Você está na página 1de 1

O dia de Eduardo

Eduardo Jurandir Laudo Noronha Duarte Jucelaine de Pullman estava voltando da escola e
precisava fazer uma ligao urgente. Quando tirou seu celular do bolso, viu que ele estava
descarregado. Desesperado, comeou a procurar uma sada. Nesse momento, saiu dum beco
um mendigo danando empolgado. Edu achou estranho e se afastou, quando viu do outro lado
da avenida um orelho. Como o semforo estava muito longe, resolveu atravessar ali mesmo.
Olhou atentamente para os dois lados, e viu que no tinha nenhum carro vindo. Porm,
quando ele ainda estava no meio da avenida, um exrcito de carros surgiu do nada, velozes e
furiosos! Assustado, Edu comeou a correr para no ser atropelado. Se jogando e finalmente se
agarrando a uma rvore, ele conseguiu chegar ao gramado no meio da avenida.
Respirou, largou o tronco e foi tentar atravessar a outra metade. Mas no parava de vir carros!
Ele passou horas e horas esperando, at que adormeceu. Quando acordou, a via estava
deserta. "Finalmente vou conseguir atravessar!!!" Porm, assim que tentava colocar o p para
fora, os carros assassinos voltavam a surgir. Ele ficou indignado! Percebeu que no conseguiria
sair dali to cedo.
Anoiteceu, ele sentiu frio e pensou em fazer uma fogueira. Lembrando do que havia aprendido
com seu pai, Jurandir, que no est mais entre ns, Edu pegou um graveto e comeou a
esfreg-lo num gramado. Depois de um bom tempo, uma leve fumacinha surgiu, ele tomou
flego, assoprou, mas tudo explodiu na sua cara.
Como no comia nada h um bom tempo, Edu estava vido por algum alimento. Viu uma linda
flor, cheirou-a e a devorou cruelmente. Olhou para a rvore e arrancou um naco do tronco. De
repente, um pssaro pousou em meio a seus tnis. Olhou sofregamente para a pequena ave e
resolveu fazer um churrasco... de tnis. Sendo vegetariano, Edu nunca comeria um animal.
A falta de nutrientes comeou a lhe dar alucinaes, e o rapaz se viu jogando damas com um
aliengena. Infelizmente, o bicho no sabia jogar e comeu o tabuleiro.
Quando Edu estava desesperanado, j conformado com sua morte, algo divino aconteceu: o
cu se abriu e um anjo mascarado desceu sentado num balano. Ele puxou uma prancheta,
olhou para a avenida, e com um gesto fez brotar do cho um semforo e uma faixa de
pedestres. Incrdulo, ainda surpreso com a estranha criatura, atravessou lentamente o resto da
avenida. Ao se dar conta de que estava livre, esqueceu da sua ligao urgente e comeou a
danar que nem um retardado. Sem tomar banho h vrios dias, com a cala rasgada, sem
tnis, com a barba por fazer e se balanando daquele jeito, ele ficou parecendo o mendigo que
havia visto no incio da histria.

Você também pode gostar