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INSTITUTO DE ENSINO SUPERIOR DE SANTO ÂNGELO - DISCIPLINA: DIREITO CONSTITUCIONAL II -

CURSO: CIÊNCIAS JURÍDICAS E SOCIAIS – DIREITO – 3º PERÍODO - PROFESSOR: ADRIANO NEDEL DOS SANTOS.
PONTO 3-A – Direitos Sociais
1) Direitos Sociais: “São prestações positivas proporcionadas pelo Estado direta ou indiretamente, enunciadas em normas
constitucionais, que possibilitam melhores condições de vida aos mais fracos, direitos que tendem a realizar a igualização de
situações desiguais.” (José Afonso da Silva)
2) Classificações:
a) José Afonso da Silva: 1) Direitos sociais relativos ao trabalhador; 2) Direitos sociais relativos à seguridade; 3) Direitos
sociais relativos à educação e à cultura; 4) Direitos sociais relativos à moradia; 5) Direitos sociais relativos à família, criança,
adolescente e idoso; 6) Direitos sociais relativos ao meio ambiente.
b) Pierre Duclos: 1) Direitos sociais do homem consumidor: São os do artigo 6º da CF; 2) Direitos sociais do homem produtor:
São os dos artigos 7º a 11 da CF.
c) David Araújo e Serrano Nunes Júnior: 1) Direitos sociais Genéricos (art. 6º da CF); 2) Direitos sociais individuais (art. 7º
da CF); 3) Direitos sociais coletivos (arts. 8º a 11 da CF)

3) Aplicabilidade e Eficácia: Os direitos sociais são normas constitucionais de aplicabilidade imediata, tendo, em regra,
eficácia de normas programáticas. Há críticas, contudo, quanto a seu caráter de um programa do Estado. Exige-se uma prestação
positiva do Estado (status positivo). José Afonso da Silva propõe, quanto às normas de direitos sociais uma nova terminologia:
normas de princípio teleológico.
4) Reserva do Possível: Trata-se de argumento utilizado pelo Estado para não efetivar direitos sociais. Basicamente consiste no
seguinte: “Não havendo recursos públicos, não se efetivam direitos fundamentais”.
Crítica: Sob o argumento de que alguns direitos custam dinheiro e se não o há, não se tem estes direitos, cabe dizer que todos os
direitos custam dinheiro ao Estado (Stephen Holmes e Cass R. Sunstein – The Costs of Rights: Why Liberty Depends on Taxes).
Ex: Acesso ao Judiciário, Liberdade de Expressão, Devido Processo Legal. O principal limite ao argumento da reserva do
possível é o princípio da dignidade da pessoa humana e do valor vida.
5) Separação dos Poderes: Até que ponto pode o Poder Judiciário efetivar os direitos sociais sem se imiscuir em medidas de
políticas sociais que exigem gastos orçamentários (Poder Executivo)? Robert Alexy adere à noção de um padrão mínimo de
segurança material a ser garantido por meio de direitos fundamentais (princípio do mínimo existencial). Para este jurista alemão,
este problema se resolve quando se efetiva um padrão mínimo, como é o caso dos direitos a condições existenciais mínimas,
direito à formação escolar e profissional, uma moradia simples e um padrão mínimo de atendimento na área da saúde. Ingo
Wolfgang Sarlet nos norteia alegando que no caso de colisão entre bens constitucionais, ocorrendo a prevalência do direito
social prestacional, poderá ser reconhecido pelo Poder Judiciário um direito subjetivo definitivo.
6) Caso concreto: É necessário que se analise a eficácia dos direitos sociais em casos concretos, para que se possa verificar o
seu real alcance.
7) Direitos Sociais Individuais (art. 7º da CF)
8) Direitos Sociais Coletivos (arts. 8º a 11 da CF):
8.1) Greve: (Artigo 9º da CF e Lei 7.783/89)
a) Conceito: “É o exercício de um poder de fato dos trabalhadores com o fim de realizar uma abstenção coletiva do trabalho
subordinado”. (Giuliano Mazzoni)
Lei 7.783/89 (Lei da Greve)
Art. 10. São considerados serviços ou atividades essenciais:
I - tratamento e abastecimento de água; produção e distribuição de energia elétrica, gás e combustíveis; II - assistência médica e hospitalar;
III - distribuição e comercialização de medicamentos e alimentos; IV - funerários; V - transporte coletivo; VI - captação e tratamento de
esgoto e lixo; VII - telecomunicações; VIII - guarda, uso e controle de substâncias radioativas, equipamentos e materiais nucleares; IX -
processamento de dados ligados a serviços essenciais; X - controle de tráfego aéreo; XI compensação bancária.
Art. 11. Nos serviços ou atividades essenciais, os sindicatos, os empregadores e os trabalhadores ficam obrigados, de comum acordo, a
garantir, durante a greve, a prestação dos serviços indispensáveis ao atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade.
Parágrafo único. São necessidades inadiáveis, da comunidade aquelas que, não atendidas, coloquem em perigo iminente a sobrevivência, a
saúde ou a segurança da população.
Art. 12. No caso de inobservância do disposto no artigo anterior, o Poder Público assegurará a prestação dos serviços indispensáveis.
b) Greve e Servidores Públicos: Antes de 25/10/2007, quanto ao serviço público, o direito de greve era uma norma de eficácia limitada que
ainda não estava devidamente regulada (art. 37, VII da CF). Após a referida data, nos Mandados de Injunção n° 670, 708 e 712, o STF
entendeu serem aplicáveis as normas da lei 7.783/89 aos servidores públicos no que for cabível. Em relação aos militares (inclusive policiais
militares e bombeiros militares dos Estados), vedam-se a sindicalização e a greve (arts. 42 e 142, IV da CF)
c) artigo 114, §3º da CF: “Em caso de greve em atividade essencial, com possibilidade de lesão do interesse público, o Ministério Público
do Trabalho poderá ajuizar dissídio coletivo, competindo à Justiça do Trabalho decidir o conflito”.

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