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Tecnologia de Energia Eélica ® CTGAS-ER SENAI PETROBRAS CTGAS-ER TECNOLOGIA DE ENERGIA EOLICA Docente: John Edward Neira Villena Centro de Tecnologias do Gas & Energias Renovaveis CTGAS-ER 1 Tecnologia de Energia Eélica SUMARIO INTRODUCAO. 1 SITUACAO ATUAL DA ENERGIA EOLICA NO MUNDO... 1.1 Introdugio. 11.1 Definicgo 1.1.2 Histérico 1.2 Capacidade Eélica Instalada no mundo. 1.2.1 Disperstio mundial TOP 10... 13 Taxade crescimento mundial... 13.1 Taxa de crescimento dos TOP 10 14 Distribuigdo geogréfica do crescimento... 1.5 Crescimento esperado. 1.5.1 Crescimento esperado por regia .... 1.6 Capacidade projetada 1.7 Balango de novas fontes de energia 2. ESTADO ATUAL E PERSPECTIVAS DA ENERGIA EOLICA NO BRASIL...22 21 Introdugio. 2.2 Caracteristicas da nova oferta... 2.21 Hidrockétrica.. 22.2 — Termoelétrica 23 Capacidade eélica brasileira 2.4 — Situagio da energia edlica no Brasil 25 — Complementaridade sazonal Eélica ~ Hidrica 2.6 Fases do Brasil 2.6.1 PROINFA 2.6.2 Leilo de 2009 2.6.3 Leildes de 2010, : 2.64 Leildes A-3.e de Reserva de 2011 2.6.5 Leilio A'S de 2011... 2.6.6 Leila A-S de 2012... 2.7 Rerspectivas nvr 28 _ ORio Grande do Norte 3 METEOROLOGIA EOLICA: POTENCIAL BOLICO. 3.1 Introdugao. 3.2 Oque €0 vento cde onde cle vem..... 3.3. Forgas fundamentais que atuam na atmosfera 3.4 Tipos de vento 34.1 Vento Geostréfico 34.2 Vento gradiente, 3.4.3 Modelo conceitual de circulagio global atmostérica 34.4 Partes de um aerogerador 34,5 Vento na superficie ¢ camada limite...... 3.5 Comprimento de rugosidade. 3.6 Lei da Potencia 3.7 Poténcia eélica dispontvel. 3.8 — Poténcia eélica utilizdvel.. 3.9 Distribuicao de freqiiéneia 3.10 Distribuicao de Weibull... 3.11 Curva de poténcia de um aerogerador Centro de Tecnologias do Gas & Energias Renovaveis CTGAS-ER 2 Tecnologia de Energia Eélica 3.12 Céleulo da poténeia anual gerada 3.13 Modelagem atmosférica ... 3.13.1 Modelo global 3.13.2 Modelo de mesoescals ou regional... 3.14 Bases de dados. 3.14.1 Medidas locais 3.142 Redes de coleta de dados. 3.14.3 Reandlises 4 AERODINAMICA APLICADA AS TURBINAS EOLICAS 4.1 Introdusio. 42 Coeficiente de poténcia 43 Raziio de velocidades na pa 44 — Forga de sustentacao 45 Coeficiente de poténcia em fungao do tipo de aerogerador..... 46 Efeitoesteira . 5 TECNOLOGIA DOS AEROGERADORES .. 5.1 Introdugio.. 5.2 Evolugio histérica 5.3. Estimativa de instalagdes vs tamanho .. 5.4 Evolugdo do tamanho dos acrogeradores.... 5.5 Componentes de aerogeradores 5.5.1 Fundagio. 55.2 Torre. 553 Pas. 55.4 Caixa muhtiplicadora 55.5 Rolamentos 5.5.6 Freios e acoplamentos 5.5.7 Gerador elétrico . 5.5.8 Conversor de freqiiéncia... 5.5.9 Sistemas elétricos auxiliares... 5.5.10 Sistemas de controle ¢ seguranga 5.6 Princfpios de funcionamento do aerogerador... 5.7 Tipos construtivos de aerogeradores ...... 5.7.1 Posigo do Rotor. 5.7.2, Posigéo do cixo 5.7.3 Niimero de pés 5.7.4 Tipo de controle de potecs . 5.7.5 Velocidade fixa ou varivel... 5.8 Classificagao dos aerogeradores 5.8.1 Classificaciio segundo o tipo de transmissio...... 5.9 Classificagio dos aerogeradores em fungio do tipo de yaw 100 6 ASPECTOS DE HABILITACAO TECNICA DE PROJETOS on 102 6.1 Introdugao.. 102, 6.2. Leilées para compra de energia elétrica on 102 63 Osistema AEGE. 102 64 — Oprocesso de habilitagao técnica... 103 6.5 Aandlise técnica 104 6.6 A Habilitagdo Técnica 105 6.7 Recomendagdes da EPE.... 105 7 IMPACTOS AMBIENTAIS 106 Centro de Tecnologias do Gas & Energias Renovaveis CTGAS-ER 3 Tecnologia de Energia Eélica 7.1 Introdugio. 106 7.2 Impactos ambicntais de um empreendimento célico.. 106 7.2.1 Impactos ambientais na flora e fauna 106 7.2.2 Propagacio do ruido 107 72.3 Sombrase reflexos 108 7.2.4 Impacto visual na paisagem. 109 7.3. _ Legistagdo ambiental m2 REFERENCIAS 113, Centro de Tecnologias do Gas & Energias Renovaveis CTGAS-ER 4 Tecnologia de Energia Eélica LISTA DE FIGURAS Figura 1.1 — Aproveitamento da energia e6lica a) Caravela [2] b) Moinho [3] € ¢) Catavento [4] 14 Figura 1.2 - Transformagio de energia edlica em eletricidade a) Parque edtico [5] b) Linha de transmissio [6] e c) Energia Elétrica (7)... Figura 1.3 ~ Capacidade mundial eélica instalada acumnulada entre 1996 © 2011 [81 16 Higura 1.4 — Dispersio mundial de energia edlica instalada ate 201 | [8] W Figura 1.5 ~ Taxa de crescimento mundial da energia e6lica entre 1996 ¢ 2011 [8]... 17 Figura 1.6 ~ Taxa de crescimento dos paises TOP 10 junto taxa do resto de paises em 2011 [8] Figura 1.7 ~ Capacidade edlica mundial instalada por regidio entre 2003 e 2011 [8] ... 19 Figura 1.8 - Crescimento esperado na capacidade e6lica mundial até 2016 [8]... Figura 1.9 ~ Crescimento esperado da capacidade edlica instalada a mundial dividido por regides até 2016 [8]... Figura 1.10—A capacidade estica mundial projetada até 2016 [8] 20 Figura 1.11 ~ Balango das fontes de energia instaladas na Europa em 2009 [9] saris 21 Figura 2.1 ~ Atlas edlico do Brasil indicando a poténcia de fluxo anual em Wim? a 50 metros acima do nivel da superficie [14], ..n..:sssnssnnnnnnse 23 Figura 2.2 ~ Atlas edlico do Brasil indicando a velocidade média anual do vento a 50 metros acima do nivel da superficie [15] aA Figura 2.3 - Atlas eélico do Nordeste indicando a velocidade média anual do vento a $0 metros acima do nivel da superficie (141... Figura 2.4 ~ Parques edtlicos instalados no Brasil a) Até 2001 [10], b) Até outubro de 2008 [16]. Figura 2.5 - Complementaridade sazonal Edlica — Hidrica das usinas edlicas ¢ dos reservatérios do Nordeste [16]... Figura 2.6 - Projetos do PROINFA instalados até agosto de 2009 [17]... Figura 2.7 ~ Projetos do PROINFA em instalagao até agosto de 2009 [17]... 29 Centro de Tecnologias do Gas & Energias Renovaveis CTGAS-ER 5 Tecnologia de Energia Eélica Figura 2.8 — Projetos do PROINFA a instalar (agosto de 2009) [17] 30 Figura 2.9 — Resumo dos projetos do PROINFA por regio [17] 3 Figura 2.10 Tipos de leiles em func do prazo para entrega de energia [19]. Figura 2.11 — Projetos cadastrados no leilo de 2009 por estado [10] 32 Figura 2.12 — Projetos vencedores do leila de 2009 por estado [10] so 33 Figura 2.13 — Fabricantes de aerogeradores contratados no Ieiléo de 2009 [10] ... Figura 2.14 Projetos contratados no LER de 2010 [20]... Figura 2.15 — Projetos contratados no LAF de 2010 (20) 35 Figura 2.16 — Perspectivas de crescimento do mercado edlico até 2014 antes dos leildes de 2010 [10] eoneee 3B Figura 2.17 ~ Perspectivas de crescimento do mercado edlico até 2016 [27] 40 Figura 3.1 — Variagiio da velocidade média do vemto (horéria e didria) durante um determinado més [10]. 41 Figura 3.2 - Visio simplificada da circulago em grande escala das régios frias, para as quentes ¢ vice-versa [31]... Figura 3.3 - Movimentos para promover a redistribuictio de calor entre os pélos € 0 Equador (31] Figura 3.4 — Efeito Coriolis a) Para um observador extemno b) Para um observador sobre 0 alvo [31] B Figura 3.5 - Formacéo do vento Geostréfico [32] 44 Figura 3.6 ~ Formagdo do vento gradiente [32]... Figura 3.7 - Modelo conceitual de circulagdo global atmosférica [1]. Figura 3.8 - Pri partes ¢ nomenclatura de um aerogerador 1) Area batrida pelas pés 2) Diémetro do rotor 3) Conexdes elétricas subterraneas. 4) PA do rotor 5) Altura do cubo 6) Fundacao 7) Torre 8) Nacele (33). Figura 3.9 ~ Vento na superficie e formagio da camada limite [34]........ ne Centro de Tecnologias do Gas & Energias Renovaveis CTGAS-ER 6 Tecnologia de Energia Eélica Figura 3.10 —Determinagao da altura do aerogerador em funco da camada limi [34] 48 Figura 3.11 ~ Determinagao da altura do acrogerador em funcao da camada limite tu. Figura 3.12 —Perfis verticais de vento para diferentes comprimentos de rugosidade [31] cove 50 Figura 3.13 ~ Mudanga da velocidade do vento apés a passagem pelo aerogerador [35]. Figura 3.14 — Poténcia disponivel no vento e poténcia utifizavel do vento em fungo da velocidade do vento (34)... Figura 3.15 - Distribuigdo de freqiiéncia das velocidades de vento médias durante um ano [34] Figura 3.16 ~ Distribuigdes de Weibull Rayleigh (37].... Figura 3.17 - Curva de poténcia de um aerogerador E82 da Wobben com poténcia nominal de 2 MW [38] costars 56 Figura 3.18 — Potncia disponfvel no vento, poténcia utilizdvel do vento ea poténcia gerada por um determinado erogerador em fungio da velocidade do vento [34]. 2 58. Figura 3.19 - Modelo de escala global [31]... Figura 3.20 - Modelo de mesoescala ou regional (31)... Figura 4.1 ~ Poténcia disponfvel no vento, poténcia utilizével do vento e a poténcia gerada por um determinado aerogerador em fungéo da velocidade do vento [34] Figura 4.2 ~ Nomenclatura de um aerofélio [41]... Figura 4.3 ~ Fluxo na segiio de uma pé de um rotor de um aerogerador de sustentacéio [40] cree 64, Figura 4.4 ~ Fluxos de ar no perfil de uma pé (40)... Figura 4.5 ~ Fluxos de ar em tomo do perfil de uma pé [40]. Figura 4.6 ~ Coeficiente de poténcia para diferentes tipos de aerogeradores [42]... Centro de Tecnologias do Gas & Energias Renovaveis CTGAS-ER 7 Tecnologia de Energia Eélica Figura 4.7 — Bfeito esteira [35] 67 Figura 4.8 ~ Experiment mostrando 0 efeito esteira [43]. 68 Figura 4.9 — Efeito esteira em um parque eélico offshore [44]... Figura 4.10 — Configuracio de um parque em funcao do efeito esteira [35] 6 Figura 5.1 ~ Primeiro catavento utilizado para gerar energia eélica em 1888 [10] ..... 70 Figura 5.2 ~ Aerogerador de Poul La Cour’s na Dinamarea 1891 [42] .. Figura 5.3 Primeira turma de engenheiros eélicos na Dinamarea 1904 [10] . Figura 5.4 ~ Aerogerador Wime D-30 em Balaklava na Russia, poténcia nominal de 100 kW, diametro do rotor de 30 m [421.. Figura 5.5 ~ Aerogerador MAN-Kleinhenz na Alemanha de quatro pas com diametro de rotor de 130 m, poténcia nominal 10000 kW 1942 [42] B Figura 5.6 ~ Primeiro aerogerador dos Estados Unidos da América o “wind charger” diametro de rotor de 4m ¢ poténcia nominal entre 1.8 a 3kW [42] B Figura 5.7 ~ Acrogerador Best-Romani, com didmetro 30,1 m ¢ poténcia nominal 800 KW [42] we Th Figura 5.8 ~ Acrogerador Hiitter W-34 com didmetro de rotor de 34 me poténcia nominal 100 kW [42] Figura 5.9 ~ Aerogerador de duas pis MOD-1 com didmetro do rotor de 61 m, poténeia nominal 2000 KW [42] 15 Figura 5.10 Aerogerador Monopteros, diémetro de rotor de 48 m, poténcia nominal de 600 kW [42] Figura 5.11 ~ Turbina Darrieus, capacidade nominal de 4 MW instalada no Canadé (42) seo 16 Figura 5.12 ~Estimativa de instalagées vs tamanho do aerogeradores até 2025 110). Figura 5.13 - Evoluc&o do tamanho dos aerogeradores [16] ..rn.csssn enemies 18 Figura 5.14 — Proceso de construcio da fundac&0 [35] ...c.ssnsnemsnnsneninnsnenne 78 Centro de Tecnologias do Gas & Energias Renovaveis CTGAS-ER 8 Tecnologia de Energia Eélica Figura 5.15 — Aerogeradores com torres tubulares de aco e treligadas [42] 1” Figura 5.16 — Aerogerador Enercon E112 com torre de concreto protendido [42]....... 80 Figura 5.17 — Componentes do Acrogerador V39 da Vestas 1) Placa de apoio da nacele 2) Atuador do sistema de pitch 3) Eixo do rotor 4) Pa 5) Cubo 6) Mecanismo de pitch 7) Mancal do rotor 8) Caixa multiplicadora 9) Freio do rotor 10) Eixo de transmissiio ao gerador 11) Gerador 12) Sistema de medigio do vento 13) idrdulico 14) Controle elétrico 15) Sistema de yaw [42]...... 81 ma Figura 5.18 — Sistema de para-raios na pa de um acrogerador [42] 82, Figura 5.19 — Acoplamento [45] Figura 5.20 — Principais componentes de um aerogerador 2) Controle de yaw 3) Gerador 4) Cubo 6) P4 7) AnemOmetro s6nico [38]... Figura 5.21 ~ Curva de poténcia de um aerogerador E82 da Wobben com poténcia nominal de 2 MW [38]. Figura 5.22 — Aerogerador com rotor tipo downwind instalado nos Estados Unidos da América em 1985, [42] Figura 5.23 ~ Aerogerador com rotor tipo upwind, com tr88 ps [48]. ....0..e nse 8T Figura 5.24 — Tipos de turbinas mais utilizados de turbinas de eixo vertical [42]... Figura 5.25 - Turbina Darrieus, poténcia nominal de 170 kW [42] .. Figura 5.26 ~ Turbina tipo H-rotor, poténcia nominal de 300 KW [42] 89 Figura 5.27 - Curvas de poténeia pitch (Acrogerador Bonus) ¢ stall (Acrogeradores NEG Micon ¢ Nordex) [39]. . Figura 5.28 - Aerogerador com sistema de controle por stall passivo em posi¢o de parada (pds embandeiradas) [42]... Figura 5.29 — Posigées das pas de um aerogerador com controle de potencia por Stall a11V0 [42]. .osnisnuninnnnnnisninnnannnnnnnnsnnssnanes 9D Figura 5.30 ~ Aerogerador Vestas V82 em posigo de parada (pas ernbandeiradas) [46] Centro de Tecnologias do Gas & Energias Renovaveis CTGAS-ER 9 Tecnologia de Energia Eélica Figura 5.31 — Posigées das psis de um aerogerador com controle de potencia por pitch [42] 92 Figura 5.32 — Aerogerador Enercon E112 com sistema de controle por pitch em posigdo de parada (pas embandeiradas) [42] Figura 5.33 — Curva de poténcia tipica de um aerogerador [35] 94 Figura 5.34 — Gerador assincrono com velocidade fixa [35] 95 Figura 5.35 — Gerador assincrono adaptado a rede [35]... Figura 5.36 — Acrogerador com dois geradores (35)... Figura 5.37 — Aerogerador de velocidades variveis [35.... Figura 5.38 ~ Aerogerador conectado diretamente com gerador multipolos [35] 7 Figura 5.39 -Conceito MULTIBRID [48] 97 Figura 5.40 ~ Gerador assincrono com rotor acoplado em cascada ¢ conversor de freqiiéncia [35]. 98 Figura 5.41 ~ Tipos de acrogeradores em funcdo do tipo de transmisso a) como gerador ¢ a caixa multiplicadora na nacele, b) com 0 gerador vertical no topo da torre ¢ a caixa mmultiplicadora na nacele, c) com o gerador vertical e a caixa multiplicadora na base da torre, 4) com a caixa multiplicadora na nacele ¢ o gerador na base da torre, ¢) com o gerador na base da torre e duas caixas multiplicadoras f) com gerador conectado diretamente 20 rotor (sem caixa multiplicadora) [42]... Figura 5.42 ~ Aerogerador com gerador e caixa multiplicadora na nacele (47)... 100 Figura 5.43 - Aerogerador sem caixa multiplicadora (gearless) [49, 38] 100 Figura 5.44 - Aerogerador de pequeno porte com sistema de yaw livre [10]. 101 Figura 5.45 — Sistema de yaw de um aerogerador [10] sennenee 10T Figura 6.1 ~ Pagina de cadastro do empreendedor no sistema AEGE da BPE (50]..... 103 Figura 6.2 ~ Processo da anilise técnica de um empreendimento (21)... Centro de Tecnologias do Gas & Energias Renovaveis CTGAS-ER 10 Tecnologia de Energia Eélica Figura 7.1 ~ Célculo de horas/ano de sombra projetada pelas turbinas de um parque eélico considerando 0 caso mais desfavorivel utilizando 0 software comercial WindPro [52]... Figura 7.2 - Localizacdo dos aerogeradores na paisagem [49]... Figura 7.3 — Impacto visual dos serogeradores [53] mu Figura 7.4 — Reporte de fotomontagem realizado no software comercial WindPro [54]. Centro de Tecnologias do Gas & Energias Renovaveis CTGAS-ER 11 Tecnologia de Energia Eélica LISTA DE TABELAS Tabela 1.1 —Distribuig&o regional da capacidade eélica instalada no mundo em. MW [8], Tabela 2.1 — Projetos registrados nos Ieildes de 2010 [10]... Tabela 2.2 — Resultado final dos leildes de 2010 [20.... Tabela 2.3 — Resultado do LER de 2010 dos projetos edlicos [21] 35 Tabela 2.4 — Resultado do LAF de 2010 dos projetos edlicos [21] 35 Tabela 2.5 — Resultado do Iciléo A-3 de 2011 [24]..... Tabela 2.6 — Resultado de reserva de 2011 [25] 36 Tabela 2.7 — Resultado dos Leilées A-3 e de Reserva de 2011 [25] Tabela 2.8 — Resultado do Leilio A-5 de 2011 [26] ..... Tabela 2.9 ~ Resultado do Leilio A-5 de 2012 (27] 37 Tabela 2.10 —Perspectivas de crescimento do mercado edlico até 2017 considerando os resultados do leilao de 2012 [28] 38 Tabela 2.11 — Perspectivas de crescimento do mercado edlico até 2020 segundo o PDE 2020 [29] 39 Tabela 3.1 — Valores do comprimento de rugosidade (za) em fungiio da classe de terreno [31]. 50 Tabela 3.2.— Valor de oem fungo do ambiente (35}.... 52 Tabela 3.3 ~ Valores da curva da poténcia de um aerogerador [38] ....:.sessesnesnse ST Tabela 3.4 - Célculo da poténcia anual gerada por um aerogerador.... Tabela 7.1 — Nivel de critétio de avaliaco NCA para ambientes externos, em dB(A) [51] nsec 108 Centro de Tecnologias do Gas & Energias Renovaveis CTGAS-ER 12 Tecnologia de Energia Eélica INTRODUCAO, 0 objetivo do preseme curso ¢ apresentar os conceitos fundamentais de geragio edlica. A presente apostila tem como objetivo complementar as informacées apresentadas durante as aulas, informagdes mais detalhadas poderdo ser encontradas nas referencias apresentadas no final da mesma, Caso haja necessidade de referenciar alguma informagio apresentada nesta apostila, fazer referencia a fonte original. No primeiro capitulo é apresentada a situaco atual da energia edlica no mundo, serio abordadas informagées referentes a capacidade eélica instalada no mundo; disperséio mundial dos 10 paises com maior capacidade instalada (Top 10), taxa de crescimento mundial, taxa de crescimento dos Top 10, distribuigio geografica do crescimento, crescimento esperado, crescimento esperado por regides, capacidade projetada e balanco de novas fontes de energia a nivel mundial. segundo capitulo mostra informagées referentes ao estado atual © perspectivas da energia eélica no Brasil, serdo apresentadas caracteristicas da nova oferta, capacidade eGlica brasileira, atlas edlico brasileiro, situagio da energia edlica no Brasil; complementaridade sazonal e6lica—hidrica, fases do Brasil: PROINFA e Leildes, ¢ por iiltimo as perspectivas do setor eélico Brasileiro. © terceiro capitulo intitulado “Meteorologia E6lica: Potencial Edlico” apresenta conceitos acerca de “o que o vento e de onde ele vem’, Forca de Coriolis, Forgas fundamentais que atuam na atmosfera, Vento geostréfico, Vento gradiente, Vento na superficie © Camada limite, Comprimento de rugosidade, Modelagem atmosférica e Bases de dados. No quarto cap(tulo so apresentadas informagGes referentes & Aerodindmica aplicada as Turbinas Edlicas como: forgas acrodinfmicas c cfcito esteira. © quinto capitulo mostra informagées acerca de Tecnologia dos Acrogeradores, Evolugao histérica, estimativa de instalagdes vs. tamanho, Evolugo do tamanho dos acrogeradores, Niimero de pas e Tipos de geradores No capitulo seis so apresentadas informagGes sucintas referentes aos Aspectos de habilitagio técnica de projetos. Por iiltimo, no capftulo sete sio apresentados os impactos ambientais e uma breve referencia ao processo de licenciamento ambiental de um empreendimento edlico. Centro de Tecnologias do Gas & Energias Renovaveis CTGAS-ER 13 Tecnologia de Energia Eélica 1 SITUAGAO ATUAL DA ENERGIA EOLICA NO MUNDO 1.1 Introdugio 1.1.1 Definigio E a conversio de energia cinética contida no vento em outra forma de energia como energia elétrica. Assim como a maioria das fontes renovaveis de energia, exceto a geotérmica, a energia eélica provem da acdo da radiacao solar combinada juntamente coma rotacio da Terra. [1] 1.12 Histérieo ‘A energia edlica vem sendo utilizada pela humanidade em diversas aplicagdes ha mais de 3000 anos. O desenvolvimento da navegacao ¢ o periodo das grandes descobertas de novos continentes foram propiciados pelo emprego da energia dos ventos (Fig. 1.1a). As primeiras aplicagdes da energia edlica foram os moinhos de vento utilizados em atividades agricolas para moagem de gros (Fig. 1.1b). Depois surgiram outras aplicagdes como cataventos para bombeamento de 4gua (Fig. 1.1c) [1] Figura 1.1 — Aproveitamento da energia e6lica a) Caravela [2] b) Moinho [3] ¢ c) Catavento [4] Mas a aplicago que cada dia vern se torando mais importante € 0 aproveitamento da energia e6lica como forma alternative de energia para produgio de eletricidade através de aerogeradores (Fig. 2) (1]. Figura 1.2 - Transformacio de energia edlica em eletricidade a) Parque edlico [5] b) Linha de transmissao (6] ec) Energia Elétrica (7) Centro de Tecnologias do Gas & Energias Renovaveis CTGAS-ER 14 Tecnologia de Energia Eélica 1.2 Capacidade Eélica Instalada no mundo. A tabela 1.1 mostra a distribuicao regional da capacidade edlica instalada no mundo até final de 2011 Tabela I. — Distribuic&o regional da capacidade edlica instalada no mundo em MW [8] Africas mute East na 2010 New 20n1 ‘otal ena z011 oak z zB 2 c Morocco 286 5 on Wan 80 2 o type 50 : 330 thers az. E 9 Aste PRCT aT Tras e364 inde 13065 39 16084 Japan 2354 ee 201 Tawar 39 6 ‘64 South vows a9 m 407 Vien 3 2 0 others 62 2 2 Toul e106 20,829 2029 Europe cama aaa Rae Ea span 2625 11080 2167 Francet 5970 130 5800 tay S797 350 6737 uk 5248 1233 6540 Portugal 3708 a7 4083 ena are co 3an ‘Sweden 2183 183 210 Nethetands 2269) 6 2308 Turley 1329 470 v8 Irdena nas 239 14681 reece 1338 Ey ey Poland 180 435, 16816 austia 1014 3 84 eign 186 Ww nore ert oftuope 2807 955. 3708 TotaLEWOpe a55ar Toze1 "355505 ofnien Uae e480 38 33007 {cin Amprien &.carfban Ta 3a a Te hie im 33 205, argentine 50 . 30 Soma ng B 1 endure z 02 102 Demian Rep z 3 2 Cambeant 2 E a thes ne 0 wes Toul are we 2330 NowhAmeska os Toe ERD aw ‘conads 4908 257 5265 Moke 7 50 ‘569 Tom a5 ‘yer 32753 occ Regon Tame oo} a Ta ew Zanong sia 109 es Pace dards 12 = 42 ‘otal Bae 3, Zao Weld Tota 151037 40564 237869 Centro de Tecnologias do Gas & Energias Renovaveis CTGAS-ER 15 Tecnologia de Energia Eélica Na tabela 1.1 6 possivel observar que a capaci 6 de 237,7 GW e que © continents que possui a maior capacidade instalada é a Europa, seguido pela Asia e América do Norte. Observa-se também que o continente Africano junto 20 Oriente Médio possui a menor capacidade instalada a nivel mundial. Os paises latino-americanos e centro-americanos sio os peniiltimos em capacidade eélica instalada Na figura 1.3 € possivel observar que a energia edlica apresenta um crescimento constante, aproximadamente 30% ao ano, desde 1996 ate 2011. 28000 [MW] meen sso0a0 00,000 il soca Soe eee js100 7600 To2t0 13800 400 Z9C0 sTICO sRAR 470 580A THOS? 93620 WORN To—sA HE 27,559 Figura 1.3 ~Capacidade mundial edlica instalada acumulada entre 1996 € 2011 [8] 1.2.1 Dispersio mundial TOP 10 A figura 1.4 mostra a dispersio mundial de energia edlica instalada até 2011, ressaltando o crescimento dos 10 paises com a maior capacidade instalada (TOP 10). Nessa figura é possivel observar que a China € 0 pais que possui a maior capacidade instalada 62,4 GW que representa 26,2% da capacidade mundial, Em segundo lugar esto os Estados Unidos que ocuparam o primeiro lugar até inicio de 201 1. Em terceiro Tugar se encontra Alemanha que ocupou o primeiro lugar durante varios anos. 13 — Taxa de crescimento mundial Na figura 1.5 é possivel observar a taxa de crescimento mundial da energia edlica desde 1996 até 2011. Observa-se que apresenta um crescimento constante desde 1996 ate 2009, mas nos anos de 2010.¢ 2011 o crescimento for menor ao observado em 2009 13.1 Taxa de crescimento dos TOP 10 Na figura 1.6 6 apresentade a taxa de crescimento dos pafses TOP 10 junto a taxa do resto de paises em 2011. Na figura 1.6 observa-se que a poténcia instalada na China no ano de 2011 representou 43% de a poténcia instalada no mundo no ano de 201 1. 1.4 Distribuiciio geogréfica do crescimento A figura 1.7 apresenta a capacidade eélica mundial instalada por regio entre 2003 ¢ 2011. Na figura 1.7 observa-se @ Asia apresentou um crescimento constante desde 2003 até 2010 € posstvel observar que este continente praticamente duplicou a sua capacidade instalada a cada ano, No caso da Europa e América do Norte o crescimento em 2010 € 2011 foi menor ao observado em 2009, tal fato é também refletido na figura 1.5. No caso de Latino-américa observa-se um crescimento significativo em 2009 e 2011, este crescimento deve-se a0 boom edlico observado no Brasil nos tiltimos anos, Centro de Tecnologias do Gas & Energias Renovaveis CTGAS-ER 16 Tecnologia de Energia Eélica Restofthe world PRchina Portugal Canada Ue Italy France spain —“ Germany usa country SHARE PRChina 2.364 25.2 use 46,019 197 Germany 29,080 waz Spain 21674 31 inca 16,084 8a Francet* 600 28 ity 6737 2a UK 5540 27 Canada 5,265 22 Portugal 4,083 7 Rest ofthe world 22343 135 Total TOP 10 205,526 365 World Total 237,669 1000 Figura 1.4 ~ Dispersio mundial de energia eélica instalada até 2011 [8] 45,000 [MW } 49,000 Ro Seana : : 1 zoe ‘Stoo mannan oe : i | 16,000 i E i _ @ 0D so | — a an oe ee 1996 1997 1998 1999 2000 z001 z002 2009 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 za 1280 1530 2520 3440 3760 5500 7270 8153 8.Z07 TISH 15S 19865 26560 38510 34628 «0564 Figura 1.5 ~ Taxa de crescimento mundial da energia edlica entre 1996 © 2011 [8] Centro de Tecnologias do Gas & Energias Renovaveis CTGAS-ER 17 Tecnologia de Energia Eélica 1.5 — Crescimento esperado O crescimento esperado na capacidade edlica mundial até 2016 é apresentado na figura 1.8. E possivel observar que em 2014 é esperada uma recuperagio da taxa crescimento anual quando comparado com o decréscimo de 2013. E prevista uma diminuicao de aproximadamente 2% por ano o taxa de crescimento acumuilativa. O decréscimo pode ser attibuido & possibilidade de crise econdmica. Contudo as capacidades de crescimento anuais ¢ cumulativas continuam incrementando-se até 2016, Restof theword PRchina Indie” USA country. MW % SHARE PR China 77831 8 USA 6,810 7 India 3.09 7 Germany 2,086 5 Uk 1293 32 canada 1267 31 Spain 4,050 26 Italy 950 23 France™™ 830 20 Sweden, 763 19 Rest of the world 4,865. 129 Total TOP 10) 35,689 88 World Total 40,564 100.0 Figura 1.6 ~ Taxa de crescimento dos paises TOP 10 junto a taxa do resto de paises em 2011 [8] 1.5.1 Crescimento esperado por regiiio A figura 1.9 apresenta a o crescimento esperado da capacidade edlica instalada a mundial dividido por regides até 2015. Na figura pode-se observar que se espera que a Asia continue apresentando 0 maior crescimemto a nivel mundial até 2015. Europa Centro de Tecnologias do Gas & Energias Renovaveis CTGAS-ER 18 Tecnologia de Energia Eélica América do Norte se encontram em segundo e terceiro, respectivamente, No caso de Latino-américa espera-se um crescimento significative até 2016 (200%), grande parte desse incremento pode ser atribuida & instalagio dos parques eélicos contratados. nos Iciloes Brasileiros. 2200 ance seo ms 1000 sso . “ mao ase a . . moe 72000 Bane moon 0010 . mm ‘mono: wm 2009 6000 — 7 - 200 08 wan ° I il ee igen Narnanerc, ro RNa WLM Figura 1.7 ~ Capacidade eética mundial instalada por regidio entre 2003 e 2011 [8] 600 ow 6 |) S00 2» 400 idlg S58) Jo 18 300 0 200 5 300 ° ° 5 -Anruainstaied eapacty(ow] 406 460 458 wa 2 s924 Cumulative capacty(OW BL 2577 37 225 789 cea) 49333 Areua installed capacity ronth ate] @ 60% 134% 08% 7% 19% 726% Ccumuatve apaary growth ate|ie| B 2039%4 194% 162% “50% 146% 1369% Figura 1.8 ~ Crescimento esperado na capacidads cdlica mundial até 2016 (8] Centro de Tecnologias do Gas & Energias Renovaveis CTGAS-ER 19 Tecnologia de Energia Eélica 1.6 Capacidade projetada A capacidade edlica mundial projetada até 2016 é apresentada na figura 1.10. E possfvel observar que se espera que a Europa mantenha o primeiro Iugar em capacidade instalada até 2012, sendo ultrapassada pela Asia em 2013, devido ao crescimento observado pela China nos tiltimos anos. Espera-se que a Asia mantenha o primeiro lugar até 2016. 30 ow uope Nertramera Latramerce Pate Hdd et natn — i zon zme 103, 10 a no 09 16 03 os 2013 60 W 10 204 os uw 10 por regiGes até 2016 [8] aos ras a 1s aoe mo 1 1s Figura 1.9~ Crescimento esperado da capacidade edlica instalada a mundial dividido 200 ow 100 Made corendaten Hl zou 986 a7 wo 2 0 201 me 803 ues 54 4“ } 20s Mas no ™ © ea (mon. 2018 16 sone 2en04 sas9 136 oa? Figura 1.10 - A capacidade edlica mundial projetada até 2016 [8] Centro de Tecnologias do Gas & Energias Renovaveis CTGAS-ER 20 Tecnologia de Energia Eélica 1.7 Balango de novas fontes de energi Na figura 1.11 apresenta-se o balanco das fontes de energia instaladas na Buropa em 2009. Observa-se claramente o crescimento representativo da energia edlica. importante ressaltar que algumas fontes fdsseis, como 0 carvio & 0 dleo diesel, apresentaram uma diminuigdo significativa na capacidade instalada 110,000 8,000 6,000 4,000 2,000 2,000 4,000 Wind Neural PY Gnol Puch Grass Warts Wulcor Lage o ot ha Figura 1.11 - Balango das fontes de energia instaladas na Europa em 2009 [9] Centro de Tecnologias do Gas & Energias Renovaveis CTGAS-ER 21 Tecnologia de Energia Eélica 2 ESTADO ATUAL E PERSPECTIVAS DA ENERGIA EOLICA NO BRASIL 2.1 Introducio No capftulo anterior foi apresentada a situagio atual de energia edtica e a situagio esperada até 2016. Foi observado que o Brasil ndo possui uma capacidade instalada significativa quando comparada com demais paises do mundo, porém nos iltimos anos a energia edlica vem apresentando um crescimento significative. No presente capitulo serio apresentadas informagdes referentes ao estado atual e perspectivas da energia célica no Brasil, caracteristicas da nova oferta, capacidade edlica brasileira, atlas edlico brasileiro, situagio da energia eélica no Brasil; complementaridade sazonal edlica— hidrica, fases do Brasil: PROINFA e Leildes. e perspectivas do setor edlico Brasileiro. 2.2 Caracteristicas da nova oferta 2.21 Hidroelétrica A cnergia hidroclétrica vem apresentando escassez de novos projetos devido as dificuldades para licenciamento ambiental. Também as novas usinas a fio d'4gua afetam a volatilidade do SIN (Sistema Nacional Interligado) devido a redugiio da capacidade de regularizagio plurianual do sistema de reservatérios 0 que faz com que variagdes semanais na afluéncia tenham um efeito amplificado fremte ao armazenamento (10] 2.2.2 Termoelétrica No caso da energia termoelétrica o custo varidvel unitério elevado, impacta a seguranca do SIN. Seu despacho ocorre somente para hidrologias criticas, em montantes e antecedéncia que nfo sio suficientes para recompor o deplecionamento dos reservatérios [10] 2.3 Capacidade e6lica brasileira O primciro atlas célico do Brasil realizado cm 2001 cstimou um potencial célico Brasileiro de: 143.000 MW (& 50 metros acima do nivel da superficie) (Figs. 2.1 ¢ 2.2). Posteriormente, medigdes realizadas cm 2008 ¢ 2009 a alturas de 80-100 metros indicam um potencial consideravelmente maior em tomo de 350 GW, As melhores reas para a energia eélica se encontram ao longo da costa especialmente nos estados do nordeste (RN, CE) e também em certas éreas elevadas no interior do pais (BA, RN) (Fig. 2.3). O Brasil possui também um bom potencial na regio sul (RS, SC) [8] 24 — Situagiio da energia edlica no Brasil A figura 2.4a mostra os parques edlicos instalados no Brasil até 2001, Em 2001 0 Brasil tinha uma capacidade instalada de 22,6 MW, a maior parte dos parques se encontrava no Cearé, J4 em outubro de 2008 0 Brasil possufa uma capacidade instalada de 272,45 MAW, o que representa um incremento de mais de 1000% (Fig. 2.4b). Em outubro de 2008 mais da metade da capacidade instalada se encontrava na regio sul. J4 no final de 2008 a capacidade instalada no Brasil atingiu 341 MW (8], 606 MW em 2009 [8] e 931 MIW em 2010 [8]. No dia 23 de maio de 2011, com a entrada em operacio do parque e6lico Elebrés Cidreira 1 (RS, 70 MW), a capacidade de energia instalada no Brasil atingiu 1.000 MW [11]. O Brasil encerrou o ano de 2012 com 2.4 GW de poténcia eélica instalada © 2% de participagsio na matriz, elétrica brasileira, Em 2012 foram instalados 38 novos parques edlicos, totalizando 106 empreendimentos [12] Centro de Tecnologias do Gas & Energias Renovaveis CTGAS-ER 22 Tecnologia de Energia Eélica 2.5 — Complementaridade sazonal Eétlica ~ Hidrica ‘Um fato importante da energia edlica a complementaridade sazonal desta fonte com a hidrica. Na figura 2.5 é possivel observar que os meses de maior producio edlica (maior vento) so os meses nos quais os rios se encontram com a menor vazo, ou seja, nos meses de menor capacidade de produciio de energia hidroclétrica. Tal fato é conhecido como Complementaridade sazonal Eélica ~ Hidrica, Recentemente um estudo realizado pela ABEEélica com base em usinas implantadas entre 2007 © 2010 comprova a caracteristica da complementariedade entre usinas edlicas ¢ fontes hfdricas (UHEs PCHs) [13] BRASIL POTENGIAL EOLICO uueeroreenssuea mes in) = —_o- Figura 2.1 - Atlas eélico do Brasil indicando a poténcia de fluxo anual em W/m? a 50 metros acima do nivel da superficie [14]. Centro de Tecnologias do Gas & Energias Renovaveis CTGAS-ER 23 Tecnologia de Energia Eélica sunnaue cououDA PRGA soos roe ee must os iia ——— (ey vc) “ edad ta aint J espa tobe SQ mmaciena do nivel da ticle ee: - oo) Gee] ie | Nae) Wein) Spethrhensenygrm ome a [ie ee. T Are ero ea neato | tense gio rere atone BB se sone soe) 58 ta) Serrepmmmmcncnamenrs é - - memes 2) aeeas) aseao | as-ao| eects) i ata epee an fd npn mis Tose ets peas | ee ete Sec peat dts Figura 2.2~ Atlas eélico do Brasil indicando a velocidade média anual do vento a 50 metros acima do nfvel da superficie [15]. Centro de Tecnologias do Gas & Energias Renovaveis CTGAS-ER 24 Tecnologia de Energia Eélica NORDESTE POTENCIAL EGLICO 25 AD As 60 65 60 65 7H 75:40 05 89 \VELOCIDADE MEDIA ANUAL DE VENTO ‘Atom DEALTURA fm) 20 tones Ser ain Figura 2,3 - Atlas edlico do Nordeste indicando a velocidade média anual do vento a 50 metros acima do n{vel da superficie [14]. Centro de Tecnologias do Gas & Energias Renovaveis CTGAS-ER 25 Tecnologia de Energia Eélica low. CE 24 MW-CE BE o3NW-ENPE o3MW-Pe aw MG E agora? 1 Emoperagio guar 2001: 22.6 MW Aguarde. Taiba SMW (CE) Prainhe 10MW (CE) Mucuripe 2,4MW (CE) Rio do Fogo 49,6 MW (RN) Macau 1,8mW (RN) @ = Millennieum 40,2mW (PB) Fernando de Noronha 0,25MW (PE) Olinda 0,3MW (PE) Camelinho 4,0MW (MG) Palmas 2,5MW (PR) Bom Jardim 0,8MW (SC) Horizonte 4,8 MW (SC) Agua Doce SC 9,0 MW (SC) Osério 50 MW (RS) ‘Sangradouro 50 MW (RS) indios 50 MW (RS) Figura 2.4 ~ Parques edlicos instalados no Brasil 2) Até 2001 [10], b) Até outubro de 2008 [16]. Centro de Tecnologias do Gas & Energias Renovaveis CTGAS-ER 26 Tecnologia de Energia Eélica Eolicas - NE a 3 3 g 3 mms s somll 3 200 £ Vaziio do Rlo Sao Francisco am ww FEY wa RMA AN UL AGO” SET OUT NOY nee Figura 2.5 — Complementaridade sazonal Eélica — Hfdrica das usinas edlicas ¢ dos reservat6rios do Nordeste [16] 2.6 Fases do Brasil Apés a crise energética de 2001, ficou evidenciada a necessidade de diversificar a matriz energética do Brasil. Em 2002 foi tangado o Programa de Incentivo as Fontes Alternativas de Energia Elétrica - PROINFA. Apés 0 PROINFA foram langados os leilées para energias alternativas. Em 2007 aconteceu o primeiro leilfio especifico para fontes alternativas (PCHs, Biomassa ¢ Eélica), porém devido ao valor baixo oferecido todas as elicas desistiram. Em 2009, e 2010 aconteceram mais trés leilées que envolveram energia eélica, ¢ em 2011 foram mais trés leiles envolvendo eélica e em dezembro de 2012 foi realizado mais um leilZo. 2.6.1 PROINFA © Programa de Incentivo as Fontes Alternativas de Energia Elétrica - PROINFA foi Tancado em 2002 com os seguintes objetivos: Objetivos estratégicos * Diversificacio da matriz energética brasileira, aumentando a seguranga no abastecimento; + Valorizacio das caracterfsticas e potencialidades regionais € locais, com criacao de empregos, capacitaco e formacao de mio-de-obra; + Redugo de emisso de gases de efeito estufa, Objetivo especifico * Implantar 3.300 MW de capacidade instalada, até dezembro de 2008, distribuida pelas fontes edlica, PCH e biomassa. Nas figuras 2.6, 2.7 e 2.8 si mostradas as usinas do PROINFA em operagio, em construco e a instalar até 2009. Centro de Tecnologias do Gas & Energias Renovaveis CTGAS-ER 27 8% YI-SVDID SIOARAOUDY SeI610US ¥ SED op seIboJoure1 ap o.NUED [21] 6007 op o1so8e aie soperersut YANTOUd OP soeforg — 9° BINS LY = Sa || = tawcdecontyan > 2s) =—s s pUeVERLIT 2 taan g as See gee oa S oe a sgaeai| | 3 orca = exh a ,dame, |S coment g aes eewiowmme| | ee a a emia coe s aes ce S ee a & poe “ a ¥ a Botcr penta . aoe z == ——— 3 ans EB ie EL uttagi : =e oT @ ieee B oayettmesteres an Bo oe g Saost = eee Sm 8 eon & ee = ee Ses & a s mel . aoe een onnte ar Sates eooziorsaby sexyanay 2004 = bn ns ae] "I Caliga eIBISUy Op eIBojOUDeL 62 YI-SVDID SIOARAOUDY Se1610U ¥ SED Op seIboJoure1 ap o.NUED [c1] 6007 9p o1soSe sre ogSereisur we YANIONd OP sorforg — 17 ENTLY Caliga eIBISUy Op eIBojOUDeL 0€ — Y3-SVDID SEAAOUDY Se1610U ¥ SED Op seIboJoUre1 ap o.NUED (21) (6007 op wsode) zepersus & YANIONd OP soraforg — g°7 BANE = sreaes san St exaion Sea 350 a opmRER EMERY aan B8R8RRR8 3 8 i g cus san sopra 3 ten ‘Tete an aoc rosaby sexanay ams peze | ver [er |evees| eb [| avior | ezrt | +5 | %cb les tes| 2 seo | z | 0 | ooo | 0 a a aw [po |e mw |p. ‘opdnnsuco 3INO4 WLOE 2 eperoiut oeN Caliga eIBISUy Op eIBojOUDeL Tecnologia de Energia Eélica Para 0 caso especifico dos projetos edlicos contratados no PROINFA observa-se (Figs. 2.6 @ 2.8) que @ maioria dos projetos ultrapassou o prazo estabelecido para entrar em operagio (2008). Devido a esse fato a Lei no 11.943/2009, prorrogou o prazo para entrar em operacdo para 30 de dezembro de 2010, Na figura 2.8 os parques de Alegria no Rio Grande do Norte e Athandra na Paraiba figuram como no instalados, mas o parque de Alegria I entrou em operagio em fevereiro de 2011, eo de Alhandra se encontra em processo de instalacio. Na figura 2.9 € mostrado o resumo dos projetos do PROINEA por regiio, Observa-se que 4 maior parte dos projetos de edlica se encontra na regia nordeste. Tae cedar Feree | Oprah ems cane] ee || mead a] aa] oo) sai sso 0 vs suse vapl sual so aul Som 5 ie Figura 2.9 ~ Resumo dos projetos do PROINFA por regigo [17] Até a data ainda nfo entrou em operacio 37% da capacidade eélica contratada pelo PROINFA (534 MW). O prazo para 0 PROINFA foi prorrogado mais uma vez pelo governo mediante na Medida Proviséria $17/2010 [18] 2.6.2 Leilfio de 2009 0 objetivo dos leilées ¢ de atender o crescimento da demanda de energia elétrica através da comtratacio de novos empreendimentos de geracio. A figura 2.10 mostra os dois tipos de leil6es em funcdo do prazo para entrega da ener; Centro de Tecnologias do Gas & Energias Renovaveis CTGAS-ER 31 Tecnologia de Energia Eélica + A'S: energia para entrega daqui a cinco anos (Hidréulica); + A.3: energia para entrega daqui a trés anos (Renovaveis ¢ térmica). t oth 2 43 te 5 tHe tt7 THR 9 THO Figura 2.10 - Tipos de leilGes em fungdo do prazo para entrega de energia [19] Em 2009 aconteceu o Leilio de Energia de Reserva (LER). Para a habilitagdo técnica era necessério o envio de informagGes por meio do Sistema de Cadastramento da EPE; © empreendedor devia registrar o projeto na Agencia Nacional de Energia Elétrica ANEEL, foi solicitada a entrega do memorial descritivo do projeto, estudos e licenga ambientais, certificacdo de medicdes anemométricas, ficha de dados, parecer preliminar de acesso 4 rede, comprovante do direito do uso do solo ¢ declaragéo da produgio de energia Os projetos registrados no Ieilfo de 2009 totalizaram 11 GW sendo 0 estado do Rio Grande do Norte o que apresentou a maior quantidade de projetos (Fig. 2.11). Foram contratados 1.808 MW distribuidos em 71 parques edlicos (Fig. 2.12). O Rio Grande do Norte foi o estado que obteve 0 maior mimero de parques edlicos e a maior capacidade de gerago, seguido pelo Ceara (Fig. 2.12) Entre os fabricantes de acrogeradores a empresa alema Wobben Windpower foi que apresentou a maior capacidade de energia contratada seguida pela Norte-americana GE © pela indiana Zuzlon (Fig 2.13) BVM Rio Grande do Norte Rio Grande do Sul Ceara Bahia Parand Piaui Espirito Santo Santa Catarina Setaipe Rio de Janeiro Paraiba BA PS : 1.000 2.000 3.000 4.000.000. nw Figura 2.11 ~ Projetos cadastrados no leilio de 2009 por estado (10] Centro de Tecnologias do Gas & Energias Renovaveis CTGAS-ER 32 Tecnologia de Energia Eélica B08 MW Parques > Ro Grande daNorte 23 Wine rams pp Sain Ske > shia Figura 2.12 — Projetos vencedores do Ieilao de 2009 por estado [10] IMPS 12% (214 MW) Indefinidos 41% (204 MV) =. AlstomuEeotéenia westas 8 G0NW) 44 (80 MW Figura 2.13 - Fabricantes de aerogeradores contratados no leila de 2009 [10] 2.6.3 Leiloes de 2010 No ano de 2010 foram realizados dois leildes, o Leilio de Energia de Reserva - LER ¢0 Leilao de Fontes Altemnativas - LFA nos dias 25 © 26 de agosto respectivamente, No primeiro 399 projetos entre e6lica, biomassa ¢ PCHs se cadastraram para participar do Icilfo, totalizando 10,6 GW. Os 399 projetos que sc cadastraram para participar do Ieilo de reserva ficaram automaticamente cadastrados para o LFA; alem desses outros 26 projetos fizeram seu cadastramento (645 MW), totalizando 425 projetos ¢ 11,2 GW. Centro de Tecnologias do Gas & Energias Renovaveis CTGAS-ER 33 Tecnologia de Energia Eélica Na tabela 2.1 € apresentado um resumo dos projetos cadastrados em ambos os leilGes, 6 possivel observar que 82% dos projetos cadastrados foram de energia célica. Tabela 2.1 — Projetos registrados nos Ieildes de 2010 [10] FONTE [OFERTA (MW) resultado definitivo dos dois leildes ¢ apresentado na tabela 2.2. E possfvel observar a maior parte dos projetos ganhadores foi de energia e6lica (~71%). Observa-se também que 9 menor preco foi o MWh de edlica. Tabela 2.2 — Resultado final dos leil6es de 2010 [20] Eolica 70 2.047,8 899 130,86, Biomassa 12 712.9 190.6 144,20 PCH 7 131,5 69,8 141,93 TOTAL 89 2.892,2 1.159,4 133,56 *Poténcia instalada x Fator de Capacidade/100 = Energia Negociada Nas figuras 2.14 ¢ 2.15 so mostrados os resultados do LER ¢ do LFA. No LER a participacao dos projetos eélicos foi maior do que no LFA. Os projetos contratados LER deverdo entrar em operago até primeiro de janeiro de 2013 e os contratados no LEA até primeiro de setembro de 2013. O valor médio de MWh edlico no LER foi RS 135,48 e no LFA foi R$ 125,07 [20]. CONTRATADOS LER — 2010 (MW) GEolica @Biomassa OPCHs 48,1 \ ™643,9 Figura 2.14 — Projetos contratados no LER de 2010 (20) Centro de Tecnologias do Gas & Energias Renovaveis CTGAS-ER 34 Tecnologia de Energia Eélica CONTRATADOS LFA - 2010 (MW) 247 DEolica WBiomassa OPCHs 168,3—~| P 255,1 Figura 2.15 — Projetos contratados no LAF de 2010 [20] Nas tabelas 2.3 e 2.4 sio apresentados os resultados de cada leilio para a fonte e6lica divididos por estado, E possivel observar que em ambos os leildes a regido nordeste ficou mais uma vez com o maior niimero de projetos contratados. Tabela 2.3 ~ Resultado do LER de 2010 dos projetos edlicos [21] ee orn Premera Cer eer ce) ht (Mw) (CTD) Médio (9%) corn ries gree EM ornc ty Peer (C9) (Mwm) 2.6.4 Leilées A-3 e de Reserva de 2011 Nos dias 17 ¢ 18 de agosto do presente ano foram realizados dois Ieiloes 0 A-3 ¢ de Reserva [22]. Foram contemplados empreendimentos hidrelétricos, termelétricos ¢ edlicos. Foram cadastrados os 16.665 MW de geracio a partir das fontes renoviveis (Biomassa, Hidrelétrica e Eélica) dos quais mais de 65% foram de energia eélica [23] Centro de Tecnologias do Gas & Energias Renovaveis CTGAS-ER 35 Tecnologia de Energia Eélica O Leila de Reserva foi exclusivamente voltado para as fontes edlica e biomassa, enquanto o Leilo A-3 seré aberto a todas as outras fontes cadastradas [23] Os dois Ieiles foram realizados pclo Governo Federal no més de agosto nos dias 17 © 18. O objetivo dos certames é contratar energia elétrica para suprir 0 crescimento do mercado do Sistema Intesligado Nacional — SIN no ano de 2014 [23] Na tabela 2.5 so apresentados 0s resultados do Leilio A-3, na qual é possivel observar que a energia que apresentou a maior Poténcia Instalada foi a fonte eélica seguida pelas Térmicas a Gas Natural. Também ¢ possivel observar que o menor prego médio (Tabela 2.5) do MW/h foi da fonte edtica. ‘Vabela 2.5 — Resultado do Icio A-S de 2011 [24] Edlica 44 1.067,7 484,2 99,58 Biomassa 4 197,8 91,7 102,41 Hidrica 1 450 209,38, 402 Gas natur. 2 1.029,4 900,9 103,26 TOTAL 3f 2.744,6 1.6861 102,07 Os resultados do Leiléo de Reserva séo mostrados na Tabela 2.6 novamente a fonte eélica apresemtou a maior Poténcia Instalada, O prego médio da fonte edlica nesse leilio foi menor do que apresentado no dia anterior (Leilio A-3 de 2011). Na tabela 2.7 € apresentado um resumo dos dois Leildes de 2011 na qual é poss{vel verificar que a fonte edlica foi a que apresentou a maior gerantia fisica, Tabela 2.6 — Resultado de reserva de 2011 [25] Eolica 34 8611 4288 99.54 Biomassa 7 357 69,5 700,40 TOTAL at 1.2181 589,38 99,61 Tabela 2.7 - Resultado dos Leilées A-3 e de Reserva de 2011 [25] Elica 78 1.928,8 913 Biomassa 1 554.8 261,2 Hidrica 1 450 209,3 Gas natural 2 1.029,1 900,9 TOTAL 92 3.962,7 2.2844 Centro de Tecnologias do Gas & Energias Renovaveis CTGAS-ER 36 Tecnologia de Energia Eélica 2.6.5 Leiliio A-5 de 2011 © Leilio de Energia A-5/201 1, realizado nesta terea-feira (20) com o objetivo de suprir a demanda projetada das empresas distribuidoras para o ano de 2016, resultou na contrataco de 42 projetos de geraco de eletricidade, com capacidade instalada total de 1.211,5 megawatts (MW) (Tab. 2.8). O preco médio ao final do certame foi de RS 102,18/MWh, alcancando um desigio médio de 8.7%. O Leilo atendeu a 100% da demanda das concessionérias de distribuigao, que contrataram a cnergia negociada [26]. Tabela 2.8 — Resultado do Leilio A-5 de 2011 [26] Eolica 39 478; Biomassa 2 43,1 Hidrica | Sao Roque 90,8 TOTAL 42 612,5 2.6.6 Leilio A-5 de 2012 © Leila de Energia A-3/2012, realizado no dia 14/12/2013 com 0 objetivo de suprir a demanda projetada das empresas distibuidoras para o ano de 2017, resultou na contratagao de 12 projetos de geragao, sendo duas hidrelétricas e dez edlicas, somando capacidade instalada de 5743 megawatts (MW). O preco médio final alcancou RS 91,25/MWh.— um desigio médio de 18,53% em relaco 20 prego inicial (Tab. 2.9). [27] Tabela 2.9 — Resultado do Leilio A-5 de 2012 (27] Hidrica 2 292.4 151,38 93,46 Eélica 10 2819 152,2 87,94 TOTAL 12 5743 303,5 91,25 2.7 Perspectivas A figura 2.16 mostra as perspectives para de crescimento eélico do Brasil até 2014 realizadas no ano de 2010 antes da realizacao dos leiloes do referido ano [10]. Na tabela 2.10 € poss{vel analisar o panorama do mercado e6lico esperado até 2017 apés a realizacdo dos leilGes de 2011. Comparando as estatisticas mostradas na figura 2.16 ena tabela 2.10 [28] possfvel observar que as previsdes realizadas até 2014 para o mercado eélico antes dos leildes (3.229 MW de poténcia instaleda) foram ultrapassadas devido a0 resultado do mesmo (8,046,7 MW). Na tabela 2.11 so apresentadas as expectativas de crescimento de capacidade eélica instalada no Brasil até 2020, segundo 0 Plano decenal de expansio de energia 2020 (PDE 2020) do Ministério de Minas e Energia (MME) [29]. Centro de Tecnologias do Gas & Energias Renovaveis CTGAS-ER 37 Tecnologia de Energia Eélica Segundo expectativa da ABEE6lica em 2013 o Brasil atingiré 4 GW de capacidade instalada ©, com isso, o Pais saltard da atual 16* posi¢o para se posicionar entre os 10 paises com maior capacidade e6lica instalada no mundo. [12] Exploracao anual de energia edlica ° 88° s nano peeraore FRR ga z000 8 a © S8aae— aon g wat 238299 gage wis "" "* 588g FE rroinrs.se/co fp PROINTA-NonDESTE fl] 2" lek- NonDESTE ea (i rronea-son BP tees [El OAL Sisters tnerigeds Neioral Figura 2.16 ~ Perspectivas de crescimento do mercado eélico até 2014 antes dos Ieildes de 2010 [10] Tabela 2.10 — Perspectivas de crescimento do mercado eélico até 2017 considerando os resultados do Ieilio de 2012 [28] oot conto 15H 00 rai a0 aa 3 ee ao 00 00 m0 90 138 90 09 oo 09 as 00 90 0 oo Ww « oa as © a ro ma u Centro de Tecnologias do Gas & Energias Renovaveis CTGAS-ER 38 Tecnologia de Energia Eélica Tabela 2.11 — Perspectivas de crescimento do mercado edlico até 2020 segundo o PDE 2020 [29] wear Tc OT OE ET) a envio 176582495 3205-3205 4205-3205 9205 3.205 3705-9205 3205 eo i sal 2 BO cv 2371 375727908790 = 87908700 87508790 87H ATID GeO OSL aS?) is bie teat HGR TOA iob.s7 11.467 129.192 12.762 1981 ORS 148.041 165.00 16.887 165779 71.130 Notes: Os alos da abla rca a petra intaida vn dvobro de aa ano, consierand a mctovizaco das I (ahi oestivetoa de inpovtacio da URE Taipu nip cereus pelo stan seco Farag () Hie coneveraa auopmadaci, in, pats ne rtinle engin, drpreerly rom abatiertn dram. vol da prtpacio da ahloprcie deena seria no Capo Feo FE 28 O Rio Grande do Norte No que diz respeito ao Estado do Rio Grande do Norte, 0 mesmo teve seu primeiro projeto utilizando aerogeradores de grande porte implantado em 2003 pela Petrobras, a Usina eélica Piloto de Macau de 1,8 MW. No inicio de 2006, entrou em operagio 0 Parque Eélico de Rio do Fogo, com capacidade instalada de 49,3 megawatts, composto por 62 aerogeradores de 800 kW. Este parque foi contratado pelo PROINFA, programa de incentivo do governo federal que contratou mais 2 projetos para o Estado, os Parques edlicos Alegria Ie II que totalizam 151,8 MW de capacidade instalada a partir de 96 acrogeradores de 1.650 kW. O parque Alegria I encontra-se em operago a partir de janeiro de 2011 o Alegria II encontra-se em construcao (Fig. 2.17). Apesar das inicistivas anteriores, foi a partir da realizaciio dos Leil6es espectficos realizados em 2009, 2010 © 2011 que o Estado do Rio Grande do Norte despontou em relagio aos outros estados da federacéo. Dos 8.181,6 MW contratados nos trés leil6es, 2.702,7 MW foram assinados por projetos potiguares a serem instalados até setembro de 2013, 0 que equivale a mais de 33 % do total. Até a data dentre empreendimentos contratados nos Ieildes os parque eélicos do complexo Mangue Seco, composto pelas usinas Potiguar, Cabugi, Juriti e Mangue Seco, é 0 tinico que se encontra em operacio. As usinas so constituidas por 52 aerogeradores de 2 MW cada, que totalizam 104 MW de capacidade instalada, Embora a energia gerada pelas usinas seria disponibilizada para © Sistema Interligado Nacional em 1° de julho de 2012. No entanto, a Petrobras amtecipou o cronograma © todo 0 parque edlico esté em operacéo comercial desde iihima terga-feira (1°), com a entrada em operacdo da tiltima usina, a Juriti, A usina de Potiguar esta em operagiio comercial desde 26 de agosto de 2011 © as usinas de Cabugi Mangue Seco, desde 24 de setembro de 2011 ¢ 6 de outubro de 2011, respectivamente 229]. Centro de Tecnologias do Gas & Energias Renovaveis CTGAS-ER 39 Tecnologia de Energia Eélica Além dos leiles j4 realizados e das perspectivas de realizacio de novos préximos anos, alguns projetos ainda encontram caminhos alternatives para se viabilizarem no Estado, como a venda de 218 MW pela Bioenergy para CEMIG, através do Mercado Livre de Energia Elktrica. Os projetos jé contratados no estado totalizam uma capacidade de instalacio superior a 2,5 GW, o que se traduz em investimentos da ordem de 10 bilhées de reais, mais de mil © quinhentos aerogeradores, varios empreendedores © fabricantes envolvidos © uma demanda fortissima por equipamentos ¢ servigos para a implantagio deste novo parque industrial que esta se consolidando no Rio Grande do Norte (Fig. 2.17). ono 2.600 2.000 1.600 4.000 600 Potencia Contratada [MW] of PROINFA Lelio 2009 Lellées 2010 Lelldes 2011 —_Lell30 2012 Figura 2.17 — Perspectivas de crescimento do mercado edlico até 2017 [27] Centro de Tecnologias do Gas & Energias Renovaveis CTGAS-ER 40 Tecnologia de Energia Eélica 3 METEOROLOGIA EOLICA: POTENCIAL EOLICO. 3.1 Introduc Conforme apresentado no capitulo 1, a aplicacio que cada dia vem se tornando mais importante € 0 aproveitamento da energia eélica como forma aliemativa de energia para producio de eletricidade através de aerogeradores [1]. Para o investidor uma maior produgo significa maior lucto, assim € necessdrio instalar 0 parque cm Tocais com potencial edlico significativo, mas na figura 4.1 podemos observar 0 comportamento do vento durante um determinado més (velocidade média em fungtio do tempo). Nessa figura é possfvel identificar que 0 a velocidade média do vento muda em fungi do dia e do hordrio do dia. Se observarmos 0 comportamento do vento em funcéio dos meses, anos ¢ décadas veremos que a velocidade media também muda. Knttio podemos concluir que o vento apresenta um comportamento dificil de predizer. © conhecimento da meteorologia aplicada a energia eélica é importante devido a que, tal conhecimento, nos permitira entender quais so os fendmenos fisicos envolvidos na formagiio do vento. 350 i? } 12,0 209 80 60 ‘Velocidade média (en 20 00 I 223 4 S67 8 & 101142 49 34 15 16 17 16 19 2021 22 23 24 25.26 27 26 293031 ia do mb Figura 3.1 ~ Variago da velocidade média do vento (horéria e disria) durante um determinado més [10] 3.2 — Oqueéo vento ede onde ele vem Vento significa atmosfera em movimento; os gases na atmosfera se aquecem com a radiacio solar ¢ se deslocam devido & transformacao da cnergia térmica em energia cinética, Embora 0 ar possa mover-se na dirego vertical; a denominagiio vento é aplicada apenas ao movimento horizontal, paralelo a superficie do planeta. A componente vertical é tratada como turbuléncia [1], As regiGes préximas ao Equador esto sujeitas a maior irradiago solar e as préximas aos pélos estio sujeitas a pouca irradiacfo (Fig. 3.2). Para que os trépicos néo se tornern cada vez mais quentes ¢ os pélos cada vez mais frios, deve haver uma transferéncia continua de energia (Fig. 3.2) [1] Centro de Tecnologias do Gas & Energias Renovaveis CTGAS-ER 41 Tecnologia de Energia Eélica Circulagao de grande escala Figura 3.2 ~ Visdo simplificada da circulagdo em grande escala das régios frias para as quemtes e vice-versa (31] Dessa forma surgem os movimentos para promover uma redistribuigdo de calor, ou seja transporte de ar quente para os polos € de ar frio para o Equador (Fig. 3.3). Cada tipo de superficie (terra ou oceano) ¢ de cobertura vegetal (floresta ou deserto) reage de forma diferente & absorgio da radiagdo, Esse transporte de massa e calor sofre influencia da rotacdo da terra através da forca de Coriolis (Fig. 3.4) [1] Modelo Ideal (sem rotagao) Figura 3.3 ~ Movimentos para promover a redistribuigdo de calor entre os pélos ¢ 0 Equador (31] Centro de Tecnologias do Gas & Energias Renovaveis CTGAS-ER 42 Tecnologia de Energia Eélica Para um observador Para um observador sobre externo oalvo Figura 3.4 — Efeito Coriolis a) Para um observador externo b) Para um observador sobre oalvo [31] Observando a figura 3.4 podemos observar o efeito da rotaciio da terra no movimento de uma particula de ar para um observador externo (Fig 3.42) que observa a partfcula de ar se desloca em linha reta, porém € posstvel que o alvo (retangulo vermetho se destoca). No caso do observador sobre 0 alvo a particula de vento descreve uma trajetéria curva devido a influencia do movimento de rotago da terra, 3.3 Forcas fundamentais que atuam na atmosfera As forgas fundamentais envolvidas na formaco do vento que atuam na atmosfera sto: * Gravitacional: Forga de atrago exercida pela terra sobre um corpo de massa m sobre a superficie. Orientada para o centro da Terra * Centrifuga: Surge exclusivamente devido a rotaglo da Terra para equilibrar o sistema. * Coriolis: Ocorre quando um corpo se movimenta em relagdo a um referencial néo inercial (Terra em rotacéo), * Gradiente de pressio: Existe devida a diferencia de pressio, Orientada das altas pressées para as baixas press6es. * Fricgdio: Devido a “rugosidade” da Terra, Atua no sentido de frear os movimentos atmosféricos préximos a superficie da terra. (1] 3.4 Tipos de vento As forgas apresentadas anteriormente atuam na formagio de diferentes tipos de ventos, entre os principais temos: Centro de Tecnologias do Gas & Energias Renovaveis CTGAS-ER 43 Tecnologia de Energia Eélica 3.4.1 Vento Geostréfico © vento geostréfico © um vento nao acelerado, que sopra ao longo de trajetérias retilineas, que resulta de um equilfbrio entre a forca de gradiente de pressiio (horizontal) © a forca de Coriolis. Este equilibrio s6 é aproximadamente possfvel em altitudes nas quais o efeito do atrito seja omissfvel (isto é, acima de poucos quilémetros) (Fig. 3.5) (311. ALTA PRESSAO Forga de Coriolis 516 mb stam 08 mb Veo s04mb 500 mb BAIA PRESSAO —Forea do Gradient de Pressdo. Figura 3,5 ~ Formago do vemto Geostréfico [32] 3.4.2 Vento gradiente O Vento gradiente € 9 vento geostréfico modificado pelo gradiente de presséo entre uma zona de alta ¢ baixa presso, cle descreve uma trajetéria curva conforme observado na figura 3.6, yento Gradiente = Valocidade do vento F. = Forga de Coriolis F, = Forga de gradiente de pressao| F. «= Forga centrituga Figura 3,6 - Formagio do vento gradiente [32] Centro de Tecnologias do Gas & Energias Renovaveis CTGAS-ER 44 Tecnologia de Energia Eélica 3.4.3. Modelo conceitual de circulagio global atmosférica Os movimentos atmosféricos e os sistemas meteoroldgicos aos quais esto relacionados possuem diferentes paddies de circulacao. com diferentes dimensdes espaciais ¢ tempos de vida, de maneira que o seu estudo, na Meteorologia, € realizado através da subdivisio em escalas. Os movimentos atmosféricos sto enquadrados nas seguintes escalas de tempo ¢ espaco: Microescala: dimensGes de menos de 1 km e tempos de vida de segundos a minutos; Mesoescala: dimensdes de 1a 100 km e tempos de vida de minutos a dias; Escala sintica: dimensGes de 100-5000 km e tempos de vida de dias a semana; Escala planetiria: dimensdes de 1000-40000 km e duraco de semanas a anos [1] Os movimentas de eseala planetirin so primariamente cmusadas pelo aquecimento difercncial da superficie terrestre, em que a irradiagfo solar incide com maior intensidade nas regides préximas a0 Equador. Os movimentos que surgem a partir de enti agem para promover uma redistribuigdo de calor (transporte de ar quente para os pélos e ar frig para o Equador, diminuindo as desigualdades térmicas). Além disso, deve-se ter em mente, que devido ao movimento de rotago da Tetra, a circulaggo atmosférica planetéria é influenciada pela conservagao do momento do sistema Terra- Atmosfera. A figura 3.7 apresenta um modelo conceitual de circulagio atmosférica planetéria chamado de modelo de trés células. Neste modelo, a circulagéo em cada hemisfério € descrita por trés células meridionais de circulacio, cada qual apresentando diregdes de vento predominantes 4 superficie, Apesar de algumas limitagtes, este modelo é considerado o melhor modelo simples da circulacao global atmosférica [1] Alta Polar Figura 3.7 ~ Modelo conceitual de circulacao global atmosférica [1] Centro de Tecnologias do Gas & Energias Renovaveis CTGAS-ER 45 Tecnologia de Energia Eélica Ao aquecer-se préximo 4 superficie, © ar das vizinhangas do Equador torna-se mais, eve, ascende, resfria-se, ¢ sua umidade condensa © precipita em forma de chuva, Chegando ao topo da troposfera terrestre, 0 ar, agora frio e seco, desloca-se na dirego de ambos os pélos forgado pelas parcelas de ar que continuamente ascendem a partir da superficie. Nas latitudes entre 20° e 35° Norte e Sul, 0 ar descende até a superficie e arte do ar descendente dirige-se para o Equador em baixos nfveis, fechando, assim, céhulas de circulacdo chamadas céhulas de Hadley. Nas células de Hadley, as correntes de ar dirigidas para o Equador na superficie, sio defletidas pela forca de Coriolis. Assim, os ventos resultantes possuemn uma componente de leste para oeste e uma componente dos trépicos para o Equador, Esses ventos predominantes em baixos nfveis, na regigo tropical, so chamados de alisios. Nas regides extra-tropicais, entre 30 ¢ 60° de latitude, circulag%o atmosférica resulta em outra célula meridional de circulagdo em cada hemistério: a célula de Herre. Nesta célula, parte do ar deseendente entre 20° ¢ 35° de Iatitude escoa em diregdo aos polos nas proximidades da superficie, até ser forgado a subir ao encontrar 0 ar mais frio e denso da regitio polar. Essa ascensfio ocorre em torno de 60° de latitude, acompanhada de condensagio de umidade, precipitag3o. © divergéncia do ar em ahos niveis, Os ventos préximos & superficie so predominantemente de oeste para leste em conseqiiéncia da ago da forga de Coriolis. Existem ainda as células polares, em que parcelas do ar, apés ascender nas Tatitudes proximas a 60°, deslocam-se para os polos, descendem exatamente sobre eles retornam em direcio ao Equador, sendo que o vento em superficie, defletido pela forga € aproximadamente de Teste para oeste. Este vento polar, frio © seco, eventualmente encontra os ventos de oeste mais quentes das latitudes médias, io chamada frente polar, onde em geral ocorrem tempestades [31]. A ascensio de ar junto ao Equador ocasiona alta precipitacgdo na regifo que se caracteriza pela presenca das florestas tropicais do planeta. Essa zona de convergéncia de ar timido em superficie © formagio de nuvens convectivas ¢ chamada de Zona de Convergéncia Intertropical (ZCIT), e constitui-se uma regio de baixas pressées (Baixa Equatorial), A descendéncia de ar seco nos cinturdes de 30° de latitude de ambos os hemisférios constitui as regides de altas pressdes (Altas Subtropicais), ¢ coincidem com a ocorréncia de desertos. A convergéncia de ar em baixos n{veis na frente polar constitui as Baixas Subpolares, onde ocorem movimentos de ascenstio de ar ¢ formacao de nuyens ¢ precipitagdo, Finalmente, 0 ar frio ¢ seco descendente sobre os pélos resulta nas Altas Polares [31] Vale enfatizar que os movimentos ¢ células descritos constituem apenas um modelo simplificado da circulacio global atmosférica ¢ corespondem as condigées médias aproximadamente observadas a0 longo do ano e em toro do globo terrestre, indicando 8 ventos de grande escala predominantes, Na realidade, as circulagées atmosféricas regiGes de altas e baixas pressGes se modificam ao longo do ano (com a modificag#o da incidéncia de radiagao solar) e também ngo séo zonalmente uniformes como na Fig. 3.7. Essas diferengas ao longo da diregGo zonal se devem em grande parte & distribuicao de continentes € oceanos, ¢ as suas diferentes propriedades térmicas. A ZCIT se desloca para latitudes a sul do Equador durante o vero do Hemisfério Sul, e para Tatitudes a norte do Equador durante 0 inverno no Hemisfério Sul, deslocando também os ventos alfsios que passam sobre a regio Nordeste do Brasil [31] Centro de Tecnologias do Gas & Energias Renovaveis CTGAS-ER 46 Tecnologia de Energia Eélica 3.4.4 Partes de um aerogerador Embora este capitulo trate da meteorologia serao mostradas as principais partes de um aerogerador j4 que estd informacao seré necesséria para os itens seguintes. Na figura 3.8 séo mostradas as principais partes de um aerogerador e siio: a) Fundacio a qual suporta © peso do aerogerador para evitar que a mesma afunde no solo e atua como contrapeso b) Tore, c) Nacele a qual comporta o gerador € a caixa multiplicadora e d) Rotor compost pelas pis. Esses componentes serio apresentados com maior detathe no capttulo 5. Underground Electrical @) Connections (Front View) Figura 3.8 ~ Principais partes ¢ nomenclatura de um aerogerador 1) Area bartida peles pas 2) Diametro do rotor 3) Conexées elétricas subterréneas 4) Pé do rotor 5) Altura do cubo 6) Fundagiio 7) Torre 8) Nacele (33] 3.4.5 Vento na superficie e camada limite © vento na superficie € 0 vento afetado pelas condig6es da superficie da terra, sejam rugosidade, temperatura, umidade, orografia, entre outros, Na figura 3.9 podemos observar como o vento é afetado pela superficie, O vento que provém do mar é Centro de Tecnologias do Gas & Energias Renovaveis CTGAS-ER 47 Tecnologia de Energia Eélica geralmente um vento com fluxo faminar devido & baixa rugosidade da gua, podemos obscrvar que o perfil do vento é s6 afetado na parte inferior devide & fricgo coma égua. Quando 0 vento atinge o litoral podemos observar que o perfil vertical do mesmo muda devido & mudanca da rugosidade da superficie. Ento vemos o surgimento de uma camada limite. A camada limite é uma linha imaginaria que divide dois tipos de vento, nesse caso vento laminar acima dessa linha e vento turbulento abaixo da mesma. Quando o vento atinge uma regio de floresta o perfil vertical do vento muda novamente devido 2 mudanca da rugosidade e observamos a formagio de outra camada limite. Quando 0 vento passa da regio de floresta para uma planicie sem vegetaco muda novamente o perfil do mesmo e se forma outra camada limite Perfil do vento Camada bites _ Mar Litoral Floresta Planicie sem vegetagao Turbulento Figura 3.9 — Vento na superficie e formago da camada limite [34] Camada limite Figura 3.10 ~ Determinag&o da altura do aerogerador em fungio da camada limite [34] Centro de Tecnologias do Gas & Energias Renovaveis CTGAS-ER 48 Tecnologia de Energia Eélica © conhecimento da camada limite é muito importante para a energia eélica jé que ¢ importante instalar um acrogerador da tal maneira que a drea varrida pelo rotor fique na regifio do vento laminar evitando assim turbuléncias (Figs. 3.9 e 3.10). As turbuléncias além de diminuir a poténcia do vento geram esforgos excessivos nos componentes de um aerogerador jé a velocidade e a direcfo do vento mudam constantemente. 35 ‘Comprimento de rugosidade De maneira sucinta o comprimento de Rugosidade (zo) pode ser definido como a altura da superficie onde a velocidade do vento € mula (Fig. 3.11). A velocidade do vento é influenciada pela rugosidade do terreno e existe uma determinada altura a partir da superficie do solo para cada tipo de terreno até a qual @ velocidade do vento é mula, Entre maior for 3 rugosidade do terreno maior seré 0 comprimento de rugosidade. a Figura 3.11 ~ Determinagao da altura do aerogerador em funco da camada limite [1] © conhecimento do valor comprimento de rugosidade de um determinado terreno permite estimar a velocidade a uma determinada altura conhecendo uma velocidade medida @ uma altura diferente, Para esse calculo é necessério utilizar a equacao 3.1 [1]. GA) ‘Velocidade do vento a determinar (m/s) = velocidade do vento medida (m/s) Altura da velocidade a determinar (m) = Altura de medigo do vento (m) Comprimento de rugosidade (m) zo Centro de Tecnologias do Gas & Energias Renovaveis CTGAS-ER 49 Tecnologia de Energia Eélica Na tabela 3.1 so mostrados valores do comprimento de rugosidede (zo) para diferentes tipos de terreno, na mesma é possivel observar que entre maior for a rugosidade do terreno © valor de zp é maior. Na figura 3.12 so mostrados perfis do vento para trés valores diferentes de zo, na mesma é possivel observar que © perfil vertical do vento sofre maior perturbagiio com valores maiores de zo Tabela 3.1 — Valores do comprimento de rugosidade (29) em funciio da classe de terreno Bu] roughness tangth fy Ot m iawn, wien ‘8.1m: bushlane ‘1m towne, fest | | 085 070 075 O80 085 090 095 1.00 105 1.10 1.45 rwiatvo winaspeed vi Figura 3.12 - Perfis verticais de vento para diferentes comprimentos de rugosidade (31] Centro de Tecnologias do Gas & Energias Renovaveis CTGAS-ER SO Tecnologia de Energia Eélica Exemplo 3.1 Estime a velocidade do vento a 108m para uma regio de area cultivada partindo de médias de velocidade do vento de uma torre de 10m = 4,9 m/s. Solugio: Temos que: v= Velocidade do vento a determinar (m/s) Vg = 4.9 is z= 108m Zep = 10m 20 = 0,1m (Tabela 3.1) Aplicando a equacao 3.1 temos .43 mis Resposta: A velocidade par 108 m de altura acima da superficie seré 7.43 mis. 3.6 Lei da Potencii Outra forma de estimar a velocidade do vento conhecendo a uma determinada velocidade a certa altura ¢ as condicées do terreno (rugosidade) ¢ a traves de Lei da Poténcia dada por [35]: 3.2) Onde: v= Velocidade do vento a determinar (mm/s) Vee velocidade do vento medida (1W/s) Altura da velocidade a determinar (m) Zep Altura de medi¢ao do vento (m) @ = Constante em fungéo da estabilidade atmosférica ¢ rugosidade (adimensional) © valor de orpode ser determinado aplicando o logaritmo natural na equago 3.2: Centro de Tecnologias do Gas & Energias Renovaveis CTGAS-ER Si Tecnologia de Energia Eélica elon] Invi var) take.) G3) Contudo, 0 valor de @ pode encontrado tabelado em fungio da rugosidade do terreno (Tab, 3.2) ou Tabela 3.2— Valor de oem funcio do ambiente [35] Classe ‘Ambiente @ 0 ‘Aguas abertas, lagos oceanos, Oi 1 Planicies de vegetagiio, desertos, terreno plano. 0.15 2 ‘Area cultivada, fazendas. 02 3 Vilas florestas baixas. 0.3 3.7 Poténeia edlica disponivel © valor da poténcia edlica disponivel no vento em W pode ser calculada pela equacao 34. BA) ‘oténcia dispontvel no vento (W) p= Densidade do vento (kg/m*) .rea do rotor (m?) v= Velocidade do vento (m/s) © valor da poténcia do vento por metro quadrado pode ser calculada mei equaciio 3.5. P G5) Se considerarmos que a densidade média do vento 1,25 (kW/m?) temos: P=0,625v" 3.6) Analisando a equagiio 3.6 podemos observar que a poténcia do vento € proporcional a0 cubo da velocidade do vento. Centro de Tecnologias do Gas & Energias Renovaveis CTGAS-ER 52 Tecnologia de Energia Eélica 38 Poténcia edlica utilizivel Para um aerogerador ser 100% eficiente precisaria provocar uma paragem total na massa de ar em deslocacao que ocupa a rea Ay mostrada na figura 3.13, mas nesse caso em vez de pas seria necessirio uma massa sdlida cobrindo 100% da area de passagem € © rotor nfo rodaria e nao converteria a energia cinética em mecénica [36] Foi um fisico alemao que em 1919 concluiu que nenhuma turbina edlica pode converter mais do que 16/27 (59.3%) da energia cinética do vento em energia mecnica no rotor. Até aos dias de hoje isto é conhecido pelo limite de Betz ou a fei de Betz. Este limite nada tem a ver com ineficiéncias no gerador, mas sim na prépria natureza das turbinas edlicas [36]. Na figura 3.14 € mostrada a poténcia disponivel no vento por metro quadrado e da poténcia utilizével por metro quadrado (considerando 0 Limite de Betz) utilizando a equagio 3.6. A, A 2 % A Vy —_—_> £. — Upstream ea Downstream Figura 3.13 ~ Mudanga da velocidade do vento apés a passagem pelo aerogerador [35] =a Poiencia disponivel no vento + Potencia Utlizgvel do vento Potencia do Vento (Wim 3) 0 2 4 6 8 10 12 4 16 18 2% 2 24 Velovidade (m/s) Figura 3,14 — Poténcia dispontvel no vento e poténcia utilizével do vento em funcio da velocidade do vento [34] Centro de Tecnologias do Gas & Energias Renovaveis CTGAS-ER 53 Tecnologia de Energia Eélica 3.9 — Distribuigio de freqiiéncia A forma mais utilizada para apresentar 9 comportamento de velocidade do vento durante um ano é distribuigtio de freqiiéncia (Fig. 3.15). Nesse gréfico so mostradas as horas de vento por ano em fungGo de cada velocidade de vento. Entio se analisando 0 grafico da figura 3.15 podemos observar que durante esse ano foram registradas aproximadamente 320 horas com uma velocidade média de 1 m/s e 570 horas com uma velocidade média de 2 nv/s. E importante ressaltar que para o calculo desse grafico sto consideradas 8760 horas para um ano, Distribuigdo de Freqiiéncias de velocidades de vento 1200 1000 Horas/ano 12.3.4 5 6 7 8 9 1011 1213 14.15 16 17 18 19 20 1 22 23 24 25 26 \Velocidade do vento {mis} Figura 3.15 — Distribuigao de freqiiéncia das velocidades de vento médias durante um ano [34] 3.10 Distribuigio de Weibull A Distribuigdo Estatistica de Weibull caracteriza-se por dois parimetros: um de escala (C, em mis) € outro de forma (k, adimensional). A freqiiéncia de ocorréncia de uma velocidade 1 é representada matematicamente por [36]: eu te) an Na figura 3.16 € apresentada a distribuigdo de Weibull para diferentes fatores de forma. No caso do fator de forma ser igual a 2, deriva-se a Distribuicéo de Rayleigh, caracterizada apenas pelo fator de escala (C, em mls), que representa, neste caso, a velocidade média do vento [37]: fu) 2(u te) 4.8) Centro de Tecnologias do Gas & Energias Renovaveis CTGAS-ER 54 Tecnologia de Energia Eélica 0.20 0.46 ‘ Zou Datouo ce Weiblpaa clones 5 parimatos dea hepato do 2 toca do 8s 8 é ( w= Sos so) ° 5 10 15 20 25 \VELOCIDADE 00 VENTO [ms] Figura 3.16 ~ Distribuig6es de Weibull Rayleigh [37] Por ser mais geral, a Distribuigao de Weibull apresenta melhor aderéncia as estatisticas de velocidade do vento, uma vez que o fator de forma pode assumir valores bastante superiores a 2 [37]. 3.11 Curva de poténcia de um aerogerador Na figura 3.17 6 mostrada a curva de poténcia para um aerogerador. Observando a curva de poténcia do aerogerador podemos observar trés pardmetros importantes de um acrogerador: a) Velocidade de partida: é a velocidade em que o aerogerador comeca a gerar poténcia (2 mvs no caso da figura 3.17) b) Velocidade da poténcia nominal: é a velocidade na qual o aerogerador atinge a poténcia nominal (13 nvs no caso da figura 3.17) ©) Velocidade de parada: 4a velocidade que 0 aerogerador deixa de gerar para evitar danos estruturais resultantes das velocidades elevadas de vento (25 m/s no caso da figura 3.17) Centro de Tecnologias do Gas & Energias Renovaveis CTGAS-ER 55 Tecnologia de Energia Eélica Potnda P Ke) Velocidade do vento na altura do cubo (m/s) Potencia P Figura 3.17 - Curva de poténcia de um aerogerador E82 da Wobben com poténcia nominal de 2 MW [38] A curva de poténcia mostra que poténcia gera o aerogerador a diferentes velocidades. Esta curva esta disponivel geralmente como tabela (tabele 3,3) e ou gréfico (Fig. 3.17). 342 Célculo da poténcia anual gerada Para poder calcular a produgo de um determinado aerogerador turbina em um Tugar especifico € necessério conhecer duas coisas: a curva de poténcia do aerogerador como se comporta o vento nesse local A informagao acerca do vento deve ser bastante detalhada, Nao é suficiente conhecer a velocidade média anual, também € necessério conhecer a distribuigio de freqiiéncias: guantas horas por ano a velocidade do vento seré 1, 2, 3, 4, entre outras, metros por segundo. Ademais, da velocidade do vento € necessdrio conhecer a altura de cubo. Se esta informagao esté dispontvel, é bastante simples realizar o célculo. Multiplica-se a poténcia para cada velocidade do vento vezes a quantidade de horas que este vento ocorre. As distribuigdes da freqligncia de vento podem estar disponiveis tanto em horas por ano como em porcentagem de tempo. No segundo caso, simplesmente se multiplica a percentagem vezes o miimero de horas em um ano: 8.760. A tabela 3.4 mostra o eélculo da poténcia gerada por um aerogerador utilizando os dados de distribuicdo de freqiiéncias mostrada na figura 3.15 ¢ os valores da curva da poténcia de um aerogerador da tabela 3.3. Centro de Tecnologias do Gas & Energias Renovaveis CTGAS-ER 56 Tecnologia de Energia Eélica Na tabela 3.4 observa-se que 0 aerogerador em essas condigées de vento geraré 6,3 GWh/ano. Na figura 3.18 sio mostradas as curvas da poténcia dispontvel no vento, poténcia utilizvel do vento e a poténcia gerada por um determinado aerogerador em Fungo da velocidade do vento, Tabela 3.3 — Valores da curva da poténcia de um aerogerador [38] Velocidade do Potdncia (kW) Coeficiente de ‘vento (mvs) poten Centro de Tecnologias do Gas & Energias Renovaveis CTGAS-ER 57 Tecnologia de Energia Eélica Tabela 3.4— Célculo da poténcia anual gerada por um aerogerador [Velocidade) Potencia|Horas/ano| Poteacia dovento | (ew) amtal (as) ((kWhiano) 3209 0 3700[ 1710] 7a09| 18500 8709| 71340 900.0 156500) 930,0| 298530] 8700) 462840 800.0] 652000] 680.0] 802400 $80,.0| 916400 430,0| 778300] 3300] 653400 230,0/ 471800) 190,0| 389500] 90,0| 184500) 80.0/ _ 164000 50.0 102500) 40.0| 82000) 30,0[ 61500) 20,0/ 41000) 70] 14350) 30] 6150 09) 0 0.0) 0 00) 0) Total '8760,0| 6329020 +0000 —#—Polencia disponvelno vento 000 =e Potencia uilizavel 82 000 7000 6000 5000 4000 3000 2000 Potencia do Vento (Wim) 1000 0 2 4 6 8 0 2 4 6 18 mm wm Velocidade do vento (m/s) Figura 3.18 - Poténcia disponivel no vento, poténcia utilizavel do vento e a poténcia gerada por um determinado acrogerador em funco da velocidade do vento [34] Centro de Tecnologias do Gas & Energias Renovaveis CTGAS-ER 58 Tecnologia de Energia Eélica 3.13 Modelagem atmosférica Existem dois tipos principais de modelos para tentar prever 0 comportamento atmosférico os modelos globais e os modelos de messoescala. 3.13.1 Modelo global Nos modelos globais as equag6es de escoamento so modeladas utilizando um sistema global de coordenadas esféricas. Este modelo requer um trabalho computacional muito grande. © Modelo do CPTEC utiliza 2,24 mifhdes de elementos. Embora seja muito pesado este modelo permite modelar 6 comportamento em escala global (Fig. 3.19) 3.13.2 Modelo de mesoescala ou regional Os modelos de mescescala ou regional sio modelo de 4rea limitada, Representam processos meteorolégicos de escala regional ou local (2 a 2000 km). Siig modelos que requerem um esforgo computacional bem menor aos de escala global. Porém, precisam ser alimentados de dados de outros modelos, (Fig. 3.20) Figura 3.19 ~ Modelo de escala global [31] Centro de Tecnologias do Gas & Energias Renovaveis CTGAS-ER 59 Tecnologia de Energia Eélica Figura 3.20 - Modelo de mesoescala ou regional [31] 3.14 Bases de dados Existem trés tipos prineipais de bases de dados de vento. 3.14.1 Medidas locais Sao importantes para prever com preciso velocidade média do vento. Precisam de uma instrumentago para a aquisigio de dados deve ser robusta (dados confidveis por perfodos suficientemente longos). O posicionamento do anemémetro € fundamental ¢ recomenda-se que ele seja posicionado no mesmo local e altura do rotor da turbina a ser instalada [31]. 3.14.2 Redes de coleta de dados Quando nao existem de dados locais o potencial eético pode ser estimado a partir de dados coletados em regiGes préximas com caracteristicas climéticas © ambientais similares. Essas redes esto compostas por institutos de pesquisa, instituigdes de ensino, € outras organizagées que oferecem servigos piiblicos (acroportos, por exemplo). Esses dados podem ser utilizados nao s6 para uso direto no levaniamento de recursos e6licos disponiveis para um local ou regio como também para a validagio de estimativas fornecidas por modelos numéricos de previstio de vento [31] 3.14.3 Reanilises Disponibilizam dados climéticos em escala global gerados em projetos de re-andlise de dados meteorol6gicos. Contemplam um conjunto homogéneo de dados de vento para intervalo de uma década ou mais. Essas reandlises so preparadas com o uso de modelos Centro de Tecnologias do Gas & Energias Renovaveis CTGAS-ER 60 Tecnologia de Energia Eélica numéricos de previsio do tempo alimentados com dados coletados em estagdes sindticas, béias ocednicas, radiosondas, satélites, embarcagées, entre outros [31] Permitem uma visio geral da climatologia global dos vemos © podem ser utilizados como estimativas para regides onde a quantidade de dados coletados em superficie € muito pequena [31] Nio apresentam falhas, isto é, os dados de vento estio dispontveis em todo o perfodo de tempo englobado pelo projeto. Sua principal desvantagem é a baixa resolugo espacial uma yez que a malha da grade apresenta dimensGes grandes para reduzir a demanda computacional dos modelos que rodam em escala global [31] Centro de Tecnologias do Gas & Energias Renovaveis CTGAS-ER 61 Tecnologia de Energia Eélica 4 AERODINAMICA APLICADA AS TURBINAS EOLICAS 4.1 Introdugio Conforme foi mostrado no capitulo 3 o valor da poténcia eélica disponivel no vento em W pode ser calculada pela equacio 3. BAH oténcia disponivel no vento (W) p= Densidade do vento kg/m") A = Area do rotor (m?) v= Velocidade do vento (m/s) Porém, s6 € possivel utilizar 59,3% da energia dispontvel do vento conforme demonstrado por Betz (Capitulo 3). Também foi possfvel observar que um aerogerador nao consegue converter toda a poténcia disponfvel no vento (Fig. 4.1). 60 —=—Poténcia disponivel no vento —e Poténcia utilizavel 50 = Fe é 8 Potencia do Vento (MW) 8 3 193 5 7 9 1 18 15 17 19 21 23 25 Velacidade do vento (m/s) Figura 4.1 —Poténcia disponfvel no vento, poténcia utilizével do vento ea poténcia gerada por um determinado aerogerador em funco da velocidade do vento [34] Centro de Tecnologias do Gas & Energias Renovaveis CTGAS-ER 62 Tecnologia de Energia Eélica 42 — Coeficiente de poténcia © valor do coeficiente de poténcia (Ce) de um acrogerador é 0 valor que permite relacionar a poténcia disponivel do vento e a poténcia extraida pelo aerogerador. Entio temos que a equacio 3.5 fica da seguinte mancira: perAaCy 41) Onde: Cp = Coeficiente de potéacia (adimensional) Da equagio 4.1 podemos o termo pv? depende das condigées do site (local a onde sera instalado © acrogerador) ACp é depende do projeto do aerogerador. O projeto acrodinamico do rotor é importante e & um dos principais fatores determinantes do valor do Cp. O valor de Cp é geralmente indicado no mesmo grifico da curva de potencia do acrogerador ou na tabels de dos valores da curva de poténcia (Fig. 3.15 © Tab. 3.2) 4.3 Razio de velocidades na pa Se o rotor rodar devagar, é pequena a perturbacdo induzida no escoamento pelo movimento do rotor; ao contrario, se 0 rotor rodar muito depressa, 0 vento encara-o como uma parede. Daqui resulta que a velocidade de rotagao deveré ser compatibilizada com a velocidade do vento, para se obter a maxima eficiéncia da conversio, isto 6, um coeficiente de poténcia Cp maximo [39]. A relagio entre a velocidade linear (em mvs) da extremidade da pd da turbina de raio R (em m), rodando & velocidade @y (em rad/s), ¢ a velocidade do vento u (m/s) é caracterizada por um fator adimensional, conhecido por razéo de velocidades na p4 ou velocidade especffica na ponta da pé (A). Em inglés é conhecido como Tip-speed ratio [39]. ano ce) 4.4 — Forca de sustentagio Os aerogeradores que usam aerofélios como pés so chamados de aerogeradores de sustentagio, Na figura 4.2 é apresentado um corte transversal de um aerofélio, na sio mostrados os temos utilizados para caracterizar um aerofélio. Na figura 4.3 6 representado o fluxo de ar na seco da pé de um aerogerador de sustentagdo. O vento (v) incide sobre a pé com um angulo de ataque (a) em relacdo a0 eixo da p4, O fluxo de ar é forcado a mudar de direco na pé variando sua velocidade dando lugar a forga de empuxo F, [40]. Na figura 4.3 sio mostrados também 0 Angulo de passo ({) ¢ 0 Angulo de escoamento (6) [40]. Centro de Tecnologias do Gas & Energias Renovaveis CTGAS-ER 63 Tecnologia de Energia Eélica A forga de empuxo pode ser descomposta em duas componentes, a forga de sustentagio F, responsdvel pela sustentacio aerodinémica da pa ca forga de arraste F, provocada pela pressiio do vento sobre a superficie da pé [40] ee Linha meia do aerofélio da de A (divide a parte superior da inferior) ae ataque Borda de safda Vento incidemte Borda de ataque — Linha de Angulo da corda borda de satda Figura 4.2 ~ Nomenclatura de um acrofétio [41] A forca de sustentagao é calculada pela equagio: pvr AC, (4.2) Onde: Cs = Coeficiente de sustentago (adimensional) Figura 4.3 - Fluxo na segdo de uma pé de um rotor de um aerogerador de sustentacéo [40] Centro de Tecnologias do Gas & Energias Renovaveis CTGAS-ER 64 Tecnologia de Energia Eélica valor do Cs depende das dimensdes e caracteristicas aerodinamicas da seco da pa. mesmo poders mudar ao longo do comprimento longitudinal da pé, devido & mudanga dimensional da mesma nesse sentido [40), O desenho da pe a sua inclinagio com relago & diregiio do vento incidente devem ser feitos de forma de forma a direcionar a forga de empuxo resultante sobre a pé de forma conveniente, no sentido da rotagéo do rotor do aerogerador fazendo com que este realize um trabalho ou torque [40]. A incidéncia do vento sobre as pas de um aerogerador poderé provocar um deslocamento do fluxo de ar de parte da superficie da pa, dependendo do angulo de incidéncia do fluxo do ar, das dimensdes ¢ perfil da pi ¢ da velocidade do vento incidente. Na figura 4.4 séo mostradas duas situagdes do deslocamento [40], E possfvel observar (Fig. 4.4 a) uma regitio de fluxo laminar e uma de fluxo turbulento. Na regio do fluxo laminar o fluxo € adercme a superficie da pd, ¢ a forca de sustentagio € maior resultando em maior transferéncia de poténcia, Na regifio de fluxo turbulento o fluxo laminar se desloca da superficie da pé, resultando em uma regifio sem sustentacio aerodindmica e conseqilemtemente sem transferéncia de poténcia. Esta regido € denominada de regitio de perda, pois hé perda de sustentago aerodindmica. Quanto maior for a regio de perda em uma p4 em relacio regizio de sustentacao, menor serd a transferéncia de potencia do vento realizada pela p4 [40]. A figura 4.5 mostra dois casos de pas de aerogeradores com fluxo aderente e com fluxos separados, com perda de sustentacao [40]. Reglio _ Regio: tutti fh YW Fluxo separado da pa Figura 4.4 — Fluxos de ar no perfil de uma pé [40] Centro de Tecnologias do Gas & Energias Renovaveis CTGAS-ER 65 Tecnologia de Energia Eélica Fluxo separado do perfil: parda de sustentacéo aerodinémica Figura 4.5 ~ Fluxos de ar em toro do perfil de uma pa [40] 45 Coeficiente de poténcia em fungio do tipo de aerogerador Na figura 4.6 € mostrado um gréfico com as curvas do coeficiente de poténcia de diferentes tipos de aerogeradores, comparadas com o coeficiente de poténcia tedrico para um rotor com um niimero infinito de ps. Na mesma figura € mostrado também o limite de Betz, As curvas so apresentadas em fungio da razio de velocidades na pé. E possfvel observar que os aerogeradores com trés pas apresentam o maior valor de Cp entre todos os tipos de aerogeradores com um valor de 4 de aproximadamente 7. 4.6 Efeito esteira Outro aspecto a considerar é o chamado efeito de esteira, Uma vez que uma turbina edlica produz energia mecdnica a partir da energia do vento incidente, o vento que “sai” da turbina tem um contetido energético muito inferior ao do vento que “entrow” na turbina. © efeito esteira pode ser definido como a alteragio produzida no vento ao passar pelo rotor do aerogerador. Depois de passar pelo rotor, a velocidade do vento (v) diminui até um tergo da velocidade inicial e se forma uma esteira de vento turbulento, 0 diémetro dessa esteira aumenta conforme o vento se afasta do rotor e se dissolve com uma distancia media de 10 didmetros do rotor (Fig, 4.7). A figura 4.8 foi obtida injetando fumaca branca no ar que passa através da turbina para mostrar a 0 efeito esteira. Centro de Tecnologias do Gas & Energias Renovaveis CTGAS-ER 66 Tecnologia de Energia Eélica gu : © 06} —— ie Imonenton thew ® Theoretic power coeffient (nite ruwber of Lads, 1/,-=] a 5 5 2 ———_| thve-bladed rote tw: bladed rotfr oA ( ’ / / Q OX] fone-bladed me 3 lee / [Darveus rotor “ ae \ Dutch winil al Cereal 0 i roor * 2 % 6 8 2 © 6 6 Tiprspeed ratio A Figura 4,6 ~ Coeficiente de poténcia para diferentes tipos de aerogeradores [42] Vento, Esteira de > vento Figura 4.7 — Efeito esteira [35] Centro de Tecnologias do Gas & Energias Renovaveis CTGAS-ER 67 Tecnologia de Energia Eélica Figura 4.8 — Experimento mostrando o efeito esteira [43]. Na figura 4.9 € mostrado o efeito esteira de um parque instalado no mar (offihore) essa imagem foi capturada por um piloto de um avidio. Nesse caso, devido a que a pressao diminui apds a passagem do vento pelo aerogerador (e nessas condigdes de pressio € temperatura) a umidade condensou e formon as “nuvens” mostrando 0 efeito esteira do Parque. Figura 4.9 — Efeito esteira em um parque edlico offshore [44]. Centro de Tecnologias do Gas & Energias Renovaveis CTGAS-ER 68 Tecnologia de Energia Eélica E por esta razao (efeito esteira) que a colocagao das turbinas dentro de um parque edlico tem de ser efetuada de modo criterioso (Fig. 4.10). E habitual espagar as turbinas de uma distincia entre cinco ¢ nove diametros na direcdo preferencial do vento ¢ entre trés ¢ cinco diémetros na ditegao perpendicular. Mesmo tomando estas medidas, a experiéncia mostra que a energia perdida devido ao efeito de esteira é de cerca de 5% [39] 4 Ri 5 Didmetros 7 de roter Ai _ Eaeeviin a NN eo ral oe - Sano Lee __[ rinse — ev € Figura 4.10 ~ Configuracaio de um parque em fungio do efeito esteira [35]. Centro de Tecnologias do Gas & Energias Renovaveis CTGAS-ER 69 Tecnologia de Energia Eélica 5 TECNOLOGIA DOS AEROGERADORES, 5.1 Introdugiio No capitulo trés foram apresentados os principais componentes de um aerogerador (Fig 3.8). No presente capitulo sero apresentadas com maiores detalhes informagdes eferentes a tecnologia dos aerogeradores. Informagdes como evolugiohistérica, estimativa de instalagdes vs. tamanho, evoluggo do tamanho dos acrogeradores, ntimero de pis e tipos de geradores. 52 Evolugao histérica Conforme mostrado no capitulo 1, ¢ energia edlica vem sendo aproveitada pelos seres humanos h4 mais de 3000 anos, para mover embarcagiies, com o passar do tempo também foi utilizada para moinhos e bombeamento de agua. Mas as primeiras tentativas para aproveitar a energia edlica para gerar eletricidade aconteceram a finais do século 19. A figura 5.1 mostra o primeiro catavento utilizado para gerar energia elétrica, o mesmo foi fabricado por Charles Brush nos Estados Unidos da América em 1888 ¢ tinha uma capacidade nominal 12 kW. Figura 5.1 - Primeiro catavento utilizado para gerar energia elica em 1888 [10] Centro de Tecnologias do Gas & Energias Renovaveis CTGAS-ER 70 Tecnologia de Energia Eélica Em 1891 o cientista Poul La Cour's foi pioneiro na érea de energia eélica na Dinamarca. Ele utilizou um acrogerador com uma capacidade nominal de 10 kW (Fig. 5.2) para produzir energia elétrica para um processo de eletrolise para obter hidrogénio para alimentar Himpadas a gas nas escolas em Askoy, 0 mesmo possufa um didmetro de rotor de 20 m. E imeressante ressaltar que a energia edlica é conhecida como uma energia que no permite ser armazenada, porém este proceso (eletrolise) permitia armazenar o hidrogénio gerado para ser utilizado durante o perfodo noturno, Atualmente © Laboratério Nacional de Energias Renovéveis dos Estados Unidos da America (NREL) desenvolve um projeto piloto similar [45]. Poul La Cour's foi 0 criador do primeiro curso de engenharia eélica na Dinamarca a primeira turma foi formada em 1904 (Fig 5.3). Figura 5,2 ~ Aerogerador de Poul La Cour’s na Dinamarea 1891 [42] Em 1931 na Russia foi instalada 0 aerogerador Wime D-30 em Balaklava, 0 mesmo possufa um didmetro do rotor de 30 me uma poténcia nominal de 100 kW (Fig. 5.4) [42]. Um projeto ambicioso com poténcia nominal 10000 kW foi o de MAN-Kleinhenz na Alemanha em 1942 o aerogerador era de quatro pas ¢ possuta diémetro de rotor de 130 m (Fig. 5.5), Centro de Tecnologias do Gas & Energias Renovaveis CTGAS-ER 71 Tecnologia de Energia Eélica Figura 5.3 — Primeira turma de engenheiros eélicos na Dinamarca 1904 [10] Figura 5.4 — Aerogerador Wime D-30 em Balaklava na Russia, poténcia nominal de 100 KW, didmetro do rotor de 30 m [42] Centro de Tecnologias do Gas & Energias Renovaveis CTGAS-ER 72 Tecnologia de Energia Eélica Figura 5.5 — Acrogerador MAN-Kleinhenz na Alemanha de quatro pas com didmetro de rotor de 130 m, poténcia nominal 10000 kW 1942 [42] primeiro aerogerador dos Estados Unidos da América foi fabricado por Jacobs em 1931 chamado de “wind charger” o mesmo possui um didimetro de rotor de 4 m e uma poténcia nominal entre 1.8 a3 kW (Fig 5.6) [42] Figura 5.6 — Primeiro aerogerador dos Estados Unidos da América o “wind charger” didmetro de rotor de 4 m e poténcia nominal entre 1,8 a3 kW [42] Centro de Tecnologias do Gas & Energias Renovaveis CTGAS-ER 73 Tecnologia de Energia Eélica Na década dos cingiientas (1958) na Franca foi instalado o aerogerador Best-Romani, com diametro 30.1 m ¢ poténcia nominal 800 kW (Fig, 5.7). Na mesma década na Alemanha era testado 9 aerogerador Hiltter W-34 com didmetro de rotor de 34 me poténcia nominal 100 kW, © mesmo funcionou entre 1959 c 1968 (Fig. 5.8) | Figura 5.7 ~ Aerogerador Best-Romani, com didmetro 30,1 me poténcia nominal 800 kW [42] Figura 5.8 - Aerogerador Hitter W-34 com didmetro de rotor de 34m e poténcia nominal 100 kW [42] Centro de Tecnologias do Gas & Energias Renovaveis CTGAS-ER 74 Tecnologia de Energia Eélica O avanco da energia eética foi alavancado pela crise do petréleo da déeada de 70, Além dos acrogeradores com trés pas que so os mais utilizados atualmente foram testadas aerogeradores de 1 ¢ 2 pis (Figs. 5.9 e 5.10) turbinas de eixo vertical (Fig. 5.11). Na figura 5.9 é mostrado acrogerador de duas pés MOD-1 com diametro do rotor de 61 m, poténcia nominal 2000 kW da General Electric instalado em 1979 nos Estados Unidos da América. Na figura 5.10 € mostrado o aerogerador chamado de Monopteros, instalado na Alemanha em 1985, 0 mesmo possu‘a um diametro de rotor de 48 m, ¢ poténcia nominal de 600 KW. ‘Um tipo diferente de turbina eélica é mostrado na figura 5.11, €a turbina Darrieus, com capacidade nominal de 4 MW instalads no Canad em 1987, essa tipo de turbina é conhecida como de eixo vertical. Figura 5.9 — Aerogerador de duas pés MOD-1 com diémetro do rotor de 61 m, poténcia ‘nominal 2000 kW [42] Centro de Tecnologias do Gas & Energias Renovaveis CTGAS-ER 75 Tecnologia de Energia Eélica /ii\ Figura 5.10 — Aerogerador Monopteros, didmetro de rotor de 48 m, poténcia nominal de 600 KW [42] e Figura 5.11 - Turbina Darrieus, capacidade nominal de 4 MW instalada no Canads [42] Centro de Tecnologias do Gas & Energias Renovaveis CTGAS-ER 76 Tecnologia de Energia Eélica 5.3 Estimativa de instalagdes vs tamanho Na figura 5.12 € mostrada a estimativa de instalacdo de poténcia eélica € o tamanho do acrogeradores desde 2009 até 2025. E possivel observar que os acrogeradores com poténcia nominal entre 2,0 ¢ 2.49 MW sao os mais representativos até 2025. Em segundo lugar se encontram os aerogeradores com poténcia nominal entre 1.50 ¢ 1.99 MW. Espera-se que aerogeradores com poténcia maior a 3,0 MW 86 apresentem um kento representativo a partir de 2021 go sca 2500 pom eg Marat Shae by itd Copy ‘Source: Emeraing Enray Research Figura 5.12 — Estimativa de instalagtes vs tamanho do aerogeradores até 2025 [10] 5.4 Evolugiio do tamanho dos aerogeradores Analisando o gréfico apresentado na figura 5.13 € poss{vel observar que 0 tamanho dos acrogeradores comerciais apresenta uma constante evolucio. Conforme a tecnologia avanga é poss{vel construir aerogeradores com rotores e alturas de torre maiores. 5.5 Componentes de aerogeradores No capitulo 3 foram apresentadas sucintamente as partes de um acrogerador, porém além destas existem outros componentes que serio apresentados as seguir: 5.5.1 Fundagio A fundagio de um aerogerador tem duas fungdes suportar o peso do aerogerador para evitar que a mesma afunde no solo e stuar como contrapeso para evitar 0 tombamento do aerogerador. O projeto © o peso das fundagdes tem que ser adaptados néo s6 a0 peso do aerogerador senio também as propriedades especfficas do solo no qual o aerogerador seré instalado [35] Em solos com condic6es ordindrias uma cavidade de 2 a3 metros ¢ cavada no solo formando um quadrado com entre 7a 12 metros de lado, As dimensdes dependem do tamanho do aerogerador, peso ¢ altura do mesmo e das condicées do solo. Em solos alagados a fundaco € maior para compensar forca de elevago do solo alagado [35]. Centro de Tecnologias do Gas & Energias Renovaveis CTGAS-ER 77 Tecnologia de Energia Eélica Apés o nivelamento do fundo da cavidade uma armadura € montada, no centro é montado um pilar acima da superficie do solo o qual seré utilizado para montar a base da torre. Depois € aplicado concreto para preencher a cavidade (Fig. 5.14) [35] © Aerogeradores de Sérte * Protéipos Diametro do rotor (m) 19801985 1900S 1905 «200020050 Figura 5.14 — Processo de construgio da fundacio [35] Centro de Tecnologias do Gas & Energias Renovaveis CTGAS-ER 78 Tecnologia de Energia Eélica 5.5.2 Torre A maior parte dos fabricantes de aerogeradores utilizam tubos cOnicos de ago pintados de branco ou cinza os quais so mais grossos na base do que no topo. Na década dos 80s quando os aerogeradores tinham apenas alturas de 30 metros as torres podiam ser de uma s6 peca soldada, Em aerogeradores com alturas de cuba superiores as torres so construfdas por segdes as quais so aparafusadas ou soldadas no momento da montagem. As torres tém uma porta no nivel da superficie do solo © o sistema de controle, displays ¢ alguns equipamentos elétricos sio momtados dentro da torre. Dentro da tore cxiste também uma escada que possibilita 0 acesso a nacele. Alguns aerogeradores com alturas maiores possuem um sistema de elevadores para acesso a nacele (Fig. 5.15) [35] Alguns fabricantes oferecem a opefio de torres de concreto. Essas torres so construfdas a partir de segmentos os quais so empithados e depois protendidos (Fig. 5.16). A possibilidade de fabricacio das torres em segmentos menores facilita o transporte dos mesmios até 0 local de montagem, Existe também a possibilidade de torres trelicadas as quais tm como vantagem o uso de menos material, menor peso e prego, Outra vantagem € que o vento atravessa melhor a torre resultando em menores carregamentos (Fig. 5.15) (35]. No caso dos aerogeradores de pequeno porte sao utilizadas torres tubulares estaiadas. Figura 5.15 ~ Aerogeradores com torres tubulares de aco ¢ treligadas [42] Centro de Tecnologias do Gas & Energias Renovaveis CTGAS-ER 79 Tecnologia de Energia Eélica Figura 5,16 ~ Aerogerador Enercon E112 com torre de concreto protendido [42] 55.3, Pas Junto com o cubo do aerogerador € o sistema de pitch, as pés compen o rotor que compreende todas as partes rotativas do acrogerador fora da nacele. As pis geralmente so fabricadas @ partir de material compésito (fibra de vidro ¢ resina epdxi ou de poliéster). A funcio das pas € converter, através da forga de sustentagdo, a energia cinética do vento em energia mecfnica (rotaco). As pas geralmente so aparafusadas a0 cubo mediante um flange (Fig. 5.17). © cubo (Fig. 5.18) transmite 0 movimento de rotagGo do rotor ao sistema de acionamento mecénico (composto por todos os componentes rotatério depois do rotor). Ademais nas pas € instalado o sistema de para-raios (Fig. 5.19). 5.5.4 Caixa multiplicadora Nas turbinas modernas de grande porte, 0 rotor gira com uma velocidade rotacional entre 20 e 30 rpm enquanto o gerador precisa girar a 1515 rpm. Para incrementar a rotacdo ¢ utilizada uma caixa multiplicadora, Se o rotor do aerogerador girar a 30 rpm serd necesséria uma razfo de 30:1520 = 1:50,7 revolugées no eixo de transmissio a0 gerador, A caixa inultiplicadora tem uma razdu fixa, Com geradores duplos de duas velocidades 1000 © 1500 rpm, respectivamente, velocidades diferentes do rotor sio utilizadas para os dois geradores. Nesse caso a velocidade rotacional para o gerador Centro de Tecnologias do Gas & Energias Renovaveis CTGAS-ER 80 Tecnologia de Energia Eélica menor para baixas velocidades de vento (para o gerador menor com 6 de potas) ser 2° Ipm. 5 4 3 2 1 6 mh B Figura 5.17 — Componentes do Acrogerador V39 da Vestas 1) Placa de apoio da nacele 2) Atuador do sistema de pitch 3) Eixo do rotor 4) Pé 5) Cubo 6) Mecanismo de pitch 7) Mancal do rotor 8) Caixa multiplicadora 9) Freio do rotor 10) Eixo de transmissdo ao gerador 11) Gerador 12) Sistema de medigio do vento 13) Sistema hidréulico 14) Controle elétrico 15) Sistema de yaw [42] adora geralmente tem varios estégios, assim a velocidade rota se incrementa gradualmente, As perdas sto estimadas como 1 por cento por estagio. Nos aerogeradores geralmente so utilizadas caixas com 3 estigios assim € considerada uma eficiéncia de 97% para a caixa multiplicadora [35]. Existem aerogeradores com gerador conectado diretamente ¢ de velocidade variével que no precisam de caixa multiplicadora. Porém a freqiiéncia e 2 voltagem da corrente elétrica variaréo com a velocidade rotacional. A corrente serd retificada para DC (corrente continua) e depois convertida por um inversor para corrente alternada (AC) com a mesma freqléncia (50 Hz ou 60 Hz) ¢ a voltagem da rede, A eficiéncia de um inversor é de aproximadamente 97%, perdas similares as da caixa rultiplicadora. Centro de Tecnologias do Gas & Energias Renovaveis CTGAS-ER 81 Tecnologia de Energia Eélica Cartéo de registro Condutor do raio Fitas metilicas flexiveis (transmissao do raio) Figura 5,18 ~ Sistema de para-raios na pa de um aerogerador [42]. 5.5.5 Rolamentos Todas as turbinas e6licas modernas possuem rolamentos no eixo principal. © rolamento permite tanto a absorgao de cargas radial (do outro lado do eixo) a partir do peso do rotor, cixo, entre outras e as grandes forcas axiais (0 longo do eixo), resultante da pressio do vento sobre o rotor. Os rolamentos do eixo principal sio montados em mancais de rolamento, A quantidade de rolamentos e assentos de rolamemto varia em fungo dos diferentes tipos de turbinas edlicas, Os rolamentos do eixo principal sio sempre Iubrificados por graxa, independentemente do tipo mancal, Além dos rolamentos do eixo existem outros rolamentos como do sistema de pitch e no sistema da yaw [45] 5.5.6 Freios e acoplamentos A fungiio do sistema de freios € de diminuir ou parar a 0 movimento de rotagio do rotor. Um aerogerador possui dois sistemas de freio 0 aerodinamico realizado através da acrodinamica da pé ¢ 0 frei mecnico [45]. freio mecnico é um disco de freio colocado sobre o eixo de alta velocidade caixa de cambio. O disco de freio, de geralmente aco, é fixado ao eixo. O sistema de freio funciona utilizando pressio de éleo hidréulico [45]. © acoplamento € colocado entre a caixa multiplicadora e o gerador. Nao é possivel considerar 0 acoplamento como 9 mesmo que uma embreagem em um carro normal (Fig. 5.19). Nao € possfvel engatar ou desengatar 2 transmissio entre a caixa multiplicadora © 0 gerador pressionando um pedal, ou de alguma outra forma tal. A transmissao é uma unio permanente, € o acoplamento deve ser visto como uma junio feita por um componente de maquina separada Centro de Tecnologias do Gas & Energias Renovaveis CTGAS-ER 82 Tecnologia de Energia Eélica O acoplamento é sempre uma unidade flexivel, feito de pegas de borracha, normatmente permitindo variagdcs de alguns milfmetros apenas. Esta flexibilidade permite que algumas pequenas diferengas de alinhamento entre o gerador e a caixa multiplicadora [45]. Isto pode ser de importincia em montagem e também durante a operacdio em execucao, quando a caixa muhtiplicadora e 0 gerador podem ter tendéncias para ligeiro movimento em relaco uns aos outros [45] Figura 5.19 - Acoplamento [45]. 5.5.7 Gerador elétrico O gerador é a unidade da turbina edlica, que transforma a energia mecnica em energia elétrica, As pas convertem a energia cinética do vento em energia rotacional no sistema de acionamento mecinico, e o gerador € 0 préximo passo no fornecimento de energia do acrogerador & rede elétrica [45] 5.5.8 Conversor de freqiiéncia Conyersores de freqliéncia stio dispositivos utilizados para alterar a energia elétrica de uma forma para outra, como no AC para DC, DC para AC, uma tensio para outra, ou uma freqiiéncia para outra, Os conversores de freqiiéncia tém muitas aplicagées em sistemas de energia edlica, Estes equipamentos estéo sendo usados com mais freqtiéncia conforme a tecnologia se desenvolve € como os custos diminuem. Por exemplo, conversores de energia sio utilizados na partida do gerador, aerogeradores de velocidade de vento varivel, e em redes isoladas [41] 5.5.9 Sistemas elétricos auxiliares. Além do gerador, o sistema do aerogerador utiliza uma série de outros componentes elétricos. Alguns exemplos sao cabos, chaves seccionadoras, transformadores, conversores eletrénicos de poténcia, capacitores de correcio de poténcia, yaw e pitch. [41] Sistema de yaw: Este sistema é necessério para manter 0 eixo do rotor devidamente alinhado com o vento. Seu principal componente um grande mancal que conecta a base da nacele & torre, Uma unidade de yaw ativo, é sempre utilizado em acrogeradores upwind (o yento atinge o rotor antes da torre e da nacele) ¢ algumas vezes em acrogeradores downwind (0 vento atinge 0 rotor depois da torre e da nacele). Este sistema esté composto por um ou mais motores, cada um dos quais dirige um pinhio contra uma engrenagem ligada ao mancal de yaw, Este mecanismo é controlado por um Centro de Tecnologias do Gas & Energias Renovaveis CTGAS-ER 83 Tecnologia de Energia Eélica sistema automético de controfe de yaw com o seu sensor diregio do vento geralmente montado na nacele dos acrogeradores [41] Sistema de pitch: Como regra geral, os acrogeradores de grande porte tém maiores rotores equipados com controle de inclinagdo da pé. O mecanismo necessério para isso deve, basicamente, cumprir duas tarefas. A principal tarefa & para ajustar 0 Angulo de inclinago da pa para controlar a poténcia ¢ a velocidade do rotor. Uma faixa de pitching entre 20 a 25 graus é suficiente para esta finalidade. Mas, além desta funcéio principal, hd uma segunda tarefa, que tem consideravel influéncia sobre o design do mecanismo de inclinago das pas. Para frear o rotor aerodinamico, deve ser possfvel langar as pas do rotor para a posico de embandeiramento, Isso aumenta a faixa de pitching para aproximadamente 90°. A implementacio de um mecanismo de inclinagio da pa oferece as possibilidades de designer para a criatividade de design dificilmente comparavel com qualquer outro sistema. Os modelos implementados so, portanto, variados e as propostas e as patentes so ainda mais numerosos [42] 5.5.10 Sistemas de controle e seguranga © sistema de controle de um acrogerador € importante com relagio a operagiio da maquina e a producao de energia. Um sistema de controle de um aerogerador inclui os seguintes componentes: Sensores: de velocidade, de posico, de fluxo, de temperatura, de tensfo, corrente, entre outros; Controladores: dos mecanismos mecinicos, circuits elétricos; Amplificadores de poténcia: switches, amplificadores elétricos, bombas hidréulicas € valvulas; Atuadores: motores, pistées, ‘mas, e solendides; Inteligéncia: computadores, microprocessadores [41] © projeto de sistemas de controle para a aplicagiio a acrogeradores segue as priticas tradicionais de engenharia de controle, Muitos aspectos, no entanto, séo bastante especificos para acrogeradores. Os aerogeradores envolvem os seguintes trés aspectos principais e 0 equilfbrio criterioso de suas necessidades: * Definir os limites superiores e Jimitago do torque ¢ poténcia experimentada pelo sistema de acionamento mecinico; * Maximizagao da vida em fadige do sistema de acionamento mecinico do rotor outros componentes estruturais, na presenca de mudancas na dire¢io do vento, de velocidade de vento (incluindo rajadas), ¢ de turbuléncia, bem como ciclos de partida-parada do aerogerador; * Maximizacao da producéo de energia [41]. 5.6 Princfpios de funcionamento do aerogerador Para explicar sucintamente o funcionamento do aerogerador é necessério conhecer os principais componentes do aerogerador envolvidos nesse processo (Fig. 5.20). A fungao de cada componente é descrita a seguir: a) Controle de yaw: Movimenta a nacele para acompanhar 0 movimento do vento, ou seja, manter 0 rotor perpendicular & dirego do vento; b) Gerador: € 0 equipamento que realiza a conversio da energia mecdnica do vento capturada pelo rotor em energia elétrica; ©) P6: conforma o rotor, a sua fungdo 6 capturar a energia cinética do vento; Centro de Tecnologias do Gas & Energias Renovaveis CTGAS-ER 84 Tecnologia de Energia Eélica d) Anemémetro sdnico: coleta dados de vento (velocidade ¢ directo) alguns acrogeradores antigos utilizam anemémetros de copos para determinar a velocidade do vento ¢ windvenr para determinar a direc3o; ©) Central de controle: coleta os dados de vento © realiza 0 controle dos demais componentes para otimizar a producto. Figura 5.20 ~ Principais componentes de um aerogerador 2) Comtrole de yaw 3) Gerador 4) Cubo 6) Pa 7) Anemémetro s6nico [38] Para entender o funcionamento do aerogerador seré utilizada a curva de poténcia do mesmo (Fig. 5.21). Considerando que a velocidade do vento é 0 m/s (medida pelo anemémetro s6nico) 0 aerogerador est parado. Se a velocidade do vento medida pelo anem@émetro sénico se incrementa até atingir a velocidade de partida (nesse caso 2 m/s) a central de controle do aerogerador dé a ordem para o rotor comecar a girar, Quando a velocidade do vento atinge a velocidade de poténcia nominal a aerodinamica do acrogerador atua de tal maneira que o gerador continue na poténcia nominal. Quando a velocidade do vento atinge a velocidade de parada da maquina a central de controle aciona um freio mecinico para evitar possiveis danos ao aerogerador por esforcos excessivos (resultantes das velocidades de vento elevadas). Se acontecer alguma mudanga na directo do vento por um perfodo sigaificativo (registrado pelo anemémetro s6nico o pelo windvent) a central aciona o controle de yaw que esté composto por motores Iocalizados na base da nacele para alinhar o rotor de maneira que este fique perpendicular a dirego do vento Centro de Tecnologias do Gas & Energias Renovaveis CTGAS-ER 85 Tecnologia de Energia Eélica Potencia P (kW) Velocidade do vento na altura do cubo (m/s) oS Potencia P Figura 5.21 - Curva de poténcia de um aerogerador E82 da Wobben com poténcia nominal de 2 MW [38] 5:7 Tipos construtivos de aerogeradores Os tipos construtivos de aerogeradores sto agrupados em funcdo da posi¢ao do rotor, posicao do cixo, niimero de pds, tipo de controle de poténcia e velocidade fixa ou varidvel. 5.7.1 Posi¢fio do Rotor Em fungao da posic&o do rotor existem dois tipos de aerogeradores com rotor downwind © com rotor upwind. Com o rotor downwind: nesse tipo de aerogeradores 0 vento atinge 0 rotor depois da torre ¢ da nacele, permite o auto alinhamento do rotor na diregio do vento, mas tem vindo a ser progressivamente abandonada, pois o escoamento é perturbado pela torre antes de incidir no rotor [10]. Na figura 5.22 € mostrado um aerogerador com rotor downwind. Com 0 rotor upwind: nesse tipo de acrogeradores 0 vento atinge o rotor antes que da torre, Este tipo de aerogeradores generalizou-se devido a0 fato do vento incidente no ser perturbado pela torre (Fig, 5.23). 5.7.2 Posigio do eixo Em fungao posigio do eixo os aerogeradores podem ser constru(dos em dois tipos, de eixo horizontal e de cixo vertical Centro de Tecnologias do Gas & Energias Renovaveis CTGAS-ER 86 Tecnologia de Energia Eélica Aerogeradores de cixo horizontal: O tipo de aerogeradores mais conhecido atualmente no mercado é o de cixo horizontal (Fig. 5.23). Figura 5.22 ~ Acrogerador com rotor tipo downwind instalado nos Estados Unidos da América em 1985. [42] Figura 5.23 — Aerogerador com rotor tipo upwind, com trés pés [48]. Centro de Tecnologias do Gas & Energias Renovaveis CTGAS-ER 87 Tecnologia de Energia Eélica Aerogeradores de eixo vertical: Além dos aerogeradores com eixo horizontal com trés pas os quais estio consolidados como uma tecnologia madura, existem outros aerogeradores os quais possuem 0 eixo vertical. Esses aerogeradores apresentam limitagdes em fungdo de que a velocidade dos mesmos esté limitada a velocidade do vento, quer dizer a méxima velocidade que podem atingir é velocidade do vento. Na figura 5.24 sfio mostrados os trés tipos de turbinas mais utilizados de turbinas de eixo vertical. Na figura 5.25 é mostrada uma turbina Darrieus instalada nos Estados Unidos da América, com didmetro do rotor de 19 m ¢ poténcia nominal de 170 kW. Na figura 5.26 € mostrada uma turbina tipo H-rotor com didmetro de rotor de 35 m, ¢ poténcia nominal de 300 kW [42]. Savonius-Rotor Darvieus-Rotor H-Rator Figura 5.24 - Tipos de turbinas mais utilizados de turbinas de eixo vertical [42] 5.7.3 Numero de pis © critério do mimero de pés € geralmente utilizado apenas paras os aerogeradores de eixo horizontal, os principais tipos sao: Aerogeradores de uma pa: nesse tipo de aerogeradores, apesar do fato de ter s6 uma pé significar menor peso, € necessério um peso extra para balangar a pé, Um rotor com s6 uma pé significa que a mesma deve girar mais répido para capturar a mesma quantidade de energia o que resulta em maior rufdo e impacto visual (Fig. 5.10). Aerogeradores de duas pas: este tipo de aerogeradores apresenta maiores cargas devido posigo relativa das pas. Esse tipo de aerogeradores representa uma solugdo intermediaria entre os aerogeradores de uma e trés pas (Fig. 5.9) Aerogeradores de trés pas: 0 fato de ter trés pés proporciona maior equilfbrio dos efeitos das cargas cfclicas. Precisam de uma menor velocidade de giro que os aerogeradores de uma e duas pas (Fig, 5.23), Centro de Tecnologias do Gas & Energias Renovaveis CTGAS-ER 88 Tecnologia de Energia Eélica Figura 5.26 ~"Turbina tipo H-rotor, poténcia nominal de 300 KW [42] Centro de Tecnologias do Gas & Energias Renovaveis CTGAS-ER 89 Tecnologia de Energia Eélica 5.7.4 Tipo de controle de poténcia O controle de poténcia de um aerogerador pode ser efetuado por meios passivos, isto é, desenhando o perfil das pas de modo a que entrem em perda aerodinimica, stall, a partir de determinada velocidade do vento, sem necessidade de variago do passo, ou por meios ativos, isto €, variando o passo das pas, pitch, do rotor [39] Controle passive: Os acrogeradores com controle por stall tém as pas fixas, ou seja, no rodam em torno de um eixo longitudinal. Nesse tipo de aerogeradores Angulo de passo # € constante. A estratégia de controle de poténcia assenta nas caracteristicas aerodindmicas das pas do rotor que so projetadas para entrar em perda a partir de uma determinada velocidade do vento [39] ‘Uma vez que as pais esttio colocadas a um dado angulo de passo fixo, quando o Angulo de ataque aumenta para além de um determinado valor, a componente de sustentaco diminui, a0 mesmo tempo as forgas de arrasto passam a ser dominantes [39] A curva de poténcia tipica de um aerogerador regulado por stall é mostrada na figura 5.27. E possivel observar que a partir da velocidade nominal do vento a turbina apresenta variagGes leves da potencia em torno do valor nominal. ‘As turbinas “pitch” tém a possibilidade de rodar a p4 em torno do seu nal, isto é, variam o angulo de passo das pis, f (39). A curva de potencia de um aerogerador regulado por pitch é mostrada na figura 5.21 Controle por stall ativo: é um sistema de controle de poténcia ¢ velocidade hfbrido entre o controle de passo e por stall. Nesse caso o rotor é girado de forma que as pais atinjam uma menor sustentagéo. Potinca decren ¥) loca de vents ov) Figura 5.27 ~ Curvas de poténcia pitch (Aerogerador B6nus) ¢ stall (Aerogeradores NEG Micon e Nordex) [39] Centro de Tecnologias do Gas & Energias Renovaveis CTGAS-ER 90 Tecnologia de Energia Eélica E possfvel identificar qual ¢ 0 tipo de controle (passivo, ativo ou stall ativo) observando © acrogerador_parado. No tipo de controle passive € possivel observar 0 ficio aerodindmico (Fig 5.28) na ponta pé. No caso dos aerogeradores com controle de stall ativo a posicao de parads da pa é mostrada nas figuras 5.29 ¢ 5.30. No easo do tipo de controle por ativo (pitch) a posi¢fo de parada da pé ¢ inversa 8 dos serogeradores com controle sta ativo (Figs 5.31 5.32) Figura 5.28 ~ Aerogerador com sistema de controle por stall passivo em posigdo de parada (pés embandeiradas) (42) Rotor parado Figura 5.29 - Posigées das pas de um aerogerador com controle de potencia por stall ativo [42] Centro de Tecnologias do Gas & Energias Renovaveis CTGAS-ER 91 Tecnologia de Energia Eélica Figura 5.30 ~ Acrogerador Vestas V82.em posigfo de parada (pés embandeiradas) (46) Figura 5.31 ~ Posigées das pés de um aerogerador com controle de potencia por pitch [42] Centro de Tecnologias do Gas & Energias Renovaveis CTGAS-ER 92 Tecnologia de Energia Eélica Figura 5.32 — Aerogerador Enercon E12 com sistema de controle por pitch em posicéo de parada (pas embandeiradas) [42] 5.7.5 Velocidade fixa ou variivel Antes de apresentar os tipos construtivos de aerogeradores em funcio de velocidade serd necessério entender a relagio entre a velocidade do © a poténcia gerada pelo aerogerador. Relagio entre a velocidade de vento ¢ a poténcia gerada: © tamanho do gerador € definido pela poténcia nominal do mesmo, Em um aerogerador esta poténcia é atingida na velocidade nominal (11 a 16 m/s dependendo do fabricante, modelo, sitio entre outros) © velocidades maiores. Em velocidades de vento menores a potencia significativamente menor, A relago entre a velocidade de vento © a poténcia ¢ apresentada nas curvas de poténcia (Fig. 5.33) (35] ‘A uma determinada velocidade de vento (na maioria dos casos 25 m/s) o aerogerador pararé © se desconectaré da rede, Os carregamentos no aerogerador quando o aerogerador para (posi¢&o de embadeiramento) ¢ 0 rotor nfo gira. Na posicfo de embandeiramento 0 aerogerador pode suportar ventos de furagées (60 mis). A velocidade maxima de projeto de um acrogerador é chamada de velocidade de sobrevivéncia do aerogerador. A perda de poténcia a velocidades superiores & velocidade de parada é insignificante, devido @ que esses velocidades de vento so bern raras e ocorrem por perfodos bern curtos [35] Gerador assinerono com velocidade fixa: Os primeiros aerogeradores comerciais conectados a rede instalados a fines da década dos 70's ¢ inicio do 80's utilizavam geradores assincronos padrées que estavam dispontveis comercialmente e rotores com controle por stall. Possufam velocidade fixa e um sistema elétrico bastante simples (Fig. 5.34) (35). Centro de Tecnologias do Gas & Energias Renovaveis CTGAS-ER 93 Tecnologia de Energia Eélica Este projeto simples originava alguns problemas para os operadores da rede. Os quais afirmavam que os acrogeradores tinham impactos negativos na qualidade da energia, especialmente quando 0 niimero de aerogeradores se incrementava. O impacto quando um acrogerador se conectava a rede era na realidade similar & partida um motor do mesmo tamanho. Quando os aerogeradores partem e se conectam a rede o gerador precisa de uma poténcia reativa para magnetizar 0 rotor e quando o gerador se conecta a rede um curto mais forte pico de corrente se produz e a voltagem cai por uma fragiio de segundo. Durante a operagio os aerogeradores produzem poténcia ativa, mas eles s6 consumem alguma poténcia reativa da rede [35] Power kim g o 5 10 15 20 25, wind speed (m/s) Figura 5.33 ~ Curva de poténcia tipica de um aerogerador [35] Gerador soft start: A fines da década dos 70's e inicio do 80's os aerogeradores eran pequenos ¢ os distiirbios na rede se encontravam dentro dos limites toleréveis. Os primeiros equipamentos instalados nos aerogeradores para reduzir esses problemas foram os capacitores para reduzir o consumo de poténcia reativa ¢ foram denominados de equipamentos soft start um acoplamento de tiristores para reduzir a correme de partida (Fig. 5.35) [35]. Quando um gerador roda com uma carga parcial (por exemplo um gerador de 500 kW produzindo apenas 100 kW) a eficiéncia do gerador é considerada menor que quando est4 funcionando a poténcia plena. Com uma velocidade rotacional fixa que foi configurada para uma boa raziio de velocidades na p4 em ventos relativamente fortes a eficigncia do rotor seré comparativamente menor a baixas velocidades de vento uma vez que a razao de velocidades na pé deverd ser relati vamente alta [35] Geradores duplos: para utilizar a poténcia do vento de uma maneira mais eficiente, especialmente nas chamadas éreas de baixa velocidade (com medias de velocidades de vento baixas) alguns fabricantes comecaram a instalar dois geradores separados denominados de geradores duplos (os quais trabatham como dois geradores em um).Um gerador pequeno com seis pdlos ¢ 100 rpm funciona a carga plena em velocidades baixas com velocidades rotat6rias baixas (melhor razio de velocidades na pé) no rotor. Quando a velocidade de vento se incrementa até um determinado limite (~ 7 mls) 0 gerador maior com quatro pares de pélos e 1500 rpm entra em operacgo e a velocidade rotacional se incrementa até um nivel maior fixo (Fig. 5.36) [35]. Centro de Tecnologias do Gas & Energias Renovaveis CTGAS-ER 94 Tecnologia de Energia Eélica Grid Gearbox AG Transformer nsfixed speed Figura 5.34 — Gerador ass{ncrono com velocidade fixa [35]. soft start Grid Gearbox Hee = Transformer Capaci- tors nefixed speed Figura 5.35 - Gerador assfncrono adaptado a rede [35]. 1230 Gria large AG| 1500 a Gearbox | emai a | n= 1000 Transformer n=20 Figura 5,36 ~ Aerogerador com dois geradores [35]. Centro de Tecnologias do Gas & Energias Renovaveis CTGAS-ER 95 Tecnologia de Energia Eélica Velocidade varidvel: para obter a nxima eficiéncia na utilizagio da poténcia do vento a velocidade rotacional do rotor do aerogerador deve ser proporcional & velocidade do vento. Com uma velocidade varidvel a razdo de velocidades na pi deve ser mantida em um nivel étimo para todas as velocidades de vento. Os acrogeradores com elevadas razGes de velocidades na p4 operam eficientemente em uma faixa ampla de velocidades na p4, 0 que pode variar bastante em torno do valor dtimo e ainda se manter boa eficiéncia. A introducio de geradores duplos foi o primeiro passo para aerogeradores de velocidade variavel [35]. Se o gerador atuar a velocidade varidvel a freqiiéncia da corrente elétrica também variard. Ea corrente elétrica deverd ser adaptada de acordo com a da rede. Para resolver esse problema o gerador é desconectado da rede, A corrente AC do gerador é primeiramente retificada para DC e depois reconvertida para AC por um inversor o qual 4 a corrente as mesmas propriedades de frequiéncia e voltagem da rede. Aerogeradores com velocidade varidvel estio disponiveis no mercado desde finais da década dos 80's. Estes utilizam um gerador sincrono combinado com eletrOnica de potencia (conversor de frequéncia) (Fig. 5.37) (35] Gia 1 - | Carbon JH) so CJ } Frequency Transformer ere Figura 5.37 — Aerngerador de velocidades varidveis [35] Gerador conectado diretamente: geradores multipolos sincronos, também chamados geradores tem sido utilizados por Jongo tempo para estages hidrdulicas. A vantage desse tipo de gerador ¢ que pode operar com uma baixa velocidade de rotagio. Em un aerogerador um gerador multipolos pode ser conectado diretamente ao rotor sem uma caixa multiplicadora intermediaria [35] 0 fabricante alemio Enercon (Wobben no Brasil) introduziu esse conceito em 1992 no modelo E-40, Este gerador multipolos possui um grande diametro, aproximadamente 4 metros e 60 pélos em vez dos quatro ou seis de um gerador normal, O gerador multipolos pode produzir potencia elétrica com a mesma velocidade de rotagao do rotor. Os aerogeradores da Enercon possuem velocidade varidvel ¢ utilizam cletrénica de poténcia para se adaptar & poténcia elétrica da rede (Fig, 5.38). Outros fabricantes tém optado também por utilizar este concepto de projeto [35] ‘Uma vantagem importante com o gerador conectado diretamente é que no é necesséria manutengao da caixa multiplicadora, A principal desvamtagem € que os grandes geradores multipolos sfo muito pesados e assim o peso do aerogerador se incrementa. Centro de Tecnologias do Gas & Energias Renovaveis CTGAS-ER 96 Tecnologia de Energia Eélica Um conceito interessante ¢ 0 MULTIBRID o qual possui uma c: planctéria integrada @ um pequeno gerador muliipolos (Fig, 5.39). Com velocidade variével o rotor do aerogerador pode utilizar o vento mais eficientemente. A diferenga de eficiéncia entre um aerogerador com velocidade varidvel plena eo com duas velocidades fixas € quase insignificante. Outra vantage do uso de velocidade variavel, j4 que 0 vento é sempre mais ou menos turbulento ¢ as cargas nos acrogeradores mudam a toda hora o que origina grandes tenses nos componentes. Com a possibilidade de variar a velocidade do rotor a potencia da rajada pode ser absorvida pelo rotor a traves do incremento da velocidade rotacional sem transmitir-ta ao sistema de acionamento mecinico [35]. Grid 36 l multi-pole ring [:oemrator Frequency Transformer convester Figura 5.38 ~ Aerogerador conectado diretamente com gerador multipolos [35] Figura 5.39 -Conceito MULTIBRID [48] Centro de Tecnologias do Gas & Energias Renovaveis CTGAS-ER 97 Tecnologia de Energia Eélica Gerador com escorregamento: alguns fabricantes que utilizam geradores assfncronos precisam projetar os scus acrogeradores para que permitam a variagao da velocidade rotacional dentro de certos limites. A solugio técnica envolva a mudanga da resisténcia dos enrolamentos do rotor do gerador ou controlar a corrente dos enrolamentos do rotor mediante eletrOnica de poténcia. Isso possibilita que se incremente 9 escorregamento das rpms do gerador de | a 10%. Quando uma rajada de vento incrementa a poténcia 0 rotor do aerogerador pode incrementar sua velocidade rotacional até em 10% sem afetar a potencia ou freqiiéncia de saida do gerador [35] © préximo paso no desenvolvimento de geradores assincronos foi utilizar escorregamento com um rotor acoplado em cascada (Fig, 5.40). Em um gerador assincrono correntes sé também induzidas no rotor. Este conceito possibilita um controle da velocidade de rotacdo em uma faixa maior. Uma turbina Nordex pode variar de 11 a 19 rpm, Com esta solugo 0 conversor de poténcia € muito menor, Outra vantagem € que a poténcia reativa pode ser controlada [35] -—=||Gearbox |} Frequency converter Figura 5.40 — Gerador assincrono com rotor acoplado em cascada e conversor de freqiiéncia [35]. 5.8 Classificagio dos aerogeradores Além dos tipos construtivos de aerogeradores apresentados anteriormente os aerogeradores podem ser classificados em relacio a diferentes caracterfsticas entre elas segundo o tipo de transmissdo ¢ aerodinamica 5.8.1 Classificagio segundo o tipo de transmissio Na figura 5.41 sio mostrados os diferentes tipos de aerogeradores em fungio da transmisso. Podemos observar que existem varios tipos: com o gerador ¢ a caixa multiplicadora na _nacele, com o gerador vertical no topo da torre © a caixa multiplicadora na nacele, com 0 gerador vertical e a caixa multiplicadora na base da torre, com a caixa multiplicadora na nacele ¢ o gerador na base da torre, com o gerador na base da torre e duas caixas multiplicadoras e com gerador conectado diretamente a0 rotor (sem caixa multiplicadora). As duas configuragGes mais usadas séo @ primeira (com o gerador e a caixa multiplicadora na nacele) e a ultima (com gerador conectado diretamente ao rotor) (Figs. 5.42 ¢ 5.43). Centro de Tecnologias do Gas & Energias Renovaveis CTGAS-ER 98 Tecnologia de Energia Eélica b; | ») @d) ° Figura 5.41 ~ Tipos de aerogeradores em fungo do tipo de transmissio a) com 0 gerador e a caixa multiplicadora na nacele, b) com o gerador vertical no topo da torre € acaixa multiplicadora na nacele, c) com o gerador vertical e a caixa multiplicadora na base da torre, d) com a caixa muhiiplicadora na nacele e 0 gerador na base da torre, €) com o gerador na base da torre e duas caixas multiplicadoras f) com gerador conectado diretamente ao rotor (sem caixa multiplicadora) (42). Centro de Tecnologias do Gas & Energias Renovaveis CTGAS-ER 99 Tecnologia de Energia Eélica Figura 5.43 — Aerogerador sem caixa multiplicadora (gearless) [49, 38] 5.9 Classificagio dos aerogeradores em fungio do tipo de yaw Existem dois tipos de controle de yaw: Centro de Tecnologias do Gas & Energias Renovaveis CTGAS-ER 100 Tecnologia de Energia Eélica Controle por yaw livre: Nesse tipo de controle o aerogerador acompanha a direcio do vento naturalmente, através de uma cauda. E utilizado geralmente em acrogeradores com rotor downwind e em aerogeradores de pequeno porte (Fig. 5.44) Controle ative de yaw: Nessa casso o serogerador € posicionado na diregio predominante de vento por um controle ativo. © movimento da nacele é realizado por meio de motores localizados na base da nacele para alinhar o rotor de maneira que este fique perpendicular & direcao do vento (Fig, 5.45), Figura 5.45 - Sistema de yaw de um aerogerador (10] Centro de Tecnologias do Gas & Energias Renovavels CTGAS-ER 101. Tecnologia de Energia Eélica 6 ASPECTOS DE HABILITACAO TECNICA DE PROJETOS: 6.1 Tntrodugio No presente capftulo serdio apresentadas informagGes sucintas referentes aos aspectos de habilitagio técnica de projetos. Maiores informacées podem ser encontradas na pégina da Agéncia Nacional de Energia Elétrica - ANEEL da Empresa de Pesquisa Energética EPE. 6.2 Leildes para compra de energia elétrica © Art, 19 do Deereto n° 5.163, de 30 de julho de 2004, estabelece que a ANEEL é responsdvel por promover, direta ou indirctamente, licitagdo ne modalidade de leila, para a contratagio de energia elétrica pelos agentes de distribuicio do Sistema Interfigado Nacional - SIN, observando as diretrizes fixadas pelo Ministério de Minas ¢ Energia ~ MME [20]. A EPE deve efetuar a Anilise © Habilitagio Técnica dos empreendimentos ¢ a ANEEL a aferigdo da capacidade da idoneidade financeira, da regularidade jurfdica ¢ fiscal dos licitantes [20] Conforme disposto na LEI 10.848/2004 sio previstos anualmente os leiles A-1, A-3 € A-S. Poder também ser promovidos leildes para contratagiio de energia de reserva, proveniente de usinas especialmente contratadas para este fim, destinadas a aumentar a seguranca no fornecimento de energia elétrica ao SIN [21] A promogio de cada Ieilio € inaugurada pelo MME por meio da publicagio de uma portaria onde se estabelecem as diretrizes que deverdo ser observadas, tais como: ano base para o infcio do suprimento; Prazo contratual; Modalidade de contratagdo - Quantidade ou Disponibilidade; Data do leilao; Tipos de fontes (edlica, biomassa, hidrica, solar, etc.) Prazo para cadastramento ne EPE; Prazo para protocolar documentos na EPE apés o cadastramento. E necessério observar 0 disposto na Portaria MME n® 21 que estabelece os requisitos para o cadastramento ¢ habilitagao técnica na EPE, Também, nas instrugdes da EPE que estabelecem a forma da apresentago da documentacio ¢ na Resolugéo Normativa n° 391/2009, da ANEEL, que estabelece os requisitos necessérios & outorga para exploragto de usinas eélicas [21]. 63 O sistema AEGE Nos processos de habilitagdo técnica de empreendimentos a EPE utiliza o Sistema de Acompanhamento de Empreendimentos Geradores de Energia - AEGE, Esse sistema é disponibilizado aos agentes, para tanto deve-se inicialmente fazer adesiio a0 mesmo. O link para a adesio € https://sistemas.epe, gov.br/aege/adesao/ (Fig, 6.1). Uma vez aprovada a adesio, a EPE envia uma senha para que possa acessé-lo € inserir os seus projetos [21]. Centro de Tecnologias do Gas & Energias Renovaveis CTGAS-ER 102 Tecnologia de Energia Eélica No AEGE as informagies sfo divididas em dois conjuntos: o primeiro, micleo da base de dados constitufdo pelas informagées técnicas. O segundo conjunto constituide pelas informagées especfficas de cada leildo (cronograma, orgamento, entre outros.) [21]. As informagdes do AEGE siio armazenadas e podem ser editadas e usadas em qualquer Teilio futuro. Um empreendimento, uma vez cadastrado para participar num leikio, ter a edicao dos dados bloqueada. O desbloqueio para edigo serd feito apenas na etapa da habilitagZo técnica para promover regularizagées [21] (epe) Aggz emp espa Complement: rs un [PETE] tune: [wetrae aspera Tew cre: = eieon ama: ceuar rae [inserever envi] [Ganseiar] Figura 6.1 - Pagina de cadastro do empreendedor no sistema AEGE da EPE [50] 64 0 processo de habilitagio técnica © cadastramento do empreendimento gerador de energia nesse sistema seré um dos elementos constitutivos para o seu Cadastramento e Habilitagio Técnica com vistas & participagdo nos Leil6es de Energia, ¢ deve seguir as seguintes ctapas: Inclusfo de empreendimento; Suplementagdo dos dados técnicos do empreendi Cadastramento para habilitagao técnica no Leiléo; Inscri¢&o do empreendimento no Leilfo de Energia; lento ins Cadastramento do empreendedor ¢ usuério responsével; Centro de Tecnologias do Gas & Energias Renovaveis CTGAS-ER 103 Tecnologia de Energia Eélica Conforme disposto na Portaria MME 21/2008 e Instrugdes de Cadastramento vigentes em 2010, o processo para cadastramento de empreendimento deverd ser instrufdo com ‘os seguintes documentos: 65 Registro da ANEEL; Memorial descritivo do projeto; Licenga Ambiental (ou Protocolo); Parecer de acesso (ou protocolo); Ficha de dados (AEGE); Certificado de consisténcia das medigdes anemométricas; Direito de usar ou dispor do local a ser destinado & Edlica; Declaragio da quantidade de energia & ser disponibilizada ao SIN; Declaragio de aerogeradores novos; Declatagio da no participagao da entidade certificadora; Outras declaragées (ICG, direito de dispor do local da usina, etc.); Estudos e Relatérios de Impacto Ambiental (digitalizado - CD n° 1); Arquivos Eletronicos (CD n° 2 - anexos 1 a 11 digitalizados) [18] A anilise téenica Na figura 6.2 € mostrado proceso de andlise técnica para o empreendimento habilitado, Se 0 projeto cumprir com todas as exigéncias da EPE ¢ outorgada 4 habilitagdo técnica para o empreendimento. Ini a cris © prosasco ft inswutio com “ods dacumereag? Enpimerdarmio Figura 6,2 - Proceso da andlise técnica de um empreendimento [21]. Centro de Tecnologias do Gas & Energias Renovaveis CTGAS-ER 104 Tecnologia de Energia Eélica 6.6 A Habilitagio Téenica A Habilitacao Técnica confere ao projeto analisado o direito de participar do leilio visto que atende as condicdes para estar em operacaio na data de inicio do fornecimento da energia a ser contratada [21]. A Habilitagio Técnica no implica em qualquer hipdtese, responsabilidade ou vinculagio 4 EPE inclusive no tocante as obrigagties civ administrativas. A Habilitagdo Técnica destina-se exclusivamente a compor a lista de referéncia dos cmpreendimentos aptos a participacio nos Icilées de cnergia. E importante ressaltar que a Habilitagdo Técnica perde a sua eficdcia no término do leiléo (21 67 Recomendagées da EPE Finalmente a EPE recomenda: * A leitura atenta das normas legais e infralegais que regem os leilées para mitigar 0 risco de no conformidades. * Dar atencdo para as questes fundisrias decorrentes do direito de uso do local do empreendimento, * A boa qualidade nas medigées anemométricas resulta em menor incerteza na produco de energia. Um projeto bem estudado ter vantagens competitivas no leila. Finalmente, em caso de diividas relativas ao cadastramento de empreendimentos, solicitar esclarecimentos via e-mail para AEGE@epe. gov. br. [21] Centro de Tecnologias do Gas & Energias Renovaveis CTGAS-ER 105 Tecnologia de Energia Eélica 7 IMPACTOS AMBIENTAIS TAL Introduc No presente capitulo serio apresentados os impactos ambientais de um empreendimento célico ¢ uma breve introdugao a licenciamento ambiental. Informagéies mais detalhadas acerca da legislagio serio apresentadas no curso “Legislacio Ambiental Aplicada a Implantago de Parques Eélicos”. 7.2, Tmpactos ambientais de um empreendimento edlico Os aerogeradores devem ser instalados em lugares com condigdes de vento favoréveis. Algumas vezes devem construir-se caminhos de acesso para possibilitar o transporte dos aerogeradores até o lugar e se devem montar Iineas elétricas para conectar as mesmas 2 rede. A energia disponivel no vento se incrementa com 0 cubo da velocidade do vento. Una turbina situada no litoral pode produzir entre 25 ¢ 30% mais energia que outra turbina localizada terra dentro, 2 2 km da costa. O vento como recurso é um fator crucial na viabilidade econdmica de uma instalactio eélica. Esses fatores definem os limites das reas onde seré possivel extrair energia do vento. Os acrogeradores esto. montados usualmente em uma fundag%o de concreto, mas também podem ser fixados no solo em caso de tratar-se de rocha sélida. Uma fundagio de concreto consiste usualmente em uma base grande quadrada escavado uns metros abaixo do nivel do solo onde é vertido 0 concreto ¢ um poste do mesmo material com um acoplamento de ago no qual se instala a torre, Depois se cobre a fundago com terra € no ocupa mais que uns poucos metros quadrados no nivel do solo. Em caso de que o solo no possua suficiente capacidade de carga, seré necessério um acesso desde o caminho mais préximo para que uma escavadora e outras méquinas possam chegar até o local. Esses caminhos podem ser temporétios © consistem em reforgos em alguns lugares ou simplesmente em chapas de ago sobre 0 solo. Quando os aerogeradores sto transportados, 0 caminho de acesso deve poder suportar vefculos de carga pesados com reboques para um guindaste também pesado. ‘Usualmente se instala um transformador préximo ao aerogerador no qual se conecta com a rede mediante um cabo, geralmente subterrineo. Em grandes aerogeradores 0 transformador se encontra instalado na tore ou na nacele, O impacto fisico direto no médio ambiente consiste na fundacio, caminhos de acesso ¢ cabos na rede, assim como © aerogerador que demandaré um determinado espaco aéreo no local. Quando a instalacdo est4 completa a terra pode utilizar-se do mesmo modo que antes, como terra de cultivo ou de pastoreio. Os aerogeradores nfo causam nenhuma emissiio que tenha impacto no ambiente. O rotor produz algum som, os aerogeradotes sdo visiveis durante o dia quando o sol britha o rotor projeta uma sombra rotativa que se move de oeste a este desde 0 amanhecer até o por do sol [35] 7.2.1 Impactos ambientais na flora e fauna © impacto na flora ¢ fauna dependeré do tipo de vegetacio ¢ vida animal que se encontre na érea. A flora pode ser afetada durante a etapa de construcdo ou por cdmbios nas condigées hidrolégicas devido 8 fundagio, valas dos cabos, entre outras. Em condigées normais isso é raramente um problema. No que diz. respeito & fauna, o risco Centro de Tecnologias do Gas & Energias Renovaveis CTGAS-ER 106 Tecnologia de Energia Eélica por impactos de aves tem sido debatido, e muitas pesquisas tem sido realizadas para esclarecer este tema, Na década dos 80s ocorreram problemas na Dinamarca com pequenas aves que construfram seus ninhos nas naceles, em fungdo disso os fabricantes colocaram malhas em todas as aperturas Nos Estados Unidos muitos faledes atingiam as pis do rotor devido a que pequenas aves, que eram presas dos falcées, construfam seus ninhos nas torres. Estas turbinas possu‘am torres trelicadas que resultaram ideais para os ninhos das aves. O risco de aves baterem com as turbinas é bem baixo. Areas importantes de descanso ¢ aninho sao usualmente designadas como dreas protegidas ou santudrios [35] Os aetogeradores possuem uma vida itil de pelo menos 20 anos. A qual pode prolongar se cambiando alguns componentes, como a caixa multiplicadora, 0 gerador e as pas. A fundagdo tem uma vida til muito mais prolongada ¢ pode eventualmente ser utilizada novamente para outra turbina no mesmo lugar. Contudo, o desenvolvimento répido téenico dos aerogeradores torna esta opeio pouco provavel. Os aerogeradores podem ser desmontados em um dia € © local pode ser restabelecido ao seu estado original. A maioria dos componentes pode ser reciclada, Os serogeradores nfo produzem um impacto duradouro no ambiente [35], 7.2.2 Propagacao do ruido Os aerogeradores podem produzir dois tipos diferentes de ruido: rufdo mecfnico proveniente da nacele (caixa multiplicadora, gerador ¢ outros componentes mecénicos rotatérios) e rufdo aerodindmico das pas do rotor Existem normas ¢ métodos cuidadosamente descritos de como deve ser medido 0 rufdo produzido pelos aerogeradores, como os fabricantes devem especificar o rufdo, como devem calcular sc as cmissécs sonoras a distintas distincias de um acrogerador ¢ que nfveis de rufdo sdo permitidos em diferentes tipos de edificagio, A emissio de som é 0 ruido que o aerogerador emite. O valor de emiss4o sonora que declaram os fabricantes que € utilizado para calcular os nfveis de som a distintas distincias do aerogerador, & 0 proveniente do centro do rotor quando a velocidade de vento é de 8 m/s a 10m de altura sobre o solo, para una turbina localizada em local aberto com comprimento de rugosidade de 0,5. O ruido se mede em dB(A) (decibéis A), que € a soma de ponderacdes “A” dos sons com distintas freqiéncias que esto adaptadas & sensibilidade do ouvido humano. A unidade dB(A) dé uma medida do som que registra 0 ouvido. Uma conversacéo normal tem um nivel de som de 65 dB(A), uma geladeira moderna 35-40 dB(A), uma cidade cerca de 75 dB(A), uma discoteca de 100 dB(A) © um quarto trangitilo 30 dB(A). A emisstio de um aerogerador ¢ entorno de 100 dB(A) e pode variar entre 95 e 105 dB(A). © som dos aerogeradores modernos é provocado pelas pas do rotor. O rufdo mecfinico tem sido climinado mediante materiais actisticos e medigdes na nacele, maior precisfo nos componentes utilizados ¢ mediante amortecimento. O ru(do mecinico pode ser ouvido atualmente quando um componente comeca a fathar. O som proveniente do rotor 6 assobio aerodinamico, Nao tém sido registrados nem ultra, nem infra-sons (sons de clevada alta ou baixa freqiéncia para ser registrado pelo ouvido humano), provenientes Centro de Tecnologias do Gas & Energias Renovaveis CTGAS-ER 107 Tecnologia de Energia Eélica de aerogeradores. Nao existem diferengas significativas entre o som de pequenos grandes acrogeradores ja que o nivel de som depende da vclocidade da ponta da pala. Esta velocidade se encontra no mesmo nivel devido a que pequenos aerogeradores tem velocidades de giro mais altas que os modelos de maior tamanho. Os fabricantes tém conseguido diminuir este som do assovio cambiando a forma das pas. O nivel de emisstio de una turbina & um fator decisive para determinar a distancia até as casas vizinhas (Tab. 7.1) [35]. A emissio de som dos aerogeradores (as quais podem ser encontradas encontrar nas especificagdes técnicas dos mesmos) esté usualmente na faixa de 95 a 105 dB(A). A tabela mostra valores arredondados para dar uma idéia das distancias © como estas diferem para distintos valores de emissio. A escala de Decibel é logaritmica, um incremento de $ dB(A) corresponde ao dobro da pressio de som (potencia) [512] Tabela 7.1 — Nivel de critério de avaliagio NCA para ambientes externos, em dB(A) [sl] Tipos de areas Diurno Notun Areas de sitios ¢fazendas 40 35 Area estitamente residencial urbana ou de hospitals ou de escola 50 6 Area mista, predominantemente residencial 5 59 Area mista, com voeagae comercial e administativa EJ 55 Area mista, com vocagae recreacional 85 55 ‘Area predominantemente industrial 70 60 7.2.3 Sombras e reflexos Durante determinados perfodos do dia ¢ do ano os acrogeradores podem criar sombras ¢ reflexos que poderiam incomodar aos vizinhos se as turbinas estiverem situadas de maneira inapropriada com respeito as construgGes vizinhas. problema dos reflexos das pés do rotor tem sido eliminado atualmente, j& que as mesmas possuem um revestimento anti-refletivo nos aerogeradores modernos, As sombras rotativas do rotor podem criar um efeito estroboscépico 40 projetar-se sobre uma janela, Tal fato pode constituir uma desagraddvel surpresa se 0 risco nfo foi considerado com anterioridade 4 momtagem dos aerogeradores. Quanto mais préximos os aerogeradores estiverem a uma casa o risco de sombras indesejadas € maior. De qualquer forma, devido a normas de emisséo méxima de ruido, a distancia minima & casa mais préxima € de 6 a 10 didmetros de rotor. Ademais, as sombras se produzem s6 durante alguns momentos do dia, em determinados perfodos do ano. A sombra se “

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