medida que o rito a representao de uma ao divina e eficaz (veja o item
anterior), seu ator ou seus atores tendem a realiz-lo com exatido para que ele seja realmente a repetio de uma ao divina ou a realizao do prescrito pela divindade. Por isso os ritos costumam ser inamovveis, podem perdurar durante geraes, inclusive quando os mitos correspondentes j mudaram. Nesse caso os ritos perdem o seu valor simblico, decorrente de sua relao com o mito, e fossilizam-se como simples "forma" tradicional ou social. Essa fixao aprofundada quando os ritos esto assegurados por uma srie de normas a respeito de sua execuo (as "rubricas", assim chamadas porque eram escritas em vermelho, latim ruber). Desse modo, chega-se ao "rubricismo", ao cuidado meramente formal da ao ritual em detrimento da ateno ao mito (ou querigma) intencionante, que sua essncia significativa. O ritualismo sacraliza o prprio rito em vez de expressar a sacralidade que permeia toda a ao. No fundo, a ao divina transignificada rebaixada a um condicionamento de normas humanas exteriores. Alm disso, o ritualismo oferece "segurana" ao ator humano (sacerdote ou grupo participante): a exatido da execuo do rito equivale a um resultado infalvel. Fonte: CROATTO, J. S. As linguagens da experincia religiosa: uma introduo a fenomenologia da religio. So Paulo: Paulinas, 2001. p. 329-392.