Você está na página 1de 4
palavra deslze,desencarmada de saberes que ndo sejam da sua propria verdade. ness sentido que clinica psicanalitca, dentro da institu de saiide piblica, pode favorecer o desdobramento das narrativas de "um sujeitojé tao aprisionado pelo seu sofrimento, pelo seu sintoma A incidéncia da psicandlse numa instituigio que busque ainterdsciplina- ridade produz como efeito nfo o apaziguamento, a acomodacio entre campos conceituais distintos, mas talver a possibilidade de superacio de impasses,justamente pela possbifidade mesma de lidar com a ker dade, dando legitimidade aos diferentes ciscursos que implicam a priti- cadinica,na sngularidade de cada caso. Ou, melhor dizendo, suportaro no-sabido que a clinica nos convoca a trabalhar, o qual nenuma té- nica consegue contornar. Referéncias ‘CORSO, Dan. Os cagafaneasmas Rete da Assocag Pua de Pat Ale 7 O snr ra infil Porto Alege, ano 7.13890 1997, 6577 COSTA, Ana Pensando sore alguns tras da picandlie, Cro da APPOA. 0 tnabalo sobre Send, Porto Alegre. 1.48, ana 13, a. 2006p. 11-14 FIGUFREDO, Ana Cristina Vstas cans ectendiontesimpeftasa clink anata no cnbuatv pie Rio ani: Relume Durr 197. GUEREDO, Ana Crikng TENORIO, Femando, O dagndstio em pigs € sands, Revita Lainoariana ce People Funder So Paulo, aS. ma. 2002, p.29-48, LERUSALINSKY, Aledo. eras So Paulo USP a e Vid, 2001 p68. ___- Mulsciptina, incerdscipina, wansicipina no trabalho elnio com ‘anes srt da Crag, 2 ed, ano 3, n.3. Porto Alege, Cerro Udi Coit 1997, 939-44 LACAN, 0 semindria Lie 1: Os quatro concstes fundamen da pscansive (0964) iw 1. Rio de anc orge Zaha, 1998, [MANNON Maud A cing tardada eu m2 ed Sk Pal: Mains Fert 1996 Um saber qu nos sabe a experince ania Campinas Papi. 1889 VORCARO, Angela. Crienas na price clinica, sini ag ail Rio de + nsr:Companhia de Freud, 1998 Uma clinica aberta Ana Costa’ {J&se tornaram corriqueitos 0s testemunhos sobre praticas de psi canalistas em ambulat6rios, hospitals, postos clinicas de instcuigdes pablicas de sade, ou mesmo clinicas universiéras Esas prticas tra zem indagagées sobre suas condiges de exercicio, bem como sobre sua especfcidade sustentadas a partir de um percurso de formaco como analistas. Em dtm instincia, a indagago mais interessante ase fazer é qual a contrbuigdo que a psicandlise pode dar aqui, visto que classica ‘mente sua formacio se dirige a0 consultério particular? Denominaremos clinica aberta mesmo que essas priticas jé te ham recebido diferentes nomeagies,tais como a de clinica ampliada, por exemplo, Aberta, aqui, inspira-se na proposigéo lacaniana de con- junto aberto, como um conjunto que define o Outro do lado femini- ‘no da sexuagio, Em seu semindrio de 1973, Lacan? se dedica a pensar 8 interigagio entre a assergdo de uma posicio sexuada e as diferentes estruturas de gozo, ligadas a constituicéo do campo do Outro. Define o £8020 feminino, por exemplo, como relativo a um conjunto aberto, sem ‘limite da defnico fica. O interesse que nos leva fazer tal aproxima fo dizrespeitoa questoes corriqueirasa essa clinica, em que a temética da abercura e a dficuldade da constituigio de enderegamento fazem parte de seu cotidiano, Desdobremos um pouco esses pressupostos, Ji est estabelecidae reconhecida ~ desde Freud ~ a transeréncia ‘como um elemento operador da clinica psicanaltica.Portanto, jd temos "Picasa Membre da APPON Dour em Pcl PLCS Profesor tanta ERiaitra dose Af ds meme. (EC de Feud Cro eta (Reume Dur, Tesuagom mas carport Casa sigs) Sone: ore ahr) at anmcosaart avangado bastante em seu entendimento, assim como na producao de trabalhos que 2 estabelecem como um conceit desde as proposes lacanianas. A transferéncia néo constitui somente a confianga em al- {gum que saberia sobre as condiges dos padecimentos sintomiticas daquele que se queixa de um padecimento qualquer. Muito mais que isso, ela constitu hipétese de um sujeitoa um saber que se estabelece ‘apartirdofuncionamento da pulsio. Ou sj, sem a constituigéo de um “sujeito a esse saber, ele funciona “sozinho”. Esse saber resulta de certa ‘equivaléncia entre a maquina das pulsées e a méquina da linguagem, ‘Num principio, tanto a linguager quanto a pulsio sto insrigdes que ros vém do Outro, precisando de um percurso para que osujeito aise constitua. Ou sea, priori & um saber sem sujlto, sendo esse 0 sent- do da alienagéo a essa mdquina. A atrbuigdo de um sujeito aesse saber — que Lacan denominou sujeto suposto 20 saber ~ condensa toda a importancia do trabalho na transferéncia Importa sublinhar, nesse tema da maquina, as diferentes formas, com que Lacan tratou dsso.aolongode seu trabalho, No inicio, adquiriu gvande relevncia sua ligagao com o tema da repetigdo: automatismo de repeticio ele 0 designou, na referéncia ao atrelamento do sujeito & cordem simbélca i estava colocado em germe.o que ee iré propor pos teviormente como a ordem dos discursos. (Os dlscurs0s produzem entropia,que é um fechamentonas estru- ‘tras que os determinam. € dessa manera que a emergéncia do sujeto vai se dar na rlacéo ao discurso especifico que suporta o lugar desde conde sefala.Osueito ~ produzido numa referéncia linguagem — nao ‘o1mesmo seesténa referencia 20 discurso do mestre, ou da universida- de ou dahistérica, ou do analisa...Ou sea atransferencia, numa clinica iiblica, seestabelece por relagioa esses discursos, ea condigao de uma singularizago precisaratranspor diferentes tempos da experitnca pro- dduzida pelos mesmos, CCabe distnguir a formulago freudiana sobre a transferéncia da- «quela proposta por Lacan, Nao se trata de “purismo" conceitual, mas de pressupostos que diferenciam trabalhos clinicos. Em Freud, ela se situa cexclusivamente do lado do individuo que procuratratamento. Com La- «anya transferéncia assume outro tipo de inclinagéo, dizendo respeito também 2o analistae endo resultado de sew engajamento no laco pro: duzido. Esse aspecto é fundamental para que se posse avangarna ctinica deque nos ocupamos aqui A dificuldade na construcio da transferén- clanio ¢ somente do paciente, mas também de quem o escuta. ‘A transferéncia inscreve uma borda num lago discursivo em co- ‘mum no lugar da qual pode advir osujeito do inconsciente.€ssaborda dizrespeito’aconstrugdo das condicées desse aco, daquilo que modu- ta.um gozo “em comum’, 0 que nos leva & entropia dos discursos sicu- ada anteriormente. A referéncia a isso que se produz em comum tem importéncia, na medida em que essa clinica abertatraz uma questo particular com relagao &excluséo do sujeito do inconsciente. Somente ‘numa condigao de transferencia 0 gozo da exclusio pode ser inscrito como repetigdo. Ou seja,como hipétese de um sujelto no automatismo derepetigao. ‘A faceta destacada acima raramente é abordada, sendo mais cor- Fiqueiro apontar a dificuldade do paciente na producio da transfe- rncia. A estrutura discursva em causa, que permite que o trabalho se ddesenvolva, vai organizar fatalmente uma série de pactos institucionais,

Você também pode gostar