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Ser ativo ou ser produtivo

Vanderlei Dallagnolo1
Blumenau, 12 de abril de 2010

Fonte: http://www.cowart.info/blog/wp-content/uploads/2010/03/dog-chasing-tail.jpg

Conheço pessoas altamente capacitadas que não conseguem atingir


qualquer objetivo porque estão sempre SEM TEMPO. Pessoas muito ativas.
Mas, que não são produtivas.

Existem muitas causas e diferentes graus de manifestação destes sintomas


em cada pessoa. Existem as implicações pessoais e as profissionais.

Geralmente uma pessoa que se encontra neste estado vive em constante


ansiedade. E também experimenta frequentes frustrações que com o tempo
tendem a minar a motivação inicial. Ou mesmo o desperdício do tempo faz
com que se perca a "janela de oportunidade".

Uma comparação muito aproximada que se pode fazer é com o cachorro


correndo atrás da própria cauda. O cão, nesta situação, está com certeza
MUITO ATIVO. Mas, não vai chegar a lugar nenhum. Sequer alcançar nada. E
o pior, quanto mais ativo (mais rápido), mais se afasta de seu próprio
objetivo. E quando alcança a cauda, a única recompensa é ficar esbaforrido e
com dor por ter mordido a si próprio.

O que eu quero dizer EXATAMENTE com esta comparação!?

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Vanderlei.dallagnolo@gmail.com
Que se você está perseguindo o objetivo com as atitudes erradas, quanto
mais atividade realizar mais vai se afastar do que almeja. Porque só vai
gastar tempo e energia. Uma das razões pela qual este problema se agrava
em nossos dias é por causa do excesso de informação .O excesso de
informação nos faz perder o foco.

Outra razão é o excesso de distrações (disfarçadas de opções).

Há ainda o medo do fracasso. Que as vezes nos faz insistir em atividades que
já não tem razão de ser, a não ser o de nos proteger de aceitar que erramos.

Temos o vício que também contribui para não sermos produtivos. Não me
refiro aqui ao vício no sentido mais comum. Mas, ao vício das atividades que
realizamos com frequência (as vezes sem muita consciência) e de modo
extremamente ineficaz. Ou que nos roubam eficiência de outras áreas.
Simplesmente, porque nos proporcionam pequenas gratificações. Um
exemplo muito comum é das pessoas que passam o dia inteiro conversando
com outras em redes sociais ou programas de mensagens instantâneas. Pois
o ato de se comunicar proporciona esta gratificação que eu mencionei.

Também a falta de motivação para assumir verdadeira responsabilidade


pelos nossos próprios atos. Ficasse o tempo inteiro realizando várias
atividades sem muita direção e se tudo der errado, basta culpar o destino, o
papa ou o governo. Pois, afinal, você se esforçou ao máximo.

E temos, principalmente, o medo de abrir espaço em nossas vidas. Como se


fosse errado, feio, pecado, humilhante ou vergonhoso não ter cada segundo
de nossas vidas preenchido com alguma "ATIVIDADE". O mais grave é que as
pessoas preenchem estes espaços da maneira mais danosa. Consumindo seu
tempo e dinheiro de tal forma e em atividades que irão afastá-las mais ainda
de SEUS REAIS OBJETIVOS. Não dos objetivos do seu grupo (e geralmente da
sua classe social), menos ainda afastará os objetivos daqueles que te
enxergam somente como um número, mas com certeza afastará você DOS
SEUS PRÓPRIOS SONHOS.

Como solucionar este problema?

Você pode se questionar com frequência e com honestidade. Estou sendo


ativo ou produtivo? Estou fazendo o que é necessário ou apenas
arranjando desculpas para ficar ocupado? Aos poucos o hábito de se
questionar torna-se automático e inconscientemente você passa a se vigiar. E
torna-se mais consciente de você mesmo. E mais responsável por você
mesmo. Menos sujeito a se distrair com meros caprichos e mais voltado a
objetivos duradouros.

Este é um assunto muito amplo. Aqui fiz uma exposição bem superficial.

Nossa sociedade nos impele a sermos ativos. Os períodos de repouso,


reflexão, descontração e contemplação estão sendo suprimidos. Como se
fossem errados ou inconvenientes. No lugar, coloca-se a crença de que
sempre precisamos de "algo para fazer". Mesmo que seja algo inútil,
supérfluo ou nocivo. Aceitamos estas "responsabilidades" artificiais além do
que somos capazes de realizar com bom desempenho. E principalmente,
com satisfação.

Esta maneira distorcida e desequilibrada de agir, cada vez mais pessoas


levam para suas empresas, trabalhos e carreiras. Fazendo com que sejam
duplamente prejudicados por uma realidade que exige sim, cada vez mais
velocidade de adaptação. E inteligência para gerir seus recursos de modo
também cada dia mais eficiente.

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