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EVOLUÇÃO DO CAPITALISMO MUNDIAL

O capitalismo – como sistema econômico e social – passou a ser dominante no mundo ocidental a
partir do século XVI.

A transição do feudalismo para o sistema capitalista ocorreu de forma desigual do tempo e no


espaço, foi mais rápida na porção ocidental da Europa e muito mais lenta nas porções central e
ocidental.

O capitalismo – cuja origem é muita antiga (final da Idade Média, séc. XV) e cuja evolução
histórica foi muito lenta – foi gradativamente se sobrepondo a outras formas de produção.

Sua hegemonia, em âmbito mundial, se deu a partir do capitalismo industrial.

Didaticamente, divide-se o processo de desenvolvimento capitalismo em três etapas: capitalismo


comercial (ou mercantilista), capitalismo industrial, capitalismo financeiro ou monopolista.

Características principais do sistema capitalista

• estrutura da propriedade: predomínio da propriedade privada, já que os meios de produção (terras,


fábricas, máquinas, usinas, portos, ferrovias, minas etc.) pertencem a agentes econômicos privados.

• objetivo: os agentes econômicos – privados ou estatais – buscam incessantemente a reprodução do


capital, ou seja, a constante obtenção de lucros.

• mecanismo de funcionamento da economia: os agentes econômicos (indivíduos ou empresas,


instituições públicas ou privadas) investem guindo-se pela lógica do mercado, com base na lei de
oferta e de procura. Ao investirem sempre com o objetivo de obter a maior rentabilidade possível,
estabelecem a concorrência entre atores e setores.

• relação de trabalho: predomínio do trabalho assalariado. Coexistem relações não-capitalistas de


trabalho, tais como parcerias, arrendamentos e até trabalho forçado por dívidas e trabalho escravo.

• meios de troca e instrumentos de crédito: o dinheiro (papel-moeda ou moeda metálica) é o principal


meio de troca, que surgiu no século VII aC, facilitando as trocas comerciais. O cheque – outra moeda
bastante usada – é uma ordem escrita, nominal ou ao portador, que permite movimentar um fundo em
dinheiro depositado num banco. Com os avanços tecnológicos na eletrônica e nas telecomunicações
foram criados os cartões bancários. Mais recentemente, movimentações financeiras se dão pela rede
de computadores. Há ainda os instrumentos de crédito, cartões de crédito, duplicatas etc.

• relações sociais: divisão de classes segundo a concentração de renda e detenção dos meios de
produção e aqueles que dispõem de sua força de trabalho.

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CAPITALISMO COMERCIAL OU MERCANTIL

Com a formação do capitalismo mercantil houve grande ampliação das trocas e da economia
monetária.

Foi um período em que o acúmulo de capitais se dava na esfera da circulação, por meio do
comércio, já a produção de mercadorias era ainda essencialmente artesanal.

Essa etapa do capitalismo estendeu-se, aproximadamente, entre fins do século XVI até o século
XVIII.

Baseada no mercantilismo que determinava que a economia, a partir da intervenção governamental,


deveria promover a prosperidade nacional e aumentar o poder do Estado.

A riqueza e o poder de uma nação era medida pela quantidade de metais preciosos que possuíam (o
metalismo). A balança comercial – que deveria permanecer sempre em superávit – era outro
importante meio para se acumular riquezas.

Daí alguns Estados europeus apoiarem a expansão marítima e o colonialismo.

O mercantilismo foi fundamental para o desenvolvimento do capitalismo, permitindo um comércio


altamente lucrativo, a partir da exploração de colônias e da pirataria.

Trata-se da acumulação primitiva de uma burguesia européia que, somadas a outros fatores, criou as
condições para que ocorresse a Revolução Industrial – primeiro no Reino Unido e depois na Europa
continental.

CAPITALISMO INDUSTRIAL

A partir da Revolução Industrial (século XVIII), foi necessária


a ampliação dos mercados para que as unidades fabris desenvolvessem plenamente sua capacidade
produtiva.

A partir de então o comércio não era mais a essência do sistema, já que o lucro – objetivo dessa nova
fase do capitalismo – advinha fundamentalmente da produção de mercadorias.

A exigência desta ampliação de mercados fortaleceu as relações entre os lugares, em diversos


continentes.

A especialização produtiva dos lugares– iniciada com a produção manufatureira – manifestou-se


numa divisão social do trabalho cada vez mais complexa.

Se à produção artesanal bastava o mercado local, à produção industrial em larga escala era
necessário a ampliação de mercado em nível regional, nacional e até internacional.

A permanência dos pactos coloniais – até meados do século XIX - foi decisiva neste processo, bem
como a expansão imperialista na Ásia e na África a partir de 1885.

Reino Unido e França foram as potências que formaram as maiores extensões de territórios coloniais.

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A partilha imperialista das potências industriais consolidou a divisão internacional do trabalho na


qual cabiam, às colônias, a produção de matérias-primas baratas que eram encaminhadas aos países que
se industrializavam.

Também em fins século XIX, despontavam como potências industriais os Estados Unidos, na
América do Norte, e o Japão, na Ásia.

Os choques entre os interesses externos e internos das potências imperialistas – a Alemanha, cuja
unificação político-territorial se deu apenas em 1871, não se beneficiou como outras nações européias –
acabaram levando o mundo à Primeira Guerra Mundial (1914-1918).

Durante todo este período, as trocas desiguais entre as nações permaneceram e continuaram
representando a base para a continuidade do sistema capitalista.

A partir da Primeira Guerra Mundial, com o estabelecimento do capitalismo monopolista, as


distâncias entre países centrais e países periféricos se acentuaram.

CAPITALISMO FINANCEIRO MONOPOLISTA

Durante o capitalismo financeiro monopolista mantiveram-se as necessidades do capitalismo


industrial – matérias-primas, fontes de energia, mercados – devido a ocorrência da chamada Segunda
Revolução Industrial.

Iniciada na segunda metade do século XIX, a partir da introdução de novas tecnologias e novas
fontes de energia no processo produtivo (em Michel BEAUD, História do capitalismo de 1500 aos
nossos dias):

• iluminação elétrica se tornou possível a partir de 1879, permitindo a iluminação das cidades, os
transportes públicos eletrificados, motores elétricos, equipamentos de fábricas, de escritórios, de
residências.

• a construção do motor a explosão (a partir de 1862) conduziu, com a invenção do carburador, ao


motor a gasolina e posteriormente ao motor a óleo diesel (1893-1897).

• a partir das primeiras décadas do século XX, teriam êxitos os primeiros vôos em aeroplanos.

• novas fontes de energia – apesar da supremacia do carvão – se desenvolvem a partir de 1900. Os


gasodutos de aço são construídos a partir de 1875, nos Estados Unidos; o primeiro navio tanque é
posto em serviço na Rússia, no mar Cáspio, em 1877; em 1890 já existem cerca de 60 navios
petroleiros nos mares.

• em 1914, dois milhões de automóveis circulam no mundo (a metade nos Estados Unidos)

• o desenvolvimento da química: novos processos, novos produtos são criados. Em poucas décadas a
produção de alumínio alcança um estágio industrial (75 toneladas em 1890, mais de 50.000 toneladas
em 1912).

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• somam-se diferentes tipos de cimento, telefone, telégrafo, rádio, produtos farmacêuticos e


produtos para a agricultura.

O desenvolvimento de novas produções, de novos setores foram a oportunidade de realização de altos


lucros e possibilitaram a rápida constituição de algumas poderosas empresas.

A longo do século XIX, várias empresas surgiram e cresceram rapidamente (indústrias, bancos,
corretoras de valores, casas comerciais etc.).

Empresa (país) Ano de fundação


Citicorp (Estados Unidos) 1812
Siemens (Alemanha) 1847
Nestlé (Suíça) 1866
Daí-Ichi-Kangyo Bank (Japão) 1873
Mitsubishi (Japão) 1880
Exxon (Estados Unidos)* 1882
AT & T (Estados Unidos) 1885
General Eletric (Estados Unidos) 1892
Fiat (Itália) 1899
British Petroleum (Reino Unido) 1909
IBM (Estados Unidos) 1911
General Motors (Estados Unidos) 1916
Hitachi (Japão) 1920
Daimler-Benz (Alemanha) 1926
Unilever (Países Baixos/Reino Unido) 1930
Fonte: LOWE, Janet. O império secreto – como 25 multinacionais dominam o mundo.

O crescimento acelerado da economia capitalista teve como uma de suas conseqüências mais
importantes o enorme processo de concentração e centralização de capitais.

A partir de fins do século XIX, a acirrada concorrência favoreceu as grandes empresas, levando a
fusões e incorporações que resultaram na monopolização ou oligopolização de muitos setores da
economia.

Essa nova etapa do capitalismo monopolista e financeiro coincidiu com o período da expansão
imperialista (1875-1914).

Tal situação viria se consolidar principalmente após a Primeira Guerra Mundial (1914-1918),
quando as empresas se tornaram muito mais poderosas e influentes, acentuando a internacionalização
dos capitais.

Favorecia-se a formação dos trustes (grandes grupos que controlam todas as etapas produtivas de um
determinado setor, seja petrolífero, elétrico, siderúrgico, têxtil, naval, ferroviário etc.) e dos cartéis
(quando os trustes fazem acordos entre si, estabelecendo um preço comum, dividindo mercados
potenciais e, portanto, impossibilitando a livre concorrência)

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Em 1928, formou-se um dos cartéis mais poderosos de todos os tempos, reunindo as companhias
petrolíferas Exxon, Chevron, Gulf, Mobil, Texaco, British Petroleum e Royal Dutch/Shell,
mundialmente conhecido como “sete irmãs”.

Ao longo do século XX, muitos trustes e cartéis transformaram-se em conglomerados, que resultavam
de um processo mais amplo de concentração e centralização de capitais, de uma crescente
ampliação e diversificação dos negócios, visando dominar a oferta de determinados produtos ou
serviços.

Os conglomerados são também chamados de grupos ou corporações, símbolo do capitalismo


monopolista. Os maiores deles são norte-americanos ou japoneses.

O Mitsubishi Group, por exemplo, fabrica desde alimentos e lapiseiras até navios e aviões, passando
por automóveis, aço, aparelhos de som, videocassetes, televisores etc. Além disso, as indústrias
Mitsubishi têm como agente financiador o Banco Mitsubishi, que incorporou o Banco de Tokio em
1996, formando o Banco Tokio-Mitsubishi, consolidando-se como um dos maiores do mundo.

A concentração de capitais, somada aos grandes progressos técnicos criados a partir da Revolução
Industrial acentuou as disparidades entre economias nacionais, fortalecendo as distâncias entre
países centrais e países periféricos.

A subordinação dos países periféricos ao capitalismo mundial é visível numa nova etapa da divisão
internacional do trabalho onde predominam as trocas desiguais: os países centrais exportam capitais
e tecnologia enquanto a maior parte dos países periféricos participam das trocas mundiais fornecendo
produtos primários (minérios, produtos agrícolas etc.).

Ao desfecho da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), agravou-se o processo de decadência das


antigas potências européias, que se verificava desde o final da Primeira Guerra.

As nações européias imperialistas foram perdendo seus domínios coloniais na Ásia e na África e,
com a destruição provocada pelas guerras, houve o deslocamento do centro de poder mundial com a
emergência de duas superpotências: os Estados Unidos e a União Soviética.

O período do pós-guerra foi marcado pela acentuada mundialização da economia capitalista, sob o
comando dos grandes conglomerados – as chamadas multinacionais ou transnacionais – e das grandes
empresas do setor financeiro.

Tratou-se de um período de gestação de profundas transformações econômicas, ocorridas


principalmente a partir dos anos 1970/1980, que marcariam o atual período de globalização.

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