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Processo : 01157-2002-019-03-00-0 AP

Data de Publicação : 16/12/2006

Órgão Julgador : Quarta Turma

Juiz Relator : Des. Julio Bernardo do Carmo

Juiz Revisor : Des. Caio Luiz de Almeida Vieira de Mello

AGRAVANTE: CRISTIANO TEIXEIRA SILVA

AGRAVADOS: UNIÃO SERVIÇOS INTERNOS ESPECIALIZADOS LTDA.

E OUTRA (1)

RAFAEL LOUREIRO PESSOA DUARTE (02)

EMENTA: EXECUÇÃO - EX-SÓCIO - RETIRADA DA SOCIEDADE. ARTIGO


1003 DO CÓDIGO CIVIL. Dispõe o parágrafo único do artigo 1003 do
CCB de 2002:"Até dois anos depois de averbada a modificação do
contrato, responde o cedente solidariamente com o cessionário,
perante a sociedade e terceiros, pelas obrigações
que tinha como sócio". Contudo, o prazo previsto no art. 1.003,
parágrafo único, do CCB, não limita a possibilidade de
se executar o sócio nos dois anos subseqüentes à sua saída do
quadro da empresa. Ao revés, a aludida norma impõe a ele a
responsabilidade pelas obrigações contraídas até dois anos depois de
sua saída, o que alcança o débito exeqüendo contraído
à época de sua participação na sociedade.
Vistos, discutidos e relatados estes autos de Agravo de Petição em
que

figuram como Agravante CRISTIANO TEIXEIRA SILVA e, como


Agravados UNIÃO

SERVIÇOS INTERNOS ESPECIAZADOS LTDA. E OUTRA (01) e RAFAEL


LOUREIRO PESSOA

DUARTE (02).

I - RELATÓRIO

O Exeqüente interpõe agravo de petição contra a r.

decisão de fls. 564/566, proferida pelo MM. Juízo da 19a. Vara do


Trabalho

de Belo Horizonte, que julgou procedentes os embargos à


execução

apresentados pelo sócio da executada.

Contraminuta pelo sócio da executada às fls.577/583.

É o relatório.

II - VOTO

1 - JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE

Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço

do agravo.

2 - JUÍZO DE MÉRITO
Pretende o exeqüente a reforma da r. decisão de fls.

564/566 que julgou procedentes os embargos à execução opostos


pelo sócio da

executada.

O Juízo a quo julgou procedentes os embargos à

execução apresentados pelo sócio da executada, sob o fundamento


de que a

sua retirada da empresa se dera em data superior a dois anos da


data de

ajuizamento da ação trabalhista que deu origem à presente


execução. Constou

ainda da r. decisão agravada que quando ultrapassado o biênio


previsto no

artigo 1.003 do CCB de 2002, não há responsabilidade alguma do


sócio

retirante, respondendo unicamente aquele eventualmente


admitido em seu

lugar, ou somente os sócios remanescentes; que restou evidenciado


nos autos

que o embargante retirou-se da empresa executada em


24.07.2000, conforme

Alteração Contratual de fls. 439/443; que a sua inclusão na lide


ocorreu na

data de 27.04.2006, tendo transcorrido, portanto, mais de 05 (cinco)


anos

da sua retirada da sociedade executada. Prejudicada a apreciação


das demais

questões invocadas pelo embargante.

Com razão o agravante.

Verifica-se pela análise dos autos que restaram

infrutíferas todas as tentativas de execução contra a reclamada


União
Serviços Internos Especializados Ltda e da Sócia Ana Carolina
Salomão

Cavalcante, inclusive com tentativa de bloqueio no BACEN JUD


(fls.

420/421), sendo determinada a expedição de mandado de citação


em nome do

sócio Rafael Loureiro Pessoa Duarte, conforme despacho de fl.481.

Dispõe o parágrafo único do artigo 1003 do CCB de

2002:

"Até dois anos depois de averbada a modificação do

contrato, responde o cedente solidariamente com o cessionário,


perante a

sociedade e terceiros, pelas obrigações que tinha como sócio"

Contudo, data venia do esposado na r. decisão

agravada, entendo que o prazo previsto no art. 1.003, parágrafo


único, do

CCB, não limita a possibilidade de se executar o sócio nos dois


anos

subseqüentes à sua saída do quadro da empresa.

Ao revés, a aludida norma impõe a ele a

responsabilidade pelas obrigações contraídas até dois anos depois


de sua

saída, o que alcança o débito exeqüendo contraído à época de


sua

participação na sociedade.

Pois bem.

O contrato de trabalho do reclamante vigeu no período

compreendido entre 01.02.99 e 13.08.2002 e o ex-sócio da


executada Rafael

Loureiro Pessoa Duarte, retirou-se da sociedade em 24.07.2000,


conforme
alteração contratual (fls. 439/443).

Assim, o ex-sócio da empresa Rafael Loureiro Pessoa

Duarte é igualmente responsável pela inadimplência da executada e


de suas

atuais sócias que relutam-se em quitar os créditos do exeqüente, já


que à

época da vigência do contrato de trabalho do reclamante ele


ainda

participava do quadro societário da empresa e, por conseguinte,


também se

beneficiou do labor prestado pelo reclamante.

A responsabilidade do ex-sócio subsiste quanto aos

créditos trabalhistas, independentemente até de ter sido acionado


na fase

de conhecimento, por aplicação da teoria da superação da


personalidade

jurídica, com base no art. 28 da Lei 8.078/90, c/c o art. 135/CTN e


ainda

no princípio da imputação exclusiva ao empregador do risco


do

empreendimento econômico, para atingir o seu patrimônio, visando


impedir a

consumação de fraudes.

Portanto, sem êxito todos os esforços para se

executar os bens da empresa e das sócias atuais, o ex-sócio deve


ser

mantido no pólo passivo da execução.

Por outro lado, a condenação não resultará em

prejuízo para o ex-sócio da executada, que poderá pleitear o


ressarcimento
correspondente por meio de ação regressiva contra o devedor
principal e os

demais sócios perante a Justiça Comum.

Provejo para determinar que o ex-sócio Rafael

Loureiro Duarte Pessoa deverá ser mantido no pólo passivo da


execução, para

julgar subsistente a penhora e para determinar a apreciação das


demais

questões invocadas pelo embargante/ex-sócio da executada nos


embargos de

fls. 538/545.

III - CONCLUSÃO

Conheço dos Agravos de Petição e, no mérito, dou-lhe

provimento para determinar que o ex-sócio Rafael Loureiro Duarte


Pessoa

deverá ser mantido no pólo passivo da execução, para julgar


subsistente a

penhora e para determinar a apreciação das demais questões


invocadas pelo

embargante/ex-sócio da executada nos embargos de fls. 538/545.

FUNDAMENTOS PELOS QUAIS,

O Tribunal Regional do Trabalho da Terceira Região,

pela sua Quarta Turma, à unanimidade, conheceu do agravo de


petição; no

mérito, sem divergência, deu-lhe provimento para determinar que o


ex-sócio
Rafael Loureiro Duarte Pessoa deverá ser mantido no pólo
passivo da

execução, para julgar subsistente a penhora e para determinar


a

apreciação das demais questões invocadas pelo embargante/ex-


sócio da

executada nos embargos de fls. 538/545.

Belo Horizonte, 29 de novembro de 2006.

JÚLIO BERNARDO DO CARMO

Juiz Relator

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