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Txi

Deram ao cachorrinho o nome de Txi. Com tantos nomes disponveis, logo foram
escolher este! Mas ele no se importava.
Txi! chamavam.
E ele vinha, a dar ao rabo, sempre contente.
Mas eram os donos de m qualidade. Gostavam de brincar com o cachorrinho, pois
gostavam, mas quando o viram crescer e transformar-se num grande co disseram:
O Txi s est a estorvar. No podemos mant-lo c em casa.
Abandonaram-no. H gente assim, sem corao.
O Txi viu-se no meio de uma rua, com grande movimento, e desorientou-se.
Cheirou o ar e no deu com o caminho de casa. Nem valia a pena.
Supomos que o Txi suspeitava que j o no queriam. Tinha de conformar-se. Ia ser
um co vadio, um co de rua, um Txi sem dono nem passageiro.
Txi chamaram, perto.
Ele acorreu ao chamamento.
Sai daqui, co enxotou-o uma senhora, que ia a apanhar um txi.
Txi chamaram, mais adiante.
O co no se fez esperar, mas um senhor cheio de embrulhos, que ia a entrar num
txi, deu-lhe um pontap.
Ele no percebia. Chamavam-no e logo o rejeitavam. Gente esquisita.
De desiluso em desiluso, foi ter a uma praa de txis. Mero acaso. Um motorista,
que estava espera de fregus, partilhou com ele uma bucha com queijo.
Como te chamas? perguntou-lhe o motorista por perguntar.
Se ele pudesse responder Fosse como fosse, talvez por afinidade, foi-se deixando
ficar. Os motoristas acharam graa alegre pressa com que ele se levantava dos quartos
traseiros quando algum pedia um txi.
c dos nossos diziam.
E adotaram-no. Continuava a ser um txi livre, sem dono, mas protegido por uma
quantidade de amigos.
Afinal, o nome Txi sempre lhe valera para alguma coisa

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