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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto


Departamento de Economia

Disciplina: REC0215 – Microeconomia I

Docente Responsável: Jaylson Silveira

2.1.5. Demanda de mercado

Fonte: Varian (2006, cap. 15).

Demanda de mercado do bem j: Seja xij ( p1 , p2 , mi ) a demanda marshalliana do consumidor i do


bem j. A demanda de mercado do bem j é soma das demandas marhallianas de todos os n
n
consumidores, ou seja, X j ( p1 , p2 , m1 ,K, mn ) = ∑ xij ( p1 , p2 , mi ) .
i =1

Observação: Note que a demanda de mercado por depender não só dos preços, mas também das
rendas individuais, acaba dependendo também da distribuição de rendas.

Consumidor representativo: Um consumidor representativo é aquele que geraria a demanda de


n
mercado ao se defrontar com os preços ( p1 , p2 ) e renda M = ∑ mi , ou seja, poderíamos
i =1

estabelecer a seguinte igualdade X j ( p1 , p2 , m1 ,K, mn ) = X j ( p1 , p2 , M ) .

Curva de demanda de mercado do bem j: É simplesmente o gráfico da função demanda de mercado


no plano cartesiano, no qual o eixo das abscissas representa as quantidades consumidas do bem j e o
eixo das ordenadas os preços unitários desse bem, ceteris paribus. Portanto, a curva de demanda de
mercado do bem j, denotada por D j ( p j ) , pode ser vista como uma função de uma única variável

real, p j , parametrizada pelas demais variáveis exógenas ( pi , m1 ,K, mn ) , com i ≠ j e i, j = 1,2 . Em

suma, D1 ( p1 ) = X 1 ( p1 , p2 , m1 ,K, mn ) para um dado vetor ( p2 , m1 ,K, mn ) e

D2 ( p2 ) = X 2 ( p1 , p2 , m1 ,K, mn ) para um dado vetor ( p1 , m1 ,K, mn ) .

Curva de demanda de mercado do bem j inversa: É a função inversa p j = D −j 1 ( X j ) ≡ P( X j ) , se

existir. Tal função indica qual deveria ser o preço de mercado do bem j para que fosse demandada
X j unidades desse bem por intervalo de tempo.

Observação: A curva de demanda inversa P ( X j ) mede a propensão marginal a pagar (TMS) de


todos os consumidores que estiverem comprando o bem.

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Figura 15.1 de Varian (2006, cap. 15)

Exemplo: Agregação de curvas de demanda lineares.

Figura 15.2 de Varian (2006, cap. 15)

Margens extensiva e intensiva: Suponha que um consumidor demande quantidades estritamente


positivas de todo os bens pertencentes a seu espaço de mercadorias. Um ajuste na margem extensiva
ocorre quando após a variação de um determinado preço o consumidor escolhe uma nova cesta
ótima na qual todas as quantidades demandadas ainda são estritamente positivas. Por sua vez, um
ajuste na margem intensiva ocorre quando o consumidor decide consumir ou deixar de consumir
uma quantidade estritamente positiva de um bem após a variação de um determinado preço.

Exemplo: Agregação de curvas de demanda por um bem discreto.

Figura 15.3 de Varian (2006, cap. 15)

Elasticidade: Maneira de mensurar a sensibilidade de uma variável com relação à outra que
independe das unidades de medida das variáveis em questão.

Elasticidade-preço da demanda no arco: É a variação percentual média da quantidade demanda de


um bem gerada pela variação (para cima ou para baixo) de um por cento no preço deste bem, ou

∆X j ∆X j

) Xj = ∆p j ∆X j p j  D j ( p j + ∆p j ) − D j ( p j )  p j
seja, ε X j p = = =  .
∆p j X j
∆p j X j  ∆p j  D j ( p j )
j

pj pj

Elasticidade-preço da demanda de mercado no ponto: É uma aproximação da variação percentual da


quantidade demanda de um bem gerada pela variação (para cima ou para baixo) de um por cento no
preço deste bem, quando esta variação é infinitesimal (suficientemente pequena). Formalmente:

)
εX j
pj
= ∆lim ε j .
p →0 X p
j j

Supondo que D j ( p j ) é derivável e usando a definição de elasticidade-preço da demanda de

mercado no arco, obtemos:

 D j ( p j + ∆p j ) − D j ( p j )  p j    D j ( p j + ∆p j ) − D j ( p j )   p j
εX j = ∆lim    = ∆lim  
pj p j →0
 ∆p j  D j ( p j )  
p j →0
 ∆p j   D j ( p j )
pj
εX j
pj
= D′j ( p j ) .
Dj ( p j )

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Classificação da demanda de mercado segundo sua elasticidade-preço: Se ε X j p > 1 , dizemos que o
j

bem j tem uma demanda elástica em p j . Caso ε X j p = 1 , dizemos que o bem j apresenta uma
j

demanda de elasticidade unitária em p j . Se ε X j p < 1 , afirmamos que o bem j tem uma demanda
j

inelástica em p j . Se ε X j p = 0 , o bem j tem uma demanda perfeitamente inelástica em p j .


j

Finalmente, caso ε X j p = ∞ , o bem j tem uma demanda perfeitamente elástica em p j .


j

Exemplo: A elasticidade-preço da demanda de mercado de uma curva de demanda de mercado


linear (na lousa).
Figura 15.4 de Varian (2006, cap. 15)

Exemplo: Demandas de mercado de elasticidade-preço constante (na lousa).

Figura 15.6 de Varian (2006, cap. 15)

Relação entre receita total e elasticidade-preço da demanda de mercado: Na lousa.

Receita marginal: É variação da receita total gerada pela variação em uma unidade da quantidade
vendida (produzida) de um determinado bem. Com base nesta definição, a receita marginal pode ser
vista como uma função da quantidade do bem. Para obtermos a receita marginal devemos, então,
utilizar a curva de demanda inversa. Seja P ( q ) o preço unitário cobrado na venda de q unidades de
um determinado bem. Logo, a receita total obtida pela venda de q unidades é R ( q ) = P (q ) q .
Supondo a função demanda de mercado inversa P (⋅) derivável, a receita marginal é dada por:
R′(q ) = P′( q ) q + P (q ) .
Primeiramente, observe que R′(0) = P (0) , ou seja, a curva de receita marginal cruza a curva de
demanda inversa em q = 0 . Além disso, se o bem for normal, então P′( q ) < 0 para todo q ≥ 0 , de
maneira que R′( q ) < P ( q ) para todo q > 0 . Em outros termos, se o bem for normal, a curva de
receita marginal ficará abaixo da curva de demanda inversa para qualquer q > 0 .

Exemplo: Curva de receita marginal da curva de demanda linear (na lousa).

Figura 15.7 de Varian (2006, cap. 15)

Relação entre receita marginal e elasticidade-preço da demanda de mercado: Na lousa.

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Exemplo: A curva de Laffer (na lousa).

Figura 15.8 de Varian (2006, cap. 15)

Figura 15.9 de Varian (2006, cap. 15)

Elasticidade-renda da demanda de mercado no arco: É a variação percentual média da quantidade


demanda de um bem gerada pela variação (para cima ou para baixo) de um por cento na renda
agregada, ou seja,
∆X j
∆X j
∆M = ∆X M ,
j
) X j
εX = =
∆M
j
M
Xj ∆M X j
M M
)  X j ( p1 , p2 , M + ∆M ) − X j ( p1 , p2 , M )  M
εX j =  ,
M
 ∆M j
 X ( p1 , p2 , M )
n
na qual M = ∑ mi .
i =1

Elasticidade-renda da demanda de mercado no ponto: É uma aproximação da variação percentual da


quantidade demanda de um bem gerada pela variação (para cima ou para baixo) de um por cento na
renda agregada, quando esta variação é infinitesimal (suficientemente pequena), ou seja,
)
ε X j M = lim ε X j M . ∆M →0

Supondo que X j ( p1 , p2 , M ) é derivável em relação à renda agregada e usando a definição de


elasticidade-preço da demanda no arco, obtemos:
 X j ( p1 , p2 , M + ∆M ) − X j ( p1 , p2 , M )  M 
ε X M = ∆lim
j 
M →0   ,
 ∆M j
 X ( p1, p2 , M ) 
  X j ( p1 , p2 , M + ∆M ) − X j ( p1 , p2 , M )   M
ε X M = ∆lim
j
M →0    j ,
  ∆M   X ( p1 , p2 , M )
∂X j ( p1 , p2 , M ) M
εX j = .
pj
∂M j
X ( p1, p2 , M )

Classificação da demanda de mercado segundo sua elasticidade-renda: Se ε X j M > 0 , dizemos que o

bem j é normal. Caso ε X j M < 0 , dizemos que o bem j é inferior. Finalmente, se ε X j M > 1 ,

classificamos o bem j como um bem de luxo.

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Exercícios: Resolva todas as “Questões de Revisão” propostas por Varian (2006, cap. 15). Resolva
os problemas 7, 8, 9, 10 e 11 dos “Exercícios” propostos por Pindyck e Rubinfeld (2006, cap. 4, p.
121-122).

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