [um rio, a vida] per-manecer, ficar até o fim destruir completamente, c
orromper
mur06.p65
555
22/01/01, 11:39
556
os invariáveis: preposições
Convém notar ainda, e isso é válido para todos os verbos compostos, que eles têm
dupla regência : a) o complemento do verbo, quando expresso, no caso de verbos tra
nsitivos; b) o complemento da relação espacial: relações onde, para onde, de ond
e, por onde, respectivamente locativo, acusativo, genitivo e acusativo. No caso
de verbos intransitivos, prevalece a relação expressa pela preposição: baÛnein,
andar, é intransitivo; mas, parabaÛnein toçw nñmouw - transgredir as leis, as lei
s - toçw nñmouw está no acusativo não por causa do verbo, mas por causa da prepos
ição, que transmite ao verbo a idéia de movimento: passar ao lado das leis. O ac
usativo é pedido pela relação espacial ao longo de, marginal a ; traduzindo a expre
ssão por transgredir estamos nos servindo de uma metonímia: se está ao lado, se é
marginal a, não está dentro, e, se não está dentro, está fora, e, se está fora d
a lei, está contra a lei. DÛkhn É um acusativo de relação, adverbial petrificado
, com significado de por indicação, à maneira de . Pede um complemento delimitativo
, restritivo: genitivo. örniyow dÛkhn bl¡pvn nv (Plat., Fedro, 249d) olhando lá e
m cima à maneira de um passarinho. DÛxa Em dois, cortado, separado em dois; daí
a idéia de distância, afastamento; daí poderá vir a idéia de diferente, contrári
o. Genitivo, naturalmente. Não se presta a composição. dÛxa riymeÝn contar separa
ndo em dois, dois grupos.
mur06.p65
556
22/01/01, 11:39
os invariáveis: preposições
557
oåow AtreidÇn dÛxa (Sóf., Aj., 750) só, sem os Atridas [afastado]. dÛxa pñlevw (S
óf., Éd. Col., 48) sem a cidade, longe [contrário] à cidade.
Eggæw / Meshgæ (-w) Perto de (situação de toque), no meio de; a idéia de proximi
dade leva à idéia de parentesco e parecença, mas com a idéia partitiva do toque,
contato. Genitivo partitivo. ¤ggçw õdoÝo (K, 274) próximo ao caminho [encostado
a]. toÝw ¤ggut tv g¡nouw meteÝnai tÇn xrhm tvn (Aristóf., Aves, 1665) aos em situaç
ão mais próxima da família [aos parentes mais próximos] participar dos bens. mbli
ÅtousÛ te kaÜ ¤ggçw faÛnontai tÇn tuflÇn (Plat., Rep., 508c) [os olhos] se obscu
recem e aparecem próximos dos [olhos] cegos. Êmvn messhgæw (Y, 259) entre os omb
ros [no intervalo das espáduas]. oß ßppeÝw eÜ ¤ggæteron ¤gÛgnonto toè rxontow (Xen
., Cir., 7, 5, 5) os cavaleiros sempre se encontravam próximos do comandante. ¤g
gçw tÇn ¤nen konta ¤tÇn (Plat., Tim., 21b) próximo dos noventa anos
mur06.p65
557
22/01/01, 11:39
558
os invariáveis: preposições
EÞw / ¤w < ¤nw Para dentro de, na direção de (visando entrar), na intenção de, c
om a finalidade de (sentidos concreto e abstrato / figurado). Acusativo de direç
ão. deiw eÞw sautòn ¤gkÅmion (Plat., Lísis, 205d) tu estás cantando um elogio par
a ti mesmo [na tua direção, intenção, proveito]. eÞkñw se eÞw p nta prÇton eänai (
Plat., Cárm., 198a) é natural tu seres o primeiro em todas as coisas [para todas
as coisas, para tudo]. oß Lakedaimñnioi eÞs¡balon eÞw t‾n Attik n Os Lacedomônio
s se lançaram na direção da Ática [para a Ática, contra a Ática] ¦pemcan aétoçw
eÞw LakedaÛmona (Xen., Hel., 2, 2, 1) enviaram-nos para a Lacedemônia. ¤tolm sat
e Þ¡nai eÞw aétoæw (Xen., 3, 2, 16) tivestes a ousadia de ir [marchar para, na d
ireção] contra eles. polloÜ ¦fugon eÞw M¡gara muitos se refugiaram em [fugiram p
ara] Mégara [a idéia de movimento está contida em fugir, na direção de]. eÞw dik
ast rion eÞsi¡nai apresentar-se ao tribunal [ingressar no tribunal, ir para dent
ro do tribunal]. l¡gein eÞw tò pl°yow falar à multidão [na direção, na intenção
de]. eÞw ndraw ¤ggr fein inscrever entre os homens [para dentro do grupo dos homens
]. A idéia de in-screver é locativa, mas o resultado é a saída (implícita) do jove
m do grupo dos efebos, e in-gresso (para dentro) do grupo dos homens. O português
nos confunde com freqüência porque herdou do latim a preposição in com dois sign
ificados e regências : com locativo (ablativo de lugar onde nas gramáticas) e com acu
sativo ( lugar para onde ).
mur06.p65
558
22/01/01, 11:39
os invariáveis: preposições
559
No grego não há confusão possível; o caso é bastante claro e significativo. Assi
m: ¤n-pÛptv > ¤mpÛptv - eu caio dentro - locativo, em que o enfoque é sobre o lu
gar da queda > locativo, e eÞspÛptv - eu caio para dentro > acusativo em que o e
nfoque está no movimento da queda. Um outro exemplo: gravar em pedra : Oß AyhnaÝoi t
oçw nñmouw eÞw lÛyouw ¦grafon Os atenienses gravavam as leis em pedras. Em portu
guês não percebemos que no ato de gravar o gravador introduz os caracteres dentr
o da pedra: há um movimento para dentro ; em grego esse movimento está bem expresso
: eÞw lÛyouw gr fein toçw nñmouw (acusativo) gravar as leis nas [para dentro de] p
edras. mas, ¤n lÛyoiw gegramm¡noi [oß nñmoi] (locativo) as leis estão gravadas e
m pedras [in-scritas]. tñte d ¦mbh nhÛ Pælonde (D, 656) então ele embarcou num ba
rco [navio] para Pilos [não repete a preposição: ¦mbh = ¦bh ¤n (enfoque na quest
ão do lugar onde > locativo e não para onde)] Ërh n eàh . . . ²m¡aw ¤w t w n¡aw ¤mb
aÛnein t w ²met¡raw (Hdt., 5.109) seria [era] o momento de nós embarcarmos nos nos
sos navios (enfoque na questão de lugar para onde > acusativo). ¤n¡bh ¤w aét‾n [
t‾n penthkñnteron] (Hdt., 3.41) ele embarcou [para dentro] nele [no navio de 50
remos]. taèt ra, eÞpeÝn tòn Kèron, kaÜ ¤neÅraw moi (Xen., Cir., 1, 4, 27) por essa
s coisas então, disse Ciro, tu me olhavas [olhavas em mim, pousavas os olhos em,
locativo].
mur06.p65
559
22/01/01, 11:39
560
os invariáveis: preposições
suni¡nai eÞw tò ßerñn reunir-se no templo [a idéia da reunião supõe um movimento
para, contrariamente à idéia de estar reunido no templo, ¤n tÒ ßerÒ locativo].
lñgow diedñyh eÞw t‾n pñlin o boato foi espalhado [distribuído, dado] pela [para
] cidade. eÞw t w ¤pistol w gr fei (Dem., Fil., 3, 27) ele escreve [registra] nas cart
as [para dentro]. ¤sfagÛzonto eÞw tòn potamñn (Xen., An., 43, 3, 18) eles imolav
am [as vítimas] no rio [o sangue escorria para]. lÛskesyai eÞw Ay naw (Xen., Hel.,
1, 1, 23) ser preso [e enviado] para Atenas. lamb nesyai eÞw polemÛouw (Iseu, 7,
8) ser preso [tomado e levado] para os inimigos. eÞw t‾n êsteraÛan [²m¡ran] oék
´ken (Xen., An., 2, 3, 25) para o dia seguinte [pelo, no dia seguinte] ele não v
eio. eÞw êsteraÛan gÛgnetai xeimÆn polæw (Xen., An., 4, 1, 15) no [pelo] dia seg
uinte aconteceu uma grande tempestade. f t ¤leæsesyai µ ¤w y¡rouw µ ¤w ôpÅrhn (J, 3
84) ele disse haver de vir ou pelo verão ou pelo outono. Sñlvn tòn d°mon ±leuy¡r
vse kaÜ ¤n tÒ parñnti kaÜ eÞw tò m¡llon (Arist., Gov. dos At., 6, 1) Sólon liber
tou o povo no presente e também para o futuro. ¤dñkei eÞw t‾n ¤pioèsan §v ´jein
basil¡a (Xen., An., 1, 7, 1) parecia que o rei haveria de chegar na aurora segui
nte [pela aurora]. eÞw trÛthn deipn sv ¤n t» ²met¡r& (Xen., Cir., 5, 3, 27) em d
ois dias [pelo terceiro dia] eu jantarei em nossa casa. eÞw tñte (Plat., Leis, 8
45c) até então, até aquele tempo. ¤k paidòw eÞw g°raw (Ésqn., C. Tim., 180) desd
e a infância até a velhice.
mur06.p65
560
22/01/01, 11:39
os invariáveis: preposições
561
eÞw t‾n nækta oß Akarn new p°lyon (Xen., Hel., 4, 6, 7) pela [na entrada da] noite o
s Acarneanos se retiraram. eÞw ¥sp¡ran pela tarde [para a tarde]. ¦tow eÞw ¦tow
ano para ano [entra ano sai ano, de ano a ano]. eÞw kairñn [cai, vem] no [para o
] momento oportuno. eÞw dæo por dois, dois a dois. eÞw d¡on para o que é preciso
. eÞw kalñn a propósito, caiu bem, para bem. eäxe tojñtaw kaÜ sfendon taw eÞw te
trakosÛouw (Xen., An., 3, 6) [Mitridates] tinha cerca de 400, [lá pelos, 400 mai
s ou menos] arqueiros e besteiros [fundibulários]. eÞw dænamin na direção da cap
acidade [para a capacidade segundo a]. xr simon eÞw tòn pñlemon útil para a guer
ra [para a finalidade de]. Poderia ser também mera relação nominal (complemento
nominal, com dativo). xr simon tÒ pol¡mÄ: nesse caso não haveria a idéia de fina
lidade, intenção; seria complemento nominal (em português a diferença é muito su
til). xr mata nalÛskein eàw ti gastar recursos para alguma coisa [com a finalidad
e de]. eÞw tòn pròw ²m w pñlemon pl¡on µ pentakisxÛlia t lanta par¡sxe para essa gue
rra contra nós [o rei dos persas] forneceu [aos espartanos] mais do que 5.000 ta
lentos.
mur06.p65
561
22/01/01, 11:39
562
os invariáveis: preposições
eålon tri reiw t w p saw ¤w t w diakosÛaw (Tuc., 1, 100, 1) eles tomaram todas as trir
remes até 200. oék eÞw periousÛan ¤pr ttet aétoÝw t t°w pñlevw (Dem., Ol., 3, 26) as
coisas da cidade não se lhes faziam para enriquecimento. eÞw x rin podoènai (Tuc.,
2, 40, 5) pagar [retribuir] para agradecimento [em vista de]. eÞw ndreÛan Ervti o
éd¢ Arhw nyÛstatai (Plat., Banq., 196d) para a coragem [em relação à coragem] para
o Amor nem mesmo Ares se coloca contra. AyhnaÝow eä, pñlevw t°w megÛsthw kaÜ eéd
okimvt thw eÞw sofÛan kaÜ Þsxæn. (Plat., Apol., 29d) tu és ateniense [de Atenas],
da cidade que é a maior e a mais afamada para a sabedoria e para o poder. eÞw tñ
de ´komen chegamos a isto [para isto]. eÞw toèto yr souw kaÜ naideÛaw fÛketo (Dem.,
21, 194) ele chegou a isso [esse ponto] de audácia e impudência. eÞw tosoètñn eÞ
si tñlmhw figm¡noi (Plat., Lís., 12, 22) eles chegaram a um ponto tão grande de o
usadia. frñnimow eÞw tú t°w pñlevw sensato [moderado, prudente] para as coisas d
a cidade [em relação a]. eÞw êm w l¡gein dirigir a palavra a [para] vós. YesmoforÛ
oiw Õxeto eÞw tò ßerñn (Plat., Lís., 1, 20) nas Tesmofórias ele se dirigia ao te
mplo. ndrÇn sç faælvn örkouw eÞw ìdvr gr fe (Prov.) Juramentos de homens levianos i
nscreve [tu] na água [para]. eÞw Ell sponton eÞs¡plei (Xen., Hel., 1, 1, 2) [Dori
eu] entrou [navegando, de barco] no Helesponto [para dentro do]
mur06.p65
562
22/01/01, 11:39
os invariáveis: preposições
563
Eàsv Para dentro de, para dentro do espaço de. Não é uma preposição, na medida e
m que não se presta a composição. Mas tem um valor espacial, adverbial e se usa
nas relações de tempo e espaço com complemento restritivo, limitativo. Daí o emp
rego do genitivo. O enfoque é sobre o complemento limitativo e não sobre o movim
ento. tò M¡nvnow str teuma —n eàsv tÇn ôrÇn (Xen., An., 1, 2, 21) a expedição de M
ênon estava dentro [no interior] das montanhas. par°lyon eàsv aétoè [toè teÛxouw
] (Xen., An., 2, 4, 12) eles fizeram o caminho [acompanhando] por dentro da próp
ria muralha. aß eàsv st¡ghw (Sóf., Traq., 202) as [que estão] dentro da morada [
teto] Ek / ¤j ¤k diante de consoante; ¤j diante de vogal; de (oposto a eÞw), (lat
im: ex/e): de dentro para fora (no espaço e no tempo), a partir de, de, origem,
ponto de partida, de iniciativa. Naturalmente pede genitivo (genitivo-ablativo),
porque significa separação, origem, ponto de partida, parte. Concreto e abstrat
o (figurado). ¤k Sp rthw feægei em exílio de Esparta [banido de Esparta]. ¤k deji w
à direita [a partir da direita]. ¤k yal tthw do mar [a partir do mar]. ¤k paÛdvn d
esde a infância [a partir da infância]. ¤k palaioè [xrñnou] desde antigamente, d
esde o tempo antigo.
mur06.p65
563
22/01/01, 11:39
564
os invariáveis: preposições
¤k toè deÛpnou da refeição [imediatamente] depois da refeição [de dentro de]. ¤k
patròw xrhstoè paÝdew faèloi gÛgnontai de pai honesto nascem filhos vis. —san a
ß IvnikaÜ pñleiw Tissaf¡rnouw, tò rxaÝon, ¤k basil¡vw dedom¡nai, (Xen., An., 1, 1,
6) As cidades jônicas eram, antigamente, de Tissafernes, doadas pelo rei [da pa
rte do rei]. lñgon ¤k lñgou l¡gein fazer um discurso a partir de outro [tirando
do outro, segundo, seguindo o outro]. ¤k tÇn õmologoum¡nvn a partir das coisas a
cordadas. ¤j àsou igualmente [a partir de igual, de igual]. ¤j ¡lptou de improvis
o [a partir do inesperado]. ¤j prosdok tou de improviso [a partir do não convenie
nte]. t ¤k t°w g°w fuñmena (Xen., Mem., 4, 3, 10) as coisas que nascem da terra [
a produção da terra]. paÝdew aétÒ oék ¤gÛgnonto ¤k t°w gunaikñw (Xen., Hel., 6,
4, 37) não lhe nasceram filhos dessa mulher. ¤k xrusÇn pÛnomen fialÇn (Xen., Cir
., 5, 3, 3) nós bebemos de taças de ouro. J¡rjew ¤k t°w Ell dow pexÅrei (Xen., An.,
1, 2, 9) Xerxes saia da Grécia [estava abandonando a Grécia]. pÇw ¦xei ¤k toè tr
aæmatow ; (Xen., Cir., 5, 4, 10) como ele está depois do ferimento? [a partir de
]. ¤bouleæonto ¤k tÇn parñntvn (Tuc., 3, 29, 2) eles deliberavam a partir dos ac
ontecimentos presentes.
mur06.p65
564
22/01/01, 11:39
os invariáveis: preposições
565
boælontai ¤k pantòw trñpou kakÇw me poieÝn (Lís., 14, 1) eles querem de toda man
eira [a partir de] me prejudicar. toçw ¤pistrateuom¡nouw ¤k t°w xÅraw ¤j¡bale (L
icof. c. Leócr., 98) ele expulsou do país os que avançavam sobre ele [o país]. fi
knoènto ¤k t°w Ell dow aß presbeÝai (Xen., An., 6, 1, 4) da Grécia chegavam as emba
ixadas. ¤j gor w ¤kp¡pratai taèta (Dem., Fil., 3, 36) essas coisas são compradas no
mercado (do mercado). ¤k t°w yal tthw pasa êmÝn ³rthtai ² svthrÛa (Xen., Hel., 7,
1, 6) toda a vossa salvação depende do mar [está dependurada, dependente de, é a
partir de]. ¤j d mantow (Plat., Rep., 616c) de aço [coisa dura]. ¤j rx°w desde [do]
princípio. ¤j ÷tou desde o que. oß ¤j ¤keÛnvn gegonñtew (Lís., 2, 17) os que na
sceram deles. oék ¤k xrhm tvn ret‾ gÛgnetai, ll ¤j ret°w xr mata (Plat., Ap., 30b) a v
irtude não se origina dos bens, mas os bens, da virtude. toèto ¤poÛei ¤k toè xal
epòw eänai (Xen., An., 1, 6, 9) ele fazia isso por ser severo [do fato de, a par
tir de]. z°n ¤k toè sukofanteÝn viver da delação [de ser sicofanta]. ploæsioi ge
gñnasin ¤k tÇn êmet¡rvn (Lís., 28, 8) eles ficaram ricos às vossas custas [a par
tir de vossos bens]. ¤j n gkhw por necessidade, a partir da necessidade.
mur06.p65
565
22/01/01, 11:39
566
os invariáveis: preposições
¤k xeirñw de perto [ao alcance da mão, a partir da mão]. ¤k tÇn parñntvn a parti
r das coisas [circunstâncias] presentes. ¤k tÇn loipÇn a partir do restante [par
a o futuro]. ¤k toè ¤mfanoèw a partir do manifesto, a descoberto. Como as outras
preposições, ¤k / ¤j se presta a composições com verbos, semanticamente compatí
veis; também nesse caso podemos observar duas regências , isto é, se a relação de l
ugar está expressa, ela está no genitivo-ablativo: ¤j¡lyete dñmvn saí dos aposen
tos. mas se, além da relação espacial houver um complemento do verbo, esse estar
á no caso conveniente: ¤j gete dñmvn tòn doèlon retirai dos aposentos o escravo. P
ode acontecer também que o significado da preposição se funda com o significado
verbal e com ele produza um todo significativo; nesse caso observamos que ¤k / ¤
j trazem ao verbo uma idéia: ou de um início abrupto da ação: ¤kgel v irrompo numa
gargalhada ou de um acabamento, esgotamento da ação: ¤jerg zomai eu executo, real
izo, completamento (a obra). Vê-se aí uma fusão de significados, o que leva algu
ns gramáticos a denominar essas preposições de prevérbios vazios. Não cremos que
a multiplicação de epítetos contribua de maneira eficiente para tornar claras a
s relações entre as palavras. O que acontece nesse caso, como em muitos outros d
e verbos ou nomes compostos, é uma ampliação do significado primeiro, original,
do advérbio/preposição; mas nunca há um esvaziamento do significado. A linha sem
ântica se mantém; só ela é a segurança do falante.
mur06.p65
566
22/01/01, 11:39
os invariáveis: preposições
567
Ek w, §kaw Longe, distante. Genitivo, naturalmente. lÛhn g r nhÇn ¥k w —lyomen (J, 469)
pois chegamos bem longe das naus. Ektñw [¦ktos-yen] fora de. Relação espacial em
que o enfoque não está na relação para fora de , mas sim sobre o complemento restr
itivo, limitativo: fora do quê? Genitivo, naturalmente. ¤ktñw tinvn ôlÛgvn posb¡n
nuntai (Plat., Rep., 498a) fora um pequeno número, eles se estinguem. ¤ktòw t°w
²met¡raw öcevw (Plat., Rep., 499c) fora de nossa visão [do alcance de]. kæmatow
¤ktòw ¦erge n°a (M, 219) segura a nau fora da onda [do alcance de]. zhlÇ s õyoæne
k ¤ktòw aÞtÛaw kureÝw (Ésquilo, Prom., 330) eu te invejo pelo que te achas fora d
e culpa. En -¤g- antes de g,k,x, -¤m- antes de b,p,f - (Hom. ¤nÛ, eÞnÛ, eÞn)(lati
m: in, inter), em, dentro de (estático), no meio de (estático), nas relações de
espaço e de tempo, sentido concreto ou figurado. Locativo (dativo de lugar para
as gramáticas). ¤n Ay naiw em Atenas. ¤n t» pñlei na cidade [nesta cidade]. ¤n t»
Ell di na Grécia.
mur06.p65
567
22/01/01, 11:39
568
os invariáveis: preposições
¤n Aidou (oàkÄ) no Hades [na casa de]. ² ¤n SalamÝni naumaxÛa a batalha naval em
[de] Salamina. ² ¤n MarayÇni m xh a batalha de [em] Maratona. tñte t‾n ¤n NotÛÄ ¤n
Ûkhse naumaxÛan (Xen., Hel., 2, 1, 6) Então [Lisandro] foi vencedor da batalha n
aval em Notium. ¤n d mÄ l¡gein falar no meio do povo. ¤n nomoy¡taiw nñmon y¡syai
colocar [estabelecer, fazer] uma lei, entre legisladores [nas mãos de], [no mei
o de]. ¤n m rtusin entre as testemunhas. ¤n toætoiw entre esses, entre essas coisa
s. ¤n p¡ltaiw, tñjoiw diagvnÛzesyai combater em meio a escudos, arcos. ¤n ÷ploiw
pareÝnai estar em armas [de prontidão]. ¤n ôfyalmoÝw õr n ver diante dos olhos, n
os olhos. ¤n toætÄ tÒ ¦tei nesse ano. ¤n ôlÛgaiw ²m¡raiw em poucos dias [dentro
de]. ¤n tÒ ¤mÒ lñgÄ me ¤legj tv (And., Mist., 35) que ele me refute no meu discurs
o [meu tempo de falar]. ¤n tÒ ¤mÒ ìdati (Dem., Cor., 139) na minha água [durante
o meu tempo da clepsidra].
mur06.p65
568
22/01/01, 11:39
os invariáveis: preposições
569
¤n ôrg» ¦xein tin ter alguém em ódio [guardar raiva de alguém]. ¤n soÜ p nta ¤stÛn
(Xen., Ec., 7, 14) tudo está [apoiado] em ti [tudo depende de ti]. ¤n tÒ yeÒ tò
t°w m xhw t¡low o fim [êxito] da batalha está na divindade [apoiado em, nas mãos d
e]. ¤n soÜ túw ¤lpÛdaw ¦xousi t°w aêtÇn svterÛaw Em ti eles colocam as esperança
s de sua própria [deles mesmos] salvação, (Isócr., 5, 55) ¤n tÒ dikaÛvw rxein ² p
ñliw sÅzetai no governar com justiça a cidade é salva. Kèrow ¤paideæyh ¤n PersÇn
nñmoiw Ciro foi educado nas leis dos persas. ¤n t¡xnú tinÜ eänai ser [estar] há
bil em alguma arte. ¤n kairÒ no momento oportuno. ¤n t jei em fileira, [em ordem u
nida]. Como as outras preposições, também ¤n se compõe com verbos semanticamente
compatíveis e acrescenta o seu significado ao do verbo. Algumas vezes, contudo,
há uma aparente inflexão à regra: nos casos em que ¤n, que tem significado está
tico, se compõe com verbos de movimento. Já vimos isso ao comentarmos a preposiç
ão eÞw (¤mpÛptv / eÞspÛptv); depende do ponto de vista, em que o enfoque se faz:
sobre o movimento ou sobre o lugar onde: cair para dentro / cair dentro
mur06.p65
569
22/01/01, 11:39
570
os invariáveis: preposições
En-anta / ¦nanti / ¤nantÛon Em face de, em presença de. Seriam dois acusativos ad
verbiais ou acusativos de relação, petrificados (¦nanta - ¤nantÛon) e um locativ
o petrificado (¦nanti). O genitivo de complemento nominal delimitativo, restriti
vo, de separação é natural. ¤nantÛon p ntvn l¡gein (Tuc., 6, 25, 1) falar diante de
todo o mundo, do lado oposto, contrário. oß m¢n yeoÜ nta yeÇn àsan (U, 75) os de
uses foram contra deuses. ² kardÛa sou oék ¦stin eéyeÛa ¦nanti toè Yeoè (Atos Ap
óst., 8, 21) o teu coração não está direito diante de Deus. Eneka / eáneka / §nek
en Por causa de, pela razão de ser de um fato, em vista de. Também seria um acus
ativo petrificado e o genitivo se explica pela necessidade do complemento delimi
tativo, determinativo, restritivo ou de separação, na medida em que a idéia de po
r causa de implica também na idéia de em troca de . Sempre posposto ao nome. Repousa
ria sobre um antigo tema significando vontade *Wekat-, *Wekht-, §kati/§khti. ìbr
iow §neka t°sde (A, 110) por causa desta ofensa [em razão de]. dokeÝ... oðtow...
dedhlvk¡nai ÷ti ret°w g §neka kaÜ toè beltÛvn gen¡syai p n n pantÜ proyumhyeÛh (Pla
t., Banq., 195b) ele parece ter deixado claro que por causa da virtude e de se t
ornar melhor desejaria tudo por tudo. Apñllvnñw g §khti (u, 86) por vontade de Apo
lo. ¦rgou d §kati toède mhnÛsaw (Sóf., Traq., 274) tendo-se irritado por causa de
ste ato
mur06.p65
570
22/01/01, 11:39
os invariáveis: preposições
571
Entñw Dentro de (latim - intus) O enfoque está na relação locativa dentro de , situa
ção de imobilidade, mas sobretudo no complemento limitativo, restritivo: dentro
do quê? Genitivo, naturalmente. ¤yn¡vn tÇn ¤ntòw Aluow potamoè (Hdt., 1, 6) dos p
ovos de dentro do rio Hális [do lado de cá]. ¤ntòw ¥sp¡raw (Xen., Cir., 4, 11) d
entro da tarde [antes da noite]. ¤ntòw draxmÇn pent konta (Plat., Leis, 953) den
tro de 50 dracmas [não passa de]. katoikoèmen ¤ntòw ÷rvn HrakleÛvn (Plat., Tim.,
24c) nós habitamos dentro, [do lado de dentro, de cá] das colunas de Hércules. ¤
ntòw oé polloè xrñnou (Antif., Assas. de Her., 69) dentro de [no decorrer de] nã
o muito tempo. ¤ntòw triÇn mnÇn kekt°syai (Arist., Gov. dos At., 49, 4) possuir
[estar de posse de] dentro de (cerca de) 3 minas [não além de]. Ejv Fora de (lati
m foras, foris) O enfoque não está na relação de lugar de onde no sentido de prove
niência, mas no enfoque sobre o complemento limitativo, restritivo: fora do quê?
Genitivo, naturalmente. ¦jv teÛxouw Þ¡nai, (Plat., Fedro, 230b) ir fora das mur
alhas [do lado de fora]. ¦jv toætvn Ïn eàrhkaw (Xen., Hier., 1, 7) fora dessas c
oisas que disseste.
mur06.p65
571
22/01/01, 11:39
572
os invariáveis: preposições
Ejvyen O mesmo que o anterior, apenas reforçado com a partícula -yen, que enfatiz
a a idéia de separação. Genitivo naturalmente. sugkay menoi ¦jvyen tÇn ÷plvn ¤ja
Ûfnhw koæomen yoræbou polloè (Xen., 5, 7, 21) reunidos, instalados desarmados (fo
ra dos equipamentos), de repente ouvimos muita algazarra. Ep¡keina Do lado de lá,
ultrapassando, ulteriormente; idéia de separação. Genitivo, naturalmente. n¡bain
on toè HerakleÛou ¤p¡keina (Xen., Hel., 5, 1, 10) eles subiram além do [templo] d
e Heraclés. õrm n eÞw tò ¤p¡keina t°w g°w (Plat., Féd., 112b) dirigir-se até além
da terra. EpÛ ¤p- diante de vogal não aspirada, ¤f- diante de vogal aspirada). Em
cima, sobre (contato pleno, estático) > locativo (dat. nas gramáticas), idéia d
e acréscimo, superposição. Sentido figurado: acréscimo; sobre, apoio parcial (po
ntual) > genitivo (partitivo). Sobre / para cima de, com movimento, direção, int
enção > acusativo. Locativo: ¤pÜ xyonÜ sÝton ¦dontew que comem pão no chão [sent
ados no chão]. oß AyhnaÝoi eäxon ¤mpñrion ¤pÜ tÒ stñmati toè Strumñnow os atenien
ses mantinham um entreposto na embocadura do Strimon. ¤pÜ t» yal ttú oÞkeÝn habita
r sobre o mar [à margem de, na orla, em cima].
mur06.p65
572
22/01/01, 11:39
os invariáveis: preposições
573
oß ¤pÜ p si os sobre todos [os que seguem o exército], a retaguarda. ¤pÜ tÒ trÛtÄ
shmeÛÄ §pesy¡ moi [no] sobre o terceiro sinal, [em cima do terceiro sinal] acomp
anhai-me. oß ¤pÜ toÝw kam loiw os sobre os camelos [os que vigiam sobre, os enca
rregados]. ¤pÜ toÝw ¦rgoiw diatrÛbein ocupar-se com os trabalhos [passar o tempo
sobre os trabalhos]. ¤pÜ toÝw polemÛoiw eänai estar sobre os inimigos [sobre os
inimigos, em cima de, em posição de ataque]. xaÛrein ¤pÛ tini alegrar-se com al
guma coisa [baseado em]. ganakteÝn ¤pÛ tini contrariar-se com [sobre] alguma cois
a, [reclamar]. ¤pÜ tñkoiw daneÛzein emprestar sobre juros. ¤pÜ êmÝn keÝtai õ nñm
ow sobre [contra] vós jaz [está disposta] a lei. l¡gein ¤pÛ tini fazer um discur
so sobre algo/alguém. tò ¤p ¤moÛ no que está sobre mim [quanto a mim, no que me c
oncerne]. tò ¤pÜ p si toÝw sÅmasi k llow (Plat., Banq., 210a) a beleza que está em [
sobre] todos os corpos. toÝw polemÛoiw p nthsan ¤pÜ toÝw ôrÛoiw t°w BoivtÛaw (Lic
of., C. Leócr., 47) eles se encontraram com os inimigos sobre as fronteiras da B
eócia [perto de]. ¤f pasin ²mÝn nÛstatai Dhmosy¡nhw (Ésqn., Emb., 49) sobre todos n
ós Demóstenes se sobrepõe [está por cima].
mur06.p65
573
22/01/01, 11:39
574
os invariáveis: preposições
semnænesyai ¤pÜ taÝw tÇn progñnvn retaÝw, (Isócr., 16, 29) orgulhar-se sobre as v
irtudes dos antepassados. gevrgÛai ¤pÜ metrÛaiw misyÅsesi (Isócr., Aerop., 32) a
rrendamentos sobre contratos [pagamentos] moderados. ¤pÜ àsú kaÜ õmoÛ& (Tuc., 1,
27, 1) sobre [condição] igual e parecida [semelhante]. tÒ g r ¤pÜ fresÜ y°ke ye le
ukÅlenow Hrh (A, 55) a este a deusa de braços alvos, Hera, pôs na mente [por inte
iro]. fñnow ¤pÜ fñnÄ xea t xesin (Eur., If. T., 197) assassinato sobre assassinato,
dores sobre dores. p ggellon oß pr¡sbeiw ¤f oåw oß Lakedaimñnioi poioÝnto t‾n eÞr
nhn (Xen., Hel., 2, 4, 32) Os embaixadores passaram a anunciar sobre que [condi
ções] os Lacedemônios fariam a paz. ¤pÜ soÜ m la poll ¦payon (I, 492) sobre ti [em
cima de ti, por causa de ti] eu sofri muitas coisas. t‾n genom¡nhn ¤pÜ tÒ M dÄ s
ummaxÛan (Tuc., 1, 102) a aliança acontecida sobre o Medo [rei da Pérsia] [às cu
stas de]. Éw —n ´liow ¤pÜ dusmaÝw (Xen., An., 7, 3, 34) como o sol estava sobre
seu poente. ¤pÜ soÛ ¤sti l¡gein (Xen., Mem., 6, 36) está sobre ti falar [tu pode
s, está em teu poder ...]. ¤pÜ tÒ sÛtÄ eéyæw rxÅmeya pÛnein ìdvr (Xen., Cir., 6,
2, 27) sobre os alimentos [depois de] imediatamente [direto] comecemos a tomar á
gua. ¤pÜ toætoiw em cima dessas coisas, sobre, depois. plhg w labeÝn ¤pÛ tini (Xen
., Cir., 1, 3, 16) receber pancadas a propósito de algo [sobre, por causa de].
mur06.p65
574
22/01/01, 11:39
os invariáveis: preposições
575
¤pÜ m¢n ¤pÇn poi sei Omhron m lista teyaæmaka, ¤pÜ d¢ tragÄdÛ& Sofokl¡a ¤pÜ d¢ ndria
ntopoiÛ& Polækleiton ¤pÜ d¢ zvgrafÛ& Zeèjin (Xen., Mem., 1, 4, 3) sobre [na] a p
oesia épica eu admiro [estou admirado] sobretudo Homero; sobre [na] a tragédia,
Sófocles; sobre [na] a escultura [estatuária] Políclito e sobre [na] a pintura [
de animais] Zeúxis. Genitivo: (partitivo, metafórico). Kèrow proéfaÛneto ¤f rmatow
Ciro aparecia na frente sobre a carruagem (apoio parcial). t» ¤pÜ Yr khw as regiõ
es sobre a Trácia (limítrofes a/uma parte de). ¤pÜ S mou pleÝn navegar sobre Samos
(metonímia > um ponto qualquer de Samos). O genitivo marca com freqüência a idé
ia contrária (contra), também com outras preposições. Há coerência nisso; na rel
ação contra, além do impulso, movimento (acusativo) podemos ver o espaço que sep
ara, o ponto de partida ou a diferença de cima para baixo (genitivo). ¤pÜ KroÛso
u rxontow sobre Creso reinante [num ponto qualquer do reinado de Creso, em Creso
reinante, no reinado de Creso]. ¤pÜ toè prot¡rou pol¡mou num momento, num ponto
qualquer da guerra anterior. oß ¤pÜ pragm tvn os que estão sobre os negócios (meta
fórico). Alkibi dhw ¦plei ¤pÜ t°w ¤m°w neÅw (Lís., 21, 6) Alcibíades viajava no meu
barco (apoio pontual, parcial). yæein ¤pÜ tÇn bvmÇn (Xen., Mem., 1, 1, 12) ofer
ecer sacrifício sobre os altares (apoio pontual). õr n —n ¤pÜ tÇn yurÇn gunaÝkaw (
Licof. C, Leócr., 40) era possível ver mulheres nas portas (apoio pontual).
mur06.p65
575
22/01/01, 11:39
576
os invariáveis: preposições
kat skopon p¡mcai ¤pÜ LudÛaw (Xen., Cir., 6, 1, 31) enviar um espião à Lídia (meto
nímia, pontual). nexÅrhsan ¤p oàkou (Tuc., 1, 30, 2) eles se retiraram para casa (
metonímia). parelyÆn ¤pÜ Yr khw (Dem., Cor., 87) tendo-se apresentado na Trácia (m
etonímia). ¤p ¤jousÛaw kaÜ ploætou poneròn eänai (Dem., Mid., 138) ser malvado no
poder e na riqueza (metonímia). ll ¤pÜ p ntvn faÛnetai proúrhm¡now m êbrÛzein (Dem.,
Mid., 38) mas é visível que sobre todas as coisas ele, deliberadamente se dispõ
e a me provocar (metafórico). eäpen, ¤pÜ kaloè l¡gvn paidñw eélabeÝsyai (Plat.,
Cárm., 155b) ele disse, falando sobre um belo rapaz, para tomar cuidado (metafór
ico) ¤pÜ tÇn delfÇn tò aétò toèto gnooèsin (Xen., Mem., 2, 3, 2) essa mesma coisa
eles desconhecem sobre [seus] irmãos (metafórico). ¤pÜ tÇn llvn õr te taèt ¤f êmÇn aé
tÇn gnoeÝte (Isócr., Paz, 114). as coisas que vós olhais [vedes] sobre os outros,
essas vós ignorais sobre vós mesmos (metafórico). ¤pÜ k¡rvn em colunas [alas] (
metafórico). ¤pÜ kairoè a propósito [sobre a oportunidade] (metafórico). ¤pÜ kef
alaÛvn por capítulos [por resumos] (metafórico). ¤pÜ t°w ôligarxÛaw sob a oligar
quia, [na oligarquia] (num momento > pontual > partitivo). ¤pÜ t°w dhmokratÛaw s
ob a democracia, [na democracia] (num momento > metafórico/ pontual).
mur06.p65
576
22/01/01, 11:39
os invariáveis: preposições
577
¤f ²mÇn nos nossos dias (num momento > metafórico/pontual). ¤pÜ kefal°w f¡rein ti
(Xen. An.4.3.6) portar algo sobre [na] cabeça (metafórico/pontual). Acusativo:
sobre, em cima de, associado à idéia de movimento, finalidade, intenção. nabaÛnei
n ¤f áppon montar a cavalo, subir no cavalo (movimento). ¤pÜ p san t‾n AsÛan por tod
a a Ásia (extensão). ¤pÜ d¡ka ¤tÇn misyoèn contratar por dez anos (extensão). st
rateæein ¤pÛ tina fazer uma expedição contra [sobre] alguém (movimento). bohyeÝn
¤pÛ tina vir em socorro a alguém. ¤pÜ y ran Þ¡nai ir com intenção de caçar. ¤p a
étò toèto p reimi é para isso mesmo que estou presente. Éw ¤pÜ tò polæ como muitas
vezes, [como sobre outras vezes]. tò ¤p ¤m¡ no que me concerne. àtv tiw ¤f ìdvr (
Xen., Cir., 5, 3, 50) alguém vá à água [vá buscar água, vá por água]. yuom¡nÄ aé
tÒ ¤pÜ treÝw ²m¡raw oék ¤gÛgneto t ßer (Xen., An., 6) a ele [Cleandro] que ofereci
a sacrifícios por três dias [sobre três dias] não aconteciam sinais sagrados [pr
esságios].
mur06.p65
577
22/01/01, 11:39
578
os invariáveis: preposições
õ Efi lthw kayÛzei ¤pÜ tòn bvmñn, (Arist., Gov. dos At., 25, 3) Efialtes vai sentar
-se sobre o altar (mov.). ¤p ret‾n gein toçw n¡ouw (Xen. Caça, 13, 1) conduzir os j
ovens para a virtude. ¤p spÛda (Xen., Cir., 7, 5, 6) sobre [contra] o escudo [isto
é, sobre a esquerda] ¤pistrateæein ¤pÜ toçw ¤nageÝw, (Ésqn., C. Ctes., 108) faz
er uma expedição sobre [contra] os ímpios. tò ömma dænatai ¤pÜ poll st dia ¤jikneÝs
yai (Xen., Mem., 1, 4, 17) a vista é capaz de chegar [completamente] (alcançar)
sobre muitos estádios. ¤pÜ §j µ ¥pt ²m¡raw nyÅrmoun (Tuc., 2, 86, 5) por [sobre =
duração] 6 ou 7 dias eles estavam ancorados. ¤pÜ ¦th trÛa toçw tÇn tur nnvn fÛlouw
Èstr kizon (Aristót., Gov. dos At., 22, 6) por três anos [sobre] eles exilavam os
amigos dos tiranos. aßroèntai d¡ka tÇn politÇn aétokr toraw ¤pÛ t‾n toè pol¡mou k
at lusin (Aristót., Gov. dos At., 38, 1) eles escolhem dez plenipotenciários dentr
e os cidadãos para a cessação da guerra. oß YhbaÝoi p¡mpousin ¤pÜ duoÝn tri roin
ndraw ¤pÜ sÝton (Xen., Hel., 5, 4, 56) os tebanos enviam homens sobre duas trirr
emes para [buscar] trigo, [por trigo]. ¤pÜ p n sobre tudo [em relação a tudo]. ¤pÜ
pñda pé sobre pé. ¤p àson [sobre igual] igualmente. —lye ¤pÜ n°aw AxaiÇn (A, 12)
ele chegou às [sobre] naus dos Aqueus.
mur06.p65
578
22/01/01, 11:39
os invariáveis: preposições
579
÷ss te gaÝan ¦pi pneÛei te kaÜ §rpei (P, 447) quantos [seres] respiram e rastejam
[por] sobre a terra. ²meÝw g r gnoÜ toépÜ [tò ¤pÜ] t nde t‾n kñrhn (Sóf., Ant., 88
9) na verdade nós estamos puros no que se refere a [no que é sobre] esta jovem.
EéyeÛan eéyæ, eéyæw Direto, rumo a, na direção de, com complemento limitativo, r
estritivo, partitivo, pontual. Genitivo, naturalmente. eéyeÛan é um acusativo de
relação e contém implícita õdñn (caminho, rota, roteiro). Eéyæ é o neutro no ac
usativo de relação e eéyæw é uma variante do anterior, apenas com o -w protegend
o a vogal. ¦pleon eéyç L¡sbou (Xen., Hel., 1, 2, 11) eles navegavam direto para
Lesbos [para um ponto de Lesbos - noção partitiva].
Evw Até, na direção de. Com idéia de movimento sugere um acusativo de direção. Ma
s quando prevalece o enfoque do ponto de chegada, a idéia de contato sugere o ge
nitivo partitivo. §vw oð p¡dejan p saw aét w (Hdt., 2, 143) até que (o que) eles fizer
am a exposição de todas (as estátuas).
mur06.p65
579
22/01/01, 11:39
580
os invariáveis: preposições
Kat kat antes de vogal não aspirada, kay antes de vogal aspirada. de cima para baix
o, extensão sobre uma coisa, deslizante; daí às vezes tem um sentido distributiv
o, em relação a alguma coisa, uma direção para alguma coisa, no tempo e no espaç
o, acusativo (concreto e figurado); de cima para baixo, perpendicular (ou partit
ivo, contato com a superfície), abrupto (adv. k tv - em baixo), daí contra (concre
to e figurado), genitivo. Genitivo: b° d¢ kat Oélæmpoio kar nvn (A, 44) ele desce
u dos cimos do Olimpo. taèta m¢n d‾ kat p ntvn PersÇn ¦xomen l¡gein (Xen., 1, 2, 16
) são, na verdade, essas as coisas que temos a dizer contra os Persas todos. kat
xyonòw ¦kruce (Sóf. Ant. 24) ela enterrou [o irmão] debaixo da terra [para baixo
da terra > partitivo]. tòn kat g°w (Xen., Cir., 4, 6, 5) o debaixo da terra [par
a baixo > partitivo]. áento kat pranoèw ghlñfou (Xen., An., 1, 5, 8) eles se lanç
avam da descida da colina. ¤leÛbeto aét» t d krua kat tÇn pareiÇn (Xen. Cir., 6, 4,
3) As lágrimas escorriam-lhe pelas faces. mæron kat t°w kefal°w kataxeÝn (Plat.,
Rep., 398a) fazer escorrer perfume de sobre a cabeça. ² d¢ AtlantÜw n°sow kat t°w
yal tthw dèsa ±fanÛsyh (Plat., Tim., 24c) a ilha Atlantis [Atlântida] tendo mergul
hado no mar [para baixo, mar abaixo] desapareceu. oék Êknoun kat aétoè l¡gein Fil
Ûppou (Ésqn., Emb., 30) eu não tinha medo de falar contra o próprio Filipe.
mur06.p65
580
22/01/01, 11:39
os invariáveis: preposições
581
t‾n eÞr nhn kat t°w patrÛdow throèsin (Dem., Cor., 89) eles procuram a paz contra
a pátria. trñpaion st somen kay ²mÇn aétÇn (Isócr., Arq., 10) nós levantaremos u
m troféu contra nós mesmos. polçw ¦painow —n kat t°w ²met¡raw pñlevw (Ésqn., C. C
tes., 124) havia um grande louvor contra nossa cidade (na direção de, a respeito d
e: metáfora]. kat t°w g°w êpodæomai épò t°w aÞsxænhw koævn taèta (Xen., An., 7, 7,
11) eu me enfio na terra [sob a terra] sob efeito de vergonha ouvindo [ao ouvir
] essas coisas. prÇton m¢n mnhsy somai, Î ndrew, ù teleutaÝon kat ¤moè eäpe (Xen.,
Hel., 2, 32, 35) em primeiro lugar vou relembrar, senhores juízes, o que por úl
timo ele [Crítias] falou contra mim. m rturaw parasxeÝsyai kat tinow (Plat., Górgia
s, 472a) apresentar testemunhas contra alguém. Acusativo: ¦pleon kat tòn potamñn
(Hdt., 3, 109) eles navegavam descendo o rio. kat t‾n poreÛan (Ésqn., Emb., 56) n
o curso da expedição [acompanhando]. tò ìdvr kat toçw t frouw ¤xÅrei (Xen., Cir., 7
, 5, 16) a água se escorria pelas trincheiras. proelyeÝn kat t‾n õdñn (Xen., An.,
4, 2, 16) avançar pelo caminho [seguindo o caminho]. ¦sthsen Erm w kat t w õdoæw (Pla
t., Híp., 228b) ele erigiu Hermas ao longo dos caminhos. plan tai f mh kat t‾n pñli
n (Ésqn., C. Tim., 127) um boato paira sobre a cidade (se estende).
mur06.p65
581
22/01/01, 11:39
582
os invariáveis: preposições
¦xidnai kat p san t‾n g°n eÞsi (Hdt., 4, 44) há víboras por todo o país. kat g°n kaÜ
kat y lattan (Xen., Hel., 2, 1, 10) por terra e por mar. ¦kplhjin kat te toçw groçw
kaÜ ¤n t» pñlei ¤poÛhse (Xen., Hel., 4, 7, 3) ele provocou uma estupefação nos c
ampos [pelos campos: acusativo de extensão] e também na cidade (locativo). keÝta
i ² KefallhnÛa kat AkarnanÛan (Tuc., 2, 30, 2) a Cefalênia está situada à altura d
a Acarnânia. Éw kat Abrad tan ¤g¡neto ¦sth (Xen., Cir., 7, 1, 13) assim que ele acont
eceu [chegou] à altura de Abradata, estacionou. ¦yento t ÷pla kat t‾n õdòn t‾n ¤pÜ
t‾n kr n f¡rousan (Xen., An, 5, 2, 19) colocaram as armas ao longo da rua que levav
a à parte alta da cidade [cidade alta]. oß kat toçw Ellhnaw tetagm¡noi (Xen., An.,
2, 3, 19) os que estavam organizados [enfileirados] contra os gregos. Aqui o ac
usativo enfoca mais o movimento, a intenção, do que o espaço que separa. õ Lukoè
rgow kat toçw HrakleÛdaw l¡getai gen¡syai (Xen., Rep. dos Lac., 10, 8) dizem que L
icurgo existiu no tempo dos Heráclidas. m¡gistow —n tÇn kay aêtñn (Xen., Hel., 6,
4, 28) [ Jasão] era superior aos do seu tempo (relação). ¤ n tiw kat ti kakòw gÛgn
htai kolast¡ow ¤stÛn (Plat., Górg., 527b) se alguém se torna mau em alguma coisa
[segundo, quanto a] deve ser punido. eédaÛmonew gegñnasi kat p nta (Hipér., Or. Fú
n., 42) eles se tornaram [estão] felizes sob todos os pontos de vista [segundo t
odas as coisas].
mur06.p65
582
22/01/01, 11:39
os invariáveis: preposições
583
tÇn kay ¥autoçw nyrÅpvn risteæsantew (Xen., Mem., 3, 5, 10) tendo-se distinguido co
mo os melhores dentre os homens de seu tempo [em relação a eles mesmos, segundo
eles mesmos]. deÝpnon kat fÇw ¤poioèto pur d¢ næktvr oék ¦kaon (Xen., Cir., 3, 3,
25) eles faziam [tomavam] as refeições com a luz (do dia) e não acendiam fogueir
as à noite. poreæesyai kat t àxnh (Xen., Caça, 8, 2) marchar (caminhar) seguindo (
segundo) as pegadas. kat t‾n manteÛan toè yeoè (Ésqn., C. Ctes., 108) segundo [co
nforme] o oráculo da divindade. kat dñgma boul°w (Xen., Hel., 6, 5, 33) conforme
decisão [parecer] do Conselho. kat PÛndaron (Plat., Fedr., 227b) segundo Píndaro.
kay ÷son oåñw te eÞmÛ (Plat., Banq., 212b) o quanto eu sou capaz [segundo, confo
rme o quanto]. kat spoud‾n feægein (Xen., An., 7, 6, 28) fugir com presteza. ¤gÆ
y¡lv diabib sai êm w kat tetrakisxilÛouw õplÛtaw (Xen., An., 3, 5, 8) quanto a mim, e
u quero vos passar à razão de 4.000 soldados por vez (distributivo). poina...dæo
mn¡ai tatagm¡nai kat ndra aÞxm lvton ¤ktÛnein (Hdt., 6, 76) estavam estipuladas como
resgate duas minas a pagar por cada homem prisioneiro (distributivo). kay ¥k sthn
t‾n ¤kklhsÛan (Dem., Emb., 170) a cada assembléia (distributivo). krin¡syvn oß nd
rew kay §na §kaston (Xen., Hel., 1, 7, 23) que esses homens sejam julgados um por
um (distributivo).
mur06.p65
583
22/01/01, 11:39
584
os invariáveis: preposições
kat m¡row ful ttein (Xen., An., 5, 1, 9) montar a guarda por partes [por destacamen
to > distributivo]. kat smikròn pokrÛnesyai (Plat., Prot., 338c) responder por par
tes [em detalhes] (distributivo). toçw kat xilÛouw poyn¹skontaw tÛw n riym seien (Is
ócr., Paz, 87) os que morrem [morriam] aos milhares (distributivo) quem os conta
ria [poderia contar]?! ¤j¡pemc¡n me ma kat ¤mporÛan kaÜ kat yevrÛan (Isócr., Trapez
., 4) ele me enviou em vista de comércio e ao mesmo tempo para observação (em re
lação a). kat kr tow (Dem.) à força. kat mñnaw (Xen.) a cada uma, separadamente. kat
ôlÛgouw (Tuc.) pouco a pouco [aos poucos]. kat mikrñn (Aristót.) pouco a pouco [a
os poucos]. kay ²suxÛan (Dem.) em paz [em tranqüilidade]. kat m¡row (Tuc.) em part
e. kat m¡rh (Plat.) por partes [em detalhe]. kat trñpon (Isócr.) com modo [de mane
ira conveniente]. kat braxæ (Tuc.) aos poucos [pouco a pouco]. kat t xow (Tuc.) às p
ressas [com pressa].
mur06.p65
584
22/01/01, 11:39
os invariáveis: preposições
585
kat pñdaw (Tuc.) rapidamente [segundo os pés]. aétòw kay aêtñn (Isócr.) ele por el
e mesmo [ele por si]. kat =ñon segundo [seguindo] a corrente. kat tò eéÅnumon k¡ra
w pela ala esquerda [seguindo a ala]. kat ¤keÝnon tòn xrñnon naquele tempo, por a
queles tempos. oß kay ²m w os no nosso tempo [os segundo nós]. tò kat rx w do começo, q
uanto ao começo, pelo começo. kat treÝw três a três. kat fèla por [cada] tribo. ka
y ²m¡ran durante o dia [segundo o dia]. Em composição com verbos, kat significa pa
ra baixo descendo, seguindo o processo, e por isso às vezes, seguindo até o fim,
esgotando o processo verbal (acusativo) ou então com enfoque sobre o ponto de par
tida se exprime pelo genitivo-ablativo; nesses casos a idéia de contra aparece n
aturalmente; com verbos de opinião ou sensação passa a exprimir opinião ou sensa
ção desfavorável, contrária. Aqui também, como nos outros compostos, podem apare
cer dois casos: o exigido pela relação da preposição e outro exigido pela relaçã
o do verbo com seu complemento. katab seo dÛfrou (E, 109) desce da carruagem! (p
onto de partida).
mur06.p65
585
22/01/01, 11:39
586
os invariáveis: preposições
oéd¢n genn¢w êmÇn katagignÅskv (Dem., 21, 152) eu não penso contra vós nada infam
ante (julgamento desfavorável, acusação, contra). tÛnew kat°rjan, pñteron Ellhnew
, m xhw; (Ésq., Pers., 351) quem começou [começaram] a guerra, acaso foram os greg
os? (entrada no processo verbal). oìtv l¡geiw µ ¤gÆ oék ôryÇw katamany nv; (Plat.,
Parm., 128a) tu estás afirmando assim ou sou eu que não estou entendendo bem (e
xtensão e acabamento do processo verbal). pñteron... toçw fælakaw kayistÇmen (Pl
at., Rep., 421b) ou nós vamos estabelecer (deliberativo) os guardiães [completam
ente].
katabaÛnein kat¡rxesyai katakñptein katak ein katafageÝn katagoreÝn katagoreæein k
atagel n katadik zein katapolemeÝn katadapan n katatiy¡nai descer, (andar para baixo)
chegar descendo, voltar abater, cortar completamente pôr fogo, incendiar (e quei
mar) completamente comer completamente, consumir acusar, falar de cima para baix
o de-clamar, de-nunciar, de-nominar (praedicare) rir de cima para baixo, zombar,
ridicularizar proferir sentença contra (de cima), condenar guerrear completamen
te, vencer na guerra gastar tudo, esbanjar de-por
Katantikræ (ver ntikræ)
mur06.p65
586
22/01/01, 11:39
os invariáveis: preposições
587
Katñpin Atrás, depois, mais tarde. Acusativo petrificado. Idéia de separação no
espaço e no tempo. Genitivo, naturalmente. katñpin ¥ort°w ´komen (Plat., Górg.,
447a) chegamos depois da festa. katñpin ²mÇn ¤peis°lyon Alkibi dhw te kaÜ KritÛaw (
Plat., Prot., 216a) depois [atrás] de nós sobrevieram Alcibíades e Crítias.
Kræfa / kræpta Às escondidas, à socapa. Idéia de afastamento, separação. Acusati
vo petrificado. Genitivo, naturalmente. êp¡sxonto kræfa tÇn AyhnaÛvn (Tuc., 1, 10
1, 2) eles prometeram às escondidas dos atenienses. kræfa patrñw (Pínd., Pít., I
II) às escondidas do pai.
L yra / l yr& Escapando ao conhecimento de, sem o conhecimento de. Idéia de separaçã
o. Acusativo e instrumental petrificados. Genitivo, naturalmente. taèt ¤poi sato
l yr& toè ndrñw (Xen., Cir., 6, 4, 2) ela fez [fizera] essas coisas sem o conhecime
nto do marido.
mur06.p65
587
22/01/01, 11:39
588
os invariáveis: preposições
Met met antes de vogal não aspirada, mey antes de vogal aspirada. no meio de, parti
cipação dos dois, contato físico de parte (partitivo), metope: espaço (que se vê
) entre dois triglifos no meio de, entre, com (alguém carregado, entre, no meio
de pacotes > com): Genitivo, naturalmente. Essa idéia favorece o emprego no sent
ido figurado igual a com, no meio de, entre, contato, participação; sinônimo de
em, dentro de com enfoque sobre o espaço e não sobre o contato: Locativo (dativo
locativo nas gramáticas); é pouco usado por haver outras preposições que exprim
em essa idéia. Com movimento, mudando de um para outro, entrada num (outro) grup
o; mudança de posição interna ou externa; transformação com idéia temporal de se
qüência e posterioridade, sucessão (depois de): Acusativo Nos verbos compostos:
mudança, transformação, participação. Genitivo: met ¤moè xaÛrousi diatrÛbontew (P
lat., Apol., 33b) eles se comprazem passando o tempo comigo [entretendo-se]. mey
êmÇn kekinduneækamen (Xen., Hel., 2, 4, 20) nós corremos risco convosco [no meio
de vós, participantes]. met parrhsÛaw l¡gv (Dem., Fil., 3, 3) eu estou falando c
om franqueza. d¡omai êmÇn met eénoÛaw kro sasyai (Iseu, 6, 1) eu vos peço [de vós] (
de) me ouvirdes com benevolência. met toè nñmou Õmhn m llñn me deÝn diakinduneæein
µ mey êmÇn gen¡syai (Plat., Apol., 32b) eu pensava dever suportar os perigos mais
com a lei (participante) do que estar junto a vós [no meio de]. IndÇn basileçw m
et toè ±dikoum¡nou ¦stai (Xen., Cir., 2, 4, 7) o rei dos hindus estará ao lado do
injustiçado (participante).
mur06.p65
588
22/01/01, 11:39
os invariáveis: preposições
589
ßppeÝw ¤ n ²meÝw met aétÇn genÅmeya ¦sontai pleÛouw µ xÛlioi (Xen., Hel., 5, 2, 14)
[em] cavaleiros, se nós estivermos junto com eles, seremos mais do que mil. aét
òw kaÜ oß met aétoè (Xen., Hel., 3, 3, 11) ele e os com ele [ juntos]. met tÇn sum
m xvn kinduneæein combater [correr risco] junto com os aliados [em meio a]. oß met A
riaÛou (Xen., An., 1, 10, 1) os com Arieu [do bando de]. pleÝn met d¡ka tri rvn (
Xen., Hel., 4, 9, 24) navegar com dez trirremes [em meio a; a idéia do instrumen
tal deve ser afastada]. ßketeæein met pollÇn dakrævn (Plat., Apol., 34c) suplicar
com muitas lágrimas [em meio a; não é instrumental]. met kindænvn t w mel¡taw poeÝ
syai (Tuc., 1, 18, 7) exercer as atividades com perigo [em meio a perigos, no me
io de]. toætvn oéd¢n n y¡loimi kt syai met dikÛaw (Xen., An., 2, 6, 18) dessas coisas
eu nada queria [quereria] possuir com injustiça [junto com; não é instrumental]
. Acusativo: met toèto Musòw eÞs°lyen (Xen., An., 6, 1, 9) depois disso entrou um
Mísio. met t must ria d¡ka naèw pesteÛlate (Dem., Ol., 3, 4) depois dos mistérios
enviastes dez navios. Em composição:
met¡xv tinñw metap¡mpomaÛ tina metanoÇ (e) eu tomo parte de, eu participo de alg
uma coisa ou com alguém eu mando buscar alguém (mando atrás de) eu penso (reconh
eço) depois > eu lamento, me arrependo, mudo de opinião
mur06.p65
589
22/01/01, 11:39
590
os invariáveis: preposições
metaf¡rv metafor - w, ² metatÛyhmi met yesiw-evw, ² metab llv
eu transporto, faço mudar transporte eu faço mudar de posição mudança, troca de
posição (lit.: para o espaço seguinte) eu lanço um depois do outro, eu manipulo
algo (ti), eu lido com (tini)
Metajæ No espaço interno entre dois pontos; idéia de partitivo, porque toca os d
ois lados; no intervalo de (tempo e espaço). Genitivo, naturalmente. polçw xrñno
w ¤g¡neto õ metajç t°w dÛkhw te kaÜ toè yan tou (Plat., Féd., 58c) um longo tempo
aconteceu, o no intervalo da sentença e a morte [entre a sentença e a morte]. Fi
lÛppÄ —n sumf¡ron Éw pleÝston tòn metajç xrñnon gen¡syai tÇn ÷rkvn (Dem., Cor.,
26) para Filipe era interessante o maior tempo possível acontecer no intervalo d
os juramentos [até os juramentos, isto é, entre o momento de Filipe e os juramen
tos; um dos pontos está implícito]. metajç toætoin mfoin ¤n m¡sÄ ön (Plat., Rep.,
583c) estando no meio, entre essas duas coisas (Gen. do dual). metajç tÇn lñgvn
(Plat., Fedro, 230a) no intervalo dos discursos, durante a conversa. skeu‾n met
ajç t°w te Persik°w kaÜ t°w Paktuik°w (Hdt., 7, 85) um equipamento entre o dos p
ersas e o dos páctios.
mur06.p65
590
22/01/01, 11:39
os invariáveis: preposições
591
M¡xri ( -w ) (Hom., m¡sfa) Até (que), idéia de contato, toque no ponto de chegad
a. Genitivo (partitivo), naturalmente. pò toè Pñntou m¡xri Sardoèw (Aristóf., Ves
pas, 700) do Ponto até à Sardenha. m¡xri t°w ¤keÛnou zv°w (Hdt., 3, 160) até a v
ida dele (o ponto final de). m¡xri mn w (Plat., Leis, 764) até uma mina (o limite
de). m¡xri t°w t meron ²m¡raw (Dem., Emb., 328) até o dia de hoje. Nñsfi (-n) Lo
nge de, separado de. Seria um antigo locativo; o -n é apenas eufônico. O complem
ento delimitativo, restritivo, pede o genitivo, naturalmente. Não aparece no dia
leto ático; apenas em Homero e em alguns líricos. nñsfin AxaiÇn (E, 803) longe do
s aqueus [afastado de]. oëte tiw oïn potamÇn p¡hn, nñsf Vkeanoè (U, 7) nem mesmo al
gum dos rios estava ausente, exceto Oceano. Omoè Junto de, perto de; idéia de lat
eralidade. Dativo, naturalmente. Ver ma. õmoè toÝw Hllhsin ¤stratopedeæsanto (Xen.
, Hel., 3, 2, 5) eles [os odrisos] acamparam junto aos gregos [perto de]. õmoè t
Ò tÛktein pareg¡ney ² kñrh (Plat., Teag., 129d) a jovem tinha chegado perto de pa
rir.
mur06.p65
591
22/01/01, 11:39
592
os invariáveis: preposições
õmoè pñlemñw te dam kaÜ loimñw Axaioæw (A, 61) a guerra e a peste junto [juntas, a
o mesmo tempo] domam os aqueus (uso adverbial, sem relação: sem caso) ¦pipton ne
kroÜ õmoè TrÅvn kaÜ DanaÇn (R, 362) caíam mortos juntamente dos troianos e dânao
s [adverbial; os genitivos TrÅvn - DanaÇn são complementos nominais de nekroÛ]. O
pisyen / öpisye Literalmente: de trás, atrás (separado) a partir de trás. Geniti
vo, naturalmente. öpisyen p¡mpen oïron (O, 34) de trás ele enviou um vento (uso
adverbial). öpisyen ¤moè eÞsi¡nai (Plat., Banq., 174e) entrar de trás de mim, de
pois de mim. Þd¡ fÇw kañmenon öpisyen aétÇn (Plat., Rep., 514b) olha [com a ment
e] uma tocha acesa atrás deles [por de trás]. Par (paraÛ) Ao lado de (ao longo de
, lado a lado) sem contato, com todas as variantes espaciais (questões poè, onde
?, poÝ, para onde? pñyen, de onde?), respectivamente locativo, acusativo, geniti
vo-ablativo). Locativo: junto a, ao lado de, na casa de (by, inglês; bei alemão;
chez, francês; apud, prae, latim). oé par mhtrÜ sitoèntai oß paÝdew ll par tÒ didas
k lÄ (Xen., Cir., 1, 2, 8) os meninos não fazem a refeição junto à mãe [em casa],
mas junto ao mestre [na casa do mestre]. oß par basileÝ öntew (Xen., An., 1, 5, 1
) os que estão ao lado do rei [a corte, os áulicos, os chegados ao rei]. t par ¤mo
Û (Xen., An., 1, 7, 4) as coisas em casa [quanto ao que me concerne].
mur06.p65
592
22/01/01, 11:39
os invariáveis: preposições
593
timÇmai m lista p ntvn kaÜ par yeoÝw kaÜ par nyrÅpoiw (Xen., Mem., 2, 1, 32) eu [a virt
ude] sou honrada muito mais do que todos, quer junto aos deuses quer junto aos h
omens. dokeÝw par ²mÝn oé bebouleèsyai kakÇw (Sóf., Traq.) tu pareces não teres d
eliberado mal junto a nós [entre nós]. par nhusÜ korvnÛsi mimn zein (Hom.) permanec
er junto às curvas naus. oé taét par toÝw M doiw kaÜ ¤n P¡rsaiw dÛkaia õmologeÝtai
, (Xen.) não as mesmas coisas são concordadas [acordadas] [serem] justas junto a
os Medos e entre os Persas. kaÜ par ¤moÜ tiw ¤mpeirÛa ¤stÛn também [até] em mim [
junto a mim] existe uma certa experiência. oã n paideuyÇsi par toÝw dhmosÛoiw did
ask loiw, ¦jestin aétoÝw ¤n toÝw ¤f boiw neaniskeæesyai (Xen., Cir., 1, 2, 15) é p
ossível [permitido] aos que por acaso são educados (aoristo) junto a mestres púb
licos passar a juventude entre os efebos. oß par ²mÝn (Plat., Féd., 64b) os junto
a nós [os nossos, a nossa gente, os do nosso tempo]. Acusativo: para junto de,
para as vizinhanças de, passar ao lado de, ao longo de õ XeirÛsofow p¡mpei par Je
nofÇnta toçw peltast w (Xen., An., 4, 3, 27) Querísofo envia seus peltastas para j
unto de Xenofonte —n par t‾n õdòn kr nh (Xen., An., 1, 2, 13) havia uma fonte ao
longo do caminho [às margens, à beira]. par gnÅmhn ¤m n (Ésql., Supl., 454) contr
a a minha exspectativa [ao lado, e não dentro, da minha opinião]. par ¤l xiston d‾
—lye tò AyhnaÛvn kr tow t°w yal sshw fel¡syai, (Tuc., 8, 76) faltou muito pouco (passo
u por muito perto, ao lado) de o poder marítimo dos atenienses ser tirado [por S
amos].
mur06.p65
593
22/01/01, 11:39
594
os invariáveis: preposições
ÉmologeÝto par toèton gen¡syai t‾n svterÛan aêtoÝw (Isócr., 6, 52) concordou-se q
ue a própria salvação estava ao lado deles [passava junto a eles]. par t lla zÒa Ës
per yeoÜ oß nyrvpoi bioteæousin (Xen., Mem., 1, 4, 14) junto aos outros animais [
comparando com] os homens vivem como deuses. par taæthn t‾n pñlin —n puramÜw liyÛ
nh (Xen., An., 3, 4, 9) junto [ao lado, ao longo] dessa cidade havia uma pirâmid
e de pedra. ¦pemcan pr¡sbeiw par Agin (Xen., Hel., 2, 2, 11) eles enviaram embaixa
dores para junto de Ágis. —san llai kÇmai par tòn TÛgrhta potamñn (Xen., An., 3, 5
, 1) havia outras aldeias ao longo do rio Tigre. ÷ra par toèto tò teixÛon f¡ronta
w nyrÅpouw skeæh pantodap (Plat., Rep., 514b) observa ao longo dessa mureta homens
portando toda espécie de objetos. m‾ par t dein ¤gkatalipeÝn tòn d°mon (Ésqn., C.
Ctes, 170) não abandonar o povo no perigo [ao longo do perigo]. par taæthn t‾n pod
hmÛan p nta t nant ¦pratton (Dem., Emb., 172) durante [ao longo de] aquela viagem eu
praticava todas as coisas contrárias. par mikròn —lyon poyaneÝn (Isócr., 19, 22) p
or pouco [passando por perto] eu cheguei a morrer. par dæo c fouw p¡fuge (Hipér.,
P. Eux., 28) por dois votos [passando por perto] ele escapou [foi absolvido]. ka
Ü par dænamin (Tuc., 8, 2, 2) mesmo além do seu poder [passando ao lado > ultrapa
ssando].
mur06.p65
594
22/01/01, 11:39
os invariáveis: preposições
595
sæ d Aristñdhme par ErujÛmaxon kataklÛnou (Plat., Banq., 175a) e tu, Aristodemo, vai
deitar-te ao lado de Erixímaco [ao longo de]. —ge toçw neanÛskouw par tòn XeirÛs
ofon (Xen., An., 4, 3, 14) ele levou os rapazes para junto de Querísofo. ¦pleon
par g°n (Xen., An., 3, 5, 1) navegavam ao longo da terra [costeando]. ² par Ell spo
nton FrugÛa (Xen., Cir., 4, 2, 30) a Frígia [situada] ao longo do Helesponto. ¥k
Çn ¤pñnei par toçw llouw (Xen., Ages., 5, 3) ele trabalhava de boa vontade além do
s outros [passando por]. par toçw nñmouw ao lado da lei [marginal > contra as lei
s]. par pñton durante a bebiba [bebendo, ao longo de]. Nos verbos compostos, essa
preposição mantém o seu significado de passar ao lado, ultrapassar, exceder. pa
reÝnai parakaleÝn parapleÝn par¡rxesyai parabaÛnein estar ao lado, presente (ad
esse) chamar para o lado de, invocar, (in vocare) navegar ao lado, costear passa
r ao longo, ultrapassar passar ao lado, marginar > transgredir
Genitivo-ablativo: da parte de, a partir do lado de, da casa de, concreto e figu
rado. HÆw d ¤k lex¡vn par gauoè TiyvnoÝo Êrnuy (L, 1) A aurora se levantava de seu le
ito, [a partir] do lado do radiante Titon. t par soè legñmena (Xen., Cir., 6, 1, 4
2) as palavras que vêm de ti (ditas de tua parte, a partir de ti: não é exatamen
te um agente da passiva; é um enfoque diferente).
mur06.p65
595
22/01/01, 11:39
596
os invariáveis: preposições
taèta oß Ellhnew puny nontai par pursÇn (Hdt., 7, 182) os gregos se informam dessas
coisas a partir de sinais de fogo. par ¤keÛnou mayeÝn Éw xr‾ polemeÝn (Isócr., 16
, 11) aprender dele [de junto dele] como é preciso fazer a guerra. ² par tÇn yeÇn
eënoia a benevolência dos deuses [da parte de, de junto de]. par basil¡vw polloÜ
pròw Kèron p—lyon (Xen., An., 1, 9, 29) muitos passaram, do rei [de junto do rei
], para Ciro. par Kærou ¦labe trisxilÛouw dareikoæw (Xen., An., 5, 6, 18) [Silano
s] pegou três mil dáricos de Ciro [da parte de]. taèta par soè ¤m yomen (Xen., Cir.
, 2, 2, 6) essas coisas nós aprendemos de ti [de junto de, a partir de]. ¤y¡lv p
ar soè ¤jagg¡llein (Xen., Cir., 7, 5, 54) eu quero fazer o anúncio em teu nome [d
a tua parte]. par ¥autoè prostiy¡naÛ ti (Xen., Hel., 5, 1, 3) acrescentar algo de
seu [de seus próprios bens]. P row Diante de, antes. Seria uma variante de par , ma
s em situação frontal, de separação; pedindo um complemento limitativo, restriti
vo. Pede genitivo, naturalmente. Seu uso é arcaico (Homero e alguns poetas líric
os), e se pospõe ao determinado. oë tiw... DanaÇn... eëjato TudeÛdao p row sx¡men
Èk¡aw áppouw (Y. 254) nem algum dos dânaos se vangloriou diante do filho de Tide
u de ter cavalos rápidos.
mur06.p65
596
22/01/01, 11:39
os invariáveis: preposições
597
P¡ran / P¡ra / P¡r& Construídas sobre a raiz pr / per / por significando passage
m, de um elemento para outro; mas p¡ran / p¡ra seriam um antigo acusativo e p¡r&
, instrumental, petrificados, e por isso pedem depois de si um complemento limit
ativo, restritivo. Genitivo, naturalmente. ¦sti tò xvrÛon toèto p¡ran toè potamo
è (Tuc., 5, 6) essa região está do outro lado do rio (passando o rio). p¡ra meso
æshw ²m¡raw (Xen., An., 6, 5, 7) além do meio dia [passando de]. p¡ra toè d¡onto
w (Plat., Górg., 487d) além do que é preciso [para lá do necessário]. tÇn kakÇn
pepeÛramai p¡r& toè pros kontow (Antif., Assas. de Her., 1) dos males eu já expe
rimentei além do conveniente. PerÛ Em torno de (com idéia de passagem - nem semp
re em redor de). Construído sobre a raiz pr / per / por Acusativo: direção, exte
nsão, relação, movimento (para cercar, envolver) dar voltas, proximidade. perÜ t
oçw pñdaw perieileÝn ti (Xen., An., 4, 5, 36) enrolar alguma coisa em torno dos
pés. perÛ ti eänai ocupar-se de algo (estar em volta de algo, às voltas com). dik
ow perÛ tina injusto em relação a alguém, para com alguém, em torno de. perÜ t Mh
dik no tempo das guerras médicas, por volta de.
mur06.p65
597
22/01/01, 11:39
598
os invariáveis: preposições
¤k¡leuse toætouw y¡syai t ÷pla perÜ t‾n aêtoè skhn n (Xen., An., l, 6, 4) ele man
dou-os colocarem as armas em torno de sua própria tenda. ³dh —n perÜ pl yousan go
r n (Xen., An., 2, l, 7) era já por volta [em torno] de o mercado se encher. perÜ
toçw aétoçw xrñnouw (Isócr., 16, 33) por aqueles mesmos tempos [por volta de]. p
erÜ deÛlhn ôcÛan (Licofr. c. Leócr., 16) por volta do cair da tarde, [em torno d
e]. perÜ tò fyinñpvron (Tuc., 3, 100, 2) lá pelo fim [por volta de] do outono [a
o desfazer-se]. p¡yanon perÜ pent konta kaÜ diakosÛouw (Xen., Hel., 4, 5, l7) mor
reram por volta [ao redor] de duzentos e cinqüenta. õ perÜ tòn áppon (Xen., Equi
t., 6, 3) o cavalariço [o que se ocupa, que está em torno do cavalo]. kaÜ oðtoi
m¢n perÜ taèta —san (Xen., 2, 2, 4) também esses estavam em volta dessas coisas
[estavam preocupados com, estavam voltados para]. spoud zein perÜ t‾n politeÛan (I
sócr., 8, 5l) ter interesse, solicitude em relação ao governo [quanto à forma de
governo, em torno de]. t perÜ tòn pñlemon (Plat., Rep., 467a) as coisas referent
es [que concernem, em torno de] à guerra. t perÜ t w t¡xnaw (Plat., Rep., 467a) as
coisas referentes [que concernem] às artes. perÜ tòn ßeròn tòn ¤n DelfoÝw ±s¡bou
n (Ésquin. c. Ctes., 107) eles estavam em situação de impiedade [eram sacrílegos
] em relação ao templo de [em] Delfos [em torno de]. perÜ toèton sfñdra ¤spoud kas
in (Licofr. c. Leócr., 106) eles já tiveram [e continuam tendo] muito interesse
por ele [em torno de, em relação a].
mur06.p65
598
22/01/01, 11:39
os invariáveis: preposições
599
t‾n perÜ toçw n¡ouw ¤pim¡leian sunet janto (Licofr. C., Leócr., 108) eles regulame
ntaram o cuidado [os assuntos, a educação] que concerne aos jovens [referente ao
s jovens]. kakÛouw (kakÛonew) eÞsÜ perÜ ²m w (Xen., An., 1, 4, 8) eles são piores
em relação a nós [para conosco, em torno de]. t perÜ toçw yeoæw (Xen., Cir., 1, 2
3) as coisas referentes aos deuses [o culto dos deuses, que envolvem os deuses,
em torno de]. mayeÝn t perÜ t‾n gevrgÛan (Xen., Econ., 20, l) entender [aprender]
as coisas referentes à agricultura [que giram em torno]. oß perÛ tina os em tor
no de alguém [os companheiros, os sequazes, a corte]. t fron Êrutte perÜ t‾n pñlin
(Xen., Hel., 5, 2, 4) ele cavava [mandou cavar] um fosso em torno da cidade. ²
PenÛa —n perÜ t w yæraw (Plat., Banq., 203b) Pobreza estava às portas [rondava as
portas]. eìroi n tiw aét w oék ¤l ttouw perÜ toçw barb rouw (Plat., Rep., 544d) alguém
as encontraria [poderia achar] não menores entre os bárbaros [lá pelo meio de].
oß perÜ tò stu tÇn politÇn (Plat., Híp., 228b) dos cidadãos, os em volta da cidad
ela [os do centro]. kÇmai pollaÜ perÜ tòn potamòn —san (Xen., An., 4, 4, 3) havi
a [existiam] muitas aldeias nas cercanias do rio. Genitivo: figurado / poético /
abstrato: sobre, a respeito de (< em torno de). A abstração, o sentido figurado
, contém a idéia de distanciamento, dando uma visão global que só é possível pel
a distância; é isso que explica o uso do genitivo. perÜ toè dikaÛou diam xesyai (L
ís., 2, 17) lutar pela coisa justa, pelo direito [a respeito, em torno de].
mur06.p65
599
22/01/01, 11:39
600
os invariáveis: preposições
perÜ tÇn koinÇn Émognñoun (Isócr., Aerop., 145) eles estavam de acordo a respeit
o das coisas comuns [públicas]. ² ²met¡ra pñliw gvnÛzetai perÜ toè t°w patrÛdow ¤
d fouw (Ésquin., C. Ctes., 132) nossa cidade está lutando pelo solo da pátria [a r
espeito de]. l¡gein, bouleæesyai perÛ tinow falar, deliberar sobre, [a respeito
de] algo. Demosy¡nouw êp¢r KthsifÇntow perÜ toè stef nou lñgow o discurso de Demós
tenes sobre a coroa, em favor de Ctesifonte. k rukaw ¦pemce perÜ spondÇn (Xen.,
An., 3, 1) ele enviou mensageiros a respeito dos tratados. õ perÜ t°w cux°w pròw
toçw polemÛouw gÅn (Xen., Mem., 12, 1) o combate a respeito da vida [pela vida]
contra os inimigos. ¤foboènto perÜ t°w xÅraw ÷ti ³kouon dúoum¡nhn (Xen., An., 5,
5, 7) eles temiam pelo país [estavam com medo a respeito], porque o ouviam deva
stado [que estava sendo devastado]. tetim°syai perÜ p ntvn (Y, 38) estar honrado [
receber honra] acima de todos [em conjunto] (sentido figurado). perÜ p ntvn ¦mmena
i llvn (A, 287) estar acima de todos os outros [de todos em conjunto] (sentido fi
gurado). t pleÛstou jia perÜ ¤laxÛstou poieÝtai (Plat., Apol., 30) ele faz o menor
caso das coisas dignas de mais valor [ele faz para si muito pouco caso, faz de
muito pouco]. õ Kèrow perÜ pantòw ¤poieÝto diapr ttesyai, (Xen., Cir., 1, 4, 1) Ci
ro fazia grande caso [fazia acima de tudo (sentido figurado) fazia para si de mu
ito valor] vencer [levar a cabo, executar].
mur06.p65
600
22/01/01, 11:39
os invariáveis: preposições
601
Locativo: em torno de (sem movimento, estático, como um anel) oß Yr kew xitÇnaw fo
roèsin oé mñnon perÜ toÝw st¡rnoiw ll kaÜ perÜ toÝw mhroÝw Os trácios portam manto
s não só sobre o peito [o tórax] mas também sobre os membros [em torno de]. dedi
¡nai, yarreÝn perÛ tini temer, não temer [confiar em, sobre] alguém [algo]. perÜ
toÝw filt toiw kubeæein jogar dados sobre as coisas mais caras [os mais queridos]
. yÅraka ¦xousi perÜ toÝw st¡rnoiw (Xen., Cir., 1, 2, 13) eles portam uma couraç
a em torno do peito. streptoçw eäxon perÜ toÝw trax loiw kaÜ c¡lia perÜ taÝw xer
sÛn (Xen., An., 1, 5, 8) eles tinham [portavam] colares em volta do pescoço e br
aceletes em torno das mãos [braços]. Zeçw ¦deise perÜ tÒ g¡nei ²mÇn m‾ pñloito p n
(Plat., Prot., 322c) Zeus temeu sobre [em torno] de nossa raça que não perecesse
toda. ptaÛein perÛ tini tropeçar em algo [contra algo, em volta de]. sf llesyai p
erÛ tini falhar [escorregar em] em torno de algo. ¤pÛstasye tòn b rbaron aétòn per
Ü aêtÒ t pleÛv sfal¡nta (Tuc., 1, 69, 5) vós sabeis que o bárbaro falhou nele [em
si mesmo, em torno de si mesmo] na maior parte das coisas.
mur06.p65
601
22/01/01, 11:39
602
os invariáveis: preposições
Pl n Seria um antigo acusativo petrificado (J. Humbert), com significado de ao la
do de, quase, perto de , daí o significado mais comum de fora de, exceto, salvo , com
idéia de exclusão, separação. O próprio significado exige um genitivo. t°w ÞdÛa
w ¤lpÛdow pl‾n ¥nòw ndròw pantew ¤ceæsyhsan (Isócr., Elogio de Hel., 41) todos for
am desenganados [frustrados] de sua própria esperança, exceto um homem só. skule
æein... toçw teleut santaw pl‾n ÷plvn (Plat., Rep., 469c) despojar os que morrer
am exceto as [das] armas. PlhsÛon É outro acusativo petrificado (de relação, adv
erbial) do adjetivo plhsÛow,a,on, próximo, vizinho. Por isso a necessidade de um
complemento nominal restritivo, limitativo, no genitivo. tò dikast rion plhsÛon
—n toè desmothrÛou (Plat., Féd., 59d) o tribunal estava próximo (perto) da pris
ão. Pñrrv / Pñrsv / Prñssv Para frente, na frente de (distante do objeto referen
te). A situação de distanciamento sugere o genitivo de separação. Às vezes preva
lece a idéia de distância apenas, sem localização precisa. Mas, com sentido figu
rado, é comum a idéia de avanço, ousadia; aí o genitivo tem a característica de
partitivo ou restritivo. boulñmenow ¤mautòn Éw porrvt tv poi°sai tÇn toioætvn êpoc
iÇn (Isócr., Nicocl., 38) querendo me colocar [fazer] o mais distante possível d
esse tipo de suspeitas.
mur06.p65
602
22/01/01, 11:39
os invariáveis: preposições
603
õ d¢ StrumÆn (eàh) oé pñrrv toè Ellhspñntou (Hdt., 5, 13) [ele dizia que] o rio S
trimon não estaria distante do Helesponto [a partir de]. dielegñmhn pñrrv tÇn nu
ktÇn (Plat., Banq., 217d) eu discutia até bem tarde da noite [até uma avançada a
partir do começo da noite, noite adentro]. (¦doj¡ moi) prob sesyai... pñrrv mox
yhrÛaw (Xen., Ap., 30) ele me pareceu que avançaria muito além no [de] vício. Pr
ñ Diante de, na frente de > antes (de), (ante e pro em latim). Lutar na frente d
e (pôr-se à frente de, para defender > pro-filaxia) Genitivo de separação (espaç
o e tempo). No sentido figurado significa: no interesse de, e de preferência a (
sempre com a idéia de interpor-se). Mas, às vezes, em lugar do enfoque sobre a s
eparação priviligia-se a relação de estabilidade em uma posição. Nesse caso pode
aparecer o locativo, como neste exemplo: toèto tò Argow toèton tòn xrñnon proeÝx
e p si (Hdt., 1, 1, 5) essa Argos por esse tempo estava à frente [na frente] de to
dos. Mas é mais comum a idéia de em frente separando, antepondo-se a alguém ou a
lguma coisa: Genitivo: prò tÇn teixÇn ¤peji¡nai toÝw polemÛoiw (Isócr., Paz, 77)
fazer uma incursão sobre os inimigos diante [separando, adiantando-se] das mura
lhas. prò ²lÛou dedukñtow (Ésquin., C. Tim., l0) antes do sol posto [antes que o
sol se pôs].
mur06.p65
603
22/01/01, 11:39
604
os invariáveis: preposições
loipoÜ ²mÝn eÞsin oß prò ²mÇn genñmenoi (Isócr., C. os Sof.) restam-nos os nasci
dos [os que nasceram] antes de nós. prò t°w patrÛdow poyn¹skein (Licof., C. Leócr
., 106) morrer pela pátria [pondo-se na frente de]. oëte ¤gÆ rk¡sv pr ttvn ti prò ê
mÇn (Xen., Cir., 4, 5, 44) nem eu cessarei de fazer algo em favor de vós [por vó
s]. m‾ perÜ pleÛonow poioè mhd¢n prò toè dikaÛou (Plat., Críton, 54b) não faze m
uito (não faze para ti acima de mais nada) na frente do que é justo [não dês mai
s importância a nada antes da justiça]. strateæesyai prò t°w xÅraw (Xen., Cir.,
8, 8, 20) fazer expedição militar pelo país [em defesa de, pondo-se à frente de,
diante do inimigo]. prò pollÇn xrhm tvn tim syai (Isócr., C. os Sof., 11) ter valor
[ser estimado] na frente de muitas riquezas [de preferência a]. prò toætou teyn n
ai n poll kiw §loito (Plat., Banq., 178a) antes disso [em lugar disso, de preferênc
ia a isso] ele preferiria morrer muitas vezes. t prò podÇn (Xen., An., 6, 12) as
coisas diante dos pés [óbvias ?!]. teyam¡noi eÞsÜ prò tÇn pulÇn ¤n KerameikÒ (Xe
n., Hel., 2, 4, 33) eles estão enterrados diante das portas no Cerâmico. tò prò
t°w KilikÛaw teÝxow (Xen., An., 1, 4, 4) a muralha antes [diante de] da Cilícia.
MinÅan t‾n n°son ¶ keÝtai prò Meg rvn (Tuc., 3, 51) a ilha de Minos que está situ
ada diante de Megara. n‾r poll prò êmÇn grupn saw (Xen., An., 7, 6, 36) um homem qu
e fez muitas vigílias por vós [em vosso favor].
mur06.p65
604
22/01/01, 11:39
os invariáveis: preposições
605
p ntew jiÅsousi s¢ prò ¥autÇn bouleæesyai (Xen., Cir., 1, 6, 42) todos acharão bom
tu deliberares em favor deles [na frente deles]. ¤n taÝw m xaiw aßreÝsyai prò ´tth
w te kaÜ douleÛaw y naton (Plat., Rep., 386b) escolher nas batalhas antes da derro
ta e da escravidão a morte [preferir a morte à derrota e à escravidão]. prò poll
oè poihsaÛmhn n soi kexarism¡nvw eÞpeÝn (Isócr., 5, 14) eu faria [questão] antes
de muito [de muito] falar de maneira a te ter agradado. t prò tÇn MhdikÇn Ellhnik (
Tuc., 1, 97) as coisas [a história] gregas antes das [guerras] médicas. ÷ssa d mf ¡y
loiw TimodamÛdai ¤joxÅtatoi prol¡gontai (Pind., Nem., 2, 28) em relação a quanta
s coisas se referem às lutas, os filhos de Timodemos são citados na frente [dos
outros, como os primeiros]. gnÇmai... prol¡gousai KroÛsÄ µn strateæhtai ¤pÜ P¡rs
aw meg lhn rx‾n min katalèsai (Hdt., 1, 53) sentenças [oráculos]... que prediziam [
diziam antes] a Creso se marchasse contra os Persas que ele destruiria um grande
reino. prol¡gomen êmÝn ... pi¡nai ¤k t°w xÅraw (Xen., An., 7, 7, 3) nós estamos
vos prevenindo [falando antes] de sair do território. oß AyhnaÝoi prolelegm¡noi (
N, 689) os atenienses escolhidos antes [que estavam pré-escolhidos]. prò t°w m xhw
kaÜ met t‾n m xhn (Xen., An., 1, 7, 13) antes da batalha e depois da batalha. oß p
olç prò ²mÇn gegonñtew (Xen., Mem., 3, 5, 11) os que nasceram muito antes de nós
. prò ²m¡raw (Xen., Cir., 4, 4, 14) antes do dia. prò toè antes disto [outrora].
mur06.p65
605
22/01/01, 11:39
606
os invariáveis: preposições
Prñw protÛ (Hom.), portÛ (cret.), potÛ (dór.) e outras variantes: pr¢w, pertÛ, p
ñw. Diante de, a partir de, ponto de partida da ação; em presença frontal de. Ge
nitivo, naturalmente. pròw tÇn yeÇn - (jurar) diante dos deuses (os deuses como
testemunhas presentes; a tradução convencional: jurar pelos deuses não restitui
a idéia original de na presença de). Na direção (frontal) de, visando a, em vista
de; questão poÝ (para onde): Acusativo. Na frente de (enfoque local; ausência d
e movimento); idéia de acréscimo, aplicação, adição: Locativo ou dativo. Genitiv
o: oÞk¡ousi pròw nñtou n¡mou (Hdt., 3, 101) eles habitam do lado do vento sul [fa
ce a]. prñgonoi µ pròw ndrÇn µ pròw gunaikÇn (Plat., Teet., 173b) antepassados qu
er do lado dos homens [diante de] quer do lado das mulheres [diante de]. õ pat‾r
pròw m¢n ndrÇn —n EépatridÇn... pròw gunaikÇn d AlkmevnidÇn (Isócr., 16, 25) o pai
, da parte [do lado] dos homens era dos Eupátridas... da parte das mulheres, dos
Alkmeônidas. Alkibi dhw l¡getai pròw patròw m¢n AlkmaivnidÇn eänai pròw d¢ mhtròw Ip
ponÛkou (Dem., XXI, 144) dizem que [é dito] Alcibíades, da parte do pai, é dos A
lcmeônidas e, da parte da mãe, de Ipônico. AyhnaÝñw eÞmi kaÜ t pròw patròw kaÜ t pr
òw mhtrñw (Dem., LVII, 17) sou ateniense quer por parte do pai quer por parte da
mãe [da parte de, diante de].
mur06.p65
606
22/01/01, 11:39
os invariáveis: preposições
607
deinñn ti ¦sxe tim zesyai pròw Peisistr tou (Hdt., 1, 61) ele tinha como algo terríve
l ser desonrado por Pisístrato [diante de, a partir de Pisístrato]. dikaspñloi,
oá te y¡mistaw pròw Diòw eÞræetai (A, 239) juízes, os que da parte de Zeus [dian
te de] conservam as leis. [goun zomai] prñw t lñxou kaÜ patrñw (l, 66) [eu imploro d
e joelhos] diante da esposa e do pai [em nome de]. pròw Diòw kaÜ yeÇn peir sye sun
diamnemoneæein (Dem., Emb., 19) diante de Zeus e dos deuses, tentai rememorar co
migo! koæsate oïn mou pròw tÇn yeÇn; (Xen., An., 5, 7, 5) ouvi-me, então, diante
dos deuses! [pelos deuses]. sÅsate, ¥le sate: ßketeæv, ntibolÇ pròw paÛdvn, pròw
gunaikÇn, pròw tÇn öntvn gayÇn êmÝn; (Dem., XXVIII, 20) salvai, tende piedade; eu
vos suplico, eu vos conjuro, diante de vossos filhos, de vossas mulheres [em no
me de, por], dos bens que possuis! pròw tÇn yeÇn patrÐvn paæsasye mart nontew (Xen.
, Hel., 2, 4, 21) diante [em nome de] dos deuses de nossos pais, cessai de comet
er erros. drÒmen n dikon oéd¡n oëte pròw yeÇn ôrkÛvn oëte pròw nyrÅpvn tÇn aÞsyanom
¡nvn (Tuc., 1, 71, 5) nós não faríamos nada de injusto nem diante dos deuses que
presidem os juramentos nem diante de homens de sentimento. ÷ ti dÛkaiñn ¤sti ka
Ü pròw yeÇn kaÜ pròw nyrÅpvn (Xen., An., 1, 6, 6) o que é justo é diante de deuse
s e diante de homens. topa l¡geiw, Î SÅkratew, kaÜ oédamÇw pròw soè (Xen., Mem.,
2, 3, 15) tu estás dizendo coisas descabidas, Sócrates, e de nenhum modo da part
e de ti.
mur06.p65
607
22/01/01, 11:39
608
os invariáveis: preposições
¤leæyeron eänai kaÜ pròw patròw kaÜ pròw mhtrñw ser livre tanto da parte do pai
quanto da parte da mãe. lñgon gayòn ¦xein prñw tinow ter [levar, receber] uma boa
palavra [um elogio] de alguém. n‾r pròw p ntvn ¤ponomazñmenow kalòw kaÜ gayñw (Xen.
, Econ., 6, 17) um homem denominado da parte de todos [por todos/diante de todos
] belo e bom. ¦sti pròw tÇn ±dikhkñtvn m llon (Tuc., 3, 38, 1) [isto] é mais do la
do dos culpados [em proveito de]. ¤stratopedeæonto pròw Olænyou ¤n tÒ ÞsymÒ (Tuc.
, 1, 62, 1) eles estavam acampados face a Olinto [perto de] no istmo. pròw g r Diñ
w eÞsin pantew jeÝnoÛ te ptvxoÛ te (Z, 207) pois diante de Zeus [sob os olhares d
e] estão todos, estrangeiros e mendigos. kaÛ ken ¤n Argei ¤oèsa pròw llhw àston êf
aÛnoiw (Z, 456) e talvez estando em Argos tu trabalharias o tear diante de uma o
utra [sob os olhares, sob as ordens de]. PenelopeÛh - tim essa - pròw pñsiñw te
kaÜ uß¡ow (S, 162) Penélope, honrada, diante do esposo e do filho. trñpow pròw y
eÇn seb‾w pròw nyrÅpvn aÞsxrñw (Xen., An., 2, 5, 20) um modo [postura, comportamen
to] ímpio diante dos deuses, e vergonhoso diante dos homens. ¦xvn ¦painon polçn
pròw êmÇn (Xen., An., 7, 6, 33) tendo [gozando de] grande consideração diante de
vós. pròw ndròw gayoè mhd¢n ¤nnoeÝn kakñn (Prov.) diante de homem bom nada pensar
de ruim. lloi pròw rktou te kaÜ bor¡v n¡mou katoik menoi (Hdt., 3, 101) outros [hi
ndus] habitando diante da ursa [norte] e o vento boreal.
mur06.p65
608
22/01/01, 11:39
os invariáveis: preposições
609
§pesye t m¢n êpozægia ¦xontew pròw toè potamoè t de ÷pla ¦jv (Xen., An., 2, 2, 4) s
egui, tendo as bestas do lado do rio [diante de] e os armamentos do lado de fora
. Locativo e dativo: pròw t» oÞkÛ& lÛmnh ìdatow fyonÛan par¡xei (Xen., Rep. dos E
sp., 15, 6) diante da casa [perto] um lago fornece abundância de água. eÜ pròw Ú
eàhn ¦rgÄ toèto ¦pratten (Xen., Hel., 4, 8, 22) sempre diante de que obra ele es
tava, essa ele executava. str teuma polç pròw Ú eäxe prñsyen metep¡mpeto (Xen., He
l., 3, 4, 6) ele fez juntar um grande exército àquele que ele tinha antes (adiçã
o, acréscimo, dativo). pròw toætoiw many nousi kaÜ tojeæein (Xen., Cir., 1, 2, 8)
depois dessas coisas [exercícios, além desses exercícios] eles aprendem também a
lançar dardos (adição, acréscimo, dativo). Kèrow —n pròw BabulÇni Ciro estava d
iante de Babilônia (enfoque locativo). õ FÛlippow oédenÜ pl¡on ¤kr thsen µ tÒ prñt
erow pròw toÝw pr gmasi gÛgnesyai Filipe em nada mais era superior do que pelo enc
ontrar-se antes [mais primeiro] diante dos fatos (enfoque locativo). potÜ d¢ sk°
ptron b lh gaÛú (Hom.) e diante, na terra, ele jogou o cetro (enfoque sobre o pont
o de chegada, locativo). ¤w m xhn kayÛstantai oß AyhnaÝoi pròw aét» t» pñlei (Tuc.,
2, 79) os atenienses se alinham para a luta na frente da própria cidade (enfoqu
e locativo).
mur06.p65
609
22/01/01, 11:39
610
os invariáveis: preposições
oék n meÛzv pròw toÝw ÷rkoiw bebaÛvsin l boite (Tuc., 4, 87) vós não pegaríeis uma
maior segurança acima dos juramentos (além > adição, dativo). pròw tÒ eÞrhm¡nÄ l
ñgÄ —n (Plat., Féd., 84c) ele estava em cima [se acrescentava] do argumento cita
do (adição, dativo). pròw toætoiw em cima dessas coisas, além dessas coisas (adi
ção, dativo). Acusativo: eäm aét‾ pròw Olumpon (A, 420) e eu mesma vou na direção
do Olimpo. ² m xh M dvn pròw AyhnaÛouw (Tuc., 1, 18) a batalha dos medos contra os
atenienses. oß ndrew pròw ndreÛan ¤paideæyhsan (Isócr., 16, 27) os homens foram ed
ucados visando à coragem. pròw t‾n öcin taæthn tòn g mon toi toèton ¦speusa (Hdt.,
1, 38) foi em função dessa visão que eu apressei esse teu casamento. tò ÷lon sÇ
ma oìtv l¡gomen kalòn eänai, tò m¢n pròw drñmon tò d¢ pròw p lhn (Plat., Híp. Maio
r) o corpo inteiro nós dizemos ser belo assim: este para a corrida, aquele para
o pugilato. ¦rxontai pròw ²m w pr¡sbeiw embaixadores estão chegando em nossa direç
ão. pròw tòn d°mon goreæein dirigir a palavra na direção do povo [falar ao povo].
pologÛan poieÝsyai pròw toçw dikast w fazer [sua própria] defesa diante dos juízes
[na direção de, na intenção de]. pròw Borr n contra [na direção de] o vento norte
.
mur06.p65
610
22/01/01, 11:39
os invariáveis: preposições
611
¤peid‾ pròw ²m¡ran —n uma vez que estava para se fazer dia. kaÜ ¤gÆ ´kv prñw se,
Î Hr kleiw (Xen., Mem., 1, 27) também eu estou chegando a ti, ó Heraclés [na tua d
ireção, diante de]. êmeÝw pròw FÛlippon perÜ eÞr nhw pr¡sbeiw ¤p¡mpete (Dem., XV
III, 24) vós estáveis enviando embaixadores a Filipe a respeito da paz. Þ¡nai pr
òw toçw polemÛouw (Xen., An., 2, 6, 10) marchar contra os inimigos. di¡bainon tò
n potamòn brexñmenoi pròw tòn ômfalñn (Xen., Hel., 4, 3, 22) passavam o rio molh
ados até o umbigo. l¡jate oïn prñw me tÛ ¤n nÒ ¦xete (Xen., An., 3, 3, 2) dizei-
me então o que tendes em mente. tÇn pñntvn fÛlvn m¡mnhso pròw toçw parñntaw (Isóc
r., 1, 26) lembra-te dos amigos ausentes diante [para] dos presentes. ¤n taÝw pr
òw meshmbrÛan blepoæsaiw oÞkÛaiw (Xen., Mem., 3, 8, 9) nas casas que olham para
o meio dia. ¦ynow oÞkhm¡non pròw ±Ç te kaÜ ²lÛou natol w (Hdt., 1, 201) um povo que
habita na direção da aurora e do nascer do sol. katalèsai pròw riston (Xen., An.
, 1, 10, 19) [desfazer] soltar as fileiras para o jantar [em função do jantar].
toÝw polloÝw pròw x rin l¡gein (Eur., Héc., 257) falar à multidão na intenção de a
gradar. pròw tÛ me taèt ¤rot w; por que tu estás me perguntando isso? pròw filÛan,
pròw bÛan, pròw ôrg‾n poieÝn ti fazer algo em função de [por] amizade, violência
, cólera.
mur06.p65
611
22/01/01, 11:39
612
os invariáveis: preposições
kiyarÛzein pròw t‾n Ód n (Plat., Alc., 108a) tocar a cítara para o canto [para a
companhar]. oé pròw rgærion t‾n eédaimonÛan ¦krinon (Isócr., Pan., 70) eles não j
ulgavam a felicidade em relação ao dinheiro [frente a, para o dinheiro]. pròw dñ
jan oë moi dokeÝ kalòn eänai, (Plat., Apol., 34e) não me parece ser belo para a
glória [em relação à]. pròw taèta µ fÛete µ m‾ fÛete (Plat., Apol., 30b) para essa
s coisas [dirigindo-vos para] ou vós me deixais ir ou não deixai/deixeis ir [abs
olver]. ¤pimeloèntai ÷pvw oß mulvyroÜ pròw t w tim w tÇn kriyÇn t lfita pvl sousin (Ar
istot., Gov. dos Aten., 51.3) eles providenciam a que os moleiros vendam a farin
ha em relação ao preço dos grãos. l¡gv pròw toçw ¤moè katachfisam¡nouw (Plat., A
pol., 38d) eu estou falando aos [na direção de, na intenção de] que votaram cont
ra mim [me condenaram]. pròw cæxh kaÜ pròw y lph paraskeu sasyai (Xen., Rep. dos Lac
., 2) preparar-se para o frio [as coisas frias] e para o calor [as coisas quente
s]. Sun / jun As duas são usadas no ático; a segunda é mais antiga do que a prim
eira, que depois se generalizou. Traz a idéia de lateralidade, companhia (não em
contato, como met com genitivo partitivo). O uso mais comum é o comitativo: dati
vo, com pessoas. Mas, a partir da idéia sçn toÝw yeoÝw = com os deuses > com a a
juda dos deuses, desenvolveu-se a idéia do instrumental, mas de uso restrito, po
rque a idéia do instrumental se baseia na passagem da ação por um objeto inerte:
meio ou instrumento . Apenas Xenofonte a usa com alguma freqüência. Nos verbos com
postos às vezes significa a globalização da ação.
mur06.p65
612
22/01/01, 11:39
os invariáveis: preposições
613
³luye dÝow Odusseæw ... sçn ArhifÛlÄ Menel Ä (G, 206) veio o divino Odisseu com [em
companhia] de Menelau querido de Ares. ¤gÆ t‾n p¡rsa meyormhyeÜw sçn Ay nú (U, 19
2) eu empreendi a devastação com Atena [com o auxílio de]. ¤dÛvkon sçn pollÒ g¡l
vti (Xen., Cir., 2, 3, 17) eles perseguiam com muito riso [rindo muito, acompanh
ado de]. oß Ellhnew sçn g¡lvti ¤pÜ t w skhn w —lyon (Xen., An., 1, 2, 18) os gregos c
hegaram às tendas com risadas [em meio a rizadas, rindo]. kñsmion meyeÝsa sun t xe
i moleÝn (Sóf., El., 872) aviar-se com [acompanhada de] rapidez tendo deixado de
lado a conveniência. sænagen nef¡law (E, 291) ele reunia as nuvens [conduzia-as
para ficarem juntas]. sumpñnei patrÜ sægkam delfÒ (Sóf., El., 986) sofre com o pa
i, cansa com o irmão! sumparekteÛnein t‾n nñhsin toÝw legom¡noiw (M. Aur., 7, 30
) pôr lado a lado o pensamento com o que se diz. KÇn... teÛxiston oïsan kaÜ êpò s
eismoè jumpetvkuÝan (Tuc., 8, 41) Cós... sendo sem muralhas e completamente arra
sada sob o efeito de um terremoto (globalização da ação). mÛan me meÝnai t‾nd ¦as
on ²m¡ran kaÜ jumper nai frontÛd à feujñmeya (Eur., Med., 340) deixa-me ficar só es
te dia [hoje] e percorrer completamente o meu pensamento de que maneira partirem
os para o exílio. aägaw p¡doto sçn aÞpñlÄ triÇn kaÜ d¡ka mnÇn (Iseu, 6, 33) ele v
endeu as cabras junto com o cabreiro por 13 minas. kl¡ptei ... t‾n ¦ntexnon sofÛ
an sçn purÛ (Plat., Prot., 321d) [Prometeu] rouba [de Hefesto e Atena] a sabedor
ia prática com o fogo [ junto com o fogo].
mur06.p65
613
22/01/01, 11:39
614
os invariáveis: preposições
sçn tÒ nñmÄ t‾n c°fon tÛyesyai (Xen., Cir., 1, 3, 17) colocar o voto com a lei [
de conformidade com]. sçn toÝw yeoÝw oédenòw por somen (Xen., Cir., 5, 3, 5) com
os deuses [em companhia > com o auxílio dos deuses], teremos falta de nada. ¤pai
deæeto sçn tÒ delfÒ kaÜ sçn toÝw lloiw paisÛn (Xen., An., 1, 9, 2) ele era educado
junto com o irmão e com os outros meninos. sçn toÝw dikoum¡noiw ²meÝw ¤sñmeya (X
en., Cir., 3, 2, 22) quanto a nós, estaremos junto com os injustiçados. dikoènta
peirasñmeya sçn toÝw yeoÝw mænasyai (Xen., An., 2, 3, 23) junto com os deuses [co
m o auxílio de] tentaremos afastar o que nos estiver causando mal. basileçw kaÜ
oß sçn aétÒ (Xen., An., 1, 10, 2) o rei e os junto com ele [os acompanhantes, o
séquito].
T°le Longe, distante. Genitivo, naturalmente. É homérico; não é usado no ático.
t°le fÛlvn kaÜ patrÛdow aàhw (L, 817) distante dos amigos e da terra pátria. t°l
e p aétoè aÞxm‾... bñmbhse (P, 117) longe dele a lança... ressoou.
mur06.p65
614
22/01/01, 11:39
os invariáveis: preposições
615
Up¡r Por sobre, por cima de, acima de (contato parcial: partitivo, genitivo). A i
déia de em favor de, por (pro com ablativo em latim), vem da imagem de alguém co
brir o outro para protegê-lo e por isso morrer por ele, como na cena da luta pel
o cadáver e despojos de Pátroclo na Ilíada, ou (visão latina) de alguém pôr-se à
frente, para proteger (pro + abl.): Genitivo em grego. Por cima de, além (ultra
passagem, excelência, superioridade) com idéia de movimento ou extensão: Acusati
vo. Genitivo: tojeæontew êp¢r tÇn prñsyen (Xen., Cir., 6, 3, 24) atirando [flech
as] por cima dos de frente [vanguarda] (idéia de separação (genitivo) e não de m
ovimento, extensão). oß SikeloÜ oß êp¢r krvn (Tuc., 4, 25) os sículos que estavam
sobre os cumes [por cima: toque: partitivo, genitivo]. maxñmenoi p traw ìper (Eur
., Fil., 1002) combatendo pela pátria [em defesa de]. êp¢r tÇn ful kvn foboæmeya m
‾... malakÅteroi g¡nvntai, (Plat., Rep., 387c) nós tememos pelos guardas... que
[não] se tornem mais fracos/moles [do que é necessário] (figurado, noção de dist
ância). õ ´liow toè y¡rouw êp¢r ²mÇn aétÇn kaÜ tÇn stegÇn poreuñmenow ski n par¡xe
i (Xen., Mem., 3, 8, 9) o sol do verão passando por sobre nós mesmos e por sobre
os telhados produz sombra (idéia de separação; a de movimento é deixada de lado
). katalabeÝn tò êp¢r t°w õdoè kron (Xen., Hel., 4, 47) apoderar-se da elevação q
ue estava por sobre a estrada [acima]. êp¢r toætou poyaneÝn (Xen., An., 7, 4, 9)
morrer por essa [criança].
mur06.p65
615
22/01/01, 11:39
616
os invariáveis: preposições
nèn êp¢r cuxÇn tÇn êmet¡rvn õ gÆn kaÜ êp¢r g°w ¤n à ¦fute kaÜ êp¢r oàkvn ¤n oåw ¤
tr fhte (Xen., Cir., 3, 3, 44) agora o combate é por vossas vidas e pela terra em
que nascestes e pelos lares em que sois [fostes] criados. ¤gÆ êp¢r soè pokrinoèma
i (Plat., Górg., 515c) eu vou responder por ti [em teu nome, em teu favor]. ¾ret
o tò ìdvr êp¢r tÇn yemelÛvn (Xen., Hel., 5, 2, 5) a água se elevava acima das fu
ndações. ¦sti lim‾n kaÜ pñliw êp¢r aétoè keÝtai (Tuc., 1, 46, 4) há um porto e u
ma cidade está situada acima dele. ³rjato ¤j AÞyivpÛaw t°w êp¢r AÞgæptou (Tuc.,
2, 48) começou a partir da Etiópia, a [que se situa] acima [além] do Egito. Kleo
fÇn êp¢r êmÇn p ntvn nteÝpen (Lís., 13, 5) Cleofonte protestou [respondeu] em nome d
e [por] todos vós. Acusativo: ¤pol¡mei toÝw Yr&jÜ toÝw êp¢r Ell sponton oÞkoèsin
(Xen., An., 1, 1, 9) ele foi guerrear com os trácios, que habitam além [para lá]
do Helesponto. êp¢r ´misu toè ÷lou strateæmatow (Xen., An., 6, 2, 10) além da m
etade [mais do que] de todo o exército. oß êp¢r t strateæsima ¦th gegonñtew (Xen.
, Cir., 1, 2, 4) os nascidos além dos anos do serviço militar [passaram da idade
]. êp¢r ²m w faÛnetai ²mÝn t eÞrhm¡na eÞr°syai (Plat., Parm., 128b) o que foi dito
parece estar dito acima de nós [além de nosso entendimento]. toÝw êp¢r HrakleÛaw
st law... katoikoèsin (Plat., Crítias, 108e) aos que habitam além das colunas de
Heraclés. nñhson naæklhron meg¡yei kaÜ =Åmú êp¢r toçw ¤n t» nhÛ p ntaw (Plat., Re
p., 488a) pensa um comandante acima de todos os que estão no navio, pelo tamanho
e pela força.
mur06.p65
616
22/01/01, 11:39
os invariáveis: preposições
617
Upñ Up diante de uma vogal não aspirada, Uf diante de uma vogal aspirada. Sob, em bai
xo de, por baixo de. Associado à idéia de origem, de separação, de ponto de part
ida ou de partitivo: Genitivo. A construção da relação do agente da passiva e co
laterais se enquadra nesse uso do genitivo com êpñ. Com freqüência usa-se a voz
ativa: a idéia-base é sob o efeito de , à qual está associado um verbo de ação. O g
enitivo (ablativo em latim) se explica pela idéia de que a ação, de que o sujeit
o é paciente, é desencadeada distante do sujeito, por uma força estranha a ele.
Esse espaço percorrido (entre o sujeito paciente e o ponto de partida da ação, des
encadeada pelo agente da passiva), naturalmente, é figurado. Associado à idéia d
e lugar onde, sem movimento, estático: Locativo. Associado à idéia de movimento,
de extensão, no tempo e no espaço: Acusativo. Toda e qualquer expressão que con
tenha explícita ou implícita a idéia de movimento para, de baixo de (aproximação
no tempo ou no espaço), bem como a idéia de submissão ou tutela (figurado) tamb
ém requer o acusativo. Genitivo: phg‾ êpò t°w plat nou =eÝ (Plat., Fedro, 230b) um
a fonte corre de sob o plátano [sai de baixo de]. ¤jepl ghsan êf ²don°w (Plat., Fed
ro, 259b) eles foram [ficaram] completamente batidos [per-plexos] pelo prazer [s
ob o efeito de]. aét r ¤pÜ kratòw lim¡now =¡ei glaòn ìdvr kr nh êpò speÛouw (I, 140
) porém à entrada do porto flui uma água límpida, uma fonte de sob a gruta [sain
do de baixo de].
mur06.p65
617
22/01/01, 11:39
618
os invariáveis: preposições
² kardÛa [mou] ped êpò tÇn lñgvn tÇn toætou (Plat., Banq., 215e) meu coração dá s
altos sob o efeito dos discursos desse aí. êpñ tinow llou ¤pelayñmhn (Plat., Prot
., 310b) eu me esqueci sob o efeito de alguma outra coisa. oék ¦ti poxvreÝn oåñn
te —n êpò tÇn ßpp¡vn (Tuc., 2, 85) ainda não era possível bater em retirada sob
o efeito dos cavaleiros [por causa de]. nyrvpoi pÅllunto êpò tÇn yhrÛvn (Plat., Pr
ot., 322b) homens pereciam sob o efeito [sob, pela ação] das feras. êpò tÇn tri ko
nta ¤j¡peson (Isócr., 16, 45) eles caíram fora sob o efeito dos 30 [foram banidos]
. xvreÝn êp aélhtÇn (Tuc., 5, 70) marchar sob o efeito dos flautistas [ao som da
flauta]. êpò tÇn =abdoæxvn plhg w ¦laben (Tuc., 5, 50, 4) ele recebeu golpes sob o
efeito dos portadores de varas [recebeu dos, foi surrado com varas]. sofòw n‾r t
te met¡vra frontist‾w kaÜ t êpò g°w panta nezhtikÅw (Plat., Apol., 18b) um homem sá
bio, pensador nas coisas celestes e pesquisador de todas as coisas sob a terra (
partitivo, não é de toda a terra). jifÛdia êpò m lhw eäxon (Xen., Hel., 3, 23) ele
s portavam punhais [facas] sob as axilas (partitivo). labÆn boèn êpò m jhw ¤sfagÛsa
to (Xen., An., 4, 25) ele pegou um boi de sob o carro e degolou-o [de sob o jugo
] (partitivo). oék ¤dænato sig n êpò t°w ²don°w (Xen., Cir., 6, 1, 35) ele não pod
ia calar-se sob o efeito do prazer. nñrous êpò x rmatow (Hino a Dem., 371) tendo sal
tado de alegria [sob o efeito da alegria].
mur06.p65
618
22/01/01, 11:39
os invariáveis: preposições
619
Acusativo: Kl¡arxow oék nebÛbazen ¤pÜ tòn lñfon ll êp aétòn st saw tò str teuma p¡mpei
Lækion ¤pÜ tñn lñfon (Xen., An., 1, 10, 14) Clearco não estava subindo a colina
, mas tendo feito estacionar o exército ao pé dela [na direção de], manda Lucios
subi-la. p°lyon êpò t d¡ndra nyrvpoi Éw ¥bdom konta (Xen., An., 4, 7, 8) uns 70 ho
mens se foram sob [para baixo] as árvores. kontÛzei tiw aétòn êpò tòn ôfyalmñn (X
en., 1, 8, 27) alguém o (Ciro) atinge sob o olho, com um dardo. Aàguptow p lin êpò
basil¡a ¤g¡neto (Tuc., 1, 110) O Egito voltou a ficar sob o rei. êpò toçw aétoç
w xrñnouw (Tuc., 1, 110, 1) por aqueles tempos [sob aqueles tempos]. êpò nækta (
Tuc., 1, 115, 4) sob a noite [à entrada da noite]. êpò t‾n pñlusin toè pol¡mou (X
en., Mem., 2, 8, 1) lá pelo fim [solução] da guerra [proximidade]. tò Pelasgikòn
kaloæmenon (teÝxow) tò êpò t‾n krñpolin (Tuc., 2, 17) o muro chamado pelásgico,
aquele sob [ao longo da] a acrópole. ÷ti sfÇn eéerg¡tai —san êpò tòn seismñn (Tu
c., 2, 27) porque eles os tinham ajudado sob o terremoto [depois de]. —lyon êpò
turannÛda (Plat., Carta 7, 329b) eu fui [viver] sob uma tirania. niÆn ¤k PeiraiÇw
êpò tò bñreion teÝxow (Plat., Rep., 439e) subindo do Pireu sob o muro norte [ao
longo de]. êpost°nai kÛndunon ficar sob um perigo [submeter-se a um perigo].
mur06.p65
619
22/01/01, 11:39
620
os invariáveis: preposições
Locativo: pro¡trexen pò toè d¡ndrou êf Ú —n dæo µ trÛa b mata (Xen., An., 4, 7, 10
) [Calímaco] avançou dois ou três passos a partir da árvore sob a qual estava. o
ß kat t‾n AsÛan êpò basileÝ öntew (Xen., Cir., 8, 1, 6) os que na Ásia [na extensã
o da çsia] estavam sob o rei. êpò paidotrÛbú gayÒ pepaideum¡now (Plat., Láq., 184
e) educado sob um bom mestre [sob o olhar de; o enfoque não é sobre o agente do
ato verbal (genitivo), mas sobre a situação - sentido figurado]. ¾reto tò ìdvr ê
p¢r tÇn êpò tÒ teÛxei yemelÛvn (Xen., Hel., 5, 2, 5) a água se elevava por sobre
as fundações, sob a muralha. ¤ n êpñ soi kataklÛnú Ag yvn oé d pou ¤m¢ p lin ¤pain¡set
ai (Plat., Banq., 222e) caso Agáton se recline abaixo de ti [depois de ti] certa
mente não me tecerá louvores de novo. ¦xein ti êpò tÒ ßmatÛÄ (Plat., Fedro, 228e
) ter [portar, manter] alguma coisa sob o manto. kinduneæsaim n êpò t» dusxerest tú
gen¡syai tæxú (Lís., 24, 6) eu correria o risco de me encontrar sob a sorte mais
infeliz. tÇn Ell nvn oß m¢n êf ²mÝn oß d êpò LakedaimonÛoiw eÞsÛn (Isócr., Pan., 1
6) dos gregos uns estão sob nós [nossa influência, poder] outros estão sob os La
cedemônios. tÇn êpò possÜ m¡ga stenaxÛzeto gaÝa (Hom.) sob os pés deles a terra
soltava grandes gemidos. Axilleçw êpò tÒ XeÛrvni ¤tr fh Aquiles foi criado sob [a v
igilância, os olhares de] Quiron.
mur06.p65
620
22/01/01, 11:39
os invariáveis: preposições
621
Nas composições com verbos, êpñ, mantendo o seu significado denotativo de sob, e
m baixo, de baixo de, assume um sentido figurado (metafórico), mais diluído, men
os concreto, mas nunca sai da linha do significado primeiro:
êf - õr n ìp-optow êp-opteæein êpo-p¡mpein êp-agein êpo-lamb nein êpo-tiy°nai suspeita
r (olhar de soslaio, por baixo) suspeito (olhado por baixo) suspeitar, olhar por
baixo (de soslaio) enviar por baixo (à socapa, em segredo) sub-conduzir, sub-av
ançar (não inteiramente) pegar por baixo, sub-entender, perceber não concretamen
te, não inteiramente sub-ponere, sub-por - por apoiando em baixo, não chegando a
o fim (aproximação) - suposição, isto é, quase posição ou posição tendo uma base
: hipótese
X rin É um acusativo (de relação, adverbial) petrificado e por isso necessita de u
m complemento limitativo, restritivo, adnominal: Graças a, por causa de (lat. gr
atia). Genitivo, naturalmente. toèto ¤poÛei duoÝn x rin (Arist., Gov. dos At., 16,
3) ele fazia isso por duas razões. Quando o delimitativo é uma pessoa (eu/tu; n
ós/vós) é mais freqüente o adjetivo possessivo em lugar do genitivo do pronome.
sugxvrht¡on x rin s n (Plat., Fedro, 234e) deve-se concordar para te agradar [por
amor de ti, por tua graça].
mur06.p65
621
22/01/01, 11:39
622
os invariáveis: preposições
XvrÛw Significa fora de, além de, exceto, à parte, sempre com a idéia de exclusã
o, separação. Genitivo, naturalmente. xvrÜw t°w dñjhw oéd¢ dÛkaiñn moi eänai deÝ
syai toè dikastoè (Plat., Apol., 35b) fora da glória [exceto a glória] não me é
justo precisar [pedir] do juiz. xvrÜw sofÛa ¤stÜn ndreÛaw (Plat., Láq., 195a) a s
abedoria está distante da coragem. ² cux‾ xvrÜw toè sÅmatow (Plat., Féd., 98c) a
alma, fora [separada, distinta] do corpo. xvrÜw toætvn (Xen., Cir., 1, 5, 5) fo
ra essas coisas [exceto isso, além disso].
Ww Na direção de, para. Pouco empregada, quase só no dialeto ático, em geral com
nome de pessoas, raramente com nome de países. Ver também §vw. Acusativo, natura
lmente. sunelhlæyasin Éw ¤m¢ delfaÛ (Xen., Mem., 2, 7, 2) minhas irmãs tinham-se
reunido [estavam reunidas] na minha casa [tinham vindo a mim]. fÛketo Éw PerdÛkka
n kaÜ ¤w t‾n Xalkidik n (Tuc., 4, 79) ele partiu para [ junto] de Perdicas e par
a a Calcídica.
mur06.p65
622
22/01/01, 11:39
os invariáveis: conjunções e partículas
623
Conjunções - Partículas - Sændesmoi
Mais uma vez a nomenclatura gramatical fixa, petrificada, não nos esclarece sufi
cientemente sobre qual é a função da categoria denominada. Cremos que a palavra
grega sændesmow, amarra, ligação, conetivo, seria suficiente para identificar o
papel tanto das conjunções quanto das partículas. Na verdade são sændesmoi, isto
é, conetivos, para usarmos do termo empregado com mais freqüência e propriedade
. São de fato ligações entre dois enunciados completos, isto é, frases com sujei
to e predicado, que originalmente são independentes. Essa independência primitiv
a aos poucos foi se estruturando e as partículas foram surgindo para marcar essa
s ligações. Sabemos que em Homero - poesia narrativa- predomina a parataxe, isto
é, a coordenação, num enunciado linear e as dependências, isto é, o que se pode
ria chamar subordinação , se fazem sentir pelo significado e sucessão das partes, c
omo nas narrativas populares. Essa coordenação, parataxe, foi feita inicialmente
por partículas. Inicialmente eram simples meios de insistência, apoios tônicos,
verdadeira pontuação oral, sem significado, e serviam para marcar a formação de
grupos dentro da frase, mas também a sucessão e a ligação entre elas. 1 É impor
tante insistir sempre sobre a oralidade que predominou não só antes da adoção da
escrita (séc. VII a.C.), mas mesmo depois. Todos os autores gregos, que conhece
mos agora pelos livros, pensavam na transmissão oral.2 Esse fato é extremamente
importante. O autor (emissor) tinha em mente que o leitor (receptor da mensagem or
al) tinha aquele momento para receber e fixar a mensagem. Por isso ela devia ser b
em clara e refletir exatamente o que e como o emissor queria que a mensagem foss
e recebida.
1
2
A. Meillet, no Traité de grammaire comparée des langues classiques, § 916 e segu
intes, nos dá uma visão bastante clara sobre o assunto. Talvez um autor que pens
ou numa obra para a escrita, isto é, pensou e escreveu, foi Tucídides. Há também
o caso de Isócrates, que nunca teria pronunciado seus discursos. Mas, assim mes
mo, um e outro não perderam de vista a oralidade.
mur07.p65
623
22/01/01, 11:39
624
os invariáveis: conjunções e partículas
É essa a origem da pontuação expressiva da oralidade. É essa a origem tanto das p
artículas quanto das conjunções . A diferença de denominação se deve talvez ao carát
er átono e por isso enclítico das partículas. Mas mesmo as enclíticas, isto é, f
ormando uma palavra fonética com a antecedente, ao ligarem expressões ou sintagm
as entre si, se contaminaram com o significado deles. Não convém, contudo, dar u
m significado particular a essas partículas; vamos identificar nelas o papel que
exercem; o significado de cada uma vai surgir do contexto. 3 Vamos, então, em p
rimeiro lugar relacioná-las (partículas e conjunções), identificando as partícul
as pelo papel que exercem no enunciado e as conjunções pelo seu significado que
condiciona a função que exercem. Convém notar ainda que essa função - de coorden
ação ou subordinação -, que elas exercem, é decorrente do seu significado e deve
ser vista em sua organicidade, de modo concreto, lógico e coerente. Isto tem gr
ande importância para se entender o uso e o significado dos modos verbais. A vis
ão teórica que as gramáticas nos transmitem é muito abstrata e rígida, cheia de
regras e muito mais, de exceções. As partes do enunciado são independentes, e o
uso dessa ou daquela expressão e sobretudo desse ou daquele modo verbal decorre
do valor semântico inerente, independente, autônomo dele. Também o valor dos mod
os verbais não muda, porque o verbo está na principal ou na subordinada: eles va
riam em função do contexto, do quadro em que estão inscritos e da maneira como o
ato verbal deve ser expresso. Vamos expor a seguir uma relação, em ordem alfabé
tica, desses conetivos (partículas e conjunções), identificando-lhes a função e
também o significado e daí indicar também o modo verbal, se for o caso. Veremos
que nessa relação constarão algumas palavras que estão também na relação das pre
posições. É que o seu significado permite essa dupla função. Não deixaremos de a
ssinalar os casos específicos.
3
Além de A. Meillet, acima citado, uma leitura de J. Humbert, Syntaxe grecque, §
657 e seguintes, e J. Denniston, The greek particles, dará uma visão ampla sobre
o assunto.
mur07.p65
624
22/01/01, 11:39
os invariáveis: conjunções e partículas
625
All Partícula adversativa por excelência. Marca a ruptura, oposição, contradição,
na ordem do enunciado; geralmente é a contradição da negação. Etimologicamente e
stá ligada a llow, outro. Nem sempre, no entanto, a negação anterior está formalm
ente expressa; a oposicão (ruptura) pode ser na linha do significado. Traduz-se
por mas, ao (pelo) contrário, entretanto, não obstante etc. (lat. sed, verum). V
ejamos alguns exemplos: 1. mas, ao contrário (lat. sed, verum), freqüentemente a
ssociado a kaÛ (também) nas oposições oé / m‾ mñnon... ll kaÛ não só... mas também
. taèta p nta g¡gone di t‾n ²met¡ran gnoÛan ll oé di t‾n ¤keÛnou dænamin (Isócr., 4, 1
37) todas essas coisas aconteceram por nossa falta de juízo, mas [e] não pela c
apacidade dele. 2. entretanto, pelo menos, contudo. Associada a outras partícula
s enfáticas ou restritivas. ll ge ll oïn ll oïn... ge mas, pelo menos mas então, cont
do mas então... pelo menos
many nv, — d ÷w: ll eëxesyaÛ ge pou toÝw yeoÝw ¦jestin (Plat., Féd., 117b) estou ente
ndendo, disse ele, mas pelo menos é possível orar aos deuses. poll kiw m¢n gayoè aé
lhtoè faèlow n p¡bh poll kiw d n faælou gayñw: ll oïn aélhtaÛ g n p ntew —san Éw pr
Åtaw (Plat., Prot., 327c) muitas vezes, de um bom flautista poderia nascer um ma
u; muitas vezes também de um mau um bom; mas pelo menos poderiam todos ser flaut
istas em relação aos leigos. pokteneÝ m¢n n boælhtai ll ponhròw Ìn kalòn k gayòn önta
(Plat., Górg., 511b) ele o matará se quiser, mas sendo [por ser] um mau (matando
) o que é um homem honesto [mas será um bandido matando um bom].
mur07.p65
625
22/01/01, 11:39
626
os invariáveis: conjunções e partículas
3. Nas respostas, ll marca a surpresa pela pergunta, que, na mente de quem respond
e, tem uma dúvida implícita. kaÛ moi ¤pÛdeijin t°w braxulogÛaw poÛhsai; All poi s
(Plat., Górg., 449c) então faça-me uma demostração de tua concisão. Pois bem, f
arei. (Mas, sim, farei!)
4. ll marca também um corte brusco do curso de uma exposição ou de um diálogo (com
o em português). tÛ deÝ ¦ti l¡gein: ll àte eÞw M douw (Xen., Cir., 1, 5, 14) [por]
que é preciso falar ainda?! - Mas, ide contra os medos! oðtow öpisyen kat¡rxeta
i: ll perim¡nete. All perimenoèmen (Plat., Rep., 327b) esse aí está chegando atrás (
de trás); (ele) mas esperai! Mas esperaremos.
ll õr te nèn eÞ toèton ¤r te (Plat., Banq., 192e) mas vede agora se é esse que desejai
s. 5. Associado a ³ (ou / que, do que) marca o contraste entre dois elementos ou
propostas: a não ser, senão que. m‾ xr°syai ¤laÛÄ ll µ ÷ti smikrot tÄ (Plat., Prot.
, 334c) não se servir de óleo, a não ser (senão) do mínimo possível. rgærion oék
¦xv ll µ mikrñn ti (Xen., An., 7, 7, 53) dinheiro eu não tenho, a não ser um pouqu
inho. 6. Associado a m n tem o significado adversativo enfatizado, quase desdobr
ado: mas, não obstante; e no entanto. Epeid‾ d oé tñte ll nèn deÝjon: eÞp¡ tÛw µ lñgo
w ÷ntina ¤xr°n eéporeÝn, µ kairòw sumf¡rvn êp ¤moè pareleÛfyh t» pñlei: tÛw d¢ su
mmaxÛa, tÛw pr jiw ¤f ¶n m llon ¦dei m gnoeÝn toutousÛ; All m‾n tò parelhluyòw eÜ par
Ýtai. (Dem., Cor., 191-2) Uma vez que naquela época não (mostraste), pelo menos
mostra agora: dize [me] ou que discurso [argumento] de que era necessário lançar
mão ou que ocasião propícia à cidade foi deixada de lado
mur07.p65
626
22/01/01, 11:39
os invariáveis: conjunções e partículas
627
por mim? Que aliança, que ação sobre a qual me era preciso desconhecer mais do q
ue o momento presente? Mas, ao contrário, o passado é sempre deixado de lado dia
nte de outras coisas. Obervação: constata-se em todos esses exemplos e muitos ou
tros que deixamos de registrar, por serem longos, que ll mantém sempre seu signifi
cado de ruptura, oposição, contradição e que as outras partículas quando se lhe
acrescentam trazem também sua contribuição semântica.
Allvw kaÜ llvw: de outro modo, também além disso, por outro lado. llvw te kaÛ: de o
utra maneira / por outro motivo e também. Pode vir seguido de µ, que, do que, nu
ma relação entre dois termos. llvw d¢: aliás. ´de ² teleut‾ toè ¥taÛrou ²mÝn ¤g¡n
eto ndròw tÇn tñte Ïn ¤peir yhmen rÛstou kaÜ llvw fronimvt tou (Plat., Féd., 118a) este
foi o fim de nosso companheiro, homem dentre os com que tratamos o melhor e por
outro lado [além disso] o mais sensato.
Ama Ao mesmo tempo, juntamente. Vimo-la no rol das preposições, construída com da
tivo. Aqui ela liga um particípio infectum a um verbo infectum. ¤m xonto ma poreuñm
enoi oß Ellhnew (Xen., 6, 3, 5) os gregos combatiam enquanto [ao mesmo tempo] con
tinuavam a marcha.
mur07.p65
627
22/01/01, 11:39
628
os invariáveis: conjunções e partículas
Am¡lei Forma petrificada de imperativo singular de melÇ (e): não tenhas cuidado, f
ica tranqüilo, sossega; daí o significado de seguramente, sem dúvida, certamente
. Funciona como uma frase intercalada; por isso muitas gramáticas a ignoram. sç
d àsvw di tò polumay‾w eänai perÜ tÇn aétÇn oéd¡pote t aét l¡geiw, Am¡lei, ¦fh, peir
mai kainñn ti l¡gein eÛ, (Xen., Mem., 4, 4, 6) Tu, talvez por seres muito instruí
do, nunca dizes as mesmas coisas a respeito dos mesmos assuntos. Não tenhas cuid
ado [não te preocupes], estou tentanto sempre dizer algo de novo. An (ken em Home
ro) Partícula indicadora de: possibilidade ou afirmação atenuada: Em grego: opta
tivo com n; Em português: imperfeito do subjuntivo e condicional. Simples / futuro d
o pretérito . irrealidade: Irreal do presente: Em grego: eÞ com imperfeito e n com
imperfeito; Em português: se com imperfeito do subjuntivo na prótase e condicional
simples/ futuro do pretérito na apódose. Irreal do passado: Em grego: eÞ com aoris
to do indicativo e n com aoristo do indicativo. Em português: se com mais-que-perf
eito do subjuntivo na prótase e condicional composto na apódose. Não confundir es
se n/ken com a forma contrata n/³n por ¤ n, partícula supositiva (hipotética) de eve
ntualidade (subjuntivo/futuro em grego). Nota: Os exemplos de possível e de irre
al do presente e do passado se encontram sob a rubrica de eÞ.
mur07.p65
628
22/01/01, 11:39
os invariáveis: conjunções e partículas
629
Ara / =a / r Repousa claramente na raiz *r/ar, cujo significado é ajuste (harmonia
), numa simples transição (e, então). Esse conetivo tem dois tempos: 1. Homérico
(próximo do significado etimológico), com função meramente aditiva, seqüencial,
sem o enfoque de causa e efeito. Pode-se traduzir por: e então, então, e (natur
almente). Ëw fato b° d r Oneirow (B, 16) assim falou [Zeus] e Sonho se pôs a caminho
. nhle¡w, oék ra soÛ ge pat‾r —n ßppñta Phleæw (P, 33) impiedoso! então não é teu
pai o cavaleiro Peleu. Aqui já aparece o enfoque inferencial (causa e efeito).
Ónoxñei glukç n¡ktar pò krht°row fæssvn: sbestow d r ¤nÇrto g¡lvw mak ressi yeoÝsi (A,
598) tirando da cratera [Hefesto] pôs-se a servir doce néctar; e um sorriso inex
tingüível surgiu nos deuses bem-aventurados. 2. Na prosa, sobretudo nos diálogos
, prevalece, o sentido inferencial (causa e efeito), com significado de: então,
pois bem, ora, a seguir (conclusão globalizante). É usado sobretudo nos silogism
os, para ajustar a primeira premissa à segunda e para levar a uma conclusão. Pod
e aparecer às vezes acompanhado de outras partículas, sem que seu significado so
fra grandes danos. ¤nenñhsa tñte ra katag¡lastow Ên ²nÛka ¦fhn eänai deinòw t ¤rvt
ik oéd¢n eÞdÆw ra toè pr gmatow (Plat., Banq., 198c) naquele momento então eu pensei
que eu era ridículo quando eu disse que era entendido nas coisas do amor, ora,
eu não entendia nada da coisa!
mur07.p65
629
22/01/01, 11:39
630
os invariáveis: conjunções e partículas
t gay oé kaÜ kal dokeÝ soi eänai; EmoÛ ge. EÞ ra õ Ervw tÇn kalÇn ¤nde w ¤stin k
Çn ¤nde‾w eàh; (Plat., Banq., 201c) as coisas boas não te parecem ser belas? A m
im, pelo menos, sim. Então, se o Amor é carente das coisas belas, ele não seria
carente também das coisas boas? eÞ ra g¡gonen Éw oðtoi l¡gousin (Dem., LVI, 28) s
e, então, essas coisas aconteceram como esses aí dizem. 3. Alguns gramáticos dis
sociam ra de ra, fazendo a segunda fundirse com a partícula interrogativa —. Fonet
icamente é difícil, porque a vogal longa absorveria a breve. Dever-se-ia esperar
uma contração em h e não em a. J. Humbert admite que os manuscritos são vacilan
tes: num mesmo texto ora registram ra, ora ra. Mesmo assim, em função interrogativ
a, ra não se afasta do significado de ajuste, inferencial de ra. Em geral são perg
untas que levam em conta o antecedente e o ajustam ao conseqüente, para chegar a
uma conclusão. ¦melon s ra kin sein ¤gÅ (Aristóf., Nuvens, 1301) então [conclusiv
o] eu devia te fazer mover. V fÛlh m°ter pñt ra sòn öcomai d¡maw; (Eur., Íon, 503)
Querida mãe, quando então [afinal] eu verei a tua pessoa? ra katagel sesy¡ mou Éw m
eyæontow; (Plat., Banq., 212b) rireis, então, de mim como de um bêbado! [a parti
r do que vedes]. r oé meg lhn rx‾n rxv; (Aristóf., Vespas, 620) então não é grande o c
argo que estou exercendo?! [inferencial]. TÛ oïn; õ naæthw ra m‾ w prÇran fugÆn pr
æmnhyen hëren mhxan‾n svthrÛaw ; (Ésquilo, Sete contra Tebas, 208) O que então?
Será que o marinheiro fugindo da popa para a proa não encontrou um meio de salva
ção?!
mur07.p65
630
22/01/01, 11:39
os invariáveis: conjunções e partículas
631
At r / Aét r São compostas de r- (significado de ajuste, adição) e de aïte, com signif
icado de uma simples transição (ora, pois), ou oposição fraca, comparável às vez
es ao conetivo de (e, por sua vez, aliás, contudo: adversativa fraca). ôktÆ, t r m
thr ¤n th —n (B, 313) eles [os filhotes] eram oito, e a mãe [por sua vez] era a no
na. tÆ d¢ oß Êmv kurtÅ... aét r ìperye fojòw ¦hn kefal n (B, 218) eram-lhe dois om
bros curvados e ainda em cima era pontudo de cabeça [ele tinha os dois ombros cu
rvados e ainda tinha um crânio pontudo]. kaÜ lloi tin¡w me ³dh ³ronto t r kaÜ Eëhnow
prÐhn... (Plat., Féd., 60d) alguns outros também me perguntaram, e ainda outro
dia, Eueno. Ektor, t r pou ¦rhw Patrvkl° ¤jenarÛzvn sÇw ¦ssesy (X, 331) Heitor, aliás
de algum modo tu dizias ao despojar [despojando] Pátroclo que tu serias salvo. t
Çn kakÇn oávn ¤r w: t r ¦sti g õpoÛan l¡geton eédaÛmvn pñliw; (Aristóf., Aves, 144) qu
e males desejas ardentemente! aliás, existe uma cidade feliz do tipo de que vós
duas falais?! Ate - < te Na verdade é um relativo (neutro plural) com sua função
e significado natural. Essa função e sentido anafórico fazem parte da natureza d
o relativo; por isso a frase que se segue pode ter nuances de causal, comparativ
a, explicativa (uma vez que, porque, como). É claramente um acusativo de relação
(adverbial) petrificado. Essa causalidade freqüentemente é simultânea ao efeito
; por isso é comum o uso do particípio do infectum. Ver também Ëste, ¤f Ú te, ÷st
e / ÷w te, oåñw te, ÷ti / ÷ ti.
mur07.p65
631
22/01/01, 11:39
632
os invariáveis: conjunções e partículas
te tòn xrusòn ¦xvn... ¤pikoærouw ¤misyoèto (Hdt., 1, 154) em que [em relação ao q
ue] ele tinha o dinheiro [porque tinha, em tendo] ele contratava [pôs-se a contr
atar] mercenários. õ d¢ Kèrow te paÝw Ìn kaÜ filñkalow kaÜ filñtimow ´deto tÒ sto
l» (Xen., Cir., 1, 3, 3) Ciro em sendo menino [em que, por que] e amante do belo
e das honras se comprazia com sua veste. Aï /aï te / aïte (aïtiw / aïyiw) Marca
uma sucessão, com uma idéia fraca de oposição: por outro lado, por sua vez, (um
a espécie de retomada do discurso). Às vezes pode vir enfatizada por de, o que l
he dá uma versão de alternativa. kaÜ tÛ tiw n aï eÞpÆn §teron oék ¤jam rtoi (Plat.,
Sof., 225e) e, por outro lado, que outra coisa alguém tendo dito, não se engana
ria tòn m¢n... b le dourÛ, Antifon aï... ¦lase (L, 108) ele atacou um com a lança e
... por outro lado atingiu ântifos. dokeÝ... xr°nai... prñteron K¡bhtow akoèsai
tÛ aï ÷de ¤gkaleÝ tÒ lñgÄ (Plat., Féd., 86e) parece-me ser preciso ouvir primeir
o [de] Cebes o que, por sua vez, ele atribui ao argumento. kaÜ àsvw aï êmeÝw ¤m¢
²geÝsye kakodaÛmona eänai (Plat., Banq., 173c) e talvez, por outro lado, vós pe
nsais que eu sou infeliz. oß Ellhnew ¤p¹esan oß d aï b rbaroi oék ¤d¡xonto (Xen., 1,
10, 11) os gregos atacaram, os bárbaros por sua vez, não aceitaram (não esperar
am o ataque).
mur07.p65
632
22/01/01, 11:39
os invariáveis: conjunções e partículas
633
Aïyiw De volta, em sentido contrário, de novo. kay ù ²d¡a ¤stÛn ra kat toèto oék gay ;
kaÜ aïyiw aï t niar oé kay ÷son niar kak ; (Plat., Prot., 351c) segundo o que as coi
dão prazer, será que, segundo isso, elas não são boas? e por outro lado, segund
o o quanto são desagradáveis, elas são más? [pelo que as coisas são agradáveis p
or isso elas não são boas? e por outro lado, as coisas desagradáveis, elas não s
ão más na proporção de desagradáveis?]. AétÛka No ato, imediatamente; por exempl
o, isto é. ´jei aétÛka Éw ¤gÙmai, [¤gÆ oämai] (Plat., Banq., 175b) ele virá logo
, como eu penso. eÞ g r tiw aétÛka d‾ m la eàpoi Éw ¤k tÇn nevt tvn toçw l¡gontaw eäna
i deÝ pokteÛnait n aétñn (Dem., C. Aristóg., 29) na verdade se alguém, no ato, afir
masse que é preciso que os oradores sejam dentre os mais jovens, vós o mataríeis
. ¤dÛdaske m¡xri ÷tou d¡oi ¦mpeiron eänai ¥k stou pr gmatow tòn ôryÇw pepaideum¡non:
aétÛka gevmetrÛan m¡xri toætou ¦fh deÝn many nein §vw... (Xen., Mem., 4, 7, 2) [S
ócrates] ensinava até o que era [fosse] preciso o homem educado estar apto em ca
da coisa, por exemplo a geometria, dizia, era preciso entender até o ponto de...
Aïtiw (ver aïyiw)
mur07.p65
633
22/01/01, 11:39
634
os invariáveis: conjunções e partículas
G r < ge r / ge ra É uma somatória de uma partícula enfática, restritiva, intensiva
ge, e uma aditiva (de ajuste) r / ra. É a partícula anafórica explicativa por exce
lência. Aristóteles a usa constantemente para explicar ou demonstrar um postulad
o. É muito próxima do car francês. Podemos traduzi-la por pois, na verdade, com
efeito, de fato. Às vezes, poucas, ela pode ser meramente expletiva. Nas respost
as, muitas vezes ela sublinha o sim ou o não: pois é. Por causa do ge (enclítico
) g r nunca começa uma frase. oéd¢n pr gma, Î SÅkratew: ¤gÆ g r kaÜ Þ somai. FÛlow g r moi
GorgÛaw (Plat., Górg., 447b) não é nada, Sócrates, pois também sou eu que vou r
eparar. Na verdade Górgias é meu amigo. dihg somai t pr gmata: ¤moÜ g r, Î ndrew dikas
taÛ, pat r ¤sti SvpaÝow (Isócr., Trap., 3) vou expor os fatos: pois bem, meu pai
, senhores juízes, é Sopeu... dhloÝ d¡ moi tñde tÇn palaiÇn sy¡neian oéx ´kista:
prò g r TrvikÇn oéd¢n faÛnetai prñteron koin» ¤rgasm¡nh ² Ell w (Tuc., 1, 3) isto rev
ela a mim, não minimamente, a fraqueza dos antigos [gregos]: na verdade, antes d
os feitos de Tróia, a Grécia aparece [é evidente] antes não ter feito nada em co
mum. OmologeÝw, oïn, perÜ ¤m¢ dikow gegen°syai; H g r n gkh (Xen., An., 1, 6, 8
u estás de acordo que tu te tornaste injusto comigo? Pois é, é forçoso.
oëtoi kaÜ l¡gontai polç dienegkeÝn tÇn kay ¥autoçw nyrÅpvn; L¡gontai g r, ¦fh (Xen.,
Mem., 3, 5, 11) e também não se diz [eles não são ditos] que eles se distinguir
am muitos dos homens de seu tempo? Pois se diz [são ditos], disse ele.
mur07.p65
634
22/01/01, 11:39
os invariáveis: conjunções e partículas
635

aß mht¡rew t paidÛa m‾ ¤kdeimatoæntvn. M‾ g r, ¦fh (Plat., Rep., 381) que as mães n


ão aterrorizem os filhos. Não, não, disse ele [na verdade não; de fato não].
taxç g n xarÛsainto; oé g r; (Dem., Mid., 209) eles depressa iriam agradá-lo? Pois
não é? 4 eàper tiw pokteÛnei tin , oðtow d pou poieÝ dokeÝ aétÒ; — g r; (Plat., Górg.
, 468d) se alguém mata um outro, esse com certeza está fazendo o que lhe parece
[bem]. Pois sim? Ge Partícula átona, por isso enclítica e pospositiva; chama a a
tenção para a palavra anterior. É uma das partículas mais empregadas em grego. É
nitidamente uma pontuação oral, que se põe depois de uma palavra para marcar um
a pausa, uma inflexão e por isso mesmo pode ter uma força restritiva e enfática.
Homero se serve dela juntando-a aos pronomes pessoais e demonstrativos. Muitas
vezes fica intraduzível no contexto. Nos diálogos (Platão) e no teatro, ge é de
uso muito freqüente; ela acrescenta muita vivacidade e intensidade à fala. Poder
íamos apresentar centenas de exemplos, que os gramáticos colheram e tentam expli
car, mas voltaríamos sempre à situação primeira, isto é, à sua função de pontuaç
ão oral, enfática, restritiva, muito próxima do sim, lançando uma luz especial s
obre a palavra sobre a qual incide. Alguns exemplos serão suficientes.
4
G r vem combinada com uma série de partículas; o que leva muitos gramáticos a proc
urar um sentido especial para essas combinações. Não vemos muita necessidade dis
so. Essas combinações respeitam o significado base, denotativo de cada elemento;
portanto, basta respeitar o significado de cada um e enquadrá-los no contexto,
e a solução aparecerá.
mur07.p65
635
22/01/01, 11:39
636
os invariáveis: conjunções e partículas
oéd¢ s ¦gvge lÛssomai eánek ¤meÝo m¡nein. (A, 173) por mim, eu nem mesmo vou te pe
dir para permanecer. naÜ d‾ taèt ge p nta... ¦eipew (A, 286) sim, sim, pelo menos e
ssas coisas todas... tu disseste. t r m¡teimÛ g aétñn (Aristóf., Nuvens, 801) a pro
pósito, eu vou [sim] à busca dele. makarÛa g r ² pñliw ¦stai (Aristóf., Assemb.,
558) então a cidade será pelo menos feliz. fñbon ge, eÞ mhd¢n meÝzon, polemÛouw
dænasyai parasxeÝn (Plat., Leis, 806b) poder inspirar nos inimigos, na falta de
melhor, pelo menos o medo. r oéx oðtvw; p nu ge (Plat., Eutifr., 8e) então não é ass
im? Perfeitamente! §terai d¡ g eÞsi tÇn texnÇn aã di lñgou p n peraÛnousi (Plat., G
órg., 450d) pelo menos há outras artes que realizam tudo pela palavra. Goèn (ge
oïn) Mais forte do que ge; também pospositiva: em todo caso, pelo menos, certame
nte. ²m w deÝ dikoum¡nouw, t°w goèn Ell dow m‾ st¡resyai (Xen., An., 7, 1, 30) é preci
so nós, sendo injustiçados, pelo menos então não sermos privados da Grécia. êp rgu
rñw ¤sti safÇw yeÛ& moÛr&: pollÇn goèn pñlevn paroikousÇn eÞw oédemÛan toætvn oé
d¢ mikr fl¡c rgurÛtidow di kei (Xen., Rec. da Át., 1, 5) [a Ática] tem o subsolo r
ico de prata, claramente por quinhão divino; em todo caso [pelo menos], das muit
as cidades vizinhas, para nenhuma delas corre nem mesmo um pequeno veio de minér
io de prata.
mur07.p65
636
22/01/01, 11:39
os invariáveis: conjunções e partículas
637
V SÅkratew, ¤gÆ m¢n Õmhn toçw filosofoèntaw eédaimonest¡rouw xr°nai gÛgnesyai : s
ç d¡ moi dokeÝw t nantÛa t°w filosofÛaw polelauk¡nai : z»w goèn oìtvw, Éw oéd n eãw d
oèlow êpò despñtú diaitÅmenow meÛneie (Xen., Mem., 1, 6, 2) Sócrates, eu pensava
que os amantes da filosofia devessem se tornar mais felizes; mas tu me pareces
ter tirado da filosofia o contrário disso; pelo menos é assim que vives: como ne
m mesmo um escravo, se levasse esse regime, permaneceria submisso ao patrão. boæ
lei skopÇmen rj menoi pò t°w trof°w Ësper pò tÇn stoixeÛvn; kaÜ õ ArÛstippow ¦fh : Do
eÝ goèn moÛ ² trof‾ rx‾ eänai (Xen., Mem., 3, 3, 5) queres analisemos, começando
da alimentação, como dos [primeiros] elementos? E Aristipo disse: pelo menos me
parece a alimentação ser um princípio. F¡re, poÝai g r tin¡w eÞsin; oék oäda safÇw
: eàjasin goèn ¤rÛoisin (Aristóf., Nuvens, 343) Vamos lá, na verdade de que tipo
eram essas umas? Não sei com segurança; pareceram em todo caso com flocos de lã
. DaÛ Seria uma partícula construída sobre a partícula de, mas, mais enfática, m
ais expressiva. Em geral sublinha um termo interrogativo, como que?, como? Podem
os traduzi-la, por então. tÛ daÛ; — d ÷w, oé filñsofow Eëhnow; (Plat., Féd., 61c)
O que então?! disse ele, Eveno não é filósofo?! tÛ l kuyow kaÜ strñfion; tÛw da
Ü katñptrou kaÜ jÛfouw koinvnÛa; (Aristóf., Tesm., 141) o que é um vaso de azeit
e e um porta-seio? O que há então de comum entre um espelho e uma espada?! tÛ da
Û; tòn DaÛdalon oék k koaw ÷ti nagk zeto douleæein; (Xen., Mem., 4, 2, 33) o quê?! n
ão ouviste dizer que Dédalo era obrigado a servir como escravo?!
mur07.p65
637
22/01/01, 11:39
638
os invariáveis: conjunções e partículas
D¡ É também uma pontuação oral. É pospositiva. Como todas as pontuações orais, n
ão teria um significado próprio, mas tem um valor aditivo-intensivo, às vezes co
m nuances opositivas de desigualdade. Empregada sozinha, sem ter sido anunciada
por m¡n, ela dá uma leve inflexão à linha narrativa ou expositiva do segmento an
terior do enunciado. Muitas vezes pode ser traduzida por e, ou então, se o signi
ficado do segundo segmento encerra uma idéia contrária à do segmento anterior, p
ode ser traduzida por mas. Mas não há uma antítese; apenas uma nova idéia, marca
da por uma pausa, alguma coisa de diferente. Não há uma regra absoluta para seu
uso, nem ela tem um significado absoluto. As traduções mais comuns são as seguin
tes: e, por outro lado, porém. Ou então não se traduz; uma vírgula marca a pausa
. Anunciada por m¡n, exprime um paralelismo, um contraponto. Ora põe lado a lado
enunciados paralelos, numa mesma linha de significado, e não se traduz, ora o s
egundo segmento encerra uma idéia diferente ou contrária e pode ser traduzida po
r mas, porém; por isso o uso de m¢n...d¢ é impossível em uma relação principal-s
ubordinada. oðtow d Aàaw ¤stÜ pelÅriow... (G, 229) E esse aí, é o Ajax, enorme. Î
P¡rsh, sç d koue dÛkhw mhd ìbrin öfelle (Hes., Trab., 213) Perses, tu [por tua vez
] ouve a justiça e não alimentes a insolência. Strep. tÛ pot ¤w t‾n g°n bl¡pousin
oêtoiÛ; Disc. Zhtoèsin oðtoi t kat g°w. Strep. Bñlbouw ra zhtoèsin...tÛ g r oåde dr
si oß sfñdr ¤gkekufñtew; Disc. oðtoi d ¤rebodifÇsin êpò tòn T rtaron. Strep. porque
[em relação ao que] esses aí estão olhando para a terra [chão]? Disc. Eles estão
procurando as coisas debaixo da terra [dentro].
mur07.p65
638
22/01/01, 11:39
os invariáveis: conjunções e partículas
639
Strep. Então eles estão procurando cebolas... E estes, os que estão completament
e curvados para o chão? Disc. Esses, [pausa=restrição] eles estão perscrutando o
Érebo até debaixo do Tártaro. Isymòn d¢ m‾ purgoète med ôræssete (Hdt., 1, 174) E
o Istmo, (pausa=restrição) não o fortifiqueis com torres e nem façais escavaçõe
s. oáh per fællvn gene toÛh d¢ kaÜ ndrÇn (Z, 146) exatamente qual a geração das
folhas tal também a dos homens (paralelismo). eÞsÛn ¦fh M dvn m¢n ßppeÝw m¢n ple
Ûouw tÇn murÛvn: pelt stai d¢ kaÜ tojñtai g¡noint n Éw ¤pÜ t°w ²met¡raw ¥jakismærioi
. ArmenÛvn d ¦fh par¡sontai ßppeÝw m¢n tetrakisxÛlioi pezoÜ d¢ dismærioi (Xen., An
.) existem [nós temos] dos medos, de um lado, [m¡n], cavaleiros, [m¡n] mais de d
ez mil, e [de] os peltastas e arqueiros de nosso país chegariam por volta de ses
senta mil; E [de] dos armênios, por outro lado, disse ele, estarão presentes cav
aleiros [men] quatro mil e pedestres [infantaria] [d¡] vinte mil. toÝw m¢n poiht
aÝw polloÜ d¡dontai kñsmoi toÝw d¢ perÜ toçw lñgouw oéd¢n ¦jestin tÇn toioætvn (
Isócr., Evág., 9) aos poetas (de um lado) foram dados muitos ornamentos e (por o
utro lado) aos oradores nenhuma dessas coisas é permitido. rxaiñtropa êmÇn t ¤pith
deæmat ¤stin: n gkh d¢ eÜ t ¤pigignñmena krateÝn (Tuc., 1, 71, 2) vossos métodos de ad
ministração são à moda antiga, ora [porém] é necessário que os que sobrevêm leve
m a melhor.
mur07.p65
639
22/01/01, 11:39
640
os invariáveis: conjunções e partículas
D É um conetivo forte, demostrativo; tem um valor intensivo, demonstrativo, ret
omando (anafórico) e confirmando as indicações (de tempo e outras) da frase ante
rior. Enfatiza e ressalta a palavra anterior. É uma partícula preferencialmente
usada na prosa, por sua precisão: eis, então, precisamente. Assim d se juntou a
inúmeros conetivos (partículas) e expressões, formando conetivos novos, compost
os, como: dhlond , dhlad , d°ta, d°yen, d pote, d pou, d pouyen, ¤peid . Tratare
mos deles todos na seqüência da ordem alfabética. oéx oìtvw ¦xei; - ¦xei d . não
é assim? É, sim (é claro). TÛ d ; Por que então? (em relação ao quê?). Aërion d
¦fh àsvw Î FaÛdvn t w kal w taætaw kñmaw poker»; (Plat., Féd., 89b) É amanhã, não é
, disse ele, Fédon, que cortarás essa bela cabeleira? Aìth d ¦fh ² Svkr touw sofÛ
a; (Plat., Rep., 338b) É essa aí, disse ela, a sabedoria de Sócrates? Prñage d ;
(Plat., Fedro, 227c) Avança então! PollÒ d‾ —n syen¡staton tÇn ¤yn¡vn tò Ivnikñn
(Hdt., 1, 143) E em muito o mais fraco dos povos (helênicos) era o jônico. Nèn a
ï mñna d‾ nÆ leleimm¡na; (Sóf., Ant., 58) E agora nós duas estamos abandonadas s
ozinhas, não é? nèn d õr te d‾ kaÜ aétoÛ (Plat., Ap., 31b) agora, vede então vós me
smos. Akoæeiw d ¦fhn ¤gÅ... ProdÛkou toède (Plat., Prot., 341c) Estás ouvindo o
Pródico aqui, não é?, disse eu?!
mur07.p65
640
22/01/01, 11:39
os invariáveis: conjunções e partículas
641
KoÛú d‾ krÛneiw T¡llon eänai ôlbiÅtaton; (Hdt., 1, 30) Por que (de que maneira),
então, tu julgas que Telos é o mais feliz? ÷tan eÞw tò aétò ¦lyvsin ¤rast w te
kaÜ paidik ... tñte d‾ (Plat., Banq., 184e) quando (sempre que) o amante e o amado
chegam ao mesmo ponto... nesse momento então... oékoèn ¤peid‾ oé didaktñn ¤stin
, oéd ¤pist mh d‾ ¦ti gÛgnetai ret ; (Plat., Mên., 99a) não é verdade que, uma vez
que não é algo ensinável, então, a virtude não chega a ser nem mesmo ciência? ¤
rvt w... ána d‾ eéyçw faÛnvmai aétòw ¤mautÒ t nantÛa l¡gvn (Plat., Mên., 82a) tu me
estás interrogando para que eu apareça direto dizendo coisas contrárias a mim me
smo, não é?! fvn‾n ¦doja koèsai... eÞmÜ d‾ oïn m ntiw (Plat., Fedro, 242c) pareceu-
me ouvir uma voz... pois então eu sou um adivinho. D°yen (d - yen) A partir daí
, então. É um reforço, uma ênfase sobre o sufixo adverbial de lugar de onde, com
inferências causais ou temporais. tÛ d‾ ndrvy¡ntew d°yen poi sousin; (Hdt., 6, 1
38) tendo-se tornado adultos, a partir daí [então], o que farão? oá min ±y¡lhsan
pol¡sai d°yen... (Hdt., 1, 59) os que então quiseram fazê-lo perecer... Dhlad (
d°la d ) / dhlond (d°lon d ) Enfático sobre é evidente, é claro, é manifesto . pñy
en, Î SÅkratew, faÛnei ; µ dhlad‾ pò kunhgesÛou; (Plat., Prot., 309a) De onde, Só
crates tu apareces?! Não é evidente que é de caçada?!
mur07.p65
641
22/01/01, 11:39
642
os invariáveis: conjunções e partículas
D pote (d pote) Então, por acaso. Nas perguntas, é um acréscimo de uma noção de
incerteza, pedindo confirmação. tÛ d pote nomÛzete t‾n tÇn PanayhnaÛvn ¥ort‾n eÜ
toè kay kontow xrñnou gÛgnesyai; (Dem., Fil., 1, 35) Então por que por acaso pe
nsais que as festas das Panatenías se realizam sempre na data conveniente? ÷stiw
d pote Ên (Plat., Fedro, 373c) sendo enfim aquele que por acaso é. D pou (d p
ou) Com certeza, naturalmente, sem dúvida, associado à partícula -d acrescenta
um tom confirmativo, conclusivo, com um leve toque de ironia: certamente, na ver
dade, sem dúvida então, talvez, não é? oé d pou kaÜ sæ eä tÇn toioætvn nyrÅpvn oã
xrhsimñteron nomÛzousi xr mata µ delfoæw; (Xen., Mem., 2, 3, 1) Com certeza tamb
ém tu não és desse tipo de homens que consideram as riquezas [os bens] mais útei
s do que os irmãos!? pñteron õ aétòw µ llow; O aétòw d pou (Plat., Íon, 531e) é e
e mesmo ou um outro? É o mesmo, com certeza [naturalmente].
àste d pou ÷ti oédeÜw pÅpote õmologÇn dikeÝn ¥ lv (Dem., Emb., 215) vós sabeis com
certeza que ninguém jamais foi pego confessando que é injusto [que é réu, culpad
o]. àste g r d pou (Dem., 25, 15) pois vós sabeis certamente. oédeÜw d pou gnoeÝ (D
em., 356, 9) ninguém ignora, sem dúvida.
mur07.p65
642
22/01/01, 11:39
os invariáveis: conjunções e partículas
643
d pouyen (d pou -yen) Pospositiva. Poderíamos dizer que é uma composição confir
mativa (d ) e ilativa (-yen): sem dúvida então. oédamÇw d pouyen (Dem., 832, 15)
sem dúvida, de modo algum. D°ta É uma partícula de afirmação mais forte do que
d . Nas interrogações insistentes, conclusivas, sublinha a palavra anterior. Ent
ão, com certeza. oédamÇw ra deÝ dikeÝn; Oé d°ta (Plat., Críton, 49b) Então não se
deve cometer injustiça de nenhuma forma? É claro que não. [não, evidentemente].
tÇn kakÇn êmeÝw aàtioÛ ¤ste; oé d pouyen (Lís., 6, 36) de nossos males os culpad
os sois vós? não, com certeza [é claro que não].
oé d°ta ¦gvge eu não, com certeza [é claro]. tÛ oïn d°ta n eàh ¤pist mh lekt¡on;
(Plat., Teet., 164b) pois bem, então o que deveria ser dito ciência? Ëw me pÅlesa
w; pÅlesaw d°ta (Sóf., El., 1164) como tu me arruinaste! sem dúvida arruinaste. o
ék ra perÜ p ntaw ge toçw lñgouw ² =htorik ¤stin; Oé d°ta (Plat., Górg., 449e) Ent
ão a retórica não é pelo menos em relação a todos os discursos? Não, com certeza
.
mur07.p65
643
22/01/01, 11:39
644
os invariáveis: conjunções e partículas
Diñti (di ÷ti) Porque, por que razão. E n (eÞ n) / n / µn Partícula supositiva de even
tualidade. Em grego: sempre com o subjuntivo. Em português: presente ou futuro d
o subjuntivo: se, caso (no caso de); eventual de repetição do presente (sempre q
ue): subjuntivo em grego e presente do indicativo em português. EÞ É a partícula
supositiva por excelência; em grego introduz sempre a hipótese real, ou irreal,
sempre no indicativo. A tradução em português é se. Em português, há confusão e
incerteza no emprego do se. A razão disso é que os gramáticos consideram o se c
omo uma conjunção regente desse ou daquele modo verbal. Em grego, as coisas são
bem claras: A hipótese real e a irreal não trazem problemas. A real só se realiz
a no presente: Se os deuses fazem algo feio, não são deuses. E a irreal no passado
: Se os cidadãos votaram bem, não elegeram aquele presidente. Em grego, coerenteme
nte, o modo da realidade e o da irrealidade é o mesmo: indicativo. Em português,
há um certo equívoco entre o enunciado de uma irrealidade presente (se com impe
rfeito do subjuntivo na condicionante, e condicional simples na condicionada)e o
potencial. Para o possível, o português usa a mesma construção do irreal do pre
sente. Só o contexto e a entonação podem resolver o problema. Se eu tivesse dinhe
iro eu te emprestaria tanto pode significar: eu não tenho dinheiro e não te empres
to , e escolho uma forma delicada (optativo grego e condicional português) para di
zer isso, quanto o enunciado de uma mera possibilidade sem insistir na realidade
ou não.
mur07.p65
644
22/01/01, 11:39
os invariáveis: conjunções e partículas
645
No grego, a irrealidade do presente é expressa pelo imperfeito do indicativo com
eÞ na condicionante e imperfeito do indicativo com n na condicionada; mas a poss
ibilidade é expressa pelo optativo com eÞ na condicionante e optativo com n na co
ndicionada. Numa situação narrativa do passado, quando há repetição do fato (sem
pre que, cada vez que) e não um momento preciso (indicativo), encontramos eÞ com
optativo, que as gramáticas denominam optativo oblíquo ou de subordinação. eÞ t
ou fÛlvn bl¡ceien oÞketÇn d¡maw ¦klaen ² dæsthnow eÞsorvm¡nh (Sóf., Traq., 908)
se [cada vez que] olhava um de seus queridos servos, olhando-os a infeliz chorav
a. potòn d¢ p n ²dç —n tÒ Svkr tei di tò m‾ pÛnein, eÞ m‾ dicÐh (Xen, Mem., 1, 3, 5)
toda bebida era agradável a Sócrates pelo fato de ele não beber se não tinha sed
e [a menos que - repetição]. faÛh d n ² yanoèsa eÞ fvn‾n l boi (Sóf., El., 548) a qu
e morreu [Ifigênia] diria [como eu] se retomasse a voz (irreal do presente). eÞ
bouloÛmeya M¡nvna tñnde gayòn Þatròn gen¡syai par tÛnaw n p¡mpoimen didask louw; (Pla
t., Mên., 90c) se nós quiséssemos que Mênon que aqui está se tornasse um bom méd
ico, junto a que mestres nós o enviaríamos? (possibilidade). eÞ d nagkaÝon eàh dike
Ýn µ dikeÝsyai ¥loÛmhn n m llon dikeÝsyai (Plat., Górg., 469c) se fosse necessário co
meter ou sofrer injustiça eu escolheria de preferência sofrer (possibilidade). f
Çw eÞ m‾ eàxomen ÷moioi toÝw tufloÝw n —men (Xen., Mem., 4, 3, 3) se nós não tivé
ssemos luz (possibilidade), seríamos iguais aos cegos (irreal do presente). eÞ t
ò ¦xein oìtvw Éw tò lamb nein ²dç —n polç n di¡feron eédaimonÛ& oß ploæsioi (Xen.,
Cir., 8, 3, 44) se o ter fosse (irreal: não é) tão agradável como o tomar, os ri
cos se distinguiriam muito em felicidade (possibilidade).
mur07.p65
645
22/01/01, 11:39
646
os invariáveis: conjunções e partículas
oék n ¤poÛhsen AgasÛaw taèta eÞ m‾ ¤gÆ aétòn ¤k¡leusa (Xen., An., 6, 6, 15) Agásia
s não teria feito essas coisas, se eu mesmo o não tivesse ordenado [irreal do pa
ssado: ele fez porque eu ordenei]. eÞ tñte ¤bohy samen = oni kaÜ polç tapeinot¡rÄ
nèn n ¤xrÅmeya tÒ FilÛppÄ (Dem., Fil., 1, 9) se nós tivéssemos socorrido [os alia
dos], nós estaríamos tratando agora com um Filipe muito mais brando e humilde (i
rreal no passado; irreal no presente). eÞ oß lloi ³yelon toioètoi eänai ôry‾ n ²mÇ
n ² pñliw —n kaÜ oék n ¦pesen tñte toioèton ptÇma (Plat., Láq., 181b) se os outro
s quisessem [agora irreal do presente] ser desse tipo [como Sócrates], nossa cid
ade estaria (irreal do presente) em boas condições e não teria sofrido na ocasiã
o tamanha queda [mas sofreu, irreal do passado]. Observação: Na verdade o modo a
ser empregado depende do sujeito do enunciado, que é o senhor da mensagem; o co
netivo traz seu significado e faz a ligação. Podemos ver isso também nos casos e
m que eÞ vem associada a outras partículas. Há várias combinações: eÞ kaÛ, kaÛ e
Þ, Ësper eÞ, eÞ n, eà ge, eÞ m , eàper, eÞ g r, eàye, ktl õ Kèrow eéyçw ±sp zeto aétò
n Ësper n eà tiw p lai filÇn sp zoito (Xen., Cir., 1, 3, 2) Ciro beijou de imediato (A
stíages), como alguém beijaria amando há muito tempo. ¤moÜ m¢n rkeÝ oàkoi m¡nein
kaÜ eàte Læsandrow eàte llow tiw ¤mpeirñterow perÜ t nautik boæletai eänai oé kvlæv
(Xen., Hel., 1, 6, 5) a mim me é suficiente permanecer em casa e se Lisandro ou
um outro qualquer quer ser mais competente nas coisas náuticas, eu não impeço [
se e se].
mur07.p65
646
22/01/01, 11:39
os invariáveis: conjunções e partículas
647
EÞ g r (ver eàye) EÞ d¢ m E se não, com modo volitivo (eventual) ou indefinido. e
Þ boælesye sunapi¡nai, ´kein ³dh keleæei t°w nuktñw: eÞ d¢ m‾ aërion prvÜ pi¡nai
fhsÛn (Xen., Anáb., 2, 2, 1) se vós quereis partir com ele, ele diz para chegar
de noite [esta noite]; se não, ele diz que parte amanhã cedinho. m‾ oìtv l¡ge, e
Þ d¢ m , oé yarroènt me §jeiw (Xen., Cir., 7, 1, 35) não fala [fales] assim, se n
ão, tu me terás sem coragem. Eàye eàye e eÞ g r introduzem orações de expressão de
voto ou desejo (oxalá, tomara que) em que o uso do optativo diz que o sujeito d
uvida da realização do voto, mas expõe como mera possibilidade. eày , Î lÒste, sç
toioètow Ìn fÛlow ²mÝn g¡noio (Xen., Hel., 4, 1, 38) oxalá, excelente homem, tu
que és dessa qualidade, te tornasses nosso amigo! eàye m pote gnoÛhw ùw eä (Sóf.
, Édipo R., 1068) oxalá nunca soubesses quem és! eày eäxew beltÛouw fr¡naw; (Eur.
, El., 1061) ah! se tivesses melhores pensamentos [sentimentos, intenções]. EÞ m
Exceto, se não (lat. nisi) tò te str teuma õ sÝtow ¤p¡lipe kaÜ prÛasyai oék —n,
eÞ m‾ ¤n t» LudÛ& gor (Xen., Anáb., 1, 5, 6) os suprimentos [o trigo] abandonaram
a expedição e não era possível comprar, exceto no mercado na Lídia.
mur07.p65
647
22/01/01, 11:39
648
os invariáveis: conjunções e partículas
EÞ m‾ ra A menos, contudo que, se é que não (lat. nisi, forte). pÇw n õ toioètow n‾
r diafeÛroi toçw n¡ouw; eÞ m‾ ra ² t°w ret°w ¤pÛm¡leia diafyor ¤stin (Xen., Mem., 1
, 2, 8) Como um homem dessa qualidade poderia corromper os jovens?! a menos que
o estudo da virtude é [seja] uma corrupção. Eàper Se é que, se é verdade que (la
t. si quidem). Eäta E então, a seguir. ¦fasan oé dunam¡nouw eêreÝn tò llo str teuma
oéd¢ t w õdoçw eäta planvm¡nouw pol¡syai (Xen., An., 1, 2, 25) eles disseram que,
não podendo encontrar o resto do exército nem as trilhas [de volta], então [a se
guir] eles vagando, pereceram. eäta oék aÞsxænei Î SÅkratew; (Plat., Apol., 28b)
e depois disso, não te envergonhas, Sócrates?! Eàte... eàte Se... e se; seja qu
e... seja que; quer... quer; ora... ora. EpeÛ Conjunção temporal: quando, depois
que. Causal: como, uma vez que, porque. Concessiva: ainda que, se bem que, bem q
ue, como. Em geral o nosso como cobre os vários significados de ¤peÛ.
mur07.p65
648
22/01/01, 11:39
os invariáveis: conjunções e partículas
649
Epeid Mesmo significado do conetivo anterior, apenas enfatizado por d ; também p
ode ser traduzido por um como genérico. Às vezes pode vir associado à partícula
do eventual n, ¤peid n; o subjuntivo será conseqüente. Epeita (¤peÛ eäta) A seguir,
depois disso. O modo depende da idéia de realidade (indicativo), eventualidade (
subjuntivo) e possibilidade (optativo). Este Até, até que. Usa-se como sinônimo d
e m¡xri, m¡xri oð, §vw, t¡vw, xri, xri oð. Como preposição se constrói com o genit
ivo partitivo (de ponto de contato), e como conjunção se constrói com o modo da
relação do contexto: indicativo da realidade, subjuntivo da eventualidade e opta
tivo da possibilidade. Este é menos freqüente do que m¡xri, §vw e t¡vw perim¡nete
¦st n ¦lyv (Xen., Anáb., 5, 1, 4) esperai até que eu chegue (a eventualidade está
marcada por n). Eti (oék¡ti / mhk¡ti) Ainda, enquanto. Relação temporal de duraçã
o (acréscimo: e mais). Afirmativa. Em geral se usa com indicativo: constatação d
a realidade. ¦ti moi m¡now ¤mpedñn ¤stin (E, 254) há ainda em mim um coração fir
me. ¦ti kaÜ d‾ ¤m xonto (Hdt., 9, 102) eles combatiam ainda naquele momento.
mur07.p65
649
22/01/01, 11:39
650
os invariáveis: conjunções e partículas
Evw Até, enquanto, enquanto que. Sinônimo de m¡xri, m¡xri oð, t¡vw, xri, xri oð, ¦s
te. O modo depende da idéia de realidade (indicativo), eventualidade (subjuntivo
) e possibilidade (optativo) do contexto. tò tettÛgvn g¡now... mhd¢n trof°w deÝs
yai genñmenon ll sitñn te kaÜ poton eéyçw dein §vw n teleut sú (Plat., Fedro, 259c) a
raça das cigarras, tendo nascido para não precisar de nenhum alimento; ao contrá
rio, para cantar direto, sem comer nem beber, até que morra (a eventualidade est
á marcada por n). periem¡nomen oïn ¥k stote §vw noxyeÛh tò desmot rion (Plat., Féd.,
59d) nós esperávamos cada vez até que a prisão se abrisse (o optativo se usa pa
ra exprimir um fato repetido no passado; não é nem um fato real nem eventual). §
vw ge m¡nomen aétoè skept¡on moi dokeÝ eänai ÷pvw sfal¡stata menoèmen (Xen., Anáb
., 1, 3, 11) pelo menos até que [enquanto] permanecemos aqui parece-me que se de
ve olhar para que [de modo a que] permaneçamos [permaneceremos] com a maior segu
rança possível (indicativo da realidade: durante o tempo em que). m‾ oïn nameÛnvm
en §vw n pleÛouw oß pol¡mioi g¡nvntai ll àvmen §vw ¦ti oÞñmeya eépetÇw n aétÇn krat°
sai (Xen., Cir., 3, 3, 46) então não esperemos até que os inimigos se tornem mai
s numerosos, mas avancemos até que (enquanto ainda) pensamos que poderemos domin
á-los facilmente (até que se tornem: subjuntivo eventual; enquanto ainda pensamo
s: indicativo).
mur07.p65
650
22/01/01, 11:39
os invariáveis: conjunções e partículas
651
H / ±¢ / ±æte Ou, do que: basicamente uma relação entre dois, de diferença (do que
) comparativo ou não. ³... ³ Ou... ou, quer... quer: paralelismo. Também usado n
as interrogativas disjuntivas. Às vezes pode fazer contraponto com pñteron (qual
das duas coisas: isto ou aquilo?) Esse conetivo não traz em si o significado da
diferença. É uma relação entre dois. Ele apenas põe lado a lado as palavras ou
expressões. A comparação (diferença) para maior ou menor está nas próprias palav
ras, no próprio conteúdo semântico dos segmentos. Na ausência do conetivo, o com
plemento da comparação (diferença) vai naturalmente para o genitivo (ablativo em
latim). Quando se fala de conetivo é preciso lembrar que o conetivo conecta, li
ga, mas não funde; ele é uma ponte entre dois, um registro apenas. Portanto, se
ele não funde, também não separa, não tem poder de disjunção, não desconecta. Es
sa disjunção está no conteúdo das frases ou segmentos ou em palavras, como outro
, contrário, diferente. deÝ Eratosy¡nhn podeÝjai µ Éw oék p gagen aétòn µ Éw dikaÛv
w toèt ¦prajen (Lís., 12, 34) é preciso Eratóstenes provar que ou não o levou [pr
eso] ou fez isso dentro da lei. eàte LusÛaw ³ tiw llow (Plat., Fedro, 277d) se [f
oi] Lísias ou um outro qualquer. §loimÛ ken ³ ken ¥loÛhn (X, 253) eu te poderia
pegar ou poderia ser pego. gæpessin polç fÛlteroi µ lñxoisin (L, 162) mais amigos
dos abutres do que das esposas. mel nteron ±æte pÛssa (D, 277) mais negro do que
o piche.
mur07.p65
651
22/01/01, 11:39
652
os invariáveis: conjunções e partículas
MhonÜw ±¢ K eira (D, 141) é uma [mulher] meônia ou cária. oék ¦jestin aétÒ eÞw ßer
òn eÞsi¡nai µ poyaneÝsyai (And., Mist., 33) não lhe é permitido entrar no templo,
ou haver de morrer. Ërisan toÝw ôstrakizom¡noiw ¤ktòw Geraistoè kaÜ SkullaÛou k
atoikeÝn µ tÛmouw eänai kay paj (Arist., Gov. dos Aten., 22, 8) eles determinaram a
os que eram exilados [ostrakizados] de residir fora dos cabos Geraistos e Squile
u, ou então perder a cidadania de vez. pñteron dokeÝ soi k kion eänai, tò dikeÝn µ
tò dikeÝsyai; (Plat., Górg., 474c) qual das duas coisas te parece pior: cometer o
u sofrer injustiça? oék oàei aétòn n ²geÝsyai t tñte õrÅmena lhy¡stera µ t nèn deikn
æmena; (Plat., Rep., 515d) não achas que ele julgaria as coisas que eram vistas
então mais verdadeiras [reais] do que as que estão sendo mostradas agora? toçw ¤
nantÛouw lñgouw µ aétòw katedñkee (Hdt., 1, 22) discursos contrários a que [do q
ue] ele mesmo suspeitava (o conetivo não traz a idéia de diferença/comparação; e
la está no significado de contrários ). Também aqui: polç oß lñgoi oðtoi ntÛoi eÞsÜn
µ oîw ¤gÆ ³kouon (Xen., 6, 6, 34) essas palavras são em muito contrárias às que
eu ouvia. kaÛ moi deèro, Î M¡lhte, eÞp¡: llo ti µ perÜ polloè poieÝ ÷pvw b¡ltist
oi oß neÅteroi ¦sontai; (Plat., Apol., 24c) dize-me também aqui, Mêletos, há alg
uma outra coisa a que dás mais importância do que para que os mais jovens sejam
melhores?
mur07.p65
652
22/01/01, 11:39
os invariáveis: conjunções e partículas
653
H Exprime um idéia de confirmação, uma espécie de certeza decorrente de uma convi
cção a partir do que foi dito, projetando-se para o que segue. Desse modo também
é usada na formulação de uma pergunta baseada numa pré-condição de resposta afi
rmativa. Nesse caso, às vezes se associa a ra/ ra, que exprime ajuste. Em português
podemos vê-la assim: uma vez feitas as contas, então... ; o significado não muda n
as interrogativas: uma vez feitas as contas, então / será que?... exprime a convic
ção de uma resposta afirmativa. — kalÇw l¡gete (Plat., Banq., 176b) é, então vós
dizeis bem. XaÛreton: — fÛloi ndrew ßk neton (I, 197) saudações aos dois; então vó
s dois viestes como homens amigos. kaÛtoi eÞ ¤keÝnow p¡yanen — pou Agñratñw ge dik
aÛvw poyaneÝtai (Lís., 13, 57) pois bem, se aquele homem morreu, então certamente
Agóratos há de morrer por justiça. — sæ g Odusseæw ¤ssi polætropow; (K, 330) entã
o és tu o engenhoso Odisseu? ll tÛw soi dihgeÝto; — aétòw Svkr thw; (Plat., Banq., 1
73a) mas, quem te contava isso? Acaso [não é] o próprio Sócrates? — ti perÜ TrÅv
n kaÜ AxaiÇn mermhrÛzeiw; (U, 17) sem dúvida tu te preocupas a respeito dos troia
nos e dos aqueus? pÇw eäpaw; — t¡ynhke Pñlubow; (Sóf., Édip. R., 943) como dizes
? então [será que] Pólibos morreu? kaÜ n‾ tòn kæna, Î ndrew AyhnaÝoi, - deÝ g r pròw
êm w t lhy° l¡gein - — m‾n ¤gÆ ¦payñn ti toioèton; (Plat., Apol., 22a) e, pelo cão,
senhores atenienses [pois é necessário dizer a verdade diante de vós], será que
, então eu percebi algo assim?
mur07.p65
653
22/01/01, 11:39
654
os invariáveis: conjunções e partículas
— se associa a várias outras partículas, onde atua como uma confirmação do senti
do das outras; ela aparece aí como um enfático. As principais combinações são as
seguintes: — ra ( r / =a), — g r, — d , ³ toi / —toi, — m¢n... — d¢ / ±m¢n... ±d¢, —
pou, — pou d‾, — m‾n, ¤pei , ti , õti tÛ l¡geiw, f nai, Î Kère, — g r sç taÝw xers
Ü toætvn ti ¤fæteusaw; (Xen, Ec., 4, 23) o que estás dizendo, disse, Ciro? pois
então tu, com tuas mãos plantaste alguma dessas [árvores]? — pou, —n d ¤gÅ, Î Læs
i, sfñdra fileÝ se õ pat‾r kaÜ ² m thr; (Plat., Lísis, 207b) então, disse eu, Lí
sis, certamente teu pai te ama muito e também tua mãe? — ra sçn meg lú ret» ¤kt sv ko
itin; (V, 193) então [estou vendo], tu fizeste uma aquisição de uma esposa com g
rande virtude. eÞ t deinñtata tÇn kathgorhy¡ntvn perifanÇw ¤l¡gxontai ceudñmenoi
— pou t ge pollÒ faulñtera =&dÛvw êmÝn podeÛjv ceudom¡nouw aétoæw (Andóc., Mist.,
24) se em relação às mais graves das acusações eles estão sendo muito manifestam
ente persuadidos de estarem mentindo, então [com certeza], pelo menos em relação
das muito mais leves eu vos demonstrarei que eles estão mentindo. ¤n eÞr nú — p
ou d‾ ¤n pol¡mÄ (Tuc., 1, 142, 3) na paz, então com certeza também na guerra. de
Ý aétoçw ³toi mayest touw eänai (Andóc., Sobre a volta, 2) então com certeza é nece
ssário eles serem bem ignorantes. õ aétòw d¡ pou oïtow tugx nei Ìn kaÜ filoxr mato
w kaÜ filñtimow ³toi t §tera toætvn µ mfñtera; (Plat., Fedro, 68c) de alguma forma
esse mesmo homem se encontra sendo por acaso tanto amigo das riquezas quanto da
s honras, ou então [na verdade] de uma delas ou de ambas.
mur07.p65
654
22/01/01, 11:39
os invariáveis: conjunções e partículas
655
HnÛka Conjunção temporal relativa: quando, no momento em que, e correlativa às co
njunções demostrativas thnÛka (neste tempo), ou interrogativa phnÛka (quando?). I
na Na origem é um advérbio relativo de lugar lá onde a que se associou uma idéia d
e eventual; surge a partir daí a idéia de finalidade, do fato futuro. De uma sup
erposição de expressões semanticamente independentes (lugar onde e eventual) vem
a idéia da finalidade. No ático, ána aparece como o conetivo final por excelênc
ia. Como a idéia de finalidade é uma eventualidade, as gramáticas estabelecem co
mo regra que ána se constrói com o subjuntivo (eventualmente com o optativo pote
ncial ou de subordinação). Na verdade, mais uma vez, o modo depende do conteúdo
e da maneira como o emissor quer exprimir sua mensagem. Em geral encontramos o s
ubjuntivo por causa da eventualidade latente no significado de ána: lá onde; não
é uma localização precisa, indicativa, demostrativa. Mas, se há uma idéia de po
ssível ou atenuação da afirmação podemos encontrar o optativo (com ou sem n); e s
e se insiste sobre a realidade, podemos encontrar o indicativo. Î yaum sie M¡lhte
ána tÛ taèta l¡geiw; (Plat., Apol., 26c) ó maravilhoso Mêletos, para que dizes e
ssas coisas? [e aqui, porque dizes essas coisas?]. kænaw tr¡feiw ána soi toçw læ
kouw pò tÇn prob tvn perækvsin. (Xen., Mem., 2, 9, 2) tu crias cães para que [no que
] eles afastem os lobos dos rebanhos. m‾ speède plouteÝn ána m‾ taxç p¡nhw g¡nú
(Prov.) não te apresses em enriquecer, para que não tornes rapidamente pobre.
mur07.p65
655
22/01/01, 11:39
656
os invariáveis: conjunções e partículas
t ploÝa tñte Abrokñmaw proiÆn kat¡kausen ána m‾ Kèrow diab» (Xen., An., 1, 4, 18)
então Abrocomas avançando incendiou as embarcações a fim de que Ciro não atraves
se [no que não atravesse]. eÞ g r Êfelon Î KrÛtvn oäoÛ te eänai oß polloÜ t m¡gista
kak ¤jerg zesyai ána oäoÛ te —san aï kaÜ gay t m¡gista (Plat., Críton, 44d) ah seria
bom, Críton, o povo ser capaz de realizar os maiores males a fim que também foss
e [não é] por sua vez também capaz de realizar os maiores bens. (imperf. do irre
al do presente). ána m min limòw ákhtai (T, 348) a fim de que a fome não me che
gue. toçw n¡ouw eÞw paidotrÛbou p¡mpousin ána sÅmata beltÛv ¦xvsin (Plat., Prot.
, 326) eles mandam os jovens ao mestre de ginástica para que tenham os corpos me
lhores. [õ tærannow] pol¡mouw eÜ kineÝ án ¤n xreÛ& ²gemñnow õ d°mow  (Xen., An.,
2, 4, 17) O tirano sempre provoca guerras para que o povo esteja em necessidade
de um comandante dihrÅtvn n aétoçw tÛ l¡goien án ma ti kaÜ many noimi (Plat., Apol.,
22b) eu os interrogava [em relação a] o que diziam a fim de que ao mesmo tempo e
u também aprendesse algo polçn d¢ sçn ¤moÜ xrusòn ¤kp¡mpei l yr& pat r, án , eà pot Il
Ûou teÛxh p¡soi toÝw zÇsin eàh paisÜ m‾ sp niw bÛou (Eur., Héc., 10-2) meu pai env
ia às escondidas muito ouro comigo a fim de que, se por acaso Ílion caísse, não
houvesse penúria aos filhos vivos, [num quadro do passado, o fantasma de Polidor
o conta, em cena, fatos passados; por isso o optativo em lugar do subjuntivo]. o
àxontai ána m‾ doÝen dÛkhn (Lís., 20-1) eles estão viajando [foram embora] a fim
de não enfrentar a justiça [que possam não enfrentar; possível].
mur07.p65
656
22/01/01, 11:39
os invariáveis: conjunções e partículas
657
boæloint n ²m w ¤jvl¡nai ána t w telet w l boien aétoÜ tÇn yeÇn (Aristóf., Plut., 412) el
s [os deuses] gostariam de nos ver mortos a fim de eles entre os deuses pegarem
[pudessem pegar] as oferendas p ntaw n bouloÛmhn perÜ ¤moè taæthn t‾n gnÅmhn ¦xein
ána ²g°sye... (Lís., 7, 12) eu gostaria de todos terem a meu respeito essa opini
ão, a fim de que penseis... [Þxyæew] t°w aét°w [g°w] nt¡xontai ¤gxriptñmenoi kaÜ
caæontew Éw m lista ána d‾ m‾ m rtoien t°w õdoè di tòn =ñon (Hdt., 2, 93) [os peixes]
dessa mesma região se mantêm contra [à margem], encostando-se e tocando-a o mais
possível para que não falhem [possam falhar] da rota por causa da corrente [pel
a] (o optativo exprime a possibilidade de os peixes se afastarem da rota). tÇnde
d¢ eáneken n°gon t w n¡aw ána d‾ toÝw Ellhsi mhd¢ fugeÝn ¤j» ll polamfy¡ntew ¤n t» Sa
amÝni doÝen tÛsin tÇn ¤p ArtemisÛÄ gvnism tvn (Hdt., 8, 76) eles (os persas) espalhar
am os navios por causa destas coisas: a fim de que não seja possível nem mesmo f
ugir aos gregos ([eventual para os gregos], mas se fossem tomados [tendo sido do
minados] em Salamina pagassem tributo dos combates em Artemísio. KaÛ É o conetiv
o horizontal por excelência; na origem é um advérbio: também, mesmo, até, que de
pois se enfraqueceu. Liga duas palavras, duas frases, duas orações que estão no
mesmo plano. É o conetivo somatório, aditivo, e por isso separativo (na mesma me
dida em que dois objetos precisam de um conetivo, nessa mesma medida eles revela
m que estão separados). Quando se coloca à frente de uma palavra, uma frase, uma
oração, isto é, quando não reflete a horizontalidade, o paralelismo kaÛ assume
o significado de conetivo forte (de antigo advérbio, como ¦ti: também, ainda, at
é, mesmo.
mur07.p65
657
22/01/01, 11:39
658
os invariáveis: conjunções e partículas
Fazendo contraponto com um outro kaÛ ele significa: de um lado... de outro, tant
o... quanto, não só... mas também. Às vezes kaÛ pode vir acompanhado de outras p
artículas. Nesses casos há uma combinação dos significados; sempre com uma ênfas
e ou precisão; as diversas partes mantêm e combinam os significados. As principa
is combinações são: kaÜ d , kaÜ d‾ kaÛ, kaÜ m¢n d , kaÜ m n, kaÛtoi, te...kaÛ, k
aÛper, eÞ kaÛ. Nesses casos kaÛ volta a ter o significado forte, adverbial. ôlÛg
ou tinòw jÛa kaÜ oédenñw (Plat., Apol., 23) [a sabedoria humana] digna de pouca c
oisa, de nada [mesmo] até. dielyñntvn ¤tÇn dæo kaÜ triÇn (Tuc., 1, 82) passados
dois, mesmo três anos [até] kaÜ dÜw kaÜ trÜw pÛnein (Plat., Fedro, 63e) beber du
as, mesmo três vezes [até]. N¡stvr ²duep w... toè kaÜ pò glÅsshw m¡litow glukÛvn
=¡on aéd (A, 429) Nestor de fala suave, de que até da língua fluindo uma voz ma
is doce do que o mel. oé dein ; kaÜ p¡mpousin ³dh piskñpouw eÞw t‾n pñlin; (Aristóf
., Aves, 1033) não é terrível?! eles até mandam inspetores para nossa cidade! —
kaÜ taæthn oïn ¦fhn ¤gÅ t‾n dikaiosænhn sç did skeiw; (Xen., Econ., 14, 3) então,
disse eu, até essa justiça tu ensinas?! Hr kleiw kaÜ k¡ntr ¦xousin. Oéx õr w d¡spota;
(Aristóf., Vespas, 420) Por Heraclés, até ferrões eles têm! Não estás vendo, pat
rão?! kaÛ moi l¡ge t‾n graf‾n labÅn (Dem., 18, 53) pois bem, pega o decreto e lê
também para mim. ¤moÛ, Î riste, eÞsin m¡n poæ tinew kaÜ oÞkeÝoi (Plat., Apol., 3
4d) ó caríssimo, para mim existem em algum lugar alguns, mesmo da família [até].
mur07.p65
658
22/01/01, 11:39
os invariáveis: conjunções e partículas
659
oëtoi... dænamai m‾ gel n: kaÛtoi d knv g ¤mautñn (Aristóf., Rãs, 43) não! eu não con
sigo não rir; e ainda que eu mesmo me morda! kaÛtoi ¦gvg oämai kaÜ t‾n læran mou
kreÝtton eänai narmosteÝn µ §na önta ¤m¢ ¤mautoè sæmfvnon eänai (Plat., Górg., 482
b) pois bem, (Cálicles), por mim eu acho ser melhor até minha lira estar desafin
ada do que, sendo um só, estar em falta de sintonia comigo mesmo. l¡gv d‾ kaÛtoi
oék oäda õpoÛ& tñlmú... xrÅmenow ¤rÇ kaÜ ¤pixeir sv (Plat., Rep., 414d) sim eu
digo, mesmo que não sei usando de que ousadia eu vou dizer; ainda assim vou tent
ar. pantÜ yumÒ kaÜ fileÝ kaÜ miseÝ (Dem., Emb., 227) de todo o coração ele ama e
odeia [tanto ama quanto odeia]. teyaæmaka ù kaÜ prÅhn tinòw ³kousa (Dem., Quers
., 4) eu admirei o que mesmo antes eu ouvi de alguém. Î K¡fale, xaÛrv ge dialegñ
menow toÝw sfñdra presbætaiw: kaÜ d‾ kaÜ soè ²d¡vw n puyoÛmhn ÷ ti soi faÛnetai t
oèto. (Plat., Rep., 328d) Kéfalos, eu me alegro discutindo com os bem idosos, e
então também com prazer eu poderia saber de ti o que te parece isso. kaÜ m¢n d‾
oék ¤n t» oÞkÛ& ll ¤n õdÒ sullabÆn p gage (Lís., 12, 30) e também na verdade ele o
levou preso tendo pegado não dentro de casa, mas na rua. Aghsil Ä ¥autòn kaÜ t‾n gu
naÝka kaÜ t t¡kna kaÜ t‾n dænamin ¤nexeÛrise (Xen., Ages., 3, 3) [o persa Spithri
dates] pôs à disposição de Agesilau e a sua pessoa, e a mulher e os filhos e sua
capacidade [tanto quanto].
mur07.p65
659
22/01/01, 11:39
660
os invariáveis: conjunções e partículas
M É uma intensiva forte; enfatiza, sublinha uma afirmação ou negação. É mais oral
do que escrita. Em português nem sempre se traduz. É bastante usada nas afirmaç
ões categóricas e nos juramentos. Às vezes é substituído por n (sim). oé m toçw
yeoæw oék oäda (Xen., Cir., 5, 4, 12) não, pelos deuses, eu não sei! [certamente
]. ll m toçw yeoæw oék ¦gvge aétoçw diÅjv (Xen., Anáb., 1, 4, 8) mas, pelos deuses,
eu não os perseguirei [certamente]. p¡fugon oß krinñmenoi; M tòn Kæna ¤peÜ yan tÄ ¤
zhmiÅyhsan; (Plat., Rep., 591c) os que estavam sendo julgados escaparam? Sim, pe
lo cão, uma vez que foram condenados à morte! [claro].
M¡n É pospositiva e a esse título podemos considerá-la enclítica. É um dos conet
ivos mais fracos; ele isola, restringe a palavra anterior, ligando-a ao que se s
egue (às vezes se confunde com m n); ele se pospõe a um nome, pronome, advérbio
ou verbo, destacando-os, restringindo-os. Funciona como uma verdadeira pontuação
oral, e nesse caso poderíamos traduzi-la por uma vírgula. É um conetivo que tira
seu significado do contexto. Por isso é em vão que os gramáticos tentam encontra
r-lhe uma tradução: na verdade, sem dúvida, mas e outras. Vem freqüentemente ass
ociada ou composta com outras partículas: m¢n... d¢, m¢n oïn, m¢n d‾, kaÜ m¢n d‾
, kaÜ m¢n, m¢n toi, m¡ntoi, m¢n... te, m¢n... kaÜ A associação mais freqüente é
com d¢, em um paralelismo de dois segmentos (frases, sintagmas) colocados em um
mesmo plano, em uma relação equivalente a de um lado (m¢n)... de outro lado (d¢) .
As duas partículas, pospositivas, realçam, restringem, enfatizam as palavras sob
re as quais se encostam (enclíticas).
mur07.p65
660
22/01/01, 11:39
os invariáveis: conjunções e partículas
661
O caso mais significativo está no uso sobre o artigo: õ m¢n...õ d¢, em que, ao e
nfatizar o artigo, faz com que ele volte ao significado primeiro, de demonstrati
vo: este... aquele/um... outro. Quando o paralelismo se estende, repete-se apena
s o segundo conetivo (d¢). aét r ¦peita, AtreÛdh, sç m¢n rxe: sç g r basileætatow (I,
69) mas então, Atrida, comanda tu [e não outro], pois és o maior rei. Zeçw m¡n p
ou tñ ge oäde... (G, 308) Zeus, ele, sabia isto... ¦sth sk°ptron ¦xvn tò m¢n Hfai
stow k me teæxvn (B, 101) [Agamêmnon] de pé segura o cetro, aquele [mesmo] que Hef
esto fabricou trabalhando [se cansou fazendo]. r oé tñde —n tò d¡ndron ¤f ÷per —
²m w; toèto m¢n oïn aétñ (Plat., Fedro, 230a) Então não era essa a árvore para a
qual tu nos conduzias? Exatamente [era] essa mesma.
Éw topon tò ¤næpnion, Î SÅkratew. Enarg¢w m¢n Ëw g ¤moÜ dokeÝ, Î KrÛtvn (Plat., Cr
íton, 44b) como é estranho esse sonho, Sócrates. e [também] claro, Críton, como,
pelo menos a mim, parece. p ntvn m¢n krat¡ein ¤y¡lei p ntessin d n ssein (A, 288) todos
ele quer comandar, sobre todos ele quer reinar. fhmÜ d‾ deÝn ²m w ma toÝw m¢n Oluny
Ûoiw bohyeÝn pròw d¢ Yhttaloçw presbeÛan p¡mpein (Dem., 2, 11) eu afirmo que é p
reciso ao mesmo tempo, de um lado socorrermos os olíntios e de outro enviarmos u
ma embaixada aos tessálios. [mi w d¢ oëshw] t°w toè sÅmatow yerapeÛaw dæo mñria l¡
gv t‾n m¢n gumnastik‾n t‾n d¢ Þatrik n (Plat., Górg., 464b) sendo uma só a cultu
ra do corpo [mesmo que seja], eu afirmo que há duas partes: uma a ginástica e ou
tra a da cura [medicina].
mur07.p65
661
22/01/01, 11:39
662
os invariáveis: conjunções e partículas
pñlin m¢n, eÞ kaÜ m‾ bl¡peiw froneÝw d ÷mvw oá& nñsÄ sænestin (Sóf., Édipo R., 30
4) nossa cidade, ainda que não enxergas, mesmo assim compreendes com que tipo de
doença ela convive. tò d aàtion oäda m¡n, l¡gein d oéd¢n d¡omai (Ésquines, C. Cte
s., 139) a causa [o que causa] eu sei, agora [mas], nada dizer eu preciso. tòn s
æmbant ¤n t» pñlei yñrubon àste m¢n p ntew: mikr d koæsay ÷mvw (Dem., Coroa, 168) o ru
or que corre na cidade vós sabeis todos, mas, mesmo assim, vós ouvis poucas cois
as. patròw m¢n d‾ l¡getai õ Kèrow gen¡syai Kambæsou: õ d¢ K mbusow toè PerseidÇn g
¡nouw —n (Xen., Cir., 1, 2, 1) [por parte] de pai, diz-se que Ciro nasceu de Cam
bises; e [esse] Cambises era da raça dos Perseidas. ¤gÆ d¢ sæneimi m¢n yeoÝw sæn
eimi d nyrÅpoiw toÝw gayoÝw (Xen., Mem., 2, 1, 32) quanto a mim, eu estou [freqüent
o] com deuses, eu estou com homens, os bons. ¤ntaèya hêrÛskonto pollaÜ m¢n klÝna
i poll d¢ kibÅtia pollaÜ d¢ bÛbloi gegramm¡noi (Xen., Anab., 7, 5, 14) naquele lu
gar se encontravam muitos leitos, muitos cofres, muitos volumes [livros] escrito
s. M¡ntoi É a somatória da partícula intensiva, enfática, restritiva, m¢n com a
partícula afirmativa, subjetiva, toi. Seria então uma intensiva-confirmativa . Ela
pode estar em todo tipo de proposições; afirmativas, negativas, interrogativas e
tc. Traduções mais comuns: sim, é claro, certamente, então, entretanto. oäsya õp
ñsa aétÒ ¤sti; m tòn DÛa, ¦fh õ Kèrow, oé m¢n d (Xen., Cir., 1, 6, 9) tu sabes q
uanto [quantos bens] ele tem? Por Zeus, disse Ciro, não, é claro.
mur07.p65
662
22/01/01, 11:39
os invariáveis: conjunções e partículas
663
õ Kèrow ³reto: — oðtoi pol¡mioÛ eÞsin; Pol¡mioi m¡ntoi (Xen., Cir., 1, 4, 19) Ci
ro perguntou: Será que esses aí são inimigos? Inimigos sim, é claro. oék oàei,
SÅkratew; oé m¡ntoi m DÛa (Plat., Menex., 235d) não achas, Sócrates? não, não ac
ho, por Zeus.
oé sç m¡ntoi Om rou ¤pain¡thw eä; (Plat., Prot., 309a) então tu não és um admirad
or [elogiador] de Homero? ¤n dikasthrÛoiw oß ntÛdikoi tÛ drÇsin; oék ntil¡gousin m¡
ntoi; (Plat., Fedro, 261c) nos tribunais, o que fazem as partes contrárias? Elas
, sem dúvida, não fazem controvérsia?
M¡xri (-w ) (hom. m¡sfa) Tem o significado de até, até que... . Pode aparecer també
m como preposição (até, com genitivo partitivo, significando o toque do ponto de
chegada). O modo a ser usado depende da relação de real (indicativo), eventual
(subjuntivo) e possível (optativo) que estiverem no contexto. taèta ¤poÛoun m¡xr
i skñtow ¤g¡neto (Xen., Anáb., 4, 2, 4) eles estavam fazendo essas coisas até qu
e se fez escuro [noite]. ¤naum xhsan m¡xri oð ¦fugon (Xen., Hel., 1, 5, 11) eles t
ravaram o combate naval até que [o ponto que] fugiram (gen. partitivo oð da prep
osição e indicativo da constatação da realidade). ¦fh t‾n sf leian eänai mhd¡na ¤kb
°nai ¤k t°w neÇw m¡xri oð ploèw g¡nhtai (Tuc., 1, 137, 2) ele afirmou que havia
uma segurança de ninguém sair da embarcação, até que aconteça a partida [navegaç
ão] - (relação de eventualidade > subjuntivo).
mur07.p65
663
22/01/01, 11:39
664
os invariáveis: conjunções e partículas
M / mhd¡ / m te...m te Não eventual, volitivo, indeterminado. É a negação event
ual por excelência, volitiva, subjetiva, nas expressões de desejo, exortação, fi
nalidade, ordem negativa, temor, apreensão, inquietação. Não nega a realidade ob
jetiva ou subjetiva (constatação ou afirmação). Quando introduz uma interrogativ
a usando o indicativo, espera uma resposta afirmativa (lat. nonne). m‾ tòn Axill¡
a oàei frontÛsai yan tou kaÜ kindænou; (Plat., Apol., 28d) acaso crês que Aquiles
se inquietava da morte e do perigo? Mhd¡ E não. Nem mesmo. É a negação volitiva
enfatizada, reforçada. M te m te... m te: Não... e não; nem... nem. Repetição da
negação volitiva, eventual. M n / m n (m¡n) É também uma partícula intensiva fort
e, muito próxima de m . Ela enfatiza e sublinha uma afirmação, uma negação ou uma
interrogação: realmente, com certeza, de fato, então; às vezes essa ênfase ou de
staque tem um caráter restritivo e daí adversativo, contraditório. Por vezes mes
mo introduz uma nova idéia sob forma de antítese: contudo, não obstante, entreta
nto. Por isso é muito usada nos diálogos (Platão, os trágicos e Aristófanes). É
uma partícula pospositiva. Como outras partículas, ela também tem combinações: k
aÜ m n, ge m n, m n ge, tÛ m n, llú m‾n, oé m‾n ll , — m n.
mur07.p65
664
22/01/01, 11:39
os invariáveis: conjunções e partículas
665

tÛ oïn n eàh õ Ervw; ynhtñw; Hkista. All tÛ m n; o que então poderia ser o Amor? Mort
al? Absolutamente não [minimamente]. Mas, afinal, o quê?
tÛnow m‾n §neka ¤many nete tojeæein; (Xen., Cir., 1, 6, 28) por causa do que então
aprendíeis a atirar com arco? fhmÜ mhd¡na n ¤n braxut¡roiw ¤moè t aét eÞpeÝn. toæt
ou m‾n deÝ (Plat., Górg. 449c) eu afirmo que niguém diria as mesmas coisas em me
nos palavras do que eu. é disso precisamente que eu preciso. dokeÝ yeòw m¢n n‾r o
édamÇw eänai, yeÝow m n (Plat., Sof., 216b) esse homem parece de nenhum modo ser
um deus, (mas) divino é certamente. kaÜ m n, Î fÛle Ag yvn, kalÇw moi ¦dojaw kayhg
sasyai, (Plat., Banq., 199c) Pois bem, meu caro Agaton, tu me pareces começar b
em o discurso. ¤mpeirÛaw §neka k llista tÇn ndrÇn krÛnei oðtow polæ ge. KaÜ m‾n met
fron sevw mñnow ¦mpeirow gegonÆw ¦stai, (Plat., Rep., 582c) por causa da experiê
ncia esse homem julgará muito melhor do que os outros homens. Muito melhor. E ai
nda mais, ele será o único que estará com moderação. kinduneæv, Î SÅkratew, oéd¢
n eÞd¡nai Ïn tñte eäpon kaÜ m‾n kalÇw ge eäpew (Plat., Banq., 201b) eu receio, S
ócrates, que não sei nada do que disse então. entretanto [e na verdade] falaste
bem.
gayòw õ yeòw tÒ önti kaÜ lekt¡on oìtvw; - tÛ m n; a divindade na realidade é boa
e é assim que se deve dizer? E o quê, na verdade? [certamente]
mur07.p65
665
22/01/01, 11:39
666
os invariáveis: conjunções e partículas

¦stin oé toè kaloè õ ¦rvw, Éw sç oàei ll tÛ m n; t°w gen sevw ¤n tÒ kalÒ. (Plat.,
Rep., 585a) o amor não é do belo [não pertence ao belo], como tu pensas. mas, o
que é, então? é da geração no belo.
õ áppow pÛptei eÞw gñnata kaÜ mikroè k keÝnon ¤jetrax lisen oé m‾n ll ¤p¡meinen õ Kè
row (Xen., Cir., 1, 4, 8) o cavalo caiu de joelhos e por pouco não o estrangulou
; Ciro no entanto o esperou. eÜ m‾n oïn oß y ²m¡teroi prñgonoi kaÜ oß Lakedaimñnio
i filotÛmvw pròw ll louw eäxon oé m‾n ll perÜ kallÛstvn ¤n ¤keÛnoiw toÝw xrñnoiw (I
sócr., 4, 85) Na verdade, sempre os nossos antepassados e os lacedemônios rivali
zaram entre si em ambição [amor à glória], com certeza, naqueles tempos, não pel
os mais belos motivos. MÇn (m‾ oïn) Então não? Por acaso não? (lat. num); oïn tr
az a idéia de conseqüência, conclusão. Espera-se uma resposta negativa. NaÛ Sim.
Está certo. É a resposta afirmativa por excelência. Convive com outras expressõ
es mais enfáticas, como: m lista: sobretudo, maximamente; sim, com certeza; p nu m¢n
oïn, p nu ge: mas sim, certamente que sim; ¦gvge: eu, por mim (está implícito o v
erbo condutor da pergunta: tu pensas assim? - eu, por mim [penso], fhmi, f skv, eu
digo, estou dizendo [que sim]).
mur07.p65
666
22/01/01, 11:39
os invariáveis: conjunções e partículas
667
N Partícula de protesto, isto é, partícula enfática incidindo sobre uma afirmaç
ão categórica, como um juramento. Uso comum como m . Nèn Agora, neste momento, ago
ra mesmo, há apenas um instante. yæomai m¢n Éw õr te õpñsa dænamai, kaÜ nèn ¤yuñmh
n perÜ aétoè toætou (Xen., Anáb., 5, 6, 28) eu estou oferecendo sacrifício, como
estais vendo, quantas eu posso e há pouco eu estava oferecendo sacrifício a res
peito disso mesmo. Nèn d¡ Depois de um período condicional de irrealidade, a opo
sição ao que precedeu se exprime por nèn d¡: mas agora, mas eis que, só que (lat
. nunc vero). eÞ ¤gÆ toætvn tÇn pragm tvn aàtiow —n eÞkñtvw n aétÒ m¡llonti zhmiÅse
syai sun xyesye: nèn d oðtñw ¤stin õ sukofantÇn (Isócr., 18, 37) se fosse eu o cu
lpado desses fatos seria normal que vós vos compadecêsseis com ele em vias de se
r punido, mas na verdade é ele que me está caluniando. — kaÜ dÛdvw p nta taèt moi t
kr¡a; N‾ DÛa, ¦gvg¡ soi (Xen., Cir., 1, 3, 6) acaso tu estás dando toda essa car
ne para mim?! Sim! Por Zeus, estou te dando!
mur07.p65
667
22/01/01, 11:39
668
os invariáveis: conjunções e partículas
Nun Enclítica e pospositiva. Então: partícula de afirmação, assentimento. j¡non
se, Î AgesÛlae, poioèmai. EgÆ d¡ ge d¡xomai. M¡mnhsñ nun. (Xen., Hel., 4, 2, 3) Eu
te faço meu hóspede, Agesilau. E eu aceito. Lembra-te então.
EpÜ toætoiw p lin ¤p reto tòn Mhdos dhn eÞ ¦lege taèta. O d¢ sun¡fh kaÜ taèta. Iyi nun
, ¦fh, f ghsai toætÄ tÛ soi pekrin mhn... (Xen., Anáb., 7, 2, 2) A seguir ele voltou
a perguntar a Medosades se dizia [tinha dito] essas coisas. Este confirmou tamb
ém essas coisas. Vai, então, disse ele, contar a ele o que eu te respondi. Omvw E
ntretanto, contudo, todavia, apesar disso (lat. tamen). Em geral se usa depois d
e uma concessiva. kaÜ Kardoæxouw kaÛper basil¡vw oéx êphkñouw öntaw ÷mvw polemÛo
uw kths meya (Xen., Anáb., 5, 5, 1) também os carducos, mesmo não sendo súditos do
rei, contudo [assim mesmo] nós os fizemos nossos inimigos. — g r dokeÝ tÛw soi, Î
M¡nvn, gignÅskvn t kak ÷ti kak ¤stin ÷mvw ¤piyumeÝn aétÇn; (Plat., Mênon, 77) Mêno
n, não te parece que alguém, conhecendo os males no que são males, apesar disso
os deseje ardentemente? sçn soÛ ÷mvw kaÜ ¤n t» polemÛ& öntew yarroèmen (Xen., Ci
r., 5, 1, 2) na tua companhia, mesmo estando em país inimigo, nós temos coragem.
mur07.p65
668
22/01/01, 11:39
os invariáveis: conjunções e partículas
669
oék oäd ÷ti deÝ m rturaw parasx¡syai: ÷mvw d¡: ¤gÆ g r d¡omai napaæsasyai. (Lísias, 12
.6) eu não vejo em que é preciso apresentar testemunhas; apesar disso [eu o fare
i], na verdade eu preciso descansar. Lakedamñnioi ¦gnvsan ÷mvw tñte ¤xyroÜ öntew
sÅzein t‾n pñlin (Andóc, Mist., 14) os lacedemônios souberam, mesmo na época se
ndo nossos inimigos, salvar nossa cidade. Opvw É basicamente um advérbio relativo
de modo, o equivalente indefinido do interrogativo pÇw - como? O significado se
ria então: como (integrante), do modo que, de que modo (interrogativa indireta).
Nesses sentidos ele é catafórico. Mas, se o verbo da principal sugere uma event
ualidade, como querer, aconselhar, temer, precaver-se, ÷pvw deverá ser traduzido
por: de modo a que. oék ¦stin ÷pvw ²m rtete, ndrew AyhnaÝoi (Dem., Coroa, 20) não h
á/não é possível como falhastes, cidadãos de Atenas. oék ¦sy ÷pvw olÛgoi polloÝw
eïnoi g¡noit n (Dem., Lib. dos R., 1) não há como oligarcas se tornariam benevolen
tes para com o povo. oék ¦sy ÷pvw oék ±nantiÅyh n moi tò eÞvyòw shmeÝon (Plat., Ap
ol., 40) não há como meu sinal costumeiro não se me opusesse [opôs]. m llon µ prñs
yen eÞs¹ei aétoçw ÷pvw n kaÜ ¦xont¡w ti oàkade fÛkvntai (Xen., Anáb., 6, 1, 1) mai
s do que antes invadiu-lhes a mente de como voltarem para casa tendo mesmo [que
fosse] alguma coisa. par lyomen ÷pvw m‾ =&dÛvw perÜ meg lvn pragm tvn xeÝron bouleæs
hsye (Tuc., 1, 73) nós nos apresentamos de modo a que [para que] sobre negócios
importantes não delibereis mais levianamente [pior].
mur07.p65
669
22/01/01, 11:39
670
os invariáveis: conjunções e partículas
[õ tærannow]... n g¡ tinaw êpopteæú ¤leæyera fron mata ¦xontaw ÷pvw n toætouw met p
rof sevw pollæú (Plat., Rep., 566) [o tirano]...quando ele suspeita [caso suspeite]
que alguns têm pensamentos livres, de modo a que ele os faça perecer com pretex
to [tenha pretexto para...]. M¡nvn d°low —n ¤piyumeÝn rxein ÷pvw pleÛv lamb noi (Xe
n., Anáb., 2, 6, 2) Era evidente que Mênon tinha ambição de comandar, de modo a
que pegasse mais coisas. frñntize ÷pvw mhd¢n n jion pr jeiw (Isócr., Nic., 3) pensa d
e modo a que nada indigno faças (farás). oß kiyaristaÜ ¤pimeloèntai ÷pvw n oß n¡o
i mhd¢n kakourgÇsin (Plat., Prot., 326) os citaristas se preocupam de modo a que
[com que] os jovens não cometam nenhum delito. ¤peidún d¢ p lin lisy» aétÒ ² strat
iú oék ¦stin ÷pvw oék ¤piy setai ²mÝn (Xen., Anáb., 2, 4.) assim que o exército
estiver reunido, não há como ele não nos atacará [ataque]. m‾ ÷pvw ôrxeÝsyai ¤n
=uymÒ ll oéd ôryoèsyai ¤dænasye (Xen., Mem., 2, 7, 11 ) vós não tínheis condições d
e [como] dançar no ritmo mas nem mesmo de ficar de pé. paragg¡llei õ yeòw ÷pvw o
ìtv sfñdra ful jousi mhd¢n Éw toçw ¤kgñnouw (Plat., Rep., 415b) a divindade prescr
eve de modo a que guardem [guardarão] nada [tão] assim seriamente [quanto] como
as crianças.
mur07.p65
670
22/01/01, 11:39
os invariáveis: conjunções e partículas
671
Oti (÷ ti) Que, conjunção integrante depois de verbos declarativos ou de sensação
, quando o conteúdo da completiva completa objetivamente o significado do verbo
da principal (realidade objetiva), ver Éw. Na verdade ÷ ti é o acusativo de rela
ção (adverbial) do pronome relativo indefinido ÷ti (em relação ao que, por que).
Essa é a origem de nossa conjunção integrante que. Ver também o relativo latino q
uod com os mesmos significado e função. O modo verbal a ser usado depende do tom
do enunciado: indicativo da realidade objetiva, subjuntivo da eventualidade ou
o optativo do possível ou afirmação atenuada.
Oé / oék / oéx / oéxÛ Não. É a negação objetiva, da realidade, do indicativo; fa
z contraponto com m , negação volitiva, subjetiva, da eventualidade, do subjunti
vo. Pode estar tanto numa oração declarativa quanto interrogativa e pode vir ass
ociada ou composta com muitas partículas, sem que perca sua identidade semântica
: r oé, oé g r, oéd¡, oéd¡pote, oédepÅpote, oé d°ta, oékoèn / oëkoun, oé m¢n d , oé
m¡ntoi, oé m , oé m‾n ll , oépv ktl. Nesses casos, não é conveniente procurar um si
gnificado especial, mágico para essas combinações; é melhor sempre somar as part
es; cada partícula tem o seu significado e função; na soma final aparecerá o sig
nificado e o contexto dará a palavra final. ¦jesti d¢ ùn n tiw boælhtai trñpon to
çw yeoçw tim n; Oék: ll nñmoi eÞsÛ kay oîw deÝ toèto poieÝn (Xen., Mem., 4, 6, 2) é
ermitido alguém honrar os deuses segundo a maneira que queira? Não, ao contrário
, existem normas segundo as quais é preciso fazer isso.
mur07.p65
671
22/01/01, 11:39
672
os invariáveis: conjunções e partículas

oé t politik ¤yel sei pr ttein; n tòn Kæna ¦n ge t» ¥autoè pñlei (Plat., Rep., 591c
) não quererá ele exercer a política? sim, pelo Cão, pelo menos na cidade dele.
r oék jiñn ¤stin eÞrhnofælakaw kayist nai; (Xen., Rec. da Ática, 5, 1) será que não v
ale a pena instituir guardiães da paz? oé p lai àste ÷ti katechfism¡now —n mou õ y n
atow êpò t°w fæsevw; (Xen., Apol., 27) sabeis não há muito tempo que minha morte
estava decretada pela natureza? oé repetido / oé antecipado Com o verbo fhmÛ (e
u digo, afirmo) e seus compostos e derivados (f skv) em lugar de a negação recair
sobre o objeto negado, ela se antecipa ao verbo, porque é o verbo que está sendo
negado, e não o complemento dele: oék ¦fasan significa eles disseram não, ou, el
es disseram que não . oß gayoÜ ndrew oék ¦fasan ¤pitr¡cai t‾n eÞr nhn poi sasyai (Lí
s., 13, 47) os bons cidadãos disseram não dirigir-se para fazer a paz [se eles n
ão disseram que vão fazer, eles não vão fazer]. oß stratiÇtai oék ¦fasan Þ¡nai (
Xen.) os soldados disseram não ir [que não iriam]. oéd¡ / mhd¡ Nem mesmo, e não.
oéxÜ badÛzeiw oéd¢ presbeæeiw (Dem., Emb., 124) tu não andas (vais embora) nem
partes em embaixada. êp¢r FilÛppou oéx oìtvw ¦xousin oéx Ellhnow öntow oéd¢ pros
kontow toÝw Ellhsin (Dem., Fil., 3, 31) não é dessa maneira que eles se comportam
sobre Filipe, mesmo ele não sendo grego, nem mesmo tendo parentesco com os greg
os.
mur07.p65
672
22/01/01, 11:39
os invariáveis: conjunções e partículas
673
V yaumasiÅtate nyrvpe, sæge oéd¢ õrÇn gignÅskeiw oéd¢ koævn m¡mnhsai (Xen., Anáb.,
3, 1, 27) ó homem mais admirável, tu, nem vendo estás entendendo, nem ouvindo te
lembras. Oékoèn (oék oïn) É a composição da negação oék e a partícula ilativa,
inferencial oïn com enfoque sobre a última, que se apóia sobre o que acabou de s
er dito e encadeia com o que se segue; oékoèn se usa para introduzir uma pergunt
a conclusiva, cuja resposta só pode ser uma, isto é, a que o interrogante prepar
ou (lat. nonne). tÛ f somen; — kaÜ toçw mænesyai keleæontaw pñlemon poeÝn f somen
; oékoèn êpñloipon douleæein; (Dem., Quers., 59) o que diremos? diremos que os q
ue aconselham defender-se estão fazendo a guerra? então o que resta não é servir
como escravos? ll mhx nvn ¤r w oékoèn, ÷tan d¢ m‾ sy¡nv pepaæsomai (Sóf., Ant.,
s tu amas, em sendo impraticável. Então, quando eu não tiver forças terei parado
.
oékoèn oéd n eåw nteÛpoi (Dem., 16, 4) pois então nem mesmo um poderia se opor.
tektonik memayhkÆw tektonikòw µ oë; NaÛ Oékoèn kaÜ õ t mousik mousikñw; NaÛ (Plat.,
Górg., 460b) o que aprendeu as coisas da carpintaria é carpinteiro, ou não? Sim
. Então, o que aprendeu as coisas da música é músico? Sim.
oékoèn oék n eàh tò m‾ lipeÝsyaÛ pote taétòn tÒ xaÛrein; (Plat., Fil., 43) então
não seria o não sofrer a mesma coisa que o alegrar-se?
mur07.p65
673
22/01/01, 11:39
674
os invariáveis: conjunções e partículas
Oëkoun (oék oïn) Diferentemente da anterior, agora o enfoque é sobre a negação:
então não é? com certeza não é? portanto não é? Espera-se uma resposta afirmativ
a. oëkoun eÞkòw g ¤j Ïn sç l¡geiw; (Plat., Fedro, 258c) então não é natural, pelo
menos a partir do que tu estás dizendo [que]...? oëkoun xr°n s õmoioèsyai kakoÝw
; (Eur., Med., 890) então não era necessário tu [me] imitares nos males? oëkoun,
Promeyeè, toèto gignÅskeiw ÷ti ôrg°w nosoæshw eÞsÜn ÞatroÜ lñgoi; (Ésquilo, Pro
meteu, 379) então, Prometeu, tu não conheces isto que há palavras curadoras de c
ólera enferma? oëkoun ¤ seiw oéd êp eéf mou bo°w yèsai me...; (Sóf., El., 631) então
não me deixarás oferecer sacrifício nem mesmo sob um presságio favorável? Oïn /
În No ático e em Homero, prevalece oïn; nos líricos em geral e em Heródoto, În;
em Hipócrates, que sofreu a influência do ático, ora é oïn ora é În. É posposit
iva. É a partícula conclusiva por excelência; liga conclusivamente um fato ou um
argumento concreto anterior ao que se segue: então, nessas condições portanto,
por isso, afinal. De uma relação de seqüência temporal chega-se a uma conseqüênc
ia, um resultado. Ela se associa e se compõe com várias outras partículas: m¢n o
ïn, d oïn, g oïn, g r oïn, ll oïn, oé m¢n oïn, toigaroèn ktl. Oïn pode ser acrescentad
o como sufixo a pronomes ou advérbios relativos indefinidos; nesses casos, por c
ausa de seu significado forte, ele retira a função relativa do indefinido;
mur07.p65
674
22/01/01, 11:39
os invariáveis: conjunções e partículas
675
õstisoèn õpvsoèn oéd ôpvsoèn
um indíviduo qualquer, qualquer que seja ele de uma maneira qualquer, de qualque
r modo que seja de maneira nenhuma, absolutamente não
dikastaÜ zÇntew —san zÅntvn. KakÇw oïn aß dÛkai ¤krÛnonto. O te oïn Ploætvn kaÜ o
ß ¤pimeletaÜ ¦legon pròw tòn DÛa ÷ti foitÒ¡n sfin nyrvpoi ¥kat¡rvse n jioi. Eäpen oï
n õ Zeæw: ll ¤gÅ, ¦fh, paæsv toèto gignñmenon (Plat., Górg., 523b) Vivos eram juíz
es de vivos. Por isso [então, portanto] as sentenças eram mal julgadas. Plutão,
por isso [então] e os assistentes começaram a dizer a Zeus que homens indignos o
s cercavam de todos os lados. Então Zeus lhes disse: Mas eu, disse, vou parar co
m isso que está acontecendo. Epæajaw ¤l¡geto KærÄ doènai xr mata poll . T» d oïn str
ati tñte p¡dvke Kèrow misyòn tett rvn mhnÇn (Xen., Anáb., 1, 2, 12) Diziam que Epiax
es deu muito dinheiro a Ciro. Então é certo que Ciro pagou ao exército o soldo d
e quatro meses. eÞ mhd õntinoèn misyòn prosait saw Seæyhn sæmmaxon êmÝn pros¡labo
n (Xen., Anáb., 7, 6, 27) se eu, não tendo exigido antes nenhuma espécie de paga
mento, vos oferecesse Seutes como aliado... eÞ ¦stin, Ësper oïn ¦stin, yeòw õ Erv
w oéd¢n n kakòn eàh (Plat., Fedro, 242e) se é, como na verdade é, uma divindade o
Amor, não seria nenhum mal. kaÜ toèto toënoma ¦xonta eàt oïn lhy¢w eàt oïn ceud¡w
(Plat., Apol., 34e) e que leva esse nome, então verdadeiro ou então falso. oët În
kain oëte palai (Hdt., 9, 26) portanto, nem recentes nem antigas.
mur07.p65
675
22/01/01, 11:39
676
os invariáveis: conjunções e partículas

¤j oïn toè zÇntow tÛ tò gignñmenon; tò teynhkñw, ¦fh (Plat., Fédon, 71d) por con
seguinte [então], do ser vivo o que se origina? o morto, disse ele.
tò str teuma õ sÝtow ¤p¡lipe: kaÜ prÛasyai oék —n... Kr¡a oïn ¤syÛontew oß stratiÇ
tai diegÛgnonto (Xen., Anáb., 1, 5, 6) o exército, o trigo lhe faltou; e não era
possível comprar... Por isso os soldados sobreviviam comendo carne. Kl¡arxow m¢
n oïn tosaèta eäpe. Tissaf¡rnhw d¢ Ïde phmeÛfyh (Xen., Anáb., 5, 5, 15) Clearco,
então, disse essas tantas coisas. Tissafernes por sua vez respondeu assim: fvn‾n
¦doja koæein... eÞmÜ d‾ oïn m ntiw (Plat., Fedro, 242c) parece que estou ouvindo u
ma voz [eu pareço]... então [por conseguinte] eu sou um adivinho. pÇw oïn d‾ Èfe
limÅtatoi ¦sontai; (Plat., Rep., 459a) como então eles serão mais úteis? ÷ m¢n o
ïn ¤gÅ fhmi t‾n =htorik‾n eänai k koaw: ntÛstrofon ôcopoÛaw ¤n cux» Éw ¤n sÅmati (
Plat., Górg., 465d) então, o que eu digo que é a retórica tu acabaste de ouvir;
é equivalente na alma à cozinha no corpo.
Oëte... oëte / m te... m te Não e não, nem... nem. Mesmo emprego que oé e m .
mur07.p65
676
22/01/01, 11:39
os invariáveis: conjunções e partículas
677
Per É uma enclítica usada como sufixo em algumas palavras. Ele tem uma função de
precisar, dar exatidão, enfatizar a palavra a que se acrescenta (relativos e ad
vérbios): ÷sper, ¤peÛper, ÷teper, eàper, kaÛper. Seria um antigo locativo, do qu
al se originou perÛ. A tradução: justamente, precisamente. oéd êmÝn potamñw per e
ërroow... rk¡sei (F, 130) e nem o rio mesmo de belas correntes... vos defenderá.
nèn d p¡r meu kouson (Z, 325) agora pelo menos ouve-me. gignÅskv safÇw kaÛper sk
oteinñw, t‾n s‾n aéd‾n ÷mvw (Sof., Édipo R., 1326) eu reconheço mesmo no obscuro
, assim mesmo a tua voz. oß d¢ kaÜ xæmenoÛ per ¤p aétÒ ²dç g¡lassan (B, 270) e ele
s, ainda que envergonhados, riram com prazer sobre ele. per tñt ¤tñlma l¡gein... k
aÜ nèn ¤reÝn (Dem., 21, 193) [eu acho] que ele haverá de dizer agora exatamente
as coisas que ousava dizer naquela época. Pote (pot¡) É átona, portanto enclític
a (pospositiva). É o indefinido do advérbio de tempo relativo pñte (quando, no m
omento em que), portanto tem o significado: certa vez, uma vez, então, por acaso
, em algum momento. Às vezes é apenas expletiva; serve para deixar um ar de dúvi
da na frase, e ocupa o mesmo espaço de pou, pú. Às vezes também pode vir reforça
do da intensiva d . Pode vir num paralelismo; nesse caso, embora mantenha o sign
ificado de tempo indefinido, não é enclítico. tÛ d pote oìtvw ¤p¹nese tòn Agam¡mn
ona; (Xen., Mem., 3, 2, 2) por que então [por acaso] ele louvou assim Agamêmnon?
mur07.p65
677
22/01/01, 11:39
678
os invariáveis: conjunções e partículas
poll kiw ¤yaæmasa tÛsi pot¢ lñgoiw AyhnaÛouw ¦peisan oß grac menoi Svkr thn Éw jiow eàh
yan tou t» pñlei (Xen., Mem., 1, 1, 1) muitas vezes eu fiquei surpreso com que dis
cursos [então, por acaso] os que acusaram Sócrates convenceram os atenienses de
que ele, para a cidade, era digno de morte. tÛ pot ¤sti tò aàtion: (Dem., Emb., 2
08) o que, então [por acaso] é o causador [culpado]? taèta pot¢ m¢n Èfeloènta po
t¢ d¢ bl ptont ¤stin (Xen., Mem., 4, 2, 32) essas coisas são ora úteis ora prejudic
iais. Pou Átona e pospositiva (enclítica) É o indefinido correspondente à questã
o poè - onde? em que lugar? Significa, então: em algum lugar, por aí e por exten
são: de algum modo, pode ser, por acaso, talvez. É preciso notar, contudo, que o
significado original (em algum lugar) é o ponto de partida para os outros. Como
indefinido ele ocupa mais ou menos o mesmo espaço de pote, pú. ¤pÛstasy¡ pou ÷t
i (Xen., 5, 7, 13) vós talvez [por acaso] sabeis que... oédeÛw pou toèt nyrÅpvn gno
eÝ (Plat., Fil., 64d) ninguém dentre os homens talvez ignora isso. Læsandrow toæ
w te frouroçw tÇn AyhnaÛvn kaÜ eà pou llon àdoi AyhnaÛvn n¡pempen eÞw t w Ay naw (Xen.
Hel., 2, 2, 2) Lisandro passou a enviar de volta para Atenas a guarnição atenie
nse e também o que ele por acaso viu [visse] dos atenienses. yeñw poæ soi tñg ¦dv
ken (A, 178) talvez é uma divindade que te deu isso.
mur07.p65
678
22/01/01, 11:39
os invariáveis: conjunções e partículas
679
— poæ me TelamÅn... d¡jait n eéprñsvpow; (Sóf., Aj., 1008) Será que por acaso Tela
mon me receberia com boa cara? Associado a d A partícula -d acrescenta um tom
confirmativo, conclusivo, com um leve toque de ironia: certamente na verdade, se
m dúvida então, talvez, não é? oé d pou kaÜ sæ eä tÇn toioætvn nyrÅpvn oã xrhsimñ
teron nomÛzousi xr mata µ delfoæw; (Xen., Mem., 2, 3, 1) Com certeza também tu nã
o és desse tipo de homens que consideram as riquezas mais úteis do que os irmãos
!? pñteron õ aétòw µ llow; O aétòw d pou (Plat., Íon, 531e) é ele mesmo ou um outr
o? É o mesmo, com certeza [naturalmente]. àste d pou ÷ti oédeÜw pÅpote õmologÇn d
ikeÝn ¥ lv (Dem., Emb., 215) vós sabeis com certeza que ninguém jamais foi pego co
nfessando que é injusto. PrÛn Antes que, antes de. Provavelmente construído sobr
e um comparativo formado da preposição prñ - diante de: prñ-ion (lat. prius). Po
r isso pode-se construir com a partícula de ligação entre dois (disjuntiva) µ (l
at. quam). Pode também ser anunciada por prñteron, prñsyen: mais, primeiramente
que. Além disso pode ser usado como advérbio de tempo absoluto: antes, outrora.
Numa relação sintática de subordinação prÛn pode se construir com qualquer modo.
Isso depende do significado: realidade, constatação (indicativo), eventualidade
(subjuntivo) e possibilidade, afirmação atenuada (optativo); também pode vir co
nstruída com particípio ou infinitivo.
mur07.p65
679
22/01/01, 11:39
680
os invariáveis: conjunções e partículas
¤pÜ tò kron nabaÛnei XeirÛsofow prÛn tina aÞsy¡syai tÇn polemÛvn (Xen., Anáb., 4,
1, 7) Querísofo sobe até o cimo antes de algum dos inimigos perceber. polloÜ nyrv
poi poyn skousi prñteron prÜn d°loi gÛgnesyai oåoi —san (Xen., Cir., 5, 2, 9) mui
tos homens morrem antes de tornarem-se evidentes [de se mostrarem] de que qualid
ade eram. ôlÛgon prÜn ²m w pi¡nai m xh ¤gegñnei ¤n PoteidaÛ& (Plat., Cárm., 153a) pou
co antes de nós irmos embora aconteceu [acontecera] uma batalha em Potidéia. kat
hgoreÝw g r prÜn mayeÝn tñ pr gm mou (Aristóf., Plut., 376) tu estás me acusando ante
s de entender o meu problema. di¡bhsan prÜn toçw llouw pokrÛnasyai (Xen., Anáb., 1
, 4, 16) eles atravessaram [o rio] antes de os outros responderem. prÜn l¡gein ¤
per somaÛ ti smikrñn (Aristóf., Lis., 97) antes de falar eu vou te perguntar uma
coisinha. oé prñteron ¤paæsato prÜn tòn pat¡ra ¤k toè stratop¡dou metemp¡mcato
(Isócr., 16, 8) Ele não descansou antes de [que] mandar de volta seu pai do acam
pamento (fato real). toætou toè ¦peow LudoÛ te kaÜ oß basileÝw aétÇn lñgon oéd¡n
a ¤poieènto prÜn d‾ ¤petel¡syh (Hdt., 1, 13) nem os lídios nem seus reis fizeram
grande conta desse oráculo antes que ele se realizou (fato real > indicativo). p
ñmnusi mhd¢n pr jein prÜn n t‾n toè Ektorow kefal‾n ¤pÜ tòn toè Patrñklou t fon ¤n¡gkú
(Ésquines, C. Tim., 145) ele jura que não fará nada antes de que leve (antes de
levar) a cabeça de Heitor sobre o túmulo de Pátroclo (fato futuro, eventual > s
ubjuntivo).
mur07.p65
680
22/01/01, 11:39
os invariáveis: conjunções e partículas
681
deÝtai aétoè m‾ prñsyen katalèsai pròw toçw ntistasiÅtaw prÛn n aétÒ sumbouleæshta
i (Xen., Anáb., 1, 1, 10) ele exige dele não relaxar diante dos adversários, ant
es que com ele tome conselho (fato eventual > subjuntivo). oé prñteron kakÇn paæ
sontai aß pñleiw prÜn n ¤n aétaÝw oß filñsofoi rjvsi (Plat., Rep., 487e) as cidade
s não terão sossego de seus males, antes que os filósofos exerçam o poder nelas
(fato eventual > subjuntivo). oé prñteron oåñw te poieÝn [õ poiht w] prÜn n ¦nyeo
w g¡nhtai (Plat., Íon, 534b) [o poeta] não é capaz de criar, antes que se torne
possuído do deus (fato eventual, futuro > subjuntivo). prÜn n mfoÝn mèyon koæsúw oé
k n dik saiw (Aristóf., Vespas, 725) tu não poderias proferir uma sentença, antes q
ue ouças [antes de ouvires] a história de ambas as partes (fato eventual > subju
ntivo). prÜn t‾n boul‾n probouleèsai p w õ d°mow kay°to (Dem., Cor., 169) antes de
a assembléia deliberar, todo o povo se sentou. oé prñteron p°lyon prÜn µ tÒ limÒ
p¡kteinan (Licurgo, C. Leócr.) eles não se afastaram, antes que os mataram pela
fome (fato real > indicativo). phgñreue mhd¡na b llein prÜn Kèrow ¤mplhsyeÛh yhrÇn
(Xen., Cir., 1, 4, 14) ele proibia alguém atirar, antes que Ciro se enchesse de
caça. [como em português, num quadro do passado o verbo da subordinada pode ir p
ara o subjuntivo imperfeito, ou condicional (optativo grego): até que se encha d
e caça].
mur07.p65
681
22/01/01, 11:39
682
os invariáveis: conjunções e partículas
Pvw / pv / -pv Átono e pospositivo. É o indefinido do interrogativo pÇw; - como?
de que modo? de que maneira? Significa então: de algum modo, mais ou menos, ass
im assim, quase. Às vezes se aproxima do significado de pou. Mas nesses dois cas
os é mero indeterminado, indefinido. misyòw oédeÛw pv ¤faÛneto (Xen., Anáb., 7,
5, 16) salário por assim dizer nenhum aparecia. oék àsasi pv t‾n ²met¡ran summax
Ûan (Xen., Anáb., 7, 3, 35) eles quase não sabem de nossa aliança. ¤peÜ ¼syñmhn
÷ti tÒ önti pepaum¡now eàh mñgiw... pvw ¤mautòn ÉspereÜ sunageÛraw eäpon (Plat.,
Prot., 328d) assim que eu vi que realmente ele tinha parado com alguma dificuld
ade... de algum modo, como tendo acordado a mim mesmo, disse.
Te / T¡ t¡... t¡ / t¡... kaÛ (lat. -que); Átono e pospositivo (enclítico): é um
conetivo que pode coordenar tanto duas palavras em uma frase quanto duas frases
num período. Mas a ação de te é mais globalizante, mais adicionante do que kaÛ,
que é mais enumerativa, mais solta. A tradução mais comum é: e, também, e também
. pat‾r ndrÇn te yeÇn te (A, 344) pai dos deuses e dos homens [tanto dos homens,
quanto dos deuses / e também...]. s kow m¡ga te stibarñn te (G, 335) um escudo que
era grande e sólido [e também].
mur07.p65
682
22/01/01, 11:39
os invariáveis: conjunções e partículas
683
met ¤keÝnow d¢ eÞw ìdvr b ptei p lin d¢ eÞw pèr aïyÛw te eÞw ìdvr (Plat., Tim., 73e)
depois, ele [o] mergulha na água, de novo no fogo, e ainda novamente na água. Sv
kr thw toè sÅmatow aétñw te oék ±m¡lei toçw t meloèntaw oék ¤p¹nei (Xen., Mem.) Sócr
ates não se descuidava do corpo e não louvava os que descuidavam [e também]. p¡ba
inon t°w n sou ¥kat¡rvyen ¦k te toè pel gouw kaÜ pròw toè lim¡now (Tuc., 4, 31, 1)
eles desembarcaram dos dois lados da ilha, a partir do mar e na frente do porto
[e também, ao mesmo tempo]. ÷stiw te êmÇn toçw oÞkeÛouw ¤piyumeÝ ÞdeÝn memn syv
n‾r gayòw eänai: ÷stiw te z°n ¤piyumeÝ peir syv nik n (Xen., Anáb., 3, 2, 39) dentre
vós o que deseja rever os familiares lembre-se de ser um homem de bem e o que de
seja viver tente vencer. ¤y reuen pò áppou õpñte gumn sai boæloito ¥autñn te kaÜ áp
pouw (Xen., Anáb., 1, 2, 7) ele caçava a cavalo sempre que queria [quisesse] exe
rcitar-se a si mesmo e os cavalos [cavalo e cavaleiro juntos]. TeisÛan d¢ GorgÛa
n te ¤ somen eìdein (Plat., Fedro, 267a) nós deixaremos Górgias e Tísias repousare
m [e também, juntos]. É freqüente o uso de te acoplado: às negações: oé, m , (oë
te... oëte / m te... m te). aos conetivos (conjunções): eÞ, ¤ n / n / µn (eàte... e
àte / ¤ nte... ¤ nte / ³nte... ³nte / nte... nte), Éw (Ëste consecutivo ou comparativo
). aos relativos: ÷ste, ´te, ÷te ktl. Nesse tipo de construção te enfatiza, dest
aca ou sublinha o paralelismo. oëte tiw m ntiw ¤Æn oët oÞvnÇn s fa eÞdÅw (A, 202) nem
sendo um adivinho nem sabedor de coisas seguras dos presságios.
mur07.p65
683
22/01/01, 11:39
684
os invariáveis: conjunções e partículas
tÇn oë ti... legÛzv eàt ¤pÜ dejÛ àvsi... eàt ¤p rister (M, 239) [desses pássaros]...
não me importo se eles vão para a direita... se vão para a esquerda [quer... qu
er]. eÞ d ¦t ¤stÜn ¦mcuxow gun‾ eàt oïn ölvlen eÞd¡nai bouloÛmey n (Eur., Alc., 140)
se essa mulher ainda está viva e se então já morreu nós gostaríamos de saber. eà
te pou yeoÜ µ paÝdew yeÇn aét‾n oÞkoèsin (Plat., Leis, 739d) se por acaso deuses
a habitam ou filhos dos deuses. àsoi öntew maxoæmeya ³nte ¤ny de ¤piñntaw aétoçw
dexÅmeya ³nte ¤p ¤keÛnouw sun ptvmen. (Xen., Cir., 3, 3, 17) sendo iguais, nós comb
ateremos quer os esperemos [aceitemos] avançando aqui, quer partamos sobre eles
para confronto.
Toi Teria havido na origem dois toi: um, antiga forma átona de um dativo de poss
e que passou a dativo ético do pronome de segunda pessoa sæ (soi, toi), que se u
sa bastante nos diálogos, onde funciona como um intensivo, sublinhando a convicç
ão dos interlocutores: certamente, precisamente, às vezes muito próximo do ge re
stritivo; outro, tônico, com função e significado semelhante ao primeiro; apenas
a posição do segundo, tônica, não enclítica faz a diferença. Toi se associa ou
se compõe com inúmeras outras partículas, quer como primeiro quer como segundo e
lemento: toig r, toig rtoi, toigaroïn, toÛnun, kaÜ g r toi, m¡ntoi. eÞ ktenoèmen llon nt
lon sæ toi prÅth y noiw n (Sóf., El., 582) se matarmos um pelo [contra] outro, entã
o tu serias a primeira a morrer!
mur07.p65
684
22/01/01, 11:39
os invariáveis: conjunções e partículas
685
xal te... ÷pvw tò suggen¡w toi k p ¤moè yr nvn tæxú (Sóf., El., 1469) levantai o véu.
.. de modo a que o que nasceu comigo pelo menos também encontre de mim os lament
os. eÛ toi ¦fh õ K¡bhw lñgouw tin w nereun (Plat., Fédon, 63a) o Cebes pelo menos, di
sse ele, está sempre à procura de discursos. ¤piyumeÝ Svkr thw koèsai GorgÛou; ¤p
tñ g¡ toi toèto p resmen (Plat., Górg., 447b) Sócrates deseja ouvir Górgias? é exa
tamente por isso mesmo que estamos aqui.
õ Kèrow ³reto: — oðtoi pol¡mioÛ eÞsin; Pol¡mioi m¡ntoi (Xen., Cir., 1, 4, 19) Ci
ro pergunta: acaso esses são inimigos? - Inimigos com certeza. [Sim, inimigos].
oék oàei Î SÅkratew; Oé m¡ntoi, m DÛa (Plat., Menex., 235d) Tu não achas, Sócrate
s? Não, por Zeus, não acho.
oé sç m¡ntoi Om rou ¤pain¡thw eä; (Plat., Prot., 309a) tu, então, não és um admir
ador de Homero?
Toigaroèn (toÛ g r oïn) Conetivo forte, conclusivo. Somatória dos significados de
toÛ, g r, oïn: eis por que, então, por conseguinte. oß dikastaÜ t w oésÛaw aétÇn [tÇ
n met llvn] ¤n sfaleÛ& kat¡sthsan. Toigaroèn aß kainotomÛai nèn ¤nergoÛ, (Hipér., P
. Eux., 36) os juízes colocaram em segurança o capital [as propriedades] das min
as. Em conseqüência, as concessões estão ativas agora.
mur07.p65
685
22/01/01, 11:39
686
os invariáveis: conjunções e partículas
Toig rtoi (toÛ g r toi) Conetivo forte, conclusivo-restritivo de acréscimo: eis por
que também. pareÝxon sf w aétoçw toÝw m¢n Ellhsi pistoçw toÝw d¢ barb roiw foberoæw:
Toig rtoi di taèta met tosaæthw sfaleÛaw di°gon. (Isócr., Aerop., 52) eles se mostrav
am confiáveis [fiéis] aos gregos e temíveis aos bárbaros; em conseqüência então,
por esse motivo, eles viviam com tamanha segurança. ToÛnun (toi nun) Pospositiv
a, composta de toÛ e næn. É uma partícula de transição que liga dois membros de
um raciocínio; por exemplo: a primeira premissa à segunda: ora; ou a segunda à c
onclusão: portanto, então, nesse caso. Às vezes tem um sentido próximo do d¡: po
r outro lado, ora, então. ¦ti toÛnun kakeÝno skopeÝte (Dem., Emb., 221) examinai
então ainda esse ponto. l¡ge d‾ tÛ f»w eänai tò ÷sion; L¡gv toÛnun ÷ti tò ÷siñn
¤sti tÒ dikoènti ¤peji¡nai (Plat., Eutifr., 5d) dize-me então o que afirmas ser
o piedoso? Ora, eu afirmo que o piedoso é perseguir (pela justiça) o que comete
um crime. soÜ tò m‾ sig°sai loipòn —n ll dhloèn toætoiw: oé toÛnun ¤poÛhsaw (Dem.,
Cor., 232) a ti restava não guardar silêncio mas prestar esclarecimentos a eles
; ora, tu não fizeste isso. ¤keÝnow õ kairòw ndr ¤k lei parhkolouyhkñta toÝw pr gmasin
... ¤f nhn toÛnun oðtow ¤n ¤keÛnú t» ²m¡r& ¤gÅ (Dem., Cor., 173) aquele momento pe
dia um homem que tinha acompanhado os acontecimentos; ora, apareceu esse homem n
aquele dia, era eu.
mur07.p65
686
22/01/01, 11:39
os invariáveis: conjunções e partículas
687
duoÝn m¢n toÛnun lñgoin khkñate: boælomai d¢ kaÜ toè trÛtou mikr dielyeÝn (Isócr.,
15, 67) ora, pois bem, acabastes de ouvir [passagens] de dois discursos; eu que
ro agora citar umas poucas do terceiro. õrÇ g r ²m w oéd¢n öntaw llo pl‾n eàdvl ÷soipe
r zÇmen µ kouf‾n ski n. Toiaèta toÛnun eÞsorÇn êp¡rkopon mhd¡n pot aétòw eÞw yeoçw
¦pow (Sóf., Ájax, 125) na verdade eu vejo que nós, quantos estamos vivos, não so
mos nada além do que imagens ou sombra vazia. então ao contemplares essas coisas
não há nenhuma palavra arrogante contra os deuses.
Ww 1. Conetivo entre dois: na relação comparativa tanto ligando palavras quanto f
rases: como, do mesmo modo que, na qualidade de. kin yh d gor‾ Éw kæmata makr yal ssh
w (B, 144) movia-se a assembléia como as grandes ondas do mar. Éw d nemow xnaw for¡
ei... Ëw tñt AxaÛoi... (E, 499 ) como o vento carrega a palha... assim os aqueus.
.. Éw d¢ dr kvn ndra m¡núsin... Ëw Ektvr (X, 93) como uma serpente espera um homem..
. assim Heitor... Éw polemÛoiw aétoÝw xrÇntai, (Xen., Cir., 3, 1, 22) eles os tr
atam como inimigos. Éw dænaton ön como sendo impossível. ganaktoèsin Éw meg lvn tinÇ
n pesterhm¡nvn (Plat., Rep., 329a) eles se zangam como estando privados de alguma
s coisas grandes [como se estivessem]. Éw kævn nebròn (oìtvw) ¤kmasteæomen (Ésqu
ilo, Eum., 237) como um cão [persegue] o veado, [assim] nós estamos perseguindo.
mur07.p65
687
22/01/01, 11:39
688
os invariáveis: conjunções e partículas
yeòw d Íw ¤tÛeto (E, 78) ele era honrado como um deus [e como deus era ele era ve
nerado]. sæew Éw gridñntew (L, 413) como porcos de alvos dentes. ³rte d Éw ÷te tiw
drèw ³ripe (N, 389) ele caiu como quando cai um carvalho. Éw pròw stronomÛan ömm
ata p¡phgen Íw pròw ¤narmonÛan for n Îta pag°nai (Plat., Rep., 530d) como a vista
está fixa para o movimento dos astros, assim [também] fixar os ouvidos para cond
ução harmoniosa. 2. em correlativo temporal Enquanto, em quanto que, durante o t
empo em que. Em relação de quantidade: na medida em que. tÆw pexy sv Éw nèn s ¦kpa
gl ¤fÛlhsa (G, 415) eu te odiarei tanto quanto estranhamente te amei até agora. ¥
lÆn kr¡aw Ëw oß xeÝrew ¤x ndanon (J, 344) tendo pegado carnes como [na medida em q
ue] suas mãos podiam conter. braxætera ±kñntizon µ Éw ¤jikneÝsyai tÇn sfendonhtÇ
n (Xen., 3, 3, 7) eles lançavam os dardos mais curto do quanto alcançassem os fu
ndistas. 3. em relação; assim... como oìtv nèn kaÜ ¤gÆ no¡v Éw sç ¤iskeiw (D, 14
8) assim eu também penso agora como tu pensas. Éw p ntew ¤pist meya (Xen., Hier., 10
, 4) como todos nós sabemos. 4. como, segundo, conforme Éw õ m ntiw fhsÛn (Ésquilo
, Sete, 24) como [conforme, segundo] diz o adivinho.
mur07.p65
688
22/01/01, 11:39
os invariáveis: conjunções e partículas
689
t‾n ¤pistol‾n dÛdvsi pistÒ ndrÜ Éw Õeto (Xen., Anáb., 1, 6, 3) ele entrega a mens
agem a um homem de confiança, como ele pensava. proshgñreue t m¢n poieÝn t d¢ m‾ p
oieÝn Éw toè daimonÛou proshgoreæontow (Xen., Mem., 1, 1, 4) ele aconselhava a f
azer estas coisas e não fazer aquelas, como o nume estava aconselhando. Éw d¢ Sk
æyai l¡gousi neÅtaton p ntvn ¤yn¡vn eänai tò sf¡teron (Hdt., 4, 5) como dizem os ci
tas o vosso povo é o mais jovem de todos. 5. na medida em que, tanto que, como,
quanto a, à maneira de Éw ¤moÛ quanto a mim. Éw p ômm tvn [eÞk sai] (Sóf., Éd. Col., 1
5) a imaginar como a partir da vista. Éw ¤pÜ pleÝston como [à maneira de] sobre
o máximo [possível]. Éw ¤pÜ tò polæ, como, quanto muito. Éw ¤pÛ tò pl°yow, como
na maioria. —san Éplism¡noi Éw ¤n öresin ßkanÇw pròw tò ¤pidrameÝn (Xen., Anáb.,
4, 3, 31) eles estavam equipados de maneira a (quanto a) apropriadamente correr
sobre as montanhas. Éw ¤m¢ eï memn°syai (Hdt., 2, 125) na medida de eu me lembr
ar bem. 6. à maneira de, como se, dando a impressão de (freqüentemente com parti
cípios). Expressa a opinião da personagem e não do narrador, que não quer passar
a idéia de fato objetivo, real. Essa construção se encontra também nas orações
finais, em que o verbo da principal é um verbo de movimento ou intenção.
mur07.p65
689
22/01/01, 11:39
690
os invariáveis: conjunções e partículas
Nesses casos, o particípio futuro da subordinada pode vir enfatizado por Éw. Nas
orações completivas dependentes dos verbos dizer e sentir (verba dicendi, senti
endi), é muito comum também o uso de Éw (opinião do sujeito do verbo principal,
subjetiva), em lugar de ÷ti (opinião do narrador, fato real, objetivo). Nessa me
sma linha de raciocínio, podemos dizer que pode aparecer também uma relação de c
ausa. dedÛasin Éw eÞdñtew, (Plat., Apol., 29a) eles temem como sabedores [como s
e soubessem, à maneira dos que sabem]. Éw eÞw PisÛdaw boulñmenow strateæesyai (X
en., Anáb., 1, 1, 11) como querendo [na vontade dele, Ciro] fazer um expedição c
ontra os pisidas. suskeu zesyai Éw eÞw strateÛan (Xen., Hel., 3, 4, 11) preparar-s
e como [se fosse] para uma expedição. tÛ pote l¡geiw Î t¡knon; Éw oé many nv (Sóf.
, Fil., 914) o que estás dizendo, criança?, é que, [na tua opinião], eu não esto
u entendendo [porque]. ful jasyai deÝ tò ¤f rpag‾n trap¡syai Éw õ toèto poiÇn oék¡t n
r ¤stin (Xen., Cir., 4, 2, 25) é preciso precaver-se (guardar-se) de se dirigir
para o roubo, porque o que faz isso não é mais homem. 7. Como conjunção final, p
ara, para que, de modo a que, com subjuntivo eventual, ou optativo, às vezes com
posta. ÷pvw krÝn ndraw Éw fr trh fr trúfin r gú (B, 363) escolhe de algum modo home
ns para que uma tribo socorra outra. eäxon dr¡pana Éw diakñpoien (Xen., Anáb., 1
, 8, 10) eles tinham foices de modo a que pudessem ceifar. 8. Como conjunção con
secutiva: de modo a que (indicativo ou optativo se a conseqüência é real ou hipo
tética respectivamente), e de modo a (infinitivo, se a conseqüência fica em aber
to, na intenção).
mur07.p65
690
22/01/01, 11:39
os invariáveis: conjunções e partículas
691
Também Ëste. eïrow Éw dæo tri reiw pl¡ein õmoè (Hdt., 7, 24) largo de modo a dua
s trirremes navegarem ao mesmo tempo. ¤netægxanon t froiw pl resin ìdatow Éw m‾ dæ
nasyai diabaÛnein (Xen., Anáb., 2, 3, 10) eles encontravam fossas cheias de água
, de modo a não poderem atravessar. oìtvw ¤moÜ ¤bñhsaw Éw nèn s¡svsmai (Xen., Ci
r., 5, 4, 6) tu me socorreste de tal maneira, que agora estou salvo. nomÛzv oìtv
w ¦xein Éw post sontai aétoè aß pñleiw (Xen., Hel., 6, 1, 4) eu creio que a situa
ção está em tal ponto, que as cidades se afastarão dele. oìtv ÞsxuraÜ [Éw]... n l
ÛyÄ paÛsaw diarr jeiaw (Hdt., 3, 12) elas são tão resistentes que batendo com um
a pedra [não] as quebrarias. 9. Pode também significar: assim que, depois que, s
obretudo precedida de um termo que signifique tempo: eéyæw (direto, imediato), t x
ista (rapidamente). É uma espécie de consecutiva. Éw eädon aétoçw, eéyçw ¦fugon
(Xen., Cir., 3, 1, 4) assim que os viram, direto fugiram [como viram]. Éw d¢ t xis
ta fÛketo, eéyæw... (Xen., Cir., 1, 3, 2) assim que [imediatamente] chegou, diret
o... 10. Introduzindo orações ou expressões imprecativas (voto), ah! se, (como d
esejaria que!...) Éw ¦riw pñloito; (S, 107) ah se rixa perecesse!
mur07.p65
691
22/01/01, 11:39
692
os invariáveis: conjunções e partículas
11. Introduzindo uma exclamativa: como! Éw noon kardÛhn ¦xew; (F, 441) como insen
sato tens o coração! Éw kalñw moi õ p ppow; (Xen., Cir., 1, 3, 2) como é belo o me
u avô! Ëw moi d¡xetai kakòn ¤k kakoè aÞeÛ (T, 290) como para mim um mal sucede s
empre a partir de um mal]! WsaneÛ (Éw n eÞ) Como se, por assim dizer. Wsei (Éw eÞ)
Como se, como quando. Wsper (Éw per) Como, do mesmo modo que, da maneira que etc.
Tem os mesmos sentidos e as mesmas funções de Éw, mas enfatizadas pela partícul
a -per. WspereÛ (Ësper ei) De alguma maneira, como se fosse, por assim dizer. Wspe
roèn (Ësper oïn) Como então, como de fato, como na realidade. Wste (Éw te) Como (
comparativo), na qualidade de (apenas mais incisivo do que Éw). Às vezes: Ësper
ei : como se. Que (consecutivo), de maneira que, de modo que. Nas mesmas condiçõ
es de Éw consecutivo (ver n. 8).
mur07.p65
692
22/01/01, 11:39
os invariáveis: conjunções e partículas advérbios
693
Advérbios: - ¤pÛrrhma
Dionísio Trácio, 19.1. diz: EpÛrrm ¤sti m¡row lñgou kliton kat = matow legñmenon µ ¤p
Ûlegñmenon = mati . Advérbio é uma parte não flexionada da frase, dita com referênc
ia ao verbo ou sobre ele aplicada (posta) . Podemos comparar essa definição com a
que ele dá ao önoma ¤pÛyeton , nome epíteto, sobreposto (adjetivo) : EpÛyeton d¡ ¤sti t
¤pÜ kurÛvn µ proshgorikÇn õmvnæmvw tiy¡menon kaÜ dhloèn ¦painon µ cñgon..., (12,
64) Epíteto (adjetivo) é o que é colocado de maneira semelhante sobre nomes próp
rios ou apelativos e que revela elogio ou censura. Ele desdobra essa definição em
12, 80, quando fala dos epônimos: EpÅnumon d¡ ¤stin ù kaÜ diÅnumon kaleÝtai tò me
y ¥t¡rou kurÛou kay ¥nòw legñmenon Éw EnosÛxyvn õ PoseidÇn kaÜ FoÝbow õ Apñllvn . Epôn
mo (sobrenome) é o que também é chamado duplo nome, o que, com um outro nome pró
prio, é dito sobre um só, como Poseidon, o que faz tremer a terra, e Febo, Apolo
. É lamentável que nesse detalhismo sobre o nome, Dionísio Trácio, e certamente o
utro gramático antes dele, tenham usado de um modo tão específico a palavra ¤pÅn
umon: sobrenome > epíteto > adjetivo, o que daria um perfeito contraponto a ¤pÛr
rhma: sobreverbo > advérbio. Sobreverbo / sobrenome dariam a exata noção das funçõ
es do sobreverbo > advérbio e do sobrenome > adjetivo . Isto é: o advérbio é para o
verbo exatamente o que o adjetivo é para o nome: os dois trazem noções acessória
s, que não modificam a natureza do verbo ou do nome. As diferenças são de catego
ria: os adjetivos acrescentam ao nome noções secundárias nominais de qualidade o
u estado, e os advérbios acrescentam ao verbo noções secundárias circunstanciais
de espaço e modo. Segundo A. Meillet, Pode-se definir o advérbio como uma palavr
a invariável que se coloca ao lado das outras palavras da frase (sobretudo ao la
do de verbos e adjetivos) para acrescentar uma noção acessória.
mur07.p65
693
22/01/01, 11:39
694
os invariáveis: advérbios
Essa noção acessória é de natureza circunstancial, isto é, noção ou idéia de modo,
lugar ou tempo (genitivo partitivo, genitivo-ablativo, instrumental-modal, loca
tivo espacial-temporal e acusativo de relação). É por isso que em grego há muito
s advérbios que são formas nominais flexionadas, de relações concretas, que se p
etrificaram, adquirindo um significado autônomo, a tal ponto que parecem casos a
bsolutos. 1. No acusativo (de relação ou adverbial) rx n primeiramente, do começo
, quanto ao começo dvre n de graça, de presente, em vão m thn em vão, debalde proÝka
de graça, de dom (doação) sxedÛhn imediatamente, a seguir prñfasin a pretexto,
por pretexto t¡low por fim, afinal, em fim de contas makr n longe, distante, longo
tempo eéyeÛan direto, em frente, reto ceèdow de mentira, falsamente deæteron em
segundo lugar, segundamente, em seguida prÇton / prÇta em primeiro lugar, prime
iramente (t ) prÅtista em primeiríssimo lugar, antes de tudo ¦lasson menos (compar
ativo de ¤laxæ) eï bem (de ¤æ, bom ) ¸sson menos (comp. de ¸ka) ´kista minimamen
te, o menos possível m la muito m lista muitíssimo m llon mais pl¡on mais (em número)
ôlÛgon pouco polæ muito taxæ depressa, rápido ²dæ com prazer, agradavelmente sof
Återon mais sabiamente, sofÅtata muito sabiamente, sapientissimamente dein terriv
elmente
mur07.p65
694
22/01/01, 11:39
os invariáveis: advérbios
695
dÛkhn x rin t‾n llvw m¡ga mñnon oåon
na indicação de, à maneira de em favor de, graças a, por causa de de maneira con
trária, em vão grandemente, grande só, somente tal qual(mente), por exemplo
Podemos acrescentar a essa relação os advérbios construídos com os sufixos -don
/ -dhn, que trazem a idéia de relação ou maneira: botrudñn em cachos gelhdñn com
tropas, em massa sxedñn (segurando) perto, quase b dhn passo a passo lægdhn soluça
ndo, aos soluços spor dhn esparsamente, disseminadamente Depois dessa relação bast
ante extensa de advérbios expressos pelo acusativo, não podemos deixar de fazer
alguns comentários: a) nas formas expressas por substantivos no acusativo femini
nos e neutros, como rx n, t¡low, ceèdow, não será difícil identificarmos um acusa
tivo de relação, ou acusativo adverbial; b) nas formas expressas pelo acusativo
do adjetivo feminino, como makr n, eéyeÛan, não será difícil identificar uma expre
ssão elíptica, em que há um nome implícito, como õdñn, o que leva novamente à id
entificação do acusativo de relação ou adverbial. Essa relação adverbial de movi
mento, sempre presente no acusativo, também pode ser expressa com o sufixo -de/-
ze/-se. ¤keÝse para lá llose para outro lugar, alhures (alio) oàkade para casa Ay
naze / Ay naw- de para Atenas c) contudo, cremos que é muito difícil entendermos
como um acusativo as formas expressas pelo acusativo neutro do adjetivo . Na medida
em que o uso de um caso deve corresponder sempre a uma função, não poderemos en
contrar aí uma função de acusativo. Cremos que a língua emprega o adjetivo no ne
utro, diretamente sobre o verbo a ser qualificado.
mur07.p65
695
22/01/01, 11:39
696
os invariáveis: advérbios
O uso do neutro se explica pelo fato de não haver nessa relação nenhuma noção de
modo, meio, lugar, ou tempo. Isso corresponde a um uso muito comum em português
, como: ele canta bonito, ele anda torto, ou ele canta mais bonito, ele anda mai
s torto. Não é nem bonitamente, tortamente, ou mais bonitamente ou mais tortament
e . A idéia de qualidade incide diretamente sobre a ação verbal. Podemos ver isso
em grego nas variantes: prÇton / prÅtvw. É uma ligação direta da expressão de qu
alidade ao verbo; mas como a forma verbal não tem gênero, o neutro se faz presen
te (em grego o adjetivo neutro em -o com o -n eufônico se confunde com o acusati
vo masculino dos adjetivos de tema em -o), e no português, bonito, torto, mais bo
nito, mais torto são neutros, embora a gramática não os registre assim. Em grego
temos mñnon, deinñn, kalñn ktl, em que o -n não é desinência do acusativo, mas
meramente eufônico. Nos adjetivos gregos de tema em consoante ou semivogal const
ata-se o mesmo fato: é o tema puro (neutro) que se usa: polæ, eéyæ, saf¡w ktl. Q
uando alguns adjetivos de tema em semivogal ou consoante em posição precária, is
to é, que a língua grega não mantém em posição final, são usados adverbialmente,
com freqüência usa-se um -w para reforçar a vogal ou proteger a consoante. Assi
m às vezes podem conviver duas formas, uma sem o -w, e outra com o -w.5 eéyæ / e
éyæw direto, imediato (-mente) likrifÛw oblíquo (-mente) mfÛ / mfÛw de ambos os la
dos, em torno m¡xri / m¡xriw até paj uma vez l j com o calcanhar kourÛj pelos cabel
os ôd j com os dentes, a dente pæj com os punhos, a soco
5
Já repetimos várias vezes no curso deste trabalho que a língua grega mantém em p
osição final só três consoantes: -r, -w, -n e por eufonia o -k/-x na negação oé
/ oék /oéx e na preposição ¤k/¤j.
mur07.p65
696
22/01/01, 11:39
os invariáveis: advérbios
697
p¡rij xvrÛw ¤ggæw metajæ ntikræ liw poll ki / poll kiw
em redor em separado, a parte próximo, perto no intervalo (met - jun) em frente,
em face bastante muitas vezes
Dentro dessa mesma linha de raciocínio vemos também o comparativo do advérbio ex
presso pelo tema do neutro: (acusativo singular) e o superlativo do advérbio exp
resso pelo neutro plural (acusativo plural). O tema neutro no singular do compar
ativo se explica pela relação horizontal entre dois: um em relação ao outro; no
superlativo, contudo, a relação é partitiva no superlativo relativo (um entre mu
itos) e no superlativo absoluto é um entre todos. Por isso a preferência pelo pl
ural neutro a, que não é a desinência do acusativo plural, mas sim a marca do co
letivo indo-europeu. 2. No genitivo nuktñw ²m¡raw polloè tim syai polloè ôlÛgou de
Ýn mikroè ¤pipol°w ¤jaÛfnhw ¥j°w ¤fej°w de noite (num ponto da noite) de dia (nu
m ponto do dia) muito (de muito) relação de valor, preço estimar muito, dar muit
o valor a faltar pouco, de pouco de pouco na superfície (partitivo) de repente (
partitivo) direto, imediatamente (ponto de partida) de imediato, na seqüência (p
onto de partida)
Todos esses advérbios são genitivos petrificados, de delimitação. As gramáticas
costumam arrolar aqui uma série de advérbios em ou como se fossem genitivos. Não
são. Todos eles se relacionam com a questão poè; - ubi? - onde? Essa semelhança
com o genitivo dos nomes em -o é enganosa. Nós vamos relacionar todos esses adv
érbios, quando tratarmos da questão poè/poyÛ - ubi? onde? (p. 703-4).
mur07.p65
697
22/01/01, 11:39
698
os invariáveis: advérbios
3. No genitivo-ablativo6 Nas relações de lugar de onde - pñyen - unde? - de onde? o
grego usa um sufixo -yen, que exprime origem e ponto de partida. São numerosos e
sses advérbios e podemos dizer que não há um numerus clausus ; isto é, estão em abe
rto. Mas os mais comuns são os seguintes: oéranñyen do céu desde a aurora ±Çyen
Uma relação maior será fornecida quando tratarmos dos advérbios dêiticos. 4. No
locativo Há duas marcas do locativo: -i/-yi. A primeira se manteve, e, na flexão
, se confundiu com o dativo, a ponto de as gramáticas não mais a considerarem co
mo locativo, mas como dativo de lugar . Contudo, esse locativo em -i se manteve em
algumas formas petrificadas, tanto no grego como em latim. Também aqui não há num
erus clausus . Quando tratarmos dos advérbios dêiticos, forneceremos uma lista del
es. As formas com -yi também se mantiveram no período arcaico (sobretudo em Home
ro) e depois cederam o lugar para as formas em -ou; de uma equivalência inicial
poè/poyi - ubi? onde? , as formas em -ou prevaleceram. Trataremos delas quando trat
armos dos advérbios dêiticos. 5. No Instrumental A marca do antigo instrumental
era um -a longo ou -h (ático) e a variante silábica -da / -dh. Há inúmeras forma
s assim:
6
Não se trata de caso genitivo-ablativo , mas sim da relação de onde , que podemos cham
ar de genitivo espacial ou genitivo-ablativo expresso pelo sufixo adverbial -yen.
mur07.p65
698
22/01/01, 11:39
os invariáveis: advérbios
699
kruf° / kræpta oédam° ²sux° p nth pantax° pez° ÷ph p ma l yra / l yrh sfñdra ¸ra §neka
ped kræbda mÛgda fægda
em segredo de modo algum, de nenhum modo em repouso, calmamente de todas as mane
iras de todas as maneiras a pé da maneira que, de que maneira de alguma maneira
juntamente, ao mesmo tempo às escondidas fortemente, intensamente em favor de po
r causa de com os pés, a pé em segredo, secretamente confusamente, tudo misturad
o em fuga
Esse instrumental em -a / -h se prestou a confusões por causa da relação de luga
r por onde , questão p»/phi/p° (qua, em latim). Houve coincidência formal e semânti
ca, uma vez que na relação instrumental pode-se ver a idéia de o ato verbal pass
ar pelo objeto/instrumento inerte; a partir daí torna-se fácil evoluir para a id
éia de meio e depois de modo. Trataremos disso neste mesmo capítulo, quando esta
belecermos o quadro dos correlativos. Há também um certo número de advérbios em
-ka e -ya (²nÛka, thnÛka, aétÛka, ¦nya) com significado de tempo ou lugar, mas q
ue serão tratados no quadro dos demonstrativos, dêiticos. Além disso, há ainda u
ma antiga desinência-sufixo instrumental em -fi, freqüente em Homero, mas que te
ndeu a desaparecer. As expressões mais comuns são as seguintes: dos dois lados,
em torno mfÛ / mfÛw bÛhfi/bÛafi com violência, violentamente àfi com força nñsfi s
eparadamente
mur07.p65
699
22/01/01, 11:39
700
os invariáveis: advérbios
Ver Homero: àfi (A, 38), com força, dakruñfi (R, 696), com lágrimas, klisÛhfi (N
, 168), na tenda, stratñfi (K, 347), com o exército, yeñfi (C, 347), com a divin
dade, fr trhfi (B, 363), na fratria (em comum) öresfi (D, 452), na montanha. Nem
sempre a relação instrumental está clara: às vezes se confunde com o locativo -
yi e genitivo-ablativo -yen. Havia um outro sufixo de instrumental/modal em -ti,
que aos poucos foi abandonado. Restam contudo algumas formas que se mantêm viva
s. Também aqui a lista não é exaustiva. ônomastÛ pelo nome, nominalmente dvristÛ
à moda dos dórios ¥llhnistÛ à moda dos gregos, à grega nevstÛ recentemente Dent
ro desses instrumentais podemos incluir também os advérbios de modo, construídos
com o advérbio Éw < Wvw: como, assim sobre temas nominais, adjetivos, que é vis
to como sufixo -vw acrescentado ao tema do adjetivo. Esse sufixo corresponde gro
sso modo aos nossos advérbios em -mente. Ele tem sua origem num sufixo indo-euro
peu *yo-, de valor anafórico, de que derivam o relativo ÷w, ÷ e algumas conjunçõ
es, como Éw. Esses advérbios se constroem sobre temas de adjetivos (tema do adje
tivo + -vw), com as adaptações fonéticas necessárias.
T. sofñT. pr oT. sÅfron T. lhy¡w T. öntT. ²dW/²d¡W T. pantsofñw, ,ñn pr ow,a,on sÅfrv
n,on lhy w,¡w Ên,oïsa,ön ²dæw,eÛa,æ p w,p sa,p n sofÇw pr vw svfrñnvw lhyÇw öntvw ²d¡vw p
vw sabiamente calmamente prudentemente verdadeiramente realmente suavemente tota
lmente
Assim também: kalÇw brad¡vw eéprepÇw õmoÛvw õmÇw oìtvw / oìtv
bem, belamente lentamente decentemente, convenientemente semelhantemente igualme
nte dessa maneira, desse modo, assim
mur07.p65
700
22/01/01, 11:39
os invariáveis: advérbios
701
tax¡vw êperfuÇw Ïde
em velocidade, rapidamente desmedidamente, maravilhosamente assim, desta maneira
Paralelamente a essas formações de advérbios de modo em -vw, que lembram vivamen
te a ligação com o significado da conjunção: como, à maneira de, a língua formou
inúmeros advérbios de lugar em -v, construídos sobre temas de significado espac
ial, sobretudo preposições, antigos advérbios de lugar. 7 Assim: nv acima, em cim
a fnv de repente, subitamente oëpv / m pv ainda não nvyen de cima, do alto k tv abai
xo, embaixo perait¡rv mais distante, mais longe thlot¡rv mais longe, mais distan
te thlot tv muito mais longe ¦jv fora, do lado de fora eàsv no interior de, dentro
ôpÛsv atrás pñrrv à frente, na frente
7
Atenção para a acentuação desses advérbios: 1. Nos adjetivos de tema em -o a vog
al temática sobre elisão antes do sufixo modal vw, como em tema oxítono: kalñ-vw
> kalÇw, e o advérbio de modo será perispômeno; se o tema for paroxítono, o adv
érbio de modo será também paroxítono ou proparoxítono, o advérbio de modo será p
aroxítono: diko-vw > dÛkvw. 2. Nos adjetivos de tema em -w, o -s-, encontrando-se
em posição intervocálica, sofre síncope e as vogais em contato se contraem, prev
alecendo o timbre -o-: lhy¡s-vw > lhy¡vw > lhyÇw, perispômeno, se o tema for oxíton
o, e paroxítono se o tema for paroxítono ou proparoxítono. 3. Nos de tema em out
ra consoante, dá-se o mesmo: sÇfron-vw > svfrñnvw:; eëdaimon-vw > eédaimñnvw; ön
t-vw. 4. Nos de tema em eW-, o -W-, encontrando-se em posição intervocálica, sof
re síncope, e as vogais em contato se contraem se são do mesmo timbre, e, se de
timbre diferente permanecem em hiato: tax¡W-vw > tax¡vw.
mur07.p65
701
22/01/01, 11:39
702
os invariáveis: advérbios
Advérbios demonstrativos, dêiticos, de lugar e tempo
Na mesma linha dos nomes e adjetivos demonstrativos, dêiticos, que os gramáticos
costumam chamar de pronomes-adjetivos , a língua grega possui um grande número de
palavras exprimindo noções de espaço e tempo, chamadas comumente de advérbios de
lugar, de tempo, de modo . Vamos dar a seguir o quadro delas, na mesma seqüência e
m que demos o quadro dos nomes e adjetivos demonstrativos.
mur07.p65
702
22/01/01, 11:39
mur07.p65
os invariáveis: advérbios
Interrogativos direto/indir.
703 22/01/01, 11:39
Demonstrativos
aétoè/aétñyi aqui mesmo aétoÝ/aétñse para aqui mesmo aétñyen do mesmo lugar aét»
** pelo mesmo lugar tñte então, naquele tempo
Relativos
oð/oðper/÷yi/ ¦nya onde/em que oå /÷se para o lugar que ÷yen do lugar que à pelo
lugar q., pelo que ÷te quando, no tempo em que
Indefinidos
poæ / poyÛ *** em algum lugar poÛ / pos¡ para algum lugar que poy¡n de algum lug
ar p¹ por algum lugar pot¡ um dia, certa vez, alguma vez
Relativos - Indefinidos
÷pou /õpouoèn / oêd pote ÷pou em qualquer lugar (que seja) ÷poi / õpoioèn / õpoi
d pote para qualquer lugar (que seja) ÷poyen/ õpoyenoèn/ õpod pote de qualquer l
ugar (que seja) ÷pú/õpúoèn/ õpúd pote por qualquer lugar (que seja) õpotoèn / õp
oted pote em qualquer tempo (que seja), em um tempo qualquer õphnikoèn/ õphnikad
pote em qualquer hora (que seja) õpvsoèn / õpvsd pote /÷pvw de qualquer modo qu
e
poè; */pñyi; ÷pou; onde? poÝ; /pñse, ÷poi; / õpñse; para onde? pñyen; õpñyen; de
onde? p»; / ÷pú; por onde? por quê? pñte; / õpñte; quando? em que tempo?
phnÛka; õphnÛka; em que hora? pÇw; / ÷pvw; como?
thnÛka thnik de nesta hora Ïde /oìtv (w) deste modo
²nÛka na hora em que Éw/Ëste como/assim, do modo que
õphnÛka em algum momento pvw de algum modo
703
704
os invariáveis: advérbios
* Várias formas que respondem à questão poè se constroem com esse sufixo, como v
eremos abaixo. Chamamos a atenção do leitor para não denominá-las de genitivo loc
ativo ou de genitivo de lugar onde . Essa denominação não é lógica; ela se guia pela
s aparências, isto é, o sufixo -ou faz lembrar o genitivo singular dos nomes em
-o. É mera coincidência formal. ** Vale a mesma observação do item anterior. A r
esposta à questão p» encontra resposta nos temas de adjetivos dêiticos, como aét
», t»de, aìtú, ¤keÛnú. Também aqui não se trata de um dativo de modo, ou dativo i
nstrumental ; trata-se de respostas à questão p», por que lugar, por quê? ; qua , em lat
im. Ressalte-se, contudo, que, a partir da idéia por onde, por que , passa-se facil
mente para a idéia de instrumento ou modo. Mas, tratase de sufixo adverbial e nã
o de flexão nominal. *** É preciso notar que a acentuação dos indefinidos é mera
mente indicativa, porque todos são enclíticos e só se acentuam quando formam uni
dade tônica com a palavra anterior. O quadro acima é apenas indicativo. Se a pri
meira coluna só tem duas alternativas: pergunta direta e indireta, as outras col
unas ficariam longas demais com uma quantidade muito grande de formas. Preferimo
s, então, alinhá-las verticalmente a seguir, ressalvando contudo que não são lis
tas exaustivas. A. Respostas à questão poè;/ pñyi; - onde? em que lugar? 1. sufi
xo -oè e -yi oédamoè pantaxoè pollaxoè llou lloyi ¤keÝyi llaxoè õmoè thloè em nenhu
m lugar, em parte nenhuma em toda parte, em todos os lugares em muitos lugares e
m outro lugar em outro lugar lá, naquele lugar em outro lugar junto, juntamente
longe, distante
mur07.p65
704
22/01/01, 11:39
os invariáveis: advérbios
705
thlñyi Iliñyi Korinyñyi
longe, distante em Ílion (Tróia) em Corinto
2. Alguns com sufixo locativo -i / si (-i longo) oàkoi em casa xamaÛ por terra,
no chão humi pedoÝ no chão, por terra Ay nhsi em Atenas OlumpÛasi em Olímpia Platai si
em Platéias MegaroÝ em Mégara PuloÝ em Pilos SalamÝni em Salamina ¤keÝ lá, naqu
ele lugar pandhmeÛ em massa, em todo o povo p lai outrora, antigamente rti há pouco
, agora mesmo ¦ti / oék¡ti ainda, ainda não, não mais prÐ / prvÛ bem cedo, cedin
ho yærasi às portas, foris 3. Outros dêiticos que respondem à questão onde? ¦nya aqu
i, neste lugar, hic t»de aqui, neste lugar, hic , por aquí ¤ntaèya nesse lugar, aí, ib
i 4. Outros sufixos par¡j ¤ntñw ¤ktñw ¤ggæw p¡law p¡rij xvrÛw p¡ra fora, do lado
de fora dentro fora, de fora perto, próximo perto, próximo em toda a volta, em t
orno à parte, em separado além, do lado de lá
mur07.p65
705
22/01/01, 11:39
706
os invariáveis: advérbios
B. Respostas à questão poÝ; -de / -ze / -se / ya: para onde? quo ¤keÝse para lá, il
luc, eo ¤ny de para aqui, huc oàkade /-ze/-se para casa llose para outro lugar Ay naze
para Atenas oédamñse para nenhum lugar oédamoÝ para nenhum lugar pantaxñse para
todo lugar pantaxoÝ/se para todo lugar pantñse / -oÝ para todo lugar pollaxñse/
-oÝ para muitos lugares õmñse/ -oÝ para o mesmo lugar, para junto aétñse/ -oÝ pa
ra o mesmo lugar xam ze por terra, para o chão Megar de para Megara yæraze /-sde par
a a porta C. Respostas à questão pñyen; de onde, unde ¤keÝyen de lá. illinc oàkoyen
de casa lloyen de outro lugar aliunde Ay nhyen de Atenas Megarñyen de Megara ¦nyen d
aqui hinc ¤ny¡nde daqui hinc ¤nteèyen daí, inde oédamñyen de nenhum lugar, de lugar a
gum pantaxñyen de toda parte, de todos os lados p ntoyen de tudo, de toda parte po
llaxñyen de muitos lugares õmñyen de junto, do mesmo lugar aétñyen do mesmo luga
r xam yen do chão, da terra ¦mprosyen à frente, na frente (adiante)
mur07.p65
706
22/01/01, 11:39
os invariáveis: advérbios
707
öpisyen nvyen k tvyen ¦ndoyen ¦jvyen pñrrvyen ¦gguyen
atrás, de trás de cima, a partir de cima de baixo, a partir de baixo de dentro d
e fora de longe, a partir de longe de perto, a partir de perto
D. Respostas à questão p»; - por que lugar?, por que meio?, por que modo?, de qu
e maneira, qua/quo modo . t»de por aqui, hac , deste modo, desta maneira taætú por aí,
istac desse modo, dessa maneira ¤keÛnú por lá illac , daquele modo, daquela maneira
aét» pelo mesmo lugar, do mesmo modo, da mesma maneira llú por outro lado, de out
ra maneira oédam» por nenhum lugar, meio, modo pantax» por todo lugar, meio, mod
o p ntú/p nth por tudo, de todo modo pollax» por muitos lugares, meios, modos Podemo
s incluir aqui alguns instrumentais petrificados, em geral construídos sobre tem
as de adjetivos, que, aos poucos, dispensaram o nome que fica implícito. dhmosÛ&
(taf») exéquias públicas (pelo erário público) ÞdÛ& em particular koin» em comu
m com cuidado, perfeitamente komid» pez» a pé, como pedestre eÞk» ao acaso, à av
entura, pela aparência m» / m° ao acaso, de roldão, a rodo ²sux°/ -» com tranqüili
dade, placidamente E. Respostas à questão pÇw; - como? quo modo ? Ïde deste modo, a
ssim ita, sic oìtv(w) desse modo, assim ita, sic
mur07.p65
707
22/01/01, 11:39
708
os invariáveis: advérbios
¤keÛnvw daquele modo Ésaætvw da mesma maneira llvw de outra maneira oédamÇw de mo
do algum, de nenhum modo mhdamÇw de modo algum, de nenhum modo p ntvw completament
e, totalmente aÞfnidÛvw subitamente, de repente Ver a formação dos advérbios de
modo (p. 700). F. Respostas à questão pñte; quando? em que tempo? quando? tñte* en
tão, naquele tempo tum ÷te quando (rel.) no tempo em que cum ¥k stote cada vez pot¡ um
dia, algum dia, aliquando, unquam ¤nÛote algumas vezes oëpote em tempo algum, jam
ais, nunca (indicativo) m pote em tempo algum, jamais, nunca (eventual) oéd¡pote
em tempo algum, jamais, nunca (indicativo) mhd¡pote em tempo algum, jamais, nun
ca (eventual) llote uma outra vez * Esses dêiticos de tempo podem vir compostos c
om a partícula eventual -an (÷tan: quando, sempre que), com o modo eventual corr
espondente. Outras respostas à questão: pñte; quando? prvÛ / prÐ cedo, cedinho ô
c¡ à tarde, tarde s meron/t meron hoje (este dia) aërion amanhã xy¡w ontem nèn /
nunÛ agora, neste momento m¡xri nèn até agora nèn d agora mesmo rti há pouco, u
ltimamente eäta a seguir, em seguida prÛn antes já ³dh ¦ti ainda
mur07.p65
708
22/01/01, 11:39
os invariáveis: advérbios
709
aétÛka næktvr ma prÅhn
imediatamente, logo de noite ao mesmo tempo anteontem, há tempos
A idéia de quantidade, valor, dimensão, intensidade que se atribui ao verbo ou a
o adjetivo, se exprime pelo neutro dos nomes-adjetivos que têm esses significado
s (ver advérbios no acusativo). pñson quão grandemente, quanto ÷son (tão) quão g
randemente ôlÛgon pouco mikrñn pouco polæ muito m¡ga grande(mente) qual(mente),
por exemplo oåon pl¡on / pleÝn mais (quantidade, número) m llon mais (valor, dimen
são) pleÝston muito mais (número) meÝon menos (valor) ¦latton menos (número) tos
oèto(n) tanto m lista muito intensamente, sobretudo pleÝsta em grande quantidade,
número gan demais, em excesso lÛan muito (intensamente) dhn em abundância, abundan
temente liw assaz, bastante p nu muito, intensamente Com os verbos de valor ou de p
reço, freqüentemente se usa o genitivo dos nomes-adjetivos de quantidade-valor.
É a idéia em troca/troco de quê? ( ntÛ) > pñsou; que explica o uso do genitivo. Em t
roca: de tanto, ÷sou, de muito, polloè, de pouco, ôlÛgou, de mais, pl¡onow.
mur07.p65
709
22/01/01, 11:39
710
conclusão
Conclusão
Ir a Ítaca é importante; mas, mais importante ainda é o caminho. Este trabalho e
stá chegando ao fim, e precisa de uma conclusão. Mas ele terá um fim? Ou ele é c
omo aqueles diálogos aporéticos de Platão, em que o mais importante não é o fim,
mas a m¡yodow, o caminho? Como dissemos na Introdução, dizemos também agora: es
te trabalho não é um projeto fechado, ou uma tese programada. Se nós tivéssemos
feito deste trabalho um projeto ou se tivéssemos feito um projeto para este trab
alho, teríamos fracassado tantas vezes quantas tivéssemos começado; teriam sido
tantos fracassos quantos os projetos. A razão disso é que ele sempre foi uma m¡y
odow, um caminho, e não um t¡low, um fim. Mas, depois de chegarmos ao ponto em q
ue estamos, algumas perguntas povoam a nossa cabeça: o que fizemos? O caminho pe
rcorrido valeu a pena? O resultado é o quê? Foi apenas um passeio sem pretensão,
sem compromisso pela língua grega, ou ficou algo, ficou uma mensagem, em suma,
este trabalho foi útil e será útil. Enfim, há uma conclusão? A resposta é sim, h
á uma conclusão. Se o leitor está lembrado, no curso do trabalho insistimos semp
re sobre a relação significante-significado da nomenclatura gramatical. Cremos q
ue conseguimos o nosso objetivo. Desde a apresentação do alfabeto, procuramos en
contrar o porquê dos nomes de certas letras (grafemas): preferimos chamar o e de
e cilñn e psilón , isto é, e desguarnecido , e simples , e não êpsilon , que não diz n
Fizemos o mesmo com o o mikrñn e com o v m¡ga, respectivamente o pequeno e o grand
e , o que eles são foneticamente, e não ômicron ou ômega , que também nada dizem. Essas
denominações das gramáticas se prendem à tradição descritivista, que já na gram
ática grega alexandrina pronunciava ¤cilñn, ômikrñn, Èm¡ga; os gramáticos latino
s transcreveram os dois primeiros êpsilon, ômicron , transformando palavras gregas
oxítonas em palavras latinas proparoxítonas, e o último, por causa da penúltima
breve, passou, de paroxítono em grego a proparoxítono em latim. Nossa opção é si
gnificante e clara.
mur07.p65
710
22/01/01, 11:39
conclusão
711
No capítulo da Fonética Aplicada procuramos mostrar que os metaplasmos, isto é,
os acidentes fonéticos que as palavras gregas sofreram no curso de sua história,
podem ser explicadas rigorosamente pelas funções dos componentes do aparelho fo
nador, sobretudo na junção dos temas nominais com os casos [as desinências dos c
asos] e dos temas verbais com as desinências pessoais. A língua grega, como qual
quer outra língua, tem uma caraterística fonética determinada, que é um idiotism
o, uma peculiaridade que a diferencia das outras. A língua grega como um todo se
mpre foi ciente e zelosa disso. Em toda a tradição oral, a unidade da língua gre
ga foi perfeita. As Olimpíadas foram testemunhas disso: lá todos se entendiam e
não precisavam de outro documento; o falar grego ¥llhnÛzein lhes dava o direito de
participar delas. As diferenças lingüísticas que nós chamamos de dialetos, a qu
e os gramáticos costumam dar grande importância, demasiada importância, não eram
tão importantes assim para os gregos. Isso pode ser notado, por exemplo, nas in
úmeras citações que se encontram nos diálogos de Platão. Há citações freqüentes
de Homero, Hesíodo, Simônides, Píndaro, Sapho, em que se misturam os dialetos jô
nico, eólico e dórico, que os interlocutores absorvem naturalmente. Mesmo o meni
no Lísis, que tem 12 anos, diz a Sócrates que conhece a passagem de Sólon que el
e cita (212a2), de Homero, Od., XVII, 218 (214a6) e de Hesíodo, Os trabalhos e o
s dias, 25 (215c7). Protágoras (325e) diz que os meninos atenienses aprendiam de
cor os poemas de Homero, Hesíodo e os dos líricos. Então os principais dialetos
gregos não soavam estranho ao menino ateniense do século V a.C., e o dialeto át
ico, formado pelos sofistas e pela retórica, é a combinação do dialeto jônico, s
ubstrato na Ática, e dialeto de todos os sábios da Jônia que acorreram a Atenas,
e do dialeto dórico, geograficamente fronteiriço. Dentro dessa linha de raciocí
nio, tentamos, primeiro no capítulo da Fonética Aplicada, e depois em todas as d
esmostrações fonéticas das flexões nominal e verbal, mostrar ao leitor e eventua
l aluno, que todas as formas estranhas que os gramáticos classificam em separado s
ão formas perfeitamente normais, que evoluíram naturalmente, dentro dos hábitos
fonéticos da língua grega; e muitas das formas intermediárias estão registradas
neste ou naquele dialeto. Por isso, também aqui, não fomos econômicos nessas dem
ostrações. Todas as vezes em que julgamos que essas desmostrações seriam úteis o
u necessárias nós as fizemos.
mur07.p65
711
22/01/01, 11:39
712
conclusão
Dedicamos um espaço pequeno à acentuação. Registramos apenas que os temas nomina
is têm tonicidade própria e que a sílaba tônica pode deslocar-se, se a quantidad
e da última vogal sofrer alteração: registramos também que os temas verbais não
têm tonicidade própria, mas, por serem a sede do significado virtual, atraem par
a eles a tônica, cuja posição é regulada pela quantidade da última vogal; e que,
tanto a acentuação dos nomes quanto a dos verbos obedecem à lei dos três tempos ,
isto é, das três notas musicais, a partir da última sílaba. Não há tônica anteri
or à antepenúltima. Quando tratamos da flexão nominal, procuramos mostrar, sempr
e, a relação estreita entre significante e significado e procuramos resgatar o s
ignificado original do nome dos casos. Mostramos também que cada caso tem o nome
da função da palavra e que não há arbítrio algum nessa relação; há uma constant
e semântica em tudo. Por isso, não há regras especiais para esse ou aquele caso.
Cada relação tem o caso da função das partes. Na flexão verbal, demostramos que
o verbo tem apenas dois componentes essenciais: o aspecto, que definimos como te
mpo interno do verbo e o modo, que é a maneira como o dono do discurso quer passa
r ao receptor o ato verbal. Definimos também, em várias passagens, o que é verbo-
=°ma . R°ma é o verbo-predicado do sujeito , isto é, é o tema verbal (do infectum-inac
abado, aoristo-pontual/futuro ou perfectum-acabado) acrescido das desinências pe
ssoais, ativas, se o sujeito é agente; ou médias, se o sujeito é agente envolvid
o, interessado no ato verbal, e passivas, se o sujeito é paciente do ato verbal.
Demostramos também que essa presença do sujeito no verbo é manifesta foneticame
nte. Mostramos também que o tema verbal puro, original, é o tema do aoristo, e q
ue, por isso mesmo, se chama ñristow, isto é sem limites, sem horizonte e que por i
sso é pontual, tanto o chamado aoristo gnômico quanto o aoristo enquadrado, narrati
vo , como nós o chamamos, e que sobre ele se constrói o futuro; demostramos também
que, dele, derivam o tema do infectum-inacabado e o do perfectum-acabado, e que
essa derivação pelo acréscimo de sufixos ou prefixos tem a ver com o significad
o. Verificamos também que o tempo dêitico não está no verbo, mas sim no enquadrame
nto do ato verbal, e que a única marca de tempo é o
mur07.p65
712
22/01/01, 11:39
conclusão
713
aumento, que marca o passado, e é exterior ao verbo. O e não é uma ptÇsiw, não é
uma desinência; é apenas um apêndice; está fora do tema verbal. Constatamos tam
bém que, por coerência, esse aumento só existe no indicativo, porque só o indica
tivo comporta a noção de tempo dêitico. Não há tempo no subjuntivo e optativo ne
m no particípio ou infinitivo. Demostramos ainda que, formalmente, há apenas doi
s modos verbais diferentes do indicativo: o eventual e o possível, e que cada um
deles tem sua marca própria e que a tradução em português é fácil e sempre a me
sma: o subjuntivo presente ou futuro e indicativo eventual (da repetição do ato
presente) do português traduzem o eventual grego, e o imperfeito do subjuntivo o
u condicional simples do português traduzem o possível grego. O imperativo é ape
nas o modo da interpelação ou do diálogo e só o imperativo singular direto tem f
ormas próprias. O imperativo direto plural e os imperativos indiretos são constr
uções analógicas e se baseiam sobre o tema do indicativo. Dedicamos grandes espa
ços para o verbo-adjetivo (particípio) e para o verbo-substantivo (infinitivo).
A razão disso é que em português o uso dessas formas nominais do verbo é muito c
onfuso e mal tratado pelas gramáticas. Insistimos sobretudo que, todas as formas
verbais têm significado autônomo (significante-significado), pouco importando o
lugar em que apareçam. Por isso não temos espaço reservado para a sintaxe desse
ou daquele modo, nem tampouco para esse ou aquele tipo de orações (coordenadas,
subordinadas, adversavivas, causais, temporais etc.); entendemos que essas deno
minações são etiquetas aplicadas por fora. Entendemos que sintaxe é ordenação , e ord
enação é um segundo tempo. Preferimos, como sempre, insistir na organicidade da
mensagem, na autonomia semântica das formas. Na escolha dos modos vale a vontade
do dono do discurso , emissor da mensagem. Se há uma constatação ou afirmação (ind
icação) de uma realidade objetiva ou subjetiva ou a sua negação (irrealidade), o
modo será o indicativo, pouco importanto se está na oração principal, coordenad
a, subordinada ou independente. Os conetivos (conjunções, partículas) não regem es
se ou aquele modo; eles são a manifestação do modo com que a mensagem é enviada.
Se o emissor quer passar a idéia de um fato eventual, provável, futuro, ele vai
usar o modo eventual (subjuntivo presente ou futuro em por-
mur07.p65
713
22/01/01, 11:39
714
conclusão
tuguês). Afirmamos também que o termo subjuntivo é uma impropriedade semântica, po
rque nem sempre ele está ou sugere uma subordinação. Contudo, mantivemos essa de
nominação, provisoriamente, porque existe uma nomenclatura oficial prescritiva.
O mesmo acontece com relação às formas do optativo , que também é uma impropriedade
semântica. Se o emissor quer passar a idéia de possibilidade, de afirmação aten
uada, de desejo (voto-suspiro-devaneio), mera operação do espírito, ele usa o po
ssível. Em português, ele usaria o imperfeito do subjuntivo ou o condicional simple
s (futuro do pretérito). Tudo isso está demostrado concretamente nos inúmeros exe
mplos que arrolamos e traduzimos, explicando e justificando o emprego deste ou d
aquele modo. Terminamos o trabalho com o capítulo que denominamos Os Invariáveis .
Nele incluimos as preposições (proy seiw), os conetivos (sændesmoi), que são as
partículas e conjunções, e os advérbios (¤pirr mata), e demos a todos eles o mes
mo tratamento semântico e orgânico dado aos nomes e verbos. Explicamos que a den
ominação prñyhsiw > praepositio > preposição é meramente formalista, descritivis
ta e não leva à compreensão das relações que as preposições estabelecem. Afirmam
os que todas as preposições, na origem, são advérbios com significado espacial,
e que a regência desta ou daquela preposição não vai além da relação espacial que
ela empresta ao verbo, e que o caso decorrente é o dessa relação: a) lugar onde
> locativo; b) lugar para onde, e todas as relações de movimento > acusativo; c)
lugar de onde, em todas as suas acepções > genitivo. Os exemplos citados demost
ram isso com clareza, mesmo quando as preposições são empregadas metaforicamente
. Os conetivos também foram apresentados em ordem alfabética, e cada um deles tr
atado individualmente sob o ponto de vista semântico, e também aí mostramos que
é o significado que vai determinar o modo verbal que será empregado. Finalmente
estudamos os advérbios, também em ordem alfabética, e mostramos como se formaram
os advérbios de lugar e de tempo e os de modo, que são os verdadeiros ¤pirr mat
a > ad-vérbios e que eles
mur07.p65
714
22/01/01, 11:39
conclusão
715
são sobre-posições aos verbos, como os adjetivos, ¤pÛyeta, o são para os nomes.
O advérbio qualifica o verbo e o adjetivo qualifica o nome. Eis aí, então, as co
nclusões do nosso trabalho; tememos, contudo, que não sejam realmente conclusões
, porque não há conclusões; há muita coisa ainda a ser feita; há desdobramentos
de todas as questões colocadas, que podem, devem e serão retomadas. Este nosso t
rabalho é apenas o começo de tudo.
mur07.p65
715
22/01/01, 11:39
mur07.p65
716
22/01/01, 11:39
bibliografia
717
Bibliografia
Uma explicação necessária:
Costuma-se afirmar que uma das partes mais importantes de uma tese é a bibliogra
fia, isto é, a lista de livros e artigos que o pesquisador afirma ter lido para
redigir sua tese. Há algo contraditório nisso: se é uma tese, isto é, uma posiçã
o, não deve apoiar-se em ninguém e em nada! Mas, o que acontece é exatamente o c
ontrário: é a partir de uma bibliografia que se redige uma tese! Seria por antíf
rase?! Na minha opinião são teses de compilação. Teriam o seu valor, é claro! El
as teriam como finalidade apresentar o estado atual das pesquisas na área estuda
da. O caso em tela é especial, diferente. De início não se pretendeu fazer uma t
ese! O autor nunca pretendeu escrever uma obra nesse sentido. O trabalho e o pra
zer dele começavam e se encerravam, começam e se encerram ainda, na sala de aula
. Era e é o enthousiasmós, isto é, aquele estado de inspiração de que fala Platã
o no Íon, na discussão sobre a inspiração poética entre Sócrates e o rapsodo Íon
. O trabalho do professor era diuturno: a partir da língua, dos textos, encontra
r e explicar todos os esquemas dela. Esses exemplos, na forma de frases e textos
, ou ele encontrava nas gramáticas ou encontrava nos textos de leitura. Os exemp
los encontrados nas gramáticas foram usados para análise, interpretação e conclu
sões na sala de aula. Seria injusto omiti-los. Portanto, a lista bibliográfica a
seguir não é exatamente uma lista bibliográfica por antífrase, mas é uma lista
bibliográfica que indica as fontes de onde fomos haurir os exemplos usados. A in
terpretação e o uso são nossos. Procuramos também usar exemplos confirmados, abo
nados. Por isso, muitas vezes fomos aos originais e modificamos ou completamos a
s citações.
mur08.p65
717
22/01/01, 11:39
718
bibliografia
ALLARD, J, et FEUILLÂTRE, E. Exercices grecs. Classe de 2ème. Paris, Librairie H
achette, 1950. ALLARD, J. et FEUILLÂTRE, E. Exercices grecs à l usage de la classe
de 3ème. Paris, Librairie Hachette, 1948. ALLARD, J. et FEUILLÂTRE, E. Exercice
s grecs - Classe de 1ère. Paris, Librairie Hachette, 1950. ALLARD, J. et FEUILLÂ
TRE, E. Grammaire grecque. Paris, Librairie Hachette, 1944. ALSTON HURD CHASE &
HENRY PHILLIPS JR. A new introduction to greek. Cambridge, Massachusetts Harvard
University Press, 1969. ALVES DE SOUSA, DR P.A.B. Gramática grega. Niterói, Esc
olas Profissionais Salesianas, 1942. AMENÓS, Jaime Berenguer. Gramática griega.
Barcelona, Bosch, Casa Editorial, 1958. ARISTOTE. Poétique. Texto estabelecido e
traduzido por J. Hardy. Paris, Société D Édition Les Belles Lettres , 1969. BARROS,
Hilda Penteado de. Propedêutica ao grego. São Paulo, Editora Herder, 1962. BENVE
NISTE. É. Le vocabulaire des institutions indo-européennes. Paris, Les Éditions
de Minuit, 1989. BIZOS, M. Syntaxe grecque. Paris, Librairie Vuibert, 1955. BIZO
S, M. & MAILLON, J. Le livre de grec. Paris, Librairie Delagrave, 1938. BRANDENS
TEIN, W. Lingüística griega. Trad. de alemão por Valentín García Yebra. Madrid,
Editorial Gredos, 1964. BRÉAL, M. Pour mieux comprendre Homère. Paris, Librairie
Hachette & Cie, 1911. BRÉAL, M. & BAILLY, A. Les mots grecs groupés díaprès la
forme et le sens. Paris, Librairie Hachette et Cie, 1905. BURNOUF, J. L. Méthode
pour étudier la langue grecque. 54a ed. Paris, Imprimerie et Librairie Classiqu
es de Jules Delalain, 1855.
mur08.p65
718
22/01/01, 11:39
bibliografia
719
CAVENAILE, R. Méthode de grec. Vol. I e II. Liége-Paris, H. Dessain, 1969. CHANT
RAINE, P. Grammaire homérique: Tome I - Phonétique et morphologie; Tome II - Syn
taxe. Paris, Librairie C. Klincksieck, 1958. _______. Morphologie historique du
grec. Paris, Librairie C. Klincksieck, 1947. CHASSANG, A. CLARIN, P. Nouvelle ch
restomathie grecque et exercices grecs. 5a ed. Paris, Garnier Frères, Libraires-
Éditeurs, sem data. _______. Grammaire grecque. d après La Méthode Comparative et H
istorique . Revisto e modificado por P. CLAIRIN. Paris, Cours Supérieur, Garnier F
rères, 1872. CUCUEL, Charles. O. Riemann (dir.). Règles fondamentales de la synt
axe grecque. d après l ouvrage de Albert von BAMBERG. 4a ed. Revista por E. Audouin.
Paris, Librairie C. Klincksieck, 1941. CURTIUS, Giorgio. Grammatica de la lingu
a greca. Recata in italiano da Giuseppe Müller, sedicesima edizione riveduta e c
orretta dal Prof. Angelo Taccone. Torino, Casa Editrice Ermanno Loescher, 1910.
DANIELOU, Madre Maria da Eucaristia. O.S.U. Curso de Grego: I. Gramática; II. Ex
ercícios Gramaticais e Antologia; III. Antologia e Literatura. 2a edição revista
e ampliada. Rio de Janeiro, Instituto Nacional do Livro, 1957. DEBUT, Janine, D
IDASKV, Manuel à l usage des grands débutants des Lycées et Universités, Tome I et
Tome II. Paris, Société D Édition Les Belles Lettres , 1973 (Tomo I), 1974 (Tomo II)
. DELOTTE, A. Le verbe grec. Paris, Librairie Klincksieck, 1953. DEMAT, M. & LAL
OUP, J. À la decouverte du Monde Greco-Romain, Tome I et Tome II. Liège-Paris, H
. Dessain, 1964. DENNISTON, J.D. The greek particles. 2a ed. Oxford, Clarendon P
ress, 1954. DEPORTES, Marcel. Carnet de vocabulaire grec. Paris, Éditions O.C.D.
L. 1961. EMMANUELIS ALVARI SOC. JESU. Institutio Grammatica, ab Horatio Turselli
ni S.J. in Compendium Redacta. Roma, Ex Typis Ve. Hosp. Apost. apud Petrum Aurel
ium, MDCCCXXXII.
mur08.p65
719
22/01/01, 11:39
720
bibliografia
FEUILLET, M.L. Nouvelle chrestomathie élémentaire. Paris, Librairie Classique Eu
gène Belin, 1887. FLEURY, E. Morphologie historique de la langue grecque. Paris,
J. de Gigord Éditeur, 1947. _______. Phonétique historique de la langue grecque
. Paris, J. de Gigord Éditeur, 1947. FONTOYNONT, V. Vocabulaire grec commenté et
sur textes. Paris, Éditions Auguste Picard, 1949. FRONTIER, A. Cours de langue
grecque - I Livre. Paris, Belin, 1976. GALIANO MANUEL, F. & ADRADOS, FRANCISCO R
. Primera antología griega. Madrid, Editorial Gredos, 1966. GEORGIN. Ch. Hellas
I et II. Corrigés des exercices. Paris, A. Hatier, 1945. _______. Manuel grec. P
aris, Librairie Hatier, 1924. _______. Manuel de syntaxe et d accentuation grecque
. Paris, Librairie A. Hatier, 1946. GILDERSLEEVE, Basil Lanneau. Syntax of class
ical greek, from Homer to Demosthenes, I & II. Nova York/Cincinnati/Chicago, Ame
rican Book Company, 1900 e 1911. GRAMMONT, Maurice. Phonétique du grec ancien. L
yon, Collection Les Langues du Monde , IAC, 1948. HANSEN, Hardy & GERALD, M. Quinn.
Greek, an intensive course. Nova York, Fordham University Press, 1985. HERNÁNDE
Z, E.S.J. & RESTREPO, F.S.J. Llave del griego. Comentario semántico etimologico
y sintaxis. Edição Facsimilar. Bogotá, Instituto Caro y Cuervo, 1987. HUMBERT, J
. Histoire de la langue grecque. Col. Que sais-je? 1.483. Paris, P.U.F., 1972. ___
____. Syntaxe grecque. Paris, Librairie C. Klincksieck, 1954. JURET, A.C. Les id
ées et les mots, essai de philosophie linguistique. Paris, Librairie Philosophiq
ue J. Vrin, 1960.
mur08.p65
720
22/01/01, 11:39
bibliografia
721
_______. Phonétique grecque. Publicação da Faculté des Lettres de L Université de
Strasbourg, 1938. KAEGI, Adolphe. Grammaire abrégée de la langue grecque. 5a ed.
revista e corrigida a partir da 35a ed. alemã por Gustave Attinger. Paris/Neuch
atel, Éditions Victor Attinger, 1937. KOCH, Ernest. Grammaire grecque. Trad. do
italiano por Abbé J.L. Rouff. Paris, Armand Colin et Cie Éditeurs, 1887. LALLOT,
J. La grammaire de Dennys le Thrace. Paris, Éditions du C.N.R.S., 1989. LANCELO
T, C. Le Jardin des Racines grecques. Réunies par C.L. et mises en vers par Loui
s-Isaac le Maistre de Sacy. Nouvelle édition augmentée: 1. d un traité de la forma
tion des mots grecs; 2. d un grand nombre de racines nouvelles et des principaux d
érivés; 3. d un nouveau dictionnaire des mots français tirés du grec, por Adolphe
Regnier. Paris, Librairie Hachette, 1894. LAURAND, L. & LAURAS, A. Manuel des ét
udes grecques et latines, Tome I: Grèce. 13a éd. Paris, Éditions A. et J. Picard
et Cie., 1960. LEBEAU, A. & MÉTAYER. Cours de grec ancien à l usage des grands co
mmençants. Paris, Société D Édition D Enseignement Supérieur, 1977. LEJEUNE, M. Trai
té de phonétique grecque. 2a ed. Paris, Librairie C. Klincksieck, 1955. MARTIN,
F. Les mots grecs. Paris, Librairie Hachette, 1953. MEILLET, A. Introduction à l é
tude comparative des langues indo-européennes. Paris, Librairie Hachette, 1953.
_______. Aperçu d une histoire de la langue grecque. Paris, Librairie Hachette, 19
55. MEILLET, A. & VENDRYES, J. Traité de grammaire comparé des langues classique
s. Paris, Librairie Ancienne Honoré Champion, 1953. MOREUX, Abbé Th. Pour compre
ndre le grec. Paris, G. Doin & Cie C. Éditeurs, 1947. MOURA NEVES, M.H. A verten
te grega da gramática tradicional. São Paulo, Hucitec-Editora Universidade de Br
asília, 1987.
mur08.p65
721
22/01/01, 11:39
722
bibliografia
NAZARI, O. Dialetto omerico. Grammatica e vocabulario. Torino, Chiantore, 1952.
NEOELLENIKH GRAMMATIKH (THS DHMOTIKHS), Organismòw Ekdñsevw SxolikÇn BiblÛvn, ¤n Ay
naiw, 1941. PEREIRA, Arnaldo de Souza. Noções da língua grega. São Paulo, Casa
Vanorden, 1920. PETITMANGIN, H. Exercices grecs illustrés sur la morphologie. Pa
ris, J. de Gigord Éditeur, 1951. PHARR, Clyde. Homeric greek. 2a ed. Oklahoma, U
niversity of Oklahoma Press, 1988. PLATON. Protagoras. Texto estabelecido e trad
uzido por Alfred Croiset com a colaboração de Louis Bodin. Paris, Société D Éditio
n Les Belles Lettres , 1984. POULAIN, P. Exercices grecs. Paris, J. de Gigord, 1963
. QUINTILIEN. uvres complètes. Trad. por M.C.V. Ouizille. Paris, Garnier Frères,
Libraires-Éditeurs, 189?. RAGON, E. Chrestomathie grecque. Paris, J. de Gigord,
1949. _______. Grammaire grecque. Paris, J. de Gigord, 1961. _______. Tableau de
s verbes irréguliers de la langue attique. Paris, J. de Gigord, 1951. _______. T
hèmes grecs sur la syntaxe. Paris, J. de Gigord, 1951. READING GREK The Joint As
sociation of Classical teachers greek course. Nova York, Cambridge University Pre
ss, 1982. RIEMANN & GOELZER. Grammaire comparée du grec et du latin. Paris, Arma
nd Colin et Cie. Éditeurs, 1897. _______. Grammaire grecque complète. Paris, Lib
rairie Armand Colin, 1946. RUIPÉREZ, Martín Sánchez. Estructura del sistema de a
spectos y tiempos del verbo griego antíguo. Análisis funcional sincrónico. Salam
anca, Consejo Superior de Investigaciones Científicas, 1954.
mur08.p65
722
22/01/01, 11:39
bibliografia
723
SCHWYZER, Eduar. Griechische Grammatik - vierte, unweradeste Auflag. Munique, C.
H. BECK SCHE VERLAGS BUCHHANDLUNG, MCMLXVIII. SIDGWICK, M.A. A first greek readin
g book. 4a ed. Londres, Revingtons, 1908. TZARTZANOU, Axill¡vw A. Grammatik‾ t°w
ArxaÛaw Ellhnik°w GlÅsshw. Atenas, Organismòw Ekdñsevw SxolikÇn BiblÛvn, 1958. WHI
TNEY, William Dwight. Sanskrit grammar. Harvard, Harvard Univ. Press, Sixteenth
Issue (1987) of the second edicion (1889). ZENONI, Giovanni. Manuale teorico-pra
tico di morfologia greca Parte prima. Veneza, Tipografia Sorteni e Vidotti, 1903.
_______. Manuale teorico-pratico di morfologia greca Parte seconda. Veneza, Tip
ografia Sorteni e Vidotti, 1905. _______. Manuale teorico-pratico di morfologia
greca. 10a ed. Veneza, Tipografia Sorteni e Vidotti, 1903.
mur08.p65
723
22/01/01, 11:39
724
sumário
sumário
Introdução: Guia do leitor
O alfabeto grego
Exercício de leitura e transcrição Normas de transliteração 9 36 37 40 43 43 47
49 50 50 51 52 54 56 57 58 59 62 65 68 70 71 76 77 78 78
Alguns dados de fonética aplicada
Considerações gerais
As vogais
Os ditongos Alternância vocálica Alternância qualitativa Alternância quantitativ
a Vogal de ligação ou de apoio Encontro de vogais Eufonia Contração Alteração de
vogais
As consoantes
As soantes Encontro de consoantes Supressão de consoantes Supressão da aspiração
A acentuação
As enclíticas Acentuação das enclíticas As proclíticas
A pontuação
mur09Sum.p65
724
22/01/01, 11:39
sumário
725
Flexão nominal
Casos e funções
O tema Os casos: definições Nominativo Vocativo Acusativo Genitivo Genitivo-abla
tivo Dativo Locativo Instrumental
79 83 85 88 88 93 97 104 106 107 111 113 115 116 117 117 120 123 124 125 126 128
131 132 134 137 137 138 139 143 147 148 148 150
Os gêneros Os números
A flexão nominal: os temas nominais
Temas em vogal
Quadro geral das desinências Quadro de flexão: masculinos em -o Quadro de flexão
: femininos em -o Quadro de flexão: neutros em -o Nomes e adjetivos contratos de t
ema em -o Declinação flexão ática Quadro de flexão dos nomes femininos de tema em
-a puro Quadro de flexão dos nomes femininos de tema em -h e -a impuro Quadro de
flexão dos masculinos de tema em -aw/-hw Os adjetivos de tema em vogal Quadro d
e flexão de adjetivos de tema em -o/-a Quadro de flexão dos adjetivos de tema em
-o/-h
Graus dos adjetivos
Adjetivos numerais Flexão dos numerais
Relativos
Quadro de flexão dos relativos Quadro de flexão dos dêiticos
mur09Sum.p65
725
22/01/01, 11:39
726
sumário
Interrogativos e indefinidos
Flexão dos interrogativos e indefinidos Flexão dos relativos indefinidos Flexão
de ¤keÝnow Flexão de õ aétñw Flexão dos reflexivos
153 154 155 157 159 160 161 162 163 164 166 167 167 171 178 182 182 184 185 187
190 193 194 197 199 201 203 205 207 209 211 212 214 215 216
Os correlativos
Quadro dos correlativos
Pronomes pessoais
Quadro de flexão dos pronomes pessoais Quadro de flexão do pronome de 3a pessoa
Temas em consoante e soante/semivogal
Quadro geral das desinências Exercício prático de identificação dos temas Quadro
geral das dificuldades fonéticas Quadros de flexão 1. Nomes de tema em oclusiva
velar 2. Nomes de tema em oclusiva labial 3. Nomes de tema em dental (masc./fem
.) 4. Nomes neutros de tema em dental 5. Nomes de tema em -nt 6. Nomes de tema e
m -n 7. Adjetivos de tema em -n (masc/fem. e neutro) 8. Nomes e adjetivos de tem
a em -r e -l 9. Nomes de tema em -r / -er 10. Nomes e adjetivos de tema em semiv
ogal: -u / - i 11. Substantivos e adjetivos de tema em -es (masc./fem.) 12. Nome
s e adjetivos neutros de tema em -w 13. Nomes de tema em -j 14. Nomes masculinos
de tema em -hW 15. Nomes de tema em W / eW 16. Adjetivos de tema em W- / eW 17.
Adjetivo de tema em W / o /a 18. Nomes de tema em -vW
Nomes heteroclíticos
mur09Sum.p65
726
22/01/01, 11:39
sumário
727
O verbo grego
Preliminares Os aspectos verbais: tempo interno do verbo
Inacabado (infectum) Significados do infectum Aoristo Acabado (perfectum)
223 223 226 226 227 234 239 244 244 244 245 248 251 253 254 254 255 255 256 256
258 260 261 262 263 267 269 270 272 272 272 274 274 275 275 276
Os modos
Indicativo Realidade objetiva e realidade subjetiva Expressão da irrealidade Exp
ressão da realidade Expressão da condição Subjuntivo 1. Nas orações independente
s a) delibertativo b) exortativo c) desiderativo 2. Nas orações dependentes a) I
ntenção, finalidade: fato futuro, eventual b) circunstâncias temporais de indete
rminação c) Interrogativas indiretas com idéia de eventualidade Optativo 1. Dese
jo, voto possível 2. Afirmação atenuada 3. Nas orações supositivas Imperativo Or
dem negativa, proibição
Formas nominais do verbo
O particípio 1) Definição 2) Aspecto e tempo no particípio a) Generalidades b) P
articípio presente c) Particípio aoristo d) Particípio perfeito
mur09Sum.p65
727
22/01/01, 11:39
728
sumário
3) Concordância do particípio Participio substantivado 4) Funções do particípio
a) Particípio nas orações completivas . maneira de ser, estado . começar, sofrer
, cansar-se de . estar certo ou errado, fazer o bem ou o mal, ser superior ou in
ferior a b) Particípio predicativo de sujeito oracional c) Genitivo absoluto d)
O particípio com conetivo . com idéia de causa e tempo . com idéia de finalidade
e concessão . com idéia de condição Infinitivo I. O infinitivo é substantivo e
verbo II. Funções do infinitivo e da oração infinitiva 1. Infinitivo sujeito 2.
Infinitivo predicativo 3. Infinitivo complemento do objeto direto e orações comp
letivas 4. Infinitivo com valor de possível 5. Infinitivo e oração infinitiva co
mplemento nominal 6. Outros casos do infinitivo a) Genitivo . Complemento de sub
stantivos . Genitivo-ablativo . Dativo b) Instrumental c) Locativo d) Acusativo
de relação e) Acusativo de direção III. Infinitivo com valor verbal 1. Infinitiv
o com valor imperativo 2. Infinitivo absoluto, livre ou independente
277 282 284 284 284 286 287 289 293 295 296 297 298 299 302 304 304 308 308 314
315 317 317 317 318 318 318 319 317 317 321 321 322
mur09Sum.p65
728
22/01/01, 11:39
sumário
729
A flexão verbal
Quadro das desinências verbais As desinências e suas particularidades Alguns pro
blemas fonéticos Características dos modos Quadros da flexão verbal Voz ativa I.
Presente Indicativo Subjuntivo Optativo Imperativo Particípio Infinitivo II. O
passado Imperfeito O aumento Os aumentos temporais O aumento nos verbos composto
s Voz média e passiva Indicativo presente Subjuntivo Quadro demostrativo da flex
ão do subjuntivo médio/passivo Optativo Imperativo Particípio Infinitivo Imperfe
ito Verbos denominativos / contratos Quadro de flexão dos verbos denominativos de
tema em vogal e sufixo -jVoz ativa nikaj- dhloj-filej-peinaj-/peinhj Voz média e
passiva nikaj- dhloj-filej-xraj-/xrhj Quadro demostrativo da evolução fonética
Tema: nika-jTema: peina- / peinh-jTema: dhlo-jTema: file-j-
324 327 328 333 334 341 341 341 344 347 348 349 351 351 351 352 353 355 356 357
358 360 361 362 363 363 364 366 367 371 375 375 380 385 390
mur09Sum.p65
729
22/01/01, 11:39
730
sumário
Quadro de flexão de verbos em -mi com sufixo nu/nnu deÛk-nu-mi Voz Ativa Voz méd
ia e passiva Aoristo ativo Quadro demostrativo do subjuntivo Aoristo médio Futur
o ativo Futuro médio Aoristo passivo Aoristo passivo Quadro de flexão de eä-mi Q
uadro de flexão fh-mi Quadro de flexão ±-mi
395 395 396 397 398 399 400 401 402 403 404 405 407
Verbo Ser
Quadro de flexão do verbo eänai Quadro demostrativo de flexão Compostos de eänai
Formação dos temas do infectum Temas consonânticos, monossilábicos Temas em voc
alismo zero, com redobro no presente Temas em semivogal -i-/-uTemas de raízes mo
nossilábicas com redobro Temas consonânticos com sufixos na-/nh-/nu-/nnu Temas e
m consoante com sufixo/infixo -nTemas com dupla sufixação -sk-/-isk-+-nTemas com
sufixo -sk-/-iskSufixo iterativo no passado Temas com sufixo t, y, k, x, g Sufi
xo -j-
407
408 410 411 412 413 414 414 414 415 416 417 417 418 418 418 423 426 426 433 438
445 445 445 447
Aoristo
Quadro de flexão dos aoristos: voz ativa e média Raiz-tema em consoante: id-, li
p-, ely Raízes-tema em vogal longa: -v, -h, -a, -u - (gnv/bh/dra/du) Aoristo em
-ka (só no indicativo) Aoristo sigmático Quadro de flexão Voz ativa Voz média
mur09Sum.p65
730
22/01/01, 11:39
sumário
731
Aoristo sigmático com temas em oclusivas Temas em líqüida / soante / nasal:
448 453 456 459 459 460 464 468 472 474 476 477 477 479 483 486 488 488 489 490
492 492 495 498 501 509 513 517 517 518 519 520 520 523 523 528 529
O futuro
Flexão do futuro 1. Flexão do futuro dos temas em semivogal: -u-/-i2. Flexão dos
temas monossilábicos em vogal longa 3. Flexão dos temas em oclusiva: - g,k,x /
b,p,f /d,t,y 4. Flexão do futuro em -es- dos temas em líqüida / soante 5. Flexão
do futuro ático 6. Flexão do futuro dos temas em vogal
Aoristo passivo
Quadro de flexão do aoristo passivo em yh Temas em semivogal: lu-yh Temas monoss
ílabicos Temas em oclusivas Quadro de flexão do aoristo passivo em -hQuadro de f
lexão do futuro passivo em -yhTemas em semivogal (i, u) Futuro passivo dos monos
silábicos Quadro de flexão do futuro passivo em -h-s-
O perfeito
Preliminares Morfologia do perfeito: Quadro de flexão do perfeito
Mais-que-perfeito
Particularidades fonéticas do sistema do perfeito Perfeitos de flexão especial c
om alternância e/o Voz média e passiva Tema em labial Tema em dental Tema em vel
ar Perfeito dos temas em vogal Outros modos do perfeito médio / passivo Mais-que
-perfeito médio / passivo Verbos que têm só o perfeito Futuro Futuro anterior
mur09Sum.p65
731
22/01/01, 11:39
732
sumário
Os invariáveis: preposições, conjunções, partículas, advérbios
Preposições
Ama AmfÛ An Aneu AntÛ Antikræ / kat-antikræ Antip¡raw / ntip¡ran / kat-antip¡raw
yen Ater Axri (-w) BÛ& Di - (dæo > dÛw) DÛkhn DÛxa Eggæw / Meshgæ (-w) EÞw / ¤w < ¤n
w Eàsv Ek / ¤j Ek w, §kaw Ektñw [¦ktos-yen] En En-anta / ¦nanti / ¤nantÛon Eneka / eá
a / §neken Entñw Ejv Ejvyen Ep¡keina EpÛ EéyeÛan (eéyæ, eéyæw) Evw Kat Katantikræ (v
tikræ) Katñpin Kræfa / kræpta L yra / l yr& Met Metajæ M¡xri ( -w ) (Hom., m¡sfa)
530 534 535 537 540 541 542 543 543 543 547 547 548 549 549 556 556 557 558 563
563 567 567 567 570 570 571 571 572 572 572 579 579 580 586 587 587 587 588 590
591
mur09Sum.p65
732
22/01/01, 11:39
sumário
733
Nñsfi (-n) Omoè Opisyen / öpisye Par (paraÛ) P row P¡ran / P¡ra / P¡r& PerÛ Pl n Plhs
Ûon Pñrrv / Pñrsv / Prñssv Prñ Prñw Sun / jun T°le Up¡r Upñ X rin XvrÛw Ww
591 591 592 592 596 597 597 602 602 602 603 606 612 614 615 617 621 622 622 623
625 627 627 628 628 629 631 631 632 633 633 633 634 635 636 637 638 640 641 641
642 642
Conjunções - Partículas - Sændesmoi
All Allvw Ama Am¡lei An (ken em Homero) Ara / =a / r At r / Aét r Ate - < te Aï
(aïtiw / aïyiw) Aïyiw AétÛka Aïtiw (ver aïyiw) G r < ge r / ge ra Ge Goèn (ge oïn) D
aÛ D¡ D D°yen (d - yen) Dhlad (d°la d ) / dhlond (d°lon d ) D pote (d pote)
D pou (d pou)
mur09Sum.p65
733
22/01/01, 11:39
734
sumário
d pouyen (d pou -yen) D°ta Diñti (di ÷ti) E n (eÞ n) / n / µn EÞ EÞ g r (ver eàye) EÞ
¢ m Eàye EÞ m EÞ m‾ ra Eàper Eäta Eàte... eàte EpeÛ Epeid Epeita (¤peÛ eäta) Este
ti (oék¡ti / mhk¡ti) Evw H / ±¢ / ±æte ³... ³ H HnÛka Ina KaÛ M M¡n M¡ntoi M¡xri (-w
(hom. m¡sfa) M / mhd¡ / m te...m te Mhd¡ M te M n / m n (m¡n) MÇn (m‾ oïn) NaÛ N
Nèn Nèn d¡ Nun Omvw Opvw Oti (÷ ti)
643 643 644 644 644 647 647 647 647 648 648 648 648 648 649 649 649 649 650 651
651 653 655 655 657 660 660 662 663 664 664 664 664 666 666 667 667 667 668 668
669 671
mur09Sum.p65
734
22/01/01, 11:39
sumário
735
Oé / oék / oéx / oéxÛ oéd¡ / mhd¡ Oékoèn (oék oïn) Oëkoun (oëk oïn) Oïn / În Oët
e... oëte / m te... m te Per Pote (pot¡) Pou PrÛn Pvw / pv / -pv Te / T¡ Toi Toi
garoèn (toÛ g r oïn) Toig rtoi (toÛ g r toi) ToÛnun (toi nun) Ww WsaneÛ (Éw n eÞ) Wsei
eÞ) Wsper (Éw per) WspereÛ (Ësper ei) Wsperoèn (Ësper oïn) Wste (Éw te)
671 672 673 674 674 676 677 677 678 679 682 682 684 685 686 686 687 692 692 692
692 692 692 693 693 694 697 698 698 698 700 701 702 704 706 706 707 707 708 710
717
Advérbios: - ¤pirr mata
Advébios petrificados 1. No acusativo 2. No genitivo 3. No genitivo-ablativo 4.
No locativo 5. No instrumental Advébios de modo em -vw Advébios de lugar em -v A
dvérbios demonstrativos, dêiticos, de lugar e tempo Respostas à questão poè/pñyi
Respostas à questão poÝ/-de/-ze/-ya Respostas à questão pñyen Respostas à quest
ão p» Respostas à questão pÇw Respostas à questão pñte
Conclusão Bibliografia
mur09Sum.p65
735
22/01/01, 11:39
mur09Sum.p65
736
22/01/01, 11:39

Você também pode gostar