Você está na página 1de 1

Vida A19

%HermesFileInfo:A-19:20100428:

O ESTADO DE S. PAULO QUARTA-FEIRA, 28 DE ABRIL DE 2010

ANDRE DUSEK/AE

STJ admite
registro de
criança por
pais gays
Menores adotados por mulheres em Bagé
terão no documento o nome das 2 mães
Sessão histórica. Ministros da 4ª Turma do STJ participam de plenária que aprovou a adoção de filhos por casal homossexual

Rafael Moraes Moura / BRASÍLIA formou que as mulheres perma-


neciam juntas e tentavam agora ENTREVISTAS
Em uma decisão inédita, a 4.ª adotar outra criança.
Turma do Superior Tribunal No julgamento, o ministro Sa-
de Justiça (STJ) reconheceu lomão citou estudos internacio- Maria Berenice Dias, Antonio Carlos Mathias Coltro,
ontempor unanimidadea lega- nais que mostram não haver in- Advogada especializada em direito homoafetivo Desembargador e presidente do IBDFAM-SP
lidade da adoção de crianças conveniência para que crianças
por um casal homossexual de sejam adotadas por homosse- criança, e como a lei não proí- se essa situação não causaria
Bagé (RS). O Tribunal de Justi- xuais, sendo fundamental o afe- ‘Situação be, não há por que não reconhe- ‘Alterar a lei problemas às crianças.
ça gaúcho havia considerado a to no ambiente familiar, inde- cer essas famílias.
união homoafetiva como uma pendentemente da orientação deixava menor pode prejudicar ● Que tipo de problemas?
família e autorizado que as sexual dos responsáveis. ● A proteção integral à criança Historicamente as famílias sem-
duas crianças adotadas fos- desamparado’ não foi o argumento do Ministério as crianças’ pre foram constituídas por um
sem registradas com os no- Legislação. A lei permite a ado- Público para recorrer? homem, uma mulher e seus fi-
mes das duas mães. O MP do ção por maiores de 18 anos. No Quando era desembargadora O conceito de “melhor interes- Para o desembargador do Tribu- lhos. Há desde a possibilidade
Estado, porém, recorreu, le- caso da adoção conjunta, “é in- do Tribunal de Justiça do Rio se da criança” é um conceito nal de Justiça de São Paulo e de a criança enfrentar discrimi-
vando o caso ao STJ, em 2006. dispensável que os adotantes se- Grande do Sul, Maria Berenice aberto. Para mim é garantir a presidente da unidade paulista nação e preconceito por viver
“Não se pode supor que o fato jam casados civilmente ou man- Dias decidiu a favor do casal de ela direitos. O MP alega que do Instituto Brasileiro de Direi- em uma família diferenciada,
de os adotantes serem duas mu- tenham união estável, compro- Bagé, algo inédito até então. De- duas pessoas do mesmo sexo to da Família (IBDFAM-SP), An- como também de sofrer influên-
lheres possa causar algum dano vada a estabilidade da família”. pois desse caso, em abril de não formam uma família e que tonio Carlos Mathias Coltro, cia psicológica e comportamen-
(à formação das crianças). Dano O MP gaúcho havia sustentado 2006, outros Estados aprova- a situação poderia sujeitar a mais estudos devem ser feitos tal pelo fato de ser criada por
ao menor seria a não adoção”, que a situação só seria permitida ram a adoção conjunta entre ca- criança à discriminação e ao antes de transformar em lei a duas pessoas do mesmo sexo.
disse o ministro João Otávio de para pessoas de sexos distintos. sais homossexuais. preconceito. Mas isso não é mo- adoção entre homossexuais. Já tive contato com dois estu-
Noronha, presidente da 4.ª Tur- Alegou que a união entre as duas tivo para deixá-la desamparada. Ainda não foi provado, diz ele, dos europeus que investigaram
ma. Ao criticar o MP, ele afirmou mulheres não configuraria uma ● O que motivou sua decisão? que as crianças não serão preju- o assunto. O maior deles apon-
quea entidade deviater conside- entidade familiar. O MP do RS Era uma situação consolidada. ● A partir desse julgamento foi dicadas por viver em uma famí- tou problemas.
rado o interesse dos adotados. ainda pode recorrer da decisão. As crianças tinham duas mães, desencadeada uma série de deci- lia diferenciada.
O centro da decisão é permitir só que apenas uma delas tinha sões favoráveis, certo? ● Não é pior deixar a criança de-
queascrianças tenhamos sobre- direitos e responsabilidades so- Houve um caso em Catanduva ● Por que o senhor contesta a samparada no caso de morte de
nomes das duas mães adotivas e, ● Em defesa bre elas. Essa situação, deixa o (SP), no mesmo ano. Depois, decisão do STJ? um dos pais?
com isso, usufruam de todos os menor desamparado, sem ne- juízes de diversos Estados co- A legislação brasileira ainda Se o adotante morrer, o compa-
direitos patrimoniais e de segu- JOÃO OTÁVIO nhum direito ou vínculo jurídi- meçaram a deferir a adoção em não permite a adoção conjunta nheiro pode pedir a guarda da
rança familiar que a lei lhes ga- NORONHA co com aquela pessoa que tam- casos semelhantes. Reuni em entre pessoas do mesmo sexo. criança na Justiça, como no ca-
rante. Antes da sentença, se a MINISTRO DO SUPERIOR bém é pai ou mãe. Se morre o meu site (direitohomoafetivo. Entendo que não se deve alte- so da cantora Cássia Eller. Mas
mãe adotiva original falecesse, TRIBUNAL DE JUSTIÇA (STJ) adotante, ele vira órfão. Se mor- com.br) cerca de 20 sentenças rar a lei antes que seja feita uma não acho que só para garantir a
osirmãos,semenores,seriamre- “Não estamos invadindo o re a outra pessoa, fica sem direi- favoráveis. Até hoje não foi profunda analise antropológi- herança se deva mudar a legisla-
tiradosda“segunda”mãeeinter- espaço legislativo. Não to à pensão ou herança. Em no- apresentado nenhum outro re- ca, psicológica e sociológica so- ção sem antes estudar melhor o
nados em um orfanato estadual. estamos legislando.” me da proteção integral da curso ao STJ. / K.T. bre o assunto. É preciso avaliar assunto. / K.T.
Noronhadestacouofatodees-
ta ser a primeira vez que o STJ
julga um recurso sobre adoção
por casal homossexual. “Há de
se entender que o interesse é nar quão relevante o cigarro foi
sempre do menor, e o interesse
dos menores (...) é a adoção.” Na
opinião do ministro Luis Felipe
Justiça nega indenização para ● Vitória do mais forte

A indústria tem sido vitoriosa na


paraoinfortúnio,poder-se-iaco-
gitar estabelecer um nexo cau-
sal.” Salomão lembrou que, an-
Salomão, relator do processo, o
julgamento foi muito importan-
te para “dar dignidade ao ser hu-
família de fumante morto maioria dos processos julgados,
mostra estudo feito pela Associa-
ção de Controle do Tabagismo:
tes da Constituição de 1988, do
Código de Defesa do Consumi-
dor e de leis antitabagistas, as in-
mano, ao casal e às crianças”. O dústriasnãoeramobrigadas ain-
voto dele foi seguido pelos ou- Rafael Moraes Moura cada filho do casal e R$ 35 mil morreu aos 61 anos. formar sobre riscos.
tros três ministros da 4.ª Turma.
As duas crianças foram adota-
BRASÍLIA para cada neto. A decisão do STJ
foi unânime, mas cabe recurso.
Parao relator do caso, ominis-
tro Luis Felipe Salomão, não “se
7
de 108 decisões dos judiciários
A defesa da Souza Cruz citou o
código. “O código só enumera
das ainda bebês por uma das mu- A 4.ª Turma do Superior Tribu- A empresa havia sido acusada pode emprestar às propagandas de SP, RS, SC, PR, MG, RJ, ES e duaspossibilidades deresponsa-
lheres.Aoutracompanheiraque- nal de Justiça (STJ) negou pedi- de omitir do consumidor os ma- um valor decisivo na escolha da DF foram favoráveis aos fuman- bilidade do fabricante do produ-
ria participar da adoção por ter dodeindenização pordanosmo- lefíciosdotabagismoea existên- pessoa em se enveredar pelo ta- tes e familiares. to:quandoforilícitooudefeituo-
melhor condição de vida, o que rais para a família de um fuman- cia de substâncias causadoras de bagismo”. “É negar que o ho- so”, disse o advogado Eduardo
possibilitaria a inclusão dos me- te,mortoem decorrênciade pro- dependênciapsíquica e química, mem é protagonista da própria Ferrão. “Excetuadas essas situa-
nores em planos de saúde e pen- blemas pulmonares em 2001. O como a nicotina. Segundo os fa- vida”, considerou. O ministro dável são acometidas por esse ções, vamos transitar pelo impé-
são, caso houvesse separação ou Tribunal de Justiça do Rio Gran- miliares de Vitorino Mattiazzi, tambémfalousobreasupostare- terrível mal (câncer de pulmão). rio da vontade, onde os seres hu-
falecimento. A assistente social de do Sul havia condenado a em- ele teria sido induzido pela pro- lação de causa e efeito entre o “Diantedessecenáriodeincerte- manosarcamcomasconsequên-
que acompanha as crianças de presa Souza Cruz a pagar a inde- paganda a consumir o produto. consumo de cigarro e a morte de za ou de certezas apenas estatís- cias de suas opções e escolhas.” /
Bagé foi consultada pelo STJ. In- nização – R$ 70 mil à viúva e a Começou a fumar adolescente e Mattiazzi. “Pessoas de vida sau- ticas, se fosse possível determi- COLABOROU FELIPE RECONDO

ENTREVISTA

Carlos Alberto Machado, cardiologista Creio que o ministro quis cha- lórico quando está em ativida- um complemento de todas as ● É por isso que a SBC receita
mar a atenção para o tabu que de sexual. A Organização Mun- coisas que o indivíduo faz. “amar e ser amado”?
existe especialmente em rela- dial da Saúde (OMS) recomen- Quem tem uma boa performan- Sim. Quando fizemos a campa-
‘Quem faz sexo adere ção ao homem jovem hiperten-
so, que acha que tratar a doen-
da 30 minutos de atividade físi-
ca pelo menos cinco vezes na se-
ce sexual é mais feliz, mais ade-
rente ao tratamento, tem uma
nha com a Conferência Nacio-
nal dos Bispos do Brasil contra

mais ao tratamento’ ça pode interferir na performan-


ce sexual. As pesquisas de hoje
mostram que não interfere na
mana. E isso inclui tudo: sexo,
dança, jardinagem. Não é só
sair pra correr, caminhar, ir à
autoestima melhor. As ativida-
des físicas – e a sexual entra aí –
liberam substâncias, as endorfi-
a pressão alta, a CNBB sugeriu
que colocássemos “ame e seja
amado” como décimo manda-
atividade sexual. Hoje temos academia. Para se tratar, o mi- nas, que são vasodilatadoras e mento para controlar e preve-
Anteontem, ao anunciar os no- ciais da Sociedade Brasileira de fármacos muito seguros que nistro deu todo o recado: tem diminuem a pressão. Elas dão a nir a doença. A pessoa que ama
vos números sobre hipertensão Cardiologia, Carlos Alberto Ma- não mexem com isso. O trata- de se exercitar, comer frutas, sensação de bem-estar. Não e é amada está de bem com a vi-
no País – cerca de 25% da popu- chado, concorda com o minis- mento evoluiu muito. verduras, diminuir o sal. E sexo existem estudos específicos da. E o sexo entra nisso. As pes-
lação sofre da doença –, o minis- tro e destaca que o sexo traz também faz parte disso. que mostrem que o sexo real- soas levam uma vida estressan-
tro da Saúde, José Gomes Tem- bem-estar físico e mental. ● No tratamento, o sexo é consi- mente baixe a pressão, mas ele te com a violência, trânsito,
porão, receitou sexo como for- derado uma atividade física? ● Quais os efeitos que a atividade faz parte da saúde, do bem-es- compromissos, cobranças. A re-
ma de tratamento. O cardiolo- ● Qual o objetivo do ministro ao A relação sexual é uma ativida- sexual têm contra a hipertensão? tar físico, mental e social do in- lação sexual faz parte de uma vi-
gista e coordenador de ações so- fazer essa declaração? de física. Você tem um gasto ca- A atividade sexual tem de ser divíduo. da saudável. / MARIANA MANDELLI

teínas, repositores energéticos e CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA


Anvisa libera outros suplementos como ali- DO ESTADO DE SÃO PAULO
Rua da Consolação, 753 - Centro - 01301-910 - São Paulo - SP
DO ESTADO DE SÃO PAULO
Rua da Consolação, 753 - Centro - 01301-910 - São Paulo - SP
mentos só para atletas.
uso da creatina
Fone: (11) 3017-9300 - Fax (11) 3231-1745 - http://www.cremesp.org.br Fone: (11) 3017-9300 - Fax (11) 3231-1745 - http://www.cremesp.org.br

Com a mudança, rótulos terão EDITAL EDITAL


de ser alterados para apresentar CENSURA PÚBLICA EM PUBLICAÇÃO OFICIAL – PENA DISCIPLINAR APLICA-
CENSURA PÚBLICA EM PUBLICAÇÃO OFICIAL – PENA DISCIPLINAR APLICADA
Conforme adiantou o Estado afrase de advertência:“Esse pro- AO MÉDICO – DR. JOSÉ OLIMPIO ZUMPANO – CRM/SP: 60.497. DA AO MÉDICO – DR. ANDRÉ SÍGOLO ROBERTO – CRM/SP 100.271.
noúltimodia16,aAgênciaNacio- dutonãosubstituiumaalimenta- O Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo, no uso das atribuições O Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo, no uso das atribuições
nal de Vigilância Sanitária libe- ção equilibrada e seu consumo conferidas pela Lei nº 3.268/57, regulamentada pelo Decreto nº 44.045/58, consoan- conferidas pela Lei nº 3.268/57, regulamentada pelo Decreto nº 44.045/58, consoan-
te Acórdão nº 5.126/2.009, exarado nos autos do Processo Ético-Profissional nº te Acórdão nº 4.964/2009, exarado nos autos do Processo Ético-Profissional nº
rou o uso da creatina e da cafeína deve ser orientado por nutricio- 6.198-289/04, vem executar a pena de “CENSURA PÚBLICA EM PUBLICAÇÃO 6.098-189/04, vem executar a pena de “CENSURA PÚBLICA EM PUBLICAÇÃO
como suplemento alimentar pa- nista ou médico”. A creatina e a OFICIAL”, prevista na alínea “c” do artigo 22 do aludido diploma legal, ao médico OFICIAL”, prevista na alínea “c” do artigo 22 do aludido diploma legal, ao médico
ra atletas. A medida integra uma cafeínasãousadasporfrequenta- José Olimpio Zumpano – CRM nº 60.497, por infração aos artigos 2º, 5º, 29, 59 e André Sígolo Roberto – CRM 100.271, por infração aos artigos 2º, 4º e 37 do
116 do Código de Ética Médica. Código de Ética Médica.
resolução aprovada ontem com dores de academias e esportis-
São Paulo, 28 de abril de 2010. São Paulo, 28 de abril de 2010.
novasregras para alimentos usa- tas,apesarda proibiçãoque vigo-
Dr. Mauro Gomes Aranha de Lima Dr. Luiz Alberto Bacheschi Dr. Mauro Gomes Aranha de Lima Dr. Luiz Alberto Bacheschi
dos por esportistas. A resolução rava para a venda como suple- 1º Secretário Presidente 1º Secretário Presidente
tambémconsiderabarrasdepro- mento alimentar. / LÍGIA FORMENTI

Você também pode gostar