4 Ronaldo Correia de Brito
Galiléia Soubemos noccias do av6 Raimundo Castano bem antes da
tuavesia dos Inhamuns, A sade dele agravou-se ea festa de
aniveriia poderé nfo aconece.
Peaso em volar para 0 Recife, abedecendo a pres-
sentimentos de desgaga,receios que me invadem em todas
fs eunides da fami, Davie Isic] consultam-me com os
Glhos;temem que eu desista da viagem. Nao dependem de
‘im para continuar, mas sou eu que intervenho nas disputas
tne eles, desde quando rocivamos rebanbos de carneiros ©
fer caleanhar, numa tarde como esa
"Tudo se assemelha 20 pasado, até cs eaminosrepe-
tidos € 0 sléncio dos mores, faneasmas que andaram. como
Ando, anioso ede humor deprimido.
Hd algum rempo dijo © caro sozinho. Os primos
subiram na catroeria da eamionesa, expondo-se a0 sol © 3
posta do inal de ard, nam més de dezebo com presincios
‘Ue chuva. Tamanka belera & pura azmadilha, Precio de lentes
para abstrairo azul do ef, as nuvens de cinema épico
‘O calor me enfada. Fle vem das pedras que afloram
por todos os lados, como plans rasteea. Nada lembra mais 0
[Elfnco do que pode, sacria-prima do serio que percome-
‘aos em ala velocidade.
[De que mancta 0 primo Ismael arranjou dinhciro
pera comprar uma camioneta? E pergunta que ainda nto f-
‘eros. Deinamos pata mais tarde os acertos de contas final
fos juntamos depos de uma longa auséneia, Durance muito
tempo fomos apenas nota.
‘Observo as carmabas,esguias como o corpo do pic
‘mo Davi, ree a tarde doloross, cle fugindo mu, cobero 4
“apenas por uma camisa banca, © sexo 2 mostra, 0 sngue
correndo entre as pemnas, into a ndusea de sempre pavor de
‘nfo compreender nada, mesmo depois de anos de psicanli-
se. Desejo volta, acelto 0 caro, recuo na polcona. Rerorno
‘mais uma ver ao pasado, & cade em que ed aconteceu. Os
colhos congelados ns imagens de uma eimera xa, um trailer
de quinze ou vine minutos
‘Vou sir no asco do filme. Ngo queo prosseguit.
Prosignente campos de futebol de aes, margens co-
‘uns em estrada do Bras, Rapares se atracam em cima de
‘uma bla nds de tacape azasandoo inimigo. Ciades po-
‘ec, guaisem eudo:asigrjas, nas racas, num boteco aber
as moses. No porto rodovirio, um guard federal espera a
‘oportnidade de arrancar dinheiro de um mocoista infraoe.
‘Malher em morocietacarrga uma velha na garupa e cn
‘tts vacas magras, Dis mitos se deszem diante dos meus
thos, sum s instante: ovaquseo macho, encourado,¢0 ca
lo des histrae de hers, quando se puxavam bos peo rab.
Tmagino a casa dos meus avis dereubada por trots,
dando lugar a ura rodovia, © barulho forte das miguinas ©
ts luzes dos fnse me deixam aimpressio de que estou nowtro
plancta. Mas ndo eros, O Seto continua na minha frente,
tos lados, ats de mim, O asflt fede. J chore por caus
dessa frida peta, coreando as reas. Agora, me distaio com
os caros que passa,
‘Onde esti oe caminhos abertos pelos antigo, os que
clegeram ess tera para morat, trarendo tebanbose levantan-
do cure? Proc o ro Jaguarbe e ele € apenas um lito
de aca, lembranga adormecida de dguas que se recolhem na
seca, etransbordam renascidas na eta das chuvas
‘Que im evaram as drvoesde pore? S6 avis odeser
to cna, em um nico verde, O sok fino fim, aumento r-
{ios da nite Reluto em volar a Amneir,temendo o encanto °
‘om mina Faia, Sua hii eaciaem es a€culos de iso-
Tamento guardow-se em bas que nio arjam nunca, por mais
{que debandemos em buses de outros mundos cvilzados.
(Otho os dois iemfoe pelo espelho rerovsoe. A pele
_morena de Ismadl sobresaino fim de tarde, 2ccarz do ros-
a, as marcas que revclam sua orgem de indio Kandla. Davi,
‘© mais mogo, tem a pele alva€ os cabelos loros, enhuma
semelhanga com oir, Pazoo cartoepeco que descam para
cabine. Comecaaesfrar. Esti as pernas eos brags, slo ©
{grto, Os primosriem, me empurram brincando, gram mais
force. Aparentonormalidade, ajo como seestvese fz com 0
‘enconto ea viager.
Ismael asume 0 volane. Escureceu complevamente.
As flhagensihuminadas pelos farsi lembram um campo ne-
vado, Nio acho grasa na comparagdo, As chances de chegar~
‘mor antes das nove horas se toram remotas, por conta da
cestada ruim. Os jorais da tdevisio mosam 0 abandono
todos os dias, Podemos ser assltados na préxima curva, por
bbandidos armados de sifls, em camionetasimportadas como
nossa, Substtuirim as pastagens de gado dos seres por
plantos de maconha.
Dé pra colocar um CD? — pergunta Davi
— Depende da musica, F pagode? —beinca Ismael,
— Seti gosto musical pirou bastante, meu iimio.
refra vocé com um mara, fizendo pajlanca.
Tae! fica caldo, As eferécias a sua rigem o is-
‘am, embors sj impossvel excondé-la, Nio se envergona
dlo povo de Barra do Corda, por mais degradado que ese,
pore ni suport o desprezo da fails cearease Eaquecem
|que também so mesos de indios ucts
Diz um palaveio e aperta 0 volante. Imagino a ci-
rionetaatrada no abiemo ds préxima curva e Ismael dece- 10
pitado. Revjo a cena antiga, Davi correndo, a camisa branca
‘manchada de sangue, o av) Raimundo Caetano numa janela,
wiercoe como se asistise a um teen, co Salomio m0
weric da cs, io Natan atrvessindo a pores. Um cavalo
«4 vols, sangrando esporeado, O cavalia é Elias, o outro
iemdo de Dav. Nio visto Ismael.
Gato como se acordasse de un peadelo
—Volea para o Recife Néo queto i pra Galil, no
Ismael pra acamioneta no meio da piss me aha.
—Enlougueceu, Adonias?
— Cansei dessa brgas de familia e de banearo juin.
Davi procura um disco e pasa para mic,
—Fscutem umas sonatas de Scalt
Tu apanho o disco e enfio no aparelho de CD. Sem-
pre que ougo misca, imagino-me tocando e sendo aplaudido
0 final. A sugesto das sonatas éa de que chego a uma casa
que possui um piano na sala. Displicente, evento a tampa
do instrumento experimento a ainagao. Alguém pergunta
se su pianist, respond com flsa modéstia que sim, Sento
‘me e toco. No éxtase do som do carro, rsgamor os sets
«em alta velocidad: maravilha © mundo i fora, atenado por
‘um video fume e pelo controle de temperatura, Esquedi para
onde vamos. Sal de recitais. Na plata, os que cu mais desejo
impressions
Ruldos interfeem nos sons do mex piano. Davi joga
‘num brinquedoeletrnico,eaqucido de que nos impos a s0-
‘ates. Tomara que Ismael pare o carto€ dé umas bofeadas
ade.
Um solavanco na camionera, Quase fcamos num
brace.
— As estadas no melhoraram desde que o atepas-
sados wouxeram um piano do porto do Recife un
— Acho que exo pres, Ismael — comento meio
{rogue com o devancio musica. Imagino 0 instrumento fei
gl, encomendado na Prana, em cima de um carro de bois
— Sers que veio mesmo umm piano para esse fim de
‘mundo?
“— Meu pai garante que sim. Vamos aravessar o ta-
‘cho onde os bois atolatam com carga
‘A msca me dea maie rst cine. Relutei em vir
para. fst. Nenhum dos meus irmaos aceitou fzer vager
‘comigo, nem minha mie, ue anos néo encontra pai e Ihe
devia esa obrigago de fila.
"— Scalar escreveuasSonars para umaaluna, a prin-
‘esa Maria Bisbara filha de .Joio V. Ele no tinka a menor
pretensio de fazer grande musica, e Fer. Ela so bem dificis
Ae execute
— Voot toca Seats
—No momento, estou sem treino, mas toquel. Sto
sais de quinhentas pas, odas obra-primas. Ela surgiram.
de uma necesdade bem prossica: dar alas, Mas ess necesi-
dade nfo deixa de sera motivaco do artista crador.
TE estranho como 0 sol desspacee pido no sero.
‘Mal nos preparamos paras noite. Voam péssiror que dsco-
‘meso poss aravesam 2 estada, besouros batem no pirt-
Inst do carro, Nao idensfico nenham pio de ave, acima da
‘sca. Mes pavor aument, Para onde vamos? O primo Te-
mael nos conde. Sinto a gargantaqueimar, corpo quente de
‘bre. Fama absesio.
Porque vim?
‘Quanias vezes me pergunts isso? Nio consgo es-
tabelecer vinculo com os dois primos, um afeo que aude a
suportar a viagem, Se Joana estvesecomigo, seta mais fei
controle a angistia. Eu falaria dos meus rectos, ou de coisas
sparentemente sem sgaificad, para refazer os los com © ‘mundo, Mas ela preisou fica. Nio posto artanc-a do uae
balho sempre que dee. Nao é fic! largat os pacientes, 0
hospital © consultco, Ligo o telefone cellar, mas esté fora
dda dea de cobertura. Puxo conversa.
= Voctslembram os nomes das vores do serio?
= Eu, nenhum — responds Davi, — Sou absolu-
‘amenteignorante em botinica. Nio distingo mangucia de
— A florets maranhense eu ainda conbego, apesar
dos anos na Nowuega
A conversa precisa de um sopro para ndo se apagat
Davi, agora esirado no banco teeta, vokou ao joguiho,
clamacl mantém o ola fixo a estrada, ateto a curvas ¢
{08 animals que atravessam pista. Baixo o volume do som,
insito em trazélos para justo de mim, como se els foun
minha tdbua de néutragn,
— Mex pai exigia que eu memoczasse as plantas da
mas ea incapaz de reconbece as vores.
— Evoct ainda lembra de algum?
—Lemibro de todos, smal
Recite’ os nomes com orgilho da memsia € depois
‘ecai ma trsteza. © meu conhecimento me parca inti Nan
‘to use em nada, Atraveso os sertbesvslumbrando soesbras
‘gras 0 estos vegetais dessa memsti. Categue ess names,
‘como s fesse fantasmas, sentind-me culpado se os exqueia
les eam para mim como as mouries dos cura acruinados,
sem uso desde ques esvaziaram de vaca tous; ronco sali
‘ros, teimando em far dep no plan sem pastagens, sem
‘banhos, sem gente: Consernado, lembrei da fala Ela sin
«dase agara terra que fica easegurou pve, choje sobre
vive como um criaco de gene, que, mal nase, vai embors,
Ismael exultou com 2 minha lembranca. Gritando,
bate as mos no volane. A memria comiim nos aproxima.
fica Lagos que eu imaginava desteitos.
— Adonias, eu vou dizer os names das drvores que
‘onkepo. Sei detaes das fellas, dos concos e da floagao de ‘ada uma delas. No pense que essa lembranga € ind. Ela me
Serviu muito, no rempo que que prso na Noruega- Quando
‘io tnha nada o que Eze, eu imaginavaaflorsta, a plant
‘nhas mais bests. Escrevia os nomes num cadero, desenbava
as flores e choraa arrependido do rumo qu dei minha vida
‘6 dese jeito eu alvievaa depress,
‘Deine que falas.
= Qualquer hora desas, conto minha histria, Sei
que falar horrores de mim. Atéoaré Raimundo Caetano, que
me adogou e me dew nome.
'Pbs a mao diteita sabre a minha cara ¢ olhow para
mim, Os homens da fama costumam tocar o interlocutor
enquanto filam, O toque me provoca med, Nao mudaram.
fos meus sentiments pelo primo, desde que éramos pequencs.
Sincovontade de confiar nel, mas tro cir nua armadilh
Se aceditasse em meade do que os ts eprimos falam dee,
desceria do caro e contiauaraaviagem a pé.
Davi pee queen substitu odiseo, Agora nos empus-
rum RachmaninolE
= Voris alia sobre 0 gue?
= Sobee vores.
Sou analfabeso no assunt, ji disse
— Enid file de animais
lem vocts. Vou oust os prekidios. A alma de
‘Rachmaninoff era como esta noite, ela nunca penetou um,
aio de sol. Mesmo assim, eu gosto,
(0 tom solene destoa da figura fanina, da gia que 0
primp coacuma falar. Dé para pereber que cle recta um texto
decorado na escola.
’Passa um cazro em velocidade. A luz do farolumina
‘6 rosto de Ismacl. Davi joga no bringuedo cletbnico © et
tearo mais una vero celular. Continua fora de ira. Nes-
hota esaria em casa jantando com Joana e as ciangas,
fu endo no quarto delas. Tods noite cumprimos o ritual
de botélas para dormir. © mundo parece sem assombvos,
fom luzes acesas,tlvisi ligada, computadores, telefones
rocanda, Davi caiu no Sono. Diminuo a altura da misica, com
ceuidado pars no despertd lo.
Ismael acende um bastado, dé um trago longo, me
colha etimplicee, anes que eu manifese desejo ou repulsa,
extend para mim.
— Obrigado, néo fume.
— Base fumo € de Basra do Conds, abastecemos 0
Brasil com a melhor maconba.
[Ri alto, toca novamente a minha coxa, conraio-me.
Percebo os sinais da cuoria cannabis, e me dsponho um
now estigi de converst, Melhor que o silico e a msica
Extimas perma, alongoscalna,fgo exercicos par os alhos
cansados.Proponko assume 0 volunte, pois no coaio em
Débadose drogades drigindo,
“— Ficou com medo porque fumei? Calma, estou
scostumad,
—Falo como médica, Nao seguro.
— Relaxe, Comigo nunca des ero.
Davi expreguiga Hates,
= Quecheito ese? Tina que se Ismael! Vocés nso
respeitam nem 2 doenga do avd Ese ee iver mors? Vio
cgar pro enero asim?
"Fu nfo fumo, voc se.
— Vi dormir, maninho, vi! Voet é melhor compar
hia do muse quand dorm.
—E woot & perf quando esquece que ou exo
— Por favor, mudem o stip de Abel e Calm,
— Ni gorto de morals. Voc vi me dize, rio,
«que tocou de cabesa seca, no barzinho de Nova lonqu? Apos-
toque uta coisa bem mais peeaa. Ea, pel menos, 56 qucimo — Vi se dasar, Ismael! Que papo de macoakeiro!
Fale como vinks falando antes. Prefro gusndo é melovo. E
fique sabendo que nfo tquei em barsinbo, Pasatam una in-
formacio erada pra vot.
= Ah desculpe — ironizou Ismael. — Voeé rocou
num pub! Adonias, bra! Davi tocou mum pub de Nova
Torque, para meia dia de pirados.
—Nio wou aura ese carat Se le édoida sem maco-
‘nha, quando fusma seroma insuportével. Nio profane Rach-
‘maninof! Por favor, Adonias ire mea disco,
Retire o CD, coloquet-o na capae entrgusi-o a Dav,
aque votara 2 estia-se np Banco, fechanda os lhos. Ress
ria o anjo de pascio pla ter, Nao era sem motivo que t-
dos o prefriam a Ismael. Como se no bastassem sus naureza
_quieta, 0s eachos louros eof olhosvivos num corpo magro, a
aura de pianista viruoso enchia a familia de orglho, Herda-
mos um gosto afzado pela musica, um letiche por pianist,
desde que 0 nosso mais remoto antepassado mandars buscar
lum piano na Franc.
‘Ficamos em siaco,elhando cass delves apagaca,
com antenas parabdicar nas comeciras dos rlhados, Eram
‘bem poucas no planako extenso, muliplicando-se préximo
4s cidades. Desi baer & porta de uma delas, dar boa-no
‘els pessoas, xeretar o programa a que asstiam, Nio consigo
‘imaginslas aravssando a porta para os afuzeres nos curais
« rogados, depos dese incoxcarem de novelas, Desperados
pelt luz do fil, de ver em quando voam pissaros 4 nots,
frente, vos rasances,igeitos,
—Voeé disse alguma coisa?
Ismael me pede conversa, mas eu sb deseo olhar a
— Estava me distaindo com os nomes dos péssaros
lagu. Lembro de muitos, ms sou incapaz de econecer ma Fmagem, um caw, um nino, Four mem ini
und oo pra gl
oar quando for nesta.
Nes eno, Como mii, eu no peso ser
omes de pars
H Pjacucostumo lmbrade ado, fle de mina
pet
— por favor die para me comar ou i
Thc as fede com a ses. Apesar do temp
amen video genet «gota de acon como um
‘Sth. Taer sj as ocala anova gerade primes
Chose eto moreno, chao de marcas, recone a gens
CaS Tahaan Sino finn e repals pore mundo
ets. Ace quo rio, quandofgo nov cclhas Dark
S50 Reimundo Cactano sermon um bando de fos, fag
Suan unc das ade como a ves de ariago vom
rss Aca.
tnagino os nepassdo chegando gs Hoes
mules erangas no lobo de amis on 2p Hla paso
as ds imeino ecortiam mato bichos,Pese no edo
Tee eam di echas do dio de cab, dong. De 0
‘eyo poe dara to cio alhev ar nel
* Pera pov também so or banca de Bara do
Conta.
nino na su rigem, as cle lg que nfo cat
Coins com 0 disco. Fla da faaiassparceradas€
Cec, qu tomavam pose da era, kantva casts de
seprepaaamon dina campo, Armalhres se sconcan
{us decom Os macho pstorvam 35 esc, constelam
tah, penegulame macros indis Etamnbér se mata
‘Rin eer pel pose da er, pra cra sb ado,
Oe primates eens matavam 8 is, der
bean evens param a0 cadres po a il pe
‘Gatos papapioe que des caasen, Mas fia i pars
eetur or eho ea lou, ls no sabia a coms
sini da esti, com os fends de hoe, Aga
por ignorincia
Hi
eT Ube Teo 0 gado pé-curo que os antigostaziam. Felizmenteacon-
versa esfiou, Eu extava sem Animo para mas discusdes. Nao
Ime sinto seguro torizando sobre hisiria do Bra. Sou in-
coerente,ndo tenho posigoesfrmes.
ligado, os fbi acesos. Um cheiro bom de mato entrou pelo
meu nara, trazendolermbranca de nomes de plantas. Deeti 2
‘emia male eu boeamos o pau para fora. Davi afastou-
se devagat, como se fose embora, a camisa larga, costurada
para outro corpo que no o dele, balancando ao vento Araca.
Lembro o some dos vento: Teal, Aracati, Nondeste, Gra-
visina, Ismael mj forte. Os eavalos mijam asi, aixam as
pemnas erasers ¢dsparam um jet potene, furando 0 chi,
formando um racho que esorre para long. Sobe um chero
sufocante, Deleto a memra, novamence. Davi caminhs por
‘ima do acostamento mal conservado. Os fri pede uz
‘sobre ele, mas avisto quando baixaas cakas, expondo a banda
branes. Repee-se dante dos meus olbos a cena ante
‘Viro-me ¢encontto os olhos de lmae
— Eu nfo tenho nada 2 ver com isa! Ser que munca
io arena?!
“Entra ma camionera, barea porta com forga.Temo que
4 aeranque, passe por cima de mim e de Davi. Buzina, ¢ €
‘como o git de um plssaro estranho 3 paisagem e 20 silencio.
Davi no se move, & ama esctua de bunda descarada sob a
fu dos fais, Recormamas a0 ponto zero dalargada. Osclos se
desfazem, antes mesmo de se revomporem. Busco uma relagio
‘com © mundo, com a nic escura ea chava fina comesando.
smal acendeu um novo baseado. O cheito da erva
aumenta mink niusea. Desgo os vidros do caro. O prosrito
fssumiu o comando da expediclo, em nos consular se de-
Scjamos seule, Despe a camist efnjonio reparar no peito ‘ruiculow bordado de taagens, nos brags igualmente =
ads. Vir o roto para a estrada. Ni seguro a curiosida-
1de por muito compo, voko os olhos, quero vero rstante da
ecenago, o stripper arrancando o cinto da calga,abrindo 0
Ger e dcisando a cucca 8 mostra. Ele etende o digarro para
tom, sabe que no Fumo, mas insist alciante como rodos os.
“deménios. Davi no se moreu um centimesto do lugar onde
tava Sb ae roupas se agtam 20 vento com chuva
Vamos!
— Calima, no estou com presa de chegar a lugar
‘senha!
"—Seu imo vai se molhar!
— Nao tem 0 menor rise de que io acontya. Ele €
sum andre. I may be paranoid, but no andrei
‘Comegou a gritar os versos do Radiohead imitando a
‘gcinha fina de"Thom Yorke, Gumpsindo o que ev imaginara,
ssomin a regénca da orquesra, pondo para tar um CD da
Panda inglese no volume mais ako, Ligos o caro, pacia ©
freou junto do irmio,
“— Passagizo, estas de pavida para oiafermo!
Davi enttou em sinc, senrou-se, € quando olhei
pur rs ce jogsva no binquedo clenco, ausente do noso
fundo, Ismael canarolva “Pazanoid Android’, batendo as.
ntas no olan, Quando repetiaos versos ambition mae yon
Tok prety wy, Kicking guatng gc ile piggy lbava para
‘i como se eu fosse o pai Natan, Temi pela minha sanida-
Ge Conhecia a letra de "Paranoid Android’, desde o tempo
fem que est em Londces. Nea também se repetia 0 pico,
eto nz, ov
wT preciso nit tempo prasegostar de wa Inga.
a nunca me acostums 3 Noruegs. Dizem que cla & melhor
do que iso aqui. Bu no acho. O sero a gente trazn0s olhos,
fo sangue, nos romossomos. E uma doenca sem cua ‘A maconha chegava ao ponto rime. As portas da per
‘epee abriam co primo voltava afar como um so veh,
cdizendo faces intencionalmenteprofundas
(O ard de embrar nomes de vores péssaros no Fun-
ona. Tiler en tome um aslo, O edular ensouem rea,
poss falar com Joana, ouiras vrs dos meninos decompor es
Caine de camioneraem que vijo com esranhos que foram.
‘mens amigos primos de singue Sangue? Melhor no lemba..
‘Se to Josfl vise ao noo lad, exariamosrndo i garg
das, Também existe pete alegre e bem-humorada na fami
Quando ex for re, vod ser 0 primeira a ser colcado
conora a parede, com suas opinies totalmente inconegiene,
caneava Thom Yorke,
a a teccira ver que escutivamos 2 mesma musica,
« Davi ainda nto apesentara seus proertos& Suprema Corte.
‘Meu estmago registtou a seqiéncia dos rms um comego
dancante,Jembrando as moenas da Tha da Madeira eguiam-
scot mets pesados, depois un coro géico, ea loucura velar,
‘xnto sesentaquilimetrs por hors
= Voct quer noe matar! Dimina es vlosiade!
Pea enka surpresa, Davi comegos a cantar ako, fa-
‘endo coro x banda © 30 inmo, A chuva ea forte
‘A bands cancava cm inglés, eeu, que munca consegui
raciacinat era outro idioma al do matemo,traduia oe ver
sox una ea, chun ei, sor, ua, caisem mes de wut
ura bem ala, de wna altura bem ata. ale... Cova, cho,
ames cova em mim, de wma altura bem ala, de sma attra
bm lit. alis. Choos, chova, vena, chose mm!
celular rocou: Escusiavor de Joana o sina fugix.
Odie os dois locos, que abafavam com seus gritos uma vor
Jhumana, uma espenga de soscg.
— Aonde vamos? — ite acima de todos os ruldos
inguém me espondw naguele caro. As ves pare-
dam vindas de uma bare, dos encbrosos autos medivais:
Ao inferno! Ao inferno!
Ao infer, i de Castro
|
| ‘Oawd Reimundo Caetano mora na fizenda Gallia, state
iquinze quilmerros de Arncivis. Na cidade, ele posui asa
fara os domingos, as fess da ign, o Natal co Ano-Now.
‘Durante toda a vida praticon ur eatlicismo pagio, mista:
rando o louvor aos santos com creadicese superstigdes. Sem-
fee Fezou um treo 20 acordar, mas também ofeeca Fumo
F'Capora, quando casara. Proregiaa casa dos maus-olhados
ttirando sl gyosso nos seus quatro cantos, Os umbigos dos
nove fills leitimos fram enrerados na portsra do curr,
para que nenhum abandonase tra, ¢ todos se torassem
Fzendcts criadres de gado.O feiigo pogo em apenas ts
eles, Naan, Salomo e Josafl, que Fixaram moradia na fa-
‘ends, Nata costuma aftr e em viagens de coméeci, mas
sempre rewoena& Gali,
‘Ox mascates ibaneses chegados 20 Cearé nao tinam
parenrico de sangue com of Rego Casto, de Raimundo
‘Cactano, Famosos por cruzarem os erties de maca is cosas,
‘ondendo quinguilharias inimagindves esescomerianes de
‘pcendéncia fencia nfo se estabeleceram no planato dos Inba-
Thums. Or antigospatragcas da familia afirmavam que a nossa
Esa po tras eo desjo contri de abandonar tudo €cor-
rex mundo aforavinham do sangue que herdamos de crstos-
roves. Tie Salomo insist que somos um povo inacabadoy em.
permanente mobilidade, adaptando-se 20s logaes dstaes,
fs culeuras exces. A errinca eo nomadismo, 0 gosto pelo
oménco ¢ as vagensalimeatam © nosso imaginéio, 0 sen
iment de que pertencemos a todos os recantos € nenhum.
‘As tras do planalco foram durante muito tempo a rota de
CGganos ccomerciants, que seguiam as veiss doo Jaguaribe, Pr eas, também vieram os pastes com os seus rebankos,
apagando os rast dos nbmades, fincando mourbes ¢ levan-
‘ando relhados.
‘De acordo com o nosso tio, exstem das caregorias de
homens, 0 iajiantese os sedenttio. Os primeiros percorrem
ters distanteseeelatam as histrias de outras genes, quando
voltim a0 higar de origem, Os segundos, artesios, pastores
agrculores, ouvem as histras dos viajates e, enquanto
trabalham, pensam nels, De noite, sonham com as terms
‘que nunca conhecerfo, porque néo se encorajam a transpor
fs linites do mundo onde vivem. Com 0 pasar do tempo,
fdaptam 0s nomes desconhecidos 20 vocabulito local, os
principios albios aos seus, ede palavra em palavraretiam as
parravas. Surgem fibulas, novelas ¢ romances conforme os
Sonos ¢ as necesidades de quem narra. To Salomao garan-
te que dessa maneira se formaram as lendas da familia Rego
‘Casto, sobrecudo as ques referem ao nosso pasado ibérico
ccholandés.
‘Mauitosjudeussefardtas que Fagiram da Iba para a
“Holanda mudaram-se para Pernambuco na comitiva do conde
‘Mauricio de Nassau, « ali viveram a salvo de prseguigdes,
‘com rua de comérciae snagoga, até serem expulsos com 0s
flamengos. A lei foi implacivel com os deus vehos e aque-
Jey que, depois de convertdes 20 cristanismo, judaizaram.
Em poucos meses, 4 forescente comunidade judaica se des:
fer, Poot, nos interiors cearenses, contava-se como verdad
Inabalivel que muitos cristos novos fugram a essa expulsio,
cembrenhando-sesertio adeno, dando otigem a dezenas de
familias com o sobrenomes Pino, Nunes, Castro, Alvares,
Mendes e Fonseca, embora afirmem que no mundo ibéico
‘no se dentiicam judeus plo sobrenome.
(Os historiadores recusam essa didspora pemambuea-
a, mas na familia Rego Castro ganhou fama um antepassado
ro décimo gu, de quem se conhecia no apenas a cidade de
trigem em Porsugal, como os detales de suas andangas €s0-
FRimentos.Tratava-se de Francisco Alvares de Castro, ascido
‘em Bragang, cidade famosa como um dos principas centros do cripojudatsmo portals, até comerarem as pescguises
« jalgamentos nos autos-deé do Sagrado Tribunal da Inui
fo. Habiwadoausaruma mscara dante do mundo asim
Jar ser um ernto na rua e em casa vver ds mancira como 0
seu povo transmitira, Francisca de Casto a familia se expt-
‘ham is denncascomansnaguee vero. O brag dala
Guslicaabateava o planeta e posuia eos nas eaberas dos
cinco desde cada mao.
( imaginiro ft ds sertanejosriavenou a histé-
a dese homem, semelhame a milhaes de outros judcus que
chegaram 3 Peninsula Ibérica por vla do séeulo onze. Para
tio Salomfo,ojudafsmo era uma forma de vee 0 mundo, dese
insti sobre ee, muito mais do que oculko a uma rigs.
‘Um conjunto de tradgbes que resistin ao remo. Eas eis,
que mais tarde descobri stem de Yosef Kaplan, aguavam a
curiosdade sobre © antepassdo que aos devescis ans rei-
dia na Espana, na cidade de Malaga, para onde fugira em
tousca de clandexnidade, De Malaga sequin para Osuna, ©
depois Alcali, onde exudou ats, sofia, teologia e medi-
ina. Escapu 8s investigates sobre su putea racial, nm
cxame médico em que se convaou que fo ea circunciado,
(0 ges simbalico, eeambém rel, de um eisto-novo adeir
20 judaemo era submeterae crcuncso, por maiadiacada
aque fone aidade do aspirate. Ti Josafégarancia que via
dessa heranga jdaica a imporcinca qu divamos 20 costume
de quebar 0 cbresto, solar a fco © 0 prepcio de glide,
deixando- iv, que frlamos sorinkos nos masturbando,
‘ou nas rincadias coma cbras. Nenhum sacerdote no ju
dlava a iniciasio 3 vide ada, Fssas conjeturas, sem funda
rent, si tipieas de nasa formasoapressada, Levantamos
hipéteses sobre ado, eorizamas,fazemos histraescilogia
pics, confndimosfabulagzo com cénia.
rancsco Aare de Castro ast & peste de Mala-
2, em que morreram milhares de pesos. Foi aprsionado em
Sevilha pea Inuisiio, logo depois bert Transformou-se
‘num judeu errant, eenou a vida em Cid, novamene em
Seva, € por kimo em Vacs, onde meoteram a epe- “ange devearse do medo eda dissimulago que mascaram
aanatsténla: Mas os sftimencos w diminuiram quando cle
‘Sonu os lugares que supunha amar, ama pica imaginads
eras de Espanta e Portugal. Fugix para a Fran, © eH
“eangou a Holanda e liberdade,
“Tio Salomio descobriu nas letras pesqubas que 2
narativa Faeasiosa do nosso antepassado nada mis ea do
ea isi eal de wm iste penonagem ds communiade
Fadaica de Amsterdie Baltazar Alares de Casto, que mudou
rome para aac Onin de Castro aps cegar 3 Holand ©
Foleizar Enquanto vagou sem destino, ce contri uma for
veycra de sabedaria maior qu as ies devoradas nas wives
ales a convicedo de que ers um homem live no pensacrto
ina fe: Reconbeccu que as quatro gerags que 0 separavam
{Lespuas organs nao fram bastante para fxbo diferente do
aque ers, um jeu.
Havla pontos em commum ere a dua hina, mas
tio Salomao garanta ser impossvel tatarse da mest pes
we A ida de fac Ordbio fo cela de utase proezas it
Bese de exonoa & wa religio quando encontrou vm meio
Enodive para no. Francisco Alvares de Casto permanece
aeeaesngvo,e acrescenow A sua culcra judaica 38 mists
Go Now Mando, de indigenas, africancs ¢ quantos povos S¢
‘embenbharam por sets €2gFSES.
( golpe de misericdia nes fantasia foi dado por io
“Salomo com base em documentos. Iuae Ordbio de Castro
nen ven pata Bras, Foi septa no cemitro da Con-
{etasto Jusio Portuguese Talmud Tora, em Oudetkethe
er Fialanda, no ano de 1687, Portanto, Francisco Isic ear)
rion ber ditintas Nowo co se pergunrava ce que maeira
Pen que intengao as duashistrias foram eruzadas. Todos
‘sepeund seoyeqa “soqraiyy
sues] 9p vp tee on -ypeud nano soe au 3 5E909
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Srempre men epeeour oj mupad eno
* “eango a pared do agude, ao 0 corpo, Ismael puna mints
Frame deabo na gua, agora cle wena sr ¢ 600 Ps
ae na brncadera até que Finalmente sai, deto-me sem
fBlgo meu corpo braco sm goruras macbucido nas e+
tir sinto dor, $6 enlevo quando Ismac] pouss 2 cabesa em
specs quadise dlcadarene estende a mio ¢ roca mis
festa Rimos. Noss corps convulsivs se acalmam, meg
Tham ma placer da noite, das dguas sem remoinhes: Davis
TGnep pans de nis, bem proceido nas vse rownas, canta
rola um poema que musicou
Reramoto brago dirito sob a cabesa e sonho nunca
sais evant dali. A uz fraca dala ince veil sobre nos
sos corps Rio.
Iso ainda é bonito
—Asveusé
Davi caneaola outra cango, parece um ied es,
'Nés vamos mesmo pars um. aniversiio?
Vamos, Ismael, Ua avers que virou funeral
cho que estamos adiando a chegada,
— Tale
— Entio, vamos vol!
56 deseo iso! Mas nfo poso.
T Brincadia! Ea sek que rio podemos. O a¥6 nfo
netece tanta ingrtidao.
are ado mercemas a angistia de rover &
Galli.
as eno fsse po sv, munca exstiria esa noite
é continua inchado?
env nos meus artelbos
‘Rimos. Ismael sen, coca o meu pé dito,
cha cist Deita novamente,
“— Vooé tina quantos anos?
Git. Veet, onze. Eu i no morava na Galli
sha ido de fran, O a8 trouxe voct do Maraniio. Tio Navan
emis se de Gio porque cleo repistrou como filho. E eu nia
‘Tamprcendin coma vos rxnara mio do prépri pal O39 “4
teneava me explicar. Voc passvafome com seu povo kanla
[Nio esudava, nzo sabia ler ainda. Natan aio o reconbeceu
con filho, Pr ee fihos eram Fliase Davi do casarento com
‘Mazina, Voeé era um estoevo, 0 fruo das brincadeias cc
‘uma india. Sins, Mas a mie pedis ato Jos que reveasse
‘ido a Raimundo Cactano, ede foi basco, Acho que desea-
‘vase redimit do que fer com as dois fils de Tereza Aro.
— Ni file! Ninguém na familia crea nesshits-
tia do av0 com Tereza.
Eu acredito.
— Que meméria a su, eu nem lembrava mals!
— Bu ndo eaquego nada, Esc é0 meu castigo.
— Eu queri tera sua memeria, recordar cu.
—Néo queira Ha cobra um prego alo. Esquecer €
smelho
Bu parego squece, mas rudo se guarda dentro e
surge nos impulsos descontrolado, Sou capaz de marar quan
do sinc iva.
Fuse
= Quer fumar
Nilo! Maconha embota « memes
— Disa pra it Nao preciso, agora. Acho que se vocé
‘etivesse sempre junto de mim eu io fumava.
‘— Ora, que convert! Tenho cara de represor de
rmaconheira?
‘Rimos, Meu quad! comegava a doer com o peso da
‘cabega de Ismael. Minhas costa taraém se machucavam nas
pedras. Secu pedis a0 primo pars se afisar de min, ele
ferpretatia como uma recusa asus pessoa, Deixcime fcar
‘como estava, Nao fossem as doves, ss pesenca que me turva
(0 gozo.. Lembramas de Davi, mas ele nose ligava em ns,
emendava uma cangdo noua, alheio ao que se pasava entre
= Vact 6 tina oito anos?
—%,
— Eu achava yoo? um sbio endo livros, conversan-
do com o av como se fosse um homem igual ee, 5
Bis mora de iva de woot ¢ Bad. Nao moneava
‘cvalos nunca me confaram a guarda dos rcbanhos. Me cha-
‘mavam de mofine, ¢ mesmo nome que davam aos boregos
docnes, sits pla mae,
"Ha, he, hal Mofino! Fes iso, mofino! Um em-
pregado careegavavocé nos ombros, os espinhos machucavam
eas pé, 0 pelo da capim provocavacocsiras, Adonas, voce
(Ga um caso perdi, Raimundo Caetano flava que voc nas-
‘era par of lives, e promt,
“Mas woot jurou me leva unco pra pastorar as ove-
thas, na Macambir, 0 paso mas loge da favenda. Esa re-
‘sou, eu craria problemas, Oav8batianele ecm Jac, quan
‘donio rabalhavam dizsio, Adotou os dois meninos, mas nfo
registron como fos, Eles nio gozavam as mesma realias
aque voré, um new de sangue,
"Dei um pido de presente a Esa pra ele deixar voce
— Voce sempre foi generso, no tinha apego 2
ada,
Continue
Simos de madrugada tocando as ovelhas, tantas
aque nem lembro 0 niémero. Levavamos pagoca de eames ra
padura, quejo gua em cabacas. Coriamos de um eanco
para oaeo. Esai cagava com tim bodoque, eu espantars 0
pasarinhos, De tarde, quando juntivamos o rbanko, psc
bum too de vote eo extepe aravessou meu pé. Vocks nfo
Coneguiam arrancélo, nem ct, caminbar. Escurceu, N&&
‘horévamos com medo de ong ¢ de uma sura de chore. O
tebanho se dspersou ninguém juneava, por mais que cor
fesse de um lado pars outro, Fi voc? quem sugeriu dexat
ts ovelas ecuidat de mim, que sangrava. Os dois me eare-
garam nos brags, Néo congo lembrar de que et, sei que
Xggamos em exsa, Raimundo Caetano deu orden a mora-
Adres para trazeem 0 rebanho ao curl, €arrinco o
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