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Budismo, atletismo, depressão e CRONOSE.

Esta eu correndo, tinha fixado correr 2horas, mas por estar gripado e com a garganta inflamada
consegui correr 1h e 40 minutos e apenas alcancei esta marca porque me esforcei (mentalmente) a
não pensar nas ruas que eu ainda faltava percorrer. Lembrei dos budistas, da técnica de focar apenas
um ponto para que não pensássemos mais em nada a nossa volta (para eles, o mundo material é uma
ilusão). É claro que eu não esperava entrar em contato com nirvana, o mundo real, divino, eterno dos
budistas, eu queria apenas não fazer o cérebro pensar demais e acabar perdendo a motivação de
continuar.
O mais interessante é que me concentrando nas imagens do chão, meu cérebro não pensou em
nada a sua volta e nem na dor das bolhas do meu pé, exceto as pessoas que estavam a frente para que
eu não as atropelasse. Assim, penso que não surgiu no cérebro aquilo que chamamos de duração e
pensamos ser algo externo. A duração, que surge após uma sucessão de sensações, é um tipo de dor,
penso eu, até hoje não identificada como tal e, repito, a maioria das pessoas pensa que duração é algo
externo a nós. Tenho um livro no Scribd.com, “Quase todas as respostas”
(http://www.scribd.com/doc/22038732/Quase-Todas-as-Respostas) ou “Os Mitos do tempo, do ego e
das leis” (http://www.scribd.com/doc/14396601/Os-Mitos-do-Tempo-do-Ego-e-das-Leis), onde
exponho em detalhe minha teoria sobre a verdadeira origem da duração. Mas, por hora, basta um
primeiro exemplo para mostrar que é na memória que a duração surge: se você leitor já viu um
mesmo filme duas vezes, pergunto-lhe se já percebeu que na segunda vez o filme parece ter passado
mais rápido ou parece ter tido uma duração menor?
Dito isso tudo, não sei qual a importância que os técnicos que treinam esportistas na modalidade
do atletismo dão ao emocional daqueles atletas, mas penso que reduzir a atenção do cérebro a
sensações inúteis e concentrando-se apenas em poucas delas, o atleta levará grande vantagem.
Parece estar na moda inventar doenças, especialmente quando elas tem origem emocional e, em
vez, de chamar de um nome só, inventam vários. A própria depressão é tida como doença; para mim,
é apenas um tipo peculiar e, talvez, raro de reorganização das ligações entre neurônios que faz com
que as pessoas deixem de perceber tantos detalhes a sua volta quanto as outras pessoas (a maioria) é
capaz de perceber; isso faz com que nos sintamos diferentes dos outros, mas nos dá uma vantagem
ao pensarmos abstratamente, nos proporcionando uma reflexão mais ampla. De qualquer modo,
sugiro uma nova doença emocional: a CRONOSE: ela surge quando temos dificuldade de nos
adaptar a duração das experiências que vivemos, ou porque o tempo parece passar mais rápido do
que podemos perceber (quando há um excesso de sensações nos afetando), ou porque ele parece
passar mais devagar do que gostaríamos (quando há uma limitação do número de sensações nos
afetando).
Há dois tipos diferentes de soluções para superar essa nova “doença”, a CRONOSE: restringir
ou aumentar as sensações que impactam nossos sentidos e nossa consciência. Restringir quando
visamos um objetivo imediato a alcançar ou ampliar, quando o nosso interesse é em uma experiência
mais reflexiva, por exemplo.

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