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Foram ouvidos os órgãos de governo próprio das 2 — Os regulamentos das DO previstos no artigo 6.o
Regiões Autónomas. deste diploma podem admitir, no respeito da regula-
Assim: mentação comunitária, que certas operações de elabo-
Nos termos da alínea a) do n.o 1 do artigo 198.o da ração, nomeadamente o engarrafamento, ocorram no
Constituição, o Governo decreta, para valer como lei exterior da área geográfica delimitada.
geral da República, o seguinte:
Artigo 3.o
Organização institucional do sector vitivinícola
Âmbito
CAPÍTULO I 1 — Uma DO pode ser empregue relativamente a:
Disposições gerais a) Vinhos de qualidade produzidos em região
determinada (VQPRD);
b) Vinhos licorosos de qualidade produzidos em
Artigo 1.o
região determinada (VLQPRD);
Objecto c) Vinhos espumantes de qualidade produzidos em
região determinada (VEQPRD);
O presente diploma estabelece a organização insti- d) Vinhos frisantes de qualidade produzidos em
tucional do sector vitivinícola, disciplina o reconheci- região determinada (VFQPRD);
mento e protecção das respectivas denominações de ori- e) Aguardentes de vinho e bagaceira;
gem (DO) e indicações geográficas (IG), seu controlo, f) Vinagres de vinho.
certificação e utilização, definindo ainda o regime apli-
cável às entidades certificadoras dos produtos vitivi- 2 — Uma IG pode ser empregue relativamente a:
nícolas.
a) Vinhos de mesa;
b) Vinhos espumantes;
Artigo 2.o c) Vinhos frisantes;
d) Vinhos licorosos;
Definições e) Aguardentes de vinho e bagaceira;
f) Vinagres de vinho.
1 — Para efeitos do presente diploma, entende-se
por:
CAPÍTULO II
a) «Denominação de origem (DO)» o nome geo-
gráfico de uma região ou de um local deter- Denominações de origem e indicações geográficas
minado, ou uma denominação tradicional, asso-
ciada a uma origem geográfica ou não, que serve
para designar ou identificar um produto viti- Artigo 4.o
vinícola originário de uvas provenientes dessa Reconhecimento e defesa das DO e IG
região ou desse local determinado e cuja qua-
lidade ou características se devem, essencial ou 1 — As DO e IG a que se refere o presente diploma
exclusivamente, ao meio geográfico, incluindo são reconhecidas e extintas por portaria do Ministro
os factores naturais e humanos, e cuja vinifi- da Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas.
cação e elaboração ocorrem no interior daquela 2 — Os registos já efectuados ou a efectuar são trans-
área ou região geográfica delimitada; feridos para a titularidade da entidade certificadora
b) «Indicação geográfica (IG)» o nome do país ou competente quando pertençam a entidades que não
de uma região ou de um local determinado, ou obtenham ou venham a perder o reconhecimento como
uma denominação tradicional, associada a uma entidades certificadoras.
origem geográfica ou não, que serve para desig- 3 — As DO e IG constituem património colectivo,
nar ou identificar um produto vitivinícola ori- cuja defesa compete às entidades certificadoras e, suple-
ginário de uvas daí provenientes em pelo menos tivamente, ao organismo competente do Ministério da
85%, no caso de região ou de local determinado, Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas.
cuja reputação, determinada qualidade ou outra 4 — O reconhecimento da DO ou IG confere legi-
característica podem ser atribuídas a essa ori- timidade à respectiva entidade certificadora, ao orga-
gem geográfica e cuja vinificação ocorra no inte- nismo competente do Ministério da Agricultura, Desen-
rior daquela área ou região geográfica deli- volvimento Rural e Pescas e a qualquer interessado para
mitada; impedir a utilização ilícita daquelas designações.
c) «Entidade certificadora (EC)» entidade que, 5 — As DO e as IG são imprescritíveis e não podem
satisfazendo os requisitos definidos em caderno tornar-se genéricas.
de encargos aprovado por despacho do Ministro
da Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pes-
cas, seja por este reconhecida como tal, adqui- Artigo 5.o
rindo assim competência, no âmbito da respec- Âmbito de protecção
tiva região, para certificar vinhos, promover,
defender e controlar as DO e IG e exercer as 1 — A DO ou a IG só pode ser utilizada em produtos
demais funções que lhe forem legalmente atri- do sector vitivinícola que, cumulativamente, respeitem
buídas. a regulamentação vitivinícola aplicável, cumpram as
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dos produtos do sector vitivinícola que se encontrem constituídas e em normal funcionamento, devidamente
ou se destinem à área geográfica que lhes esteja atri- comprovado.
buída, podendo para o efeito realizar vistorias e colher 5 — Quando esteja atribuído à entidade certificadora
amostras nas instalações de vinificação, destilação, o controlo de mais do que uma DO ou IG, o conselho
armazenagem, engarrafamento, distribuição ou venda geral pode deliberar estruturar-se em secções especia-
por grosso ou a retalho e solicitar-lhes toda a docu- lizadas, às quais cabe deliberar sobre as matérias espe-
mentação e informações necessárias para verificar o cíficas dessas designações, assegurando-se a adequada
cumprimento das regras específicas do sector vitivi- representatividade da produção e do comércio e o res-
nícola. peito pela paridade de membros, bem como a obser-
3 — As entidades certificadoras podem ainda exercer vância do disposto no n.o 2.
as funções referidas no número anterior, relativamente 6 — Cabe ao conselho geral o exercício das compe-
a outros agentes económicos, desde que em conjugação tências próprias da assembleia geral das associações,
ou por delegação das autoridades competentes neste designadamente:
domínio, podendo, neste caso, levantar autos de todas
as irregularidades ou infracções detectadas. a) Eleger e destituir o seu presidente, que pode
ser o presidente da direcção, e os membros do
conselho fiscal ou o fiscal único;
Artigo 13.o b) Definir e aprovar a política geral da entidade
Representatividade certificadora bem como apreciar a acção dos
restantes órgãos sociais;
As entidades certificadoras devem assegurar a repre- c) Apreciar e aprovar o relatório e contas de cada
sentação directa ou indirecta dos interesses profissionais exercício, os planos de actividade e os orça-
ligados à produção e ao comércio dos produtos viti- mentos;
vinícolas da região, em condições de paridade na com- d) Aprovar os regulamentos internos;
posição dos órgãos sociais, salvo quando, comprovada e) Decidir sobre as alterações dos estatutos e deli-
e objectivamente, a estrutura do sector de actividade berar sobre a extinção da associação;
não o permita. f) Deliberar sobre qualquer outro assunto não
cometido por lei ou pelos estatutos a outros
Artigo 14.o órgãos sociais, por sua iniciativa ou sob proposta
da direcção ou do conselho fiscal ou do fiscal
Estrutura orgânica único.
1 — São órgãos sociais das entidades certificadoras:
a) O conselho geral; Artigo 16.o
b) A direcção;
c) O conselho fiscal ou o fiscal único. Direcção
2 — Os mandatos dos membros dos órgãos sociais 1 — A direcção é constituída por um presidente, a
têm a duração de três anos. eleger pelo conselho geral, e por dois vogais, sendo um
designado pela produção e outro pelo comércio, cujos
mandatos terminam com a cessação de funções do
Artigo 15.o presidente.
Conselho geral 2 — Compete à direcção:
1 — O conselho geral, cuja composição e competên- a) Elaborar anualmente o plano de actividades, o
cias são definidas nos estatutos da respectiva entidade orçamento e o relatório de gestão e as contas
certificadora, deve reflectir a representação exclusiva a apresentar ao conselho geral;
e de forma paritária dos interesses profissionais da pro- b) Dirigir os serviços e assegurar a gestão corrente
dução e do comércio de produtos vitivinícolas com da entidade certificadora;
direito a DO ou IG, devendo a representatividade c) Representar a entidade certificadora em juízo
daquela ser aferida, no que respeita aos viticultores, e fora dele;
em função da quantidade da produção de uvas declarada d) Programar e dirigir os meios e as operações de
e, quanto aos vitivinicultores, em função do volume do controlo e certificação e exercer as demais com-
vinho produzido e, a da última, em função do número petências inerentes à qualidade de entidade cer-
de litros introduzidos em consumo. tificadora reconhecida;
2 — Os vitivinicultores-engarrafadores, independen- e) Promover a realização de auditorias internas e
temente da regra estabelecida no número anterior, de revisão periódicas do sistema da qualidade;
devem ter representação assegurada. f) Tomar as medidas necessárias para a execução
3 — A representação dos interesses profissionais é das directivas definidas pelo conselho geral;
assegurada através de associações e cooperativas de g) Aprovar o seu regulamento interno;
âmbito regional ou nacional, não podendo os agentes h) Requerer a convocação do conselho geral.
económicos, para cada interesse, ser considerados como
representados simultaneamente por mais de uma enti-
dade, nem podendo alguma entidade representar ambos Artigo 17.o
os grupos de interesses profissionais. Conselho fiscal ou fiscal único
4 — Para efeito do cálculo da representatividade a
que se referem os números anteriores, só podem ser 1 — O presidente e os vogais do conselho fiscal ou
consideradas as associações ou federações regularmente o fiscal único são designados pelo conselho geral.
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2 — Um dos vogais do conselho fiscal ou o fiscal único a concessão ou a manutenção do respectivo reconhe-
é, obrigatoriamente, revisor oficial de contas. cimento.
3 — Compete ao conselho fiscal ou fiscal único: 2 — O reconhecimento de uma entidade certificadora
a) Fiscalizar a actuação da direcção e dos serviços pode ser suspenso ou retirado por despacho do Ministro
e velar pela observância da lei, dos estatutos da Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas:
e dos regulamentos da entidade certificadora, a) A pedido da mesma; ou
bem como dos procedimentos a que está obri- b) Em caso de incumprimento das suas atribuições
gada por efeito do seu reconhecimento, nomea- e competências ou dos requisitos definidos para
damente os requisitos referidos no artigo 11.o; o reconhecimento, nomeadamente os enuncia-
b) Verificar a regularidade dos livros, registos con- dos no artigo 11.o
tabilísticos e documentos que lhes servem de
suporte;
c) Verificar, quando o julgue conveniente e pela CAPÍTULO V
forma que entenda adequada, a extensão da
caixa e as existências de qualquer espécie dos Disposições finais e transitórias
bens ou valores pertencentes à entidade cer-
tificadora ou por ela recebidos em garantia, Artigo 20.o
depósito ou outro título; Entidades certificadoras em funções
d) Verificar a exactidão do balanço e da demons-
tração de resultados; 1 — Até à designação de novas entidades certifica-
e) Verificar se os critérios valorimétricos adopta- doras, nos termos do disposto no artigo 10.o, as actuais
dos pela entidade certificadora conduzem a uma comissões vitivinícolas regionais (CVR) e suas associa-
correcta avaliação do património e dos resul- ções mantêm as atribuições que lhes foram reconhecidas
tados; ao abrigo da Lei n.o 8/85, de 4 de Junho, passando
f) Elaborar anualmente relatório sobre a sua acção a exercer, a partir da entrada em vigor do presente
fiscalizadora e dar parecer sobre o relatório de diploma, as competências nele previstas para as enti-
gestão e as contas, assim como sobre as pro- dades certificadoras.
postas apresentadas pela direcção; 2 — As CVR já existentes que se candidatem ao reco-
g) Requerer a convocação do conselho geral, nhecimento como entidade certificadora de determi-
quando o julgue conveniente, e convocá-lo nada região devem, até à data da apresentação da can-
quando o presidente da respectiva mesa o não didatura, realizar as adaptações estatutárias e satisfazer
faça, devendo fazê-lo. as condições estabelecidas no artigo 11.o deste diploma.
3 — As CVR já existentes que não se candidatem
4 — O conselho fiscal é composto por um presidente ao reconhecimento como entidade certificadora ou que
e dois vogais. não realizem as adaptações estatutárias previstas no
5 — O conselho fiscal reúne ordinariamente uma vez artigo 11.o podem perder a qualidade de entidade cer-
por trimestre e extraordinariamente sempre que o pre- tificadora, nos termos previstos na alínea b) do n.o 2
sidente, a maioria dos seus membros ou o vogal revisor do artigo 19.o
oficial de contas o convoquem.
Artigo 21.o
Artigo 18.o Designações existentes
Receitas
1 — As DO e IG vitivinícolas reconhecidas por diplo-
Constituem receitas das entidades certificadoras: mas legais anteriores à publicação deste diploma man-
a) O produto da cobrança das taxas de certificação têm o reconhecimento, ficando doravante sujeitas ao
e da venda dos símbolos ou selos de garantia regime estabelecido no presente diploma, sem prejuízo
relativos às DO e IG por si controladas e das excepções previstas no artigo seguinte.
certificadas; 2 — As entidades que certificam os vinhos com direito
b) O produto da prestação de serviços a terceiros; a indicação de proveniência regulamentada (IPR)
c) A quota-parte do produto das coimas nas infrac- devem requerer o seu reconhecimento como DO ou
ções por si levantadas; como sub-região de uma DO ou IG, caso preencham
d) As comparticipações, subsídios ou donativos os respectivos requisitos, no prazo de um ano e sob
concedidos por quaisquer entidades públicas ou pena de caducidade desse sinal distintivo.
privadas;
e) O produto da alienação de bens próprios; Artigo 22.o
f) Quaisquer outras receitas que legalmente e a
Regiões vitivinícolas do Douro, Açores e Madeira
qualquer título lhes sejam consignadas.
1 — A aplicação do disposto no presente diploma às
DO «Porto», «Douro» e IG «Terras Durienses» far-se-á
CAPÍTULO IV sem prejuízo das normas especiais previstas nos res-
Coordenação pectivos estatutos e regulamentos e salvaguardando as
competências próprias da entidade certificadora dessa
Artigo 19.o região.
Controlo e auditoria
2 — A aplicação do disposto no presente diploma às
Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira far-se-á
1 — A actividade desenvolvida pelas entidades cer- com as necessárias adaptações através de regulamen-
tificadoras é acompanhada e auditada tendo em vista tação própria dos respectivos órgãos de Governo Regio-
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