Você está na página 1de 2

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Centro de Cincias Jurdicas e Econmicas


Instituto de Economia
Cincia Poltica - IEE
Nome: Matheus Manchester

DRE: 113053958

Resenha Marcio Pochmann


Em suas duas obras consideradas, Marcio Pochmann faz uma anlise minuciosa dos dados
referentes economia brasileira das ltimas dcadas. Seu objetivo em faz-lo minar o pensamento
que tem tomado conta no pas em grande parte pela estrutura miditica: o de que existe uma
enrijecida nova classe mdia no pas.
O autor afirma que houve, de fato, melhorias no padro de vida na base da pirmide social.
Aps a anlise da transformao do conceito de classe mdia, ele considera os progressos
realizados. O salrio mnimo apresentou ganhos reais, novos empregos (muitos deles formais)
foram criados em comparao s dcadas passadas e os gastos sociais se elevaram sensivelmente,
levando a uma queda da taxa de pobreza na ordem de 40%. Nos ltimos anos, a insero da mulher
no mercado foi significativa, alm da incluso de pessoas no-brancas na fora produtiva brasileira,
dentre outras caractersticas. O avano na classe trabalhadora at comparado ao crescimento
europeu aps a guerra. No entanto, afirmar que o fortalecimento dessa classe configura a ascenso
de uma classe mdia incorrer em erro.
Existe um fator simblico nos moldes de Jess de Souza presente nessa opinio de que o
Brasil possui uma nova classe mdia. possvel que essa ideia sirva para alienar a classe
trabalhadora, de forma que ela se sinta definida pelo seu novo padro de consumo, que teoricamente
estaria longe dos moldes de sua verdadeira natureza. Este novo consumo se caracteriza pela
aquisio de bens durveis, como geladeira e computador. No entanto, Pochmann no economiza
em crticas ao afirmar que tal consumo foi impulsionado atravs da expanso de crdito bancrio.
Pochmann, ento, analisa os dados acerca da renda, faixa etria, gnero, raa e tipos de
trabalho - como o temporrio - para afirmar que, a despeito de todos os avanados conquistados, a
classe trabalhadora ainda , essencialmente, base da pirmide social brasileira. Uma das razes

pelas quais ele afirma que no houve o surgimento de uma nova classe social, muito menos de uma
nova classe mdia, a considerao do surgimento de novos postos de trabalho. Mais de trs
quartos dos empregos gerados nos ltimos anos oferecem remunerao de at 1,5 salrio mnimo.
Ou seja, enquanto a fora produtiva absorveu grande parte das classes sociais mais marginalizadas,
sua integrao no incisiva o suficiente para ser considerada uma classe mdia. Pochmann reflete
que um fator que permitiu o crescimento da base social brasileira foi o aumento notrio nas
polticas compensatrias de mais de 70%.
Considerado os dados expostos, claro afirmar que no existe uma nova classe mdia no
pas. As estruturas produtivas ainda esto engessadas de forma que a ascenso social ainda no
possvel em larga escala. No entanto, com novos padres de consumo e integrao de grupos
marginalizados na fora de trabalho, pode-se afirmar que h uma nova classe trabalhadora.

Você também pode gostar