FACULDADE DE JORNALISMO
Reportagem descritiva, bloco e fragmento
COIMBRA, Oswaldo. O texto da reportagem impressa. São Paulo:
Ática, 1993, p. 86-103
Ao começarmos a estudar a reportagem narrativa, vimos que a característica
fundamental da estrutura de seu texto é a de conter os fatos organizados dentro de
uma relação de anterioridade ou de posterioridade. Por conter os fatos assim
organizados, ela pode mostrar mudanças progressivas de estado nas pessoas e nas
coisas, através do tempo. Vimos, também, que por isso ela se distingue da reportagem
dissertativa, cuja estrutura de texto se apóia num raciocínio explicitado, seguido de
fundamentação, o que lhe dá a natureza de uma relação lógica.
A estrutura de texto que analisaremos nos próximos itens -a descritiva - conquanto
abrigue pessoas e coisas como a da reportagem narrativa, ao contrário dela, mostra-as
fixadas num único momento, sem as mudanças progressivas que lhe traz o tempo. O
que, de qualquer modo, não significa ausência de ação, de movimento. Como mostram
Fiorin e Savioli, os verbos de movimento porventura presentes na descrição exprimem
ações que ocorrem num único instante - aquele apreendido pelo texto (cf. Fiorin &
Savioli, 1990, p. 297). Isto aparece neste trecho do texto assinado por Narciso Kalili
sobre os mineiros de Criciúma, no sul de Santa Catarina - "Eles vivem embaixo da
terra" -, na Realidade de junho de 1967, à página 128.
O centro de Criciúma é formado por uma área de dez quarteirões. Na praça principal se
encontram o monumento aos mineiros, a enorme igreja matriz e mais dez pequenos bares,
onde velhos e moços sentam-se para tomar cafezinho ralo. Entre os bancos de madeira
envernizada, rapazes e moças conversam sem muita animação, andando sem rumo ou
parados em pequenos grupos. Ao lado da igreja, um campo de balão, espécie de boliche,
reúne velhos em manga de camisa e chinelos. Nas ruas, carros último tipo ao lado de
velhos caminhões. Meninos descalços e maltrapilhos correm em grupos, uma caixa nas
costas, uma palavra e um gesto de mão:
- Graxa?
Mulheres doentes com crianças nos braços pedem esmolas.
O trecho do texto assinado por Kalili, além de ter todos os verbos no presente, a
indicar a simultaneidade das ocorrências que registra - nas quais, portanto, não há
progressão no tempo -, tem ainda outra característica da descrição, decorrente da
primeira, apontada também por Fiorin e Savioli. Podemos modificar a ordem das frases
- correspondentes a subtemas, a serem estudados adiante - que não alteraremos a
relação cronológica das ocorrências. Se inicialmente dissermos que meninos descalços
e maltrapilhos correm em grupo, depois, que um campo de boliche reúne velhos e, por
fim, que rapazes e moças conversam entre bancos de madeira na praça, esta completa
alteração na organização do texto não provocará nenhuma modificação de seu sentido.
O que, obviamente, ocorreria se o texto fosse narrativo ou dissertativo.
Uma última característica desse tipo de texto - que também estudaremos adiante -
visível no trecho transcrito da matéria é a pormenorização - o detalhamento - do
momento apreendido. Assim, o cafezinho que velhos e moços tomam nos bares do
centro da cidade é ralo. Os bancos onde rapazes e moças conversam são
envernizados. E a própria conversa deles transcorre sem muita animação.
dessa tubulação de conduíte que vão partir, a intervalos de mais ou menos 1 metro, os
FACULDADE
conduítes paralelos, de meia polegada, DE JORNALISMO
que receberão os aspersores e que devem ter,
logicamente, a extensão dos canteiros ou leirões que serão molhados.
De início, podemos perceber que a totalidade do sistema de irrigação foi dividida em
partes. O "conjunto inteiro" foi repartido em: fonte de água; motobomba; canos;
registro; tubulação; conduítes; aspersores. Observamos, depois, que cada parte da
divisão do sistema foi considerada isoladamente.
Esses dois aspectos da descrição do sistema de irrigação estão presentes na descrição
de todo objeto. Entendemos objeto - já frisamos anteriormente - como tudo o que é
perceptível por qualquer dos sentidos. Toda descrição inicia com uma totalidade - o
tema - para, em seguida, dividi-la em partes - nos subtemas -, como mostra
Magalhães (s.d., p. 102). Abreu explica como um ambiente, por exemplo, que na vida
real compõe uma totalidade, ao ser descrito, aparece em pedaços:
Quando alguém nos diz, por exemplo, "Havia uma grande sala retangular", geralmente,
imaginamos uma sala vazia. Se esse mesmo alguém nos diz "No centro dessa sala havia um
piano negro, coberto de pó", passamos a imaginar a sala com um único móvel, um piano
negro. E, dessa maneira, vamos mobiliando a sala, aos poucos, temporalmente (1989, p.
36).
Encontrados os subtemas - as partes, os pedaços da totalidade - há, então, o que
Magalhães chama de predicação e que, de fato, é o detalhamento, como veremos
adiante. Cada subtema é caracterizado, através de qualidades que lhe são atribuídas,
das ações que executa, das comparações que se lhe fazem. Por exemplo, o subtema
fonte de água, do tema sistema de irrigação, recebe três predicações (detalhes): boa;
capaz de suprir a área a ser irrigada; (nela) se instalam os canos de PVC.
Os dois aspectos que observamos nesta descrição de uma coisa - o sistema de
irrigação -, o da divisão de sua totalidade em partes e o da predicação (do
detalhamento) de cada uma de suas partes, podem também ser encontrados nas
descrições de ser, paisagem, situação, mundo psicológico e mundo imaginário, isto é,
em tudo que contém um texto descritivo, como veremos a seguir. Os subtemas foram
separados por barra nas exemplificações.
Ser
Galinhas gigantes:
[...] os galos de uma dessas raças, a brahma-dark, os maiores galináceos do mundo,
chegam a 90 cm de altura e 8 quilos./ As galinhas atingem até 60 cm de altura e 5 quilos,!
enquanto uma caipira dificilmente supera os 30 cm e os 2 quilos ("Galinhas gigantes",
Globo Rural, janeiro de 1987, p. 88).
Paisagem
A ilha de Fernando de Noronha:
[...] enormes paredões de rocha negra batidos pelo mar,/ aves que voam sob um sol forte/ e
cavernas submarinas cobertas de esponjas e corais coloridos ("Ilha das Sereias conquista
o visitante com sua beleza natural", Folha de S. Paulo, capa do Caderno de Turismo, 26 de
julho de 1990).
Situação
A de um astronauta em viagem espacial:
As metáforas
A narrativa de um ataque de soldados em guerra era o que aparentava ser um texto
assinado por Narciso Kalili e publicado na edição de dezembro de 1967, de Realidade,
à página 148:
- Agora! Atacar!
Num só bloco, penetravam no escuro corredor. Alguns foram mortos logo na entrada, pela
defesa inimiga. Os outros avançaram rápido em direção à garganta. Lutando sem recuar e.
mesmo sofrendo milhares de baixa, tomaram o objetivo. Ar dividiram-se em grupos
atacando em todos os pontos. Era preciso andar depressa. Os reforços inimigos deviam
estar a caminho!
- Aqui há espiões por todo lado!
De repente, ouviu-se um rumor que foi crescendo até tornar-se ensurdecedor. Um
deslocamento de ar atirou centenas deles para fora arrastando-os de volta pelo mesmo
caminho:
- Achim!
Professor mestre Artur Araujo (artur.araujo@puc-campinas.edu.br)
site: http://docentes.puc-campinas.edu.br/clc/arturaraujo/
ftp: ftp://ftp-acd.puc-campinas.edu.br/pub/professores/clc/artur.araujo/
Página 7 de 12
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE CAMPINAS
2º grupo:
FACULDADE DE JORNALISMO
[...] os principais pilares do edifício comunista [...].
3º grupo:
[...] a perspectiva sombria do desemprego [...].
4º grupo:
[...] uma devastadora onda de demissões [...].
5º grupo:
[...] uma verdadeira bomba política [...].
[...] a estratégia de divulgação do plano [...].
[...] quando chegar a hora de Gorbachev apertar o gatilho, a arma vai funcionar [...].
[...] a munição estocada para atacar os problemas econômicos [...].
6º grupo:
[...] preso a esse emaranhado de problemas [...].
As metáforas de cada um desses grupos receberam um nome na obra de Abreu. As do
quinto grupo foram as únicas que tiveram sua denominação dada pelo próprio autor do
livro. Ele as chamou de militares. As demais fazem parte de uma lista de 16
denominações criadas por J. V. Jensen, em Metaphorical constructs for the problem-
solving process, citado por Abreu, para metáforas de textos que procuram resolver
problemas sociais.
As do primeiro grupo, assim como todas as que comparam a sociedade ao corpo
humano e se relacionam com males e curas, são denominadas de médicas. A do grupo
seguinte é uma metáfora de construção. A do terceiro grupo, como qualquer outra
inserida na dicotomia claro/escuro, é a claro/escuro. A do quarto grupo é chamada de
percurso no mar. E, finalmente, a do sexto grupo, a de tecelagem.
Além dessas, fazem parte ainda da lista de Jensen metáforas como a deste segmento
descritivo do texto de outra reportagem de Veja da mesma edição citada, à página 80,
sobre o rock nacional, denominada de cativeiro:
O rock [...] para se engaiolar num espaço determinado na programação das rádios.
As demais denominações de metáforas criadas por Jensen (apud Abreu, 1989, p. 74-8)
são: de percurso em terra (" ... a inflação ... deverá ser o obstáculo ... "); de limpeza
("entulho autoritário"); pastoral ("Deus é um pastor. .. "); de roubo ("roubar a
liberdade"); de conserto ("consertar as rachaduras do partido"); de unificação ("O país
é uma grande família"); de compositor ou musical ("O deputado foi a nota que
desafinou"); do lavrador ("Eleições é tempo de colheita"); de fenômenos naturais ("O
país está à beira do abismo").
Instrumentos fundamentais Os instrumentos fundamentais do processo
descritivo, como assinala Barbosa, são os cinco sentidos e todas as suas possibilidades
de percepção. Qualquer texto descritivo comprova isto. Podemos, com facilidade,
identificar o papel dos sentidos na captação da realidade em determinado autor ou
narrador. Com um mínimo de atenção podemos perceber qual o sentido mais usado
por ele, o que ele não emprega, como combina um sentido com outro na captação de
Professor mestre Artur Araujo (artur.araujo@puc-campinas.edu.br)
site: http://docentes.puc-campinas.edu.br/clc/arturaraujo/
ftp: ftp://ftp-acd.puc-campinas.edu.br/pub/professores/clc/artur.araujo/
Página 9 de 12
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE CAMPINAS
Ponto de vista Oriana Fallaci afirma, no prefácio do livro editado no Brasil com
o título de Os antipáticos, em que reuniu perfis de personalidades internacionais -
como os diretores de cinema Federico Fellini e Alfred Hitchcock, o cantor e ator Sammy
Davis Jr. entre outras -, publicado antes pela revista italiana Europeo, entre os anos de
1962 e 1964:
Uma notícia, um retrato, não prescindem jamais das idéias, dos sentimentos, dos gostos de
quem fornece a notícia ou o retrato. Uma árvore que para uns é viçosa, para mim é
doentia; um homem que para uns é feíssimo, para mim é lindíssimo; uma hora que para
uns é exata, para mim é errada: meu relógio estava adiantado ou atrasado, pior ainda, eu
estava em outra parte do mundo, onde, ao invés das cinco da tarde, eram nove da noite.
FACULDADE
Existe, pode existir, portanto, somente DE JORNALISMO
a honestidade de quem fornece a notícia ou o retrato
(Fallaci, s.d., p. 7).
Essa atitude da jornalista - quase sempre também narradora e personagem de seus
textos - de não pretender separar os próprios sentimentos daquilo, ou daquele sobre o
que, ou quem escreve, transparece no perfil do campeão mundial dos pesos-pesados,
Cassius Clay, publicado por Realidade, em setembro de 1966, à página 83, com o
título de "Cassius Clay, aliás, Mohammed Ali", como neste trecho:
Agora, seu nome é Mohammed Ali e ele se tornou símbolo e tudo o que se deve condenar: a
arrogância, o fanatismo que não conhece barreiras geográficas, nem diferença de línguas,
nem cor de pele. Ele é o símbolo dos Muçulmanos Negros, uma das seitas mais perigosas
da América, os assassinos de Malcom X; catequizaram-no, hipnotizaram-no. E o palhaço
inofensivo se transformou num vaidoso irritante, um fanático sombrio e obtuso que prega a
segregação racial, maltrata os brancos que estão ao lado dos negros, ameaça os negros
que estão ao lado dos brancos e pretende que os Estados Unidos lhes entreguem um
território em nome de Alá. E do qual ele seja o chefe: é o sonho que lhe puseram na
cabeça, aproveitando-se de sua ignorância, pois ele sabe esmurrar e só.
Uma descrição como esta de Cassius Clay, na qual se misturam o que ele é, de fato,
com os sentimentos nutridos por ele por quem o descreveu, é marca da por um
determinado ponto de vista mental - o subjetivo. Para Garcia, o ponto de vista mental
subjetivo corresponde à predisposição psicológica do observador - sua simpatia ou
antipatia antecipada - que pode dar como resultado imagens muito diversas do mesmo
objet09 (cf. Garcia, 1969, p. 218). Até uma paisagem descrita de um ponto de vista
mental subjetivo pode assumir uma função crítica, deixando de ser encarada como
simples cenário. É o que mostram Sodré e Ferrari, ao transcreverem trechos do texto
"À espera do inverno", assinado por Walder de Góes, publicado no Jornal do Brasil, em
04/04/1975, sobre a Argentina:
Buenos Aires - Do 16º andar do supermoderno Buenos Aires Sheraton, o horizonte
projetado sobre o rio da Prata é cinzento e belo. O porto fica bem em frente e são escassos
os navios que chegam e partem, parece domingo na tarde de quinta-feira. O ritmo
particular do porto reflete o ritmo geral da economia, na forte descida das curvas de
produção e comércio (1977, p. 110).
Deve-se lembrar que os jornalistas em geral reconhecem que sua atividade contém
alguma carga de subjetividade. Por exemplo, o Manual geral da redação da Folha de S.
Paulo (1987, p. 34) diz no verbete sobre objetividade:
Não existe objetividade em jornalismo. Ao redigir um texto e editá-lo, o jornalista toma
uma série de decisões que são em larga medida subjetivas, influenciadas por suas posições
pessoais, hábitos e emoções.
No entanto, o eventual reconhecimento de subjetividade não anula a procura da
exatidão no Jornalismo. O mesmo manual de redação diz que a exatidão é o elemento-
chave da notícia, isto é, da informação como puro registro dos fatos, sem comentário
nem interpretação (1987, p. 33). E afirma ainda que a busca das informações corretas
e completas é a primeira obrigação de cada jornalista (1987, p. 30).
O texto descritivo marcado pela exatidão de pormenores, pela precisão de vocábulo e,
também, pela disposição didática das informações - o texto técnico, por exemplo - tem
Professor mestre Artur Araujo (artur.araujo@puc-campinas.edu.br)
site: http://docentes.puc-campinas.edu.br/clc/arturaraujo/
ftp: ftp://ftp-acd.puc-campinas.edu.br/pub/professores/clc/artur.araujo/
Página 11 de 12
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE CAMPINAS
um ponto de vista mental objetivo. Nele, o observador procura retratar com fidelidade
o ser em descrição (cf. Magalhães, FACULDADE
s.d., p. 96).DE
Isso acontece, por exemplo, nesta
JORNALISMO
descrição de um cavalo da raça bretão, na capa do caderno Agrofolha, da Folha de S.
Paulo, de 14 de agosto de 1990.
O cavalo bretão é mais forte que o jumento, bastante rústico e pode viver de pasto. Pesa em
média 800 quilos e tem 1,5 metro de altura. Possui conformação bem maior do que a dos
eqüinos de sela. Trata-se de um animal superdócil e de fácil manejo, originário da região
de Brest, norte da França.
Garcia, contudo, alerta que a exatidão e a minúcia não constituem a primordial
qualidade de uma descrição; ao contrário, podem até representar defeito. O que,
segundo o autor, interessa num objeto - e deve ser descrito - são os seus traços mais
singulares, mais salientes. Descrição miudamente fiel é, como em certos quadros, uma
espécie de natureza morta. É preciso saber selecionar os detalhes, saber reagrupá-los
e analisá-los para se conseguir, não uma cópia do objeto, mas uma imagem, uma
impressão dominante e saliente (cf. Garcia, 1969, p. 215).
Observe-se como no texto assinado por Ricardo Arnt, na capa do Caderno de Turismo,
da Folha de S. Paulo, de 9 de agosto de 1990, são descritas as ruínas de dois templos
gregos:
As ruínas da cidade velha projetam-na imaginável, como uma aparição. O órfico se
mistura ao onírico. Em 635 a.C., os gregos da ilha de Naxos esculpiram 16 leões no
terraço em frente ao templo dedicado a Leto, mãe de Apoio, para protegê-lo. Sentados
sobre ancas, eles fitam, esgazeados, o lugar onde teria existido o lago sagrado, em cujo
centro mítico, sobre uma pedra, a mãe de Apoio deu à luz. O lago foi drenado, mas os leões
continuam lá, cinco, perscrutando. Dionísio, o deus do desejo, ganhou um templo, em 300
a.C., perfilado por pilares que sustentam poderosos e imponentes falos. São obeliscos
apoiados em testículos. Os turistas primeiro pasmam, depois sorriem. Os lados do pilar
mostram cenas em alto-relevo: um galo com cabeça de falo, Dionísio e as mênades (as
bacantes possessas) e Sileno, o mais velho dos sátiros, o preceptor do deus - tudo o que a
presunção de Nietzsche gostaria de ter sido.
Portanto, como vimos, nem a possível admissão de subjetividade no Jornalismo
invalida a sua aspiração à exatidão, nem alguma circunstancial necessidade de se fazer
descrições técnicas impede que, em outras situações, haja no Jornalismo, descrições
igualmente objetivas mas menos frias.
Não é apenas a predisposição afetiva em face do objeto a ser descrito que imprime à
descrição um determinado ponto de vista. Também, é claro, a perspectiva que o
observador tem do objeto, a sua localização geográfica. No primeiro caso, há ponto de
vista mental, no segundo, físico. As situações básicas que influirão na ordem e na
forma da enumeração descritiva, no ponto de vista físico, são: (a) estar próximo; (b)
distante; (c) abaixo; (d) fora; (e) dentro (cf. Magalhães, s.d., p. 96). Curioso é que,
embora estas situações digam respeito à localização externa, objetiva, do observador,
têm, também, correspondências no plano afetivo, psicológico. Também do ponto de
vista mental, numa descrição, o observador pode se colocar acima, abaixo, próximo ou
distante do objeto. Antigamente para valorizar o texto de um noticiário como vivo,
palpitante, dizia-se que fora escrito "de dentro" dos acontecimentos. A chamada de
capa da matéria em que o repórter José Hamilton Ribeiro contava como havia perdido
uma perna cobrindo a guerra do Vietnã, na Realidade de maio de 1968, era: "Nosso
repórter viu a guerra de perto".
Professor mestre Artur Araujo (artur.araujo@puc-campinas.edu.br)
site: http://docentes.puc-campinas.edu.br/clc/arturaraujo/
ftp: ftp://ftp-acd.puc-campinas.edu.br/pub/professores/clc/artur.araujo/
Página 12 de 12