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INTRODUÇÃO

Os motores de corrente contínua tem este nome exatamente por


serem alimentados em corrente contínua.
Esta alimentação tem a finalidade de energizar os enrolamentos do
motor, desta forma criando os pólos eletromagnéticos que criarão os
campos magnéticos, responsáveis pelo movimento giratório do motor.
Uma das principais aplicações do motor CC está relacionada com o
controle de sua velocidade e o preciso controle do torque desenvolvido pelo
motor. Isto é, motor CC é uma boa escolha quando se necessita controlar o
torque do motor, mesmo quando se varia a sua velocidade.

1 – PRINCIPIO DE FUNCIONAMENTO

O motor CC é constituído de três componentes básicos: bobina da


armadura, campo magnético fixo e comutador. Observando a Figura 2,
verifica-se que a bobina está paralela ao campo magnético fixo, criado
pelos imãs permanentes, e é completamente envolvida por este campo. A
bobina também está sendo alimentada através do comutador, com a
polaridade mostrada. Sabe-se que uma espira percorrida por uma corrente
elétrica faz surgir um campo magnético ao seu redor. Este último campo
reagirá com o primeiro e, pela “regra da mão direita”, tem-se o dedo
indicador representado o sentido da corrente, o polegar definindo a direção
do movimento e os demais dedos o sentido do fluxo magnético existente no
motor. Após o início do movimento, conforme a Figura 1, a bobina girou
no sentido determinado e está em uma posição que proporciona pouco
envolvimento da bobina e, consequentemente, do campo magnético ao seu
redor com o campo magnético fixo, resultando em muito pouca interação
entre ambos. Neste ponto, o motor ainda continua a girar pela grande
força gerada no estágio inicial, mostrado na Figura 1. O movimento da
bobina continua até atingir a posição mostrada na Figura 3. Note que a
posição da bobina é a mesma que na Figura 1, mudando apenas a
polaridade da tensão aplicada à bobina, isto pode ser verificado
observando-se a marcação feita no comutador – 1, 2. Neste
ponto se comprova o funcionamento do comutador. Sua função é manter a
corrente circulando sempre no mesmo sentido. Na Figura 2 observa-se que
o comutador inverteu os terminais da bobina, fazendo com que o pólo
positivo da fonte fosse aplicado no terminal superior como na posição 01.
Desta forma a posição 01 se repete, mantendo o sentido de giro do motor.
Na Figura 4 é apresentada uma posição intermediária, onde a bobina está
inclinada em relação ao campo magnético fixo. As figuras servem para
mostrar que existe interação entre os campos magnéticos da bobina e o fixo
em quase todo o percurso realizado pela bobina, com exceção das posições
02 e a diametralmente oposta. Esta interação é máxima nas posições 01 e
03 e vai enfraquecendo até se anular na posição 02. Então, o motor
continua girando quando passa pela posição 02 devido às forças que foram
aplicada à bobina nas outras posições.
As figuras ilustram o funcionamento do motor de corrente continua
2- COMPONENTES

2.1 – ESTATOR

É a parte fixa do motor e que contém os enrolamentos de campo dos


pólos principais e dos interpolos, os quais quando alimentados com
corrente contínua produzem os campos magnéticos fixos. As bobinas dos
enrolamentos de campo dos pólos principais são feitas com fio de menor
seção e muitas espiras, enquanto o interpolo e o enrolamento de campo
série são feitos com fio de seção maior e uma quantidade menor de espiras.

2.2 ARMADURA
É a parte que gira do motor CC, também é chamada de rotor e
contém bobinas que quando alimentadas por corrente contínua através das
escovas, circulará uma corrente proporcional ao torquedesenvolvido pelo
motor e fará surgir campo magnético o qual irá interagir com o campo fixo
e fará o motor girar.

2.3 COMUTADR

 Peça que é responsável por fazer com que o sentido da corrente que
circula nas bobinas da armadura seja sempre o mesmo, fazendo com que
sempre haja a repulsão entre os campos magnéticos da armadura e do
estator.
O comutador trabalha como um diodo, ou seja, permite passar
corrente apenas em um sentido. A diferença é que ele faz isso de forma
mecânica.

2.3 ESCOVAS

 Geralmente são feitas de liga de carbono e mantém contato constante


com o comutador, sendo responsáveis por levar a voltagem contínua até a
armadura. Devido ao atrito com o comutador, sofrem um desgaste natural
com o tempo requerendo constante atenção e trocas periódicas.

2.4 INTERPOLOS

Enrolamento inserido no estator, ligado em série com a armadura.


Tem como finalidade evitar o fenômeno chamado de “reação da armadura”
que causa a deformação do campo magnético fixo. Esta deformação causa
um centelhamento no contato entre a escova e o comutador danificando-o e
reduzindo significativamente sua vida útil.

3 -TIPOS DE LIGAÇÃO EM MOTORES CC

Na maior parte dos motores CC práticos, geralmente se substitui o


ímã permanente por um eletroímã. Logo, o circuito de campo também
necessitará de alimentação. Na época em que as fontes de alimentação com
tensão ajustável eram raridades, os motores tinham que ser alimentados por
meio de uma única fonte, geralmente de tensão fixa. Por isso, a solução era
fazer algum tipo de associação entre os circuitos de campo e de armadura
(colocá-los em série ou em paralelo), o que, como veremos em seguida,
origina características de funcionamento totalmente diferentes. Com a atual
disponibilidade de fontes de alimentação versáteis, confiáveis e
econômicas, a tendência atual é alimentar os motores CC por meio de
fontes independentes, o que permite um controle muito mais preciso das
características de interesse num motor (principalmente velocidade de
rotação e torque do eixo). Ainda assim, devido à tradição, ainda é comum
classificar os motores de acordo com a maneira como estão ligados seus
circuitos de armadura e de campo.
Os tipos possíveis são explanados a seguir, seguidos de seus
diagramas e gráficos típicos de velocidade e torque em função da corrente.
3.1 - MOTOR EM DERIVAÇÃO OU MOTOR SHUNT

Seus circuitos de campo e de armadura são ligados em paralelo, estando,


portanto, submetidos à mesma tensão. Neste tipo de ligação, o torque é
diretamente proporcional à corrente de armadura, enquanto a velocidade de
rotação cai ligeiramente com o aumento dessa corrente. É o tipo de ligação
mais freqüente. Normalmente, a tensão aplicada é constante. Para motores
acima de 1 KW é necessário colocar uma resistência Rs em série com a
armadura para limitar a corrente inicial, que como vimos é maior que a
corrente de operação. Essa resistência em série é chamada de resistência de
partida e deve ser curto-circuitada quando o motor atinge sua velocidade de
trabalho. Esse curto-circuito pode ser realizado de uma só vez ou
gradualmente por meio de elementos sensores de corrente.
O torque permanece constante até que a velocidade de rotação atinja
um determinado valor, chamado de velocidade base do motor. Essa
velocidade corresponde à plena tensão de armadura em conjunto com o
pleno valor de fluxo magnético no campo, isto é, circula pelo campo fixo a
corrente nominal do enrolamento. Para girar o motor a uma velocidade
superior à velocidade base, é necessário fazer o que se chama de
“enfraquecimento do campo”, ou seja, reduzir o valor da corrente que
circula pelo enrolamento.
Como a potência fornecida pelo motor é igual ao produto do torque pela
velocidade, concluímos que o enfraquecimento do campo é uma técnica
que só pode ser usada em aplicações quer não necessitem de pleno torque a
altas velocidades.
A máxima velocidade permitida pelo enfraquecimento de campo é
limitada para evitar centelhamento excessivo no comutador.

3.2 – MOTOR SÉRIE

Como mostra a Figura,nesse tipo de ligação os circuitos de campo e


de armadura do motor são associados em série, sendo,portanto, percorridos
pela mesma corrente.
Este tipo de ligação é apropriado para máquinas que trabalham com
cargas elevadas(como por exemplo, um guindaste), porque com altos
valores de corrente de armadura, produz alto torque com baixa velocidade
de rotação. O grande inconveniente desse tipo de ligação é a tendência ao
disparo, isto é, o aumento ilimitado de velocidade de rotação, caso não haja
nenhuma carga ligada ao seu eixo, o que pode até mesmo provocar danos
irreversíveis ao motor. Esse comportamento pode ser compreendido através
da equação, que mostra que o torque é inversamente proporcional ao
quadrado da velocidade, ou seja, para velocidades baixas haverá alto torque
e para baixos torques ocorrerá alta velocidade.
Por esse motivo, uma medida de segurança importante na operação
de um motor DC ligado em série é garantir que sempre haja uma carga
conectada a seu eixo. Da mesma forma como nos motores conectados em
shunt, a inversão do sentido de rotação nos motores DC conectados em
série é obtida através da inversão das conexões de um dos enrolamentos
(campo ou armadura). No caso do motor conectado em série,
ambos os enrolamentos são percorridos pela mesma corrente, de modo que
é indiferente inverter as conexões de campo ou de armadura.

3.3 – MOTOR COMPOSTO

Este tipo de ligação procura associar as características positivas das


ligações série e paralela. Assim, o enrolamento de campo é dividido em
duas partes, uma das quais fica em série com o circuito de armadura e a
outra em paralelo. Com esse tipo de conexão o motor funciona com
segurança mesmo sem carga conectada ao seu eixo, ou seja, não dispara.
Seu torque se situa entre o de um motor série e o de um motor shunt
nas mesmas condições de alimentação. Existem duas possibilidades para a
ligação composta: a ligação de campo curto e a ligação de campo longo.

3.4 –MOTOR DE EXC ITAÇÃO INDEPEN DENTE

Neste tipo de ligação, os circuitos de campo e de armadura são


completamente independentes, tendo cada um a sua própria fonte de
alimentação.
Desse modo, é possível ter um maior controle sobre a velocidade de
rotação e sobre o torque do motor. Esse é o tipo de ligação utilizado sempre
que é necessário ter precisão sobre o torque ou a velocidade desenvolvida
pelo motor. Normalmente o enrolamento de campo é alimentado com uma
tensão fixa e o enrolamento de armadura é alimentado por meio de uma
fonte de tensão ajustável, na maioria das vezes por meio de tiristores
(SCRs) com circuito de disparo microprocessado. Caso seja necessário um
controle ainda mais preciso, o enrolamento de campo também pode ser
alimentado com uma fonte de tensão ajustável. Uma vez que um maior
nível de potência é requerido pela armadura, a alimentação desse
enrolamento costuma ser obtida a partir da retificação de uma rede
alternada trifásica. A alimentação do enrolamento de campo, de menor
potência, é obtida pela retificação de uma rede alterna.
4 – APLICAÇOES

- Máquinas operatrizes em geral;


- Bombas a pistão
- Torques de fricção
- Ferramentas de avanço
- Tornos
- Bobinadeiras
- Mandrilhadoras
- Máquinas de moagem
- Máquinas têxteis
- Guinchos e guindastes
- Pórticos
- Veículos de tração
- Prensas
- Máquinas de papel

Curvas típicas dos motores CC


Motor em série
Motor de excitação independente

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