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Liaise 3. anos (Pererestkko pe EAR PUBLICR A TEIRODGIA CHITICO™ 5 1S, Ses THLS: Loyous, 206 [19851 SOCAL YO) CONELY MetoreloGia I TENDENCIAS PEDAGOGICAS NA PRATICA ESCOLAR (°) ‘A prea escolar consisto na concretizago das condigées ‘gue essoguram a reallzagto do trabalho docente, Tals cond (0es nilo se reduzem ao estrtamente “pedagopicn”, J que & escola cumpre fungbes que Ihe s20 dadas pels scledade con. ‘rela que, por sua vez, apresentase como consticuida po ‘lasses socials com interesses antagonlens. A pritica escolar, ‘assim, tem atras de si condicionantes soclopalitions que con ‘iguram diferentes concepeies de homem ¢ ce sociedad conseqdentement, diferentes pressupostos sobre o papel da escola, aprendizagem, relagSes professonaluno, téonicas De- sagogieas ete. Fea ciaro que o modo como os professores reallaam seu trabalho, selecionam © organlaam 0 contaido as matdras, ou esoothem tenleas de ensino e avaliago tern ‘8 ver com pressupostos tedrioometodolégicas, explicita ot Impliciiamente, Uma boa parte dos professores, provavelmente «malo: a, hasela sus pritia em preserigdes podagoricas qe re Tam senso comum, Incorporadas quando de sua passage pela escola ou transmitidas pelos clogas mais veihos; entze- fnto, essa pratiea contée pressupostos todricos impiletos Por outro lado, ha professoresIntereseados num trabatho set at : oa conte mals consegllente, professores capazes de perceber 0 ‘sentido mals armplo de sia prética e de expllltar sas convic (es, Tolusive hit aqusles quo co apegam a ima tendéncia (de moda, sem maiores euldados em refletir so essa escolha tard, de fato, a respostas que procuram, Devesse salientar, tinds, qua ce contetdos dos curses de lleencatura, ow no fncluem 6 astudo das correntes pedagdgicas, ou giram em tor ‘no do toorias de aprendizagem @ ensino que quase mines Vm ‘correspondéncia com as situagbes concreias de sala de aula, ‘bao aludando os professores a formar um qusdro de refe: ncla para orientar sia pratica. Em artigo publicado em 1981, Saviani desereveu com ‘muito propriedade cortas confusées que se emaranbam na teabega de professores. Apss caracteriaar a pedagogia tradi onal e a pedasgogia nova, indica o apareclmento, mais Te fente, da tendéncia tecnicita das teoras ceticoreprodut Sistas, todas incidindo sobre professor. Ele escreve: "Os profescoree tém na cabeca ‘9 movimento e os prinipios da seola nove. A Tealidade, porém, nfo oferece aos professores ‘condigdes para instaursr a escola nova, porque & realkdade (Go que atuam é tradicional. (.-.) "Mas 0 drama do profes: Sor ho termina al. Avesse coniradgdo so acrescenta uma Sutras elem de constster que as conaigoes concretas no orrespondem & sua erenea, © professor se vé pressionado pela pedagogia oficial que preys a racionalidade e a prod Evrae do-sistema edo eu trabalbo, Jsto 6, 6nfase nos meine (tocnicismo). (..) Al esta 0 quadro contraditério. tin gue se encontra o protestor: sua cabepa 6 escolanovist, {redildade € tradicional (.--) rejelta 9 tecnicismo porque Sentese violentado pela ideologia ofleal; nfo acetta a linha Critics poraue no quer Teesver & denominagie do agente ‘epressor"-* Face a essas constatagées, pretendesse, neste texto, fazer tum levantamento, ainda que precaro, das tendnclas pedag’- fleas que timese frmado nes escoles pela prtica dos profes Sores, fomecendo uma. breve explanagio dos pressupostos tedricos ¢ metodeldgioes de cada ua H necessdrfo esclarecer que a5 tendéncins nio sparecém em sua forma pura, nem sempre seo mutuamente exclusiva, nem conseguem captar toda a riguesa da prética concreta, ‘Sto, aide, ee Hmitagies de qualquer tontativa de classiice- ‘ho, De qualquer modo, a clasificagio © deserlgio das ten ‘Senelas poderse funcionar como instrumento de andlise para ‘0 professor avellar sua prética de sala de aula Uiilizando como eritério a pasiglo que adotam om re Jaglo nos condicionantes sociopoltios da escola, as tend ‘as pedagdpioas foram cassiicedas em liberals e progres stan a eaber: ‘A -— Pedagogia Uberal Da tradicional 2 — renovada progressivsta 2 renovada niodletivs 4 tecnieata 1B — Pedagogia progressista 1 iberteaore 2 ibertiia 8 enitioosccia dos contetos A. PEDAGOGIA LIBERAL. © termo sberal io tem o sentido de “avansado”, “de toordieo", “aborta’? somo costuma sr usado. A dostrina {orl aparece como jostifienio do sistema capitalist qu, to efender a predomianda da iberdade e dos interessee {alviduals na Bociedade,estbeleoeu uma forma de organi Siglo socal bareada na’ proprieade privada dos mulos de Fre atti dat sae de aa Pe goes bert, portant, 6 uma maniferiagso propria. desse {ipo Je socedade. see A ediueagho brasiletra, pelo menos nos iltimos cinglenta, ‘anos, fom sido marcada pelas (endenclas Uberais, nes suas formas ora conservadora, ora Tenovada. Evidentemnente tais tandéneias se menfestam, concretamente, nas priticas esto lares e no ideGrio pedagéeieo de muitos professores, ainda aque estes nko so ddem conta dessa influenci, ‘A padagogia Uberal sustenta a idéia de que a escola tam por funcio preparar os Individues para o desempeno de apéis socal, de acordo com as aptidoes individuals, Para feo, of individuos precsama aprender adaplarse a0s va lores © hs normas vigentes na sociedade de classes, através do desenvolvimento a. cultira individ Inente, a educagio Uberal iniciouse com a pedagogla trad clonal'e, por razdes de rocomposigio da hegemonia da bur- ‘Rissa, evolutt pera a pedagogla renovada' (também eno. frinada escola nova ou ava), que nfo sgnificou a subst ‘tigdo de uma pela outrs, pols ambas conviveram © convi- vem a prea escolar. Na tendéncia tradicional, a pedagogia teral se carac teriza por acentuar o ensino humanistico, de cultura geral, ‘no qual o aluno 6 ecucado para atingir, pelo proprio esforo, sua plena reallzeguo como pessoa. Os conteddos, 08 proved. entos didaticos, a relagio professoraluno nto témn nennurna Tolagdo com o cotlaiano do alto e muito menos eom as Tee Iidades socin's 12 precomindneis da palavra do professor, ‘das regres impostas, do cullivo exclusivamente intelectual. ‘A tendéncla tberal renovada scents, fgualmente, 0 sen Lido da cultura como desenvolvimento, das eptiddes’ indivi uals. Mss a educagto ¢ um processo interno, nfo extern; la parte das ‘nocessidades ¢ Intorectes individuals neoeset os para a adaptaglo ao moto. A educasdo € a vida presente, 6 patie da propria experiéncia humana. A escola renovnds Dropée um ensino que valorize a eutoedueagio (0 aluno ‘como sujet do conhecimento), & experiéncia direta sobre fo melo pela allvidade; um ensino eentrado no auto © nd ‘grupo. A tendéneia liberal renovada apresentae, entre nds, fem Guse versGes stintas: a renovada.progrestvista”, ot Dragmatista, principalmente na fora difunaide pelos pic- Relros da scelcagao nova, entre o# quais se destaca, Ant Slo Telzeira (devese destacar, também, a infivéncia de ‘Montessori, Deeroly e, de certa forma, Piaget): 2 enovada nlodiretva, crlenteda para os abjetivos de. autoreall (Gesenvolvimeato pessoal) e para as relagbes Interpes: Ti Disiescto,“progretvieta" vem, de “edento proerenie erm dade ar Ani Fern pera ae net Gx noes Hey (un egiraia steaks? cm Snape Ee tadigos ine sence Sens Sede teat ain ewe Als n soais, na tormulagio do psicslogo norteamericano Cat] Rogers ‘A tendéncla liberal teenieista subordina a educagio & so sledade, tendo como fungéo a preparscio de "recursos manos” (mio-deobra para a industria), A sociedade indus trial ¢ teenoldpia estabelace (eientifcarsente) as metas eco ‘ndmieas, socins e politicas,» educagdo trene (também clen tifcamente) nos alunos os comportamentos de ajustaraento 4 essas metas, No teeniismo acreditese que a realidad con- {tm em st suas propris lls, bastando aos homens descobr! Jas © aplictias, Dessu forma, 0 essencial nfo € 0 eonteddo ‘a realidade, mas ae tenis’ (forma) de descoberta © ap. acl, A tecnologia (aprovellamento ordenado de recursos, com base no conbecimanto clentifieo) & 0 melo eiess de Obter @ meximisagio da produgio e gerantir wm stimo funclo rhamento da soeledade; a educagio 6 um recurso tecnoldgico por exoeldnela, Bia“ encarada coma um instrumento cabs fe promover, sem contradict, o desenvolvimento econérico Dela quaifieaeio ds maodecbra, pela redstribuicho da Ten fs, pelo maximizagio da producto e, ao mesmo tempo, palo Aesenvotvimento da ‘conscléncla poles’ indispensével&ms- fnutengio do Estado autoritirio” Usiease besieamente do fenfoque sistimico, da toenologia eduoscional e da andlise ex perimental do. comportamenta 1. Tendéneta Hera! tradictonal Papel da escola — A atuagio da escola consisto na pr pparagia intelectual e moral dos unos para sesumnir sua po ipso na socledade. 0 compromisso a escola € com cul fra, os problemas socials pertencem i soeledade. © camino cultizal em divegdo ao saber @ 0 mesmo para todos os alu ‘bos, desde que se enforeem, Aasim, os menos eapares devem Inter para superar sons ificaldades e conquistar seu huge? shinto ace mala eapazes, Caso nto consigam, devern procura? {6 ensino mats protisionatizante Contesdos de ensino — So os conhecimentos ¢ valores socinis acumulados pelas geragdes adultas © repassados a0 —cushtint A RUENZER « Luckie B.S. MACHADO, "Peseeoge epistles hs, cas as lun como verdades. As matéras de estudo visam preparar 6 also para vida, 280 determinadae pela soctedade © Orde: hadas na legisiagio, Os conteddos sto separados da. expe- ‘énoia do alma # dts reslidedes socais, vendo palo Yor Intelectual,rasto. pela qual s pedagogia tradicional ¢ ert: fda come intelectualista ¢, As vezes, como enciclopédics. Métodos — Baseiam-se na exposicio verbal da, matéria e/ou demonstragio. Tanto a exposiego quanto a andlise io fetas pelo professor, observados os seyulntes passos: =) preparagéo do aluno (definigao do trabalho, recordagio da Iatera anterior, despertar interesse), b) sprecontacto (real 2 de pontos-chave, demonstragio); ¢) assoclagio. (combl: hnagio do conhecimento novo com 0 jd conhecldo por com: [paraoto e abstragio); a) zoneralizacéo (dos aspectos partion: Ines chega se a0 concelto geral,¢a exposigio sistematizada: 2) aplicagio.Cexplieagio de faigs ndlelonais e/ou resolugees fe exereclas). A énfase nos exercfetos, na repetigho de com fesitos ou férmulas na memorizacho visa dsciplinar a mente fe tormar baits. Relacionamento professoralune — Predomina a autor dodo do'professor que exige atitide receptive dos alunos © Impede” qualquer comunicapio entre eles no decorrer da ful. © professor transmite © contigo a forma de verdede ser absorvide, em conseqtncia, © discipline imposta 6 0 ‘meio mais efleax para assegurar a atencio e 0 slénco, Pressupostos de aprendizagem — A isin de que 0 en sino consiste em repassar os conhosimentos para © espiito 4a enianga @ acompanhada de uma outra: a do que # cape ldade de assimilagto da crianga identioe & do adult, ape thas menos desenvolvida. Os programas, ent, dever ser ‘daos murma progressto Idgica,estabelocida pelo adulto, sem evar em conta aa carscteristlces proprias de cada idado. A sprendizagem, assim, € receptiva e mecinica, para 0 que se recorte freqitentemente & cose. A relengio do material en sinado ¢ garantida pela repeticio de exereicios sistemiticos f recapitulacio da matéria. A transferéncia da aprendizagem Gepende do tren; @ indispensdvel a retenpfo, a fim de que Svaluno posta respendar as ituagSas inoves do forma somo Thante bs respostas dadas em sllagées anteriores. A avalla cho se di por verificagSes de curto prazo.(interrogatsrios ‘rats, exerccios de cash) e de prazo rats tongo (provas es: rites, traahos de casa). O reforgo €, em geval, negative Pa ‘panigao, notes batxas,apslos nos pals); AS veses, 6 postiva (emulagdo,clasifcactes) ManifestacSex a préticn etcolar — A pedagogia liberal tradicional ¢ viva e antante em nostas esoolas. Na desericho| fapresentada aqui incluomse as escolas religiosas ou Tels ‘Guo adotarn uma orlentagio elisleo humanista ou uma orien {apie Rumanoclentifica, sendo que esta se aproxima mals ‘4 modelo de escola predominante em nossa historia edit ‘aeional 2, Tendéncla Uherat renovada progressiista Papel da escola — A tnalidade da escola 6 adequar as ne cessidades inaividuais a0 melo socal, para lss0, ela deve ‘Se orgunizar de forma a retratar, o quanto posevel, vida. ‘Tosovterdispbe dentro de x mesmo de mecunismas de adap fagso progressive ao malo © do uma conseqQente integracio esses formas de adaptagao bo comportamento. Tal Integra ‘elo se dd por meio de experitncas que devem satistazer, 20 {neamo tempo, os Interesses do aluno © as exigolas socias. escola eabe suprir as experitncias que permitam ao aluno feducarso, mum procasso ativo de construgio Teconstrugio 20 objeto, uma interaggo entre estruturas.cognitivas do fnaiviio e estruturas do amblente, Contedidos de ensino — Como o conocimento resulta da gio a partir dos ineresies ¢ necessidades, os conteidos do fino sto estabelecdos em fungéo de experiéncias que o Sujet vivencla frente « dasatios cognitivos e situagtes pro- Dlemtices. Dise, portanto, muito mals valor aos processos rmentais © heblidades cognitivas do que a contedos organt zades racionalmente. Trata-se de “aprender a aprender”, Stja,¢ mals importante 0 processo de aqulsicéo do saber do que 0 saber propriamente dito, ‘Método de ensino — A ldéia do “aprender fazendo” est sempre presente, Valorisamse ‘a tentatvas experimental, fa pesquisa, a desooberta,o estudo do meio naturale soctal, 8 metodo de solugto de problemas. Embora os métodos vt Fem, as escolas ativas ou navas (Devtes, Montessort, De troly, Cousinet e outros) pertem sempre de atividades’ ade fguadis & natureea ao aluno © as elapas do seu desenvot Mento. Ne maforia Gelas, aeentuase a importancia do traba Iho em grupo no apenas come téenica, mas como contigo ‘siea do dasenvotvimento mental, Os pastor bios do ine todo alivo si0: a) colocat 0 aluno numa situacko de expe. “éncia que tena um interesse por sl mesma: b) © problema Gove sor desafiante, como estimulo a reflesi; ¢)' 0 aluno eve dispor de informagées e instrugtes que lhe permitam pesquisar a descoberta de solugtes; a) solugbes provissrias flevem ser incentivadas o erdenndas, com a ajuda disreta do professor; e) devese garantir a oportunidade de colocar as solugées & prova, a fim de determiner sus wtilidade para vida, Relacionamento protessoraluno — Nio hi lugar privi- logiado para o professor, antes, su papel 6 mula © desen- ‘olvimento livre e espontineo da erianca; se intervém,€ para ‘ar forma ao raciocinio dela. disepiine surge de uma to- ‘maida de consolénela dos lmlies da vida grupal assis, lun Aiscipinado € aquele quo. é solidtrio, partiipanta, respet tador das regres do prupo, Para oe garantir umn cima harino- nloso dentro da sala de aula ¢ Indispensével um relaions: mento. positivo entre rofessores ¢ alunos, uma forma Instairar e "vivéneis democrstien” tal qual deve ser a vida fm socledade. Pressupostos de aprendizagem — A motivagio depende fs forga de estimulagto do problema e das disposigbes tn ternas'e interesses do aluno. Assim, aprender se torna uma ‘tividede de descoberta, # uma autosprendizagen, sendo © lmblente apenas o melo estimtlador. & relido.0 gue se i ‘corpora a atividade do atuno pela descoberta pessoal; © que {Incorporado passe a compar a estrutura cognitiva para ser fmpregedo em novae situagies. A avaliagao @ fiuida e tanta Ser efi & medida quo os esforeas e os éxites sto pronta © explicttamente recontecidos pelo profesor. ‘ManifestagGes na pritica escolar — Os principlos da pe ddagogia progressivista vém sendo difundidos, em larga esc hos cursos de Heenciture, © muitos professores soltem su Inluencia. Entzetanto, sue splicacso @ redusidssima, alo somente por falta de condigbes objetivas como também por- ‘que se choca com uma pratiea pedagogica besicamente tra. ‘icional. alguns métodes so udotados em ebeolss particule Fes, como © metodo Montessori, 0 mélodo dos cantros de inerasse cs Decroly, o mastoda de projetos de Dewey. O et ‘sino baseado na pelcologia genética de Piaget tem aga acl. 6 tagio na edueagio préescolar. Pertencom, também, b ten

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