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N 20 | Setembro de 2013
O dilogo segundo
enunciadores incertos
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Julie Sermon2
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Publicado sob o ttulo Le dialogue aux nonciateurs incertains, in: Ryngaert, JeanPierre et al. Nouveaux Territoires du Dialogue. Actes Sud Papiers/CNSAD
2005, p.31-35. Traduo: Stephan Baumgrtel e Jos Ronaldo Faleiro.
res5, sero donos de sua palavra e formaro uma unidade com ela: imagem de sua
identidade; armao de sua conscincia e
expresso de seus sentimentos, ela precisamente aquilo que os constri como
protagonistas. Dentro dos teatros noinstrumentalizados6 aqueles que no so
a priori direcionados perseguio de uma
intriga ou ao agenciamento de uma narrativa os personagens, ao contrario, parecem [muitas vezes] ser muito mais atravessados pela palavra do que a carregarem ou
do que serem a sua origem. No so mais
a condio necessria dos enunciados, que
se desenvolvem segundo sua prpria lgica, inventando suas prprias dramaturgias. O dilogo se constri na margem, na
contramo, s expensas dos interlocutores,
cuja individualidade e autonomia tendem
a se anular simultaneamente.
Dentro da continuidade das escritas do
nouveau roman, certos autores abrem mo
daqui para a frente de identidades ctcios
denidas, para s se dedicar ao desao do
falar e da voz: os enunciadores ento se
veem investidos no papel mnimo de ser o
polo de emisso, sem que as palavras que
eles expem construssem algo da ordem
de uma subjetividade. Esta exposio do
abandono da suposta individualidade dos
enunciadores cria espao para uma dupla
congurao.
A primeira consiste em expulsar a
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