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O que É?
As tribos urbanas (ou metropolitanas) são constituídas de microgrupos que tem como objetivo-
mor estabelecer "redes de amizades" a partir dos interesses e afinidades em comum. Essas
agregações apresentam uma conformidade de pensamentos, hábitos e maneiras de se vestir. Um
exemplo conhecido de tribo urbana são os Punks.ço
Rodeadas de códigos e normas, estudadas por sociólogos e psicólogos, mal entendidas por
muitos, crescendo e se multiplicando, mudando hábitos, costumes e práticas sociais, aí estão
as tribos urbanas que podem ser caracterizadas como um fenômeno juvenil dos grandes
centros e que, dia após dia, ampliam sua atuação e aumentam seus adeptos. Do que se trata?
Porém, por enquanto, essa atitude é característica de nossas cidades pequenas. Nos
grandes centros urbanos (e o mundo se urbaniza cada vez mais), o diferente já se organiza,
tem normas, leis, códigos, adeptos...
Cedo ou tarde este fenômeno da juventude moderna chegará até nós. É importante que
conheçamos as razões de tal fenômeno para sabermos agir diante dele.
Punks, Skinheads, Rappers, White Powers, Clubbers, Grunges, Góticos, Drag Queens. Estes
são apenas alguns grupamentos juvenis, chamados pelos sociólogos de “tribos urbanas”,
encontrados diariamente nos grandes centros. As “drag queens”, tipo atualmente em
destaque na mídia e considerado o mais exótico, são na verdade homens vestidos de mulher.
Duas diferenças básicas as diferenciam dos travestis: não se prostituem nem modelam seus
corpos com silicone ou hormônios. Ser drag significa dar vida a um personagem. Eles se
preocupam com a moda, possuem uma linguagem específica e brincalhona, são irreverentes e
pareciam os gêneros musicais contemporâneos. Podemos dizer que esse jeito, toda essa
brincadeira, essa festa, característica das Drag Queens, vem como uma resposta a uma série
de dificuldades sociais importantes.
Ainda existem outros, como os Rockabillies, que amam o rock dos anos 50 e usam enormes
topetes; os góticos, que cultuam as sombras e adoram poesias românticas, além dos hippies,
rastafaris, metaleiros etc.
Há também as tribos pós-punk que são as mais temidas devido à sua agressividade. Entre
elas estão os Carecas (skinhead brasileiro) e os White Powers (Podes dos Brancos). Ambas as
trios são racistas, têm tendências nazistas e detestam homossexuais. Atualmente os punks
não são encontrados com facilidade, mas ainda existem alguns grupos.
Sentimento de vazio
Ao analisarmos, perguntávamos o que tem por trás desse estilo de vida? Olhando a
história, percebemos que muitas manifestações de repúdio e revolta com os padrões
dominantes se deram de uma forma muito semelhante a esta, os Hippies, por exemplo.
Acredito que a morte da identidade pessoal promovida pela sociedade moderna e seus
aparatos, não é o fim, ainda há, na alma do jovem, a capacidade de resistir a e contestar,
mesmo que à margem do normal, na contra-mão da sociedade.
Acredito na pluralidade de opções e de estilos de vida, desde que acima de tudo esteja a
vida, a liberdade, a felicidade, a construção (ou re-construção) da pessoa, não importa se ela
esteja de calça azul-marinho e camisa branca ou com um macacão cor-de-abóbora da cabeça
aos pés.
As tribos têm crescido assustadoramente nos últimos anos nos centros urbanos,
por motivações das mais variadas. A maioria dos jovens se une por um gosto
musical, que acaba por refletir no estilo que a tribo adota, tanto na roupa como
até mesmo na atitude deles em relação à sociedade. É o caso dos punks que
usam sua forma de expressão para contestar o modo de vida consumista que
caracteriza ao mundo contemporâneo.
Acontece que nessa busca os grupos se fecham em si, não aprendendo com o que
vem de fora. Essa completa segregação de grupos distintos e fechados se torna
improdutiva a partir do momento que não há uma troca de valores culturais. Há
sim uma rivalidade que, em muitos casos, como na cidade de São Paulo durante a
década de 80, as brigas eram comuns e constantes entre os diversos grupos.
Se hoje essa rivalidade ferrenha aparentar ter diminuído, isso fica no âmbito das
pancadarias nas metrópoles, pois o preconceito e a completa indiferença delas em
relação às outras é latente e as separa ainda mais. Outro fato importante está no
preconceito por parte de cidadãos não pertencentes a nenhuma turma desse tipo.
É o caso da estudante Mariana Elias, ouvinte eclética que demonstra sua
insatisfação com essa forma de expressão de maneira até certo ponto raivosa:
“Odeio isso de tribo, não tem nada a ver, sem objetivo. Parece que eu tenho que
estar numa”, reclama. Já Micael Nagai, um fã de todos os estilos, aponta algo
polêmico: “Eu acho que se uma pessoa ou grupo fizer algo diferente da sociedade
elas sempre irão sofrer preconceito por alguém ou por uma outra segmentação da
sociedade”, afirma.
Tribo é conseqüência
Da Redação
O fato dos jovens buscarem cada vez mais grupos que tenham gostos
semelhantes com os seus revela a formação de uma identidade que pretende ser
diferenciada aquilo que foi aprendido com os pais durante a infância. Mesmo
assim, é preciso cuidado e orientação dos familiares para que esses grupos não
interfiram de forma negativa na vida desses adolescentes que tem um mundo de
novidades pela frente e estão aprendendo a discernir.
Olga Tessari: Quando somos crianças temos por hábito acreditar piamente em
tudo o que os pais nos dizem e afirmam e o nosso modelo de mundo é aquele que
os pais nos apresentam, seria algo como enxergar o mundo através dos olhos de
nossos pais, sob a ótica deles. A fase da adolescência é o momento em que o
jovem constrói a sua própria identidade e sai em busca de seus próprios valores e
modelo de mundo e, para isso, ele precisa deixar de lado ou negar os
valores/conceitos/modo de vida de seus pais, que tinha até então.
Seria algo como negar todos os valores que aprendeu até este momento, os
valores que são de seus pais ou das pessoas com quem ele tem convivência:
quem nunca viu um jovem dizendo que seu pai é "careta" e não sabe de nada ou
mesmo aquele jovem calmo e tranqüilo, que acatava todas as ordens e que agora
passa a contestar e discutir cada palavra e ordem de seus pais? Faz parte da fase
da adolescência estar em grupo: é nessa fase da vida que os jovens formam os
seus próprios valores e decidem o que "querem ser quando crescerem". Nesta
fase da vida vale a pena experimentar de tudo até para poder decidir o que é o
melhor para si mesmo. Como ele ainda não tem a sua identidade totalmente
formada, ele procura andar em grupos de iguais para sentir-se integrado, para
experimentar novos valores, conceitos, idéias, modos de ser, etc.
Olga Tessari: Não é porque o jovem se integra a um determinado grupo que ele
vai ser como estes membros do grupo a que está integrado. Como disse, muitas
vezes ele precisa experimentar e fazer parte destes grupos, o que lhe permite
aprender novos valores, questionar seus conceitos até concluir se estes valores
são importantes ou não para ele. Todos podemos observar jovens fazendo parte
de grupos que nada tem a ver com eles, mas faz parte desta fase de vida a
experimentação. Vale dizer que, se o jovem é de uma família repressora,
certamente, ele fará parte de um grupo X até para contestar seus pais: por
exemplo, se ele vem de uma família que abomina pagode ou rock, é bem capaz
que ele passe um período de tempo sendo pagodeiro ou roqueiro, apenas para
contestar seus pais.
Site Pe. Marcelo – Como os pais devem encarar esse tipo de situação?
Atualmente os jovens já estão muito bem informados acerca dos malefícios das
drogas, mas como eles nunca acreditam que o pior possa acontecer com eles,
muitas vezes eles experimentam mesmo. É comum que jovens transgridam
barreiras e ordens, mas se eles têm bem a noção dos limites, eles não se
tornarão drogados ou viciados, até porque existe uma grande diferença entre
experimentar e ser usuário regular de drogas. Aquele que se torna um viciado,
assim o faz por uma série de fatores tais como: carência ou excesso de afeto, ou
então, por não saber lidar com os limites impostos pela sociedade justamente por
não ter aprendido isso em casa. O viciado busca um refúgio na droga, algo que o
deixe ‘fora da realidade’, justamente porque a sua realidade é ruim, sofrida,
porque ele não sabe como lidar com ela, algo bem diferente daquele jovem que
apenas experimenta a droga e depois a deixa de lado porque apenas quis saber
que gosto tem e não para fazer uso dela por outros motivos. Ele até pode se
sentir pressionado pelo seu grupo para continuar com o uso frequente, mas
acabará por se afastar deste grupo e buscar outros que respeitem suas opiniões,
se sua auto-estima estiver em alta, algo que se consegue com o amor, carinho,
compreensão, limites e muito diálogo entre ele e seus pais.