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SOF I ● B IOQUÍMICA ● S ÍNDROME N EFRÓTICO C ONGÉNITO (D EFEITO NA LAMB2)

As membranas basais são finas camadas de matriz extracelular especializada que se encontram subjacentes a todas as
células epiteliais e endoteliais. As suas funções passam por influenciar a proliferação celular, diferenciação e migração, bem como
estar envolvidas em processos de compartimentalização e filtração tecidulares, servindo também como barreiras contra as células
cancerígenas.[1]
Todas as membranas basais contêm membros de quatro famílias de proteínas: colagénio do tipo IV, nidogénio/entactina,
proteoglicanos sulfatados e laminina. As isoformas destas proteínas dão às membranas basais propriedades funcionais únicas
importantes para o comportamento das células adjacentes e para o desenvolvimento e função dos órgãos.[1]
A lâmina basal glomerular é uma lâmina basal grossa que é o conjunto das células do endotélio com os podócitos, as
principais células da camada visceral das cápsulas de Bowman, e funcionam como o principal componente da barreira de
filtração[2]. Como tal, contêm também as lamininas, que consistem em três cadeias polipeptídicas alongadas ligadas
cruciformemente, com locais de ligação ao colagénio IV, heparina e integrinas.
Juntamente com o epitélio, onde podemos encontrar podócitos, desempenham a função de impedir que as mais variadas
proteínas atravessem livremente a cápsula de Bowman para irem para os túbulos renais e, desta forma, serem excretadas através
da urina. A lâmina basal é importante neste processo, estando intimamente ligada à manutenção das membranas basais e de
ancorar a matriz extracelular, por possuírem domínios de ligação a várias proteínas da matriz, como o colagénio do tipo IV,
entarctina/nidogénio e proteoglicanos sulfatados. Ora, estas proteínas possuem propriedades que impedem o movimento aleatório
das proteínas, controlando o seu fluxo para os túbulos.[2]
Um síndrome nefrótico congénito é uma desordem ao nível renal e que se traduz por uma exagerada proteinúria,
hipoproteinémia (Se as proteínas vão para a urina, têm de vir de algum lado, neste caso, do sangue. Logo, por consequência,
também se sentirá a sua falta no sangue. Um exemplo clássico é a albumina, causando, logicamente, albuminúria e
hipoalbuminémia). A maior parte dos casos deve-se a defeitos genéticos nos componentes da barreira de filtração glomerular.
Especificamente, e no nosso caso, uma das etiologias possíveis passa por defeitos no gene LAMB2, que codifica a Laminina
β2, muito presente na lâmina basal glomerular. Este defeito vai fazer com que a matriz extracelular da barreira de filtração
glomerular perca estabilidade (sendo que a laminina é a principal proteína que estabiliza a matriz), dando uma das variantes do
Síndrome Nefrótico Congénito – o Síndrome de Pierson.[3]

Bibliografia:

[1] Miner JH, Go G, Cunningham J, Patton BL, Jarad G. (2006). Transgenic isolation of skeletal muscle and kidney defects in
laminin β2 mutant mice: implications for Pierson syndrome. Development 133:967-975.

[2] Ross MH, Pawlina W. (2006). Histology – A Text and Atlas. 20:654-655. Lippincott Williams & Wilkins. 5th edition.

[3] Jalanko H. (2009). Congenital nephritic syndrome. Pediatr Nephrol 24:2121-2128.

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