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SEXTA-FEIRA
Jesus sabia bem que não era tempo de figos e que a figueira não tinha
frutos, mas quis ensinar aos seus discípulos, por um episódio que nunca
esqueceriam, como Deus viera ao povo judeu com fome de encontrar frutos
de santidade e de boas obras, mas não achara senão práticas exteriores sem
vida, folhagem sem valor. Os Apóstolos aprenderam ainda naquela ocasião
que qualquer tempo deve ser bom para dar frutos.
II. AS PALAVRAS DE JESUS são fortes: Que nunca mais ninguém coma
fruto de ti. Jesus amaldiçoou a figueira porque encontrou nela somente folhas,
aparência de fecundidade. Teve um gesto insólito para que o ensinamento
ficasse bem gravado na alma dos discípulos e na nossa. A vida interior do
cristão, se for verdadeira, faz-se acompanhar de frutos: de obras externas que
beneficiam os outros.
“Obras é que são amores, não as boas razões: não posso recordar sem
emoção essa carinhosa censura – loucura divina – que o Senhor gravou com
clareza e a fogo na alma de um pobre sacerdote, enquanto distribuía a
Sagrada Comunhão, há muitos anos, a umas religiosas e dizia sem ruído de
palavras a Jesus com o coração: Eu te amo mais do que estas.
“É preciso mexer-se, meus filhos, é preciso fazer! Com valor, com energia
e com alegria de viver, porque o amor afasta para longe o temor (cfr. 1 Jo 4,
18), com audácia, sem timidezes...
“Não esqueçais que, se se quer, tudo vai para a frente: Deus non denegat
gratiam, Deus não nega a sua ajuda a quem faz o que pode”3.
Se a nossa vida interior for autêntica, mediante um trato íntimo com Deus
na oração e nos sacramentos, traduzir-se-á necessariamente em realidades
concretas: em acção apostólica intensa através da amizade e dos vínculos
familiares; em obras de misericórdia espirituais ou materiais, conforme as
circunstâncias de cada um; na colaboração em tarefas de educação que dão
uma visão cristã da vida; na assistência e companhia a doentes e anciãos que
se encontram praticamente abandonados... O campo é imenso para quem
sente deveras o aguilhão do amor de Deus.
(1) Mc 11, 11-26; (2) São Beda, Comentário ao Evangelho de São Marcos; (3) São Josemaría
Escrivá, Carta, 6-V-1945, n. 44; (4) cfr. J. D. Chautard, A alma de todo o apostolado, FTD,
São Paulo, 1962, pág. 82.