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Pela primeira
vez em 500 anos há movimentos rumo a uma verdadeira independência e
separação do mundo imperial. Países que historicamente estiveram
separados estão começando a se integrar. Esta integração é um pré-
requisito para a independência. Historicamente, os EUA derrubaram um
governo após outro; agora já não podem fazê-lo.
A América Central está traumatizada pelo terror da era Reagan. Não é muito
o que ocorre nesta região. Os EUA seguem tolerando o golpe militar em
Honduras, ainda que seja significativo que não possa apoiá-lo abertamente.
A ilusão de Obama
A eleição de Barack Obama gerou grandes expectativas de mudança para a
América Latina. Mas são ilusões. Sim, há uma mudança, mas o giro é porque
o governo de Bush foi tão ao extremo do espectro político estadunidense
que qualquer coisa que se movesse iria para o centro. De fato, o próprio
Bush, em seu segundo período, foi menos extremista. Desfez-se de alguns
de seus colaboradores mais arrogantes e suas políticas foram mais
moderadamente centristas. E Obama, de maneira previsível, continua com
esta tendência.
A história se repete com o tema de Cuba, onde, por mais de meio século, os
EUA se envolveram em uma guerra, desde que a ilha ganhou sua
independência. No princípio, esta guerra foi bastante violenta,
especialmente com Kennedy, quando houve terrorismo e estrangulamento
econômico, ao qual a maioria da população estadunidense se opõe. Durante
décadas, quase dois terços da população tem estado a favor da
normalização das relações, mas isso não está na agenda política.
As “reformas” de Obama
O mesmo ocorre na política interna. Os assessores de Obama durante a
campanha foram muito cuidadosos em não deixá-lo comprometer-se com
nada. As consignas foram “a esperança” e “a mudança, uma mudança na
qual acreditar”. Qualquer agência de publicidade teria feito com que essas
fossem as consignas, pois 80% do país pensavam que este andava por
trilhos equivocados. McCain dizia coisas parecidas, mas Obama era mais
agradável, mais fácil de vender como produto. As campanhas são só
assuntos de técnica de mercado; assim entendem a si mesmas. Estavam
vendendo a “marca Obama” em oposição à “marca McCain”. É dramático
ver essas ilusões, tanto fora como dentro dos EUA.
Mais do mesmo
Os meios de comunicação estão um pouco surpresos de que esteja
regressando para o ponto onde sempre esteve. Reportam, é difícil não fazê-
lo, mas o fato é que as instituições financeiras se pavoneiam de que tudo
está ficando igual a antes. Ganharam. Goldman Sachs nem sequer tenta
esconder que depois de ter arruinado a economia está entregando
generosos bônus a seus executivos. Creio que no trimestre passado
reportou os lucros mais altos de sua história. Se fossem um pouquinho mais
inteligentes tentariam esconder isso.
Isso se deve ao fato de que Obama está respondendo aqueles que apoiaram
sua campanha: o setor financeiro. Basta olhar quem ele escolheu para sua
equipe econômica. Seu primeiro assessor foi Robert Rubin, responsável pela
derrogação de uma lei que regulava o setor financeiro, o que beneficiou
muito a Goldman Sachs; assim mesmo, ele se converteu em diretor do
Citigroup, fez uma fortuna e saiu justo a tempo, antes do desastre. Larry
Summers, a principal figura responsável pelo bloqueio de toda regulação
dos instrumentos financeiros exóticos, agora é o principal assessor
econômico da Casa Branca. E Timothy Geithner, que como presidente do
Federal Reserve de Nova York, supervisionava o que ocorre, é o secretário
de Tesouro.
Um lugar interessante
O elemento central do neoliberalismo é a liberalização dos mercados
financeiros, que torna vulneráveis os países que têm investimentos
estrangeiros. Se um país não pode controlar sua moeda e a fuga de capitais,
está sob o controle dos investidores estrangeiros. Eles podem destruir uma
economia se não gostarem de algo que esse país faz. Essa é outra forma de
controlar povos e forças sociais, como os movimentos operários. São
reações naturais de um empresariado muito concentrado, com grande
consciência de classe. Claro que há resistência, mas fragmentada e pouco
organizada e por isso podem seguir promovendo políticas às quais a maioria
da população se opõe. Às vezes isso chega ao extremo.
O setor financeiro está o mesmo que antes; as seguradoras de saúde
ganharam com a reforma de saúde, as empresas de energia ganharam com
a reforma do setor, os sindicatos perderam com a reforma trabalhista e,
certamente, a população dos EUA e do mundo perde porque a destruição da
economia é grave por si mesma. Se o meio ambiente é destruído, os que
mais sofrerão serão os pobres. Os ricos sobreviverão aos efeitos do
aquecimento global.