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Informática
CORREIO BRAZILIENSE • Brasília, terça-feira, 11 de maio de 2010
Diversificação de plataformas na internet faz com que internautas migrem
para as novas redes sociais e coloca em risco a existência dos blogs
Disputa
acirrada
» ATAIDE DE ALMEIDA JR.
s blogs surgiram como uma espécie de diário
O virtual. Inicialmente, eram restritos a um grupo
de pessoas e usados de modo privativo para
que os usuários contassem detalhes do dia a
dia ou fizessem revelações e confissões. A popularidade
cresceu e virou mania entre jovens e adultos, os blogs
deixaram de ser limitados e dominaram o cenário da in-
ternet. Ainda é rápido e fácil criar um espaço na inter-
net, postar uma informação, fotos e vídeos. Deixar o
blog com a cara do usuário também ficou divertido e
milhares de páginas com templates, como são chama-
dos os designs das páginas, surgiram na web. O ponto
alto foi a descoberta do serviço pelas celebridades.
No entanto, os mais de 133 milhões de blogs registra-
dos pelo site Technorati desde 2002 estavam ameaçados
com a chegada das redes sociais e dos microblogs. Orkut e
Facebook prenderam a atenção dos jovens que passaram
a relatar histórias e a fazer questionamentos através de
comunidades. O Twitter mostrou ao mundo que 140 ca-
racteres são suficientes para a comunicação. Os blogs sen-
tiram um impacto. Uma pesquisa do instituto Pew Re-
search Center feita nos Estados Unidos revelou que a
quantidade de jovens de 12 e 17 anos que escrevem em
blogs caiu de 28% para 14% de 2006 para cá.
Em 2007, 24% dos usuários entre 18 e 29 anos manti-
nham um espaço na internet. Hoje, não passam de 15%.
“As pessoas utilizavam os blogs como principal meio de
expressão. À medida que começam a surgir outras ferra-
mentas, nas quais se podem publicar fotos ou vídeos, elas
vão passar a utilizar esses mecanismos”, explica Edney
Souza, criador do Interney Blogs e sócio de uma agência
de comunicação especializada em mídias sociais.
O público migrou para as redes sociais. Ainda segundo
a pesquisa, 73% dos jovens norte-americanos usam os
websites para interagir com os amigos. Em novembro de
2008, o número era de 55%. Outro ponto negativo para o
blogs envolve a interatividade. Em 2006, 76% dos usuários
comentavam em blogs de amigos e os liam periodica-
mente. Esse número caiu para 52% no ano passado.
Na pesquisa da Pew Research Center, o Facebook apa-
rece como a rede social mais utilizada pelos jovens norte-
americanos (73%), seguido do Myspace. No Brasil, a situa-
ção é diferente. Apesar do crescimento do Facebook, o
Orkut ainda domina o cenário com 52% de usuários brasi-
leiros. Mas quem apresenta amplo crescimento é o Twitter.
O público adulto dos Estados Unidos responde por 19%
dos usuários do microblog. Um terço dos usuários entre 18
e 39 anos postam ou leem as atualizações de outros usuá-
rios. “O que acontece é que não temos uma população ap-
ta e interessada em publicar constantemente textos. Ago-
ra, começa a surgir uma adaptação que traz o nível de pro-
dução de blogs para algo mais realista”, afirma Souza.
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Editor: Renato Ferraz
renatoferraz.df@dabr.com.br
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Tel: 3214 1184
A pesquisa, no entanto, não revela os principais mo-
tivos dos blogueiros abandonarem os espaços virtuais e
se interessarem mais pelas redes sociais e microblogs. A
explicação pode estar na agilidade que, comparando-se
às redes sociais, o blog não proporciona. Apesar de ser
considerado fácil fazer um post e colocá-lo na web, o
tempo para preparação do texto é maior. No caso do
Twitter, o usuário em apenas 140 caracteres consegue
expressar o que sente. Além disso, comentar em um
blog também exige cadastro prévio, o que torna a res-
posta dos seguidores no Twitter muito mais rápida.
“Uma das ferramentas que as redes sociais roubaram
dos blogs foram os comentários. Hoje uma pessoa lê um
texto no blog e comenta no Twitter. E isso não é uma tra-
paça, a pessoa só está usando o local de preferência de-
la, no caso o microblog”, explica Souza.
O especialista em redes sociais e diretor de uma das
maiores empresas de relações públicas dos Estados
Unidos Steve Rubel desistiu do blog pessoal no ano pas-
sado e afirmou que a blogosfera está com os dias conta-
dos, caso não haja uma reformulação dos serviços. “As
pessoas não tem tempo de ler como antes. Há muita
competição pela nossa atenção. Isso significa que você
deve ser criativo para se sobressair”, afirmou Rubel, em
um post de despedida.
“O blog está em um estágio crítico em sua evolução.
Blogs são o novo normal. Tudo é um blog. Então o que virá
depois? Eu acredito que seja o streaming (fluxo constante,
em português)”, explicou Rubel. Para ir atrás desse fluxo, o
especialista migrou para o Posterous, que permite postar
em várias redes sociais rapidamente usando o e-mail.
O fim dos blogs, no entanto, ainda está distante de
acontecer. A cada dia, cerca de 200 mil blogs são cria-
dos, segundo o Technorati. “Não vejo nenhuma possibi-
lidade de o blog morrer, pois é uma ferramenta de pu-
blicação ágil e gratuita. Para quem tem necessidade de
publicar textos, ele vai continuar sendo a melhor op-
ção”, explica Edney Souza. Além disso, o serviço é ainda
fonte de informação qualificada. Até mesmo os maiores
vilões dos blogs, como Twitter, Orkut e Facebook, pos-
suem um blog para informar os problemas, correções e
novidades das ferramentas.
Os blogs trazem ainda uma vantagem em relação às
redes sociais. Com um pequeno investimento na com-
pra de um domínio e para a manutenção, o usuário tem
garantido, até que pare de pagar, aquele espaço. “No ca-
so do Twitter, a qualquer momento você pode perder a
oportunidade de postar caso comenta alguma infração.
No caso dos blogs, isso só acontece por medida judi-
cial”, afirma Souza.
No entanto, a briga deve durar pouco. O futuro dos blo-
gs e das redes sociais parece ser de perfeita harmonia. “Os
dois vão conviver pacificamente no futuro com seus de-
terminados papéis”, prevê Souza.
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