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DESENVOLVIMENTO

PARTE I – Fundamentação Teórica e Processo de Enfermagem

1 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A púrpura é uma manifestação hemorrágica que impõe um diagnóstico rápido, passando


então pela avaliação da hemostase. Esta depende da integridade da parede vascular, da
eficácia das plaquetas, do funcionamento da cascata de coagulação e do equilíbrio dos
mecanismos fibrinolíticos.
Os sangramentos surgem de acordo com a alteração da hemostase.
Nas alterações da coagulação, as hemorragias são por norma pós-traumáticas e
localizadas nos tecidos (hematomas) e/ou cavidades (hemartroses).
As púrpuras trombocitopénicas são as mais comuns e as Idiopáticas mais frequentes.

1.1 - PÚRPURA TROMBOCITOPÉNICA IDIOPÁTICA

1.1.2 - CONCEITOS

• Plaquetas

As plaquetas são pequenos pedaços fragmentados de citoplasma em forma de disco, não


possuem núcleo e são formadas na medula óssea a partir dos megacariócitos.
Esses fragmentos de célula são extremamente importantes para o corpo humano, pois
são as plaquetas que previnem e interrompem as hemorragias (hemostasia), actuando na
formação de coágulos e participando da coagulação sanguínea.
Em cada milímetro cúbico de sangue há cerca de 200 a 400 mil plaquetas e se não fosse
por elas, qualquer pequeno corte sofrido poderia representar sérios riscos de vida. A
plaqueta circula no sangue em média 9 a 10 dias. Após esse período, ela é destruída pelo
baço.
• Coagulação

É um processo complexo no qual o sangue forma coágulos sólidos. É uma parte


importante da hemostasia (o cessamento da perda de sangue de um vaso danificado) na
qual a parede de vaso sanguíneo danificado é coberta por um coágulo de fibrina para
parar a hemorragia e ajudar a reparar o vaso danificado.

• Trombocitopenia

É a diminuição do número de plaquetas no sangue. Essa diminuição é causada por


distúrbios na produção, distribuição ou destruição de plaquetas.
Quando a quantidade de plaquetas no sangue é inferior a 150.000/mm³, diz-se que o
indivíduo apresenta trombocitopenia (ou plaquetopenia).
As pessoas com trombocitopenia apresentam tendência para sofrer hemorragias.

Diversas causas da Trombocitopenia:

• Redução da Produção por Trombocitopoiese ineficaz;

• Aumento da Destruição Plaquetária:


 Distúrbios Imunológicos:
- Púrpura Trombocitopénica Idiopática
- Aloimunização Plaquetária
- Púrpura Neonatal Aloimune

 Distúrbios Não Imunológicos


- Púrpura Trombociopénica Trombótica

• Congénitas e hereditárias;

• Indução por fármacos.


1.1.2 - ETIOLOGIA / EPIDEMIOLOGIA

A Púrpura Trombocitopénica Idiopática é uma doença auto-imune adquirida, sendo


então a causa mais comum de hemorragia na infância, principalmente na faixa etária dos
2 aos 6 anos de idade (CECIL, 1997).
A doença afecta mais o sexo feminino em idade fértil, mas não é impeditivo que ocorra
em ambos os sexos e em qualquer idade.
Apresenta uma prevalência de aproximadamente 1 em cada 10.000 pessoas, na
população em geral. Um estudo realizado indica que a PTI é responsável por 0.18% das
admissões hospitalares (FONTELONGA, 2001).

1.1.3 - FISIOPATOLOGIA

A Púrpura Trombocitopénica Idiopática é uma doença caracterizada por uma


diminuição de plaquetas (trombocitopénia) no sangue periférico, de causa desconhecida
(idiopática), secundária à destruição excessiva de plaquetas por factores imunológicos
(FONTELONGA, 2001).

A doença é provocada por anticorpos auto-reactivos que se fixam aos receptores na


membrana das plaquetas, encurtando assim a sua sobrevivência. Sendo a natureza da
anomalia responsável pela produção de auto-anticorpos desconhecida.

O complexo plaqueta-anticorpo é reconhecido por umas células especiais chamadas


macrófagos tecidulares, presentes no sistema reticuloendotelial do organismo,
particularmente no baço, que removem da circulação e, posteriormente, destroem esses
complexos.
A medula óssea que produz as plaquetas circulantes reage à excessiva destruição das
plaquetas através do aumento da sua produção, por um mecanismo de compensação,
mas isso não é suficiente para repor o número de plaquetas nos valores normais. Tem
sido também demonstrado que algumas plaquetas são destruídas na medula óssea por
macrófagos intramedulares ou através de um efeito directo dos auto-anticorpos sobre os
megacariócitos medulares (células precursoras das plaquetas).
A PTI divide-se em aguda e crónica. A PTI aguda é auto-limitativa, tem uma duração
inferior a 6 meses , atinge crianças entre os 2 e os 6 anos (sendo o pico mais alto aos 4
anos) e habitualmente surge na sequência de uma doença viral. Por outro lado a PTI
crónica, ocorre com mais frequência em menores de 1 ano e maiores de 10 anos de
idade, com maior prevalência no sexo feminino, sendo então originadas pela produção
de um auto-anticorpo (IgG) contra um antigénio plaquetário (PHIPPS, 2003).

Existem certas doenças, como o Lúpus Eritematoso Sistémico e o Sindrome da


Imunodeficiência Adquirida que podem ter como primeira manifestação a PTI, surgindo
assim a importância da investigação dessas doenças (MANTOVANI, sem data).

1.1.4 - MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

A Púrpura Trombocitopénica Idiopática manifesta-se principalmente por:

• Contusões fáceis:
• Petéquias
• Equimoses
• Geralmente sobre proeminências ósseas
• Sangramentos de mucosas:
• Epistaxis
• Hemorragia gengival
• Hemorragia interna evidenciada por:
• Hematúria
• Hematemese
• Melena
• Hemartrose
• Menorragia
Figura 1 – Petéquias e Equimoses.

As plaquetas são células altamente diferenciadas sem núcleo, cuja a função primordial é
a formação do coágulo de sangue inicial, antes da actuação dos factores de coagulação.
Deste modo é então compreensível que uma deficiência de plaquetas interfira com a
formação de coágulos, sendo maior a predisposição às hemorragias.

1.1.5 - DIAGNÓSTICO

Um hemagrama de uma criança com PTI, apresenta uma anormalidade que é a


trombocitopenia (plaquetas inferior a 150.000 mm3), as outras células sanguíneas não
são afectadas origatoriamente.

O esfregaço de sangue é uma exame bastante importante, pois permite observar as


células sanguíneas ao microscópio e excluir doenças hematológicas malignas.

A biópsia da medula óssea, serve para excluir outras causas de trombocitopenia. Os


megacariócitos (células da medula óssea precursoras das plaquetas), podem apresentar
valores aumentados e encontrarem-se com uma morfologia normal.

O plasma de muitos doentes com PTI, possui anticorpos (imunoglobulinas G ou M)


contra complexos glicoprotéicos da membrana das plaquetas . Contudo estes anticorpos
não são detectados em cerca de 10-30% dos casos de PTI. Não está, também,
demonstrado que estes anticorpos sejam determinantes na patogênese da doença. Por
este motivo, a PTI continua a ser considerada um diagnóstico clínico de exclusão, e é
prematuro confirmar ou excluir o diagnóstico através da medição do título de anticorpos
anti-plaquetários.

Normalmente a PTI é diagnosticada, quando são realizados testes para excluir outras
doenças mais graves como as leucemias, linfomas e síndromes mielodisplásticos
(FONTELONGA, 2001).
O doente deve ser questionado acerca da toma de medicamentos, principalmente
quinidina, heparina, aspirina e anti-convulsivantes, para se poder distinguir a
trombocitopenia da PTI. Pois a trombocitopenia induzida por medicamentos é
indistinguível clinicamente da PTI.

1.1.6 - TRATAMENTO

O tratamento inicial da PTI, geralmente é feito com corticosteróides ou imunoglobulina


endovenosa (Ig G). Estes fármacos são indicados para aumentar o nº de plaquetas e
diminuir o risco de hemorragias graves com epistaxis incontrolável, hematúria
macroscópica e, principalmente hemorragia intracraniana. Também estão indicados em
situações de provável sangramento, como procedimentos cirúrgicos, odontológicas,
trauma, risco de trauma em crianças menores e o uso de drogas indutoras da disfunção
plaquetária (ex. Aspirina).

Os corticosteróides podem ter uma acção multifactorial. Pois atribui-se a ele o aumento
da estabilidade da parede vascular, imunosupressão e diminuição do clareamento das
plaquetas (MANTOVANI, sem data).

A utilização do concentrado de plaquetas, deve ter um uso restrito. Em casos de PTI


sem sangramento vivo, não se justifica a transfusão de plaquetas independentemente da
contagem plaquetária. O tratamento com a tranfusão de plaquetas está sempre associado
a outro tratamento como os corticosteróides, IgG ou esplenectomia.
Deve-se ter especial cuidado em doentes com contagem plaquetária inferior a
10.000/ml, pois existe maior probabilidade de surgirem hemorragias mais intensas.
Existem diversos esquemas para a utilização de medicamentos, conforme na Tabela
1(JUNIOR, 2007).

Segundo LOGGETTO (sem data), a esplenectomia deve ser a última opção


terapêutica, só em casos de sangramentos persistentes que comprometam a qualidade de
vida e sem resposta a qualquer terapêutica medicamentosa. Uma vez que está indicada,
deve-se fazer profilaxia com penicilina, vacinação prévia contra bactérias encpsuladas e
rápido tratamento dos episódios febris.
Segundo JUNIOR (2007), A American Society of Hematology recomenda que o
tratamento seja iniciado para todas as crianças com contagens plaquetárias inferiores a
10.000/ml.

A resposta ao tratamento pode classificar-se como completa, parcial, mínima ou


ausente, dependendo do nº de plaquetas conseguido.
A resposta é completa quando se atinge um nº de plaquetas superior a 150.000/ml; a
resposta é parcial quando a contagem situa-se entre os 50.000/ml e 100.000/ml e a
resposta é mínima quando a contagem se aproxima a 50.000/ml.

1.1.7 - PROGNÓSTICO

Geralmente o prognóstico é bom. O curso da doença é fundamentalmente benigno. A


maioria das crianças tem uma evolução autolimitativa sem maiores complicações.

1.1.8 - CUIDADOS DE ENFERMAGEM A UM DOENTE COM PTI

• Evitar a administração de medicamentos por via intramuscular ou subcutânea. Caso


seja essencial, utilizar agulhas de pequeno calibre e comprimir o local por um
período prolongado;

• Observar a presença de manifestações hemorrágicas através da verificação de pulso


rápido e filiforme, palidez, sudorese, taquicardia e hipotensão arterial;

• Proteger e tratar as lesões das membranas mucosas ou cutâneas, devido aos riscos de
infecção. Estas lesões causam desconforto acentuado nos pacientes, além de
favorecer infecções diversas, principalmente por fungos;

• Promover a adequada higiene oral, para evitar infecções. Fazer utilizar e escovas
macias para a limpeza dos dentes;
• Providenciar isolamento protector para os pacientes mais susceptíveis, visando
prevenir o seu contacto com patogénos potenciais;

• Promover cuidados para diminuir a fraqueza e a fadiga. Orientar quanto ao período


de repouso, não realizar esforços desnecessários;

• Promover cuidados para evitar a dispneia como, por exemplo, manter a cabeceira da
cama elevada visando facilitar os movimentos respiratórios e expansão da caixa
torácica, fornecer oxigenoterapia;

• Monitorizar a temperatura a intervalos curtos. A febre é frequente nos pacientes com


distúrbios hematológicos; comumente reflecte a presença de processo infeccioso.
Em casos de febre, administrar medicação antipirética, evitar o ressecamento de
mucosas e promover medidas de conforto;

• Nas situações de sangramento moderado ou intenso, orientar a procura imediata do


médico pediátra;

• Monitorizar o paciente na presença de sangramento manifesto ou oculto, observar e


registrar cor, odor, aspecto e quantidade das eliminações;

• Explicar que devem evitar o uso de medicamentos como a aspirina ou outros


medicamentos anti-plaquetários ou anti-coagulantes;

• Referir a importância de evitar desoportos de contacto físico, devido ao surgimento


de sangramentos. A natação é um desporto que os doentes com PTI podem realizar;

• Referir a importância do repouso quando a contagem plaquetária encontra-se


inferior a 50.000 plaquetas/mm3;

• Informar que o doente pode sentir-se fatigado e asténico. Nestes casos deve procurar
o médico;
• Promover conforto psicológico dos acompanhantes, diminuindo a ansiedade,
orientando sobre o prognóstico e qualquer dúvida referente à doença;

• Explicar da importância de contactar o médico sempre que a doença se comece a


manifestar.
2. PROCESSO DE ENFERMAGEM

A enfermagem foi, é, e continuará a ser uma força importante na modelação do futuro


do sistema de atenção à saúde. A ciência de enfermagem é sustentada numa ampla
estrutura teórica. O processo de enfermagem é o método através do qual essa estrutura é
aplicada na prática da enfermagem. Os cuidados de enfermagem são assim
sequenciados de maneira lógica e não anárquica, para atender às necessidades
individuais e colectivas do ser enfermo.

“Para responder mais concretamente aos verdadeiros problemas de saúde, que não se
resumem somente às patologias e menos ainda ao consumo de actos médicos, as
enfermeiras utilizam, no seu campo de actividade específica, um método científico de
resolução de problemas, o chamado processo de enfermagem” (Phaneuf, 2001).

O processo de enfermagem é uma sequência organizada de etapas e acções planeadas,


utilizado pelos enfermeiros para resolver os problemas, através de uma reflexão e
capacidades cognitivas, técnico/práticas e pessoais, cuja finalidade é melhorar a
qualidade dos cuidados.

Tornando-se, assim, um instrumento para o planeamento das intervenções,


personalizando os cuidados, resolvendo problemas e precisando e ordenando as acções
dos enfermeiros prestadores de cuidados. Por definição temos que o processo de
enfermagem é um processo intelectual e deliberado, estruturado segundo etapas,
logicamente ordenadas, utilizado para planificar cuidados personalizados, visando a
melhoria do estado de saúde da pessoa cuidada (Phaneuf, 2001).

1.1. ETAPAS DO PROCESSO DE ENFERMAGEM


O processo de enfermagem é constituído por cinco etapas consecutivas, ainda que por
vezes as fases se sobreponham:

a) Recolha de dados

b) Análise e interpretação dos dados

c) Planificação da intervenção

d) Execução da intervenção

e) Avaliação

1.2. OBJECTIVOS DO PROCESSO DE ENFERMAGEM

• Construir uma estrutura que permita uma individualização das necessidades do


doente, família e comunidade de que o enfermeiro se ocupa;

• Promover o bem-estar óptimo do indivíduo a nível físico e psicológico;

• Permitir à equipa de enfermagem conhecer melhor o doente em toda a sua


dimensão bio-psico-socio e transcultural (hábitos de vida, carácter, motivação,
meios financeiros, entre outros), de modo a responder melhor às suas
necessidades N.H.B.;

• Permitir uma relação mais positiva com o doente, tornando-o o centro dos
cuidados, com participação nestes e não como mero espectador;

• Promover a uniformização e a continuidade de cuidados no seio da equipa,


coordenando-a, apesar dos diferentes turnos, das trocas de equipas e das
substituições.
1.3. CARACTERÍSTICAS E VANTAGENS DO PROCESSO DE ENFERMAGEM

São características do processo de enfermagem:

• Sistemático (processo ordenado, metódico para a resolução de problemas);

• Ordenado (não deixa nada ao acaso);

• Dinâmico (necessita de mudanças contínuas ligadas aos sinais/sintomas


apresentados pela pessoa);

• Interactivo (colaboração/inter-relação e inter ajuda entre a pessoa cuidada e o


enfermeiro);

• Flexível (pode adaptar-se a todos os contextos e tipos de cuidados);

• Aplicável a qualquer modelo teórico que lhe dê sentido;

• Fundamentado em bases teóricas (objectivos claros e precisos);

• Essencial para a organização do processo do doente.

O processo de enfermagem comporta as seguintes vantagens:

• Aprecia as necessidades do doente numa base individualizada, em vez de


rotineira, planificando as intervenções do enfermeiro junto do doente;
• Proporciona o desenvolvimento de conhecimentos próprios da enfermagem,
favorecendo as intervenções autónomas. Após a avaliação das N.H.B., o
enfermeiro actua de acordo com a situação, enriquecendo o seu campo de acção;

• O enfermeiro pode exercer um controlo sobre a sua própria actividade, que se


torna possível pela planificação de cuidados;

• Permite analisar a capacidade do indivíduo ou família, para manterem a auto-


protecção e para reverem a necessidade de intervenção profissional;

• Serve de instrumento para a avaliação da qualidade dos cuidados prestados;

• Proporciona a melhoria dos cuidados e as acções de enfermagem planeadas, de


maneira a direccioná-los para os problemas do doente, tornando possível a sua
avaliação.

1.4. PROCESSO DE ENFERMAGEM SEGUNDO O MODELO TEÓRICO DE

NANCY ROPER

Conjuntamente com Logan e Tierney, Nancy Roper elaborou um Modelo Teórico de


Enfermagem, baseando-se no "Modelo de Vida" que tem como núcleo o Homem.

Esta definiu este último como sendo um "Sistema Aberto", que se adapta, cresce,
desenvolve-se e tende para a independência.

Desta forma estabeleceu postulados, valores, elementos, que visam estabelecer valores
"firmes" sobre o exercício da profissão, qualquer que seja o meio em que ela esteja a ser
exercida.
1.4.1. MODELO DE ENFERMAGEM NOS SEUS CINCO COMPONENTES

Nancy Roper apoia o seu “Modelo teórico”num “Modelo de vida”, como podemos ver
na seguinte tabela:

Modelo de Vida Modelo de Enfermagem

1- Doze actividades de Vida 1- Doze actividades de Vida


2- Ciclo de Vida 2- Ciclo de Vida
3- Continuum 3- Continuum
Dependência / Independência Dependência / Independência

4- Factores que influenciam as 4- Factores que influenciam as


Actividades de Vida Actividades de Vida
5- Individualidade de Vida 5- Enfermagem Individualizada
Tabela - 1 “Modelo teórico” e “Modelo de vida”

Podemos verificar que os quatro primeiros elementos são exactamente iguais, excepto o
quinto ponto onde divergem.

• Doze actividades de vida

1- Manter um ambiente seguro;

2-Comunicar;

3- Respirar;

4-Comer e beber;

5-Eliminar;

6-Higiene pessoal e vestir-se;


7-Controlar a temperatura do corpo;

8-Movimentar-se;

9-Trabalhar e divertir-se;

10- Expressão da sexualidade;

11-Sono e repouso;

12-Morte.

Estas Actividades de Vida são um conjunto de acções inerentes ao ser humano que ele
procura sempre realizar no seu dia-a-dia.

Cada uma destas actividades deve ser apreciadas isoladamente devido à sua
complexidade; embora estejam relacionadas entre si.

Outro aspecto importante nas actividades de vida é que as prioridades entre elas variam
consoante as circunstâncias; neste aspecto é de primordial importância para a
Enfermagem.

• O Ciclo de vida

O ciclo de vida é o segundo componente do modelo, sendo fácil perceber porquê, na


medida em que a vida de cada pessoa tem uma dimensão temporal (inicio/fim). “Viver”
diz respeito à totalidade da vida de uma pessoa e cada uma tem um ciclo de vida
diferente.

O Ciclo começa na concepção e termina na morte, que é o último acto do ciclo da vida.

Nancy Roper divide o ciclo vital em vários Estádios:

 Vida intra-uterina;
 1ª Infância;
 2ª Infância;
 Adolescência;
 Idade intermédia;
 Idade adulta;
 Idade madura;
 Velhice.

• Continuum dependência/independência

O conceito de dependência/independência é largamente utilizado em Enfermagem,


sendo um dos componentes deste Modelo e relaciona-se directamente com as doze
Actividades de Vida Diária.

Os conceitos de "dependência" e "independência" só têm significado quando


relacionados um com o outro, razão pela qual eles são representados por meio de um
contínuo ao longo do qual se movem em qualquer direcção conformem as
circunstâncias.

O conceito de dependência/independência é aplicado de forma geral ao indivíduo, é


demasiado global para ter uma expressão, mas ligado a cada uma das actividades de
vida já tem significado.

É importante termos em atenção que nem todas as pessoas nasceram com o mesmo
potencial para se tornarem independentes em todas as Actividades de Vida.

Inserem-se nesta categoria os indivíduos com grandes incapacidades físicas e/ou


mentais.

Os Enfermeiros que lhes prestam cuidados deverão ter como resultado esperado a
independência máxima em cada uma das Actividades de Vida, através de um programa
individualizado.
Noutros casos, em certa altura do seu Ciclo de Vida o indivíduo pode ver-se privado da
sua independência numa actividade de vida, tanto devido a um acidente como a uma
doença; neste caso o resultado esperado será a recuperação da independência na
actividade de vida afectada, no mais curto espaço de tempo possível.

É importante desenvolver a capacidade de julgamento profissional, ou seja, devemos ter


competência de avaliar as capacidades do doente, não o impedindo de continuar a
realizar as Actividades de Vida Diária.

Por outro lado não se deve exigir a um paciente que atinja a independência para o qual
ele não tem capacidades.

• Factores que influenciam as Actividades de Vida Diária

Já sabemos que cada pessoa, qualquer que seja o seu grau de independência, realiza as
suas actividades de forma diferente. Esta diferença surge porque uma variedade de
factores interferem na forma como cada um realiza as suas Actividades de Vida.

Os factores que influenciam as actividades de vida estão agrupados em cinco


categorias:

 Físicos;
 Psicológicos
 Sócio-culturais;
 Ambientais
 Politico económicos

• Enfermagem Individualizada

Este componente é resultante dos anteriores componentes do Modelo.


A individualidade de vida pode manifestar-se de diferentes formas:

 Como a pessoa realiza as actividades de vida diária;


 Quantas vezes as realizam;
 Onde as realiza;
 Porque as realiza desta forma;
 O que sabe acerca dela;
 Qual a sua atitude perante ela.
PARTE II - APRESENTAÇÃO DO CASO CLÍNICO

Os dados recolhidos foram fornecidos pela doente, pela mãe e através da consulta do
processo clínico. A colheita de dados foi realizada principalmente no dia 24 de Abril de
2008.

1. CARACTERIZAÇÃO GERAL DA UTENTE

A jovem “Mariana” tem 16 anos de idade, é de raça caucasiana, solteira, natural de


Loulé e nasceu a 30 de Outubro de 1991 no Hospital Distrital de Faro. É estudante e
frequenta o 9º ano do Ensino Básico. Reside na cidade de Loulé, juntamente com a mãe
e com a irmã (tem 13 anos de idade), em boas condições habitacionais. O pai está
divorciado da mãe e encontra-se em Espanha.

1.1. História Clínica:

RN de parto eutócito, gestação normal, com 3.900 Kg, sem complicações. Esta criança
alimentou-se de leite materno até aos 12 meses de idade. Apresentou-se sempre
saudável até aos 11 anos de idade. Em 2003 foi diagnosticada Púrpura
Trombocitopénica Idiopática.
A PTI foi diagosticada por apresentar frequentemente contagem plaquetária inferior a
10.000/mm3, tendo então iniciado tratamento com imunoglobulinas e corticosteróides.

Também apresentava gengivorragias frequentes e petéquias generalizadas,


principalmente nos MI. Teve metrorragias e anemia associada à trombocitopenia.

Astenia intensa, irritabilidade, tristeza, labilidade emocional, artralgias generalizadas e


epistaxis ocasionais.

Apresentava Anticorpos anti-DNA positivos e Anticorpos anti-B2 glicoproteína


positivos.

Ao longo destes anos teve algumas recidivas com internamento na pediatria do HCF.

Em ___ procurou ajuda médica no estrangeiro (Espanha), mas posteriormente dessistiu


devido aos custos elevados dos tratamentos.

Primeiro Episódio de Doença (Março de 2004):

• Apresentava petéquias, equimoses e gengivorragias;


• Plaquetas 5.000/ml;
• Fez imunoglobulina 2 doses sem resposta, apresentou 3.000/ml;
• Realizou um medulograma, que foi normal e estudo imunológico;
• Iniciou corticoterapia com boa resposta (1 semana depois 72.000/ml plaquetas).

Primeira Recidiva (Julho de 2004):

• 15 dias após suspensão de corticoterapia;


• Fez imunoglobina com uma subida de 4.000/ml para 50.000/ml plaquetas, mas
voltou as plaquetas voltaram a descer para 10.000/ml pelo que reiniciou
corticoterapia.

1.2. Antecedentes Familiares:


• Desconhece

1.3. Antecedentes Pessoais:

• Não apresenta antecedentes cirurgicos;

• Síndrome de Evans, provavelmente associado ao Lúpus Eritematoso Sistémico;

• Menarca aos 11 anos de idade;

• Desconhece alergias.

1.4. Situação Actual do Estado de Saúde:

• Púrpura Trombocitopénica Idiopática

Tratamento:

• Dexametasona 40 mg EV, durante 4 dias (Hospital de Dia)

1.5. Exame Físico Geral:

 Aparência geral

A jovem “Mariana”., apresenta bom aspecto geral: limpo e cuidado. Tem os olhos
castanhos, tem o cabelo castanho escuro. Aparenta ter a idade que tem e veste-se de
acordo com a idade e sexo.

 Estado de consciência e discurso


A jovem “Mariana” responde às perguntas quando solicitado e a ordens simples. Está
orientada quanto à sua pessoa, espaço e tempo e está consciente da sua patologia.
Tem comunicação verbal e não verbal. É bastante colaborante.

 Mucosa oral

Sem alterações.

 Abdómen

Sem esplenomegália.

 Extremidades

Sem alterações.
2. APRECIAÇÃO DAS ACTIVIDADES DE VIDA DIÁRIAS

2.1 – Higiene pessoal e vestir-se (independente)

Tem apresentação cuidada e limpa. Bom aspecto geral. Veste-se de acordo com a idade
e sexo.

2.2 – Comer e beber (independente)

Apresenta bom estado nutricional e cumpre a dieta geral.

2.3 – Movimentar-se (independente com supervisão)

Apresenta alteração na AVD mobilização, manifestada pelo cansaço devido à patologia.


Adora desporto, mas devido à patologia não o pode realizar.
2.4 – Eliminar (independente)

Eliminação vesical e intestinal sem alterações.

2.5 – Respirar (independente)

Sem alteração.

2.6 – Comunicar (independente)

Sem altrações. Pois apresenta um vocabolário adequado à idade.

Risco de alteração da AVD comunicação manifestado por labilidade emocional e


tristeza, devido à doença crónica.

2.7 - Controlar a Temperatura do Corpo (independente)

Sem alterações. A jovem verbaliza quando sente calor ou frio. Veste-se de acordo com a
estação do ano.

2.8 - Sono e Repouso (independente)

Sem alterações. Normalmente dorme bem.

2.9 – Manter um Ambiente Seguro (independente)


Sem alterações.

2.10 – Trabalhar e Divertir-se (independente)

A jovem é estudante, frequenta o Ensino Básico. Gosta de estar com o grupo de amigos
e no computador.

2.11 – Expressão da Sexualidade (independente)

Sem alterações.

2.12 - Aceitação da Doença

Sem alteração.

Refere que já encarou a doença pior, neste momento leva uma vida normal, sem se
sentir inferior aos colegas.
3. IDENTIFICAÇÃO DOS PROBLEMAS E PLANO DE CUIDADOS

Após a colheita de dados, irei identificar os problemas e elaborar um plano de cuidados,


que irá incluir um planeamento, um estabelecimento de metas e selecção de
intervenções apropriadas e a avaliação dos cuidados, que é primordial para o cuidado
activo do paciente e para cuidados de saúde de qualidade. O plano de cuidados visa um
tratamento individual do utente e das suas necessidades.
PLANO DE CUIDADOS DE ENFERMAGEM

Doente: M.A Sexo: Feminino Idade: 16 anos Diagnóstico: Púrpura Trombocitopénica Idiopática

Inicio Fim
/ /
Rub. PROBLEMAS reais e OBJECTIVOS ACÇÕES DE ENFERMAGEM AVALIA Rub.
potenciais ÇÃO

1- 1. Alteração da AVD • Promover mobilização • Incentivar ao repouso em caso de dificuldade na


Mobilização, adequada; mobilização;
manifestado por • Estimular a respeitar os sinais de astenia, de
astenia/artralgias/fraquez forma a prevenir quedas;
• Prevenir quedas.
a devido à doença. • Elucidar os familiares para a necessidade de
repouso;
• Prestar apoio emocional e encorajar a adesão à
terapêutica. Estimular os familiares a incentivar a
• Dependente Parcial
doente.

2. Risco de alteração da • Prevenir a labilidade • Elogiar a doente e familiarres sempre que o


AVD comunicação emocional; tratamento seja cumprido adequadamente;
manifestado por • Evitar a não adesão ao • Fornecer informação que promova a compreensão
labilidade tratamento da doente e a importância de cumprir o
emocional/tristeza devido tratamento;
a patologia crónica. • Prestar apoio emocional todas os dias de
tratamento;
• Estar atento às queixas da utente;
• Independente
• Ajudar a doente e familiares a expressar os seus
sentimentos sobre a doença;
• Encorajar um estilo de vida “normal” para
estimular a auto-estima.
4. TERAPÊUTICA REALIZADA PELA DOENTE

A seguir é apresentada uma folha de farmacologia onde constam os fármacos que a


doente realiza, aquando do tratamento no Hospital de Dia de Pediatria.
FOLHA DE FARMACOLOGIA

Doente: M.A Sexo: Feminino Idade: 16 anos Diagnóstico: Púrpura Trombocitopénica Idiopática

Nome do medicamento Indicações para a


(genérico e comercial) / pessoa
Efeitos secundários Cuidados especiais
Grupo farmacológico

Principio activo: Contra-indicações:

Dexametasona Tratamento da -Eritema; -Infecções activas não tratadas;


Púrpura
Nome comercial/ -Úlcera péptica; -Hipersensibilidade ou intolerância ao álcool.
Trombocitopénica
genérico:
Idiopática. -Hipertensão arterial;
Oradexon
-Petéquias; Precauções:
Grupo:
-Equimoses. -Tratamento prolongado(deve-se utilizar uma dose
Corticosteróides pequena num curto espaço de tempo).
Via de Administração:

Endovenosa

Dose:

40 mg 24/24 horas
CONSIDERAÇÕES FINAIS
BIBLIOGRAFIA

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