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Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto

Instituto Politécnico da Guarda

Breve reflexão sobre as TIC na Sociedade da Informação

Ao falarmos em “Sociedade da Informação” a expressão é imediatamente associada ao


processo de globalização, e ao desafio constante a que os cidadãos se devem dispor com vista a
acompanhar a dita “Sociedade do Conhecimento”. De acordo com Vieira (2005: 10) “a expressão
sociedade da informação tornou-se corrente com Alvin Toffler e a sua Terceira Vaga. A primeira vaga terá sido a
agrícola, a segunda a industrial e a terceira a da sociedade da informação, resultante de conjugação entre
computadores, telecomunicações e biotecnologia. A expressão não é nova e tem raízes na literatura do pós-
industrialismo, na qual se equaciona o fim da era capitalista industrial e a chegada a uma sociedade de serviços ou de
tempos livres.”

Todo o processamento, o armazenamento e a transmissão de informação, permitidos pelas


tecnologias actuais, surgem num crescendo contínuo em todos os domínios da sociedade e o
alargamento da rede de computadores é, de facto, o elemento fundamental na sociedade de
informação, estabelecendo-se uma nova época, a da informação e, consequentemente uma nova
sociedade. Segundo Lindley (2000: 36 citado por Vieira, 2005:2) “o termo sociedade da informação refere-se
à enorme proliferação da informação, estimulada pelo aproveitamento da microelectrónica e pelas primeiras
manifestações do seu potencial impacte social e económico. Em contrapartida, o conceito de sociedade de
aprendizagem transporta em si a concepção embrionária do modo de vida moderno, fortemente recomendado devido à
crescente integração das tecnologias de informação e comunicação e ao receio de que a globalização possa prejudicar
a competitividade […]. A sociedade do conhecimento distingue-se […] pela maneira como encara a mudança
estrutural da economia a longo prazo. Segundo esta visão, a produção, divulgação e utilização do conhecimento irão
desempenhar um papel ainda mais importante na criação e aproveitamento da riqueza” embora na realidade isto seja
um pouco mais complexo.

A visão económica também se alterou, acarretando uma profunda transformação da


economia e da sociedade. De acordo com Vieira (2005:18) “é comum afirmar-se que o conhecimento é o
fundamento da economia moderna e que a economia baseada no conhecimento está a substituir a economia de bens”,
ou seja, o conhecimento é o principal criador de riqueza. A mesma autora defende ainda que “a percepção de que um
determinado pais estaria na sociedade da informação poderia ser inferida quer pela percentagem do PIB dedicada à
informação, quer pelos níveis de financiamento das actividades de investigação. ” (idem)

A rápida evolução das TIC e a consequente emergência da sociedade da informação têm


dado origem a várias e contraditórias reflexões acerca das virtualidades das TIC e dos significados
da sociedade de informação sendo que, surge a emergência de um novo paradigma, ou seja, de um
novo modelo das sociedades. Esta transformação é aconselhada como uma mudança tecnológica

Mestrado em Educação Pré-Escolar e Ensino do 1º Ciclo do Ensino Básico


exterior à sociedade, associada à era da informação, evoluindo-se para uma economia de
informação global, as sociedades da informação e/ou do conhecimento.

A aplicação prática das TIC vieram criar novos espaços de construção do conhecimento e
agora não é só a escola que é um espaço educativo mas também a nossa casa, a empresa e todo o
espaço social resultando mudanças sociais significativas que influenciam e alteram a vida das
pessoas, afectam a organização industrial, contribuem para alterações no que se refere ao
capitalismo e envolvem os governos no processo de informatização. A sociedade da informação
requer que toda a comunidade se prepare para os desafios que se colocam. Embora se saiba que a
implementação das TIC nas escolas facilita os processos de ensino - aprendizagem e promove
ganhos significativos para todos, na realidade não é assim tão linear, exige uma abordagem bem
mais complexa da realidade social em que a aprendizagem e o conhecimento fazem parte das
incertezas de um mundo global. De acordo com o Livro Verde “Viver e trabalhar na sociedade da
informação: prioridade à dimensão humana” (1997) citado por Castro (2006:157)”A [escola] tem de
passar a ser encarada como um lugar de aprendizagem em vez de um espaço onde o professor se limita a transmitir o
saber do aluno; deve tornar-se num espaço onde são facultados os meios para construir o conhecimento, atitudes e
valores e adquirir competências. Só assim a escola será um dos pilares da sociedade do conhecimento.”

Cada vez mais o professor tem que rever as suas práticas diárias de forma a motivar os
alunos. Os professores devem assumir um papel de agentes de mudança e ter um pensamento
crítico e autónomo que lhes facilite as dinâmicas propostas na sociedade actual, ou seja, não só
através de acumulação de conhecimentos, de técnicas mas também de forma reflexiva sobre as
práticas e de uma constante (re)construção da sua identidade pessoal, reformulando e
(re)construindo novos conhecimentos. Deixam de ser meros transmissores de conhecimento e
passam a ter a tarefa de orientar a aprendizagem bem como de facilitar o processo de construção
do conhecimento, sendo necessária toda uma reorganização pedagógica e científica. Como afirma
Silva (sd) as TIC permitem que a escola deixe de ser um modelo de reprodução de informação
para passar a ser um modelo que assenta na construção partilhada do conhecimento aberto à
diversidade, aos interesses, aos contextos sociais e culturais, a toda uma comunidade de
aprendizagem.

Estamos, portanto, perante uma revolução tecnológica do domínio das TIC numa
sociedade da Informação, sociedade esta que cada vez mais recorre a redes digitais de informação
em que todo o mundo se (re)organiza à volta disso mesmo. Pode mesmo afirmar-se que as TIC são
hoje a base de todo o desenvolvimento da sociedade. O progresso está portanto nas pessoas e no
investimento que se faz nas pessoas.

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Referências Bibliográficas

Castro, C. S. C. (2006). A Influência das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) no


Desenvolvimento do Currículo por competências. Tese de Mestrado. Universidade do
Minho, Instituto de Educação e Psicologia. Braga.

Coutinho, C.P.; Junior, J. B. B. (sd). A Complexidade e os Modos de Aprender na Sociedade do


Conhecimento. Instituto de Educação e Psicologia da Universidade do Minho. Braga.
Faculdade de Ciências da Universidade do Porto. Porto

Silva, B. D. da (sd). As Tecnologias de Informação e Comunicação nas reformas educativas em


Portugal. Universidade do Minho. Portugal.

Vieira, M. A. N. (2006). Educação e Sociedade da Informação. Uma perspectiva crítica sobre as


TIC num contexto escolar. Universidade do Minho, Instituto de Educação e Psicologia.
Braga.

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