Você está na página 1de 42
= Se __LEANDRO GOMES DE BARROS prop. Filhas de jnsé Bernardo da Silva A Fitha do Pescater AMON era um peseador que na Palestina havia tinha como protissac a ¢aga @ @ pescaria passava a noite no mar ~ nos montes, parte do dia — Ele era um pescador pelas ongas resoeitada os tigres corriam dele _-o lobo torcia a um lado onde ouviam o grito deie ficava tudo assombrado Amon pescandy uma noite aApareceu um pempeiro ficaram os ares cobertos por um grosso nevoeira agiton-se o oceano pés-se o mar em desespero Amon, um pescador sabido conhecend» bem o mar vin que seria impossivel naquela noite pescar resalveu yoltar a terra até o tempo acalmar (2) Porém ao chegar na praia » tempestade aumentou # chuva ainda mais caia 9 nevoeiro engrossou © perigo foi tio grande que Amon ali recuou ‘ Uns pingos demasiados i de grossas nuvens caiam 7s © vento soprava forte | 08 arvoredos rangiam -ayrpienitEEN Ri 08 relampagos-faiscavam ~ - } eordas de fogo desciam | Os terovdes estremeciam ‘ '@ praia e as cordilheiras dos corregos transbordavam figuas turvas e ligeizas metendo medo a zuada ‘ ae das aguas nas cachoeiras Amon envolto na capa estava a esperar gue atempestade acalmasse i que ele pudesse ir so mar ‘ Ou quando nada pudesse 4 sua.casa voltar Olhando a. corrente d'agua que eacobria 0 baixio a cada vez mais aumentando 4 grande for¢a do frio ouviu o ehoro dum menino , | camo ge fosse no rio : a Amon quando ouviu chorar quase perdendo a razdo 7 | velo logo 4 sua idéia (3) ser aquilo uma visio depois pensou que podia ser tambem uma itusio 0 choro coatinuava entfio disse o pescador: neste sitio ha uma coisa agora seja o que for se fosse coisa inventada vinha com grande pavor Prestava grande atengio olhando para o baixio 2 atinava o choro a ser na correnteza do rio mas um mening acola nio escapava do frio Depois se desengancu de onde o choro saia viu um pequeno volume que pelas fguas descia divulgando bem um ber¢o que a correteza trazia E conheceu que no ber¢o chorava uma erlancinha que naquela grande encthente boiando nas aguas vinhe ‘devia ser algum pobre que um sé protetor nfo tinha O pexcador comio barco que nd abismo se langa e desprezando © perigo foi com tal perseveranca que alcancou de um pulo o bereo com a crianga (4) 0 berco era muito simples ando indice de m&ie pobre como uma classe humilde das mais tristes que 0 sol cobra mas © todo da criancga era de Hohagem nobre Tinha a cor bem alva e fina sem haver nela defeito via-se que no futuro seria um corpo bem feito o desenho duma rosa tinha no brago direito \ O ber¢o vinhe forrado - com multa simplicidade COM panos qilc nio passasse agua ou mesmo a umidade inda tinha eserito num: “sua real majestade> Viu que era uma menina que estava bem envolvida ® gue poderia ter doze horas de nasclda e pelo poder de Deus era muito protegida O pescador com aquilo exclamava horrorizado: Oh! que cora¢do perverso que ente amaldicoado! a alma duma mie dessas deixa 1 monturo empestado! —Minha filhinha sou pobre sempre hei de alimenter-te esse Deus que foi servido (5) deste perigo eu salvar-te ajudar-me 4 também a honestamente criar-te Estava Amon sentado ali contemplando a criaacinha quando pressentiu um lébo que no faro dela vinha tapidamente empunhou a grande faca que tinha A fera botou-se a ele Amon também ufo poupou-a porem a faca que tinha na luta a fera tomou-a eravou-lhe as présas no brago ™mas Amon nao afrouxou-a Ora, na boca da fera Amon tinha presa a méo mas pegoulhe o pé da lingua com tanta disposigéo que arrancou pela béca o figado e o coracéo Entéo daquele inimigo ficou Amon descansado porem o braco ficeu devido a luta, estragado porem a pobre crianga da tera tinha escapado Amon esfolou o lébo e embrulhou a crian¢a dizendo ele: neste couro ceria uma nova esperanca 4 casa nfo é téo longe em duas horas se alcanga (6) Nao imagina o leitor como ficou Agarina quado Amon chegeu em casa que apresenton a menina quando ela viu exclamou: a linhagem desta & fina! nha uma cabra montés que Amon tinka pegado Agarina, a mulher dele 4 tinha domesticado . & cabra tinha um cabrito que dormia enchiqueirado Disse Amon: como criamos ela assim tio pequenina? olhou 4 mulher e disse; veja se vai, Agarina ajeitar aquela cabra que amamente esta menina Agarina na mesma hora f trouxe a cabra qu'era mansa e depois disse ao marido: Amon, temos esperanca eutanto ajeitei a cabra que amamentei a crianca Depois dum més e dez dias 1" foi batizada a menina por ter a cér muito alva feve o nome de Argentina seus padrinhos de batismo foram Amon e Agarina E a cabra foi tomando amor a essa menina - que fazia admirar M7 a Amon e Agarina que ela voltava do mato berrando por Argentina Assim criou-se Argentina pela cabra amamentada mamou tres anos e meio gorda, robusta e corada que quando a cabra morreu ja ela estava criada O, sultéo um dia viu-a achou-lhe tanta beleza que lhe disse: menina, tu és primor da naturexa fico agora acreditando que existe Deus com certeza Esqueceu-se de indagar a origem da menina julgou que Amon fosse pai ea mae fosse Agarina nao Ihe tocou nas idéias ser enjeitada Argentina Disse ali ao pescador: : vou ajudar-te a crid-la; ® marcou logo uma verba que desse para educd-la eno colégio dos nobres fol mesmo recomendd-la Amon desse dia em diante nfo precisou mais pescar a Verba que osultfio deu sobrava do seu passar nao conhecendo o tuturo tratou de economizar (3) Argentina no colégio pés tudo Impressionado porque menina tao bela ali nunea tinha entrado a inteligéncia dela éra um caso admirado Em tres anos aprendeu todas ciéncias que haviam tanto que para ensind-la os lentes mais nfo sabiam até diversas materias muitos com ela aprendiam Todas as artes e ciéncias Argentina conhecia desde a arte de oleiro a arte de engenharia de tudo daquele tempo perleitamente sabia Ora, sucedeu que um dia Agarina adoeceu por uma moléstia horrivel que em quatro dias morrew o- sultdo foi d guerra e li desapareceu Amon também quase morre um ano ficou prostrado acabou tudo que tinha em dez anos ajuntado & mao da fatalidade ja tinha nele tocado Chamou Argentina e disse: filha do meu coracfo ja perdeste tua mae (9) teu protetor o sultao @ me parece que breve teremos separacdo -~$0 te farei um pedido seja honrada até morrer aquele que te criou soube na terra viver passou fome, aadou trapilho porém cumpriu seu dever Disse Argentina: meu pai -eu liei de morrer honrada nfo tema que sua cova seja por isso manchada que importa eu proceder de uma origem enodoada? Amon ergueu a cabeca e exclamou! pobre menina! ali tocou de momento nas idéias de Argentina que para salvar Amon inda havia medicina Havia all nm fidalgo Jé perto de se ultimar Argentina foi ver este viu que podia o salvar ofereceu-se a familia para o doente tratar E como ali nessa época médico algum existia 6 era raro perder-se & cora que ela fazia porem o gue ela ganhava de quase nada servia (10) Com a cura desse nobre sempre Argentina ganhou com gue comprou o remédio que o velho Amon escapou com © suor do seu rosto salvava quem a salvou D. Lauro um principe da Pérsia se achando muito doente e sendo desenganado dos médicos do Oriente The disseram que wma moga curava perfeltamente Perguntou onde era a moca disseram: € na Palestina no Treinado do sultio Amon tem uma menina até hoje ainda nfo deu um erro na medicina Foi D, Lauro 4 Palestina ver se essa moca o curava foi gente mostrar a ele onde Argentina morava D. Lauro chegou all exp6s-Ihe o que desejava Argentina receitou-o e disse o que ele sofria Bem perguntar a ele disse o que cle sentia Dom Lauro conheceu logo - que aquela moga sabia Argentina receitou-o Harantii-lhe que curava dentro de sessenta dias (11) com tres doses que lhe dava @ podia garantir-lhe que a moléstia nfo voltava D. Lauro lhe pergunotou quanto havia de pagar disse ela: sua alteza dé o que quiser me dar com homens de sua espécie nao precisa se ajustar D. Lauro al em conversa cbservou que Argentina tinha no brago direito uma marca purpurina igualmente da familia do sultio da Palestina O sinal era uma rosa porem de cér encarnada como que tiverse sido por uma méo desenhadca e familia do sultao quase toda era marcada Disse D. Lanro: Argentina deixe eu ver esse sinal ela arregagando a manga D. Lauro viu que era igual & mesma rosa dos bracos da fumilia imperial Perguntou ao velho Amon: quem ¢ pai desta menina? --Sou_eu, respondeu o velho disse D. Lauro: Argentina é da familia real do sultdéo da Palestina (a —Fate sinal que ela tem } é mesmo que certidao 86 se vé igual a éste na familia do sultao tanto ela prova que é¢ até mesmo na feigio —O senhor revele logo e pode ficar sem médo pois bem vé, sou um fidalgo niio vou meté-lo em enrédo esta menina 6 feliz descobrindo ésse segrédo —Eu agora conheci por lembrar-me do passado quando a princesa Gitana hamorou um rei casado por causa désse naméro um principe foi degolado —Porque j4 tarde da noite veio o rei de Alexandria bater na porta do quarto que a princesa dormia D. Félix veio perguntar ele ali o que queria A princesa abriu a porta chamou D. Pélix vovarde devido a ele ter ido naquela hora tio tarde jurou ao sultfio pai dela que ele tinha maldade (13] quele dissera outro dia tinha ciime de mim com o rei de Alexandria E tanto féz que o sultaio Oo mandasse degolar o principe era meu amigo mandou-me comunicar eu sinda hoje procuro um meio pra me vingar Essa carniceira horrenda teve um filho desse roi mandou matar a crian¢a Mas s¢ mataram nfo sei . quem [oi matd-la ainda vive mas eu nfo lhe perguntei Argentina af lembrou-se de um dia que fo. chamada, ao palicio do sultao para ver uma criada @ a princesa Gitana ficou muito admirada Perguntou-lle duas vézes: quem é seu pai, Argentina? tespondeu: um peseador é mesmo da Palestina @ ainda perguntou-lhe; eriou-a desde menina? E depois de perguntar-Ihe se ela teve protetor Argentina respondeu-Ihe: tive o sultfo, meu senhor: disse D. Lauro; admira seu pai ser um pescador! (14) D, Lauro ai se lembrou que havia um eriado que a princesa Gitana mandou matd-lo entorcado mas 0 Carrasco soltou-o fm} disse que o tinha enterrado 1 D, Lauro indagou se ainda \ aquele velho existia entio o carrasco disse que o vello ainda vivia morava em uma cidade _ porem na Oceania Foi 14 D, Lauro e o velho eonton-lhe tudo que havia que levou uma crianga deu o més, a data e dia filha daquela princesa — e 0 rei,de Alexandria Tisse D, Lauro: Argentina nio pode ficar aqui seus dias terminario com aquela fera ali leve-a para Alexandria o velho Amon fica ai —Observando o que ha para nos mandar dizer eu vou lazer uma carta eo sultio ha de, ler depois disso se vera o que ele tem a fazer Disse Argentina: 6 melhor” primeiramente escrever para a princesa Gitana (15) entio mande lhe dizer que a filha dela esta viva eo sultio ha de ver —O sultao sabendo disso a desgraca esta na terra uma 86 questaio de honra muita desgraca se encerra; D, Geraldo respondeu: nio tenho medo de guerra E escreveram a Gitana como dizia Argentina Ihe dizendo: sua filha 6 uma linda menina a senhoru quis maté-la mas Deus revogou-lhe a sina Mostrou uma carta escrita pelo punho de Gitana que dizia an rei Geraido: passei uma dor tirana de matar nossa filhinha o primor da raga humana E o rei de Alexandria esta carta recebeu ficando muito sufocado a segunda vez a leu eatirou-a no fogio porem ela nfio ardeu D. Lauro pagou ao velo e {tui para Alexandria conversando com o rei participou o que havia quando o rei soube daquilo como cobra se mordia \ 116) Naquela mesma semana partiram pra. Palestina que espanto nao tevé o rel quando ollou pra Argentina A quando D. Lauro disse; € éste seu pal, menina? Disse o rei de Alexandria: G que deverei fazer? o eultfie da Palestina ésse nao gner nem me ver ‘a a princesa Gitana deseja me reverter —-Muito breve tem de ir visitar o avd dela @ uo sultio ha de ver quando a neta dule é bela dai em diante a senhora nao dird mais: sou donzela —N&o engane mals ao piblico como até hoje enganou talvez pague com a vida as vidas que ja tirouw . a@ justiea do terreno estava dormindo, acordou —O assassino da vitima que mandasta eatorcar se compadecendo dela mio a quis assassinar mandou entrega-la ao pal o pai mandou-a criar —Feliz fol quem nunea viu-te adeus, tl me cansas asco vai conviver como fera (17) nas ontranhas dum penhasco tua propria consciéncia te servird de carrasco A prinsesa ao ler a carta ficou daquilo pocessa interrogava a si prdpria: mas quem me féz essa pega? ja sei que d’ora em diante minha desgraga comec¢a —Qual sera esse inimigo que quer fazer-ms esse mal? um crime deste me arrasta a barra do tribunal um crime 6 uma desonra numa familia reel —86 pode ser D. Geraldo que vem hoje me acusar inimigo do meu pai é quer desmoralizar ou o irméo de D. Félix que meu pal mandou matar —E a menine é aquela que veio curar minha dama a tal flor da Galiléia como todo mundo a chama que em formosura e grandeza s6 ela teve a fama Chamon o mordomo dela qu'estava a Operar segrédo Joran quando leu a carta disse: senhora, faz medo Deus defenda sua alteza que se divulgue esse enredo [18) —Essa menina conheco ela se chama Argentina | agora eu nfo sei se ela era filha de Agarina i e fol muito protegida } do sultio da Palestina i —Qual sultao protegeu ela? } Gitana 0 interrogou entio mordomo disse: D. Marrocos 0 vosso avd que na conquista de Trdéfa na campanha se acabou —Ele e yosso tio D. Nilo que jd desapareceram tanto que na Palestina dizem que eles nio morreram um marinheiro jurou : que 0s parentes os esconderam —dJoran, disse-lhe Gitana valha-me tu por quem és! beijando a mao du mordomo quis se prostrar a seus pés dizendo: fiquem-se os dedos percam-se embora og anéis —Veja se pode dar jeito ao fim dessa menina! disse 0 mordomo: senlora veja gue pena a destina piora a situagaio se derem fim a Argentina -Teu pai ¢ muito ingrato eomo vos é. conhecido se houver ai uma guerra (19} que teu pai seja vencido _se reclamarem a menina? nao sera tudo perdido? —Joran, que faco eu ai? Gitana lhe respondeu entaéo o mordomo disse: _ eu vou ver que jeito dou ; para crime de homicidio n&0 me mande que eu nao vou doran .conhecia bem todos na antiguidade os que sempre foram serios os que usavam falsidade que vendia o proprio pai por pequena quantidade Roger um galileu antigo eonhecido no lugar esse tinha por costume ouvir tudo e enredar por diminuta quantia fazia um se intrigar Joran iembrou-se de Roger e disse: aquele esta bom para mexido e enrédo ele a0 nascer trouxe o dom e tambem foi pescador da-se muito com Amon Foi Joran falar com Roger perguntou se ele podia entra num enredo grave que muito lhe renderia mas se fizesse traigao a vida Ihe custaria (20) Disse Roger: vamos ver | ae nfo for granda o perigo : havendo dinheiro franco poderfo contar comigo { Roger nfo entra em empresa \ que sala sem inimigo } Diz Joran; 0 caso 6 grave precisa bem precanucio tu conheces bem Amon? respondeu Roger: pois nao o pai daquela menina protegida do sultio —Sabe com toda certeza _@888 mMenina onde mora? —Eu sabia, disse Roger porém nac afirmo agora Porque ontem me disseram que ela ja fol embore —Ela para onde fol? —Nio sei, Roger respondeu ontem ali estavam dizendo que ele desaparecen fol matar algum doente fol 6 que mais aprendeu —Pois bem Roger, disse ele éenquanto nfiio descobrir essa menina onde esta vocé meu velho, hA de ir procuri-la em toda parte ee6 com ela hé de vir Ora, Roger tanto fez que péde saber um dia que Argentina se achava (21) no reino da Alexandria porém num lugar oculto gente estranha nfo havia Roger foi consultar logo o que havia de fazer era um problema dificil para qualquer resolver a princesa ja estava em ponto de enlouquecer A princesa foi de acordo mandar matar Argentina disse Joran; essa morte vem trazer grande ruina @ salvagdo desse epredo depende dessa menina —E sila alteza nfo va comprometer o sultio daquela guerra de Trdia ainda existe a questio dizem 14 que o vosso pai ‘Mandou matar o irmdéo Disse Gitana a Joran: visto nfo poder maté-la eu mando na Alexandria uma pessoa roubd-la trazé-la de 14 entao e aqui encarcerd-la Muturi um tureo velho traidor de profissio Gitana nomeou ele chefe daquela missio porque sé ele podia conseguir uma traicho (22) Esse conhecia Amon e muito bem Argentina andou com ela nos bracos no tempo dela menipa e conhecia de todos Passados da Palestina Chegando em Alexandria onde era conhecido para nio desconfiarem disse que estava fugido iss) ele disse a um parente que tinla vindo escondido E assim conseguiu ele ver onde Argentina estava tirou a planta de tudo” quando ele precisava depois estudou o meio como de noite a roubava Narcotizou uma carta foi leva-la a Argentina bateu na porta, ela abriu disse Muturi: menina pega esta carta que Amon mandou-te da Palestina Argentina sem maldade abriu a carta e foi ler logo que abriu, desmaiou nada mais pide dizer dé trés eriadas que tinha nenhuma péde saber Ele botou-n num cofre que para isso trazia onde & pessoa passava . (23) vinte horas, néo morria havia nele umas valvulas que o ar entrava e saia No outro dia de tarde ehegou ele em. Palestina levando dentro dum carro a inocente Argentina esta banhada em pranto lamentava a triste sina O reino de Alexandria ja em revolucdo devido a isso ja tinha muita gente na prisio olhou Muturi e disse:. ah! miserdvel dragdo! Levou a vitima 4 Gitana recebeu logo o dimtielra a princesa disse a ela: tu serdés-o carcerreiro aqui necessita haver cuidado e olho ligeiro Argentina perguntou: senhora, o que mal tiz eu? por caridade dizel-me que crime ‘foi esse meu! —Va para o carcere calada; fol o que ela respondeu Muturi abriu-Ihe logo _ aquele negro aleapio desceram tambem com ela trés damas, para a prisio. para viverem com ela e fazer-lhe distracdo [24] Disse Gitana ao mordomo: o senhor tem de ccmprar { 0 que eee pedir 2 custe agora o que custar; e disse a8 damas: vocés fardo 0 que ela mandar —(huando ela estiver chorando facam por a distrair rl Ihe digam que deste carcera muito breve ha de sair n&o desespere da sorte n@o perca a fé do porvir Ela no carcere exclamava: ter mie e filia nfo ser! 6 como quem teve vida porem nao pide viver @ dom que nasci com ele vé-lo e -ndo posso obter - Que culpa podia eu ter nesse crime indiferente meu pai um rei como é devia ser conscienta minha mée comete um erima eu sou quem pago inocente! Que revolugdo enorme quando foi no outro dia que souberam que Argentina n&o estava em Alexandria ® Una fuerra sangrenta ninguem muis evitaria Em D, Geraldo crescen ti0 grande indignagio hem sequer a Palestina (25) quis pedir satisfacio e jurou que D. Rolim nio seria mais sultio E junoton os batalhdes pondo tudo em disciplina para irem de surpresa atacar a Palestina pois a vida de Gitana pagaria a de Argentina O velho Amon escreveu ao rei de Alexandria que a princesa Gitana ¢eruelmente o perseguia ele ia para os montes até haver paz algum dia Os soléados de Gitana & casa dele cercaram mas Amon tittha saido or isso nflo 0 mataram he queimaram a choupana tudo que havia acabaram Lembrou-se um dia Argentina que podia se salvar conhecia medicina e era facil de tirar das flores de fazer tinta uma pra narcotizar Essas ames de Argentina tinham-lhe tal simpatia que qualquer uma daquelas’ por amor dela morria a mais velha descobriu © Segredo que havia (26) Disae que o sultio Marrocos estava ali encarcerado ele e o principe D. Nilo que dele estava separado; —D. Marrocos aparecendo D, Rolim 6 destronado D. Marrocos era o sultao que protegia Argentina D. Rolim pai de Gitana alma impura e assassina prendeu o pai e ficou no trono da Palestina O pai estava na guerra ele mandou-o prender naquele subterrineo que ninguém pudesse ver prendeu D. Nilo temendo que ele podia dizer Argentina perguntou aonde estaya o sullfio entio as damas mostraram a entrada do portdo —Eles estio presos juntos? 48 damas disseram: nao Argentina com um ferro péde a parede arrombar deu com o velho sultdo. quase sem poder falar Toi ao céreere de D. Nilo conseguiu os ajuntar Argentina ali contou sua vide por extenso D. Marroeos quando ouviu (27) ficou do solo suspenso ergueu a vista exclamando: © seu sofrer 6 imense! Argentina disse’ ali o que tinha planejado extrair liquidos das fléres D, Nilo disse: 0 projete oO que tinka projetado esté muito bem acertado —Tenha cuidado, 4 tardinha quando o mordomo chegar chame ele e mostre as flores voce mande ele cheirar uma das fléres por witimo deve o narcotizar Muturi todos os dias vinha ao circere e perguntava Argentina como ia de que ela precisava entio o que ela pedisse ele prontamente dava Argentina caleulou que devia trabalhar pedir tinta para fléresi e dessa tinta tirar i um liquido qualquer com que pudesse narcetizar Pediu e@ Muturi trouxe tudo quanto ela exigiu das tintas obteve ela um narcético, que extraiu mandou Maturi cheirar quands ele cheirou, caiu (28) Argentina chamou logo o bisavé e o tio ® disse: vamos ver logo nfo deixemos ficar frio agora precisamos andar ligeiros e muito macio —Eu mando por uma dama dar um recado a princesa quando ela entrar, precisa agarra-la de surpresa olhem, se o caleulo falhar morre tudo com certeza Argentina disse all: © principe 6 muito horrendo; mandou Ninfa uma das damas chamar Gitana dizendo:: Muturi manda dizer que Argentine est4é morrendo A dama deu o recado Argentina disse: agora devemos prendé-la aqui se nio a coisa piora a nossa felicidade 6 ela nfo ir 14 fora { Entrou Gitana sorrindo + D. Nilo al agarrou-a as tres damas ajudaram D. Marrocos sustentou-a Argentina trouxe o liquido e ali narcotizcu-a Ninfa voltou ao palacio disse 14 a criadagem que Gitana lhe ordenou (29) pedir uma carrvagem erlado nem um saisse ela ia uma viagem Narcotizaram Gitana ileou ela adormecida ficou no subterraneo bastante dgua e comida durante quatorze horas u@o dava sinal de -vida Prapararam a carruagem depois que findou-se o dia todos tomaram 9 carro e @sse veloz partla a tim de aleancarem logo terreaos de Alexandria Chegaram em Alexandria quando o rei viu_ Argentina abragou-a solucando quase que nfo se domina jt tinha mandado féreas atucarem a Palestina Mandou guardar Argentina em seu palacio real guardada por cam soldadoa @ um grande oficial nemeou logo D, Nilo por governador geral © sultéo da Palestina que ali nada eabia . quando chegou-lhe a noticia da guerra de Alexandria _@ da enorme desonra que em sua casa havia (30) Preparou-se para a guerra ajuntou gente e marchou para o palicio da filha quando partiu nio olhow Gitana presa no carcere . nfo soube o que se passou Gitana quando acordou que conhecew onde estava num subterraneo escuro que nem uma réstea entrava como cobra se mordia Bt como uma fera babava Interrogava a si prépria: que eu vim ver neste agar? quem foi que botou-me aqui? ah! ja sei, venbo pagar pela quantia que devo morrerel de trabalhar Depois ouviu um gemido de Muturl que acordou Gitana ouviu as pisadas quase assombrada gritou: oh! meu Deus onde estou eu? quem para aqui me mandou? Muturi ouvindo o grito SF perguntou na mesma hora: como foi que veio aqui princesa minha seahora? Gitana lhe disse: inflame que fazei de mim agora’?! Muturi riscando um fdsfore tinha nma tocha, acendeu quando Gitana viu ele (31) logo se enfureceu com um ferro que achou grande pancada the deu Muturi ja muito velho cain e feou prostrado entio contou a Gitana tudo quanto foi passado cinco minutos depois J4 estava morto gelado. Mnturi tendo escapado de quase nada servia mas quando nada Gitana tinha aquela companhia ela all com um cadiver como passava e vivia? ‘ Vinte e dois dias depoia faltou a Gitana o pio ela escolheu do cadaver os lagartos de uma mao - eaesou aquilo ecomenu talfoi sua precisaio O sultdo da Palestina as for¢as mobilizou dizendo que D. Geraldo uma filha Ihe roubou para o desmoralizar um fulso lhe levantou E trataram-se de bater-se foi graude a carnificina disse um dia D. Marrocos: essa guerra esta ferina ® eu vou me apresentar as for¢as da Palestina ; | | Foi D. Marrocos ao campo do general Sortibdo quando viu ele chegar causou-lhe admiracio disse ao povo: 6 este aqui o verdadeiro sultfio D. Rolim o filho dele conheceu ficar perdido disse aos soldados que o pai tinha hé dez anos morrido aquele homem era outro com o sultdo parecido E foi D. Marrocos preso é ia ser fuzilado quando apareceu D. Nilo que tinha sido avisado se D. Rolim nfo corresse a forca o tinha linchado Ora, terminou a guerra D. Geraldo se acalmou D. Rolim ficou um louco caiu po mar e se afogou... ueremos saber agora itana como ficou - Tres dias consecutivos * Gitana nada comeu foi uma fome esquisita que 86, no cfircere sofreu achou um torrao de sal. que botou n’agua e bebeu A Filha do Pescador —93— Ela magra cadavérica haquela prisio escura dizia: tio infeliz nf0 ba outra criatura hoje aqui morrendo a fome quem ontem tinha fartura! Aquela pele corada Ji estava ficando verde faltou Agua nesse dia @ ela morrendo A séde achou um ferro e com ele pode arrombar a parede Sain e foi ao paldcto onde ja tinha habitado Mas achou tudo deserto hé dias estava fechudo Gitana ali exclamon: 6 infeliz meu estado Encontrando com um cero The perguntou s¢@ sabia dizer-Ihe que novidade por aguele reino havia disse 0 cego: o sultio hoje 6 0 pai do que existia Ali soube que o sultao foi na batalha vencido D. Marrocos estava preso perém tinha aparecido era quem estava reinando D. Relim tinha- morrido (34) Foi em casa de uma cega, e uma esmola pediu a cega mandou-a entrar @-a mesa lhe serviu forrou o chiio com capim ali Gitana dormiu Na data daquela noite Gitana anos fazia em cada data daquela era uma festa que havia Gitana exclamou: é triste as lembran¢as dasse dia! Disse ela: visto eu nfo obter mais grandeza vou habitar nas montankas ld ninguém pensa em riqueza. aonde ninguém dird: aquela all é princesa Amon quando conheceu | da sua perseguicao j ficando ali era morto | pelas filha do sultao fugindo para o deserto aliféz habitagio + Féz uma casa com feno e dentro dela vivix plantava o que precisava matava ca¢a e comia dois cies naquela choupana The faziam companhia (43) Amon vivia tranquilo mas um dia sucedeu que limpando umas ervilhas uma serpente 0 mordeu Amon conhecia a cobra setlamente entristeceu Soltou os dois cies de caca foi para camer, deitou-se tinha uma imagem de Cristo e ele all confessou-se para a iltina viagem naquela vez praparou-se All suplicando*a Deus recomendou-lle Argentina que livrasse do furor das feras da Palestina e disse: talvez a minb'alma v4 unir-se a Agarina --Mas quem sabe se Argentina também ja nfo seja morta? sulvando a alma 6 bastante a vida isso pouco importa os homens dao-lhe o desprezo porém Deus abre-lhe a porta. Gitana chegando ali encontrou ele prostrado disse ¢consigo; vou ver pode ser um desgracado que anda aqui como ou ando neste mundo desprezado (36) Chegou perto e perguntou: o que estds sofrendo, irmio? respondeu: fol uma cobra que mé mordeu numa mio e © Veneno ja quer alacar-me 0 coracho Por uma felicidade uma erva ali havia que no jardim do sultaio todos 08 anos nascia quem tomasse um cha daquilo de veneno ofo morria Gitaua fez logo um cha deu Amon ele bebeu Z vinte minutos depois ‘ Amon na cama se ergueu a dnsia que ele sofria ali desapareceu Amon quando conheceu daghela ter escapado rendeu mil gragas a Deus porque o tinha salvado olion Gitana e lhe disse: seblora. multo obrigado Gitana ficou all é sem ser por Amon chamada e Amon por sua vez também nfo disse-lhe nada também nunca perguatou-lhe se era solteira ou casada (37) Viviam como irmios em verdadeira harmonia ela nunca dew sinal que tivesse fidalguia como também nunca disse a qual nagao pertencia Amon nunca a vin sorrir muito pouco conversava ele no costume antigo todas as noites rezava durante aquela oragio Gitana orando chorava Tratava da hortalica @ roupa de Amon lavava quando alguma se rompia ela logo remendava J tudo quanto havin ali ela com gosto zelava Sem saber nome um do outro habitavam na choupana Amon nunca pensaria que aquela fésse (ritana sendo ele um pescador e ela uma soberapa D. Lauro vindo da Pérsia veio para Alexandria quis percorrer um deserto que na Palestina havia convidou a D. Geraldo eorei disse que ia (38) Para ir toda familia contrataram o dia certo para no dia de ano almogarem no deserto naquele campo aromatico por verdes gramas coberto Disse Argentina a D. Lauro que com muito prazer ia porque se desenganava do que a mente lhe dizia porque estava na suspeita que Amon ainda existia Chegou o dia marcado e@ a ordem foi cumprida toda familia real foi num comboio reunida Argentina visitou @ terra onde foi nascida Foram ao grande deserto que encerrava a beleza xonde a vegetacdo vicejava com grandeza onde as flores pareciam é um riso da natureza D, Geralde edmirado do campo ali como estava vin ao longe uma choupana ® um homem que trabalhava # seguiram em direcfio foram ver quem la morava ~t (39) Disse D. Lauro! sfo fortes os Tilhos da Palestina tem coragem 0 camponés que mora nesta campina... —F’ meu pai aquele homem! ali gritou Argentina Abragando-se com ele tao magoada e sentida dizia: a béncgfo meu pai meu coracia, minha vidal Gitana escondeu a face pra nio ser conhecida Ali disse D, Geraldo: eu te conheco, Gitana teu coracfio é de fera tua alma é vil tirana teu nome serve de nédoa a familia soberana Gitana rompeu em pranto tudo chorou afinal Tegava o campo com lagrimas toda familia real Amon se pés de jcelho pedindo perdfo geral Dizendo: ela é criminosa eu pagarel sua pena na carne hi muita fraqueza nosea vida ¢ Uma cena lembrai-vos do que passou-se entre Cristo e Madalena! ee Renee (40} Afogando-se em légrimas se abracou com Argentina dizendo: filha, te peco pela alma de Agarioa que pega o perdfio dela ao sultdo da Palestina E foi para D. Marrocos 4 comissio soberana Argentina suplicou-Ihe que perdoasse Gitane D. Marrocos perdoou quem antes fora tirana Tudo que Gitana féz ficou em esquecimento D. Lauro pediu ali Argentina em easamento ficando ambos os reinos em paz e a salvamento Belos dias que gozaram na paz de dice harmonia a filha do pescador nunca uma vez julgaria de passar tantos regalog rodeada de vassalos onde pobre era outro dia — FIM— Juazeiro, 29/2/76 Se ee Literatura de Cond José Sernarda da Silva Lida, Grande variedade de folhetos 6 oracoes, R, Sta. Luzia, 263-Juazeiro do Norte-Ce —<$—$—<—<—<— | AGENTES: EDSON PINTO DA SILVA Mereado S. José —Compartimento N, 7 Recife = Pernambuco i BENEDITO ANTONIO DE MATOS \ Café S&o Miguel, dentro do Mercado Central -- Fortaleza -. Ceara ANTONIO ALVES DA SILVA Rua Clodoaldo de Freitas, 707 Terezina Piaui JOAO SEVERO DA SILVA Travessa Dr, Carvalho, 70 — Bayeux | R. Silva Jardim, 836 — Jofio Pessoa-Pb. SEVERINO JOSE’ DOS SANTOS Rua Eng. Paulo Lopes, 695 -- Lote 4 | Bangu - Kio -- GB ANTONIO EMIDIO DA SILVA \ Rua Cel. Estévio, 1925 —Natal -- RGF. RAIMUNDO OLIVEIRA Mercado de Ferro Aparador, 26° Belem — Para a

Você também pode gostar