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APOSTÓLICA
O ELO PERDIDO
José Maurício
PREFÁCIO
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INTRODUÇÃO
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crescendo assustadoramente, o adultério sendo quase uma
constante entre os casais, e tantos outros acontecimentos.
Todas essas constatações têm também o peso da
inatividade espiritual, social e moral da igreja, que no seu
íntimo tem aceitado as mesmas situações que ocorrem no
mundo dentro de si, nos seus cultos, nos templos e na
forma de tratar esses assuntos quando vem à tona.
Um fato que já não preocupa a muitos ministros e
líderes é a questão do divórcio. Muitos desses divórcios
são consensuais, fugindo totalmente do que se prescrevem
as escrituras sagradas. A igreja nunca casou e separou
tantos casais divorciados como nos dias de hoje. É sinal
claro de que está havendo também uma falta de
preparação das pessoas no que diz respeito a
relacionamentos humanos, e isso está em demasia.
Creio que isso começa na fornicação entre jovens e
adolescentes que se tornou comum na sociedade e também
em nossas igrejas. Há pastores e líderes que temem tocar
no assunto, outros já se cansaram e não sabem mais o que
fazer.
Fatos como estes, entre outros, é que nos levam a voltar
na história eclesiástica para vasculhar, pesquisar e
investigar o elo que perdemos com a igreja apostólica.
Precisamos ser confrontados pelas verdades que insistimos
não enxergar. A Palavra de Deus precisa ocupar
novamente o primeiro lugar na igreja e em nossas vidas, a
propagação do evangelho deve ser a prioridade da igreja
novamente. A verdade tem que resplandecer e os frutos
precisam ser colhidos.
Longe de nós, nos colocarmos no papel de francos
atiradores ou de críticos de plantão, queremos apenas de
maneira séria, honesta e bíblica resgatar o que está perdido
em nosso meio.
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Sabemos que é uma tarefa árdua, que custa muito,
porém, alguém precisa começar a bradar por Santidade ao
Senhor! Não podemos mais aceitar essa caricatura de igreja
em que vivemos. Infelizmente quem está se convertendo e
chegando, não tem parâmetro do certo, do original, e isso é
perigoso, pois as gerações subseqüentes terão o padrão de
cristianismo que lhes forem passados. Líderes serão
formados nesta escola e possivelmente pastores serão
ordenados sem conhecer profundamente os alicerces da
sua fé.
Somente pelo estudo profundo da Palavra de Deus é
que conseguimos enxergar a verdadeira igreja de Cristo, e
para isso acontecer precisamos ter a vontade de voltar e
encontrar o que estava perdido, mostrar aos outros o
modelo de igreja que irá morar no céu, que se assenta nas
regiões celestiais com Cristo.
Convidamos você a mergulhar neste trabalho
arqueológico espiritual, onde iremos escavar nas escrituras
e na história da igreja o verdadeiro sentido de ser A
NOIVA DE CRISTO.
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1
A Igreja e o Judaísmo
“ E naqueles dias reedificarei o Tabernáculo de Davi...”
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PARA FALARMOS de igreja, temos que conhecer o seu
princípio, o seu nascedouro, a sua essência. Para isso, é de
suma importância que levemos em consideração que a
igreja nasceu dos judeus, que Jesus era judeu, seus
discípulos eram judeus e que a primeira igreja foi
totalmente formada por membros judeus.
Jesus, apesar de nascido em Belém da Judéia, foi um
judeu criado em Nazaré na região denominada Galiléia.
De descendência da tribo de Judá, ele começou o seu
ministério aos trinta anos com era o costume da época.
Quando lemos os evangelhos entendemos que Jesus era
extremamente conhecedor das escrituras; e alguns fatos
conotam isso com bastante clareza:
11
Observando toda essa continuidade histórica, vemos
que a igreja não poderia nascer em um lugar melhor do
que Israel, tudo foi planejado e estruturado por Deus para
que isso acontecesse. A igreja não seria o que foi se tivesse
sido iniciada em outro país ou cultura.
Este conceito que herdamos de um Deus único,
onipotente, onipresente, que interage com o ser humano
sem deixar de ser Deus (3), foi revelado primeiramente e
somente a Israel. Nenhuma nação teve o
comprometimento e experiências com JAVÉ da forma
como os bene Israel (4) tiveram.
Assim, dentro deste quadro sócio-cultural e espiritual,
nasceu a igreja, contendo um forte conceito judaico, porém
com a revelação do evangelho de Jesus, O Cristo, com uma
esperança de vida eterna e com a certeza de que Ele
voltaria para buscá-la e restabelecer o cetro de Davi.
Sabemos que Jesus veio primeiro para os judeus e
deixou bem claro isso por diversas vezes, além do mais, a
fidelidade às escrituras, a disciplina na observância da
Palavra, o respeito e temor pelo SENHOR faziam com que
o evangelho fosse estabelecido primeiro em Israel e
também saísse de Israel com uma personalidade muito
forte e resistente aos conflitos religiosos e filosóficos
encontrados mais tarde por aqueles que propagaram a
Cristo como salvador e ungido de Deus nos países onde o
politeísmo era muito comum.
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Por isso temos no judaísmo ou na lei, a nossa
procedência cristã. Sem o judaísmo a nossa ética cristã não
seria a mesma; e vemos isso claramente quando o
cristianismo foi romanizado pelo imperador Constantino
(313-325 d.c), perdendo totalmente a sua personalidade
ortodoxa judaico-cristã após esse evento.
Mesmo antes disso já vemos cartas de Paulo, Pedro,
João e Tiago às igrejas e presbíteros ao redor do mundo,
exortando-os a se manterem firmes na sã doutrina de
Cristo.
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Realmente hoje, a igreja de Cristo não terá a necessidade
de observar as práticas e ritos judaicos para comprovar sua
origem espiritual enquanto comunidade religiosa. Porém,
olhando de lá para cá, vemos que realmente algo muito
importante e desconcertante aconteceu com o cristianismo.
Algo que ao longo dos séculos nos fez chegar aonde
chegamos e ser o que somos.
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“E por mais religioso que pareça, não somos o que
deveríamos ser e temos em abundancia o que não
deveríamos ter...”
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2
A Igreja Apostólica
“Estavam todos reunidos no mesmo lugar...”
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MUITA POLÊMICA tem havido em torno do termo
apostólico. Infelizmente essa confusão se dá por causa de
pessoas que se intitulam apóstolos sem realmente o serem.
O termo apóstolo primordialmente deve se referir à
igreja, corpo de Cristo; e havendo alguma inferência
humana para essa posição ou ainda ofício reconhecido
pelos homens, que seja por demonstração natural de
chamado através de obras e frutos desse apostolado; mesmo
assim tenhamos a clara idéia de que este título ou ofício
antes de tudo pertence à igreja de Cristo, Sua Noiva
Espiritual.
Humanamente, o apostolado deve ser visto em alguém
com o perfil apostólico da igreja, que cumpre as obras
destinada à igreja, que seja representante legítimo do Reino
dos Céus. Que plante, regue, cuide, pastoreie, ensine,
interceda, que batalhe no reino espiritual e sinta dores de
parto pelas almas, que seja missionário, que lance
fundamentos sólidos e que ainda esteja disposto a morrer
pela causa do Reino de Deus.
A igreja naturalmente tem esse perfil, ainda que hoje
deturpada e longe dos seus ideais, porém, mais do que um
homem, certamente a igreja tem o perfil apostólico.
Para entendermos e diferenciarmos bem a era apostólica
da igreja primitiva, com outros tempos, devemos
identificá-la em cima da história e relatos no livro de Atos
dos Apóstolos e outros livros históricos e idôneos que
descrevem o perfil desta primeira comunidade.
A primeira imagem que devemos que ter a respeito
dessa igreja é que ela era fundamentada nos ensinos de
Jesus Cristo, recebido por seus discípulos e apóstolos,
gerando nestes homens e mulheres um estilo de vida no
formato espiritual que lhes ordenou.
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“Aproximou-se dele um dos escribas que os ouvira discutir e,
percebendo que lhes havia respondido bem, perguntou-lhe: Qual
é o primeiro de todos os mandamentos? Respondeu Jesus: O
primeiro é: Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor.
Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda
a tua alma, de todo o teu entendimento e de todas as tuas forças.
E o segundo é este: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo.
Não há outro mandamento maior do que esses. Ao que lhe disse o
escriba: Muito bem, Mestre; com verdade disseste que Ele é um,
e fora dele não há outro; e que amá-lo de todo o coração, de todo o
entendimento e de todas as forças, e amar o próximo como a si
mesmo, é mais do que todos os holocaustos e sacrifícios”.
(Marcos 12: 28-33)
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não sabiam destas boas novas, e isto literalmente era
pregar o evangelho.
O foco central de vida espiritual dos primeiros cristãos
era bem simples, pois eles também eram pessoas simples.
Poderíamos compará-los com os cristãos de hoje que
residem nas áreas rurais. Pessoas simples, porém bem
resolvidas, com anseios humanos menores do que os que
vivem nas metrópoles, além de viver com grande
expectativa e fé no Senhor Jesus Cristo, passivos de crerem
literalmente em TUDO o que a bíblia descreve.
Quando olhamos para esse quadro, podemos ver uma
igreja muito saudável, que era pobre de recursos materiais,
mas rica de recursos espirituais (Ap. 2:9), diferente da
igreja atual que é rica em recursos materiais, porém muito
pobre de recursos espirituais (Ap. 3:15-17).
É o contraste entre Esmirna e Laodicéia, entre a igreja
primitiva apostólica e a igreja atual denominacional, cheia
de riquezas financeiras, mecanismos de comunicação e
entretenimento. Com muito poder político e tantas outras
possibilidades que a fariam ser a maior instituição da face
da Terra, com poder para mudar a condição do ser
humano, em todas as áreas de sua vida.
Mas, entendemos então porque não é...
Justamente porque em contra partida a essa riqueza, ela
é pobre de visão espiritual, de unção, de sensibilidade, de
humildade, de comunhão com o próximo, de santificação e
de intimidade profunda com Deus através do Espírito
Santo, assim como era a igreja dos apóstolos.
Devemos ter em mente que a igreja dos apóstolos é
ainda o modelo de igreja que o Senhor Jesus deixou em
que insistimos querer melhorar esse modelo.
O nosso melhor humano é o pior que podemos oferecer
a Deus, Ele não precisa das nossas idéias maravilhosas para
fazer de nós uma igreja com propósitos, como foi no tempo
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dos apóstolos: cheia de poder e graça, temor e unção,
evangelismo e missões, intimidade e sensibilidade.
Ele só quer de nós a submissão total como igreja, que
sigamos com simplicidade o que já está descrito na sua
Palavra, principalmente no novo testamento; que deixemos
o Espírito Santo ser realmente o nosso Consolador e Guia,
como foi nos primórdios da igreja.
É simples! É só isso!
A igreja apostólica de Jerusalém possuía características
que estaremos constantemente ressaltando, até porque é o
padrão para o acerto que precisamos.
Uma vez tratando desta matéria no Curso de
Aperfeiçoamento Teológico, um aluno ao final da explanação
do assunto, bradou ao fundo: ‘Você quer uma igreja perfeita?
Não tem como ter uma igreja perfeita, se nós somos
imperfeitos...’
Concordei com ele em relação à igreja perfeita, mas ao
mesmo tempo fiquei triste ao notar que os cristãos têm
como pesado e impossível o ser completo.
A perpetuação do modelo incompleto é tão forte, que
quando nos é apresentado o completo pela Bíblia, julgamos
isso uma perfeição. E quando julgamos que algo é perfeito,
dizemos a nós mesmos: ‘Não dá, sou imperfeito!’
A igreja dos apóstolos não era perfeita, mas era
completa!
Estamos tão distanciados da igreja completa que
quando vemos o seu perfil, a denominamos de perfeita e
nos assustamos.
Ela não era perfeita porque havia seres humanos como
há ainda hoje na sua formação. Mas era completa porque o
Espírito Santo literalmente comandava esta igreja, a ponto
de não deixar que nada pudesse macular ou desviar a
direção que Cristo deixou para ela.
Exemplo claro disso foi o de Ananias e Safira (Atos 5:1-
11), quando tentaram corromper o sistema de comunhão
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que havia na igreja. Pensaram que o seu dinheiro faria
diferença na comunidade, procurando provocar
dependência financeira da comunidade a eles.
Como a igreja era completa e quem comandava era o
Espírito Santo, Ele achou por bem lançar fora o que não
precisaria e de uma só vez, acabar com a tentativa de
corrupção do modelo apostólico, que não era perfeito, mas
completo.
“Então Pedro lhe disse: Por que é que combinastes entre vós
provar o Espírito do Senhor? Eis aí à porta os pés dos que
sepultaram o teu marido, e te levarão também a ti.
Imediatamente ela caiu aos pés dele e expirou. E entrando os
moços, acharam-na morta e, levando-a para fora, sepultaram-na
ao lado do marido. Sobreveio grande temor a toda a igreja e a
todos os que ouviram estas coisas. E muitos sinais e prodígios
eram feitos entre o povo pelas mãos dos apóstolos. E estavam
todos de comum acordo no pórtico de Salomão.” (Atos 5:9-12)
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Preencheríamos uma lista com os motivos para
consumação humana por parte do Espírito Santo, mas
como nos dias de hoje Ele não comanda, não há mais o
temor do Senhor, não há mais a Glória Kadosh entre nós,
nada por conseqüência aconteceria.
A igreja Apostólica é a nossa aferição humana para
igreja, já que no céu temos um padrão perfeito de adoração
e comunhão com Deus. Devemos procurar estudar e
conhecer melhor a estrutura simples dessa igreja, devemos
nos esforçar para copiá-la nas menores e singelas amostras
de comunhão, santificação, obediência, ética, santidade e
tudo o mais que ela tem para nos oferecer.
A igreja apostólica diferente de hoje, não teria orgulho
de ser chamada assim, até porque não havia essa pré-
concepção de igreja como entidade humana. A alegria e o
orgulho dela era ser participante do corpo de Cristo e
ainda estar dando prosseguimento à obra de redenção do
Cordeiro, através da pregação do evangelho.
Esta ‘prima eclésia’ era bem centrada nos seus objetivos,
suas metas eram com respeito ao que Jesus determinou e
nada mais. Seus anseios eram os mais puros e singelos na
forma de servir a Cristo, anunciando o Reino dos Céus,
confirmando a vinda do Messias de Israel que em
princípio entediam ser somente para os judeus, mas que o
Espírito Santo logo abriu as fronteiras desta graça aos
gentios também (Atos. 9:32-43; 10; 11:1-18) fazendo com
que a salvação em Cristo fosse estendida para toda
humanidade.
Se conseguirmos nos moldar neste modelo, ainda assim
sabendo das dificuldades que nos cercam nos dias de hoje,
poderemos com certeza chegar a tão sonhada estatura de
varões perfeitos que o apóstolo Paulo pregava.
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Infelizmente não queremos enxergar a nossa degradação
espiritual como igreja de Cristo, e era justamente isso que o
apóstolo alertava e nos alerta ainda hoje. Quatro pontos
básicos podemos enxergar nas considerações de Paulo aos
efésios:
1 - Meninos inconstantes;
Temos visto como a igreja está cheia de cristãos
inconstantes. Pessoas que não entenderam ainda o seu
papel no Reino de Deus, e por isso não possuem o caráter
de Cristo, muito menos uma postura condizente com o que
professam.
Pessoas que não estão consolidadas ou maduras, sem
experiência com Deus, que se machucam por tudo e por
nada. São invariavelmente sensíveis, não a voz de Deus,
mas a tudo que as tocam ou as atingem.
São inconstantes porque, dia sim, dia não, mudam de
atitude e de propósitos, em alguns momentos até parecem
estar cheias do Espírito Santo, mas logo depois as vemos
abatidas e necessitadas de ajuda.
A inconstância é sua marca, não amadurecem e por isso
Paulo as retrata como meninos. E por isso também são
facilmente enganadas com falsas doutrinas.
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ou pelo ouvir com fé? Sois vós tão insensatos? Tendo começado
pelo Espírito, é pela carne que agora acabareis?” (Gálatas 3:1-3)
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É assim que se comportam igrejas que pregam
prosperidade a todo custo, restituição sem limites, céu sem
santidade, o melhor desta Terra para quem não é o melhor
desta Terra...
Quando estamos neste contexto, aceitamos essas
fraudes do evangelho como verdades.
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Eis a grande diferença: O discernimento e a experiência
vêm do conhecer a Deus, o seu Reino, a Sua vontade e o
Seu coração. A falta de discernimento é demonstrada
quando se segue falsidades, mentiras, orgulho pessoal e
projetos humanos. Nisso demonstramos que não
conhecemos a Deus.
A cada dia a igreja deve correr e buscar um maior nível
de conhecimento e maturidade em Deus.
A igreja Apostólica ainda é para nós o gabarito, o
padrão de igreja que conhece e discerne o falso do
verdadeiro, que marcha para avante sem se desviar da
missão, sem deixar que apelos e visões paralelas
comprometam a sua visão de Reino.
Ela é o modelo simples, porém funcional e operacional
no reino espiritual, totalmente oposta do modelo atual que
é complexa, cheia de legislação humana e liturgias, e que
nem de longe apresenta os resultados da primeira igreja, a
dos apóstolos.
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“O nosso melhor humano é o pior que podemos
oferecer a Deus, Ele não precisa das nossas idéias
maravilhosas para fazer de nós uma igreja com
propósitos...”
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3
A Igreja e o
Efeito Sócio-Cultural
“E todos tinham tudo em comum...”
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QUANDO ESTUDAMOS a história da igreja como um
todo, na maioria das vezes não percebemos as nuances que
há na sua estrutura, pois contemplamos no passar dos
tempos somente as grandes e significativas mudanças
estabelecidas historicamente nos livros ou registros, não
enxergando as mudanças paralelas que ocorreram na
velocidade dos fatos gerais.
São como os nossos filhos que não vemos crescer, e
apesar de saber que isso está ocorrendo, somente alguém
de fora ao nosso contexto cronológico familiar, e que não
os vê diariamente, percebe com mais nitidez o crescimento
destes.
É nítido que também não enxergamos as mudanças na
estrutura eclesiástica, pois estamos arraigados dentro deste
contexto de igreja e somente por uma visão espiritual
discernida em Deus é que poderemos sentir que algo está
acontecendo.
Um dos grandes problemas (se não o principal) é o
efeito sócio-cultural sobre a vida da igreja. Ele é tão forte
nos nossos dias que temos dificuldades de traçar limites
entre o comportamento social e o espiritual. E quando isso
se mistura e não é discernido, dificilmente sentimos que a
nossa história está sendo alterada não só socialmente, mas
espiritualmente também.
A situação torna-se tão comum que não percebemos
que algo está diferente, que o rumo foi alterado.
Muitas coisas que fazíamos tendo como uma prática na
vida espiritual da igreja, não é mais sentida como
necessária para os dias de hoje, e não me refiro aos
costumes ou doutrinas, mas aos fundamentos da vida cristã
que eram executados em grande escala. Exemplo disso é o
evangelismo.
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Perguntaram-me em um seminário de evangelismo
urbano: ‘O que o senhor determina como fator principal para
não querermos (igreja) mais evangelizar as nossas cidades e
bairros? Falta de amor pelas almas? Acomodação? Egoísmo?
Não é mais a prioridade?’
Todos os que se preocupam com evangelismo e missões
fazem estas perguntas as suas igrejas e líderes, mas
recebem inúmeras respostas a este respeito, e mesmo assim
sinto que ainda assim fica um vácuo, um eco em suas
consciências: ‘Por quê não?’
Para respondermos a essa questão temos que retroceder
no tempo, voltar um pouco na história e perceber quando
isso começou.
Então poderemos chegar a algumas conclusões:
- Que a igreja deixou que as imposições sociais do
mundo se estabelecessem sobre ela também. Imposições
comportamentais, visuais, parâmetrais, comparativas, de
alto consumo humano e comodista.
- Que infelizmente esquecemos que deveríamos estar
no mundo, mas não compartilhar dos anseios egocêntricos
do mundo.
- Que a nossa função deveria ser a de influenciar o
mundo, impactá-lo com o nosso jeito Cristo de ser, causar
reflexão na diferença dos nossos valores e esperança
proposta no evangelho.
No entanto, nós, igreja, inversamente somos
influenciados pelo mundo, constantemente, diariamente.
Desejamos e temos anseios pelo que o sistema secular
propõe e sentimo-nos frustrados quando não conseguimos
o que este sistema social nos oferece. E isso vai de roupas
de grifes, marcas de calçados, último modelo de celular,
viagens, cartões de créditos, modelo de carro e etc.
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Hoje com toda a certeza, a igreja não tem forças para
resistir a esse apelo, muito pelo contrário, os púlpitos
incentivam a comunidade local a cobrar de Deus a sua
parte no negócio, afinal Ele é o dono do ouro e da prata, somos
filhos do Rei, seus herdeiros...
Com certeza isso não poderia dar em outro resultado
que não fosse a exagerada vontade que a igreja hoje tem de
consumir o que o mundo apresenta. O sintoma disso está
nos grandes moveres de restituição, de abertura de portas, do
surgimento da geração de excelência, que tem que possuir tudo
de bom e de melhor, entre outras coisas que tem ocorrido em
muitas igrejas e denominações.
Segundo essa visão, foi descoberto ou revelado algo
novo na Palavra que lhes asseguram a prosperidade eterna
nesta terra.
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“Clama a mim, e responder-te-ei, e anunciar-te-ei coisas
grandes e ocultas, que não sabes.” (Jeremias 33:3)
“Mas, como está escrito: As coisas que olhos não viram, nem
ouvidos ouviram, nem penetraram o coração do homem, são as
que Deus preparou para os que o amam. Porque Deus no-las
revelou pelo seu Espírito; pois o Espírito esquadrinha todas as
coisas, mesmos as profundezas de Deus.” (I Coríntios 2:9,10)
Deus tem algo superior para a sua igreja, que vai além
de portas financeiras, porém isso precisa ser enxergado,
precisa ser necessidade, mais do que bens e anseios sociais.
A igreja precisa perceber que está sendo enrolada pela
velha serpente e que está sucumbindo ao poderoso
argumento do Éden, entender que não precisa ser
semelhante a Deus, que tudo já está no Reino e que n’Ele,
(Cristo) e por Ele (Cristo) subsistem todas as coisas.
O grande pecado da igreja tem sido o pecado de Eva, a
necessidade de algo mais, ou seja, o que Deus tem dado e
ainda tem para dar não é o suficiente. O detalhe é que esse
algo mais, sempre será o poder social-financeiro através da
aquisição material.
33
alimento, e o corpo mais do que o vestuário?” (Mateus 6;24,25) -
grifos do autor
34
cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal. (Mateus 6: 26-
34) - grifos do autor
35
Tudo isso é possível quando o quadro social humano
vivido no mundo não tem o mesmo peso na igreja, até
porque a igreja primeiramente é uma instituição espiritual
para depois ser humana.
O nosso grande desafio como igreja não é esquecer
quem somos ou o que os outros são, mas sermos dentro do
que Cristo pregou, uma referencia de servidão voluntária,
apesar da nossa posição secular. Não deixar que a
qualificação social que nos divide em camadas e classes
sociais, faça do Reino de Deus na Terra uma grande
repartição pública ou uma unidade militar cheia de
hierarquias impostas por símbolos ou decretos
denominacionais.
O contexto social humano é muito diferente do conceito
unitário do Reino de Deus e talvez por isso a igreja tenha
grande dificuldade em manter o corpo em unidade, pois a
socialização não é voluntária e automática, mas
egocêntrica, calcada em valores de trocas vantajosas.
É por isso que queremos sempre mais do que a
sociedade secular nos oferece. Por causa da posição que
poderemos ocupar, da importância e relevância que
teremos neste contexto de comunidade. Nossos bens
adquiridos, nossa formação superior, o novo cargo que
ocuparemos numa grande empresa ou no governo, tudo
pode colaborar para o nosso crescimento social e referencia
pessoal para os outros.
É uma contramão a tudo o que Jesus pregou e ensinou
aos seus discípulos.
“... Não será assim entre vós; antes, qualquer que entre vós
quiser tornar-se grande, será esse o que vos sirva ...”
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cada um os ouvia falar na sua própria língua. E todos
pasmavam e se admiravam, dizendo uns aos outros: Pois
quê! não são galileus todos esses que estão falando? Como
é, pois, que os ouvimos falar cada um na própria língua
em que nascemos? Nós, partos, medos, e elamitas; e os que
habitamos a Mesopotâmia, a Judéia e a Capadócia, o Ponto e a
Ásia, a Frígia e a Panfília, o Egito e as partes da Líbia próximas
a Cirene, e forasteiros romanos, tanto judeus como prosélitos,
cretenses e árabes ouvimo-los em nossas línguas, falar das
grandezas de Deus. E todos pasmavam e estavam perplexos,
dizendo uns aos outros: Que quer dizer isto?” (Atos 2: 1-
12) - grifos do autor
38
Santo, invariavelmente o Noivo a apresentará ao mundo
através de atos sobrenaturais, através de moveres
espirituais genuínos e pela grande atração de almas ao seu
altar.
39
“...é preciso traçar limites entre a necessidade
emocional humana e a ansiedade consumista
imposta por este século....”
40
4
A Igreja e o
Evangelho de Cristo
“Ide, pregai o evangelho a toda criatura...”
41
“Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação
santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele
que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz;” (1
Pe.2:9)
43
surpreenderiam, quais milagres e prodígios ocorreriam
naquele dia.
É maravilhoso pensar que Filipe estava em Samaria
sendo usado com Poder e Glória...
44
“Mas um anjo do Senhor falou a Filipe, dizendo: Levanta-te,
e vai em direção do sul pelo caminho que desce de Jerusalém a
Gaza, o qual está deserto.” (Vs. 26)
45
como o eunuco, e Filipe o batizou. Quando saíram da água, o
Espírito do Senhor arrebatou a Filipe, e não o viu mais o eunuco,
que jubiloso seguia o seu caminho. Mas Filipe achou-se em Azoto
e, indo passando, evangelizava todas as cidades, até que chegou a
Cesaréia.” (Vs.37-40)
46
A igreja é chamada e comissionada para isso, não
podemos perder esse referencial. Ou pregamos ou nada
feito!
O grande legado deixado para igreja foi a ordem de fazer
discípulos em todas as nações deste planeta, batizando-os
e os ensinado a guardar as palavras de Cristo (Mt. 28:18-
20).
Anunciar as nações o evangelho, verdadeiramente é um
grande desafio para nós, porém não podemos esquecer
que é também um mandamento. Tanto do ponto de vista
salvívico, como do ponto de vista de gratidão, devemos
ver no anúncio da pessoa de Cristo uma “obrigação” cristã.
Anunciar o evangelho a toda criatura não é somente
um dom ou um chamado pessoal como o de profetizar,
falar línguas, curar, entre outros. Pregar a Palavra de Deus
é uma comissão para cada cristão e para a igreja de forma
geral. Nenhum cristão pode declarar que não tem
chamado ou não possui o dom, pois falar da obra de Deus
em nossas vidas é testemunhar a transformação que Cristo
provoca em cada homem, mulher, jovem, idoso, adulto ou
criança.
O ponto em que temos que refletir é: “O quanto
investimos no envio da Palavra para outras nações?”
Precisamos rever a nossa posição de crentes em Cristo
Jesus, no sentido de orar, preparar e enviar pessoas como
Barnabé, Paulo e Silas aos lugares distantes que ainda não
ouviram a respeito de Jesus.
Temos um alvo, que é pregar a Palavra de Deus às
nações, enviar missionários, evangelistas, pregadores,
providenciar Bíblias nas línguas dos povos não alcançados
ainda. Somos comissionados!
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tenho chamado. Então, jejuando, e orando, e impondo sobre eles
as mãos. Os despediram.” (Atos 13: 2-4)
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O apóstolo Paulo declara na sua segunda carta a igreja
de Corinto (4:3,4) que se o evangelho de Cristo está
encoberto é porque o príncipe deste mundo, o deus deste
século, está trabalhando para que as pessoas se percam
sem ouvir e entender a Palavra de Deus.
Nitidamente o apóstolo-missionário na sua época já
enfrentava dificuldades na propagação do evangelho, pois
a cultura, o dinheiro, a política, a religiosidade e outras
barreiras, muitas vezes impediam o evangelho de ser
compreendido e até de ser pregado.
Hoje ainda o problema persiste. Muitas vezes a
prosperidade financeira de alguns cristãos e igrejas, o nível
cultural, a religiosidade e questões políticas
denominacionais impedem a igreja de pregar o evangelho.
Vemos muitas denominações fazendo seus encontros
ou congressos missionários onde nada efetivamente é
mudado, nada é acrescido em relação ao passado. Muitas
promessas, projetos, mas nada muda. Os missionários na
maioria das vezes continuam desamparados, isolados,
dependendo da ajuda particular de “bons cristãos” que se
compadecem deles.
Estamos em guerra por almas e a igreja não pode se
furtar desta batalha, precisamos assumir o nosso papel.
Precisamos marchar no poder da Palavra de Deus e na
autoridade do Nome de Jesus, pois recebemos isso com
garantia de sucesso na nossa missão (Mc. 16:15-18).
Ainda ecoa as palavras que o apóstolo Paulo declarou
aos cristãos da Igreja de Roma: “Todo aquele que invocar o
nome do Senhor será salvo. Como, porém, invocarão aquele a
quem não creram? E como crerão naquele de quem nada
ouviram? E como ouvirão se na há quem pregue? E como
pregarão, se não forem enviados?” (Romanos 10:13-15a)
49
“Como, porém, invocarão aquele a quem não creram?
E como crerão naquele de quem nada ouviram? E
como ouvirão se não há quem pregue?”
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5
O Ensino da Palavra
na Igreja
“Examinai as Escrituras...”
51
“Pois assim como em um corpo temos muitos membros, e
nem todos os membros têm a mesma função, assim nós, embora
muitos, somos um só corpo em Cristo, e individualmente uns dos
outros. De modo que, tendo diferentes dons segundo a graça que
nos foi dada, se é profecia, seja ela segundo a medida da fé; se é
ministério, seja em ministrar; se é ensinar, haja dedicação ao
ensino.” (Romanos 12:4-7)
52
O Mestre não é um professor apenas, é alguém com um
dom que vai além de ensinar, alguém que consegue extrair
recursos espirituais de um “simples versículo” ou uma
breve leitura que muitas vezes já fizemos, mas não
atentamos para as riquezas ocultas que haviam no texto; e é
claro, isso é revelação do Espírito Santo, e somente os
chamados nesta área possuem esta perspectiva.
Alguns com certeza podem objetar dizendo que este
papel deve ser assumido pelo pastor, afinal de contas ele é
o anjo da igreja, tem a missão de conduzir o rebanho, de
alimentá-lo e ensiná-lo.
É verdade, essas prerrogativas são dos pastores que
Deus direciona a cada rebanho na face da Terra; mas fica
uma inquietante questão: ‘Todos os pastores são mestres?
Todos têm o dom de ensinar? E não só ensinar, mas a
habilidade de estudar, pesquisar, aprender e receber
revelações de textos bíblicos?’ Esse é o ponto que muitos
esquecem. Há realmente pastores que são mestres,
inclusive lecionam em seminários e faculdades, mas são
muitos, não são todos!
Se na falta de profecia o povo se corrompe, e com
certeza na falta de ensino também.
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aspectos, tudo ao mesmo tempo no rádio, na internet e
televisão.
Hoje mais do que nunca a igreja deve clamar pelo
ensino da Palavra, não abrindo mão do aprendizado e dos
Mestres na comunidade.
Já na Igreja Apostólica havia problemas dessa natureza,
mas os apóstolos se dedicavam em promover exortação
pela Palavra e admoestavam os líderes a não aceitarem
esses comportamentos na igreja de Cristo.
58
Porém, hoje a igreja tem carecido muito de Pastores-
Mestres ou Mestres-Pastores, a maior necessidade é o
ensino, o conhecimento. Uma igreja conhecedora do seu
papel é vencedora, é livre, é santa, possui comunhão, é avivada,
madura e completa, pois o Espírito Santo dirige metas, planos e
propósitos dessa igreja. Ela terá sempre a prioridade de Deus
em seus planos, não porque Deus gosta mais da igreja A e
não se preocupa com a igreja B, mas porque a igreja A tem
característica de Noiva Cristo, de eclésia prima, de corpo
ajustado, com visão apostólica, enquanto a igreja B tem
outras prioridades, como promoção de eventos sociais,
aniversários de departamentos, reuniões especiais para
pessoas influentes na comunidade, cultos de vitória, de
restituição, de casamento, de empresário, quebra de
cadeias e o que mais a mente humana puder criar. -
Sempre haverá uma diferença de resposta divina entre
esses modelos de igrejas. Isso faz a diferença com Deus!
Deus só pode trabalhar no sobrenatural com igrejas
preparadas para agir no sobrenatural, Ele só fará milagres
em igrejas que se preparam para receber e ver os Seus
milagres. Acrescentará almas às igrejas que se preparam e
clamam por almas, traz santidade quando a igreja se
arrepende em temor e santidade; prospera o seu povo
quando este se mostra maduro para permanecer fiel com
ou sem meios financeiros e poder social, sendo
despenseiros de Deus nesta Terra, investindo em sua vida
para Ele.
Que mover maravilhoso é, quando a igreja está
preparada para agir no sobrenatural de Deus!
Tudo isso com certeza ocorre quando a igreja se
preocupa em obedecer as diretrizes de Deus. Sempre há
cura e libertação pela Palavra revelada, quando a nossa
felicidade é gerada pelo cumprimento da vontade d’Ele.
A felicidade da Igreja deve estar no entender e atender
o coração de Deus, e isso verdadeiramente ocorre quando
59
examinamos com diligencia a Sua Palavra, quando cada
cristão separa tempo para estudar as Escrituras, quando a
igreja se envolve em seminários bíblicos periódicos,
gerando crescimento e maturidade espiritual.
Quando esta postura for regra e não exceção para a
igreja, ficaremos livres também dos falsos profetas e falsas
doutrinas, pois a Palavra é apta para discernir as intenções
do ser humano (Hb.4:12,13) e nos ensinar a discernir coisas
espirituais e coisas carnais.
É tradição da igreja possuir Mestres ou Doutores como
ofício e dom espiritual, não podemos abrir mão de formar
e pedir a Deus por pessoas com essa característica.
Precisamos dos Mestres no nosso meio para nos orientar e
ensinar a Palavra de Deus, assim como precisamos do
pastor, do profeta, do evangelista e outros.
60
perdendo a essência do seu ensinamento, e além dos
apóstolos comissionou e chamou homens como Paulo,
Barnabé, Silas e Apolo para fazerem a diferença no
restante do mundo. Portanto a igreja é ensinadora em sua
herança, no DNA espiritual da eclésia há fortes traços de
ensino que não podem ser perdidos.
61
“A felicidade da Igreja está em entender e atender o
coração de Deus, e isso ocorrerá quando examinarmos
a Sua Palavra com diligencia..”
62
6
Discípulos
&
Discipuladores
“Ensinando-os a guardar tudo...”
63
“Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-
os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os
a observar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu
estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos.”
(Mateus 28:19)
65
seguidor, aluno; alguém que vive os ensinamentos ou
doutrinas de alguém, que segue uma pessoa, confiando
nas palavras e visão que lhe é característica.
Como conseguimos pregar a pessoa de Jesus, falar da
Sua salvação, entoar louvores ao nome d’Ele, mas não nos
identificarmos intimamente como seus discípulos?
Virtualmente somos seus discípulos, mas na concepção
mental e espiritual não nos vemos e nos comportamos
desta forma, e isso porque ao nos convertermos ou nos
doutrinarem, nunca percebemos a importância desta
conexão para a nossa identidade cristã.
Como isso aconteceu?
Simples! O evangelho dos apóstolos e discípulos era
genuíno, vivido dentro da perspectiva dos ensinamentos
diretos de Cristo, hoje, porém tudo isso está terceirizado
pela teologia contemporânea dos grandes arautos da
modernidade, pela estrutura corrompida que herdamos do
romanismo, e até mesmo da reforma protestante que serviu
de caminho político para muitos príncipes e reis na época
se libertarem do jugo papal na Europa.
Ninguém hoje, no seu novo nascimento e batismo ouve:
“Você agora é seguidor de Cristo, discípulo d’Ele, procure imitá-
lo em tudo, Ele é o seu ícone, a sua aferição de caráter para uma
vida espiritual plena...”
É comum vermos classes de preparação para batismo
fazendo uma verdadeira lavagem cerebral nos novos
convertidos, instruindo-os a considerarem a doutrina
eclesiástica denominacional acima de tudo, levando cada
novo membro a conhecer as diretrizes da sua
denominação, seus estatutos, sua forma de governo, o
quanto devem ser fiéis, submissos e desejosos de serem
recebidos pela instituição.
Não me admira a maçonaria estar na maioria das
denominações evangélicas; a forma de governo e gestão é
idêntica. O crivo é paralelo, as exigências são primas e a
66
fraternidade corporativista está acima do seguir a Cristo,
excetuando os ritos de iniciação e passagem que esta
possui nos seus graus de ascensão.
É preciso ver o discipulado com seriedade e
profundidade, é necessário retornarmos a visão prioritária
de seguir a Cristo, não virtualmente, mas literalmente.
Deixando em segundo plano a questão institucional,
colocando em primeiro plano a figura de Jesus Cristo na
vida de cada cristão.
Com certeza isso acontecendo, haverá uma mudança
radical no caráter da igreja, haverá uma influencia simples,
porém pura e poderosa sobre as pessoas. Muitos
verdadeiramente mudarão de vida, serão novas criaturas
mesmo tendo pouco tempo de igreja. Os que possuem
obras carnais como a mentira, não mentirão mais. Os que
têm fraqueza em comprar e não pagar ou compulsividade
com cartão de crédito, arruinando suas vidas financeiras,
por influência espiritual do Cristo passarão a se controlar e
serão íntegros socialmente. Os que se ressentem e
respondem com mágoa, dissensão, ira e disputas, com
certeza serão libertos nessa área pelo Espírito de Deus.
Tudo isso é possível, se entendermos o processo do
discipulado na pessoa de Jesus Cristo. Ser discípulo d’Ele é
ter verdadeiramente vida nova, isso porque Ele se
encarrega de nos ajudar a matar o velho homem.
69
Que fique bem claro que nada substitui a presença e a
figura do pastor da igreja, a configuração do discipulado
visa melhorar o crescimento dos novos na fé, dar
responsabilidade aos maduros e diminuir a carga pastoral
que na maioria das vezes sobrecarrega o ministério.
71
“A igreja que prevalece é a que possui discípulos de
Jesus Cristo, que segue a Sua palavra, que mantém a
Sua presença, que leva vidas a viver a plenitude do
evangelho...”
72
7
Antigas e Novas
Denominações
“Não se deita vinho novo em odres velhos...”
73
UM DOS DESAFIOS que a igreja tem, é tratar nestes
dias a grande diáspora espiritual que temos vivido através
da fragmentação denominacional. Um mundo de novas
igrejas, com novas visões tem surgido, e em particular no
Brasil, a cada momento e em cada esquina.
São pentecostais, neo-pentecostais, avivadas,
carismáticas, renovadas, e outras tantas nomeclaturas que
nos levam a pensar qual será o nosso papel nestes últimos
dias: proclamação querigmática (4) ou disputa territorial,
onde uma igreja literalmente abre as portas em frente a
outra?
Participava de um debate (que refuto na maioria das
vezes como pouco producente para os cristãos) em uma
grande emissora de rádio FM do Rio de Janeiro e a pauta
que surgiu aos olhos dos debatedores fora a constatação do
senso do IBGE sobre o grande crescimento dos evangélicos
no Brasil. A notícia festejada pelo mediador do programa e
reforçada pelos colegas da mesa, levou-me a refletir o que
tínhamos a nossa frente: se era um caso de crescimento
genuíno do evangelho ou se na verdade era as nossas
igrejas se dividindo em facções insatisfeitas formando uma
nova denominação de igreja?
Quando chamei a atenção para a análise do nível de
qualidade desse crescimento, me pareceu que tinha jogado
um balde de água fria na fogueira dos meus colegas
debatedores.
A verdade é dolorosa! A grande maioria dessas igrejas
que 'nascem', na verdade não vem de uma frente
missionária ou de um trabalho evangelístico de anos. A
grande parte vem de divisões ministeriais, saídas das
igrejas históricas ou tradicionais, e mesmo hoje, há uma
crescente parcela de dissenção de igrejas pentecostais
também.
74
O nosso 'crescimento' tem sido à custa do
desmantelamento de igrejas estabelecidas por anos em
seus bairros ou cidades e que por algum motivo deixou
brechas na sua membresia. A nossa ascensão como
sociedade evangélica tem um preço, e esse preço está
sendo pago por causa da ineficiência da igreja ser
verdadeiramente uma IGREJA VIVA.
Seria muito fácil abordar e indicar as questões de
facções, pois é um tema crescente entre líderes que foram
divididos em suas lideranças, porém ao tratar disso
devemos com muito critério analisar primeiro o estado
atual das nossas igrejas 'tradicionais, históricas e
pentecostais'. - Como estão as perspectivas de crescimento
dessas igrejas? Algumas com mais de 30 anos de
organização não chegam a cem membros. Outras com
sessenta ou setenta anos tem no seu histórico marcas de
desvios de seus líderes, oficiais e obreiros, e ainda outras
por anos se deixaram manipular por uma cúpula de
maçons que nada mais queriam além de uma faixada
religiosa para viverem na sua fraternidade (sociedade
secreta).
76
início a uma cruzada evangélica rumo ao melhor desta
Terra. Nasce então no Brasil o evangelho da prosperidade!
É claro que fomos apadrinhados nesta teologia pelos EUA,
nação rica e abastada em todas as áreas. Onde a moeda é
forte, o poder bélico é o maior do mundo e a ONU tem o
seu altar para as nações se encurvarem em solo americano.
País que tem os ministérios evangélicos mais prósperos
com os tele-pastores mais populares do mundo. Realmente
eles são referência!
O que depõe contra eles, é que apesar de tudo isso, a
algumas décadas passam por uma crise de apostasia
nacional, onde gerações de crianças que oravam ou liam
passagens da Bíblia ao chegar na escola, hoje lêem trechos
de Hary Potter, Barney (o dinossauro roxo) ou fazem
alusão ao amiguinhos imaginários (leia-se demônios
familiares) quando estão em sala de aula.
A igreja brasileira foi assistir as vídeo-aulas americanas,
na revolta contra a falta de prosperidade e vida em
abundancia prometida por Deus, ignorada pelo modelo
eclesiástico de então. As novas denominações trouxeram
uma certa esperança aos fiéis no que tange a ser uma
pessoa melhor socialmente e financeiramente, já que
espiritualmente as pentecostais e históricas se orgulhavam
em serem experts.
Hoje temos uma sopa de letrinhas no Reino Evangélico
de Deus, onde muitos se perguntam:
'Quem está certo?'
'Quem exaustivamente pede dinheiro ou quem faz
alusão ao destino de Deus na Sua Soberania?'
'Quem está certo?'
'O que diz que estamos predestinados ao céu ou quem
afirma que o nosso nome está no livro da Vida, mas se
escorregarmos Deus apaga?'
'Quem está certo?'
77
'O que prega que sem o batismo do Espírito Santo
(defina-se falar línguas) não iremos para o céu ou o que diz
que todos iremos para o céu, pois não há inferno?'
'Quem está certo?'
'Os que pregam que Jesus levou todas a minhas
maldições na cruz ou aqueles que dizem que tenho que
fazer quebra de maldições?'
'Quem está certo?'
'Os que dizem que este é um tempo de adoração
extravagante ou os que definem que este é um tempo de
evangelizar as nações?'
'Quem está certo?'
'Quem está certo?'
'Quem não está certo?'
Este fenômeno que ocorre com a igreja evangélica no
Brasil é pauta de estudo para sociólogos e sociologia cristã,
que tentam encontrar a causa social para isto, quando na
verdade suplantamos à questões sociais e enxergamos
questões espirituais, pois o social é uma conseqüência do
espiritual mal direcionado durante anos nesta extrema
esquerda.
O que ocorre é que há uma certa semelhança com o
quadro político do Brasil, que durante anos foi governado
pela direita, com forte oposição da esquerda, que hoje é
governo e sofre oposição da direita.
Paralelamente a igreja teve a sua imagem sempre
vinculada a pobreza voluntária, a falta de apego aos bens
de consumo, a simplicidade e auto-satisfação na condição
de vida. Hoje, na visão teológica neo-pentecostal, temos
que possuir o melhor desta Terra, pois Cristo conquistou
todas as sortes de benção nas regiões celestes. Eles fazem
dura oposição a auto-comiseração pentecostal, declarando
que este tipo de vida não vem de Deus, pois todos os seus
filhos devem ter uma vida de excelência.
78
Por outro lado também ocorre uma oposição
pentecostal e tradicional que criticam duramente este
evangelho social, de benefícios, de prosperidade; declarando
carnalidade nesta concepção de vida.
Na verdade o que observamos nestas vertentes da vida
piedosa x melhor dessa vida é que o nosso evangelho está
desconfigurado em todas as duas doutrinas. Alguns
entendem que houve evolução pois as igrejas tem estado
“cheias ou avivadas”, que estamos vivendo um tempo de
geração de Elias, Samuel, João Batista ou quantos profetas
servirem de ícones para estes.
Outros porém, entendem que há uma maquiagem bem
feita, onde quem chega na igreja, pensa que ali é o melhor
lugar para se estar, a igreja perfeita, a noiva adornada e
pronta para o Cordeiro, mas quando convivem percebem
(ou não) que há lacunas nas suas necessidades espirituais.
A bem da verdade o que ocorre hoje na esmagadora
maioria da igrejas, independente de visão ministerial, é
que após três curtos meses, os que chegaram (leia-se, ex-
membro de outra denominação) começam a ver a
maquiagem da noiva cair e reconhecer que ela não está tão
bonita como imaginavam. Com oito meses enxergam
deficiências e vícios carnais. Com um ano a vontade é de
procurar outro lugar ou ir simplesmente embora.
Seria uma grande hipocrisia não enxergar a quantidade
de pessoas que migram de ministério para ministério, que
ficam cinco anos em um lugar, três em outro, quatro em
outro e ainda assim não se encontram. O pior, é que a
cada ida e vinda dessas pessoas, há um desgaste na
estabilidade espiritual, social e psicológica.
Isso é uma realidade da igreja brasileira, estamos
vivendo isso!
Precisamos de vinho novo em odres novos e estamos
colocando vinho novo em odres velhos ou misturando os
79
vinhos de maneira simplista, entendendo que esta nova
fórmula irá revolucionar o sabor do vinho.
Precisamos compreender que na verdade não há nova
fórmula, mas sim um renovo de paladar de quem
experimenta o vinho.
Nesta relação de renovo, criamos novas reuniões e
novos cultos, aliás gostaria que um dia alguém explicasse o
culto de libertação, o culto dos empresários, o culto (ou sessão)
do descarrego, o culto das mulheres, da família, dos adolescentes,
o encontro dos vasos e tantas fórmulas que visam melhorar a
intimidade da igreja com Cristo (?).
Precisamos deixar de ser arrogantes, compreendendo
que as nossas novas fórmulas irão revolucionar o Reino de
Deus ou que a tradicional fórmula é a solução para o
evangelho ser respeitado e vivido entre os novos cristãos.
Nada disso é verdade! As duas fórmulas não são originas.
Não adianta sínodos e presbitérios ficarem emburrados por
causa de dança profética, achando que esta prática corrompe
o papel da igreja, muito menos as igrejas pentecostais
criarem cultos de vitória, avivamento, entre outros para
arrebanhar as pessoas. A situação está muito além disso.
Este comportamento extremista é a causa de se
chocarem e não dar certo: realidades extremas, sem
parâmetros espirituais, totalmente controlada por
necessidades humana, por voz de comando de homens,
que de ambos os lados têm a egocentria denominacional
ou pessoal como marca. Interessante é que a tendencia será
aparecer alguém com mais uma renovação espiritual,
declarando a necessidade urgente, e quem vier com
alguma visão nova a partir do que está estabelecido
também pagará por isso, pois estará acrescentando alguns
quilômetros a mais neste desvio espiritual, além de atrasar
o crescimento de muitos.
A igreja apostólica é a referência, continua sendo e
sempre será a referência. Não podemos simplesmente
80
entender que os tempos são outros e por isso devemos
mudar. A questão da igreja apostólica vai além de tempo e
geografia, precede no céu, na vinda do Espírito Santo para
a igreja e na manifestação de Poder e Glória sobre os atos
apostólicos.
No modelo do Espírito Santo o vinho novo (renovável)
é sempre o melhor, a manifestação será sempre
surpreendente, nunca havendo coação ou inibição de
conduta, pois o Filho nos libertou para sermos
verdadeiramente livres, não praticando as coisas por
medo, doutrina ou retaliação.
O que ocorre conosco hoje no crescimento
denominacional é que muitas vezes criamos um novo
modelo velho , onde repetimos os velhos erros com nomes
novos. É importante entendermos que a igreja precisa se
alinhar com caráter de Cristo, receber pelo Espírito Santo
uma nova diretriz de vida, uma nova percepção de
sociedade, de valores e de bens. Não simplesmente uma
reação espiritual, mas acima de tudo uma constatação de
quem somos, e por saber quem somos, entender o que
verdadeiramente possuímos em Cristo.
O pensamento renovado pelo Espírito é vinho novo, e
não precisamos sair de onde estamos para o renovo
acontecer, simplesmente devemos desejar que isso
aconteça conosco ao invés de nos distanciarmos da triste
realidade em que estamos vivendo.
A igreja da era apostólica mudou o seu tempo, sem
permitir que mudassem a sua direção ou postura, e o seu
segredo era justamente renovação de pensamentos pelo
Espírito Santo.
“Com grande poder os apóstolos davam testemunho da
ressurreição do Senhor Jesus, e em todos eles havia abundante
graça.” (Atos 4:32)
81
Toda vez que a igreja não for renovada pelo Espírito e
isso durar muito tempo, a tendencia será uma nova
direção humana, fora da estrutura já estabelecida, a solução
viável será sempre a criação de novos ministérios ou novas
igrejas. Infelizmente esta tem sido na maioria das vezes a
fórmula do crescimento da igreja evangélica. Com cismas e
litígios espirituais, com desgastes, inimizades, porfias,
dissensões, heresias, iras, pelejas, facções e todas as obras
da carne juntas (Gl.5:16-21). O pior disso é que
transformam igrejas em verdadeiras franquias fast-food,
abrindo uma em frente a outra, numa clara alusão a
concorrência mercantil. Isso não é um exagero em
metrópoles como Rio e São Paulo, onde muitas vezes
igrejas que compartilham do mesmo nome (que é o caso de
uma grande denominação pentecostal) disputam
territórios e fiéis como se fossem lojas comerciais ou
restaurantes.
“Se alguém ensina outra doutrina e não concorda com as
sãs palavras de nosso Senhor Jesus Cristo, e com o ensino
segundo a piedade, e´enfatuado, nada entende mas tem mania
por questões e contendas de palavras, de que nascem inveja,
provocação, difamações, suspeitas malignas, alterações sem fim,
por homens cuja mente e pervertida, e privados da verdade,
supondo que a piedade é fonte de lucro.” (1 Timóteo 6:3-5)
Através disso enxergamos de maneira fria e lamentável
que a igreja não tem crescido, na verdade tem se
espalhado; sem unidade, fragilizada, magoada,
preocupada mais em pregar contra as outras
denominações do que ganhar almas e libertá-las. Movida
de profunda vontade de crescer financeiramente,
mostrando a todos que é abençoada por Deus tanto
quanto as outras. Promovendo todo o tipo de proposta
espiritual que possa atrair as pessoas (na esmagadora
maioria crentes) à sua congregação e acima de tudo, se
82
distanciando cada vez mais do alvo e da missão que é
alcançar Cristo, a esperança da Glória.
“ Porque o amor do dinheiro é raiz de todos os males; e
alguns nessa cobiça, se desviaram da fé , e a si mesmos se
atormentaram com muitas dores. Tu, porém , ó homem de Deus,
foge destas cousas; antes segue a justiça, a piedade, a fé, o amor,
a constância, a mansidão. Combate o bom combate da fé. Toma
posse da vida eterna, para a qual também foste chamado...”
(1Timóteo 6:10-12a.)
É importante entender que a análise não é sobre
unidade a todo custo ou o quão horrendo é abrir uma igreja
com nome e doutrinas diferentes. Nossa perspectiva vai
além disso, até porque a maioria das denominações saíram
de um movimento central: Reforma protestante gerando o
Luteranismo, esta fortalecendo o Calvinismo que gera a
igreja reformada, de onde vem os Presbiterianos, Batistas e
Congregacionais, que geraram direta e indiretamente a
Assembléia de Deus, que por sua vez gerou os neo-
pentecostais e comunidades evangélicas espalhadas por
este País.
Não queremos e não vamos vestir a armadura das
cruzadas, buscando a Terra Prometida, entendendo que
nunca poderíamos no separar doutrinariamente.
Queremos sim, compreender que hoje estamos longe, bem
longe desta realidade medieval protestante, pois o nosso
aspecto e motivação não tem sido ideológico ou espiritual,
como foi o caso da reforma. Notoriamente nossa motivação
é territorial, e neste sentido, estamos no mínimo
equivocados ao entendermos que devemos alargar as
tendas em terreno já habitado.
Interessante é que não vemos esse mesmo ardor para
crescimento em locais ermos ou longínquos. Não vemos
nenhum visionário do Sudeste ou Sul, da geração de Elias,
Samuel, João Batista abrindo igreja em Corumbiara
83
(Rondônia), no Oiapoque (Amapá) ou em Atalaia do Norte
(Amazonas) na divisa com a Colômbia.
Ao final, compreendemos que a verdade é clara: os
aspectos que adotamos para o crescimento do Reino são
nossos e não do Espírito Santo. A visão que possuímos é
social, mercantilista, egocêntrica e maniqueísta.
Não há nada de espiritual nos nossos slogans e letreiros
de neon. Não há compromisso de crescimento vertical,
rumo ao Trono de Deus, muito menos na horizontal, rumo
ao coração da humanidade, pois perdemos a mensagem da
cruz na velocidade da ganância e cegueira de
perpetuarmos o nosso reino denominacional.
Que se levante uma geração apostólica (sem patronos
humanos) à semelhança da pureza de Jesus Cristo que só
queria anunciar o ano aceitável do SENHOR.
84
“A questão da igreja apostólica vai além de tempo
e geografia, precede no céu, na vinda do Espírito
Santo para a igreja e na manifestação de Poder e
Glória sobre os atos apostólicos.”
85
8
A Igreja e as portas
do Inferno
“Eis que vos dou autoridade e poder...”
86
“ Também eu te digo que tu és Pedro , e sobre esta pedra
edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão
contra ela. Dar-te-ei as chaves do reino dos céus: o que ligares na
terra terá sido ligado nos céus; e o que desligares na terra terá
sido desligado nos céus.” Mateus 16:18,19
87
além, muito além e a maioria de nós não tem a percepção
real disso.
A igreja tem um papel que sobrepõe aos cultos
dominicais no templo. Adorar por adorar é perder (ou
nunca ter tido) o foco de ser a continuidade do céu na
Terra. Estar nas fileiras de bancos em cultos nominativos
(vitória, libertação, restituição e outros), é simplesmente
prosseguir na religiosidade tradicional da maioria.
As portas do inferno que Jesus alude não é
simplesmente uma manifestação física em alguma pessoa
ou vizinho, não é um centro afro-espírita ao lado da nossa
igreja, muito menos um baile funk ou a sonora roda de
pagode no horário de culto. A visão de Jesus, na
perspectiva empregada neste texto, vai além do que
pensamos e determinamos. As portas do inferno estão
cuidando de situações MACRO, de magnitude nacional e
mundial enquanto a igreja se preocupa com o baile funk da
esquina ou com o vizinho barulhento.
Quando pensamos em portas do inferno temos em
mente algo como um incomodo diário na vida do crente ou
uma relação de batalha espiritual esquizofrênica e mal
resolvida entre o bem e o mal. O apóstolo Paulo sabia bem
desta perspectiva e a relacionou para a igreja de Éfeso,
declarando aos cristãos daquela comunidade que a luta
deles (e nossa também) no que concernia as situações
adversas ao estabelecimento de uma vida digna e
agradável para nós e nossa família, não era contra os
governantes ou seres humanos, mas contra poderes
invisíveis que maquinam e planejam estratégias
inteligentes ao longo de séculos, apoderando-se muitas
vezes dos destinos de nações, povos e pessoas.
“Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais
estar firmes contra as astutas ciladas do diabo. Porque não temos
que lutar contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os
88
principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas
deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares
celestiais.” (Efésios 6:12,13)
O apóstolo em compreensão ímpar desvenda a
verdadeira face das portas do inferno, onde cada momento
social difícil de uma cidade ou País, cada ato de violência,
de descaso humano ou falta de valorização a vida, foi
altamente planejado e aguardado até então. Nada por um
acaso (...) Ninguém entenda que é simplesmente uma
questão de política social, falta de presença do Estado,
corrupção dos políticos ou situações genéricas do nosso
dia-a-dia brazilis-tupiniquin. As portas do inferno estão
abrindo de tempos em tempos uma filial em bairros,
municípios e cidades.
Na inoperância da igreja e na cegueira humana, o
inferno avança em velocidade cada vez maior rumo ao
caos humano. Acompanhamos em jornais, revistas e
televisão o processo de deteriorização da sociedade; o
homossexualismo em moda, com novelas fazendo natural
apologia a prática; a associação mundial de saúde
retirando o homossexualismo da categoria de doença e
distúrbio psíquico-emocional, trazendo a essa situação o
status de livre escolha pessoal ou orientação sexual. O
congresso nacional brasileiro está aprovando uma série de
leis que impedem o pensamento teológico a respeito do
assunto, ou seja, pastores não poderão orientar
sexualmente a sua membresia, pois correm o risco de
serem processados por descriminação em caso de associar
as pessoas ao estado natural de macho e fêmea, enquanto o
homossexualismo será a cada dia mais divulgado e
encenado em novelas, filmes e teatros, influenciando e
orientando gerações.
90
Onde a igreja evangélica do Rio de Janeiro estava
quando na câmara de vereadores o sr. Jorge Babu, então
vereador, propôs o projeto de lei para haver um feriado
municipal em homenagem ao santo? O que a igreja estava
fazendo? Campanhas de restituição? Quebra de
maldições? Culto de libertação? Ou assembléia
extraordinária para resolver a cor que se pintaria a parede
do templo, ou ainda o valor do salgadinho vendido na
cantina?
As portas do inferno sempre prevalecerão quando a
igreja se esquecer que não pertence ao mundo, mas está no
mundo! E sendo assim, temos, gostando ou não, que
muitas vezes interferir nos processos políticos, sociais e
espirituais do estado e da nação, sem o prejuízo de mais
tarde nos encontrarmos em arapucas políticas que
prejudicam a igreja e o cristão.
Segue abaixo o processo de legitimação do feriado em
questão (6):
Memorando enviado pela Câmara ao Prefeito do Município do RJ
91
Lei aprovada e publicada:
92
Não adianta reclamarmos da queima de fogos as quatro
da manhã no dia 23 de abril, muito menos murmurar
contra os fiéis do santo. Eles, como o apóstolo Paulo
declara, estão cegos no seu entendimento e precisam da
igreja para lhes anunciar o ano aceitável do SENHOR. O
povo que anda em trevas deve ver brilhar a grande luz de Cristo
que está sobre a igreja.
A nossa luta não é temática ou focal, a nossa batalha é
global, e por ser desta forma devemos estar em alerta, e a
única forma de nos ligarmos a isso tudo é estarmos
presentes na sociedade, na forma de entidade espiritual
evangelizadora, como virgem prudente, aguardando a vinda
do noivo, com a chama acesa, cheia de azeite e consciência
espiritual (Mt.25:1-13).
Muitos, quando se abordam estes fatos, declaram que
tem mais com o que se preocupar, que a igreja não pode
instalar um tribunal medieval caçando o direito de
liberdade de culto do semelhante.
Ouvindo estes de forma racional, até lhes damos a
razão no que diz respeito ao direito de culto e religião,
porém o tema em sua essência não trata do culto ou
escolha religiosa de cada cidadão, mas do que acarreta no
reino espiritual essas ações democráticas. Em como afeta
espiritualmente a nossa geografia tão marcada por
entidades místicas, carnaval, halloween (importado dos
EUA) e outras festas pagãs.
Possuímos dez feriados nacionais (7), destes, cinco são
de cunho religioso pagão. Nos feriados estaduais, em cada
dois, um é religioso (Católico ou afro-espírita). Nos
feriados municipais, são centenas por todo o País.
Excetuando os aniversários das cidades, mais da metade
deles fazem alusão a religiosidade pagã brasileira, que com
certeza não inclui o dia da Bíblia, o dia da Reforma
Protestante, o martírio dos Huguenotes (cristãos franceses
93
calvinistas) que foram assassinados no Brasil no século
XVIII, entre outros.
Infelizmente não há na mente dos cristãos um
entendimento apropriado de que não é somente um
feriado, mas muito além disso, é uma demarcação
territorial, uma guerra de altares por geografias e pessoas.
Não é simplesmente uma alusão democrática religiosa, mas
uma cobertura espiritual de castas demoníacas e potestades
que perpetuam o poder nas cidades, estados e nações
através de atos legais concedidos por moradores e
cidadãos.
A igreja precisa estar presente nessas horas sim! Ela não
pode se conformar com imposições politiqueiras,
entendendo que é assim mesmo, sempre foi assim e
sempre será(...) Precisamos arvorar a bandeira do Espírito
Santo sobre as nossas cidades , precisamos erguer as
nossas vozes, não como mero protesto político, mas como
autoridade espiritual nesta nação brasileira, como
embaixada do Céu aqui na Terra, como autoridades do
Reino de Deus, da pátria celestial, da Sião, lar dos remidos.
O nosso maior compromisso enquanto igreja não é
fazer simplesmente oposição, isso seria um papel
meramente político. O nosso legado é restringir as ações
do inferno nos nossos bairros, municípios, estados e
nações. Não deixar as portas do inferno possuir as nossas
cidades, pois é através dessas ações sociais, políticas e
religiosas, é que se destrói igrejas e ministérios, que se
toma espiritualmente uma geografia, tornando-a um local
de difícil acesso espiritual, onde muitos ministérios se
chocam em barreiras invisíveis, impedindo-os de crescer,
evangelizar, avivar-se e consolidar-se.
Possuímos experiencia ministerial nesta nação, de
Norte ao sul deste País; e é clara a impotência da igreja em
diversas cidades. É nítida a impotência de denominações e
ministérios em provocar mudanças nas cidades, nos
94
bairros, nas pessoas, nos costumes. Quando questionamos
a dificuldade de penetração da igreja na sociedade local
recebemos a explicação do quanto é difícil, de como o
diabo cega as pessoas, de como a idolatria arrasta
multidões à ignorância e entorpecimento espiritual, de
como a igreja e lideranças são atacados, sem poder de
reação.
É claro! Décadas, séculos de legalidades geográfica...
Como reagir com eficácia nestes lugares?
Somente com uma visão aberta para o mundo invisível
é que conseguiremos rever os nossos conceitos de batalha
espiritual que é totalmente passiva, e começar a correr
atrás do prejuízo de décadas em que somos afligidos pelas
castas e potestades locais.
A igreja recebeu um legado: a autoridade espiritual que
Jesus um dia nos outorgou. Temos que utilizar essa
autoridade com ousadia e sabedoria, devemos empunhar o
estandarte de Cristo sobre nossas cabeças, declarando que
é chegado o Reino de Deus sobre as nossas cidades.
Podemos e temos a obrigação de provocar libertação
regional, em bairros e cidades. Não podemos entender que
autoridade espiritual é só para expelir os demônios nas
pessoas, que essa prática é o chamado da igreja no que diz
respeito a confronto de poderes. Essa ação de libertação
pessoal é apenas o começo, uma reação na verdade. Não
podemos ficar satisfeitos porque em um culto de libertação
expelimos umas casta de demônios em um pai-de-santo ou
encostos de algumas pessoas. Isso não é ministério de
libertação ou de libertadores, isso é somente demonstração
de autoridade pessoal de alguns cristãos. A igreja tem
mais, muito mais para fazer, e pode fazer!
O papel da Noiva de Cristo é provocar libertação social,
cultural, política, é essencialmente mudar a humanidade
local através de uma compreensão profunda do poder que
lhe foi confiado para modificar o seu entorno comunitário.
95
O poder e autoridade espiritual do cristão deve ser em sua
existência uma condição natural, conseqüência da sua vida
com Deus, do entendimento amadurecido do seu papel no
Reino espiritual.
96
Entendemos que esta autoridade é intrínseca nos
cristãos quando estes estão em posição de combate, com toda
a armadura de Deus, em verdadeira prontidão espiritual.
Diante disso, podemos enxergar então o desnível de
poderes que há no mundo invisível; o inferno se
especializando, com pós-doutorado em roubar, matar e
destruir, enquanto a igreja, passando os seus dias
fabricando problemas (factóides) espirituais ou fatos
sociais que a afastem mais ainda da sociedade, e isso é um
contra- censo, pois nunca a sociedade de consumo (roupas,
carros, jóias, cartões de crédito, celulares, marcas famosas)
esteve tão presente na vida da igreja como nos dias atuais.
Dizemos como igreja, que devemos nos afastar do mundo,
mas na verdade, o sistema social está tão arraigado em nós
que não possuímos condições espirituais para provocar a
tão esperada libertação geografia social ao nosso redor.
Precisamos nos libertar primeiro!
Entendemos que o cristão como membro do corpo não
possui saúde suficiente para promover mudanças nem
mesmo em sua própria vida, família e igreja. Não possui
capacitação espiritual para realizar o mínimo, o pessoal,
que é se libertar em diversas áreas, transformando-se em
uma agente de libertação para o mundo.
Por outro lado, para isso ocorrer precisamos também
nos libertar do jugo eclesiástico denominacional que na
maioria das vezes vai além do grau de importância do
Reino de Deus para nós. Nos libertar desse jugo que
aprisiona o cristão na eterna meninice espiritual, que nos
consome emocionalmente, nos trazendo comportamentos
de crianças de jardim de infância, gritando ou chorando:
'- Tia, Ele pegou o meu ministério!'
'- Tia, ela falou que eu sou feia! '
'- Tia, ele disse que eu não vou receber benção!'
'- Também, não gosto mais de você! Vou sair dessa igreja...'
97
E por fim, nos libertar da falsa sensação dominical de
dever cumprido. E isso ocorre quando não possuímos vida
eclesiástica a semana toda, mas tentamos compensar nos
esforçando para estar na Escola Bíblica pela manhã e claro,
a noite no culto da Família.
Isso é religiosidade aguda! É um sério diagnóstico de
prisão espiritual, que em alguns casos, torna-se pior do
que possessão demoníaca. De qualquer forma, carece de
libertação!
Precisamos nos libertar para libertar o mundo,
precisamos nos comprometer mais com o céu nas batalhas
espirituais ao nosso redor, para que possamos como igreja
comprometer as pessoas com Cristo, mudando não só suas
vidas, mas na conseqüência das ações, transformar suas
casas, ruas, bairros e cidades.
A igreja onde Pedro, Tiago, João, Paulo, Barnabé e Silas
eram membros, a igreja primitiva apostólica, era assim.
Vemos os relatos em Atos ou mesmo nas cartas universais
e pastorais, de como ela interferia na vida social, cultural e
até mesmo política das cidades onde se instalavam, é claro
que muitas vezes pagava um preço enorme por isso, mas já
era esperado este comportamento da sociedade, e por isso
mesmo não desistiam de proclamar o evangelho e a Jesus
Crito como fonte de restauração e libertação; era chegado o
Reino de Deus, e as portas do inferno não prevaleceriam
contra a Embaixada do céu, como não prevaleu enquanto
estes estiveram na liderança e fizeram discípulos para
substituí-los à altura.
As portas do inferno não podem prevalecer e não
prevalecerão quando a igreja, noiva de Cristo, ocupar
novamente a sua posição de autoridade consolidada nesta
Terra. Quando verdadeiramente for ícone de salvação,
graça, amor e transformação com um dia foi. Não somente
possuindo as chaves do Reino, mas utilizando-as para
abrir portas transformadoras para a humanidade. Este é o
98
papel da igreja, este é o seu chamado, essa é a expectativa
deste planeta, esta é a expectativa dos céus.
99
“O nosso maior compromisso enquanto igreja não é
fazer simplesmente oposição, isso seria um papel
meramente político. O nosso legado é restringir as
ações do inferno nos nossos bairros, municípios,
estados e nações.”
100
9
A Igreja e o Cristianismo
do século 21
“Vós sois sacerdócio real”
101
“O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não hão de
passar.” Mateus 24:35
102
Nossas habilidades há muito tempo já não são a de
testemunhar a graça de Deus e a fé em Jesus Cristo. Nossa
satisfação cantada há algumas décadas atrás, não é mais ver
a Cristo, como prazer maior já visto, muito menos vê-lo em
Glória, o que seria satisfação sem fim. Nosso segredo não é
mais Cristo no coração, parece que isso não traz mais
satisfação a igreja, nem mesmo musicalmente, pois até essa
área foi totalmente reformulada. Nossos louvores são
extremamente pedintes, egocêntricos de bens ou poder,
nosso tempo de adoração (se é que ainda isso existe)
durante os cultos são verdadeiras apresentações musicais,
que em breve estarão (se já não estão) em palcos como o da
Brodway.
Perdemos a habilidade ou sensibilidade no que diz
respeito a ver a Cristo, não meramente no louvor onde
dizemos: “Eu quero ver agora o teu Poder, a Tua Glória
inundando o meu ser”, onde nada é visto ou nada é sentido,
não por causa da canção, mas por causa da falta de
compromisso com a verdadeira adoração que move e
comove o coração de Deus.
Perdemos a sensibilidade porque estamos nos
distanciando do cristianismo. Somos eclésia, mas no
sentido helênico de reunir-se para rever-nos
dominicalmente, resolvermos assuntos sociais, políticos e
corriqueiros dos membros ou ainda promovermos os
nossos eventos de departamentos.
As nossas características cristãs estão abaladas num
tempo e espaço que talvez na teoria do caos consigamos
elucidar onde houve o choque que provocou as ondas de
reverberação que até hoje nos alcançam e mexem com a
nossa vida.
O século XXI chegou, mas nada ainda mudou. Nosso
louvor, nossas mensagens, orações e programações
continuam as mesmas. Nosso calendário é resolvido nas
nossas reuniões de oficiais ou membros, e ainda em
103
gabinetes com duas ou três pessoas, diferente da igreja
apostólica onde o Espírito Santo presidia a igreja e definia
como as metas e prioridades do Reino de Deus seriam
executadas.
104
mãos de Deus, promovendo a fé de Abraão que entregou o
seu Isaac... - Tudo com segundas intenções!
Lendo os Atos dos Apóstolos veremos que no relato de
Lucas, ele procura nos apresentar através da sua crônica,
as atitudes da igreja de Jesus Cristo e dos apóstolos, os
continuadores da obra. Ocorre que ao fazermos um
comparativo, friamente concluiremos o inevitável: Nosso
cristianismo é nominal, virtual, corrosivo, altamente
humano e sem perspectivas reais de mudar o mundo.
Chocantemente negativo! Essa é a expressão.
105
perceberam, até que veio o dilúvio, e os levou a todos, assim será
também a vinda do Filho do homem.” (Mateus 24:34-39)
109
“A igreja do século 21 deve ser a igreja que terá o
seu lugar na história como igreja RESTAURADA e
não somente reformada, que fará e trará sinais de
Deus nesta Terra...”
110
10
Restaurando
a Igreja Apostólica
“Há esperança!”
111
SABEMOS QUE TODA análise a respeito de qualquer
estrutura ou questão social e pessoal suscita em nós a
tendência de observar na maioria das vezes o lado
negativo, que envolve as precariedades e fragilidade da
questão abordada. A perspectiva é sempre essa;
enxergamos o que não dá certo em detrimento ao que
deveria dar certo, e isso se acentua ainda mais quando
criamos expectativas, esperando que sempre funcione
bem.
Fazemos isso todos os dias com pessoas, escolas,
hospitais, comércio, transportes públicos, entre outros, e
não seria diferente haver essa tendência dentro da análise
que fazemos a respeito da igreja e seu momento atual; até
porque, há o que dizer e comentar dessa instituição de
quem muito esperamos e por vezes pouco tem
correspondido espiritualmente. Há em nós uma esperança
de sublimação sobrenatural através da igreja, queremos e
postulamos a superioridade espiritual de Cristo para as
nossas vidas, mas infelizmente isso não ocorre por
diversos motivos que tratamos nos capítulos anteriores.
É normal confrontarmos o que para nós deveria estar
certo ou funcionando dentro de um padrão já pré-
estabelecido. O que de forma alguma devemos fazer e
evitarmos; é simplesmente averiguar e criticar as falhas da
igreja sem se comprometer em ajudar ou mudar o quadro.
A nossa proposta como parte do corpo de Cristo deve
ser a de constatar para mudar. Perceber, entender e trazer
à consciência uma necessidade urgente, prática e absoluta,
sem teorias mirabolantes. Criando e encontrando meios de
solução na própria Bíblia, também nas atitudes dos
discípulos, nas cartas apostólicas destinadas a igreja e aos
líderes, nas instruções do apocalipse dadas ao apóstolo
João (mas endereçadas à igreja), nas palavras do nosso
112
doce Mestre Jesus, que prometeu que a Sua igreja seria
invencível quando estivesse firmada n'Ele, a Rocha.
Temos e podemos criar a solução para este tempo de
futilidade e consumismo. Muito próximo de nós estão
todas as ferramentas e instruções que necessitamos, basta
entendermos que este é o tempo de retornarmos ao
modelo apostólico, o modelo simples e objetivo de ser
igreja.
Não queremos e não podemos comparar os tempos
sociais da igreja de hoje com a igreja primitiva dos
apóstolos, porém podemos e devemos manter o caráter, a
unidade, a singeleza, o partir do pão (comunhão) e a
centralidade do evangelho de Jesus Cristo no nosso meio.
Seria importante neste capítulo, ao final da nossa reflexão,
avaliar alguns pontos que marcaram o início e crescimento
da igreja, rever e ansiar práticas da comunidade primitiva
apostólica que muito nos ajudarão a reconstruir os muros e
portas da nossa eclésia.
Para isso devemos refletir, observar e praticar algumas
dessas realidades de vida no início da igreja.
Vida de Oração
113
Precisamos retomar esta prática, precisamos cultivar
tempo de oração. Nossos cultos poderiam ter mais tempo
de intercessão pelos bairros, por almas, pela nação e por
abertura de portas na pregação do evangelho. Deveríamos
orar por nossas famílias, pela nossa santificação, por uma
maior identificação com o Espírito Santo, por
arrependimento de pecados e ações que nos envergonham
como igreja.
A oração deve ser a mola mestra que nos impulsiona ao
reino invisível. Igrejas que oram são sensíveis e poderosas
em ações, movem coração de Deus em sua direção,
assumem a postura de guerra contra o inferno e os
demônios locais sabem o quão difícil é contra-atacar essas
igrejas. Igrejas que oram provocam libertação local, de
pessoas, bairros e cidades.
114
Unidade & Comunhão
Verdadeira Adoração
118
Temos mais e podemos oferecer mais para Deus,
possuímos o legado que os profetas da antiga aliança não
possuíram, e até mesmo Davi, o doce cantor de Israel, poeta,
compositor, construtor de instrumentos, rei, sacerdote e
profeta não teve a oportunidade de adorar a Deus na
dimensão que a igreja pode adorar. A graça em Cristo
Jesus nos dá livre acesso na adoração plena, desimpedida
de sacrifícios físicos, sem medo da morte, sem véu para
nos intimidar.
Pelo novo e vivo caminho temos acesso ao colo do Pai
amigo, mas na maioria das vezes em que nos propomos a
louvar e adorar a Deus, preferimos brincar no nosso
mundo infantil de religiosidade, de faz-de-conta, dos ré-
té-tés pentecostais ou na sonoridade dos órgãos de tubo.
Queremos Deus, mas ao nosso modo, do nosso jeito, com
as nossas músicas e coreografias marcadas.
Não deveria ser assim!
A igreja precisa rê-ler a adoração bíblica, observar os
homens e mulheres que sem música, instrumentos e
aparelhagens eletrônicas conseguiram mover o coração do
El Shadai para si e muitas vezes para a nação.
119
nós. A adoração dos santos provoca verdadeira
manifestação celestial, pois a adoração dos céus está onde
Deus está. Tudo se transfere com Ele; tronos, anjos,
arcanjos, querubins, serafins, tudo ao redor d'Ele faz parte
do Reino d'Ele. Por onde se mover trará consigo a Glória, a
Majestade, a Força, a Honra e o Seu Poder.
121
“E, perto da meia-noite, Paulo e Silas oravam e cantavam
hinos a Deus, e os outros presos os escutavam. E de repente
sobreveio um tão grande terremoto, que os alicerces do cárcere se
moveram, e logo se abriram todas as portas, e foram soltas as
prisões de todos.” (Atos 16:25,26)
122
“A unidade é uma grande arma contra a erosão do
cristianismo na igreja, a comunhão dos santos gera em
nós sentimentos nobres, simples e fraternos...”
123
CONCLUSÃO
124
Notas:
1 – Diáspora é um termo grego que significa “espalhado ou espalhar”. Este termo faz alusão ao
fenômeno dos judeus se espalharem entre as nações, após sucessivas conquistas de sua geografia
nacional.
2 – Esta é a configuração da Bíblia (A.T) dos tempos de Jesus; dividida em três seções: Torá, Salmos e
Profetas.
3 -As culturas e religiões grega e romana cultuavam seus deuses determinando a interação destes de
forma muito humana, carregada de falhas e sentimentos humanos, tornando-os mitos sociais e
religiosos, diferente do Deus que Israel adorava.
5 - O termo kerígma vem do grego, e faz alusão a proclamação, como um anunciador. Na igreja foi
adotado como substantivo que definia a pregação da pessoa de Jesus Cristo.
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SOBRE O AUTOR:
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