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ESCADA AUTOPORTANTE SEM APOIO NO PATAMAR Anibal Knijnik José Julio Alves Tavares INTRODUCAO ‘As escadas autoportantes sem apoio no patamar constituem-se em elementos plésticos valiosos na definigéo de volumes, tanto em prédios de utilizagéo resi- deneial como, ¢ pricipalmente. em prédios comerciais ou de utilizagéo ptiblica, que pela sua significdncia social requerem solugdes arquiteténicas mais elabo- radas. O fato de n&o necessitarem de estruturas auxiliares para a sua sustentagdo faz com que este tipo de escada se apresente como a solugio ideal, tanto em termos de funcionalidade como sob 0 ponto de vista da estética. E funcional na medida em que somente interfere com os pisos onde se faz necessério, isto é, nos pontos onde sobe-se ou desce-se por elas. No tocante a estética, a leveza da solugéo estrutural dispensa qualquer consideracéo adicional. N&o € do conhecimento dos autores a existéncia de uma solucdo teérica exata para a andlise deste tipo de escadas, sendo, portento, necessério langar. mao de solugdes aproximadas para o projeto estrutural. Diversos autores elaboraram teorias aproximadas, entre os quais destacam-se Fucassremven(!), Cusens e Kuana(2), Guerrm(3), cada um representando uma corrente no modo de ana- lisar o problems. Fucnssreiver simplificou a escada por um pértico espacial com duas barras inclinadas (os lances da escads), unidas por uma barra curva, representando o patamar da escada, resultando o sistema estrutural indicado na fig. 1c. Fig. la Fig. 1b Fig. le 110 — ESCADA AUTOPORTANTE J& Cusens e Kvane apresentam uma variacéio sobre o modelo anterior, considerando ser mais razodvel substituir a barra curva por uma barra reta coin- cidente com a interseccdo entre os lances e 0 patamar e com o mesmo compri- mento deste (fig. 1.0). GuERRTN sugere um método bastante simplificado, mos- trado na figura 1.c, onde os lances séo considerados articulados junto ao patamar e este suficientemente rigido para que a deformagao horizontal do sistema seja praticamente nula, facilitando sobremaneira o processo de anélise. Outros autores, além de apresentarem métodos aproximados analiticos, executaram testes sobre modelos reduzidos, tanto em concreto armado como em resina epéxi, visando comprovar e validade dos métodos aproximadcs apresen- tados. Entre eles podem-se destacar Cusens e Kuanc(2), Iver e Manonaran(4) e CHANDRASHEKHARA e Srinrvasan(5). Os dois primeiros trabalhos relataram testes em modelos em concreto armado, ambos com escala de comprimento 1:2. Somente o primeiro levou o modelo até a ruptura. CHANDRSHEKHARA e SRI- NIvAsaN efetuaram um estudo fotoeldstico, utilizando a técnica do congelamento de tensées, apresentando com bastante clareza o problema da concentragéo de tensdes na escada. Da andlise da bibliografia indicada, escolhemos desenvolver 0 presente tra~ balho baseados nas premissas apresentadas por Cusens e Kuana(2), ou seja, na anélise da escada através de aproximagao, que € a substituigéo do sistema espacial de lajes pelo de estrutura de barras espacial da figura 1.b. METODO DE ANALISE © esquema de céilculo encontra-se representado na figura 2. As grandezas hiperestéticas escolhidas foram o momento fletor Af e 0 esforgo horizontal H no ponto O, ponto médio do sistema A BO B’ A’, Mediante a aplicagéo destas Nivel Superior NP. Nivel Interior ESCADA AUTOPORTANTE “| agoes a cada uma das partes em que a estrutura fica dividida garantimos a manu- tengao do estado equilibrado e podemos trabalhar com um sistema estaticamente determinado. ‘A determinagio das grandezas hiperestéticas, indispens4vel para que sejam explicitadas as solicitagdes internas e reagdes, seré efetuada através da aplicacéo do teorema de Casticitano a uma das metades, a superior. “ETT } titi yy ate a he4 | Corte AA + see pe Fig. 3 _ Serdo desprezados os efeitos das forcas aniais e esforgos cortantes na deter- minagao dos deslocamentos, considerando-s¢ somente aquelas garcclas oriundas das agdes de momentos fletores e momentos torsores. Esta simplificagdo é ple- namente justificada pela simples comparacdo das ordens de grandeza dos termos CLL ESCADA AUTOPORTANTE considerados ¢ dos nao considerados e reforgada pelo fato de ter sido considerads vélida apds a comparagio dos testes efetuados com as teorias elaboradas (4,6). Na fig. 3 estdo indicadae as grandezas bésicas pare a definiggo da geometria de uma escada do tipo estudado. A indicag&o do sentido positive dos momentos considerados est4 repreentada na figura 4. ‘As cargas atuantes sio W1 e Ws, cargas lincares uniformemente distribufdas respectivamente sobre 0 patamar (OBC) © sobre o lance (AB). Depreende-se facilmente que, denominando de , © 9 respectivamente, as cargas uniforme- mente distribuidas sobre o patamar eo lance, teremos Wi = gp-¢ ¢ Ws = q1-(2bs) O primeiro passo para a andlise é a determinag&o das equagdes de momentos nas barras do pértico equivalente. Determinamos, assim, as seguintes equagdcs: BARRA 0 B oy M,=Hey ee yx M,=M + ow 2 BARRA BC BARRA A B My = H- coca — © sonar + a(t = x) cosa | b M,= M vena + HS a cosa + “(= - u) sen - 2 gos! Mao $(F+ ») + [a(z + oy) one — Hsenee] + we ae Sabemos. que, dendminando U A energia de deformagao, teremes: & < au _ [2 M, OM, a+ f M, OM, M. OM, |, 0 a), ER oF Gi, OH a+ (an on + “MM, OM, + far on 113 ESCADA AUTOPORTANTE OU _ fi M. aM, ya ~ J, el am + ds o OM, . ° M, r aM, as +f M, dM, o o ER OM GF, aM Onde: I} &0 momento de inércia da segfio A (patamar) cm relag&o ao eixo ¢ (vertical). Segundo todos os autores, considera-se como efetivamente resistente somente cyt metade da largure do patamar, Logo, I= GY Tf 60 momento de inéreia da segéio transversal do patamar (ego A) em re- Jago ao cixo r (horizontal), e vale J 60 momento polar de inéreia da seco transversal do lance (sego B) em torno do eixo re vale bi) age fp 22) 16 {538 386 or |t w(t) |} Ty &0 momento de inércia da segdo transversal do lance (segéo B) em relagdo a0 eixo vertical s, e vale _ ny oD % €0 momento de inéreia da eegdo transversal do lance (segao B) em relacdo ao eixo horizontal ¢, ¢ yale ony? 42 G e Esko respectivamente os médulos de elasticidade transversal e longitudinal do material de que € feita a escada. Devido A simetria de cargas e & antimetria da estrutura, tem-se que: ou “oH = ° ou wm 7° a4 ESCADA AUTOPORTANTE Um sistema de duas equagaes a duas incdgnitas, que permite a determinagéo unfvoca das duas grandezas. hiperestaticas * Outras consideragdes podem ser feitas antes que sejam desenvolvides as equagdes que compdem o sistema. As equacdes indicadas sio vélidas tanto para o caso de escadas formadas por um sistema espacial de lajes que se interceptam como para o caso em que os degraus cncontram-se engastados sobre uma viga que serve como estrutura prim4ria de sustentagdo da escada. Os valores indicados para as inéreias J5, I, I}, TF. J) s&0 coerentes somente com o primeira caso. Para a situagdo da escada com a viga central cates valores deveriam ser recalculados considerando a influéncia da viga na determinagdo das inércias ¢ rigidezes de cada clemento. O presente trabalho consideraré somente o caso da escada formada somente por lajes, para as quais uma simplificacdo: pode ser feita. Em uma estrutura de cardter nitidamente plana, com uma dimensdo da sego transversal bastante superior & outra, a inéreia em relagéo ao cixo principal de méxima 6 muitas vezes superior Aquela cm relagdo ao eixo principal de minima. Assim, no presente caso, ¢ com a notagéo indicada: Ie>> Tk e N>> if 4 a e * << an podendo-se desprezar todas as expressdes con- > P 1 t tendo como fatorZe efow Fem presenga das que coxtém 0 fator By elou Jar > 7 E 7 Para o caso particular das estruturas que so compostas por lajes, as equagées apresentadas séo reduzidas a: ou (i OM, , [* Me OM) og OH” \I, Gi, df * 3, Bit oH A au =f? M, aM, fo Me OMe g om "J, oi om % +L, GIT on =O Multiplicando ambas as equasées por E.I# ¢ fazendo a ficamos com o seguinte sistcma simplificado: ESCADA AUTOPORTANTE ‘a Mf, =OM, “ aM, =, ole M, Sehds = \ J. ye OH tet fiat on = ° | MM, aM, 2 aM, OM, (Jo gp on % +), ye Om ‘ds =0 © qual oxplicitado e expresso cm termos das incégnitas H e M toma a scguinte forma, {Autbarens DH+EM+F=0 onde: 2 Az (03220 + 0,575 +) tana — 1152 € ex-a8 ac(b C= FE cose + wr] E(F +b) soe + (e-98 p= 15 ae 26 | eo P= oo | Fog socter + 115 z secta + 2,30 = cocficientes que sdo fungdo unicamente de geometria ¢ das cargas de estrutura. Feito 0 eflculo dos cocficientes, substituindo-os no sistema de equagocs, acham-se facilmente as grandezas hiperestAticas H ¢ M, que colocadas nas equa- ges dos fletores nos permitem determinar as solicitagées em qualquer ponto da estrutura. ue ESCADA AUTOPORTANTE | A solugéo apresentada constitui a forma exata de cfloulo, pois nfo envolve simplificagdes considerdveis (somente sendo desconsideradas as parcelas de defor. magéo que apresentam no denominador Jj e J%). SIMPLIFICACGES PROPOSTAS Em termos de aplicag&o pritica, certas simplificagdes podem ser executadas, oriundas da anélise e comparago de uma série de escades deste tipo jé proje- tadas pelos autores ou encontradas na literatura. Tais simplificagées tornam menor o niimero de varidveis envolvides no proceso, facilitando assim sobre maneira o célculo propriamente dito. ‘Séo as seguintes as simplificagdes propostas: 1) Quase sempre tem-se que a largura c do patamar € praticamente a mesma largura que tem o lance: 2b: logo ¢ 2b. 2) © Sngulo a que a escada forma com a horizontal estd contido no inter- valo de 29° a 31°, tanto por imposigdes priticas como por especificacao de grande némero de cédigos de obra de v&rias cidades. Adotaremos, entio, @ = 30° como valor médio, razoavelmente constante em todas as escadas. a 3) O valor de e= a pode ser aproximado por } 4 abya{o.as — 0,21 a) bit 12 e= - ~ oa =12 (08 0,21 ae) Admitindo as méximas variagdes correntes para os valores de f € by neste tipo de escada — ou seja: 0,60 m < by < 1,20 me 12cm < 4 < 25 em, — a variagio no valor de e é desde 3,44 0 3,81. "A pouca significagio da va. riagao de ¢ nos leva a propor a adogdo de um valor médio para € como cons- tante para todas as escadas correntes. -Adotaremos portanto € = 3,62. com um erto inferior a + 5%. 4) Assumiremos, a favor da seguranga, que sobre o lance temos uma. carga que no atua sobre 6 patamar, que é 0 peso préprio dos degraus, esti- mado conservativamente em 25% de cargas sobre o patamar. * 5) 0 valor de 8 = 4B pode ser expresso como sendo f ey) 5 12 = —2_(4\ B= a * Gad 7 waar (4) 117, ESCADA AUTOPORTANTE como ¢ & 2b;, ficaremos com: B= oso() fangio unicamente da relagdo das espessuras da laje do patemar e da laje do lance. 6) 0 valor -&- adotado para 0 concrete foi de 0,485. implifi imi ficientes A, Com as simplificagdes apresentadas, é possivel exprimir os coe! , B, C, D, E, F do sistema de equagies que determina H e M como sendo A= A(«, 3) a-a(s. 2) bob Cea (4 am +) De v(s, 4) eet bbw Pa Mn oy a Mediante tal artificio, foi possivel determinar familias de curves que nos M i dessem diretamente os valores de Le e oe como fungaio dos parfmetros bu, a’ 6b als ‘As curvas encontradas estéio representadas nas figuras 5 a 9, onde as linhas cheias servem para a determinago dos valores de if eas tracejadas para a determinagéo dos valores de Pa Para valores de - diferentes dos tabelados 118 ESCADA AUTOPORTANTE poder ser feita uma interpolagio linear entre es valores lidos para duas curvas entre as quais situe-se o valor de t/t, desejado. : ‘As curvas representadas so adimensionais, podendo-se adotar qualquer sis- tema coerente de unidades. _ Um exemplo da aplicagdo destas curvas esté degenvolvido demonstrando a facilidade da aplicagéo do método proposto ao projeto deste tipo de escadas. ESCADA AUTOPORTANTE CONSIDERACGES SOBRE O FUNCIONAMENTO DA ESCADA Crriss, Grocav, Lrasnspra(6) e Cusens © Kuano(2.6) na discussfio do trabalho anteriormente citado dos wltimos tecem vérias consideragdes interes- santes sobre funcionamento- deste tipo de escadas. A primeira delas versa sobre o aparecimento das primeiras fissuras torsionais. Nos modelos estudados fas primeims fissuras apareceram com uma carga ligeiramente superior so dobro da carga de projeto c eram diagonais localizadas no apoio inferior do lence des- cendente da escada. Em seguida, com o acréscimo de carga, apareceram fis- suras na intersecgdo do lance inferior com o patamar e na juncgéo com o lance superior, A ruptura final, ocorrida ao longo da linha da jungio entre os lances © o patamar, deu-se com uma carga aproximadamente igual a 6,50 vezes a carga de projeto. Foi verificado também que nos tiltimos estagios do carregamento apareceram fissuras no patamar junto aos limites da bomba da escada (faces internas dos ances), istas fissuras eram aproximadarente perpendiculares & linha de inter- seceao do patamar com os lances e eram consideravelmente largas junto aos lances, reduzindo-se até quase zero na face externa do patamar. Este fato com- prova a validade da hipétese de somente ser considerada metade da largura do patamar como efetivamente resistente. Das discussées citadas na referéncia 4, podemos ainda anotar as seguintes recomendagées: devido & forte concentracao de tensdes junto & bomba da escada, demonstrada claramente no trabalho de CuANDRASHBKHARA € Srrsivasan(4) recomenda-se que nesta drea seja disposta uma armedura suplementar com um ntimero razodvel de barras de alta aderéncia para diminuir © risco de fissura- Gao. Para diminuir as deformagées verticais e horizontais, recomenda-se também que as estruturas que servem como apoio superior e inferior & escada sejam feitas as mais rigidas possiveis, hem como sejam colocadas barras finas, com ganchos nas extremidades, perpendicularmente ao eixo nas quinas dos degraus. CONCLUSAO O presente trabalho teve como objetivo sistematizar um método de céleulo simplificado para tornar expedito 0 projeto estrutural de escadas com patamar sem apoio intermediério em concreto armado. Néo se pretendeu apresentar uma nova teoria, mas simplesmente colocar de modo coerente um processo simples — apresentado por completo — para a determinagdo de grandezas hiperestaticas associadas 20 problema. A determinaggo das solicitagdes, indispensveis a0 dimensionamento, é facilmente executada através do formulério desenvolvido, ndo apresentando, portanto, maior dificuldade. O ponto trabalhoso é, sem sombra de diivida, 2 determinagdo dos esforgos hiperestAticos, que podem agora, om uma incertez, que nAo ultmpassa + 15%, ser determinados rapidamento através das curves apresentadas. © campo de validade das curvas restringe-se is escadas que obedecem apro- ximadamente is simplificagies relatadas. Telizmente, a grande maioria das es- ESCADA AUTOPORTANTE | 120 cadas enquadra-se no modelo simplificado, adaptando-se, portanto, ao proceso de céleulo apresentado. EXEMPLO NUMERICO Para demonstrar a facilidede do método simplificado apresentado, seja a escada da figura 3, para o qual se tem: a = 320m = 900 kg/m b = 160m 1080 kg/m 1,20 m 1 200 kg/m 0,60 m 12 em a = 30,5° € = 3,708 + = 0,50 8 = 4,000 Para a entrada nas curvas, os parémetros valem. b 1,60 a7 320 7 00 = 0,375 a x, 7 7 0.50 ‘p Como nfo hé curvas para te 0,50, interpolaremos entre as curvas $ = 0.46 © é = 0.63 ¢ obteremos entdo: > ii 0,60 — 0.63 Go 7 088 + paz % 0.08 = 0.628 M 0,06 — 0,08 ae 0,08 + baz * 004 = 0,075 F = 0,623.9,.0° = 0,628 x 990 8 xamer- ATAl ke OT 121 | ESCADA AUTOPORTANTE Lo Hf = 0,075.45.a" = 0,075 X 900 a X (3,20 m)* = 2212 kg m Para testar a preciséo © a validade dos valores encontrades, tomemos @ so- lug&o exata, que seré calculada através dos coeficientes abaixo: A = 2,242 Substituindo estes coeficientes no sistema de equagées que nos dé H e M. encontramos H = 5443 kg M = 2110 kgm Vemos, pois, que os valores exatos so 5,2% menores que 0S aproximados para o esforgo horizontal e 4,6% menores para os valores do momento fletor, corroborando-se, assim, @ validade do método aproximado. 1) Focnssrenen, W., “Escalerae” in “Manual Tesrico Pritico del Hormigon — Beton — ‘Kalender’, Libreria “El Ateneo” Editorial, Argentina, 1957. Cusens, A. R., Kvana, Jine-Gwo, “Ezperimental Study of a Freestanding Staircase”, ‘J. Amer. Concrete Inst., v. 63, 0.° 5, may 1966. 3) Guerniw, A, Lavacr R. C,, “Praité de Béton Armé”, Dunod, Paris, 1971. 4) Tver, L. S., Manonanax, K., “Model Peat of a Free-Standing Staircase”, Indian Concrete Journal, july 1968. 5) Cuanprasnexmana, K , Sunrvasan, 8, P., ‘“Photoclastic Analysis of Free-Standing Stair ”, Journal of Str. Division, Asce vol. 98, n.° St 12, dec. 1972. 6) Cunies, S., Groaan, 0. A., Lrepenena A. C., Kusexs. A. R., Kuana, Jing Gwo, “Dis ‘cussion of the Paper: Experimental Study of Free-Standing Staircase", J. Americ. Coneret Inst. v. 62, n.° 12, dec 1966. 2) 122 123 ESCADA AUTOPORTANTE ESCADA AUTOPORTANTE 12: 124 ESCADA AUTOPORTANTE ESCADA AUTOPORTANTE 4125 ESCADA AUTOPORTANT! 9

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