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FACULDADE PITÁGORAS DE UBERLÂNDIA

MATHEUS JONES ZAGO

RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO: J.A.E.


PRODUTOS ALIMENTÍCIOS CONGELADOS LTDA.
(SORVETERIA SÓ DA FRUTA)

UBERLÂNDIA

2010
MATHEUS JONES ZAGO

RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO: J.A.E. PRODUTOS


ALIMENTÍCIOS CONGELADOS LTDA. (SORVETERIA SÓ DA FRUTA)

Relatório de Estágio Supervisionado


apresentado ao Curso de Graduação em
Administração, da Faculdade Pitágoras
de Uberlândia, como requisito parcial
para a obtenção do título de Bacharel
em Administração.

Orientadora: Prof. Esp. Rosilene A.


Morais (PITÁGORAS)

UBERLÂNDIA

2010
1 INTRODUÇÃO

O ambiente altamente competitivo, aliado ao fenômeno cada vez mais amplo da


globalização dos mercados, exige das empresas maior agilidade, melhores performances e a
constante procura por redução de custos (CHING, 2001).

Teoricamente, a administração da produção envolve o mesmo conjunto de


atividades para qualquer tamanho de organização. Entretanto na prática,
administrar a produção em organizações de pequeno e médio porte possui
seu próprio conjunto de problemas. Empresas grandes podem ter os recursos
para destinar profissionais a desempenhar funções organizacionais
específicas, o que geralmente não ocorre com empresas menores. Isso
significa que as pessoas podem ter que executar diferentes trabalhos,
conforme a necessidade. (SLACK, 2002 p. 33)

Com o passar do tempo, verificou-se que locais inadequados ocasionavam um alto


custo para as organizações. Segundo Moura (1997), a armazenagem tornou-se uma estratégia
das empresas para reduzir o custo dos produtos.
Assim o tema deste relatório é a análise de custos de estocagem de uma indústria de
pequeno porte com gestão familiar, produtora de sorvetes e produtos congelados. É sabido
que as empresas nos últimos anos têm dado maior importância a este estudo, pois a redução
de custos é uma vantagem competitiva. Segundo Michael Porter (1980), uma empresa pode
conseguir vantagem competitiva sustentável por meio de custos, diferenciação ou enfoque.
Mesmo quando a opção da empresa é pela diferenciação, os custos não podem ser esquecidos.

O objetivo deste estudo é elaborar um plano de custos para minimizar os gastos


indevidos no processo de estocagem da Sorveteria Só da Fruta (J.A.E. Produtos Congelados
Alimentícios LTDA) e propor soluções de melhoria. Ching (2001) estabelece que os níveis de
estoque e as suas localizações são apenas uma parte do problema do controle de estoque.
Quanto maiores as quantidades estocadas, maiores serão os custos de manutenção. Quanto
maior for a quantidade do pedido, maior será o estoque médio e mais alto será o custo de
mantê-lo.

O estudo se justifica uma vez que é vital para o funcionamento de uma empresa saber
quais estratégias devem ser utilizadas para garantir um bom desempenho na área de
estocagem, e uma redução de custos durante o processo de armazenagem.
2 A EMPRESA

Ainda longe dos números registrados nos Estados Unidos e em alguns países da
Europa, o consumo de sorvete no Brasil, segundo consultores de varejo, cresce a cada ano. De
acordo com dados da Associação Brasileira da Indústria de Sorvete (ABIS, 2008) o setor
reúne cerca de 10 mil empresas no Brasil e faturou US$ 836 milhões em 2004. Os dados
preliminares de 2005 revelam um aumento na produção e no faturamento, que já atingiu US$
839 milhões. Finlândia, Dinamarca e Noruega o consumo de sorvete é em média de 30L
sorvete/ano, já no Brasil esse número é menor, 3,5L sorvete per capita. Nos próximos anos
esperam-se um consumo de 8 a 10 litros por pessoa ao ano. O consumo de sorvetes no país
atingiu 954 milhões de litros por ano (2008) e o consumo por habitante teve alta de 23,27%.
A Associação Brasileira da Indústria de Sorvetes prevê, para os próximos dez anos,
necessidade de investimentos no desenvolvimento tecnológico e em novos estudos
nutricionais para manter o mercado aquecido.
A J.A.E. Produtos Alimentícios Congelados Ltdm, representada pela marca Só da
Fruta, é uma empresa familiar de pequeno porte que atua no mercado de Uberlândia e região.
Possui em sua linha de produtos: sorvetes, picolés, tortas, bombons de sorvetes e petit gateau.
Possui um mix com mais de 100 sabores diversificados de picolés e sorvetes. A empresa atua
no setor de varejo e atacado, possui parcerias em Uberaba, Ribeirão Preto e Monte Alegre. A
sorveteria Só da Fruta iniciou suas atividades em 2005, num bairro localizado na zona sul de
Uberlândia, com uma produção artesanal visando atender os moradores do bairro Karaíba.
Logo em seguida instalaram-se no centro de Uberlândia onde hoje produz os seus produtos.
Sua missão é satisfazer os seus clientes e produzir seus produtos com alta qualidade. A
sorveteria é composta por 8 funcionários que realizam atividades de produção, limpeza, caixa,
gerenciamento de estoque, vendas e atendimento a clientes e fornecedores.

DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES

A sorveteria é composta por três sócios (irmãos) e possui gestão de uma empresa
familiar de pequeno porte. A empresa possui outros cinco trabalhadores em seu quadro de
funcionários: um funcionário responsável pela limpeza do ambiente e organização do local,
esse funcionário obrigatoriamente não participa da produção para não contaminar qualquer
produto produzido seguindo as Normas da ANVISA (portaria nº 326, de 30 de julho de 1997
da Agência Nacional de Vigilância Sanitária Anexo 1 itens 5 e 6). Três funcionários são
responsáveis pela produção, executam tarefas de pesagem de ingredientes, seleção das frutas,
manutenção das máquinas, produção de sorvetes, picolés e armazenamento dos produtos. Um
funcionário responsável pelo caixa, atendimento a clientes e organização do local, (esse
funcionário também não participa da produção seguindo as Normas da ANVISA).
Um dos sócios é responsável pela parte de marketing e venda de produtos. Outro sócio
é responsável pelo financeiro da empresa e o último sócio é responsável pela produção.

A atividade desenvolvida no estágio foi executar um papel de auxiliar administrativo:


efetuar transações bancárias, controlar a entrada e saída de produtos e matérias primas no
estoque, zelar pela higiene, limpeza, conservação do ambiente, realizar e atender chamadas
telefônicas, anotar e enviar recados. Atender os clientes em geral, receber, entregar, levar e
buscar documentos da sorveteria, acompanhar entrega de produtos, emissões e recebimento de
notas fiscais.

4 DIAGNÓSTICO SITUACIONAL

O planejamento é fundamental para o desempenho da empresa, pois com o


planejamento estratégico a empresa não só aumenta as chances de sucesso como também
contribui para melhorar sua relação com clientes, funcionários e fornecedores. De acordo com
Júnior (2008) é necessário, que as empresas busquem adotar metodologias de trabalho que
sejam dinâmicas e que lhes proporcionem maior competitividade, velocidade e baixo custo.

A sorveteria não possui um planejamento formal, e sim um planejamento intuitivo e


pouco formalizado por parte dos sócios que possui características de uma organização simples
com uma gestão centralizada. Observa-se os sócios suficientemente próximos aos seus
empregados, para explicar-lhes, no momento adequado, toda e qualquer mudança de direção.
O Planejamento reduz incertezas, diminui riscos, otimiza o tempo de execução das tarefas,
maximiza a utilização dos recursos e demarca pontos de controle para a verificação do
andamento da realização dos trabalhos. Com o planejamento a empresa cumpre todos os seus
compromissos com seus clientes, fornecedores e funcionários. Por se tratar de uma empresa
de porte pequeno, a sorveteria procura manter uma boa relação com essas pessoas.
A sorveteria analisa a opinião das pessoas utilizando degustação de seus produtos em
locais públicos, realiza também testes para checar a qualidade de picolés e sorvetes. Utiliza
em sua produção, matéria prima diferenciada, frutas selecionadas e equipamentos adequados
para uma produção de qualidade.

A Só da Fruta é uma empresa de pequeno porte, não se observa barreiras na


comunicação entre funcionários, a comunicação é feita de forma direta e a informação é
passada dos sócios para os funcionários através de diálogo.

A empresa não possui um setor de recursos humanos e recrutamento definido. Os


gerentes são responsáveis pela contratação de funcionários, assim como orientação para todo
o treinamento de produção e vendas. A sorveteria conta com a ajuda de uma empresa
prestadora de serviços que proporciona a oficialização, desligamento de funcionários, férias,
décimo terceiro, obrigações trabalhistas, seguindo as normas do sindicato da indústria de
alimentos.

A sorveteria oferece bonificações e aumento no salário por mérito de seus


funcionários, essas medidas são as principais responsáveis pela motivação destes. Observa-se
que elogios por parte dos sócios também motivam os trabalhadores durante a execução de
tarefas. A carga horária dos funcionários é de oito horas diárias, com descanso de 1 hora para
almoço, e um descanso semanal, horas extra e feriados a empresa segue corretamente os
padrões da CLT (Consolidações das Leis de Trabalho no Brasil).

A empresa oferta seus produtos com base no mercado e na concorrência. A região de


Uberlândia possui muitos produtores de sorvetes, os principais concorrentes da sorveteria Só
da Fruta são: Frutos do Cerrado, Pistachios e Bona Fruta, que também são empresas
especializadas na produção de sorvetes de diversos sabores. A diferenciação de produtos, a
qualidade na fabricação e o preço acessível para seus clientes, tornam a sorveteria uma
empresa competitiva no mercado de Uberlândia. Os gerentes são responsáveis pela
estipulação do preço dos produtos, toda a parte de produção, vendas, custos, gastos com
produção, energia, aluguel, transportes e entregas é controlada.

A utilização de folders e panfletos facilita a divulgação da sorveteria na região de


Uberlândia e é a principal forma de propaganda da empresa. O marketing boca a boca
também é muito utilizado, por tratar-se de uma empresa familiar. O aluguel de um ponto
localizado no centro da cidade facilita as vendas e o marketing da empresa, pois é um local de
fácil acesso (localizado na av. Getúlio Vargas) e grande circulação de pessoas e carros.

Para o controle de seus clientes e fornecedores, a sorveteria utiliza pastas para o


armazenamento de dados. Compras, vendas e informações (nome, endereço, telefone, email)
são registradas nessas pastas, assim os sócios podem conferir informações importantes
referente a seus contatos, preços e produtos vendidos. A sorveteria não cadastra clientes que
compram na loja pequenas quantidades, apenas cadastra os revendedores que compram em
grandes quantidades. Esses revendedores recebem uma tabela de preço diferenciada dos
clientes normais, o preço é mais barato, porém o revendedor deve fazer o pedido com
antecedência, para evitar o esgotamento de estoque.

A maior parte da receita da sorveteria Só da Fruta vem das vendas de sorvetes e


picolés, uma pequena parte da receita vem com a venda de produtos de conveniência
(refrigerantes, balas, chicletes, bombons, água). Observa-se o aumento das vendas de tortas de
sorvetes (atividade se iniciou em janeiro de 2009 e tem–se mostrado muito efetiva). Os sócios
esperam que futuramente a venda de tortas seja a principal fonte de recurso para a empresa.

Os Todos os documentos estão organizados de modo que se possa tomar


conhecimento imediato dos pagamentos recebidos e cobrar com rapidez os atrasados, os
pagamentos de impostos, taxas e encargos sociais são feitos em dia. Para cobrir baixas de
caixa, a empresa estuda todas as possibilidades, como negociar prazos maiores com
fornecedores ou dividir alguma compra em mais prestações. Os principais gastos da empresa
são: aluguel, energia, fornecedores, funcionários, telefone e água. Todas as contas são pagas
em dia, com isso evitam-se multas e juros posteriores.

Todo o excedente de caixa da empresa é aplicado em fundos de investimentos fixos,


por escolha dos sócios, que optam por investir de maneira conservadora e segura. O
orçamento da empresa é controlado e comparado com os demais meses e anos, em reuniões
mensais com os sócios.

As imobilizações são estudadas com cuidado, procura-se analisar o retorno sobre o


investimento de cada uma. Compra de freezers e equipamentos requerem muita atenção por
parte dos sócios, pois possui alto valor imobilizado, esse é um problema enfrentado pela
sorveteria. Esse problema será estudado e analisado no item seguinte.
5 PROBLEMA A SER ESTUDADO

Para manter as atividades da sorveteria é necessário o funcionamento constante de 13


freezers (três destinados à produção e dez para a estocagem de produtos finalizados), os da
produção armazenam polpa de frutas, caldas e matéria prima congelada, os de estocagem
armazenam os produtos finais como picolés, sorvetes à granel, bombons congelados e tortas.
Cada tipo de produto deve ter um freezer separado (ou seja, sorvetes são armazenados junto
com sorvetes, e picolés com picolés) essa medida garante a qualidade do produto e evita
danos. Um freezer horizontal custa em torno de R$ 1.600,00 e tem média 312 watts de
potência. O quadro abaixo mostra o consumo de energia dos freezers da empresa:

Potência: Freezer Metalfrio DA 550 Consumo dos 13 freezers


Por hora 345 watts 4,4 kWh
Por dia 8,2 kW 107,6 kW
Por mês 248,4 kW 3.229 kW

Os freezers possuem 1,5m de largura externa e 0,72m de profundidade externa,


somados os 13 freezers ocupam 14,24 m² representando 15% do espaço físico da sorveteria,
eles dividem o espaço com clientes, mesas, cadeiras, caixa, escadas.
Um freezer horizontal ocupa um espaço de 1,10 m² e consegue armazenar cerca de
2.000 picolés ou 20 caixas de 10 litros de sorvetes. O processo de armazenamento é um
processo lento, pois cada produto deve ser estocado de maneira uniforme de modo que se
ocupe todo o espaço do interior do freezer. Todos os produtos devem estar no mesmo nível
(começando pela base e ocupando toda a capacidade). Do mesmo modo é o processo inverso
(para venda ou transporte) é necessário organizar cada freezer de maneira que nenhum
produto fique amontoado em apenas um lugar ou ultrapasse o limite de estocagem (requisito
para congelamento por completo do freezer). Para o armazenamento de picolés é necessário
uma atenção ainda maior. Por ser um produto pequeno e frágil deve ser estocado de maneira
que não se misture com nenhum outro produto, de forma organizada respeitando os níveis
limite de cada freezer.
Observa-se uma demanda grande de tempo durante a estocagem e organização dos
freezers, as tampas dos freezers permanecem abertas durante todo o processo e isso faz com
que o ar frio armazenado no interior dos freezers saia. Com isso é necessário mais tempo e
mais energia para os freezers cheguem à sua temperatura ideal. Os freezers também
necessitam de manutenção constantemente, pois armazenam toda a produção do
estabelecimento, qualquer curto-circuito, ou problemas elétricos pode comprometer toda a
produção. Outro ponto negativo para as instalações de freezers, além do alto consumo de
energia, e de sua manutenção, é o espaço ocupado por eles. Os freezers utilizam grande parte
do espaço físico do estabelecimento, espaço que poderia ser alocado para aumento da
capacidade de atendimento.
A escolha do problema é justificada, pois, como foi observado, o gasto de energia
elétrica somado à dificuldade de estocagem e alocação de espaço consistem em um grande
desafio para os gerentes da sorveteria. O melhoramento do processo de estocagem e a
utilização de todos os recursos disponíveis de forma econômica e rápida visando à redução de
custos são metas que devem ser cumpridas para a empresa manter uma vantagem competitiva
sustentável.

6 REFERENCIAL TEÓRICO

São várias as ferramentas que auxiliam os gerentes e demais executivos para o


controle de estoque e facilitam as nossas previsões. A previsão é a única maneira de nos
precavermos das incertezas que poderão advir e nos possibilita a elaboração de um plano de
ação para antever o futuro.
Segundo Gonçalves (1979), é importante salientar que todas as previsões são
estimativas de valores, diferindo entre si pela extensão dos erros cometidos, entre o valor real
e o valor previsto. Por outro lado, fazer previsões só será justificado se os resultados
produzirem benefícios maiores que os custos e o tempo gasto na elaboração das estimativas.
Em termos de horizonte de planejamento, poderemos considerar três tipos de previsão:

Previsão a curto prazo – Normalmente num horizonte de um a dois anos.


Sua finalidade é proporcionar informações para as decisões que regularizam
a gerência do dia-a-dia; lidando conseqüentemente com a manipulação de
um volume limitado de recursos; por exemplo, nível de estoque que deverá
ser mantido em um determinado mês do ano.
Previsão a longo prazo – Normalmente num horizonte superior a cinco
anos. Sua finalidade primordial é o fornecimento de informações para as
decisões de alto nível e, conseqüentemente, visando a limitação ou
ampliação de recursos.
Previsão a médio prazo – normalmente num horizonte superior a cinco
anos. É uma posição intermediária entre a previsão a curto e longo prazos.
(Gonçalves, P. S. 1979, pág. 1)
Segundo Furlan (2007), o setor da indústria alimentícia de maneira geral tem muito a
comemorar. No Brasil, os índices de exportações de carne bovina, frango congelado e frutas
são cada vez maiores. Esse impulso nas vendas externas serve para alavancar o
desenvolvimento de toda a cadeia logística e de suprimentos e, por conseqüência, a indústria
de refrigeração voltada para o mercado de alimentos. As empresas do setor alimentício
buscam alternativas para a manipulação de seus produtos (transporte, estocagem, higiene,
conservação) para aumentar sua produtividade e reduzir custos. Cada tipo de alimento tem
características próprias a serem mantidas e, assim, necessidades de diferentes tipos de
equipamentos de refrigeração.
Ainda de acordo com Furlan (2007) um sistema de refrigeração adequado é
fundamental para que haja uma considerável conservação de energia elétrica. Um sistema
inadequado ou mal dimensionado ficará mais tempo ligado para atingir a temperatura
desejada de determinado produto e com isso também há risco de diminuir a vida útil do
equipamento.
Para Martins (2003), é importante analisar os custos dos estoques em seus diversos
aspectos e facilitar a compreensão dos gestores responsáveis pela administração financeira da
empresa assim os estoques têm a função de trabalhar como reguladores do fluxo de negócios.
Quando a velocidade de entrada de produtos é maior que a de saída, o nível de estoque
aumenta. Se ao contrário, mais itens saem, são demandados ou consumidos do que entram, o
estoque diminui.
Como os estoques constituem uma parcela considerável dos ativos da empresa, eles devem
receber um tratamento especial. Segundo Martins (2003) Os estoques são classificados,
principalmente para efeitos contábeis, em cinco categorias:

Estoques de matéria primas: são todos os itens utilizados nos processos de


transformação em produtos acabados. Todos os materiais armazenados que a
empresa compra para usar no processo produtivo fazem parte do estoque de
matérias-primas, independentemente de serem materiais diretos, que se
incorporam ao produto final. Assim, matéria-prima pode ser um componente
de alta tecnologia, como, por exemplo, um computador de bordo para aviões,
ou mesmo um pedaço de madeira a ser utilizado na embalagem de um
produto ou uma graxa para o mancal de uma certa maquina ou equipamento.
Aqui incluem-se também os materiais auxiliares, ou seja, itens utilizados
pela empresa mas que pouco ou nada se relacionam com o processo
produtivo, como os materiais de escritório e limpeza.
Estoques de produtos em processos: correspondem a todos os itens que já
entraram no processo produtivo, mas que ainda não são produtos acabados.
São materiais que começaram a sofrer alterações, sem, contudo, estar
finalizado. Muitas pessoas usam a expressão “produtos que estão no meio da
fabrica” para designá-los.
Estoques de produtos acabados: são todos os itens que já estão prontos para
ser entregues aos consumidores finais. São os produtos finais da empresa. Os
produtos acabados são bem conhecidos por nós em nosso dia-a-dia, e itens
como os de revenda enquadram-se nessa categoria.
Estoques em trânsito: correspondem a todos os itens que já foram
despachados de uma unidade fabril para outra, normalmente da mesma
empresa, e que ainda não chegaram a seu destino final.
Estoques em consignação: são os materiais que continuam sendo
propriedade do fornecedor até que sejam vendidos. Em caso contrário, são
devolvidos sem ônus (Martins, 2003 p. 136).

É comum ouvirmos “estoque custa dinheiro”. Essa afirmativa é verdadeira. A


necessidade de manter estoques acarreta uma série de custos às empresas. De acordo com
Ching (2001) excluindo o custo de aquisição da mercadoria, os custos associados aos estoques
podem ser divididos em três grupos:

Custo de pedir. Incluem os custos fixos administrativos associados ao


processo de aquisição das quantidades requeridas para reposição do estoque
– custo de preencher pedido de compra, processar o serviço burocrático, na
contabilidade e no almoxarifado, e de receber o pedido e verificação contra a
nota e a quantidade física. Os custos de pedir são definidos em termos
monetários por pedido.
Custo de manter estoque. Estão associados a todos os custos necessários
para manter certa quantidade de mercadorias por um período. São
geralmente definidos em termos monetários por unidade, por período. Os
custos de manter incluem componentes como custos de armazenagem, custo
de seguro, custo de deterioração e obsolescência e custo de oportunidade de
empregar dinheiro em estoque (que poderia ser empregado em outros
investimentos de igual risco fora da empresa).
Custo total. É definido como a soma dos custos de pedir e de manter
estoque. Os custos totais são importantes no modelo do lote econômico, pois
o objetivo é determinar a quantidade do pedido que os minimiza. (Ching,
2001 p. 29-30).

Os custos podem ser diretamente proporcionais ao estoque, inversamente


proporcionais e independentes. Os custos diretamente proporcionais ocorrem quando os
custos crescem com o aumento da quantidade estocada. Por exemplo, quanto maior a
quantidade de sorvetes estocados, maior o custo de capital investido. Da mesma maneira,
quanto maior a quantidade de sorvete armazenada, maior a área necessária para o
armazenamento e conseqüentemente maior o custo do aluguel. Os custos inversamente
proporcionais são os custos ou fatores de custos que diminuem com o aumento do estoque,
isto é, quanto mais elevados os estoques, menores são os custos (ou vise e versa). Os custos
independentes são aqueles que independem do estoque mantido pela empresa, como por
exemplo, o custo do aluguel de um galpão. Ele geralmente é um valor fixo, independente da
quantidade estocada.
Segundo Martins (2003) se somarmos os três fatores de custos analisados até aqui,
teremos os custos totais decorrentes da necessidade de manter estoques.
A decisão de manter ou não manter o estoque passa por uma série de variáveis, e cabe
ao administrador optar pela estratégia que melhor se adapte à sua empresa. Na administração
são várias as estratégias para manutenção de estoques. Um exemplo de estratégia é o modelo
Just in Time:

Just in time é a produção na quantidade necessária, no momento necessário,


para atender a variação de vendas com o mínimo de estoque em produtos
acabados, em processos de matéria prima. Em outras palavras, trata-se de
filosofia de manufatura baseada na eliminação de toda e qualquer perda e
desperdício por meio da melhoria continua da produtividade. Envolve a
execução com sucesso de todas as atividades de manufatura necessárias para
gerar um produto final, da engenharia do projeto à entrega, incluindo as
etapas de conversão de matéria prima em diante. Os principais elementos do
Just in Time, entre outros, são: ter somente o estoque necessário e melhorar a
qualidade tendendo a zero defeito. (Viana, 2002 p. 169).

Outro exemplo de estratégia é o modelo Kanban:

Técnica japonesa de gestão de materiais e de produção no momento extato,


ambas (gestão e produção) controladas por meio visual e/ou auditivo. Trata-
se de um sistema de “puxar” no qual os centros de trabalho sinalizam com
um cartão, por exemplo, que desejam retirar peças das operações de
alimentação entre o início da primeira atividade até a conclusão da última,
em série de atividades (Viana, 2002p. 169-170).

Segundo Slack (2002), não importa o que está sendo armazenado como estoque, ou
onde ele está posicionado na operação; ele existirá porque existe uma diferença de ritmo entre
fornecimento e demanda. Se o fornecimento de um item ocorresse exatamente quando fosse
demandado, o item nunca seria estocado
Seguindo essa lógica do desequilíbrio entre a taxa de fornecimento e a demanda de
diferentes itens, Slack classifica os estoques em quatro tipos:

Estoque de proteção: O estoque de proteção também é chamado de estoque


isolador. Seu propósito é compensar as incertezas inerentes a fornecimento e
demanda.
[...] Estoque do ciclo: O estoque do ciclo ocorre porque um ou mais estágios
na operação não podem fornecer simultaneamente todos os itens que
produzem.
[...] Estoque de antecipação: [...] é mais comumente usado quando as
flutuações de demanda são significativa, mais relativamente previsíveis. Ele
também pode ser usado quando as variações de fornecimento são
significativas, como em alimentos de safra enlatados.
Estoque no canal: estoques no canal de distribuição existem porque
material não pode ser transportado instantaneamente entre o ponto de
fornecimento e o ponto de demanda. (Slack, 2002 p. 382-384)

Essas características são comuns a todos os problemas de estoques, não importando as


matérias primas, material em processo ou produtos acabados. Os estoques possuem
características básicas: os custos associados aos estoques, os objetivos de se estocar e as
previsões de incerteza. A sorveteria utiliza os quatro tipos de estoque, o estoque de proteção
para evitar qualquer incerteza de falta de produto, assim ela tenta manter estocados todos os
sabores produzidos. Utiliza do estoque de ciclo porque produz um só tipo de produto por vez,
e assim o estoca em local diferente dos demais. (por exemplo, na produção de sorvetes, é
produzido apenas um sabor por vez, e o sorvete é estocado junto com sorvetes separados de
picolés e tortas). O estoque de antecipação é utilizado na produção, estocam-se as polpas de
fruta de cada estação, para serem utilizadas durante todo o período do ano. E o estoque de
canal, pois os produtos devem permanecer durante algum tempo estocados para que adquiram
a temperatura ideal para consumo.

7 PROPOSIÇÃO DE SOLUÇÃO

Como uma alternativa para a diminuição do consumo de energia elétrica e


melhoramento do processo de estocagem de produtos, os sócios estudam uma implantação de
uma câmera refrigeradora. A câmera refrigeradora poderá substituir os freezers e diluir em
grande parte a imobilização dos ativos da sorveteria assim como diminuir os gastos com
depreciação e manutenção dos freezers. O espaço físico para a alocação de mesas e cadeiras
também aumentaria - aumento da capacidade de atendimento da sorveteria.
A câmera refrigeradora tem a capacidade de operar entre as temperaturas de -8 Cº à
-25Cº ela é feita exclusivamente para o armazenamento de sorvetes e derivados, em chapa de
aço pré-pintada, aço carbono, zincado por processo contínuo de imersão á quente, a câmera
deve possuir as dimensões de 1,15 x 1,75 x 2,50 e poderá estocar cerca de 1,2 tonelada de
produtos.
A sorveteria busca alternativas para a manipulação de seus produtos, alternativas que
de acordo com Furlan (2007) podem ser de transporte, estocagem, higiene e conservação de
produtos. Assim a implantação de uma câmera refrigeradora seria uma alternativa para uma
estocagem e conservação de produtos mais eficiente.

Algumas vantagens são observadas na implantação da câmera refrigeradora: aumento do


espaço físico utilizado para o atendimento (possibilitando alocação de mais cadeiras e mesas), redução
dos custos de energia elétrica e maior facilidade e segurança para estocagem de produtos. Uma
desvantagem da implantação da câmara frigorifica é a concessão de 20 minutos a cada uma hora e
quarenta trabalhada pelo funcionário. Equipamentos de proteção individual (EPI) como casacos e
botas térmicas, máscaras e luvas.

Um sistema de refrigeração adequado é fundamental para reduzir gastos com energia elétrica.
Furlan (2007) aponta que um sistema inadequado ou mal dimensionado ficará mais tempo ligado para
atingir a temperatura ideal de determinado produto e com isso também o risco de diminuir a vida útil
do equipamento.

Um plano de ação deve ser elaborado por partes dos sócios, para obter controle de todas as
etapas de implantação, (o que, quando, quem, onde, por que, como e quanto custará). A Câmara
frigorífica padronizada será entregue, montada e testada, em até 25 dias. Poderá ser financiada através
do BNDS em até 36 vezes com juros de 0,97% ao mês, ou pelo Banco Bradesco em até 48 meses com
juros de 1,9% a 4,3% ao mês, ou pelo Banco do Brasil em até 36 vezes com juros de 0,97% ao mês. O
valor do investimento varia 13.590,00 à 14.000,00. Ela deverá ser montada na sala ao lado da
produção (a proximidade evita contaminação e danos aos produtos). Pessoas especializadas devem
montar a câmara e oferecer um treinamento para a sua operação. A sorveteria oferecerá os
equipamentos necessários para o trabalho do operador da câmara.

A organização dos produtos no interior da câmara deve ocorrer de forma que se facilite o
acesso à mercadoria, fácil manejo dos produtos separado por categorias (sorvetes, picolés e tortas). Os
produtos devem ficar longe da porta de entrada para evitar qualquer perca de temperatura,
contaminação ou bloqueio de passagem. Um mapa com a localização dos produtos deve ser elaborado
para facilitar o processo de armazenagem. O operador da câmara é o responsável por saber onde cada
produto foi armazenado . Também cabe ao operador verificar o funcionamento da câmara, e
notificação de qualquer falha ou problema.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A sorveteria Só da Fruta é uma pequena empresa de gestão familiar que atua no mercado de
Uberlândia no segmento de produtos congelados. Ao longo do período de estágio observa-se a gestão
e a organização da empresa, seu quadro de funcionários, seus principais problemas e o dia a dia e as
atividades realizadas.

As normas de produção, armazenamento e venda de produtos fazem parte do cotidiano da


sorveteria. O presente trabalho apresenta um estudo para implantação de uma câmara refrigeradora em
substituição dos freezers da empresa assim como as vantagens e desvantagens para a implantação da
câmara.

A estrutura organizacional da empresa é simples, a sorveteria está em contato direto com os


seus funcionários, fornecedores e clientes. A sorveteria iniciou suas atividades em 2005 e o seu
crescimento é uma característica de uma boa administração por parte dos sócios. O relacionamento é
muito importante em uma organização como esta e o papel dos sócios é de fundamental importância
para o desenvolvimento da sorveteria.

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABIS, Sabor nordestino chega ao sorvete, disponível em http://www.abis.com.br,


(Associação Brasileira das Indústrias de Sorvete), 2009.

ANVISA, Condições Higiênico-Sanitárias dos estabelecimentos


produtores/industrializadores de alimentos, Portaria SVS/MS nº 326 de 30 de julho de
1997, Ministério da Saúde, 1997.

CHING, H. Y. Gestão de estoques na cadeia de logística integrada. São Paulo: Atlas, 2001.
FURLAN, E. F.; MARQUES, D. Refrigeração x Energia elétrica. Frigorífico, nº139
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Interciência, 1979.

MARTINS, P. G. Administração de Materiais e recursos patrimoniais. São Paulo: Saraiva,


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MEIRELLES JUNIOR, J. Planejamento Empresarial. Juiz de Fora: Instituto Viana Júnior,


2008.

MOURA, R. A. Sistemas e Técnicas de Movimentação e Armazenagem de Materiais. São


Paulo: IMAM, 1998.

OLIVEIRA, M. T. Roteiro para Diagnóstico Organizacional. In: Material


Didático para a disciplina Desenvolvimento Pessoal e Profissional 6. Uberlândia: UNIMINAS
(não publicado), 2009.

PORTER, M. Estratégia Competitiva: técnicas para análise de indústrias da


concorrência. Rio de Janeiro: Campus, 1986

SLACK, N; CHAMBERS, S; JOHNSTON, R. Administração da Produção. Tradução


Maria Teresa Corrêa de Oliveira, Fábio Alher. 2 ed. São Paulo: Atlas 2002.

TECTERMICA, Câmara Frigorifica Padronizada, São Paulo. Disponível em:


http://www.tectermica.com.br/camara-frigorifica-padronizada.htm# (acesso em 25 de abril de
2010)

VIANA, J. J. Administração de materiais: um enfoque prático. São Paulo: atlas, 2002.


ANEXO I

FICHA TÉCNICA DA EMPRESA E ESTÁGIO

Sorveteria Só da Fruta – J.A.E. PRODUTOS CONGELADOS ALIMENTICIOS LTDA.

Rua: Getúlio Vargas, 586, Centro

CEP 38400-000 – Uberlândia –MG

Fone: (034) 3214-4108

Coordenadora: Andrea Zago Jones

Endereço: Getúlio Vargas, 586, Centro. Uberlândia-MG

Fone: (034) 3214-4108

Gerente, Coordenador ou Responsável: Andrea Zago Jones

Email: zago.andrea@hotmail.com

Função Desempenhada pelo(a) estagiário(a): Assistente administrativo.

Período do Estágio: 01 de Janeiro de 2010 a 31 de Dezembro de 2010.

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