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Resumo
É neste sentido que surge o projecto ESGIRA – MARIA : Estrutura de Gestão Integrada para
a Ria de Aveiro que pretende contribuir para a definição de testar uma estrutura de gestão, no
sentido da sua capacidade de gestão de uma multiplicidade de vectores determinantes do
actual estado ambiental desta região lagunar.
Entre os cenários possíveis de intervenção, esta parceria, seleccionou quatro projectos piloto,
entre os quais o Projecto Gestão Integrada dos Campos Agrícolas do Baixo Vouga Lagunar.
Os campos agrícolas do Baixo-vouga Lagunar ocupam uma área de cerca de 3 000 ha, a
existência neste espaço de biótopos, como os caniçais e os juncais fazem desta região uma
área de elevada produtividade primária essencial á própria identidade do ecossistema lagunar.
Introdução
Os Campos Agrícolas do Baixo Vouga Lagunar ocupam uma área de 3.000ha e são
constituidos por solos não salinos ou de fraca salinidade, de natureza aluvionar e textura
mediana ou ligeira. Encontram-se defendidos da acção das marés por diques de terra batida e
motas marginais sendo apenas temporariamente inundados durante o período Outono-Inverno
sob acção conjugada das cheias, fortes ventos costeiros e da ocorrência de marés vivas na Ria
de Aveiro.
Os terrenos que integram os Campos Agrícolas do Baixo Vouga Lagunar pertencem aos
concelhos de Aveiro, Albergaria-a-Velha e Estarreja.”O Baixo Vouga Lagunar é uma das
áreas do país com maiores potencialidades agrícolas embora subaproveitadas devido ás
deficiências da estrutura fundiária , da rede de regra e drenagem das acessibilidades a par
com os impactes do aumento da salinidade”(Proposta de Definição do Âmbito do EIA,
2000).
No Baixo Vouga Lagunar existem habitats naturais e não naturais, o que possibilita a
ocorrência de uma elevada biodiversidade florística e faunística. A existência neste espaço de
habitats como o sapal, juncal, caniçal e o bocage fazem desta região uma área de elevada
produtividade primária essencial á própria identidade do ecossistema lagunar. É uma área
incluída na lista de zonas húmidas de importância Internacional (Convenção de RAMSAR)
assim como está incluída na Zona de Protecção Especial da Ria de Aveiro.
“O Baixo Vouga Lagunar poder-se-à caracterizar como uma paisagem complexa, rara e de
valor excepcional sob o ponto de vista da produtividade agrícola, da diversidade biológica e
da qualidade estética. Tendo associado a ela uma forte componente sociocultural decorrente
dos agricultores.” (Proposta de Definição do Âmbito do EIA, 2000).
No entanto esta área debate-se com diversos problemas tais como: I) o avanço da água
salgada, II) inundação descontrolada dos campos em período de cheia, III) a gestão da água e
da qualidade dos solos (contaminação por metais pesados, salinização). Outro dos problemas
existentes na área é a conflitualidade de interesses na utilização deste espaço, estes surgem
como resultado do entendimento e das diferentes funções que os diversos utilizadores tem na
área.
À muito que se lança o alerta para a necessidade de um instrumento de gestão para esta área,
que será certamente um factor importante a considerar para a possível resolução dos conflitos
existentes. É fundamental que as entidades com poder de intervenção no Baixo Vouga
Lagunar e os seus utilizadores tenham uma atitude de cooperação face aos diferentes
interesses existentes.
Na Ria de Aveiro para além das entidades com capacidade legal de intervenção na área
lagunar e costeira existe ainda um vasto conjunto “ de entidades com interesses directos ou
indirectos sobre a laguna, uma vez que desenvolvem as suas actividades nela ou determinam a
sua qualidade e cuja intensidade de acção é muito variada” (MARIA, 1996).
A metodologia para testar esta estrutura foi concebida com base em projectos-piloto
identificados no decorrer do projecto MARIA, entre os quais o projecto-piloto Gestão
Integrada dos Campos Agrícolas do Baixo Vouga Lagunar. Estes surgiram da necessidade de
se desenvolverem projectos suficientemente abrangentes, que integrassem todo o espaço
geográfico da região lagunar, que simultaneamente tivessem já sido objecto de alguma
investigação por outro lado se considerassem exemplificadores do tipo de problemas de
gestão que se colocam a uma estrutura deste tipo.
A Ria de Aveiro e o Baixo Vouga Lagunar são duas unidades agro-ecológicas e paisagísticas
completamente distintas, embora confinantes. A ria de Aveiro na maior extensão da sua
superfície integra-se no Domínio Público Marítimo, enquanto os Campos Agrícolas do Baixo
Vouga Lagunar é integralmente pertença de privados (IHERA, 1998).
Os terrenos que integram os Campos Agrícolas do Baixo Vouga Lagunar pertencem aos
concelhos de Aveiro, Albergaria-a-Velha e Estarreja, sendo terrenos bastante férteis, ricos em
pastagens naturais, com elevadas potencialidades forrageira. Estas pastagens são utilizadas
para o pastoreio do gado (Fig. 1), encontrando-se na maioria das vezes delimitadas por sebes
(Bocage) que compartimentam a paisagem e simultâneamente delimitam a propriedade
(Fig.2).
No entanto, apesar da elevada capacidade dos solos para as práticas agrícolas, a agricultura
representa muito pouco para a economia da região. As condições que explicam esta fraca
produtividade relacionando-se com as condições sociais e fundiárias existentes,
nomeadamente a idade avançada dos agricultores, o seu baixo nível de instrução, bem como a
existência de um grande parcelamento de prédios agrícolas, como se poderá observar na fig.3.
Metodologia Aplicada
A realização deste projecto- piloto decorre ao longo de cinco fases. Nas duas
primeiras fases procedeu-se ao levantamento de toda a informação que permitiu
estabelecer um quadro actualizado da área de estudo, bem como da realização de
trabalho de campo que permitiu colmatar algumas insuficiências encontradas em
termos de caracterização da mesma. No âmbito do trabalho de campo realizou-se a
actualização do cadastro das propriedades, identificação dos actuais proprietários,
formas de exploração. Para além disso foram realizados inquéritos, por forma a obter
informação sobre a visão que os próprios agricultores têm da actividade e da sua
manutenção.
Fig. 5 – Perímetros de Emparcelamento
Fonte: EIA PDABVL , Maio 2000
Resultados Obtidos
Desta apreciação poder-se-à afirmar que qualquer proposta de gestão para a área dos
Campos Agrícolas do Baixo Vouga Lagunar tem de passar impreterivelmente pela
participação e negociação com os agricultores, que continuam a deter um papel activo
e fundamental na gestão destes campos.
Considerações Finais
Agradecimentos
Bibliografia