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Referéncias Bibliograficas ALMEIDA, Maria Herminia T. Pertencimento do Mandato. In ‘AVRITZER, Leonardo ¢ ANASTASIA, Fatima (organizadores). Re~ forma Politica no Brasil. Belo Horizonte: Editora UEMG, 2006. ANASTASIA, Fatima e NUNES, Felipe. ‘A Reforma da Representacio. | In AVRITZER, Leonardo ¢ ANASTASIA, Fitima (organizadores), [Reforma Politica no Brasil. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2006. MANIN, Bernard. As Metamorfoses do Governo Representativo. In | Revista Brasileira de Ciéncias Sociais, 129, ano 10, outubro de 1995. SANTOS, Fabiano. O Peder Legislativo no Presidencialismo de Coaliz Belo Horizonte: Editora UFMG, 2003. OS PODERES DO LEGISLATIVO BRASILEIRO ‘UMA ANALISE COMPARADA E HISTORICA Julio Roberto de Souza Pinto Resumo Anilise comparada ¢ histérica do Legislativo federal brasileiro em sua selagio com o Executivo. Demonstra que 0 Legislativo federal brasilei- fo, notadamente em sua relacio com 0 Executivo, tém sofrido severas fiaitagdes ciclicas ao longo da hist6ria e que, embora a Constituisio vi- gente tenba restabelecido 0 equilibrio na relagao de forga entre esses dois Boderes, esse equilibrio no alcangou os nfveis verificados nos periodos 1891-1930 e 1946-1964. Demonstra ainda que, conquanto disponham os Executivos espanhol e francés de iguais prerrogativas legislativas, os Legislativos desses pafses,respectivamente parlamentarista e semipresi- dencialista, exercem maior controle sobre o Governo. Palavras-chave: Legislativo, Executivo, Relagio. Introdugao Este trabalho é parte de uma obra mais abrangente, ainda inédita, a qual este autor faz urna andlise comparada e hist6rica dos principais jnstitutos e processos do Legislativo federal brasileiro, entre os quais se incluem a estrutura, a composigio € as competéncias do Congreso Nacional e de suas Cémaras, estas iltimas particularmente em relagio a0 Executivo; a organizacio interna de cada Camara, enfocando-se 2 felagdo entze liderados e lideres; o funcionamento do Congresso ¢ de suas Camaras, assim como o processo legislativo; as prerrogativas impedimentos dos congressistas. “Tal como ocorreu em todas as demais, nesta parte do trabalho inicial- mente se procurou descrever as competéncias de Legislativos estrangeiros, em sua relagio com o Executivo, Tais referéncias estrangeiras foram org nizadas em conformidade com os sistemas de governo, operando-se com (0s trés mais importantes, quais sejam: presidencialismo, parlamentarismo ¢ semipresidencialismo. Dentro de cada uma dessas categorias, foram se~ lecionadas as experiéncias consideradas mais representativas: respectiva- ‘mente, a dos Estados Unidos, 2 da Espanha e a da Franga. 139 i Em seguida, buscou-se descrever os poderes do Legislativo bra Ieigo, sempre em sua relagao com o Executivo, desde o perfodo imperial até os dias atuais. Por tiltimo, procedeu-se a andlise da atual relagao de forca entre 0 | Congresso Nacional e o presidente da Republica, # luz tanto de expe riéncias estrangeiras quanto da Histéria brasileira. Na feitura desse estudo comparativo ¢ histérico das competéncias do Legislativo brasileiro, em sua relagio com o Executivo, recorreu-se, criticamente, as constituicdes € aos regimentos, respectivamente, dos di: ferentes estadios ¢ Parlamentos analisados, bem como as varias constitui~ goes e regimentos parlamentares brasileiros, promulgados a0 longo dos, tempos. Também se visitaram, in oco, 0s diversos Parlamentos estudados, assim como se mantiveram contatos com assessores estratégicos desses Parlamentos. Por titimo, este autor é servidor efetivo da Camara dos Deputados, ali excreendo a fungio de assessor juridico da Secretaria~ Geral da Mesa ¢ de professor do curso de especializacio em institutos € processos politicos do Legislativo, As demais fontes, as secunditias, acham-se indicadas ao final do trabalho. Referéncias Estrangeiras, United States Congress ‘A Constituigio dos Estados Unidos concede todos os poderes legis Iativos ao Congresso (Artigo I, Segio 1). A maior parte esta concentrada no Artigo 1, Segio 8, A chamada necesary-and-praper clause, segundo a qual “o Congresso tera 0 poder de fazer todas as leis necessérias e apro- priadas 20 exercicio dos poderes anteriormente citados ¢ de todos os ou- {ros poderes concedidos por esta Constituigio a0 Governo dos Estados Unidos ou a qualquer érgio ou agente dele”, vem sendo interpretada de ‘maneira bastante ampla pela Suprema Corte. Outras competéncias, entretanto, estio espalhaclas pelo texto consti~ tucional, como a de propor emendas & Constituisio ou de convocar uma convengio para esse fim (Artigo V)!,a de admitir novos estados na Unio 1 0 Uatatgue Cnet men ind de Haun of rants Sexi cree es aaah arr nnd ey one 1 te Bien een rg Psd at ee eee ea ce Coens den cna 3_Av ened som pone 1S Pu de Cop et ip legs eo ee aoe en ee a isn aa 140 (Artigo IV, Seco 3) ea de eleger o presidente e o vice-presidente dos Es- tados Unidos em caso de impasse no colégio eleitoral (Emenda XII). ‘Uma das mais importantes atribuigGes nao legislativas do Congreso é a decontrolar 0 Executivo. O advise and consent do Senado é condigéo nevessétia $s nomeagies presidenciais aos mais altos postos da Republica ¢ ratificasio, pelo presidente, dos tratados ¢ acordos internacionais (Artigo I, Seo 2). ‘As investigacées do Executive, comumente delegadas 4s comissdes permanentes,selecionadas ou especiais € mists, sfo conduzidas com o firn de reunitr informagées aptas a subsidiarem legislagdo futura, de testara efeti- vVidade de leis j editadas, bem como de inquirir as qualificagdes e o desem- penho de membros e altos funcionésiés dos outros poderes. As comissoes fam poder de convocar testemunhas, denunciando as que néo comparecem por crime de desobediéncia. Podem também denunciar investigados por ‘rime de perjirio c testemmunhas por crime de falso testemunho. ‘© Congresso pode ainda decretar o impeachment do presidente por traigio, corrupgo ou outros crimes e infragdes (Artigo II, Segao 4). Os poderes do Congresso, porém, sto expressamente limitados no Astigo I, Secdo 9 ¢ em algumas emendas. Essa limitagio, contudo, é so- mente em relacio aos estados e ao povo, nunca em relacio a0 Executivo. ‘A Emenda X prevé que “os poderes no delegados aos Estados Unidos pela Constitui¢ao, por ela nao proibidos aos estados, sao reservados aos estados respectivamente, ou a0 povo”’. ‘Ao presidente dos Estados Unidos nao séo conferidos quaisquer poderes legislativos, ainda que por delegacio congressual. Sequer € ou- torgado a ele competéncia para encaminhar projetos de lei A House of Representatives ow a0 Senado$ Em compensacdo, a Constituigio dispoe que “todo projeto de lei aprovado pela House of Representative e pelo Senado, deverd, antes de se 4. Se enum candids pian dea los de wn no cali dito ine gt cn Ens Uy eed nur nee tetostBS auc nodose neu cess ice pine sng uso Som SMe vce pects lento do canister o mae tne dwt 5. a gid United Sate he Contin, ar ried te Saag teers tabetha one page ties 66 pee ne Eta Gi ep lade tw mp secant tat opine oS tan sain wa cig Alun SEAT ECAN deen eames Enc Coney pa age pn Secreta I adr s abpNo Lr Tig Cpe Oe se Spc Ce non exenip e guoCng tence a reaver pcan dlore qu nee Stein eirconaaeee 141 transformar em lei, ser apresentado ao presidente dos Estados Unidos” “toda ordem, resolugo ou voto a que a concorréncia do Senado ¢ da House of Representative seja necesséria (exceto em questio de recesso) deverio ser apresentados ao presidente dos Estados Unidos e, antes de tentrarem em vigor, devem ser aprovados por ele” (Artigo I, Segaio 7)’. Na verdade, somente sio submetidos & saneao presidencial os projetos de lei ede resolugo conjunta. Os vetos presidenciais s6 podem ser derrubados por dois tergos dos membros de cada Casa, em votagdes sucessivas. ‘A Constituigao outorga ainda ao presidente as prerrogativas de prestar ao Congresso information of the state of the union e recomendar 2 sua consideragao as medidas que julgar necessérias e expedientes, de reunir ambas as Casas ou qualquer uma delas ¢, em caso de desacordo entre elas quanto ao tempo de recesso, de pé-las em recesso pelo tempo que julgar apropriado (AArtigo IL, Seco 111). Cortes Generales da Espanha ‘Na forma da Constituigio Espanhola de 1978, “as Cortes Generales? epresentam o povo espanhol”, em razo do que “exercem o poder legis lativo do Estado, aprovam seu orcamento, controlam a ago do Governo” (artigo 66)". Também sio elas que provéem a sucessio da Coroa em caso de nao haver herdeiro da dinastia histérica (artigo 57). Elas detém ainda 6 poder de reformar a Constituisio, apenas submetendo a reforma a referendo popular se requerido, no prazo de quinze dias, por um décimo dos membros de qualquer das Camaras (artigo 167)" ‘As Cortes Generales podem delegar ao Governo poderes para editar leis sobse certas matérias e num prazo determinado. So expressamente Sa ease pe ae et he oe ne te aad Re aaa rn its Coe arena eer vel Teh apr. sam pmmngeennine cp Coe Se er eee Bema brn nn ee iy See Congen nc oo Te F Stagg lee Seen Ep ps Sree ated ig ata teigiet geet ayae! 18 to marron aa clonal Ga fo en iin i i oan np Cece op 11 i co io mt 142 excluidas as matérias que se incluem no dominio das leis org; Enquanto esté em vigor uma delegasio legisltiva, o Governo pode opor-se a qualquer proposigo de lei!” ou emenda que a contrarie, Nesse caso, porém, pode-se apresentar uma proposiczo de lei para revogar total or parcalmente ali de delegacio (aftigo 84). Além disso, en caso de extraordinaria y urgente necesidad”,o governo pode editar “disposiciones legislativas provisionales’, que assumem a forma de “decretos-leyes”. Eases decretos-leis, entretanto, nao podem dispor so- bre certas matérias e devem ser submetidos imediatamente ao Congreso de los Diputados (artigo 86). Ademais, concorrentemente com o Congreso e o Senado, o Gover~ no tem iniciativa legislativa'’ e pode declarar urgéncia, assim como os projetos de lei por ele propostos nao estio sueitos aos procedimentos de fora en consideracién’® no Congreso (artigos 87 e 90). O Governo tem exclusividade de iniciativa legislativa no tocante ao Orgamento Geral do Estado e toda proposigfa desi ou emenda que implique diminuigio das reeetas ou aumento des despesas depende do asehtimento do Governo para sua tramitagdo (artigo 134), Por derradeiro, o presidente do Governo™, mediante prévia deli- beragio do Conselho de Ministros ¢ sob sua exclusiva responsabilidade, pode propor a dissolugio do Congreso, do Senadlo ou das Cortes Generales, Boe @ enti decretada pelo rez No entanto, a dissolugdo nio pode set proposta estando em tramitagao uma mogio de censura (artigo 112). Em compensago, o presidente do governo s6 pode ser nomeado pelo rei se.0 Congreso de los Diputados aprovar seu programa, é dizer, se 0 Congreso he outorgar a confianga (artigo 99)". ‘Afora isso, 0 Congreso, o Senado ¢ ambas as Camaras conjunta- mente podem criar comissbes de investigagao sobre qualquer assunto de interesse puiblico, as quais tém poder convocatério (artigo 76). 12 A delogapo legislative assume a forms de ura et de base quando tem por objeto a edigto fem Ee fs ide ganda oe conto nlc “ites Sonia Berea ee B sncteproposgbes dele os textos apresentados pelo Congreso ou Senado pro- jetos delet on olereckdos pelo Govern Pane a 14 As assembles das comunidades autdnomas poden je feo een Congr repo d bidade de inicativa popular (artigo 87) 15 A “tomada em considerasic” consis na dscuso na yoru preiminares, pelo Pe {obre a oportaniade principe Gus proposes dee. 16. Expressto empregadt ples espa ‘hols pata denorninas Seu pret saniro 17 Depois de investidoo presidente do Governo,os demais membros do Govemo sto nome- doa palo rc, por indicagdo do presidente, oliciar 20 Governo a adogto de um Tei, A constinuigao prevé ainda 3 pos 143 ee ‘Ademais, o Governo e cada um de seus membros tém de se sub~ meter 8s interpelaciones y preguntas que a eles sio dirigidas no Congreso e no Senado em tempo semanalmente estabelecido para esse fim. As ques~ tes podem ser orais ou escritas, Estas tiltimas devem ser respondidas, pelo mesmo meio, num prazo méximo de vinte dias. As interpelagdes so quest6es mais amplas e visum no apenas a solicitar uma informagao a0 Governo, mas também a fazer uma critica. Toda interpelacio pode dar lu- gara uma mogio em que a Camara manifeste sua posicio (artigo 111)". Entretanto, 0s meios mais eficientes de controle do Congreso de los Diputades sobre 0 Governo estio previstos nos artigos 112 113. De uma banda, em tempo de crise, 0 Governo pode requerer ao Congreso um voto de confianga em relagio a seu programa ou a uma declaragio politica geral. De outra, Congreso pode manifesta sua desaprovagio 20 Governo pela adogéo de uma mogio de censura. A mogio tem de ser proposta por pelo menos um décimo dos deputados, deve indicar um sucessor 4 presidéncia do Governo”, s6 pode ser submetida a votagao depois de transcorridos cinco dias contados de sua apresentagio ¢ ne- cessita do voto da maioria absoluta para ser adotada. Se o Congreso nega confianga ou adota uma mogio de censura, 0 Governo apresenta sua emissio ao rei, que, no segundo caso, nomeia o sucessor indicado. Por titimo, cada uma das Camaras tem a presrogativa de propor ao rei a nomeagio de quatro membros do’Tribunal Constitucional artigo 159)" de seis membros do Consetho Geral do Poder Judicirio (artigo 122)" Parlement francés ‘A Constituigdo de 1958 limitou sensivelmente os poderes do Par~ lamento.” Este ainda detém o poder legislativo, como 0 estabelece o artigo 34: “A lei é votada pelo Parlamento”®. Mas esse artigo limita 18 As Camaras¢ sues comissbes podem solicits, por meio dos presidente daquelas asin Hen aeSRa sue peecuem 6 pare do Govt, bem com rramars preseaga de ets imernbjos (tig 109 10) 19 Defer regertemente chsicada emo constutivt 20 O Tibund Consitucional compost de doce memes designsdos pr nove anos. A compos se renova em uth tayo a cada tao 21.0 Consetho Gen do Poder Judiciso € nterado pelo presidente do Tribunal Coastro- ional e por vite membros nomeados por um peredo de eneo 208 22 Osis Rein sn ane so pbs ples do Pat ae tli do reameesua cnfentar os desafios da descoloniayS, qb maar 0s tn ce dV Repl Sisotcamene« Conn dV Rep pinta frat Jo preidente da Repin edo Governo, prs mente depos cida Parent, 23 “Lae et ete pare Parlement.” 144 consideravelmente 0 dominio da lei, © Parlamento legisla sobre os direitos civis e as liberdades piblicas, o direito das pessoas, 0 direito penal ¢ 0 direito processual penal. Legifera também acerca da organi- ‘acio judiciéria, dos impostos, da moeda, dos regimes cleitorais, dos funciondrios ¢ das nacionalizagées. Ja no que concerne & organizacio da defesa nacional, a administragao das coletividades locais, ao ensino, ao diteito de propricdade, bem como ao direito do trabalho, sindical e¢ securitario, apenas estabelece os princfpios fundamentais. Todas as, demais matérias incluem-se no dominio regulamentar do Governo {artigo 37). As ages do Governo sio dirigidas por um primeiro-mi- nistro nomeado pelo presidente da Repblica, que também nomeia, por propostas do primeiro-ministro, os demais membros do Governo e preside o Conselho dos ministros (artigo 21, c.c. artigos 8 e 9) ‘Alémm disso, o Governo pode solicitar ao Parlamento uma autorizagio para tomar, por um tempo limitado ¢ sob a forma de ardennances, medidas que normalmente sc inserem no dominio da lei (artigo 38) ou pode até mesmo editar textos de lei sem prévia deliberagio parlamentar, porém sob responsabilidade politica perante a Assemblée nationale (artigo 49). Neste ilkimo caso, 0 texto é considerado aprovado se nenhuma mogao de censu- 1a, apresentada nas 24 horas seguintes, for adotada pela Assemblée ‘fora isso, cabe a0 primeiro-ministro, concorrentemente com os membros do Parlamento, a iniciativa das leis, podendo ainda escolher a Assembleia em que o projeto comegara sua tramitagao (artigo 39). Da ‘mesma forma, 0 Governo pode apresentar emendas ¢ intervir no pro- cesso legislativo, demandando votagdes em bloco e declarando urgéncia (artigo 44 ¢ seguintes). Igualmente, os projetos de lei apresentados pelo Governo ¢ as proposicées de iniciativa parlamentar por ele accitas tem prioridade na ordem do dia das Assembleias, e na seqiiéncia por ele fixa~ da, Apenas uma reunido plenéria por més € reservada prioritariamente & ordem do dia de cada Assembléia (artigo 48). ‘Até mesmo 0 poder dos membros do Parlamento de apresentar proposiges ou emendas sofie restrigdes. A iniciativa das leis de finangas, 24 Denomiada “notion decompo’ Mucosa consieram qu esa prota smn einge excenere os cmpetencs atin de conte de sone serial bem como pose atm gave dealin a lay de fa ene o Legit © 0 ject, Outs ao vont eputanens omen co de sev obstuto planeta 25 Como ocrre na Espank, na rang denominaae‘pojto de ees texto aresenta Sage onc penn aso for nero do Plat. A incl de revo dh Const ebe eoncomentemente xo pridene da Reps, por proposta do primetorministroe aoe meno do Pastarent (ago 89) 145 das leis de financiamento da seguridade social e das leis que autorizam a ratificagao de tratados ou acordos internacionais € exclusiva do Governo. De igual modo, nao sto admitidas proposigdes e emendas parlamentares que resultem em diminuigio das receitas piiblicas, criag20 ou agrava- mento de despesa piblica (artigo 40). ‘Ademais, se o Parlamento nao se pronuncia no prazo de setenta dias sobre o projeto de lei de finangas, as disposigoes desse projeto po- dem ser postas em vigor pelo Governo via ordennance (artigo 47). Com efeito, é 0 Governo que faz 0 controle da competéncia legisla- tiva, Se um parlamentar apresenta proposigio ou emenda que nao perten- ‘gam a0 dominio da lei ou que sejam contrérias a uma delegacio legislativa jafeita, o Governo pode apor a irreceuabilité ou inadmissibilidade,Somente ‘no caso de desacordo entre o Governo ea assembléia onde estejatramitan- do a matéria, 6 que o Conselho Constitucional decide (artigo 41). Seme- thantemente, dando-se conta de que uma lei jé vigente invadiu 0 dominio regulamentar, o Governo pode recorrer 20 Conselho Constitucional. A partir do momento em que o Conselho Constitucional a declare de cardter regulamentar, o Governo pode modificé-Ia por decreto (artigo 37). Os poderes do Parlamento sdo limitados também pelas competé cias concedidas a0 presidente da Republica. Cabe ao presidente a deci de submeter a referendo popular, por proposta do Governo, projetos de lei sobre determinadas matérias, contornando assim a competéncia do Par- Jamento (artigo 11). Além disso, ele pode demandar ao Parlamento urna nova deliberag isa cle submetidas para promulgagao (artigo 10). Afora isso, ele pode ratificar certos tratados e acordos internacionais sem autorizagao parlamentar (artigo 53)”. Ademais, ele tem 0 poder de submeter o projeto ou proposigo de revisio constitucional votada pelas duas Assembléias a referendo popular ou de submeter 0 projeto & aprova- ‘¢lo conclusiva do Parlamento reunido em Congres (artigo 89).Por iltimo, 26 Na pritca, a exrensio dos poderes do presidente da Repdblica varia na proporso da eoinci- ‘éncia entae« maori da Asembléenatimale ea que o lege. Se hé coincidénca entre a6 maiorias, f presidente excolhe lanemente o primeito-ministr. Nese caso, hi uum predomini ds fangBs Decsidencas, Em cso de “obabitaion’, € diner, quando urna maioria host a sua politica ¢ clita Dara Asem nationale coisas mda. O presidente deve escolher opeimeiro-ministo dente a [nota da semble nationale para que o Govern obterihno apoio dessa Assembiéia. A supremacia politica assim obtda plo primio-minieto confere so regime um carter ais parlamentarita, 27. Na vetdade, apenas a ratiicagdo dos tratados previstos no artigo 53 depende de autori~ ‘ass pret «al edi a forma dee nia exci do Governo, Meso ‘esses, porém, caso incdam sobre o fncionamento das instituigées, podem ser submmetidos pelo presidente da Republics a referendo popula 146 - cle tem 0 poder de dissolves, apés consulta a0 primeiro-ministro © aos presidentes das Assembléias,a Assemblée nationale (artigo 12) Em compensasao, 0 Parlamento pode controlar o trabalho do Go- verno por meio de comissées parlamentares de inquérito, Entretanto, 0 instrumento mais conhecido de controle do Governo sio as “questions ‘au Gouvernment”. Como ocorre nas Cortes Generales espanholas, “uma reunifo plendria por semana, pelo menos, reservada prioritariamente as questdes dos membros do Parlamento ¢ 3s respostas do Governo” (artigo 48). As questées sao comunicadas previamente ao Govern. Os patlamentares podem ainda formular quest6es escritas. A resposta Ihes € Gada, por meio do Didrio Oficial, dentro dos dois meses seguintes. Todavia, os meios mais efetivos de controle da Assemblée nationale sobre 0 Governo sio aqueles previstos no artigo 49 da Constituicio, Nos moldes desse dispositiv, o Governo pode requerer 0 voto de confianga a Assemblée nationale sobre um programa ou uma declaragio de pol eral. O voto de confianga em geral tem lugar logo apés a formasio de tum novo Governo ¢ a apresentagiio, pelo primeiro-ministro, das agbes governamentais a serem executadas, Mas 0 chefe do Governo pode igualmente solicitar o voto de confianca para consolidar a maioria que o apéia e assim reforgar sua legitimidade em periodos de crise. ‘Ainda consoante o artigo 49 da Constituiso, para manifestar seu desacordo com 0 Governo, os deputados podem apresentar uma mogiio de censura, que somente sera recebida se apoiada por no minimo um décimo dos membros da Assembice nationale. A mocio nao pode ses votada antes de 48 horas contadas de sua apresentacio, obviamente, para que os depu- tados nao reajam “ao calor das emogGes"e tenham mais tempo para refitir. Apenas sio computados 0s votos favordveis 4 mogo, a qual somente é aprovada pelo voto da maioria dos membros da Assemblée. Um deputado nfo pode ser signatirio de mais de trés "mations de censure spontande" por sessio ordindria e mais de uma por sessio extraordinaria. Adotada uma mocdo de censura ou desaprovado 0 programa ou uma declaragio de politica geral do Governo, 0 primeiro-ministro deve remeter ao presidente da Republica a demissio do Governo (artigo 50). O presidente, porém, mio € obrigado a acaté-la, 28 "Une sdance par tmaine as mins et rere par prerité au questions des membres du Prlement et ae rponses a Geurcerement" Na reaidade,a Asemble eliza tts anes de quatons por semana 29 Para contrastar com a “motion de censure proveguée’, feria anteriormente. 147 Além disso, os membros do Governo ¢ o presidente da Repablica sio passiveis de julgamento pela Alta Corte de Justiga, constituida de seis deputados, scis senadores e trés magistrados, os primeitos so julga- dos por atos praticados no exercicio da funcio qualificados como critnes € 09 tiltimos, por alta traigio mediante zesolugao aprovada pela maioria absoluta das duas Assembleias (artigos 68, 68-1 e 68-2). Por tiltimo, os presidentes das duas Assembléias designam, cada tum, trés membros do Conselho Constitucional (artigo 56)”. Referéncias Brasileiras Histéricas Assembléia Geral do Império do Brasil A Assembléia Geral do Império do Brasil" tinha poderes legislativos, | inclusive de reformar a Constituicéo (Constituigao de 1824, artigos 174 a 178), bem como competéncias nfo legislativas, como a de reconhecer 0 principe imperial como sucessor do Trono, a de nomear tutor ao principe imperial caso seu pai no houvesse feito isso em testamento, a de eleger a regéncia ou regente, a de resolver diividas quanto a sucesso da Coroa, a de autorizar o Governo a contrair empréstimos e a de conhecer dos delitos cometidos por membros da familia imperial, por ministros e conselheiros de estado, assim como por seus préprios membros (artigos 15 ¢ 47). O Exccutivo, por meio dos ministros de estado, possufa iniciati- va legislativa, mas suas proposicGes s6 se convertiam em projetos de lei depois de examinadas por uma comissio da Camara dos Deputados, clmara em que, necessariamente, comegava sua tramitagio (artigo 53). A. Camara, pelo menos em tese, podia recusar uma proposi¢ao do Execu- tivo, caso em que deveria enviar uma deputacio 20 imperador com a se~ guinte mensagem: “A Camara dos Deputados testemunha ao Imperador 6 seu reconhecimento polo zelo, que mostra, em vigiar os interesses do Imperio: e Lhe supplica respeitosomente, Digne-Se tomar em ulterior consideragdo a Proposta do Governo” (artigo 56). O imperador exercia tanto 0 denominado “poder moderador” quanto 0 poder executivo, No exercicio do primeiro, ee nomeava os senadores a partir 30 © Congelho Constitucional é composto por nove membros com mandato de nave anos © é renovado eam un terpo a cada ts anos: tute nomeados pelo Presidente da Republica, tes pelosi de ue naronae es plo present do Sendo, Tam inegram 0 ‘onaetho Constitucioral o ex-presidentes da Republica 31 A Asembleia Geral do Império do Brasil era bicameral, sendo composta da Cimara dos ‘Deputados e da*Cimara dos Senadores ou Senado". [52 Naventade, a reforma da Consinlipto era proposta numa legislatures decid na seguinte. 148 1 as lista triplices, convocava ordinztia ¢ extraordinariamente, prosrogava € adiava a Assembléia Geral, bem como dissolvia a Camara dos Deputados convocando outra que a substituisse; sancionava os decretos™ e resolugdes da “Assembléia, que s6 depois disso obtinham forga de lei (artigo 101). O imperador podia vetar expressa ou tacitamente 05 decretos da As- sembléia Geral, ou scja, 0s projetos de lei por ela aprovados. Se, no prazo de uin més, nao concedesse a sangio, os decretos etam tidos como vetados. Portanto, cra o veto, ¢ nao a sangio, que podia ser técito. Na verdade, a san- fo imperial era presumida se a Assembiéia Geral reapresentasse 0 mesmo projeto nas duas legislaturas seguintes (artigos 65 a 67). No exercicio do poder executivo, o imperador celebrava tratados, cuja ratificagdo somente era submetida & aprovasio da Assembléia Geral quando esses acordos internacionais envolviam cessio ou troca de tertitério do impé- rio ou de possessGes a que o império tinha direitos assim como fazia a guerra e declarava a paz, disso apenas fazendo comunicagao a Assembléia quando fosse comparivel com “os interesses e seguranca do Estado” (artigo 102). Em compensacio, o imperador nao podia sair do império sem 0 con- sentimento da Assembléia Geral, sob pena de considerar-sc haver cle abdi- cado 3 Coroa (artigo 104). Além disso, teoricamente nao exercia poderes legislativos stricto sensu, ainda que por delegacao da Assembléia Geral. Fi- nalmente, 0 ministro de estado da Fazenda tinha de apresentar i Cimara dos Deputados, anualmente, um balango das receitas ¢ despesas do Tesouro Nacional do ano antecedente (artigo 172). ‘Ao contrério dos Estados Unidos, no Império do Brasil cram os po- deres legislativos dos Conselhos Gerais das Provincias que eram limitados para favorecer a Assembléia Geral (artigo 83). ‘Congress Nacional dos Estados Unidos do Brasil Sob o regime insttuido pela Constituigo da Repiiblica dos Estados Unidos do Brasil de 1891, os poderes do entio “Congresso Nacional” fo- ram sensivelmente ampliados.** Além das competéncias legislativas € nao legislativas que detinha no regime anterior, outras the foram acrescidas, tis como: reunit-se independentemente de convocacio e deliberar com exclu- sividade sobre a prorrogacio e adiamento de suas sess6es (artigo 17); eleger ‘os entiio “presidente e vice-presidente da Repiiblica”ou “dos Estados Unidos 33 Os decretos exam a forma que assumiam os projets deel uprovas pela Assembléia Geral. ‘34 © Congresso Nacional era constituido da Ciara dos Deputados e do "Senado Federal. 149 do Brasil”, cada qual entre os dois candidatos mais bem votados pelo povo, no caso de nenhum haver aleangado a maioria absoluta dos votos (artigo 47); aprovar as nomeagies presidenciais aos cargos de membro do Supremo ‘Tribunal Federal, de membro do Tribunal de Contas ¢ de ministro diplo- itico (artigos 48 e 89); receber dentincia contra o presidente da Repiblica ¢ julgé-lo,juntamente com os ministos de estado, por crime de responsal Tidade (artigos 52 ¢ 53), bem como julgar os membtos do Supremo Tribunal Federal (artigo 57); resolver definitivamente sobre os tratados ¢ autorizar 0 Executivo a declarar a guerra e a fazer a paz (artigo 34). ‘Assim como ainda hoje ocorre nos Estados Unidos, as compete: cias do Congresso Nacional da Repiiblica dos Estados Unidos do Brasil 36 cram Limitadas em relacio aos estados, nunca em relagio ao Executivo (artigos 68, 8° e 11)°. Em contrapartida, 0 chefe do Executivo continuava 2 apresentar pprojetos de leis (artigo 29) e a sancionar os projetos de lei aprovados pelo Congresso; em termos quase idénticos 2 Constituigao dos Estados Uni- dos, dava “conta anualmente da situago do Pais ao Congresso Nacional, indicando-lhes as providéncias ¢ reformas urgentes”; bem como seguia convocando extraordinariamente 0 Congresso (artigo 48). ‘Oveto do Executivo aos projetos de lei aprovados pelo Legislativo, orém, paso a ser exclusivamente expresso, Se o presidente da Repa- Ehica nao verasse expressamente os projetos de lei no prazo de dez dis, operava-se, isto sim, uma sangio tacita. Além disso, o veto entio podia ser derrubado por dois tergos dos membros presentes, em votagSes no- inais sucessivas em cada Cfimara (artigo 37). A Emenda Constitucio- nal de 1926 instituiu o veto parcial. Legislativo da Republica dos Estados Unidos do Brasil pés-1934 Sob o regime da Constituicao da Repablica dos Estados Unidos de | 1934, os poderes do Legislativo foram diminuidos em favor do Exe~ cutivo, da mesma forma que as competéncias dos estados e do Distrito Federal foram reduzidas em beneficio do Poder Central. © Legislative federal continuou a se reunir independentemente de convocagio {artigo 25) e a resolver sobre o adiamento ou a prorrogaso da 35 Entretanto,« Emends Constiguiona de 1926, querendo diminuira forga dos governado- qeve coronés impos o Poder Central 56 O poser legistivopasiou 2ser“execido oo OR Feea arign 29, De fo Sena f eyecer a cootdenasio dos Poderes federas en maa dos Depts com clon gma neo Lapin Ble psn ‘(artigo 88). ft 150 sessio legislative (artigo 26); a Camara dos Deputados ¢ 0 Senado seguiram com a prerrogativa de eleger o presidente da Repiiblica, no caso de vacincia do cargo nos tlkimos dois anos do mandato (artigo 52); 0 Senado conti- nuou a controlar as nomeages presidencizis aos cargos de ministro da entio Corte Suprema, de ministro do Tribunal de Contas e de chefe de misséo Giplomitica no exterior, controle entio estendido as nomeagbes a0 cargo de procurador-geral da Repiblica (artigo 90); 0 Legislativo seguiu resolvendo definitivamente sobre tratados ¢ autorizando o presidente da Repiiblica a de~ clarara guerra ea negociar a paz; ¢ continuow Tevantar os vetos sidenciais, entio com maior facilidade: 0 quorum foi reduzido para a maioria, absoluta (artigo 45). Outras competéncias foram acrescidas, tis como, julgar 1s contas e fixar os subsdios do presidente da Repiiblica (artigo 40); eriar ‘comissoes de inquérito; e convocar ministros de estado (artigos 36 ¢ 37). Em contrapartida, o Legislativo foi enfraquecido pelo desequilibrio im- posto ao bicameralismo, na medida em que as mais importantes propostas legislativas, inclusive os projetos de lei orgamentira, nfio mais estavam sujei- tas A revisio ca eventual veto de uma segunda Camara (artigo 91). Foi igual ‘mente debilitado pela representacio profissional, que disputava espaco com a representagio popular no interior da C’imara dos Deputados (artigo 23). ‘Akm disso, o orgamento passou a ser proposto pelo presidente da Re~ pila, ao podendo ae qu 0 aprvava contr iat eran brea prevista ea espe fixada para os servigos anteriormente criados, sendo ainda vedado ao Poder Legislativo conceder créditosilimitados (artigo 50), em que Fens ee ee epublica das leis financeiras em geral (artigo 41). Da mesma forma, passaram acer de iniciativa exclusiva do presidente da Republica as leis que aumentavam ‘0s vencimentos dos funcionzrios, criavam empregos cm servigos jé organiza- dos ou modificavam a kei de fixagio das foreas armadas. Por tltimo, as leis tri- butrias,que eram da iniciativa exclusiva da Cémara dos Deputados, passaram aser da iniciativa concorrente desta e do presidente da Republica (artigo 41), ‘Ademais, o Senado perdeu a competéncia para julgar o presidente da Repiblica, os ministros de estado e os ministros da Corte Suprema por crime de responsabilidade, Essa atribuicéo foi transferida para um tribunal especial, constituido de trés ministros da Suprema Corte, trés membros da Camara dos Deputados ¢ trés membros do Senado. Até mesmo a decisio de receber a acusaco contra o presidente da Repiblica cera transferida para esse tribunal especial, caso a Camara dos Deputados sobre isso nao deliberasse no prazo de trinta dias (artigos 58, 61 ¢ 75). ‘A Cimara dos Deputados ¢ 0 Senado sequer podiam mais decretar 2 perda do mandato. qe ‘seus membros. Tal atribuigao foi transferida para 0. recém-criado Tribunal Superior de Justia Eleitoral (artigos 33 e &) 151 eee eee eee eee eee See Parlamento Nacional dos Estados Unidos do Brasil pés-1937 Sob o regime instituido pela Constituigdo de 1937, os poderes do Legislative” foram ainda mais visivel ¢ drasticamente reduzidos para favorecer o Executivo, do mesmo modo que as competéncias dos estados foram subtraidas para beneficiar o Poder Central presidente da Repiiblica podia designar dez, membros do Con- selho Federal (artigo 75) ¢ esse Srgzo, se tivesse sido constituido e insta~ lado, seria presidido por um ministro de estado nomeado pelo chefe do Executivo (artigo 56). Da mesma forma, o Parlamento somente podia funcionar por iniciativa do presidente da Repiblica (artigo 39), como também era exclusiva do chefe do Executive a prerrogativa de adiar, prorrogar e convocar o Parlamento (artigo 75). Alias, tanto nas prorro- gages quanto nas convocacées extraordinérias, o Parlamento s6 podia deliberar sobre as matérias indicadas pelo presidente da Republica no ato de protrogago ou convocacio (artigo 39). Finalmente, o presidente da Reptblica podia dissolver a Camara dos Deputados (artigo 75). ‘Além disso, o dominio das leis de iniciativa do Parlamento foi consideravelmente limitado, Tais leis deviam restringir-se a disciplinar de maneita geral a matéria que constituiria seu objeto, dispondo ape- nas sobre “as substincias e 08 prinefpios”. As normas mais especificas deviam ser editadas pelo Executivo (artigo 11). Igualmente, 0 presi- dente da Repiblica poderia legislar por autorizacao do Parlamento, nas condig6es ¢ nos limites fixados pelo ato de autorizagio, mediante decretos-leis (artigo 12). De igual modo, nos periodos de recesso do Parlamento e de dissolugio da Camara dos Deputados, o presiden- te da Repiiblica poderia, sem necessidade de autorizagao parlamentar, expedir decretos-leis sobre as matérias de competéncia legislativa da Unido, com as excecées previstas no artigo 13, entre as quais se inclu- fam as reformas constitucionais, a legislacao eleitoral, 08 impostos € 0 orsamento, Em todo caso, o presidente da Repiblica podia expedir livremente decretos-leis sobre a organizagio do Governo, da 2dminis- tragio piiblica ¢ das forcas armadas (artigo 14). 37 Nos ermos da Costing ds Exon Unis do Brasil de 1997 0 Legilvo pasou a se agomunaa uae Naga lai gator ede Ciara is Depatados © "Conse Federal (at Wimesto Nacional, porém, none ce Deputy ere nts Ceo Vga eto Preente da Repibin pea A Seeftke Sonsdeuntetovogou a Constuign de 1854 promelgou a Consiugto de 1997, Sor een de qual 1 Clinars oe Deputados e o Senado foam dsslvios 152 = Afora isso, 0 pouco que restou sob o dominio das leis devia ser dis- ciplinado pelo Parlamento Nacional com a colaboragio do presidente da Repiiblica e do Conselho da Economia Nacional (artigo 38). Em principio, a iniciativa das Icis cabia ao presidente da Repiibica. Os membros de qualquer das Camaras, individualmente,ndo mais podiam apresentar projetos de lei. Os projetos de lei oferecidos por deputados ou. membros do Conselho Federal precisavam do apoiamento de pelo menos uum terco de seus pares e no mais podiam versar sobre matéria tributdria nem sesultar em aumento de despesa. Da mesma forma, as emendas par~ lamentares niio mais podiam versar sobre matéria tibutéria, no podiam resultar em aumento de despesas ‘nem podiam ser apostas’ aos projetos ue interessassem & economia, de iniciativa do presidente da Repiiblica e com parecer favordvel do Conselho da Economia Nacional. Estes iltimos projetos de lei somente podiam ser emendados pelo préprio presidente da Republica. Por semelhante modo, os projetos apresentados em qualquer das Cmaras teriam sua tramitagéo suspensa sempre que o presidente da Republica comunicasse seu propésito de oferecer projetos dispondo sobre as mesmas matérias (artigos 64 a 65). Finalmente, o presidente da Repi- blica passou a ter iniciativa das reformas constitucionais, a qual exerceria concorrentemente com a Camara dos Deputados (artigo 174). ‘A par disso, o projeto de lei orcamentaria seria considerado aprova- do na forma acatada pela Camara dos Deputados se o Conselho Federal io deliberasse no prazo constitucional, ou ainda na forma inicialmente apresentada pelo presidente da Republica caso a Camara nfo votasse no prazo (artigo 72)..Da mesma forma, o prazo para o presidente da Repii- blica vetar projetos aprovados pelo Parlamento foi dilatado para trinta dias tteis e 0 quorum necessirio & derrubada dos vetos voltou a ser de dois tereos dos parlamentares presentes em cada Camara (artigo 66). Por Ultimo, caso fosse rejeitada proposta de reforma constitucional apresen- tada pelo presidente da Repiblica ou fosse aprovada proposta oferecida pela Camara dos Deputados apesar da oposicio do chefe do Execativo, este poderia submeter uma ou outra a plebiscito nacional (artigo 174). As competéncias legislativas do Parlamento foram restringidas ainda pelas atribuigdes do Conselho da Economia Nacional. Este dr- gio podia editar normas relativas a assisténcia prestada pelos sindicatos € normas reguladoras dos contratos coletivos de trabalho (artigo 61). Igualmente, a todo tempo a ele podiam ser conferidos, mediante plebis- citos de iniciativa do presidente da Replica, poderes Legislativos sobre algumas ou todas as matérias de sua competéncia (artigo 63). 153 Por derradeiro, mesmo teoricamente, 0 controle do Legislative sobre « Executivo foi sensivelmente limitado, na medida em que foram suprimi- ddas as competéncias parlamentares de autorizar o presidente da Republica a se ausentar para pas estrangeiro, de julgar as contas ¢ fixar os subsidios Je chefe do Execttivo, bem como de criar comiss6es de inguérito. Na” pric, nenhum controle foi exercdo, pois a Camara dos Deputados © 0 Senado foram dissolvidos em 1937 € assim permaneceram até 1946. ‘Em compensagio, em caso de vaciincia,o Conselho Federal podesia escolher, dente seus membros, no mesmo dia ou no dia seguinte o pre- Suiente da Repdbica provisirio, Na hipstese de a eleicio do presidente dla Repibliea provisério nio poder ser efetuada no prazo,o presidente do” ‘Consalho Federal assumiria0 cargo até que a eleico fosse possivel (artigo 78). Em tese, 0 Parlamento recuperou a competéncia de procestar¢ jul gar o presidente da Republica, 08 ministros de estados ¢ os ministros do Supremo Tribunal Federal por crime de responsabilidade (artigos 86, 89 2 100), assim como seus proprios membros (artigo 43). Também em tese, © Conselho Federal manteve o controle das nomeagées presidenciais aos argos de ministo do Sopremo Tiibunal Federal, de ministo do“Tsbunal de Contas ¢ dos representantes diplomiéticos (artigo 55). Perdew, porém, 0 controle da nomeacio do procuracor-geral da Republica, que passou a set de livre nomeagio e demissio do presidente da Repiiblia (artigo 99). Do mesmo modo, o presidente podia determinar a entrada em execucio pro- rasria de tetados antes de sua aprovagio pelo Parlamento (artigo 84). 'A Constituigéo outorgada por Getilio Vargas, em suas Disposigbes | Tyamsitérias¢ Fines, discolveu a Cémara clos Deputados e 0 Senado Federal (artigo 178) estabelecen que, enquanto néo se reunisseo Partamento Na- | Gonalo presidente da Republica tinha o poder de expedir decretos-Iis so” Deas maérias da competéncia legislativa da Unido (artigo 180).Ao mesmo tempo, determinou que as eleiges para oParlamentofossem marcadas pelo) propo presidente (artigo 178), Geto Vargas govern por decretos-i voor afastado pelos ministros militares em 29 de outubro de 1945, Congresso Nacional dos Estados Unidos do Brasil pos-1946 Sob a Constituigio dos Estados Unidos do Brasil de 1946®, foi reequilbrada a telagio de forga entre o Legislativo © 0 Executive, assim 38 © Legatative votow a cr chamado “Congreso Nacona’¢ Wimmer Ft 38 Legian le Queso crm compara du Chart dos Depados & Jo outs Ye enominado "Senado Federal 154 como entre os poderes regionais ¢ o Poder Central, com 0 conseqiiente fortalecimento do Congresso Nacional em relacio ao presidente da Re- piblica e dos estados em relasio & Unio. © Congreso Nacional voltou a se reunir, em carater ordindrio, inde- pendentemente da inicitiva do presidente da Repablica ea competincia para convocar extaordinariamente 0 Congresso voltow a ser concorrente- erente exercida pelo presidente da Repiiblica e por um terzo dos membros de qualquer das Camaras (artigo 39). Além disso, foi suprimida a compe- téncia do presidente da Reptiblica de dissolver a Camara dos Deputados. Foi igualmente suprimida a limitago que a Constituigio anterior im- 20 dominio da lei, assim como foram suprimidas as restrigdes 3 atu- foo dos congressistas. O presidente da Repiblica nao mais podia legislar decretos-leis, sua competéncia regulamentar voltou a circunscrever-se 208 fimites da let ¢ seu poder de interferir diretamente no processo legislative fai elidido. Com efeito, a Constituigdo de 1946 introduziu uma novidade importante no campo da competéncia legislative: a elaboracao de algumas {eis passou a ser da competéncia exclusiva do Congresso Nacional, nfo mais endo os respectivos projetos enviados a sancio presidencal (artigos 66 ¢ 71). ‘Além disso, os deputados senadores, individualmente, voltaram a teri ‘Gativa das les em geral ea iniciativa das leis financeiras voltou a ser exercida ‘concorrentemente pela Camara dos Deputados e pelo presidente da Repa- blica (actigo 67), embora o presidente da Repiblica tenha mantido a excla- ‘vidade da iniciativa da lei orgamentiia (artigo 87). Ademais,a abertura de tréditos especiais passou a depender de autorizasio legislativa, assim como a shertura de créditos extraordindrios passou a cingit-sea “necessidade urgente fe imprevista, em caso de guerra, comogio intestina ou calamidade piblica” (artigo 75). Foram suprimidas as limitages as emendas parlamentares, De igual modo, o prazo para o presidente da Repiblica vetar os projetos de lei aprovados pelo Congresso Nacional voltou a ser de dea dias iteis, em que pese & Constituigio de 1946 ter previsto a apreciagio do veto em reunio conjunta das duas Camaras ¢ haver mantido 0 qu- aru de dois tergos dos deputados ¢ senadores presentes (artigo 98, a iniciativa da reforma da Constituigao voltou a ser exercida concor~ rentemente pelos deputados, senadores ¢ assembléias estaduais, com a exclusio, portanto, do presidente da Republica (artigo 217) 439 Tratgse, como sev de verdadeirainovagio, una vez que, até eno, o8vetospresidencials Soe ae rendacccsnamete poke ae Camara 135 sees se enn sess eeiss eee ssneesennseeensneseenneeun No que concerne as demais fungdes, 0 Congreso Nacional recupe~ rou os poderes de autorizar o presidente e o vice-presidente da Republica ase ausentarem do Pais, de julger as contas do Presidente da Repiblica entio em votagao secreta e de Saar os subsidios do Presidente edo Vice- Presidente da Repiiblica (artigo 66, cc. artigo 43), bem como de criar comissoes de inguérito (artigo 53).’ Congresso Nacional com 0 auxilio do Tribunal de Contas (artigo 22). Alids, a administracao financeira da Unio, especialmente a execugio do orgamento, passou a ser fiscalizada pelo Congresso Nacional com 0 auxilio do Tribunal de Contas (artigo 42). Afora isso, 0 Congresso Nacional, particularmente 0 Senado, recu- perou o controle da nomeacio do procurador-geral da Repablica (artigo 58) eo presidente da Repiiblica nao mais podia determinar a entrada em execugio proviséria de tratados antes de sua aprovagio pelo Legislative. Por tiltimo, as competéncias do Conselho Nacional de Economia fo~ ram circunscritas a meramente estudar a vida econdmica do Pais ¢ sugerit aos poderes competentes as medidas que considerasse necessras. Até a no- meagfio de seus membros passou a ser controlada pelo Senado (artigo 205). Em comy cexclusividade da iniciativa de certas kis,inclusive da orgamentitia (artigo 87). Semelhantemente, foi mantido 0 qucrum de dois tergos dos presentes para 6 levantamento dos-vetos presidenciais, cuja apreciagio passou a dar-se em reunio conjunta da Camara dos Deputados e do Senado (artigos 67 e 70). ‘Congresso Nacional da Republica Federativa do Brasil p6s-1967 Sob o regime das Constituigées da Repablica Federativa do Brasil de 1967 ¢ 1969°, os poderes do Legislative foram mais uma vez dimi- nnidos em favor do Executivo, da mesma forma que as competéncias dos estados e, mais drasticamente, do Distrito Federal"! foram reduzidas em beneficio do Poder Central. ‘A Emenda Constitucional n? 8/1977 possibilitou a indicagio dos “senadores bidnicos”, fortalecendo assim a influéncia do Executivo no Se- nado. Da mesma forma, a Constituicao de 1969 suprimiu a possibilidade de convocagéo do Congresso Nacional por deput: sou a atribuir essa competéncia 2o presidente do Senado, em caso de de- cretagio de estado de sitio ou de intervencio federal, manteve a compe- tencia do presidente da Repiblica, que entio podia excreé-la sempre que 40 A estrutura do Congsesso Nacional foi mantida basicamente a mesma 41 O Diao Reel pets on eprseng3o co na Cara Sos Depts quant no Senado. 156 .c40,o presidente da Republica, como jése viu,mantevea ys ou senadores. Pas- entendesse necessirio (artigo 29). O poder convocatério dos congressistas {oi restabelecido pela Emenda Constitucional n® 22/1982, que, contudo, clevou 0 quorum de iniciativa para dois tercos de deputados ¢ senadores."* Deigual modo, a Constituigao de 1969 retirou da Camara dos Deputados edo Senado a competéncia exclusiva para criar ou extinguie cargos de seus servigos e fixar os respectivos vencimentos. Essas Camaras passaram a ter tio-somente a iniciativa exclusiva das leis que dispunham sobre a matézia (artigos 40 e 42), Finalmente, foi ampliada a pauta das reunides conjuntas, do Congresso Nacional, para o fim de incluir os projetos de lei enviados em regime de urgéncia pelo chefe do Executivo (Constituigio de 1967, artigo 54, § 3°; Constituigio de 1969, artigo 51, § 2) e as propostas de emenda 4 Constitui¢ao (Constituigio de 1967, artigo 51; Constituigao de 1969, artigo 48). Mais tarde,a Constituigio de 1969 incluiu ainda o orga- mento (artigo 66). Restaurou-se,com efeito,o bicameralismo atenuado ou © monocameralisino mitigado vigente a partir de 1934, ‘As competiincias legislativas do Congresso Nacional também s0- fresam consideriveis limitagdes em favor do Executivo. Como ocorreu sob o regime da Constituicio de 1937, o dominio da lei foi restringido, na medida em que, desde a promulgacio da Constituigio de 1969, 0 pre~ Sidente da Republica passou a pode, mediante simples decreto, dispor livemente sobre a estrutura, atribuigdes e funcionamento dos érgios da administragao federal (artigo 81)°. Alm disso, foi reintroduzido, com nova roupagem, o instituto da de- teas legislativa. O Congress Nacional por men de resluso que epe- icasse seu contetido e os termos de seu exercicio, podia delegar poderes legislativos 2o presidente da Repiiblica. Nao podiam, entretanto, ser objeto dessa delegasio os atos de competéncia exclusiva do Congresso Nacional e de.cada uma de suas Cmaras, hem como a legislaco sobre a onganizagio do Judiciaio e as garantias de seus membros, a nacionalidade, a cidadania, os diets polos, o ditto eet o dro cil eo drcito pena Se a resolugio determinasse a apreciagao do projeto de lei delegada pelo Con- gresso, este a faria em votagio tinica, vedada qualquer emenda (Constitui- Glo de 1967, artigos 55 e 57; Constituigio de 1969, artigos 52 e 54). A par disso, foram reinseridos, também com novo invélucro, os de~ cretos-leis. © presidente da Repiiblica, teoricamente em casos de urgéricia 2 Ems, 0 co 6 Noyce ‘Nacional o pres 0 Tnstitucional 2 atoriany o presidente da Replica a decry por meio rece do Congreso Nihon i cre 1 orga do Ato Tnsitaconal n° 5/1968, decretadoo reesso do Congreso, se du Replica ssa o pode de elas sobre toe quakper materia 157 ‘ou de interesse piiblico relevante ¢ descle que nfo resultasse aumento de despesa, podia expedir decretos com forca de Ie, inicialmente apenas sobre seguranga nacional ¢ finangas pablicas; mais tarde, a Constituigio de 1969 adicionou a criagio de cargos piiblicos e fixagao de vencimentos, Umma vez publicado o texto cle tinha vigéncia imediata. A partir dai, o Congresso | Nacional dispunha de sessenta dias para aprovi-lo ou rejeité-lo, esgotados os quais se operava uma espécie de aprovagao ticita. De toda sorte, a partir da Constituigio de 1969, a rejeigio do decreto-lei no implicava a nulida- de dos atos praticados sob sua vigéncia (Constituigio de 1967, artigo 5: Constituigio de 1969, artigo 55). Posteriormente, querendo atenuar 0 ca~ titer autoritirio da medida, a Emenda Constitucional n® 22/1982 estabele- ceu que, na falta de deliberasio no prazo fixado, 0 decreto-Iei fosse incluido automaticamente na ordem do dia, em regime de urgéncia, nas dez sessoes subseqiientes em dias sucessivos. Somente apés isso, se ainda nao tivesse sido apreciado, era que o decreto-lei estava definitivamente aprovado. Aforaiss0,0 inte da Repiblica podia enviar ao Congresso Na~ ional projetos ‘ele sobre qualquer matéia. Da mesma forma, podia de- terminar que seus projetos de lei fossem apreciados no prazo maximo de 45 dias pela Camara dos Deputadose em igual prazo pelo Senado, esgotados 3 0s quais, sem deliberasio, eram tidos por aprovados, No caso de 0 Senado aprové-los com emendas, estas tinham de scr examinadas pela Camara dos Deputados no prazo maximo de dez dias, exauridos os quais eram havidas por aprovadas, A Constituigio de 1969 adicionou que determi- nacao desses prazos pelo presidente da Repaiblica podia ser feita mesma depois da remessa dos projetos ¢ em qualquer fase de seu andamento. | presidente da Repablica podia, igualmente, atribuir urgéncia aos projetos | de lei de sua autoria, caso em que eles tinham de ser apreciados em apenas quarenta dias em eunio conjunta do Congresso Nacional. * Esses prazox, rho entanto, nfo cortiam nos periodos de recesso do Congresso nem se | aplicavam aos projetos de cédigo, Mais adiante, de novo querendo miti- ger o carter autoritério da medida, a Emenda Constitucional n® 22/1982 estabelece, para 2 apreciagio congressual desses projetos de Ie, o mesmo procedimento que determinou para o exame dos decretos-lis, qual sejt: | expotados os prazos, os projetos eram incluidos automaticamente na oF dem do dia, em regime de urgéncia, nas dez sess6es subscqiientes em dias sucessivos; somente aps isso, se ainda no projetos estavam definitivamente aprovados. 44, No periodo antetior & Constitugio de 1967, tanto esse prazo quanto 0 anterior eram de fpenas tta dia (Ato Institucional n° 1/64). ; 158 ssem sido apreciados, sf Ademais de poder 0 presidente da Repiblica enviar ao Congresso Nacional projetos de Iei dispondo sobre toda e qualquer matéria, sua com- éncia de iniciar com exclusividade as leis foi sensivelmente ampliada, yoltando a incluir as eis financeiras, com a exclusio, portanto, da prerro- sativa da Camara dos Deputados, e todas as que de qualquer modo au- forizassem, crinssem ou aumentassem a despesa piblica. A Consti de 1969 interessantemente inseriu, entre as leis de iniciativa exclusiva do presidente da Republica, as que concelessem anistia elativa a crimes poli- ticos (Constituigio de 1967, artigos 60 e 67; Constituigao de 1969, artigos 57 ¢ 65). De igual modo, o Presidente da Reptblica recuperou poder de iniciar reformas constitucionais; eompeténcia exercida inicialmente em. ‘eoncorréncia com um quarto dos membros da Camara dos Deputados ou do Senado ou com a maioria das assembléias legislativas dos estados, Mais, tarde, 2 Constituigio de 1969 tornou mais dificil a iniciativa parlamentar, dlevando o quorum para um tergo dos membros da Camara ou do Sena~ do, excluiu a iniciativa das assembléias estaduais (Constituigio de 1967, artigo 50; Constituigao de 1969, artigo 50). Finalmente,a Emenda Cons- titucional n® 8/1977 tornou a iniciativa parlamentar mais dificil ainda: um tergo de membros da Camara e do Senado. No que tange as leis orgamentirias e demais leis que, de qualquer sro autorizassem, crissoern ou aumentassem a despes pbc os pro- jetos somente podiam ser emendados nas comissdes, salvo se um tetgo dos membros da Camara respectiva pedisse sua votagio em plenitio. ‘Mais adiante, a Constituigao de 1967 estabeleceu que as emendas a tais projetos de lei fossem oferecidas numa comissio mista de deputados € senadores, a qual se pronunciaria conclusivamente sobre elas, salvo re- curso 20 Pleno de um tergo dos membros da Camara juntamente com um tergo dos membros do Senado, Ainda por determinagao dessa Cons- tituigao, tais projetos de lei passaram a ser votados em reunides conjun- tas das Camaras. Da mesma forma, o projeto de lei orgamentaria anual tinha de ser devolvido pelo Congresso Nacional A sancio presidencial no pprazo de quatro meses, esgotado o qual era promulgado como lei (Cons- lituigio de 1967, artigos 67 e 68; Constituigio de 1969, artigos 65 ¢ 66) Posteriormente, a Emenda Constitucional n° 11/1978 possibilitou que 0 orgamento fosse aprovado por decreto-lei, que nao podia ser emendado. Por dermadeivo, a Constituigo de 1969 permitiu a reapresentagio pelo presidente da Repiiblica, na mesma sessio legislativa, independentemente de proposta da maioria dos membros de qualquer das Camaras, de projetos de lei rejeitados (artigo 58). Da mesma forma, essa Constituicio voltou a | ampli, entio para quinze dias, prazo dentro do qual o Presidente da Re- 159 piiblica podia vetar 0s projetos de lei aprovados pelo Congresso,estabeleceu {que as votagdes dos vetos pelas Caras reunidas fossem sempre ostensivas e determinou que, niio apreciadas pelo Congresso no prazo de 45 dias, os vetos fossem considerados mantidos (artigo 59). Curiosamente, a Consti- tuigdo de 1967 introduzin uma limitagio 20 poder de veto do presidente da Republica, na medida em que preceittou que 0 veto parcial devia abranger 0 texto de artigo, parigrafo, inciso, item, mtimero ou alinea (artigo 62). Tal restri¢fo, no entanto, foi suprimida pela Constituigo de 1969. Situagao Brasileira Atual Sob o regime institufdo pela Constituiso da Repiiblica Federativa do Brasil de 1988, as relagies de forca entre o Legislativo ¢ o Executivo ce entre os poderes regionais e o Poder Central foram mais uma vez equi- libradas, Esse equilibrio, todavia, nfo alcangou os niveis verificados nos periodos 1891-1930 e 1946-1964. Inicialmente, os titulares do poder de convocagéo do Congresso Nacional foram mantidos 0s mesmos: 0 presidente do Senado, em caso de decretagio de estado de defesa ou de intervensio federal, de pedido de autorizagio para decretagao de estado de sitio ¢ de compromisso © posse do presidente e do vice-presidente da Reptblica; o presidente da Republica, os presidentes da Camara dos Deputados ¢ do Senado ou a maioria dos membros de ambas as Camaras, na hij sidente da Repiblica e dos presidentes da Camara dos Deputados ¢ do Senado Federal, na medida em que exige, nesses casos, a aprovagio da tese de urgéncia ou interesse puiblico relevante (artigo 57, § 6°). A Emenda Constitucional | n® 50/2006, porém, efetivamente suprimiu o poder convocatério do Pre- | rmaioria dos membros de cada uma das Cémaras do Congresso Nacio- | nal. Da mesma forma, inicialmente a Camara dos Deputados ¢ o Senado recuperaram a competéncia exclusiva de dispor sobre a criagio, trans> formagio ou extingdo dos cargos, empregos e fungdes de seus servicos € fixacZo da respectiva remuneragio (artigos 51, IV, ¢ 52, XII). A Emenda | Constitucional n® 19/1998, conhecida como “Reforma Administrativa’, | de iniciativa do presidente da Repablica, entretanto, excluiu a tltima parte dessa competéncia exclusiva das Cémaras, tornando a remuneraso dos cargos, empregos e fungées dos servigos da Camara dos Deputados e do Senado matéria de lei, sujeita, portanto, & aprovacio do presidente da 45 O regime aul manteve a estrutura bésica do Congresso Nacional. 160 Repiblica, Por tiltimo, foi mantido o bicameralismo atenuado ou mono cameralismo mitigado, na medida em que o orgamento continuou a ser apreciado em reunides conjuntas do Congresso Nacional (artigo 166). O mesmo se dava inicialmente com as medidas provisérias. Mais tarde, porém, por forga da Emenda Constitucional n? 32/2001, elas passaram. ser discutidas e votadas, separadamente, pelos Plenos da Camara e do ‘Senado, depois de serem analisadas por uma comisséo mista." Igualmente, os poderes Legislativos do presidente da Repttblica foram conservados basicamente intactos. Inicialmente, cle s6 pod por sobre a organizacio e o funcionamento da administragao federal na forma da lei (artigo 84, VI). Mais tarde, porém, por forga da Emenda Constitucional n? 32/2001, curiosamente a mesma que impés algum mite a sua competéncia de editar medidas provisérias, o presidente da Repiblica, como acontecia nos regimes instituidos pelas Constituigécs de 1937 e de 1969, voltou a poder dispor livremente, mediante simples decreto, sobre essa matéria, desde que nao implique aumento de despesa nem criagao ou extingao de érgios publicos. Além disso, o presidente da Repdblica continua podendo legislar por delegago. Em termos quase idénticos aos clas Constituighes de 1967 de 1969, a Constituigo de 1988 prevé a possibilidade de o Congresso Nacio- nal, mediante solicitago e por meio de resolugao que especifique seu con- teidlo eos termos de seu exercicio, delegar poderes legislativos ao presidente da Repablica. Como ocorria sob os regimes instituidos pelas duas Consti: tuigGes imediatamente precedentes, nfo podem ser objeto dessa delegagio atos de competéncia do Congresso Nacional ¢ de cada uma de suas Cama- ras, bem como legislacio sobre organizacao do Judiciério ¢ do Ministério Pablico, carreira ¢ garantia de seus membros, sobre nacionalidade, cidada~ nia, direitos individuais, politicos e eleitorais ou sobre planos plurianuais, diretrizes orgamentirias ¢ orgamentos. Da mesma forma, se a resolugao, determinar a apreciagio do projeto de lei delegada pelo Congresso, este deve fizé-la em votagio tinica, vedada qualquer emenda. A novidade in- troduzida pela Constituigio de 1988 foi a inclusao das leis complementares entre as matérias que no podem ser objeto de delegacio (artigo 68). 4 ean pm cg aa cn pe pe arg re mies mato em an Conger Nc Te ok alte iRegs val loonoce naka 161 rn ‘Afora isso, 0 presidente da Repiiblica segue legiferando por decreto, ainda que com maiores imitagées, Em caso de relevincia e urgéncia,0 chef do Executivo pode adotar medidas provisérias com forga de lei. Em outras, palavras, as medidas entram em vigor na data de sua publicagio. Ini ‘mente, nfo havia qualquer restrigo material & adogao dessas medidas, que perdiam a eficécia se néo fossem aprovadas pelo Congresso Nacional ou convertidas em lei no prazo de trinta dias contado de sua publicagio (artigo 62).Poi suprimida, dessasto, a possbilidade de aprovacio ticita. O presiden- te, todavia, podia reeditar infinitamente a medida proviséria que perdia a cficdcia por decurso de prazo, o que, na pritica, resultava no mestno. “Mais adiante, entretanto, a Emenda Constitucional n* 32/2001 impos -virias limitagdes ao poder do chefe do Executivo de adotar tais medidas, Elas nao podem mais dispor sobre nacionalidade, cidadania, direitos poli- ticos, partidos politicos e direito eleitorak direito penal, processual penal ¢ processual civil; organizagto do Judicisrio e do Ministétio Puiblico, carrira ¢ garantia de seus membros; planos plurianuais,diretrizes ofgamentaras, or- ‘amento e créditos adicionais e suplementares. Também nao podem visar 2 detengiio ou seqiestro de bens, de poupanga popular ou qualquer outro ativo financeiro, Finalmente, no podem versar sobre matéria reservada a let complementar ou jé disciplinada em projeto de lei aprovado pelo Congres- so Nacional ¢ pendente de sang2o ou veto do presidente da Repiblica. A Emenda, porém, contrariando entendimento anteriormente firmado pelo Supremo Tribunal Federal, permiti a insttuigio ou majorasio de impostos por meio de medidas provisérias.Da mesma forma,a Emenda Constitucio~ nal n? 32/2001 ampliou para 120 dias o prazo dentro do qual o Congresso Nacional deve apreciar as medidas provisérias.” Hstabeleceu, no entanto, ue, se as medidas nfo forem examinadas no prazo de 45 dias, elas entrem em regime de urgéncia, sobrestando todas as demais deliberagoes legislati- vas. Semethantemente, com jé se viu, a Emenda determinou que as me- didas provisérias devem ser apreciadas separadamente pelos Plenos de cada Camara do Congresso Nacional, a comegar com a Camara dos Deputados. Por tiltimo, 2 Emenda Constitucional n° 32/2001 vedou expressamente a reedigdo, na mesma sessio legislativa, de medidas provisérias que tenham sido rejeitadas ou que hajam perdido sua eficacia por decurso de prazo. 47 Naverdade Benda Consttusional no 32/200 fs oraz desessent dan prsogivel por Jig periado Borém, como esa prongagao € automatics, 0 prazoefetivamente€ de 120 dias. 48: Esses prazos nif correm durante 0s perfodos de recess, 162 Na pritica, contudo, o presidente da Republica, por meio de medi- das provisérias, vem legislando sem a efetiva participagiio do Congreso Nacional, uma vez que o alto custo politico, envolvido tanto na rejeigio de um provimento legislativo ja em vigor quanto na paralisago decor- rente do trancamento da pauta por inumeriveis medidas com prazo de apreciagao vencido, tem forcado a Camara dos Deputados ¢ 0 Senado a aprovi-las, nfo raro agodadamente. ‘A par disso, a competéncia exclusiva do presidente da Repiblica de iniciar leis, ensivelmente ampliada no regime anterior, foi mantida basica~ ‘mente com a mesma amplitude no atyal regime, assim como foi conserva- da, concorrentemente com um tergo de deputados ou senadores ou ainda a maioria das assembléias legislativas estaduais, a prerrogativa do chefe do Executivo de iniciar reformas da Constituigio (artigos 61, § 1°,¢ 60). De igual modo, foi mantida a competéncia do presidente da Repiblica de atribuir urgéncia 20s projetos de sua autoria”, caso em que essas propostas tém de ser apreciadas, primeiro pela Camara dos Deputados e depois pelo Senado, no prazo de 45 dias em cada uma dessas Camaras. Na hipotese deo Senado aprové-las com emendas, estas ltimas dever ser examinadas pela Camara dos Deputados no prazo de dez, dias. Esgotados esses prazos sem deliberagio, opera-se o travamento da pauta da Camara em que se acha tramitando a matéria (artigo 64, §§ 1° ao 4). Portanto, os projetos de lei aos quais o presidente da Republica atribui urgéncia nfo mais so apreciados em reuniio conjunta da Camara dos Deputados e do Senado, ‘tampouco sao aprovades por mero decurso de prazo. No que concerne particularmente as leis orgamentitias, ainda de iniciativa exclusiva do presidente da Repiblica, os respectivos projetos 1do mais sio aprovados por decurso de prazo, nem mais ¢ aprovado por decreto-lei o orsamento, Em compensacio, as emendas parlamentares, ainda sob intimeras limitag6es, continuam sendo apresentadas numa co ‘missio mista, 2 qual segue pronunciando-se conclusivamente sobre elas, agora por forca da Resolugio do Congresso Nacional n°1/2006.® Igual- mente, os projetos de leis orgamenttrias continuam sendo apreciados em reunides conjuntas da Camara dos Deputados do Senado (artigo 166). 49 Tanto quanto sua retina, sts atbuigo de ungénca pode dar-se a qualquer tempo $0 Nowtectaon do uta 19 ba Revlupiow* 1/2006-C Neo parecer da CMO sobre mend $214 conclusive fal salvo requermmento para que acmenda sj submetidaa.votos asinado jor 1/10 (am deci} dos congeoitaeapresntado& Mem do Congresso Nacional até dia [terior a0 esbelecdo pars a discusto da mata no Plenrio do Congresso Nacional 163 Beer Finalmente, o presidente da Repiiblica segue abrindo créditos extraor~ dinarios por meio de medidas provisérias. A simples leitura das ementas das imimeras medidas provisdrias editadas com esse fim é bastante para evar 4 conclusio de que 0 chefe do Executive nao vem observando 0 disposto no artigo 167, § 3%, da Constituico de 1988, segundo o qual “a abertura de crédito extraordinario somente seré admitida para atender a despesas imprevisiveis e urgentes, como as decorrentes de guerra, como- gio interna ou calamidade pablica’. Eno ha muito que 0 Congresso Nacional possa fazer para coibir abusos, porquanto, como usualmente criam créditos destinados a financiar agées governamentais, quando es~ sas medidas provisdrias chegam 4 apreciagiio do Pleno da Camara dos Deputados, tais despesas, na maioria das vezes, jf foram realizadas. ‘Ademais, foi mantido o prazo de 15 dias titeis, ampliado no regime anterior, dentro do qual o presidente da Repablica pode vetar os projetos de lei aprovados pelo Congresso Nacional, assim como foi conservada a apreciagio dos vetos em reunizo conjunta da Camara dos Deputados do Senado. Igualmente, o prazo dentro do qual o Congresso deve apre~ iar 08 vetos foi diminuido para trinta dias, Em compensag0, 0 guorum para a derrubada dos vetos foi reduzido para a majoria absoluta, o escru~ tinio voltou a ser secreto € foi suprimida a possibilidade de manutengio do veto por decuurso de prazo (artigo 66). Entretanto, se, de um lado, o regime atual manteve a situacio de dimimuigio dos poderes legislativos do Congreso Nacional em favor do | presidente da Reptblica, de outro, o Legislativo conservou suas compe- éncias de controle do Executivo e outras tantas Ihe foram acrescenta- das" O Congresso Nacional passou a poder sustar 08 atos normativos do Executivo que exorbitem da competéncia regulamentar ou dos limi- tes da delegacio legislativa (artigo 49, V). Tgualmente, as operagées externas de natureza financeira, inclusive da Unido, tém hoje de ser autorizadas pelo Senado, da mesma forma que essa Camera atvalmente detém, com exclusividade,a prerrogativa de fixar os limi tes globais para o montante da divida consolidada inclusive da Unido, de dis- por sobre os limites globais e condigbes para as operagGes de crédito extemo € intemo inclusive da Unio, bem como de dispor sobre limites ¢ condigies para a concessio de garantia da Unido em operagies de crédito (artigo 52). 51 Na realidade,o regime de 1964-1984 basicamente nfo Timitou as competéncias de contro~ ie do Legiiativo. As testrigbes mais severamente impostas a0 Congresso Nacional ocorreram ‘io campo legislative propriamente dito 164 De igual modo, cabe agora a0 Congresso a escolha de dois teryos dos membros do ‘Tribunal de Contas da Unio (artigo 49, XII), da mesma forma que a exoneragio, de oficio, do procurador-geral da Repi- blica antes do rérmino de seu mandato passou a depender da aprovasio do Senado (artigo 52, X1). Semelhantemente, as comissées de inquérito encontram-se agora do- tadas de “poderes de investigacao préprios das autoridades judiciais” (artigo 58, § 3°),0 que implica competéncia para, inclusive, decretar a quebra de sigilos bancatio, fiscal e telefonico dos investigados. A fun¢o constitucional dessas comiss6es de inquérito, como instrumentos de fiscalizago postos 2 disposigiio da minoria oposicionisti, foi melhor definida e fortalecida por recente decisio do Supremo’Tribunal Federal, que severteu manobras con~ duzidas por governistas com o claro propesito de submeter a deriséo de criar ‘ais comissées & vontade da maioria (Mandado de Seguranga n® 26.441). Last but not ease, compete, com exclusividade, ao Congresso Nacional a autorizagiio de referendos e a convocasaio de plebiscitos (artigo 49, XV), prerrogativa da maior importancia, consideradas, por exemplo, as intimeras, ‘ocasides em que o presidente da Republica francesa se socomreu desses ins- ‘rumentos de participagio popular para contornar os poderes do Parlement. Em contrapartida, como ocorreu no regime inaugurado em 1937, pode o chefe do Executivo ausentar-se do territério nacional sem neces- sidade de autorizagao do Legislativo, Essa auséncia, porém, nfo pode ser superior a quinze dias (artigo 49, III). Conelusio Como se viu, os poderes do Legislativo brasileiro, notadamente em relago a0 Executivo, tém sofrido severas limitagdes cfclicas a0 longo da histéria, Na verdade, o Legislativo brasileiro jé nasceu fraco em sua relago com o Executivo. O imperador,além do poder executivo, detinha também o poder moderador, no exercicio do qual controlava a entio As- sembléia Geral, podendo inclusive dissolver a Camara dos Deputados, Jé em 1930, havia menos de quarenta anos da promulgagio da Constituigio de 1891, que ampliara os poderes do entdo denominado *Congresso Nacional”, equilibrando assim a relacio de forga entre este co presidente da Repiiblica, o movimento “revolucionéio” encabegado 52 0 repo rmanecene continu endo eld pelo presdeoe da Replica. A esos ort, egquesende nubmactida taprovasao do Senade (rege 73,82). c EEE EGP EEE PEE EEE EEE EEE EEE EEE EEE Et por Getilio Vargas pos abaixo a Primeira Republica, instituindo um Go- emo provisétio. Até a promulgagao da Constituigio de 1934, Getilio governou por decretos-leis. Esta ultima Constituigdo, por sua vez, ela- Borada sob os auspicios de Genilio e influéncia nazi-fascista, debilitou o Legislativo em sua relasio com o Executivo. Finalmente, a Constituigao de 1937, outorgada por Getilio,a par de haver intensificado esse proces 50 de enfraquecimento do Legislativo em face do Executivo, dissolveu a Camara dos Deputados ¢ 0 Senado Federal e autorizou o presidente da Repiiblica a governar por decretos-leis, o que Getilio voltou a fazer até ser destituido pelos ministros militares em 29 de outubro de 1945. Outra vez, depois de menos de vinte anos de vigéncia da Consti- tuigdo de 1946, que restabelecera 0 equilibrio da relagao de forga entre 6 Legislativo ¢ 0 Executivo, sob a lideranca dos militares, operou-se a transferéncia de importantes competéncias legislativas do Congresso Nacional para o presidente da Republica. Por tiltimo,a Constituigao atual, produzida pelos membros da Ci- mara dos Deputados e do Senado Federal convocados, por uma Emen- da a Constituigao anterior, para se reunirem em Assembléia Nacional Constituinte e com o beneplicito do Governo de transicio, restabeleceu 6 equilibrio na relagio de forga entre o Legislativo ¢ 0 Executivo. Con- tudo, como se observou, es8e equilibrio ngo alcangou os niveis verificados nos periodos 1891-1930 ¢ 1946-1964. Evverdade que institutos como delegagao legislativa, medida provisé- ria, iniciativa legistativa exclusiva do Executivo, restrig6es a0 emenclamento e preferéncia de projetos de lei de autoria do Executivo, introduzidos nos periodos de desequilibrio na telagio de forga entre 0 Legislativo o Exe- ‘autivo e mantidos atualmente, so encontrados igualmente na Espanha e na Franga. Contudo, nesses paises, de sistemas, respectivamente, parla- mentarista ¢ semipresidencialista, em maior grau na Espanha do que na Franca, tanto a formagio do Governo quanto sua mantenga dependem da aprovacio do parlamento. E dizer, se, nesses paises, de um lado, o Governo detém importantes poceres legislativos, de outro, parlamento dispoe de eficientes instrumentos de controle do Governo como reunides plendrias de questdes ao Governo, votos de contfianga e mogées de censura 166 Referéncias Bibliograficas BAKER, Ross K. House and Senate. New York: W.W. Norton 2002. FERREIRA FILHO, Manoel Gonsalves. 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