O quarto e ltimo captulo do livro O Jovem rei encantado da Ana Paula Torres
Megiani nos trs a apresentao do Desejado, o famoso messias lusitano, o D.
Sebastio, jovem e futuro breve rei de Portugal (1554 - 1578). O captulo nos mostra o medo e o imaginrio portugus sobre o futuro de Portugal no questionamento sobre quem assumiria o trono portugus (ameaado pelo possvel domnio espanhol). Aps a morte do prncipe Joo (1537 -1554), nico herdeiro do rei D. Joo III, o medo se instaurou com mais intensidade em solo lusitano, fazendo com que se formasse um contingente maior de procisses e viglias por toda Portugal e cuidados intensos sobre a jovem que gerava o herdeiro, D. Joana de Castela. A crise da sucesso do trono apenas colocou mais responsabilidades do ento frgil herdeiro D. Sebastio, que como reflexo da sociedade tradicionalmente religiosa e coberta do sentimento messinico que sempre perpetuou sobre os reis, absorveu sua responsabilidade de Desejado desde sua infncia (educao jesutica) at o dado momento de movimentar tropas em busca de renovar a paz sobre seu tradicional povo eleito na luta de Alccer-Quibir (1578), aonde viria a desaparecer. Apesar de seu desaparecimento em campo de batalha, D. Sebastio iniciou uma era de esperana em Portugal (e at mesmo de resistncia futura unio ibrica), inaugurando o Sebastianismo, se assemelhando ao messianismo cristo que espera a volta de seu redentor para instaurar um reino de paz e justia para os seus, justamente isso que esperava o povo portugus que coberto por este imaginrio, acreditava e esperava o dia que aps o trmino das batalhas seu rei voltaria de seu descanso triunfante e os acobertaria de paz e justia. possvel observar o imaginrio portugus que criou foras pelo seu contexto instvel, com quedas na exportao de especiarias e o medo da perda (que viria aps D. Sebastio) do trono para os espanhis. Assemelha-se ao contexto brasileiro, no somente o do sculo XVI, mas desta poca para a ps-modernidade, h um envolvimento deste sentimento ao nosso, pois, sempre se deposita uma confiana governamental a um determinado candidato, seja ele religioso ou poltico a responsabilidade de nos trazer a to sonhada utopia, ou seja, a paz e justia que como nossos antepassados lusitanos tanto esperavam.