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Alaor Chaves F orca Elétrica Secao 1.1 = Eletromagnetismo, 2 Secao 1.2 m A carga elétrica, 3 Secao 1.3 = Lei de Coulomb, 5 Secio 1.4 m Um corpo carregado atrai corpos sem carga, 9 Secao 1.5 » Campo elétrico, 10 Secio 1.6 = Linhas de forca do campo elétrico, 14 Problemas, 15 Respostas dos exereicios, 16 Respostas dos problemas, 16 Fisia Basia m Eletromagnetismo Segao 1.1 = Eletromagnetismo A cletricidade e o magnetismo sio conhecids desde a Antiguidade como fendmenos dis- tintos. As primeiras investigagies sobre o assunto So atriburidas a Tales de Mileto. Como descobriu Tales, o Ambar (elekiron em g1 as, a0 ser friccionado dquire a propriedade de atrair objetos muito leves como, por exemplo, penas e plums, Seus relatos incliem também descrigao de propriedades notaveis da magnetita, um 6xido de ferro (Fe,0,) que ocorria como minério na provincia vizinha de Magnésia. Pedagos de magnetita se atraem ou se repelem, dependendo de como se orientam, e tém também a propriedade de sempre atrairo ferro, Os termos eletricidade e magnetismo derivam de elektron € magnetita respectivamente, © magnetismo era também conhecido dos chineses ¢ a biissola foi por eles inventada, possivelmente no século 3 a.C., também baseada na magnetita Em meados do século XVIII, foram dominadas algumas técnicas basicas para se carregar eletricamente 0s objetos € manté-los carregados com carga estavel durante o tempo neces- sario para a realizago de experimentos diversos. Toda essa tecnologia se baseia em um fato notabilissimo apresesitado pela matéria: a eletricidade fui nos objetos de modo extremamente sensivel a composigao destes. Em alguns materiais, tais como mbar, vidro, borracha e ma- deira seca, a eletricidade pode ficar armazenada por perfodos longos, que podem ser virios dias ou até meses, sem fluir para outras partes do corpo ou deste para outros corpos. Jd outros compostos, tais como os metais, o carvio € a |gada, mostram a propriedade oposta de possibilitar que @ eletricidade se transfira rapidamente para grandes distincias. Os materiais ‘podem por isso ser classificados em isolantes e condutores de eletricidade, havendo também ‘materiais com propriedades intermedidrias entre esses dois extremos. A capacidade que cos materiais apresentam de transportareletricidade de um ponto para outro & definida por uma propriedade denominada condutividade elétrica. A maneira como se define operacionalmente 1 condutividade elétrica serd descrita no Capitulo 6 (Corrente Elétrica). A condutividade elétrica de um metal pode ser 10° vezes maior que a de um isolante como a sflica. A enorme disparidade na condutividade dos materiais foi um fendmeno de importancia fundamental para viabilizar as experiéncias de eletricidade realizadas nos séculos XVIII e XIX e que Jevaram & compreensio das leis basicas do eletromagnetismo, Continua sendo o fendmeno ‘mais importante para a eletrotécnica, incluindo a eletrSnica, pois permite um controle rigoroso das correntes de eletricidade. Um fio de cobre ou aluminio transfere a eletricidade gerada em ‘uma usina geradora por centenas ou mithares de quilometros e a distribui entre milhares de Uusuérios, enquanto uma fina camada de esmalte que recubra esses fios é capaz de impedir que ela se transfira para o seu exterior. ‘Com a invengdo da pilha voltaica em 1800 por Alessandro Volta (1745-1827). atingiu- se © controle mfnimo da eletricidade e de suas correntes para que importantes experiéncias fossem realizadas. Uma das experiéncias historicamente mais importantes ocorreu por acaso ‘em uma aula de demonstragdes de Hans Christian Oersted (1777-1851), em 1819. Ao passar corrente elétrica em um fio metélico, percebeu-se que a agulha de uma biissola préxima se orientava perpendicularmente ao fio. Na verdade, tal experiéncia tinha sido feita em 1802 por Gian Domenico Romagnosi (1761-1835), mas seu antincio nao fora notado pela comunidade cientifica. As experiéncias de Romagnosi e de Oersted estabeleceram o elo entte eletricidade ‘e magnetismo. No ano de 1820, André-Marie Ampere (1775-1836) demonstrou que dois fios paralelos conduzindo corrente se atraem ou se repelem, dependendo, respectivamente. de se as correntes tém 0 mesmo sentido ou sentidos opostos. Experiéncias diversas de Ampere neste tema levaram-no a sugerir que os fendmenos magnéticos so em geral resultantes de correntes elétricas e que os {mas tais como a magnetita, apresentam correntes circulantes em seu interior. No iltimo tergo do sculo XIX jé se havia conseguido uma sistematizacio dos fendmenos elétricos e magnéticos em uma ciéncia unificada, 0 eletromagnetismo. Nesta ciéncia, todos oS fenomenos so decorrentes de uma tinica entidade, a carga elétrica. Cargas em repouso inte ragem por meio da forca elétrica, Quando elas se movem umas em relagio as outras, aparece outra forma de interagao, a forga magnética, Tal sintese se concretizou gragas ao trabalho .20), resina fossilizada de drvores conif Gpitulot mw For Btrca Toes de Miko (c. 625-558 aC), proclamado no oréculo de Delfos em S82 aC. 0 primesre dos se saios da Antiguidade. Fo o grande precursor do pensamento filosfico, mateméico e cientifico preg Viveu em Mito, no atual sudoeste da Turguia, que na €poca era pare da Grécia, mas nilo se sabe seer rego ou fenicio. Nada deixou escrito portanto sua obra se confunde com a Jenda. Visitou 0 gio, de ‘onde trouxe a geomeiria, que ele transformou em uma estrutura matemética, Sendo assim um recurso 4e Pitigoras (que o visitou quando tna 18 anos) ede Euelides. Foi possivelmente o eriador do rac naliso grego, que ele combinou com observagies ¢ experimentos. Foi o primeiro a fxaro ano em 348 dias. Segundo a lenda, previo eclipse solar de maio de 585 aC, Aprendeu a antever tempo © previ uma supersafra de azeitonas.Arrendou todas as prensas de olva da regio e, com sso, enriqueceu (deve ter sido fenicio!) ao monopolizar um bem altament requerida. experimental ¢ a inovagies conceituais de Michael Faraday (1791-1867) e & percepgdo da simetria global dos fentomenos por James Clerk Maxwell (1831-1879). Por volta de 1865. Maxwell sintetizou todas as leis do eletromagnetismo em quatro equagées fundamentais, as equagées le Maxwell. Em seu trabalho de sintese, previu também que a luz é um fenémeno eletromagnético, o que acabou sendo comprovado experimentalmente em 1888 por Heinrich Hertz (1857-1894), Em 1905, em sua teoria da relatividade, Albert Einstein (1879-1955) ‘ofereceu a explicacao de como o movimento relaciona as forgas elétrica e magnética. O primeiro dos dois trabalhos em que Einstein formulou a hoje chamada relatividade restrita intitula-se “Sobre a eletrodindmica dos corpos em movimento”. Este livro descreve a escalada dessa construglo, até a sintese realizada por Maxwell Primeiramente serdo estudados os fendmenos essenciais do eletromagnetismo e a maneira como eles foram organizados em sinteses parciais. Nesta etapa da apresentagdo, voce ird se familiarizando com os fendmenos bisicos e adquirindo habilidade na solugao de problemas 0s, Em seguida serio apresentadas as equagdes de Maxwell. Sedo 1.2 = A carga elétrica ‘A entidade responsdvel pelos fendmenos eletromagnéticos é a carga elétrica. A matéria ordinéria & composta de dtomos ¢ estes sio compostos de um nticleo em tomo do qual grav tam elétrons. O miicleo contém dois tipos de particulas, o préton e o néutron. A eletricidade dda matéria comum esté associada a um atributo dos prétons e dos elétrons, a carga elétrica, A forga elétrica entre dois protons, ou entre dois elétrons, é sempre repulsiva, mas um préton um elétron sempre se atraem, Portanto, hi dois tipos distintos de carga elétrica, a carga do proton e a carga do elétron, Cargas do mesmo tipo se repelem e cargas de tipos distintos n. As pessoas descobriram que existem dois tipos de cargas muito antes de se saber dda existéneia de prétons, elétrons e até mesmo de stomos,e tiveram a feliz idéia de chamar uma carga de positiva ea outra de negativa. A experiéneia mostra que se friceionarmos vidro ‘com seda, 0 vidro se carrega com carga positiva, ou seja, a carga caracteristica do proton. Hoje sabemos que o vidro perde parte dos seus elétrons para a seda, ¢ esse déficit de elétrons 4 0 que Ihe imprime uma carga elétrica negativa, Mas se friccionarmos um plistico com a ‘mesma seda, o plistico captura parte dos elétrons da seda e se carrega com carga negativa. ‘Como tanto 0 vidro como o plstico sio isolantes elétricos, as cargas permanecem por longo. tempo na regifo atrtada, A Figura I.1 mostra as forgas entre dois bastdes de vidro (A) ou ‘entre um bastio de vidro ¢ outro de phistico (B) cujas pontas foram atritadas com sed. Um dos bastdes € suspenso por um fio flexivel, de mado que a forga sobre ele resulta em um torque que o faz girar se atra Le de conservagio da carga eletica M Leldeconservacio a carga Fisica Bisia m Eletromagnetismo a wz ee Video oi Faw Vio F. (A) Dois bates de vid iecionados som c# > Pisco Seda adquirem carga postivae se repel (B) Dois bastdes, um de vidro e outro de plistico, frccionados com seda, adquirem i ® cargas de sins opostos ese atraem, 1.2.1 A carga elétrica se conserva A sugestio para a designacdo carga positiva e carga negativa, proposta por Benjamin Franklin (1706-1790), veio da observagao do fato de que quando se fricciona um corpo A ‘com um corpo B, se em A aparece carga de um tipo, em B sempre aparece carga do outro tipo, Isto sugere que no processo algo que se conserva transferido de um corpo para o outro. Assim, um excesso do atributo associado a carga significa carga positiva e um déficit significa ‘carga negativa. Importantes precursores do eletromagnetismo moderno, incluindo os ecléticos Benjamin Franklin e Joseph Priestley (1733-1804), pensavam em termos de um fluido elé- trico, Substituindo o fluido por particulas de matéria portadoras de carga, tudo na obra deles faz quase pleno sentido, A lei da conservagao da carga, que se manifesta no fenémeno de fricgdo, e também em experiéncias muito mais complexas que s6 foram realizadas no século XX, diz que nao € possivel gerar uma carga de um tipo sem ao mesmo tempo gerar a mesma uantidade de carga do outro tipo. Formalmente, podemos escrever: 4 = (carga do tipo 1) — (carga do tipo 2) = constante. Com a convengao 4g, = carga do tipo 1 4. =~ (carga do tipo 2), podemos associar uma grandeza fisica & carga total q e escrever a equagio 9=9,+4.=constante on ‘A Equagio (1) exprime a lei da conservagio da carga, Tal lei parece ter validade irrestrita, « pode ser enunciada em palavras da seguinte maneira: A soma algébrica de todas as cargas em um sistema isolado nunca se altera. A rigor, sistema isolado € um sistema livre de qualquer influencia externa. Ja vimos que vérias grandezas, como energia, momento linear € momento angular, se conservam em um sistema isolado. Na verdade, nao é estritamente necessdrio que o sistema seja isolado para que a sua carga elétrica seja constante, Basta que nao haja troca de cargas entre o sistema ¢ set ambiente, Podemos aquecer 0 sistema, aceleré-lo, iluminé-lo, enfim submeté-Io a toda sorte de influéncias, ¢ sua carga nao ird se alterar, exceto se houver troca de particulas carregadas entre o sistema e seu exterior. 1.2.2 A carga é quantizada Quando uma grandeza fisica nao pode variar continuamente, mas apenas assumir valores discretos, dizemos que ela é quantizada, No livro Fisica Basica / Mecdinica, vimos que 0 mo- mento angular de um sistema € quantizado: ele s6 pode assumir valores que sejam miiltiplos Inteiros ou semi-inteiros de h /2:t, onde h € a constante de Planck. A carga elétrica também & ‘uma grandeza quantizada, Fora sinal, o elétron tem a mesma carga que o préton. No Sistema Coptulot m Fora eta Internacional de Unidades (SI), a unidade de carga € 0 coulomb, © quantum de cage € a do prion, cujo valor € i Valor do quantum de carga, ‘que em modulo éa carga do PiGtonoudoelétron A carga do elétron € ~e. Em um corpo cletrcamente neuro, onimero de prétons€ igual a0 niimero de elétrons; quando hi no corpo um déficit de elétrons, ele tem carga positiva €, ptnex (a) p+nopeper @) Rr sy+(O) Poy4yD) Secao 1.3 = Lei de Coulomb Priestley observou que nio hé forgaelétrica no interior de uma esfera metélica oea earre- ‘zada, e sugeriv por isto que a forga elérica teria. a mesma variaglo com o inverso do quadrado da distancia da forga gravitacional (ver Fisica Bésica / Mecdnica, Capitulo 12, Gravitagdo), CCoube a Chale Augustin de Coulomb realizar as medidas diretas ¢ estabelecer em 1785 a denomi- nada lei de Coulomb, enunciada a seguir: ‘Uma particula com carga q,, no ponto ty exerce sobre uma particula com carga qy no ‘Ponto r, € em repouso em relacao & primeira, uma forca F dada por i ee MLeide Coulomb Fisica Basica m Eletromagnetismo Figura 1.2 Balanga de torgio desenvolvida por Coulomb e por cele usada para medida da forga entre cargas elétrieas Reprodugo do desenho contide no artigo original de Coulomb. O instrumento tem altura de 90 em, Esta balanga € muito parecida com aquela usada por Cavendish em 1798 para medir a forga gravitacional ena verdade Cavendish baseou-se na invengio de Coulomb. Para entender o funcionamento da balanga, ver Fisica Basica / Mecdnica, Capitulo 12. Fak hd: a onde k é uma constante universal positiva de proporcionalidade e r = r.-", Observe-se que, na Equacao 1.5, se g, eg, tém o mesmo sinal a forga é repulsiva, enquanto se seus sinais forem opostos a forga é atrativa. O valor numérico da constante k é dado por 3.987 $52 x 10° Nm?C~ 9 10 Nm’C> Ressalte-se 0 fato de que a forga elétrica é muito mais intensa do que a forga gravita- cional. Considere, por exemplo, um dtomo de hidrogénio, no qual um elétron de massa m=9,11 x 10" kg oscila em torno de um proton de massa M = 1,67 x 10" kg, A atragio elétrica entre essas duas particulas tem o valor F,=9%10? x (1,6)? «107 6, A separacio r entre o proton ¢ 0 elétron tem o valor médio 7 = 5,3 x 10°"! m,e nesse caso a forga elétrica média é F. = 8,2 x 10 N. A atragdo gravitacional entre o proton ¢ o elétron vale a Naw 0x10 X r r F, = 6,67 x10" x 9,11 x 1,67 «10° an seu valor médio € F, = 3,6 x 10” N, Vé-se que a atraciio elétrica entre as duas particulas € cerca de 10” vezes mais intensa do que a sua atrago gravitacional. A grande intensidade da forga elétrica € 0 que provoca a condensagdo da matéria em ‘tomos, moléculas, Ifquidos e até mesmo s6lidos de grande rigidez. Exatamente devido a ex- traordindria intensidade da forga elétrica, a matéria condensada é sempre quase perfeitamente eletricamente neutra. Considere, por exemplo, duas pessoas (70 kg) separadas entre si por 1m, Cada qual contém cerca de 2 x 10 prétons, neutralizados por um nimero equivalente de elétrons. Se cada pessoa tivesse um desbalanceamento de uma parte por bilhdo (10") em seu conjunto de cargas — por exemplo, se perdesse um bilionésimo dos seus elétrons —. Gpitulo 1m Fong Eérias hres usta de Cone (1736-1806). Ege roe lsico francés, Najuventude, quando se decom mate Charles Augustin | enyenharia, realizou estudos pioneiros sobre o atrto, podendo ser considerado 0 organtzador dessa rea de Coulomb ‘como ciéncia, Dedicou-se depois ae estude da interago entre cargas elétricas e entre fms. Para oestude da forgaektiea desenvolvew a halanga de trgio, un instrument capaz de medic Forgas minds por meio do torque por elas realizado sobre uma barra suspensa por um fio flexivel (Figura 1.2). Pie assis rad para fora eltriea.Contrariamente a0 que is vezes se afirma. Coulomb foi incapar de demonstra que a fory € proporcional a produto dos valores das carga. pis rio dispunha de um método independente de clétrica. Assim, a lei de Coulomb, express pela Equagio 1S, foi inferida por analogia com aida gra teria uma carga de 3,2 C e entre elas haveria uma forga elétrica de 9 x 10! N. Em ordem de: andeza, isto equivale ao peso do Pao de Agicar! Ura vez conhecida a forga elétrica entre duas particulas carregadas, o principio da super- posicio possibilita calcular a forga de qualquer conjunto de cargas sobre uma particula com carga q, no caso em que nio haja movimento relativo entre as cargas. Sendo F, a posico da carga q * em relagdo a carga q, a forga total sobre esta serd F=ky, a) conde o somatéco cobe todas as prtiulas exceto a portadar de cafe EEE) Exercicio-exemplo 1.1 I Caste fog cnze dus crys de LC sfsdas ct (um ts) plan ‘WSolucao (A) F=9,0x1 =9,0 x10" N. Nm’ _1,0C x 1,0C s (B) F =9,0x 10° —-———__— =5,6 x10" N. & © (27x10 my : [E-€ | Exercicio-exemplo 1.2 3 na mo de niet mss de 9. (Ck aie al os med AAR gr vas niles contida; (B) imagine que todas as cargas positivas da moeda fossem separadas das caryas poms © (8 dois pacotes de cargas fossem reunidos em pacotes separados de 1,0 km, e calcule a forga entre eles wm Solucéo . ws (A) 0 peso atémico do niquel & 58,7, ou seja, cada mol (6,02 x 10") de eabre tem massa de 58.7 g, Portanto, o néimero de stomos na moeda & 6,02 x10" = 6,05 10", (B) Cada étomo tem 28 elétrons, ¢ 0 mimero total de elétrons € n, = 1,69 x 10". A carga total nesse conjunto de elétrons & a ee 8 Fico Basica @ Eletromagnetismo {60 x 10° Cx 1,69 x 10" =-2,7 x 10°C. ‘A forga de atragio entre as duas cargas tem médulo dado por Oo Nm’ (2,7x10°C (10"m) Destaca-se o enorme valor da forga. F=9,0x1 =6,6x10° N. Ed brercicio-exemplo 13 1 Calcule a forga elétrica sobre a particu no vértice inferior esquerdo do tringulo da Figura 1.3. = Onc Figua3 (Exercicio-exemplo 1.3). mSolugso As forcas F, e F, Na (1 510°C x1,0x10C) 20m 208 60°I-+2,0mxe0s 30°) ¢ Gm) 9,0%1,5 4 io respectivamente: F,=9,0x10" ‘Nx (0,501 + 0,866) x 10° N= ~(1,69i + 2,92j) x10°N, Nm? 3 ) 0x10 “(1,5 x10°Cx 2,0 x10°C) Cc (my? 9,0 «3,0 Nx10Ni = 6,75 10° Ni Finalmente, FHF, +F, =~(1,691+ 2,92) x10°N +.6,75x10°Ni F=(5,1i-2,9 j)x10°N, Capitulo 1m Pore léeea os Exercicos 12 Caleuleafrga de repuiio ene dois tons dena dum a aa [| 4 Calcule a forga F sobre a esfera cinza vista na Figura 1.4, supondo que as esferas iém diameto 1.4 Astrés esferas vistas na Figura 1.5 tém didmetro muito menor do que as distincias entre elas. Calcul arelogo x pon que afore sbre a esters cnza ej ula ae 4 “4 L | me 2g a “9 4 aaa 2 Figueaa Figua 1s (Exercicio 1.4) (Exercicio 15). Secao 1.4 = Um corpo carregado atrai corpos sem carga A forga elética inicialmente nio foi observada entre corpos eletricamente carregados. Desde Tales até 0 século XVIII, 0 que se observou foi a atragdo entre um corpo carregado € ‘corpos neutros (sem carga elétrica), Em um dia seco, se vocé passa algumas vezes um pemte em seu cabelo e depois 0 aproxima de papéis picados, plumas ou outros objetos leves, verd {que © pente os atrai. Plumas e papel so corpos isolantes, nos quais a eletricidade no fui facilmente. Mas é fécil verificar que o pente também é capaz de atrair corpos condutores, como, por exemplo, limalha de metal. Isso ocorre porque toda matéria é formada de étomos e, portanto, tem enorme quantidade de cargas positivase negativas (ver Exereicio-exemplo 1.2). © mecanigmo pelo qual um corpo carregado atrai um pedago de metal eletricamente neutro pode ser entendido facilmente. Em um metal, os étomos cedem parte dos seus elétrons mais externas para o corpo. Esses elétrons, chamados elétrons de conducdo, movemn-se no interior do corpo metilico de mancira quase livre. A condugio de corrente elétrica pelos elétrons de 10 ser estudada no Capitulo 6 (Corrente Elétrica) ‘A Figura 1.6A mostra o que ocorre quando aproximamos um corpo carregado (no caso, um bastdo de video) de um bastao de cobreeletricamente neutro. Parte dos elétrons de condugo.do ccobre €atrada para a.extremidade préxima ao bas de video, deixando fons postivos de cobre na outra extremidade. Desse modo, 0 bastdo de cobre fica com excesso de carga negativa em. uma extremidade e excesso de carga pasitiva na outra. © basta de vidro repele a extremidade Cobre como Fiqurans r \ vido "ep video 1 \ Umbsstio de vdeo, carga dd, ata un bast de cobre ‘letricamente neutro (A) € ‘ambi uma esferaisolante a ) «encutra(B) m= 10 Fisica Basica m Eletromagnetismo positiva do bastio de cobre, mas atrai com intensidade maior a sua extremidade negativa, ea forga resultante entre os dois corpos acaba sendo atrativa. Na uum corpo isolante eletricamente neutro, O corpo é composto de sitomos eletricamente nk (talvez de fons positivos e fons negativos, mas 0 resultado final & 0 mesmo). Na figura, um tomo foi ampliado para ilustragio, Sob o efeito da forga elétrica exercida pelo bastic, a nuvem eletrdnica do dtomo se deforma, deslocando-se ligeiramente na diregio do bastio. Assim, 0 centro da nuvem eletrdnica ndo mais coincide com a posigao do niicleo atémico, que tem itiva. © dtomo dessa forma deformado acaba sendo atraido pelo bast. Como isso ‘ocorre com cada dtomo do corpo neutro, este € atraido pelo bastio, igura 1,6B vemos o que ocorre quando o basto de vidro carregado se aproximia de ros Secao 1.5 = Campo elétrico Campo elétrico + Carga de prov ¢ uma carga ‘mindscula usada para se medir ‘o campo elérico em um dado pponto. Seu valor tem de ser pPequeno o suficiente para no Perturbar a posigio das cargas virinhas Definicdo de campo eletrico Consideremos 0 conjunto de cargas g, atuando sobre a carga q’. Mesmo na auséncia da carga q’, 0 espago em tomo das cargas q, fica de algum modo alterado por aquelas cargas e, desse modo, pronto para atuar na carga q’ uma vez seja ela reposta em sua posigao. Diz-se entio que as cargas g, criam um campo elétrico no espago vizinho. O valor do campo na posigdo da carga q'é definido por 4 09) © campo criado por uma tinica carga q no ponto P dela deslocado pelo vetor r é (ver Figura 1.7) E=k4 (1.10) forga sobre uma haver uma perturb: ‘sua presenga nao ird deslocar as outras cargas, patina) un tg Nota-se que, na pritica, esse limite ndo pode ser tomado rigorosamente, uma vez que & ‘carga elétrica é quantizada. Em muitas situagdes é também conveniente ignorar a quantizagio e considerar uma dada distribuigdo de cargas como um continuo, Em um dado elemento de volume dV haverd uma ‘quantidade de carga dq = pdV. onde p é a densidade local de cargas. Tal elemento de e: ‘gera um elemento de campo dado por Capitulo 1 morc Eética ae = OY; ' O campo elétrico da distribuigdo de cargas ser B= fae =n OO iay a A unidade de campo elétrico no S1é Unidad de campo newton ; E]= 2 elétrico no St coulomb A introdugio do conceito de campo elétrico possibilita uma anélise mais facil dos fe- ; nomenos elétricos. Entretanto, 0 motivo para se usar tal cone Ocampo elétrico nao é uma m Entretanto, © motivo para se usar tal conceito Mmeraabatragao matemstica questi de convenigneia, O campo conveniente para a realizacao de célculos. € uma entidade real, capaz de transportar energia e momento jo € meramente uma ico é uma entidade fisica real, como fica evidente principalmente no fendmeno das ondas eletromagnéticas. Considere, por exemplo, a luz que vem de uma estrela. Tal luz foi gerada pelo movimento de cargas, mas se emancipou de tal modo que, mesmo que suas fontes deixem de existir, ela continuard sua viagem através do espaco. O campo elétrico transportado pela onda transporta coisas como energia, momento linear e momento angular & Exercicio-exemplo 1.4 Calcule o campo elétrico criado pelo nicleo do stomo de hidrogénio em um ponto dele separado por: 5.3% 10" m, mSolucio Utilizando a Equagio 1.10 e substituindo os valores numéricos, obtemos Nm 16x10"C 5 igi N © (33x10 "my c A diregdo do campo é radial, como se vé na Figura 1.7. E=9,0x10" & Exercicio-exemplo 1.5 18.4) Calcule o campo erica no pontoP da Figura 1.8. (B) Fixa g, = 20 nC eg, valor numérico do campo Figua 18 (Exercicio-exemplol 5), solugio (A) Com o emprego da Equacio 1.9, e observando que + =", obtemos: pag ldmi3m) (Sm) 12 Fisica Basica @ Eletromagnetism (B) Substituindo os valores numéticos, obtemos: 3Ox10°C4H43)) 2051097 Pei peic Ss 3089 CSD 4 : 125m om =9,0N['21+94, 3] Co.seisog7p. ¢ 9 c 12 EB Exercicio-exemplo 1.6 Calcule © campo elétrico eriado por um fio retilineo ito uniformemente carregado, Solu Seja A a quantidade de carga por unidade de comprimento do fio. Figura. Parte de um fio reto infinito com densidade uniforme de carga e 0 esquema utilizado para célculo do ‘campo elétrico. (aa) x=atgd, (as) r=asec. (16) Da Equagao 1.15 obtém-se dx = asec? 646, a7 que, combinada Equacao 1.15, conduz a dx ado _ See tw. ate) Po a’sec’@ a A Equagio 1.14 pode ser agora reescrita na forma jdt dE= 2 (eno i+cos@ j). (149) O campo elétrico sera entio ee i E=-k=i | send a0+k* 5} cose d0= ay ay, =k Ai fcos(a)—cosi-3y}+k 4 j[sen(g)—sen(—3)] qi Leos Dek = 3 3 =kAja4n, a E=24y 1.20) a Gopitulo 1 Fora fica fe Exercicio-exemplo 1.7 ‘Caleule 0 campo de um disco ular com densidade uniforme de carga, em pontos sobre seu eixo de mw Solugio A Figura 1.10 mostra o disco de raio R, com densidade de carga positiva o, divi- ido em anéis de raio varidvel pe largura diferencial dp. Figura 1.10 Disco com densidade uniforme de carga e ‘esquema utilizado para o célculo do campo létrico sobre 0 xo do disco, ‘As componentes do campo perpendiculares a0 eixo z de simetria do anel se can- celam, de forma que 0 anel gera no ponto Po campo pois cos@= a / r. Considerando que dA=2npdp @ r=\a" +p". obtemos B= fapakbna| 2 °@ +p? ; . Exercicios E1.5Um niicleo de ouro-197 tem 79 protons e 118 néutrons. Considerando esse nicleo uma esfera fonmemente caregada com a carga de 79 protons, clcule a intensidade do Finalmente, obtemos E ora a Va? +R a de raio 64x 10" mu ‘campo elétrico na sua superficie. E 1.6Um disco de raio igual a 10,0 em esté carregado com uma densidade de carga uniforme 3,00 x 10°! Clem? Calcule 0 eampo elétrico a distineia de 1,00 em do disco, em um ponto sobre E 1.7 Um fio de comprimento igual a 5 m esta carregado com uma densidade uniforme de carga igual a 1,0 uC/m, Caleule © campo elétrico A distancia de 2,0em do fio, em um ponte distante de suas cextremidades. E1.8Caleule o campo elétrico no ponto Q da Figura 1. 4 Fisia Basia m Eletromagnetismo Secao 1.6 Linhas de for¢a do campo elétrico Ticaananeameas —_ Oconceito de campo clétrico fo introduzido por Furafay. que o representa pels chan definidas de tal modo qucem — das linhas de fora do ampoeltric, ou linhas de campo. Estas constituem um modo muito pritieo cada ponto o campo elétrico é de se visualizar o campo elétrico. $ nhas continuas definidas de tal modo que o e: tangente a elas eaintensidade —elétrico é tangente a elas e a intensidade do campo € proporcional a d do campo é proporcional A yyero de linhas por unidade de direa transversal) em cada ponto. A Figt elétrico gerado por varias configuragdes de cargas. Na Figura 1.11A, vé-se_ de forga do campo de uma carga positiva. Na Figura 1.11B vé-se 0 mesmo para uma carga negativa, A Figura 1.11C mostra as linhas de forga do campo criado por du: is de igual intensidade (mesmo modulo) ¢ sinais opostos. A Figura 1.1 1D mostra o campo de duas cargas de sinais opostos e intensidades diferentes. mpo le de linhas (nti 1.11 ilustra o campo representagao por lin densidad de linhas Figura 1.11 Linhas de forga do campo criado por ‘uma carga positiva, Figura 1.118 Linhas de forga do campo criado por uma carga negativa. Figura 1.11€ Figura 1.110 LLinhas de forga do campo eriado por um Linhas de forga do campo eriado por um par par de cargas opostas de igual médulo, de cargas opostas de médulos distintos. Alguns fatos de cariter geral merecem ser ressaltados: A) No caso de uma carga isolada, as linhas de forga divergem (irradiam) simetricamente da particula para o infinito, se a carga for positiva (1.11A). Quando a carga € negativa (1.11), as linhas de forga convergem simetricamente do infinito para a particula B) Quando hé duas cargas isoladas de igual intensidade e sinais opostos (1.1 1C), as linhas divergem da carga positiva e convergem na carga negativa. Nenhuma linha de forg diverge para o infinito, do que a negativa (1.11), parte das linhas que divergem da carga positiva carga negativa, A outra parte das linhas, correspondente & carga positiva que no est sendo neutralizada, diverge para oinfinito. ; De modo geral, as cargas positivas vas so sumidouros (convergéncias) dessas linha: uum ponto do espago em que na do fontes divergéncias) de linhas de forga eas negati- ‘Nenhuma linha de forga se interrompe em carga elétrica. Uma vez que vocé esteja familiarizado ha com essas regras, no serd dificil desenhar qualitativamente as linhas de forga de muitas Aistribuigdes de carga de interesse. = Exercicio ) o E 1.9 Esboce qualitativamente as linhas de forga do par de cargas mostrado na Figura 1.12. Figura 1.12 (Exercicio 1.9). PROBLEMAS —#— P 1.1 As us esferas vistas na Figura 1.13 tém didmetro muito ‘menor que a separagao entre elas. Caleule a relacdo W/L para que a forga sobre a esfera de carga q’ seja nula. 2g zn ——E ye a Figura 1.13, (Problema 1.1). P 1.2 Duas esferas metilicas de mesmo raio a esto separadas entre si por uma distincia r muito maior do que a. Uma esfera tem. carga q, € a outra tem carga -g,,€ elas se atraem com forga de in- tensidade F, Um fio condutor faz contato simultineo com as duas esferas de modo que elas possam trocar cargas entre si € ap6s isto 0 fio € retirado. (A) Mostre que as du ase repelir (exceto se q, = 4.) ¢ calcule a intensidade da forga F’ de repulsio ntre elas. (B) Determine os valores possiveis para a razio g/g, para que se tenha F =F’ © P13Asduas pequi ‘de mesmo raio, esto suspensas por fios finos de tre que 6 = 6. (B) Imagine que um fio fino condutor fa simultineo com as du: \s, sendo retirado depois de redistribuigio de cargas, Demonstre que 0 valor de @ aumenta, exceto seq’ = 4, ceargas passa as esferas metilicas Vistas niilon. (A) Mos- 1 contato ita a Figura.i¢ (Problema 1.3), P14 Daas paniculas de igual carga 4 esti separadas entre si Por uma distineiafixa. Quer-seintroduzir uma terceira particula, ry. Cm Exercicios Sedo 2.2 CO fluxo do campo elétrica de ‘uma carga q em uma casca esferica centrada na carga é igual a-4zkq Copitulo2 m Let de Gauss (1 Um vento com velocidade de 5,0 mvs ince sobre uma parede a um ingulo de nal. pare tem uma janela com érea de 1,5 m?. Sabendo que 0 ar tem densidade de Caleue o fluxo de ar que penetra pea janela 2.2 Considere um cano transportando égua ¢ um plan fcticio conando 0 can de “Mosire que ofluxo de guano plano independ da sua inclnagéo. Fluxo do campo de uma carga em uma esfera Consideremos uma particula de carga positiva qe calculemos o fluxo de seu campo elétrico em uma casca esférica de raio r cenrada na posiglo da panticula, como mostra a Figura 2.5. Figura (© campo elétrico K de uma carga q € sempre normal a uma casca esférica centrada na carga, ‘O célculo da integral expressa na Equacio 2.6 € neste caso muito simples, uma vez que E €edA sao paralelos em todos os pontos da superficie e, além disso, o médulo de E é constante durante a integragao, Devemos lembrar que o lado positivo de uma superficie fechada é o lado externo, Podemos entio escrever kK Lane 24kg. en O= f EdA= Ef dd 3 ain- circulo colocado na integral serve para indicar que a superficie S em que € fe tegragao € fechada. Observa-se que 0 fluxo independe do raio da esfera e é proporcional & carga q no seu centro. Secdo 2.3 = Lei de Gauss fato que acabamos de demonstrar é um caso particular de uma lei muito mais geral, a lei de Gauss. Como mostraremos, 0 caréter geral dessa lei pode ser entendido por argumen- tos simples. Consideremos a Figura 2.6. Uma carga pontual q € circundada por duas cascas esféricas S, ¢ S,,nela centradas. Pelo que vimos, o fluxo do campo elétrico € o mesmo nas duas cascas, pois o raio da esfera no altera o fluxo. Essa invaridncia do fluxo com o raio exprime uma lei de conservagao, que é inteiramente Gbvia no caso do fluxo estacionério de um fluido. De fato, imagine que na Figura 2.6, em vez da carga q tivéssemos a fonte de um fluido, E claro que, em um regime estaciondrio de escoamento, 0 mesmo fluxo do fluido cruzara as duas cascas esféricas. Além disso, esse também sero fluxo na superficie S (de forma genérica) contida entre as duas cascas esféricas, Pois bem, o mesmo ocorre com 0 Axo do campo elétrico. As linhas de campo divergem de cargas positivas e convergem em cargas negativas e nfo podem desaparecer no vazio. Sio algo que, em uma regio livre de cargas, se conserva. Do mesmo modo, as linhas de corrente de um fluido em escoamento se originam em uma fonte e convergem para um sumidouro, mas nao aparecem nem desaparecem, exceto em fontes e sumidouros, respectivamente - fo aoe 22 1 Permissividade elétrica do vacuo ee Lei de Gauss (0 fiuxo do campo elétrico em qualquer superficie fechada ¢ igual &razio entre a carga total ‘qno seu interior e a permissivi- dade do vieuo. Mei de Gauss Lei de Coulomb em termos dda permissividade do vcuo Fiskca Basica @ Eletromagnetismo Figura26 © fluxo do campo elétrico & 6 mesmo para as duss csferas jos cortes Sio vistos na figura, Portanto, deve ser também o mesmo para a superficie fechada § ccontida entre as duas esferas, o=fea={(Sx,}aa-¥ fe a= 30, =42k Ya, ol @=4akq, : : ‘ ‘onde q é a carga total contida dentro da superficie. A Equaco 2.8 exprime matematicamente allei de Gauss. O agrupamento de fatores 4:tk aparece tio freqtientemente nas equacdes do eletromagnetismo que se definiu um simbolo especial para designé-lo: 1 nk A constante e, € denominada permissividade elétrica do vacuo. No sistema SI de unids- des, seu valor é €, = 8,854 187 817 x 10-2 CN", (2.10) A lei de Gauss estabelece a seguinte regra: O fluxo do campo elétrico em qualquer superficie fechada & igual a razdo entre a carga | total q no seu interior e a permissividade do vacuo. Matematicamente, a lei se expressa por o=fEda=4 2) & Em termos da permissividade do vacuo, a lei de Coulomb se exprime na forma F= (2.12) ‘A Figura 2.7 ilustra a forma como a lei de Gauss funciona. Temos ali uma carga positiva 24 uma carga negativa -g. Linhas de forga irradiam da carga positiva, ou seja, a carga positiva€ uma fonte de linhas de forga. J4 a carga negativa é um sumidouro de linhas de forga, ou se. Jinhas convergem para ela. Mas apenas metade das linhas que irradiam da carga 2g converge para a carga—g. Na superficie de Gauss que envolve as duas cargas, cruza um niimero liquid de linhas de forga (linhas que saem da superficie e no entram de volta) que é proporcional A carga iquida q = 2q -q em seu interior. Goptulo2 m Lei de Gaus Superficie Figura Parte das linhas de forga que iradiam da carga positiva a 2 caverns ar crea ee SS ca 1 peice do Cau Nera at = = ot init cue eran Siem sre = ~ ¢ propel expt ligt 29 7a AIHW superficie eae —. - 2 Exercicio 2:3 A Terme aionosfera ém cargas de sins opostos que gram um campo eGo que Upon para bax e cue valor a pequenas altades, de 100 NC, Qual €0 valor da carga da Tera? EEE) Exercicio-exemplo 2.3 | Um corpo condutor neuro tem um orificio dentro de qual se encontra uma carga +4 sem contato com suas paredes, Mostre que iso induz eargas +q ¢-q distribuidas,respectivamente, nas supeficies externa € interna do condutor. Condutor Figua2s (Exercicio-exemplo 2.3), 1 Solugao ‘A Figura 2.8 mostra o condutor oco com a carga +g em seu interior. Como 0 campo dentro do condutor & nulo, o fluxo do campo na superficie de Gauss ‘mostrada na figura é nulo, Portanto, pela lei de Gauss, a superficie contém em seu interior uma carga nula; conseqientemente, na superficie interna do con- E=—1_¢. i & dae,r ous a, © campo elétrico de uma carga pontual tem diregao radial e varia com o inverso do quadrado da distancia, Isso ¢ outra forma de enunciar a lei de Coulomb, pois se 0 campo de uma carga q € dado pela Equagio 2.13 a forga que ela exerce sobre outra carga q’, dada por F = Eq’ obedeceri lei expressa pela E g a lei de Gauss tem cariter ‘muito mais geral do que a lei de Coulomb, Esta tiltima foi estabelecida empiricamente e tem validade apenas para cargas em repouso, enquanto a lei de Gauss tem validade absolutamente geral: independentemente do estado de movimento das cargas no interior da superficie, 0 fluxo do campo elétrico sempre obedecerd 2 lei de Gauss. Posso prever que 0 atento leitor Vai argilir: foi demonstrado, poucas linhas antes, que a lei de Coulomb pode ser obtida da lei de Gauss e, portanto, sempre que a lei de Gauss valer também valeré a lei de Coulomb. Ocorre, porém, que a demonstrago nao tem validade geral. A afirmacao inicial de que, por simetria 6 campo & radial, e tem a mesma intensidade em todos os pontos eqiiidistantes da gera, s6 vale quando a carga esté parada, Se a particula carregada se move. a diregiio de seu movimento é uma direedo especial e distinta das outras, Ou seja, a simetria é rompida com seu movimento. Nao hi razdo para se supor que na diregao do movimento se tenha o mesmo ‘campo que nas outras. Na verdade, o movimento altera 0 campo gerado por uma carga. Por um lado, como ve remos no Capitulo 7 (Campo Magnético), quando uma carga esté em movimento, além do campo elétrico ela gera outro campo, o campo magnético. Nao apenas 0 campo magi ‘mas também 0 campo elétrico € sensivel ao movimento da carga. A Figura 2.9 mostra as linhas do campo elétrico de uma carga q parada (A) e em movimento (B). Quando a carga se move, as linhas de forga nao irradiam simetricamente da carga. Na dirego paralela a velocidade, as Jinhas se tornam menos densas, ou seja, o campo fica menos intenso do que o campo da carga parada. Jé nas diregdes perpendiculares & velocidade, o campo fica mais intenso. A explicagio desse fendmeno € dada pela teoria da relatividade restrita. Na verdade, essa modificagio do ‘campo elétrico e aparecimento do campo magnético so efeitos relativisticos. A distorgio do campo elétrico s6 € significativa quando a velocidade v & uma fragdo considerdvel da velocidade da luz e pode ser ignorada nas situagGes ordindrias. Devido ao efeito relativistico do movimento sobre o campo elétrico, a lei de Coulomb nio vale para cargas em movimento, apesar de ser uma boa aproximagao para velocidades pequenas comparadas 8 velocidade da luz. Entretanto, a lei de Gauss vale em qualquer situaglo. Veja Pi SLI a aS w ®) Figura29 © movimento altera 6 campo elétrico gerado por uma carga. Se uma carga est parada, seu campo (a ut {dada distincia dela) tem o mesmo médulo em todas as diregdes (Figura 2.9). Mas, quando ela se move. sc ‘campo fea menos intenso na difegig do moxinpento mais intenso na diego lateral (Figura 2.98). $ Cpitulo2 m Lede Gauss ——————*— okeitor a que si ‘Mleide Coulomb 50.6 vida ; lao surpre a sorte nos conduziu. Partimos da lei de A dedurir outea equivalente e acabamos de posse de algo muito mais geral. Chegamos a uma let chelate toutes Inaier ue ainda vale quando aquela que a inspirou jé perdeu a validade. Isto € muito interessamle, Ge-Gauss vale paraeargas€ 1 verdade nao chega a ser um fato raro na fisica, H4 outros exemplos de lei obtida a partir fem qualquer regime de de outra lei empitica e que acaba demonstrando ter validade muito mais ampla do que ai lei movimento original que a inspirou. As leis de conservacao da energia, do momento finear e do momento. angular sio exemplos desse fenéimeno, Todas elas foram estabelecidas no contexto da mecd- rica newtoniana e permanecem inteiramente validas ¢ exatas em situagdes que s6 podem Ser descritas pela relatividade ou pela mecénica quantica, ou pela combinagio de ambas. Seco 2.5 = Aplicacées da lei de Gauss Ae de Gauss permite soluco muito simples para océleulo do campo elérico de dstribui- «es estticas de cargas com alta simetria, Algumas aplicagies ilustativas serdo apresentadas nesta sega, 2.5.1 Fio reto infinito com densidade de carga uniforme Hy Superfcie dde Gauss ey Figura 2.10 Fi retoinfinito, com densdade uniform de carga © uma superficie (cilindrca) de Gauss uilizada para océleulo do campo etic, ——+— A Figura 2.10 mostra fioe uma superficie cilfndriva de raio re comprimento h com eixo Superfcie de Gauss sobre o fio, Uma superficie imaginaria construfda com o fim especifico de se calcular o campo ¢ uina superficie imaginatia4éiricq pela aplicagao da lei de Gauss & denominada supercede Gauss, Seja2 a densidade linear utilizada para se ealcular © 4 carga do fio. Por simetria, o campo elétrico sera radial e uniforme na superficie curva do cilindro. © fluxo do campo nas bases do cilindro sera nulo, pois o campo ¢ paralelo ao plano das bases. Podemos escrever imediatamente campo elétrico com base na lei de Gauss fie-an =#2nm ano a total dentro da superficie de Gauss (0 cilindra) é q = Ah. Portanto, pela lei de Gauss, obtemos ah (215) 2arh=—— (216) = Campo de um fio infinito E com densidade uniforme de carga 26 Campo de um plano.com densidade uniforme de carga. Fisica Bi ® Eletromagnetismo 2.5.2 Plano infinito com densidade uniforme de cargas (positivas) e uma superficie de Gauss em forma de cilindro com eixo normal ao plano das eargas, Novamente, tomaremos uma superficie cilindrica, desta vez com eixo perpendicular a0 plano, como mostra a Figura 2.11. O cilindro sera situado de tal forma que suas duas bases estejam eqiidistantes do plano. Neste caso, 0 fluxo na superficie curva do cilindro seri nuloe ‘campo nas duas bases ser de igual intensidade. Portanto, sendo A a érea da base do cilindro 7 a densidade superficial de carga, podemos escrever, fE-dA=£-24 am a8 2e, fare Figua2.12 a" Linhas de forga do campo criado por um plano j—-— infinito (perpendicular ao papel) com densi uniforme de carga As linhas de forga do campo gerado pelo plano de cargas sto mostradas na Figura 2.12 Nota-se que as linhas so igualmente espagadas, o que decorre de que o campo elétrico ¢ uniforme, como mostra a Equagao 2.18, Planos infinitos (na pritica, planos muito grankles) uniformemente carregados so 0s tinicos corpos capazes de criar campos elétricos uniformes Na pritica, a formula dada pela Equago 2.18 funciona sempre que a densidade de carga n” plano for uniforme e o ponto em que se vai calcular o campo esteja muito mais proxime do plano do que das suas bordas. Capitulo? m Lede Gauss ercicio-exemplo 2.4 1 Um corpo de dimensies mindsculas © massa ri-tem uma carga y eujo valor se pretende determina. Para - ese fim. suspende-se o corpo, por um linha de eomprimento /, amarrado a um fio longo vertical com. : densidade linear de carga uniforme 2, Verifica-se que corpo carregado se equilibra em uma posigSo tal ‘\, 7 a fre Figura 2.13 (Exercicio-exemplo 2.4). mSolugio A Figura 2.13 mostra o arranjo do experimento e as forgas que atuam no corpo ccuja carga se pretende determinar. Pela Equagio 2.16, podemos escrever A 2aer Mas vemos também que r = fsend e, portanto, TsenO = gE =—“—q. iE, : 2 ITsen*6, 4 Men Por outro lado, a tensio Tno fio é dada por T cos 2ne,Img sen’® A cosd = —o Exercicios E24 Um fio com comprimento de 50 em tem uma carga de 20 nC uniformemente distribuida. Caleule o campo elerico em um porto ddistincia de 4,0 em do fo, long das sus extemidades. fomemente 2.5 Uma placa quadrada com drea de 100 em tem uma earga de 60 nC distribuida u na sua superficie, (A) Calcule o campo elétrico em um ponto a distancia de 1,0.em da placa e afastado. 3.0m da borda mais préxima, (B) Estime o valor do campo elétrico distinc de 1,0 m da placa, 2.5.3 Cargas e campos em um condutor em equilibrio ———«—_Noimterior de um condutor em equilfbrio, 0 campo elétrico nulo, De fato, qualquer Qualquer carga desbalanceada valor nio-nulo do campo elétrico gera correntes de cargas no condutor. onan € a um estado de equilibrio em is param de se mover, de levar necessariam ve dade calor ys, avo contro, tesa um moto perp, No stad de eqilfo, campo nko em Miele Jos ox pontos dentro do condutr.Portano,oflaxo do campo etic €nulo em qualquer superficie fechada inteiramente inserida no interior do condutor. Isto significa que qualquer nceada em um condutor em equilbrio se distribui em sua superficie. ‘carga desbal + 28 Fisica Basia @ Eletromagnetismo A lei de Gauss permite também e: ximos a superficie do condutor, E claro que exa que ser normal & mesma, pois do contrario hayeria corren ‘uma superficie em forma de pastitha de dimensdes infinites © a outta no exterior do condutor, como mostra a Figura 2,14 lcular o campo elétrico em pontos externos muito pr wente na superficie do corpo 0 campo tery s de superficie. Conside: pais, com um E Figura2.14 ‘Corpo condutore uma superficie de Gauss em forma de pequena ps. face interna e outra externa a0 corpo. O-cammpo elircw Adjacente ao corpo condutor é sempre normal a sua su ee [Geampaetavko reine’ como a psiha € muito pequen,pode-sedesprezar a varagdo do campo em sua super seetnestadodeeruitbre.e ficie. Sejam oe A respectivamente a densidade superficial de carga dentro da superficie ea normal superficie do corpo Sta drea. Com base na lei de Gauss conch e-proporcional a densidade superficial de carga naquele fEda=E4= (219 onto Gago prosimossuperie fir 2 (220 ‘deum condutorcarregado a ~ Este resultado € muito importante e € usado com muita freqiiéncia no eletromagnetismo. - o Exercicios £2.6Uma nave espacial, ao trafegar no cinto de radiagdo da Terra, pode carregar-se negativamente. Imagine um saiélite (paredes metilicas) esférico, com didmetro de 1,0 m que tenha acumulado uma ‘carga de ~1,5 UC. Caleule o campo elétrico em pontos préximos & superficie externa do satélite £27 Qual deve ser a densidade de carga em uma superficie metélica para que na proximidade de sua superficie haja um campo elétrico de médulo 0,75 MN/C? Secao 2.6 = Gaiola de Faraday ee 1 Uma caina meta, ov mesmo ‘uma gaiola de grade sficieme- ‘ment fina, impede que cargas cexteras criem campo eltico «em sea interior. Tal feito é chamado gia defuraday 19, a 4 ; \ Figua2as 1) OES etigs era pete Scan fr na cavidede dentro doconduor€ rbitrra, ul. 1° SS 86 € possivel se o campo for nulo dentro da cavid © condutor evita que os campos gerados por cats D:, externas penetrem na cavidade. fato de que 0 campo elétrico no interior de um condutor, em regime de equilibrio ( séncia de correntes elétricas), é nulo gera um efeito importante que iremos discutir: 0 da 9 de araday. A Figura 2.15 mostra um corpo metélico oco. Como jé foi discutido anteriormente se esse corpo tiver alguma carga ela fica distribuida em sua superficie. Portanto, a carga tot! opitulo2 m Leide Gauss ro interior da superficie § mostrada na figura € nula, o que gute. cee aan elétrico também & nulo na superficie. Uma vez que nao hi linhas de campo eruzando dda superticie que est imersa no condutor, o fuxo das linhas de campo que cruzam a parte S na parte oca é nulo, Mas, como a forma de S & arbitréria, isso s6 € possfvel se nao Tints de campo também no espago oco do condutor. Ou seja, o campo elétrico nesse espaco ‘co também € nulo, Na pratica, 0 efeito € observatlo mesmo se 0 corpo condutor for cheio de orificios, ow mesmo que ele seja uma gaiola metélica, desde que a rede da gaiola seja suficientemente fina Faraday também mostrou que esse efeito de blindagem funciona mesmo quando os campos: {externos nio sio estiticos, Ele construiu uma gaiola grande o suficiente para nela penetrar com seus aparelhos de medida e fez com que a gaiola fosse alvo de campos muito intensos, ¢ até mesmo de descargas elétricas andlogas as de um raio (apenas menos intensas). Nao constatou qualquer campo elétrico no interior da gaiola. Para fazer um teste do efeito de blindagem observado por Faraday, coloque seu celular dentro de uma caixa metélica e ligue para ele: voc? ouvird a mensagem de que o telefone esta desligado ou fora da drea de cobertura. Isto porque as microondas envolvidas na telefonia celular ndo passam pela blindagem da caixa. O fato de os metais serem opacos a luz e as outras ondas eletromagnéticas estéestreitamente associado ao efeito de blindagem do campo elétrico. Secao 2.7 » Campo de distribuicao esférica de cargas A Figura 2.16 mostra uma casca esférica com carga Q uniformemente distribufda em sua superficie. Por simetria (supondo-se que a casca esteja parada), 0 campo elétrico serd unifor- ime sobre qualquer superficie esférica concéntrica a ela, e tera diregdo radial. Consideremos a superficie esférica de Gauss S,, de raio r> R. Aplicando a essa superficie a lei de Gauss, cobtemos [J bedA= barre ean i (222) 4ae,7 ‘Vemos, portanto, que © campo € o mesmo que seria criado por uma carga pontual Q lo- ccalizada no centro da easea esfirica, Figura 2.16 Casca esférica uniformemente carregada com ‘carga posiiva Consideremos agora a superficie de Gauss S,,esfrica e de raio menor que R. Por simetria, ‘campo uniforme sobre a superficie, mas a carga interior a ela € mula, Portanto, «lei da Gauss dita que =>E 223) ee” ee J BdA= Baar? 30 Fisica Bisica m Eletromagnetismo Combinando as Equagdes 2 . podemos escrever ® Campo criado por uma Fae TR, -casea esférica uniformemente ze, (2.24) eaenen BO rR. Consideremos agora um corpo com distribuigao esfericamente simétrica de carga, como mostra a Figura 2.17. Figura2.17 Corpo com distribuigao esfericamente simétrica de carga Dizer que a distribuigdo de carga é esfericamente simétrica equivale a dizer que a densida- de p de carga depende apenas da distancia r ao centro do corpo. Pela lei de Gauss, podemos escrever €,f,E-dA =| pdv foc yaar?ar’. (225) > Mas 0 campo serd radial e teré 0 mesmo médulo na superficie S, e nesse caso obtemos E-dA= Baar? (226) Portanto, ’ Campo de uma distribuico. E foe rd’. (227) esfericamente simétrica de ro carga ' 2 Um caso particular importante é aquele em que o corpo tem raio R e carga total Q distri bufda uniformemente em seu volume. Neste caso, para r< R, oesneOks (228) Vo 4nR° ‘ eda Equagio 2.27 calculamos, para r < R, \ ¢ r a 2.29) al 20h gy = 1 39 _r ‘ (22 ery 4aR Pan 3 “a roreR, . (2308 Para r> R, temos, Cp < pel ror a (2308) 40,7 Copitulo 2 m Lei de Gauss Exercicio-exemplo 2.5 ae {1 Uma esfera ndo-condutora de raio R tem carga em seu interior com densidade variando na forma 2 ptr) = Cr. onde Cé uma constante e ré distancia ao centto da esera. Caleule a variago do campo elétrico com r no interior e no exterior da esfera Solucao ‘ Para o interior da esfera, a Equagio 2.27 leva a c 2 a Exercicios E 2.8 Esboce o grifico da variagio do campo elétrico de uma esfera, de raio R uniformemente car- regada com carga Q, coma distancia rao centro da esfera, Considere pontos dentro e fora da esfera. 2.9 Uma esfera nio-condutora com raio de 10 em tem uma carga de 2,0 nC uniformemente dis- tribuida em seu corpo. Calcule o campo elétrico (A) em um ponto a 5,0 cm do centro; (B) na superficie da esfera £ 2.10Uma esfera nfo-condutora de raio tem carga em seu interior com densidade variando na forma p(r) = Cr onde C é uma constante er € a distincia ao centro da esfera. Calcule a variagio do campo elétrico com r no interior e no exterior da esfera, E2.11 A Figura 2.18 mostra duas eascas esférieas metilieas com eargas de mesmo médulo 3,0 nC. Calcul o campo cletrico ns pontos (A) P, e (B) Py. 3.0n€ 30nC 10 em: 7Sjom Py | 50m Figura 2.18 (Exerc Se¢do 2.8 = Demonstracao experimental da lei de Gauss Como vimos, uma consequiéncia da lei de Gauss € que qualquer excesso de carga em um condutor em equilibrio deve ficar distribuido em sua superficie. Na verdade, esse fato foi per- cebido por Benjamin Franklin antes dos experimentos de Coulomb. Franklin também notow que uma carga no interior de um condutor carregado nao fica sujeita a qualquer forga. Infor- mado desse resultado por Franklin, 0 eelético intelectual ingles Joseph Priestley (1733-1808) © confirmou experimentalmente e percebeu so com o fato conhecide de que uma casca esférica nao exerce forga gravitacional sobre uma massa em seu interior. Com isso, em 1767 sugeriu que a forga elétrica deveria seguir a mesma lei do inverso do quadrado da 32 % Fisica Basia @ Eletromagnetismo, distincia, Realizou experimentos no intuito de demonstrar diretamen quadrados, o que contudo s6 foi conseguido por Coulomb em 1785. Com experigneias do tipo realizado por Coulomb, o expoente 2 na lei r pode ser medido com preciso melhor do que 1 por cento. Assim tenha a forma dificilmente Pode ser que a lei de forg, pak hh 7 onde d seja um niimero pequeno, mas no exatamente nulo, Como vimos anteriormente, para cargas em repouso a lei de Coulomb pode ser deduzida matematicamente da lei de Gaus, Experimentalmente, a melhor maneira de testar com precisio a lei de Gauss é verificar se excesso de cargas em um condutor fica de fato inteiramente em sua superficie. Esse tipo de experimento foi realizado por muitos pesquisadores. A Figura 2.19 mostra esquematicamentc ‘uma variante dos experimentos. Uma esfera carregada é introduzida em uma caixa condutoy inicialmente descarregada. Quando a esfera esté suspensa no interior da caixa, sem contato com suas paredes (Figura B), aparecem na superficie interior da caixa cargas de sinal oposto (no caso da figura, negativas) ao da esfera, cuja soma é exatamente igual ao valor da carga q da esfera, Ja na superficie externa da caixa aparecem cargas positivas somando 0 mesmo valor, pois a caixa tem carga liquida nula. Se a esfera toca o fundo da caixa (C), ela e a caixa passam a compor um tinico corpo condutor e, pela lei de Gauss, todo o excesso de carga fica nna superficie externa da caixa. A esfera descarregada pode entdo ser retirada da caixa (D).0 teste crucial a ser feito é a verificacao de que a esfera retirada realmente tem carga nula. Se alguma carga residual for detectada na esfera pode-se calcular, a partir da sua medida, 0 valor de 6 na Equacdo 2.29. Segundo as medidas mais precisas jé realizadas, o valor de d, se for exatamente nulo, tem médulo menor do que 10"! Isso faz com que o valor 2 no expoente da lei de Coulomb seja a grandeza medida com maior preciso em toda a ciéncia 13) A Figura219 ‘Uma esfera metilica com carga q € introduzida em uma caixa inetélica descarregada, Quando a esfera fics suspensa dentro da caixa, sem contato com ela (B), aparecem uma carga ~q distribuida em sua supertci¢ intema e outra carga q em sua superficie externa. Quando a esfera toca 0 fundo (C), ¢la¢ a eaixa passat ‘comtpor um tnico corpo condutor, e todo 0 excesso de carga situa-se na superficie externa da caina. PROBLEMAS — P 2.1 Um cabo cilindrice de raio R © comprimento infinito té carregado de tal modo que a densidade de carga tem simetria (B) Mostre que o campo elétrico em um ponto no interior do cilindro vale ne E=—Jpt'yrar’. wi ce que fora do cilindro 0 campo vale etd 2ae,r L. 22 Rutherford propés, em 1911, a existéncia de um nicleo Para o tomo, Segundo ele, 0 dtomo de um elemento de nimero atémico Z tem um niicleo esférico minisculo, de aio a e carga Ze, circundado por uma carga eletrénica uniformementedistribuida em tuma esfera de raio R, muito maior que a, concéntrica ao nicleo, Calcule 0 valor do campo elétrico dentro da nuvem eleténica, em ‘um ponto a distancia r do centro do stomo, LP 23 A Figura 2.20 mostra dois planos infintos paralelos contendo densidades uniformes de carga de igual médulo.e sinais contrérios. (A) Calcule o campo eriado pelo sistema, (B) Esboce as linhas de forga do campo. ee Figra220 (Problema 2.3), Le > p24 Figura 2.21 mostra uma casea esférica com riosimterno ‘eexterno iguais, respectivamente a eb. A casca tem carga uniforme- mente distribuda em seu corpo, com densidade f Calcule a variago do campo elétrico em fungio da distincia rao centro da casca. E=0, rb Figua221 (Problema 2. Copitulo2 m Leide Gauss 2.5 Figura 2.22 mostra uma casca esfica com carga dist- twida em seu corpo com densiade variando a forma = C/7,45 1 hone Cuma constante, Calle a vari do campo elico oma dstncia rao centro da cascaem toda a regio Or <=, Loner = ] Figuea222 (Problema 25), P26 Figura 2.23 mostra uma casca esférica com carga dis- ‘ribufda em seu corpo com densidade variando na forma p = C/r, 4S r a difereng Vir) — VAR) nest 0 € um valor infinito. 4 origem dessa anomatia esti no Lato dle que o fig tem tamh comprimento infinito, Do ponto de vista pratico, fa fios muito extensos, ma sempre finitos Visto de perto, o fio pode ser tratado como um objeto infinito, mas isto nao vale quando o fio ando que aparece na Equ a equagiio deixa de ser valida € visto a grande di Jncia, Portanto, em qualquer fio real, 0 int 3.34 tem que ser modificado quando »” se torna mute ilo se consider quando R se torna infinito. Problema semethante ( -gado. Como se viu no Capitulo 2. 0 campo elétrico gerado portal plano é uniforme, 0 qu em um valor infinito para erenga de potencial entre um ponto na vizinhanga do plano e outro a distancia infinita inte: em varias situagGes no eletromagnetismo, © potencial ‘gerado por um plano infinito uniformemente ca resulta obviamente deste. A ligdo geral a ser aprendida & a ndes como se fossem objetos infinitos. Entretanto, visto de uma se 1orna pequeno, ¢ portanto se estendermas tratamos objetos muito g1 distancia suficientemente grande, qualquer objet nossa ansilise a distincias infinitas iremos chegar a inconsisténcias. Neste ponto é conveniente destacar que as Equagdes 3.32 e 3.33 para o calculo do potencial de uma dada configuragao de cargas foram obtidas tomando-se 0 zero de potencial no infinito, Portanto, tais frmulas devem resultar em valores infinitos para © potencial em um ponto finito gerado por um fio infinito ou um plano infinito uniformemente carregado. Isto € exatamente 0 que ocorre, Em ambos 0s casos, a integral expressa pela Equacdo 3.34 diverge, como se pode verificar sem dificuldade. & Exercicio-exemplo 3.5 '§ Calcule o potencial elérico no interior eno exterior de uma esfera no-condutora de raio R que tem ‘uma carga Q distribuida uniformemente em seu corpo. Solucso Para realizar 0 céleulo, usaremos 0 estudo do campo elétrico gerado por uma esfera uniformemente carregada, apresentado no Capitulo 2 (Lei de Gauss), Reproduziremos a Equagao 2.28 desse capitulo para descrever 0 campo: oy rer, 46, 39) e-—2, zr 4ae,7 ‘Tomaremos como referéncia do potencial um ponto no infinito, Para pontos ex- ternos & esfera, podemos escrever: vojaf{—2d'-2 fH. 2) per 63) Bae aa, ane, 1 m como também o cam= no centro da esfera. ‘Vé-se que para pontos externos po) é 0 mesmo criado por uma carga pontual Q situadk Na superficie da esfera, o potencial vale esfera 0 potencial (as \do a equagaio No interior da esfera podemos calcular o potencial utili viry=V(R)+[ Ede rs Copitulo3 m Energia Eletosttica 49 Utilizando a Fquaglo 3.35, obtemos ' V(r) =V(R)+— VO Taek 37 gis 0 Exercicios £3.12 Uma esfera nio-condutora com raio de 5,00 cm tem uma carga de 3,00 nC uniformemente dlistrbuida em seu comp. 2,00 em do seu cento, aleule 0 potencialelétrico (A) na superficie da esfera;(B) em um ponto E3.13 Caleule potencial elétrico na superficie do niclea de ouro tratado no Exereicio 37, Ignore ‘© efeito da nuvem eletrnica, (Por que se pode ignorar a nuvem eletnica sem grande erro?) Secao 3.7 » Calculo do campo eletrico a partir do potencial Vimos na se¢o anterior que, conhecendo 0 campo elétrico em todos os pontos do espago. podemos caleular © potencial elétrico também em qualquer ponto. A reciproca é verdadei- fa, Ou seja, se conhecermos 0 potencial em todos os pontos do espago podemos calcular 0 campo também em qualquer ponto, De fato, pela Equagao 3.29, a diferencial do potencial € dada por dV = -E(r)-de= Edy - Edy ~ Bae, asa) Por outro lado, sabemos que ev av dv = des dy 339 a CComparando as Equagdes 3.38 e 3.39 coneluimos: = Componentes do campo on av av : elétrico comoderivadasdo —E,=s 5, E, B= 3.40 potencial or » 2) 6 definido ga forma Mas, com base na Equagiio 3.40 podemos eserever ov, av €, portanto, a partir da comparagiio entre as Equagtes 3.41 ¢ 3.42 coneluimos “vv. ms jm! 50 Seeeecsie _o ponto€menosogradiente “Ite naqy ela ee: io diz. que 6 campo elétrico em um dado pontog menos 6 gradiente do potencia Je ponte, GEG Exercicio-exemplo 3.6 01 & Dado o potencial 7 (F)= =2—*, cateutar o campo cletsico, = Solucio 1 1 Temos que calcular o gradiente de ~=—Pp=—— Very desta fungao em rel =. Portanto, temos que calcular as derivadas parciai Vé-se que \GAo AS coordenadas cartesianas. 3.45) 2 Exercicio £3.14Nos anos 1980, Arthur C, Gossard produziu cristais da liga semicondutora Al Ga, ,AS! a fragio fde aluminio varia ao longo da diregao z de modo que no interior do eristal ha uM p elétrico dado por V(z)=az* \:\SL,e V(z)=al? \2\> L ia potencial nao depende das varidveis x ¢'y. Caleule o campo elétrico no interior do ef Seca0 3.8 m= Superficies eqilipotenciais No interior de um condutor em equilibrio o campo elétrico € nulo, o que es Superticieequipotencial € uma super: ficie em que o potencial elétrico € constante potencial elétrico ali é constante. Temos o que se chama um volume eqitipot ficie do condutor € uma superficie equipotencial, O conceito de superficie eqilip importante, Quando nos deslocamos em uma superficie eqilipotencial, o pote Como a diferencial do potencial é dada por dV = B - dr. para que o potencial o deslocamento dr é necessario que E seja nulo ou que Ee dr sejam ortogo superficie eqiipotencial ¢ ortogonal, em cada ponto, ao campo elétrico. A dois exemplos simples de cortes planos em superficies eqilipotenciais Capitulo 3 m Energia Eletrostatica Equipotenciais \ " f yh A Equipotenciais Figura3.9 Superficies eqipotenciais dos campos gerados por uma carga pontual e por um plano infinito uniformemente car- regado, Secao 3.9 = Dipolo elétrico ee Uma carga elétrica pontualé —-- Uma dada configuragio de cargas aparece com muita freqiiéncia no eletromagnetismo também denominada monopole € merece um estudo a parte, 0 dipolo elétric. O dipolo é um par de cargas elétricas de mesma elétrico. Um par de eargas pon-intensidade q e sinais opostos, separadas por uma dada distincia d. twais de mesmo valor e sinais ‘opostos & um digo eetrico Figura 3.10 Dipolo elétrico e varidveis utlizadas para o edleulo do potencial, clerico por ele gerado, omando-se a origem das coordenadas no ponto médio entre as duas cargas, como se vé nna Figura 3.10, poteneial no ponto Fé dado por fa | is 1) ne Galea a ; nce a if wee ie ae ee) Alas 8) + teas) 2l(te fi ona) 4 4 } ‘Na apronmaco de polo, despre ‘amon os termes de seeunds indes distancias, d << re as duas expressiies nas Equages 3.47 e 3. proxi ‘A chamada apro mnsiste em ignorar ede ordem Superior na varia 8 podem ser imaxio de dipolo. el d/r. Nesta aproximagio, pose las por expressive order condom ede ordem superior na Qs termos de segun variavel dr Oe crever 12114 e080}? 1414080}. 3.49) Fisica Basia @ Eletromagnetismo 1 ) {1+ “cose My bcos Com estas aproximagbes, a Equagiio 3.46 Joma a forma qd cos ; 4x, ro Definindo 0 vetor dipole elétrico na forma © Definigao matematica de dipolo elétrico p=ad, onde o sentido de @ vai da cary para a energia potencial atencial gerado por um Lp : Potencial gerado p Ve) p dipolo eletrico cat —————— ___ Eimportante notar que 0 potencial do dipoto elétrico decai com 7, contrariamente ao Monopod € ours denem / potencial de una carga (também denominacla monapoo elec), o qual deca com r~. Ito ocorre agdo Para uma cars Ponsl. | orque uma carga do dipolo anula parcialmente o potencial da outta carga. Para o campo elétrico criado pelo dipolo, é conveniente escother o sistema de eixos tal que © ¢ixo = seja alinhado com 0 dipolo, Neste caso, = = _ ¥ =r cox ¢ da Equagio 3.50 resulta: O potencial elétrico € © campo elétrico sdo obvi nente simétricos em tomo do eixo z Podemos agora utilizar a Equago 3.40 para calcular as componentes do campo elétrico do dipole: av_p E = 355) y ane ' E 38) Em coordenadas esféricas, r. 0, , dadas por x=rsendcosp, senOseng, ==rcos6, © campo elétrico & expresso na forma p_3cos6 send cosp ane r p_3cos@ send senp 4a r p_3cos’0-1 E, =P 28 ost ane, 2 Deve-se notar que o sistema de cargas representado na Figura 1.11C do Forca Elétrica) € na verdade um dipolo elétrico. Portanto, essa figura most, forga do campo do dipolo e capitulo 1 a as Linhas & Capitulo 3 m Energia Hetrostatica 53 fa Exercicio-exemplo 3.7 0 dipolo da Figura 3.11 vale =2.0 nC cm, € cada ofa da grade € um quadrado com lado de 10m. CCaleule 0 potencia elétrico e o camp eltrico nos pontos 1, 2e 3 | Bena Cp erenicio-erempto 37. mSolugio Para calcular 0 potencial, usa cos 2,0x10°C10?m 1.18 m",¢ obtemos No ponto 3, 8 = 90%, portanto V=0. Para calcular 0 campo elétrico, usaremos as Equagdes 3.57, Considerando que | E, & igual a zer0 nos t8s pontos. No ponto 1, temos No ponto 2, 5 30,7070,707 aa 3x0,707 E. e, =0.88™ 4 c Nicaea x dee 0-1 9aN, C (0,4m)' c am S4 FisiaBisia w Eletromagnetismo - a EBxercidio £3.15 Caleule o potencial a {rico € 6 campo eléirico nos pontos 4 e 5 da Figura 3.12, Secao 3.10 = Dipolo em um campo externa Muitas situagdes cientificamente e tecnologicamente importantes envolvem dipolos elétr cos sob a ago de um campo externo, Um campo elétrico uniforme Eno exerce qualquer forga resultante sobre 0 dipolo, como se vé na Figura 3.12. A forga sobre um dos pélos é perfeitamente cancelada pela forga no outro polo, Entretanto, hii um torque nio-nulo sobre o dipolo. Sua dirego & perpendicular & folha do papel e seu sentido € horsrio, ou seja, negativo, Definindo somo perpendicular ao papel, lado positive para cima, podemos escrever a dire a Ae Figura 3.12 a Forgas exercidas por um campo etic unifome ae E sobre um lipo elétrco, Observa-se que aga resultante é nua, 1, 2-296 4sen0 = pEsend. (358) Un carpe eticounforne tere a fora restos : nula sobre um dipolo elétrico, t=pxE (359) ilies bree dais Devido a0 torque exercido pelo campo sobre o dipolo, a energia potencial do dipolo de- dado pela Equacio3.59 _pende da sua orientagdo relativa a direg’o do campo, que estudaremos a seguir. Para obtera energia potencial, temos de calcular trabalho realizado pelo campo sobre o dipolo quando ele gira. Calcularemos isso fazendo referéncia a Figura 3.13. torque pode também ser expresso na forma Figua 3.13, Quando o ngulo do dipolo, cujo valor inicial € 6, sofre um incremento dé, 0 trabalho ae © campo faz sobre a carga positiva & dW, =F, -dr=F,dv oa) Por outro lado, a coordenada x da carga positiva &.x = (d /2) cos®, Portanto, dW, = -gE(d | 2)sendd0. (36?) io um trabalho exatamente igual 8° Deve-se notar que sobre a carga negativa é reall ‘ou seja, dW. = dW,, O trabalho sobre o dipolo seri Gapitulo 3 m Energia Fletrostatica 55 | dW = dW, + dW. =-qEdsenbd0 = —pEsend0 - wdo-se a energia potencial do dipolo como nula quando sua orientagao € perpendicular ) —, a energia potencial para um ingulo qualquer 6 seré a0 campo — ou seja, Vref 2) U0)=—f aw=f pesenoao tl. dy asm Efetuando essa integraglo, obtemos U=-pkcos) =-p-E. 363) potencial é mfnima quando o dipolo esté alinhado com o campo. Isto significa que dipolos eléricos submetidos a um campo elétrico tendem a ficaralinhados com ele, Como veremos no Capitulo 5 (Dielétricos), esse fato € muito importante para ‘© comportamento de materiis nd-condutores (também chamados materiais dielétricos) sob o feito de campos el EB] Exercicio-exemplo 3.8 © Como funciona wn foro a microondas. A molécula de égua (H,O) tem um dipolo elérico cujo valor é 6.2 x 10 Cm. Esse dipolo sole reorientagdes quando est sob efeito do campo elétrico de uma micro- fonda, ¢ desse mado absorve energia da onda. Calcule a variagio da energia potencial quando a molécula gira, sob efeito de um campo elérico de 1,0 kV/m, partindo da orientagdo ontogonal a0 campo e ficando alinhada com 0 mesmo. Solucao i Pela Equagao 3.63, podemos escrever AU = Usp, — Ug. = PECOSO + pEcos(ct | 2) =-pE. ‘Substituindo os valores de pe de E, obtemos AU =-6,2«10°C-mx1, 0x10! 2 4 -6,2%10F. Cm Nota-se que a variagdo da energia & bastante pequena. Entretanto, o forno a mi- croondas funciona exatamente com base na reorientagio das moléculas de ‘gua sob o efeito do campo elétrico oscilante da microonda. O campo elétrico fica oscilando sua orientagio com a freqiéncia da microonda, que no caso é {5 GHz, Em 100 mililitros de égua existem 3,3 x 10% moléculas. Cada uma | dessas moléculas faz um pequeno giro a cada oscilagtio da microonda (so 2,45 x 10" oscilagdes por segundo) e em cada reorientag0 uma quantidade de energia é dada 8 molécula, Tal energia € transformada em calor devide a0 atrito interno que tenta impedir o giro da molécula, Quando multiplicamos © trabalho calculado (~AU) pelo ntimero de mokéculas ¢ pelo nimero de giros em cada segundo, encontramos uma energia muito grande, Tal energia foi por rds altamente superestimada porque as moléculas fazem apenas um pequeno ‘iro, ¢ no uma rotagio de 90°, como se supds. De qualquer modo, a micro- ‘onda pode transferir algo como 600 W de poténcia para um copo d gua. icias que contém gua, pois atua 5 GHz fo © foro a microondas apenas aquece subs sobre o dipoloelétrico dessas moléculas, Sua freqéncia de 2, escolhida para maximizar a po 56 Fisica Basica Eletromagnetismo. es a Exercicios E3N6 Catcule o trabalho feito por um campo elétrico de 300V/m quando este gira um dipole elétca - de-200 n€ - m que de inicio £3.17 A molécula de agua possui um dipolo elétrica p = 6,2 * 10 "Cm. Considere a molécula subme tidaa um 2,0 x 10° NIC, Calcule (A) 0 torque sobre a molécula orientada | perpend AE. (B) A diferenga de energia entre as orientagdes antiparalela a E e paralelaa E do dipolo elétrico. (C) A forya exercida sobre tava antiparalelo ao campo e¢ finalmente se alinha com ele | molécu Figura3.14 ‘© campo, Observa-se que a forgat resultante nao x oxtd é mais nula, Quando o campo elétrico nao é uniforme. a forga resultante sobre o dipolo também deixa de ser nula. A Figura 3.14 mostra o dipolo quando alinhado com o campo elétrico, ou seja, em sua condigao de energia potencial minima. Na posigao da carga negativa, 0 campo vale E. Jé na posigao da carga positiva 0 valor do campo é E+E =E+ Ed (359) & A forga sobre 0 dipolo sera Fak +F 2g E+ ed)—gk =qd HE =p Ee (65) ax a a | Observa-se que a forga aponta para 0 sentido em que 0 campo € crescente. Se o dipolo estivesse antiparalelo ao campo, a forga teria 0 sentido em que o campo fosse decrescente. Em | tas situagdes, existe uma grande quantidade de dipolos imersos em uma regiao de campo niforme. Isto é que ocorre, por exemplo, em um gas constituido de moléculas polares, ou seja, moléculas que possuem dipolo elétrico. Quando submetidas a um campo elétrico, | essas moléculas ficam preferencialmente com o dipolo elétrico paralelo ao campo, porque | nessa configuracio a energia potencial € mais baixa, como se vé pela Equacao 3.63. Por esta raz, elas tendem a ser arrastadas para a regido do espago onde o campo € mais intenso. m ee — — Exercicio-exemplo 3.9 Calcule a forga que uma carga pontual Q exerce sobre um dipolo p a dist paralelamente ao campo criado pela carga, cia r da carga e alinhado soc A Figura 3.16 mostra o dipolo alinhado com o campo E da carga. Usando a | Equagao 3.65, trocando a variavel x por r, escrevemos Coptlo3 Enema lettin 57 x. (6 ° pope l=9 | or Perl ane) ae J 20 2aer © sina menos indica que o dipolo€ atraido pela carga Secdo 3.11 = Distribuicéo de cargas em um condutor Conforme vimos no capitulo anterior, em equilforio todo excesso de cargas em um condutor se distribui na superficie deste. Tal conclusdo é uma conseqiiéncia logica da lei de Gauss Raciocinando nao em termos da lei de Gauss, mas sim da lei de Coulomb, pode-se interpretar azo fisica Jesse fato, Devido a repulsdo, as eargas procuram se distribuir de modo a ficar © mais distantes possivel umas das outras,¢ isto acaba levando-as para a superficie. Tendo 1S em excesso se distribuem em vista a simetra,€ claro também que em uma esfera asc uniformemente na superficie. Em um corpo condutor de forma geral, por outro lado, parece também intuitivo que uma fracio desproporcional de cargas se situe em regides em que o Corpo apresente pontas, pois nelas as cargas ficam mais afastadas das restantes. Isto pode ser colocado em termos mais coneretos em uma situago especial deserita a seguir. Imagine dduas esfras condutoras de raios re R > Suponhamos que as duas esferas estejam muito afastadas de modo a se poder ignorar a agio eletrostitica de uma sobre a outra, mas aja um fio condutor ligando as duas esferas, como mostra a Figura 3.16. Devido ao fio condutor, pode-se concluir que no estado de equilrio as duas esferas estario no mesmo potencial V De fato, qualquer diferenga de potencial entre as esferas implicaria um campo elético no fio €, portanto, correnteelétrica nest. Figua3.16 Cort om um par de esferscondutoras caregadas «econtakis por um fi condutor. Uma esfera tem ‘aio duas vezes maior do que o da out Em conseqineia da igualdade do potencial nas duas esferas pode-se escrever Sore 3.85) 4ae,R 4ze,r onde Q éa carga naesfera grande eq acarga na esfera pequena. Sendoo, as densidades superficiais de cargas nas duas esferas, a Equago 3:65 permite escreve respectivamente o,R 0,6 o,f Esta equagio mostra que as densidades de cargas si inversamente proporcionais aos raios das esferas. Imaginemos agora que 0 fio seja retirado e as esferas sejam deslocadas até entrar em contato uma com a outra. Quando as esferas se aproximam, a tendéncia das cargas em cada cesfera é se distribuirem de maneira assimétrica, preferindo o lado aposto ao da esfera vizinha, mm 658 ————— ‘Ocampo elétrico gerado por ‘um corpo condutor carregado ‘€ mais intenso onde o corpo apresente pontas. Descargas ‘eletricas ocorrem com muito maior probabilidade nesses pontos. O para-raios e os microsc6pios de efeito de campo e de tunelamento tem sua operacao baseada neste fenomeno a? Rigid dieéria de um meio é 0 ‘campo elétrico méximo que ele ‘pode suportar sem que haja uma descarga clétrica ———__—— 4 Evercicio Fisica Basica m Eletromagnetismo mais rombuda e outra Quando as esferas se tocam, formam um objeto com dus pont mais aguda, nas quais se concentra maior densidade de carga, Na pont dade de carga € também mais elevada. O fato geral é que, em um corpo condutor cares que apresenta pontas, estas acumulam uma densidade de cargas que tende a ser inversamente proporcional ao raio local de curvatura. Na vizinhanga dessas pontas. 0 ¢ ico tende também que este € proporcional & densidade local de ca ilustrado na Figura 3.17, € denominado efeito eletrostitico das pontas is. Este fendimeno, ior, j nos quais 0 raio de curvatura € pequeno. Nesses ppontos o campo elétrico (indicado pelas seas ma figura) é também mais intenso, CO efeito das pontas manifesta-se em diversas situagdes. E comum que o campo eletrostatco de condutores carregados seja suficiente para gerar descargas elétricas no ar. As moléculas ar sofrem freqientes colisdes umas com as outras. Entre duas colisdes, uma dada molécula percorre uma distancia tipica, denominada livre percurso médio, designada pelo simbolo Em colisées com uma superficie cletricamente carregada, pode ocorrer que moléculas do ar fiquem ionizadas, ou seja, adquiram ou percam um elétron, dependendo de a carga da super: ficie ser, respectivamente, negativa ou positiva. De qualquer modo, a molécula sera repelida pelo corpo carregado com a forga e£, onde ¢ € a carga do elétron e E € a intensidade local do campo. Até a prime (0 com outra molécula, esta ganhard uma energia cinética cujo valor tipico é ra coli K=Fi Goa) Se o campo elétrico E for suficientemente intenso, esta energia sera suficiente para que um elétron seja arrancado da outra molécula na colisio. O efeito sera ent&o ampliado. O re: sultado final sera uma descarga elétrica sibita e violenta, uma fafsca, como se denomina. 0 campo elétrico capaz de causar a faisca é denominado rigidez dilétria do ar. O fato geral €qut as fafseas sempre tém origem nas pontas do corpo carregado,/O pira-raios é um dispositivt projetado para localizar as descargas geradas pela eletricidade da atmosfera em pontos segu Fos € convenientes. Um cabo metilico com inicio no solo se projeta para um ponto elevade € termina em um arranjo de pontas. Esse arranjo € um ponto extremamente privilegiado par dar origem a descargas elétricas O efeito das pontas & também utilizado em dois tipos de microscépios modernos, 0 ml: croscépio de emissiio de campo ¢ 0 microscépio de tunelamento. Os inventores deste tim microsc6pio ganharam por isto o Prémio Nobel em 1986. 4 de Fle Us ésfera metilica com raio de 5.0 em estédistante de outra esfera metilica com 18 1,0 cm. As duas esferas esto conectadas por um fio condutor, ¢ a esfera maior tem uma carga J 8,0.nC. Qual é a carga na esfera menor? PROBLEMAS -=— 3.1 Quatro cangas de mdulog, duas postivas eduas ne esto situadas nos vértices de um quadrado de lado [. As care de sinal igual ocupam os vértices opostos do quadrado. Caleule & cenergia potencial eletrost P3.2Caleute a auto-energia eet derando-o uma esfera de raio 6.8 * 10 92 prétons uniformemente distribuida e > P 3.3 Supondo qu sejam iguais, calcu perder para desinte do sistema ica do urinio-238, consi m que contém a carga de 1 mlimeros de prtons e néutrons a Tera de seus eléirons que o planet ra-se, ou soja, para que a sua auto-energia ne- gativa gravitacional fosse neutralizada pela sua auto-energiapositiva eletrostitica. Suponha que a carga elérica esta uniformemente istribuida no corpo da Terra e que também seja uniforme a den- sidade de massa, P34 Duas cascas esféricas condutoras concéntricas de raios R, © R, estio carregadas com cargas de Sinais opostos midleg. ccomo se vé na Figura 3.18, Calcule a energia associada a0 campo clétrico gerado pelo sistema Sa Figura.t8 (Problema 3.4) 3.5 Umelétron, partindo do repouso, éacelerado por um eam- poeléirico ese desloca para outro ponto onde o potencialelétticoé 1,0 10" V mais alto. Qual é« velocidade adquirida pelo eletron? P 3.6 Um cabo elktrico retiineo infinito com segao circular de raio a tem uma densidade linear de carga uniforme igual a 2 ralcule a energia eletrostitica por unidade de comprimento do cabo, Discuta 0 resultado, 3.7 Caleule o valor do potencial elétrico distancia dde um. plano infinito com densidade 0 unitorme de ea doo ponto de referencia no infinite. P 3.8 Caleule o campo elétrico no ponto P da Figura 3.19 (A) aplicando diretamente a lei de Coulomb, e (8) utilizando formula para 0 campo de um dipolo elétrico, 4 Figua3.t9 (Problema 338), P'3.9 Duas esferay metilicas de raios R e r, respectivamente, separadas por uma distincia d muito maior do que R e r. Inicialmente, a esfera de raio R possui uma carga Q € a outra es fera esta desearregada, Um fi 1s esferas, de modo que parte da carga Q possa ser wansferida para a esfera de rao r, © apos ce lo. (A) Demonstre que a energia eletrost «psd IGF inicial. (8) Caleule a forga entr 0 é retin agora dua esferas, Gpitulo3 m Energia Eetostitin r 3.10 Um dipolo etic €formado por duas pequensseseras rmetlicas de rao separadas pela distneia d >> a, com cargas ope tase intensidade g. Calle acnergiaassociada ao campo erin do dipole. Sugesto:calcle a auto-energia das dua esterase adicione ‘energa eletrosticanegativa devida sua atrayo mtu, P 3.11 A molécula de égua, H,0. tem uma configuragio de areas que pode ser representadaqualitativamente como na Figura 3.20, Os dois dtomos de H perdem seus elton para 0 tomo de , de modo que ese fica com uma carga iquda -2e, enquanto ca tomo de H fica redurido a um préton com carga +e. Para istinciasbastante maiores do que o diimetro da molécula. ocampo clétrico gerado pela mesma equivale ao de um dipoo elétrico. Os dois prtons so substituidos por uma carga +2é situa no ponto médio entre os pritons da Figura 3.20 e toda a carga —2e do fon (0° € posicionada sobre a mediatriz da linha que liga os dois pro- tons. 0 valor medido do dipolo¢ p= 6,2 10" C- m.(A) Caleule distancia entre © centro das cargas postvas +2e € 0 centro das cargas negativas -2e. (B) Calcule o campo elétrico no ponto da ra 3.200.50 nm acima do centro da mokcula Figura 3.20 (Problema3.11) 3.12 Dos dipotos elétricos de médulo p esto afastados um do outro distincia r.A Figura 3.21 mostra cinco possiilidades ‘para as orientagdes do par de dipolos. Calcule a energa potencial para cada uma das configuragies [eres el bene sgh Ee fend (Problema 3.12), } p 3,13 Oclipsdide metilico moro na Figura 322 tem car 2a liquida +g. Esboce qualitativamente a distibuigd0 das earzas de forga do campo elétrica & as superfices fo compo e as li ‘qiipot Figura3.22 (Problema 3 mm 460 Fisa Basia @ Eletromagnetismo trauma agutha de tungsténio, euja ature de 0.01 pum, proxima de uma placa por ccondatora. Entre a placa e agutha existe uma diferenga de potencial de 10-V. (A) Esboce qualitativamente as I P3.16 Mostre que ‘campo grado tany pponta tem um raio de eu mv plano infinite regalo como em um fig retilineo uniformemente carregaao ¢ infinita, Como entender ese, ws de Forga do campo, resultados’ idle do campo na superficie da pont scum iformemente « > P3.17 Uma esfera de cobre, com aio de 3.0 em, tem uma carga de 2,0 nC. Por meio de comectad 4 outra de aluminio com raio de 1,0 em, relativamente afastada, Apss se estabelecer o equilibrio, quanto de carga haveri em cad ‘uma das esferas? P 3,18, Figura 3.24 mostra um plano infinito (perpendicular pina) com densidad uniforme de carga 0 € uma barra fina com fii tina carga y uniformemente distribuida ao longo do seu compe TT aan mento, A barra pede girar em torno do seu centro, fixe distinc v=o ans) ido plano, Mosire que a energia potencial elétrica do sistema nig ‘aria quando a barra é girada ~ P 3.15 Deduza a auto-energia eletrostitica de uma esfera un formemente carregada de raio R, dada pela Equagio 3.14, adotan- do 0 seguinte procedimento: em um dado estigio de consirugio ff dda carga, a esfera terd raio re sua carga seri q = ptr / 3, onde 3Q/4:R’ . O potencial na sua superficie sera elemento de carga trazido do infnito para infinitesimal na esfera tera valor dq = p4zr dr, e o trabalho ne ‘cessirio para trazer dq sera dW = Valg. A auto-energia eletosttica seri U= fal = [Vd Figura3.24 (Problema 3.18), ae sCORespostas dos exercicios §~—e———_____——— £31U=-435x 10") £3.924% 10" tim £32898 MI £3.10 11 Jim? £3315%104 £3.11 (A) 35 CECB) 19 HC 3g" £3.12 (A) SADV; (B), 680V Ee banat £3.13R: 16MV ! - in ! E35U=-5.6x 107). £314 azk |z|L £3.16 1200 £3665 =e E317 (Ayr = 1.2% 10 N- m; (B) Al 5x 10; (C) F =O. 3.8445 x 10°? Jim? £3.18 1.6nC —_—___—#_ Respostas dos problemas = ———______— se Q Rr v= ( 4-1) P39F= Faghy EL aed pazigx10") pa u-t daa P33f=1.8% 10" dae, ad p34 y-tSmA P 3.11 (4) 0,019 m-(B) 89 » 10° N/C, apontando para cime. Baek P3.12Uta) =-2U, Ulb)=2U, Ute) =0, Uld) =U, Ue)= P3559 x 10" mis onde U =—2 P36 Infinita. O problema nio ¢ realizvel na pri (ax P37 Infinito P314E=10°V/m 3.17 1.5 nC na esfera maior € 0.5 nC na menor. P38(A)E-—P __! Capacitores Sedo 4.1 a O que sao e para que servem os capacitores, 62 Seqio 4.2 @ Esquema biisico de um capacitor, 62 Segio 43 # Exemplos de capacitor, 63 Seqio 4.4 a Energia no capacitor, 68 Seqio 4.5 a Capacitores em paralelo e em série, 71 Problemas, 75 Respostas dos exercicios, 76 Respostas dos problemas, 76 = 62 Fisica Bisica m Eletromagnetismo Secao 4.1 « 0 que sao e para que servem os capacitores 1. Ao armazenar can, rgia em campo eletrostitico. Os ‘ontram aplicagdes mug diversas. Em circuitos elétr mpregados como reservas de energia qx las no circuito para gerar correntes elétricas intensas durante cuny 0 que encontramos, por exemplo, no flash de uma mga. uns segundos em que o disparo do flash esta sendy it pilha que fornece poténcia da ordem de apenss 1 walt, Mas a energia acumulada, de cerca de 1 joule, é descarregada no flash em questo de milissegundos, gerando assim poténcia de centenas de watts. Na chamada fibril veq tricular, o coragao nao consegue bombear 0 sangue porque suas fibras musculares entram en um regime de contragao € relaxagio cadticas. Esse regime eastico pode ser interrompido,y que faz com que o coragao retome set regime ritmado de contragdo-relaxagio, se 0 den for submetido a uma corrente intensa de curta durago, de 20 A durante milissegundos, Pr ‘meio de baterias, os capacitores so carregados em tempos de segundos e descarregados en pulsos de correntes com duragao de 2 ms em que a poténcia atinge 100 kW. Em alguns casos, poténcia a ser fornecida por capacitores ¢ algo gigantesco, No Livermore National Laborato, em Berkeley. EUA. a fusio nuclear de deutério contido em pequenas esferas € realizada nan aparato em que um conjunto de lasers emite simultaneamente pulsos ultracurtos e ultra-intensy, de luz que convergem sobre a esfera, causando pressio e aquecimento suficientes para gers a fusdo nuclear. A energia fornecida aos lasers é armazenada em capacitores e descarga em correntes gigantescas de curta duragi0. Os pulsos dos lasers tém duragio de 3 nse duran esse tempo a poténcia do conjunto atinge 500 Terawatt, o que equivale a 200 vezes a potéct continua total instalada nos EUA. Capacitores também so amplamente utiliza em circuitos diversos, em dispositivos de meméria em chips goes na eletrotécnica e na eletrénica. armaze itores so ser disponibil io, Esse tipo de aplicagi na fotogritica, Durante o periodo de preparado, o capacitor € carregado por U elétri para estabilizar corrente: computadores e em outras a Secao 4.2 = Esquema basico de um capacitor Os componentes essenciais ¢ universais de um capacitor so um par de corpos condutoresms ‘quai se possam colocar cargas iguais e de sinais opostos, como mostra a Figura 4.1. A evetul existéncia de outras cargas na vizinhanga do capacitor sera ignorada. Na verdade, 0s capaci io construidos de forma a serem pouco sensiveis a influéncia de outras cargas na vizinhana Assim, consideraremos que 0s corpos condutores estejam muito distantes de outros cops carregados. Independentemente das suas formas, os dois condutores do capacitor sio dm minados placas. Em cada placa o potencial elétrico é uniforme: na placa com carga posit © potencial é V, e na placa com carga negativa o potencial é V ;a diferenga de potencil eit elasé Figura 4.1 Esquema geral de um capacitor: dois eorpos metiics, em nados placas, com cargasiguais de sins opostos. AV=V,-V. 4 Na verdade, é usual escrever V para designar a diferenga de potencial entre as duas pl ou seja, V= V, - V.,¢ seguiremos tal notagiio, Pelo fato de os potenciais elétricos dos: variarem linearmente com suas cargas, temos a relagdo de proporcionalidade: ‘w Definicdo de capacitincia C ‘de urn capacitor 1 Definigao do faraday, vunidade de capacitancia no St 63 Capitulo m Capacitores V=Clq 3q=CV, a ‘onde q € 0 médulo das cargas nas placas € C é a eapacitdneia do capacitor. A capacitancia é ‘uma constante — ou seja, no varia com q — que depende da geometria do capacitor. Diz-se ue q € a carga do capacitor. Observe que, de fat, uma placa tem carga q ea outra tem carga 4 portanto, a carga total no capacitor éna verdade nula. A capacitncia 60 parimetro mais importante referente a um capacitor. A unidade de capacitiineia no SI é 0 faraday, simbolo F. Naturalmente, podemos escrever: oul faraday = Souler (33) volt ‘Como vimos anteriormente, a permissividade elétrica do vécuo vale =885%10-? (34) New onde usamos a relaga V=J/C=Nm/C. Utilizando o faraday como unidade de medida, € cconsiderando a Equagio 4.3, podemos exprimir a permissividade também na forma gsx10" = 5) Esta Gltima forma de exprimir e, é a mais adotada na eletrotécnica, Secao 4.3 = Exemplos de capacitor Em algumas situagies especiais, pode-se explorar a simetria de um capacitor para se deter- ‘a configuragao do campo elétrico ea Sua capacitincia, Os capacitores mais simétricos felizmente também so os mais importantes. Nesta seg, discutiremos alguns deles 4.3.1 Capacitor de placas paralelas capacitor de placas paralelas é um dispositivo de uso muito comum. Além disso, € muito LGtil para a exploragao teérica de vrios fendmenos no eletromagnetismo, Sua importinc especial que o simbolo |} para capacitor é exatamente um esquema desse capacitor especifico. Tal dispositivo consiste em duas placas iguas, planas e paralelas, geralmente separadas por uma distancia d muito menor que as dimensdes das placas. O termo placa, utilizado para designar os condutores de um capacitor, se inspira no capacitor de placas paralelas. Figuas2 ‘Capacitor de placas parle carregado com a carzag A Figura 4.2 ilustrao dispositive carregado com a carga q_ Na figura, as placas tém for- ingular. Este € um detalhe irelevante, Sua forma pode ser circular ou qualquer outra Nio é possivel calcular analiticamente o campo elétrico gerado pelo capacitor carregado, Entretanto, isto pode ser obtido, com a desejada precisio, por meio de em ‘computador, ‘ulo num Figuats Linas de orga de um capacitor de plas paras. Titty) encurvamento ds ins primo de as cs placas ‘denominated Boa ———__.— eto dort de um capacitor de placas parleas ¢ 0 encur ‘vamento ds linhas de campo rimo as bordas as placas Campo elétrico entre as places de um capacitor de places parlelos do capacitor placas paraela * Fisica Basia m Eletromagnetismo rece es soso ds nhs de florea que representa o campo elérco Nig somportamento qualitativo das linhas de forga. No espago entre as placa, Jonge das bordas, o campo é uniforme e, portanto, as linhas de forga tem densidade uniforme. | Isso s6€ possfvel seas linhas de forga forem paralelas. Proximo as horas, © campo fica meng | {ntenso e, portanto, as linhas de forga se curvam para fora para ficarem mais expagadas, Ny Parte externa do capacitor, longe das bordas, o campo elétrico & muito pea ‘O encurvamento das linhas de forga préximo as boras das placas é denominado eliage bord. Quanto menor fora razdo entre o espagamento d entre as placas € a sua dimensio menos significative € 0 efeito de borda, Nas nossas consideragies a seguir 0 efeito de bord serd completamente ignorado, Neste caso, a linhas de forga serdo expressas aproximadamente pelo esquema mostrado na Figura 4.4. | | @ Figuadt Linhas de forga de um capacitor de placas paralelas na idealizagao em que 0 efeito de borda ¢ ignorad, uss, com as quais © campo elétrico do capacitor pode se A figura também mostra duas superfcies de caleulado, ea distribuigdo das eargas nas placas. Ocampo elétrico, esse caso, é homogéneo, de intensidade E no interior das placase nulo em seu exterior. Figura 4.4A mostra também dois tipos de superficies fechadas que utiliza remos para andlise baseada na lei de Gauss. Consideremos primeiramente a superficie S,.No interior do condutor,o campo elétrico é nulo, Como o campo € também nulo na regio exter asplacas, seu fluxo na superficie S, é nulo. Pela lei de Gauss, a carga elétrica no interior dss | superficie é nula. Portanto, toda a carga nas placas fica distribuida na superficie interna, como mostra’a Figura 4.4B, Isto nao é dificil de entender: a interago entre as cargas faz com que as cargas negativas fiquem o mais proximas possfvel das cargas positivas. Vamos considerar agora a superficie S,,.e supor que esta é um cilindro vertical com base de dea AA. Pela lei de Gauss, obtemos £,EAA=0MA, we ‘onde 0 é a densidade superficial de carga, Portanto, obtemos a E a e Uma vez que o campo elétrico E é uniforme entre as placas, a densidade de carga @ sett Constante em toda a superficie interna, Portanto, sendo A a area das placas, podemos eset ver a) 64 Uma vez que a diferenga de potencial entre as placas V = Ed, podemos escrever and | d eA ast Portanto, a capacitancia sera (ai Capitulo dm Capacitones a Exercicio-exemplo 4.1 © Um capacitor € ormado por duasplacas com rea de 50.0 cm, separadas pela distneia de 0.600 em Sus placas sio submetidas uma tenso de #0 V. Tensao eléria, ou simplesmente tensto, 6 uma ex pressio usualmente utiliza para indica diferenga de potencialeletrico. Calcule: (A) A capactineta 40 ‘capacitor. (B) A sua carga q. (C) O campo elerico no seu ineron mSolucio (A) A capacitancia € dada por A _8,85%10" Fem" «$010 m* cant ao = 7,38x10" F = d 6,00%10°%m iw Eee (B) A carga no capacitor sera = CV =7,38%10" CxV" x80V = 5.90410 (C)0 campo € dado por sov 2 asxiot Y. 6,00%10"m m Poderiamos, como altemnativa, calcular o campo a partir da densidade de carga, nas placas: age 5,90x10C aes Ae, 5,00%10°m' *8,85*10 © CxV om m & Exercicio-exemplo 4.2 "= Um capacitor de placas crculares paralelas tem carga q quando a ensio entre as placasé V,Sabendo-se {que a separagio entre as placas &d, qual é 0 seu raio? mSolugio Podemos expressar a capacitincia do capacitor na forma 2 C=e,—. d Por outro lado, a capacitancia € C= q// V. Portanto, podemos escrever ar? d = 2 Exercicios £4.1 (A) Calcule a eapacitincia de um par de placas paralelas com drea de 100 cm cada, separadas 3.0 mm, (B) Caleule o campo elérico quando o capacitor tem uma carga de 0,10 uC £- €42No Exeroicio-exemplo 4.1, vimos que a eapasitinca do capacitor € da ordem de picofara day, Considere que as placas do capacitor sejam quadradas. Mantida inalterada a separagdo entre elas, (6.0 mm), qual deve ser o lado do quadrado para que © capacitor tenha capacitancia de 1,0F? 4.3 Um capacitor de placas paralelas tem placas ctculares gam raio de $,00 em. Aa sereamezado com carga de 0,700 nC, no capacitor aparece uma tens de 60'V. Qual & a separacio entre as placas? 66 Fisica Basica m Eletromagnetismo 4.3.2 Capacitor cilindrico Figura Corte-em um eapacitor iin ump visio em perspectiva, Porsimetia, ay Tinhas de fonga so radiais. A linha alé morte em uma superficie de de forma cil Je do campo el a mesma sobre todos 0 Pontos dessa linha, O capacitor cilindrico é formado por dois cilindros coaxiais de altura h e raios ae b, sendo 4a0,006m_ 2 2 Exercicios 4.4 Um capacitor cilindrico com altura de 6,0 em tem capacitincia de 1.6 pF. Qual é a raziio b/a entre 0s raios dos clindros? 4.5 Um capacitor eilindrico tem as segines earactersicas: comprimento igual a 10 em, raio 4a placa interna igual a 1,0 cm e rao da placa extera igual 2. em. Calcule (A) a sua capacitincia € (B) a intensidade do campo em pontosegidistantes das das placas, quando 0 capacitor tem carza de 0.10 uC. By ‘Capacitancia de um Capacitor estérico 4.3.3 Capacitor esférico O capacitor esférico€ constituido deduas cascas esféricas concéntrica deraios a eb, sendo ‘4. C, Uma vez que C,= C, concluimos que «C, > G Phdemos entio escrever a relagao geri KC>G = k>l, (53) Capitulo 5 w Dielerticos a1 fa Exercicio-exemplo 5.2 18 Um capacitor de placas paralelas tem places quadradas de fado L. Uma placa dielétrica de constante dielérica «pow deslizar para 0 inerioe das placas, sua espessura dé igual a veparagSo entre a placas (ver Figura 5:5) O capacitor €carteyado com a carga q (A) Qual €cxpacitincia do capacitor quando a placa ja pentrou wa dstncia x demo da placa (8) Qual energy elerodtica do capacitor? (Ad CAE ASK E Figs 7 (Exercici-exemplo 52) mSolucao ao (A) 0 corpo da figura pode ser entendido como composto de dois capacitores ligados em paralelo. O primero tem placas de érea Lr, separacio entre as placas de € preenchido pelo delétrico de constante dielétrica x. O segundo tem placas de érea L(L — x), separacdo d entre as placas e nao tem material dielétrico em seu interior. As capacitincia dos dois capactores s4o,respecti- vamente: rele ¢ _fL(L=x) d d A capacitancia equivalente do par de capacitores, para 0 I, valida para qualquer material, equivale a x>0. 5.17) Portanto, a susceptibilidade elétrica de um material & sempre posi B Exercicio-exemplo 5.6 c a 75 nC. A separagio 18 Um capacitor de placas parafelas tem placas com sea de 25 cm’, carregaas com hur us placa ¢ de 2.0 mie exp ceca ext reno por uma psa delta uj enstan- te dieltrca vale 8:0. tensio no capacitor é de 100 V, (A) Qual €a plarizago do dektrico? (8) Qual & © seu dipolo elétrico? SS te. ©! ee Fisica Basica'@ Eletromagnetismo —— WSolucae {A) O campo elétrico no dielétrico (espago entre as placas) & Vv ___100v Vv aos 50x10" = @ 200m A polarizagao sera dada por P=e,(x-1E=885x10"' » 60- psoxt0! N-3, 0S (B) 0 dipoto elétrico da pastlha € o produto da sua polarizagao pelo seu volume: p=PAd =31xd0°S 45x10? x2,0310 m=16410""C-m, © {E5.10 Uma pasta cilindric, feta de material delétrico, tem raio de 1,00 cm e altura de 3.04 mm. A pastiha tem uma polarizagdo elétrca de 6,00 j1C/m* paralela ao seu eixo, (A) Qual € carga de polarizagio na superficie da pastilha para a qual aponta a polarizagao? (B) Qual é 6 dipolo clético da pastilha? 15.11, Uma esfera dielétrica com raio de 5,00 mm tem uma polarizagio uniforme de 4,50 uCim* Qual € o dipoloeltrico da estera?” £5.12Caleue o valor da polarizasio eétrcaa distincia r= 10 em do centro de uma pequena esfera metilica possuindo carga de 1,00 x 10-® C, imersa em um meio homogéneo de constante dielétrica = 2,00, Sugest: considere o campo criado pela carga livre ea polarizagio que ele gera. Exercicios Secdo 5.5 = Alei de Gauss em dielétricos © campo elétrico é criado por todos os tipos de cargas. Por um lado, hd as cargas livres. € por outro ha as cargas de polarizagao. As cargas de polarizagao so associadas a dipolos elétricos contidos nos étomos ou nas moléculas de um meio dielétrico. As cargas livres es ‘0 associadas a monopolos elétricos, ou seja, cargas que no compdem um dipolo eltrico atémico-molecular. Como vimos, quando colocamos um material dielétrico entre as placas de um capacitor, as cargas de polarizagio sempre contribuem para reduzir o campo elétrico no interior do dielétrico. Na Figura 5.8, para tornar explicito que estamos falando de carga livres, empregamos o termo q, para indicar as cargas nas placas. Consideremos a superficie de Gauss § mostrada na figura, Pela lei de Gauss, podemos escrever Figura 5.8 = ane Esquema para aplicagio da lei de Gauss em meios dielétricos. 4 e,fE-dA=9=04, 65.8 ‘onde-A € a drea das placas, Mas, considerando a Equagio 5.6, podemos obter e,fEdd=2t 4 oh, 619 ke 6 of MeideGousemmior ‘eles GxE-da=4,. oa = Gopiulo 5m Dieléticos 87 A Equacio 5.20 exprime a lei de Gauss em meios dielétricos, Essa equagao foi deduzida no caso especifico de umm capacitor de placas paralelas, mas tem validade absolutamente geral. Na verdade, a constante dielétrica do dielétrico nem precisa ser uniforme, podendo variar de um ponto para outro, Nesse caso, devemos colocé-la dentro da integral, como fizemos na Equagio 5.20, Nessa nova forma da lei de Gauss, podemos ignorar as cargas de polarizagao € considerar apenas as cargas livres, desde que em cada ponto da integragao multipliquemos © campo elétrico pela constante dielétrica local. A interpretagdo das duas formas da lei de Gauss a seguinte — : ‘0 campo elétrico E percebe O campo elétrico E percebe todas as carg todas as cargas na vizinhanca. ‘Mas 0 campo KE percebe ape. nas as cargas livres s na vizinhanga (e € gerado por todas), tanto as ccargas livres quanto as cargas de polarizagao. Mas o campo xE apenas percebe as cargas livres, Este é o campo criado pelas cargas livres. Essa variante da lei de Gauss, a do campo em dielétricos, é muito simples, pois possibilita calcular 0 campo elétrico sem que se conheca a distribuigo das cargas de polarizagao, desde que se conhegam as cargas livres e a forma como a constante dielétrica varia de um ponto para outro. EG beetcicio-exemplo 5.7 8 Uma pequena esfera com uma carga q, em seu centro estéinserida em um meio homogéneo cuja cons- tante dielétrica vale x. Calcule a intensidade do campo elétrico e da polarizaco a distancia r do centro da esfera, fora desta, figuras = Pequenaesfra com carga q, em seu ot imers em um meio com constant delrca linha oce 6 coe fora pe de Gauss esfriea de rior cenrad na carga Solugdo Aplicando-se a lei de Gauss expressa na Equagio 5.20 a superficie esférica de raio r concéntrica com a carga q, obtém-se 4aKe,r Considerando a Equagio 5.15, calculamos a polariz Peel a | Oy «x 4m do elétrica: Pela forma obtida para o campo elétrico vemos que a carga total q dentro de uma esfera qualquer centrada na carga é he K q Portanto, a carga livre € parcialmente blindada pelas cargas de polarizagiio, como mostra a Figura 5.9, Para valores altos da constante dielétrica, a carga ves- tida, como freqilentemente se denomina a carga total q, é uma fragho muito pequena da carga nua q,. Deve-se observar que 0 mesmo tipo de analise valle Para uma esfera metilica, com carga q,em sua superficie lade superficial de cargaem um condutorimerso Caleule © campo eletrico em pontos prssimos a supert tum meio dielétrico é uma Figura5.10 Corpo condutor carregado, imerso em um mei dieléirico. A densidade superticial de ca pequena regido circundada pel Gauss cujo corte ¢ tragado em linha ‘ocre, em valor 0, mSolucio Adotaremos procedimento anilogo ao utilizado anteriormente para o calculo do ‘campo elétrico na vizinhanga de um condutor carregado. Um elemento de ‘érea muito pequeno do condutor pode ser aproximado por um plano. Con- sideremos a superficie de Gauss mostrada na Figura 5.10. Tal superficie € ‘uma pastilha fina cujas faces maiores tém drea A. No interior do condutor, 0 ‘campo elétrico é nulo. Na vizinhanga externa do condutor, o campo elétrico & perpendicular a superficie, Pela lei de Gauss, calculamos, ke AE=Ao, = E=0,/ xe, Note-se que este valor do campo ¢ idéntico ao abtido para o campo elétrico de um capacitor de placas planas preenchido por um dielétrico. EEE) Exercicio-exemplo 5.9 ‘m Uma pasta composta de dois dielétricos com constantes x, e x, esti imersa em uma regio na qual hi ‘um campo elétrico uniforme B, cujo médulo é 10.0 kV/cm, como mostra a Figura 5.11. As linhas de Forga do campo elétrico em todas as regides sio mostradas na figura. (A) Quanto valem as constantes x, €K,? (B) Quanto valem as densidades de carga de polatizagio 0,,0, € 0, nas trs interfaces indicadas na figura? ‘ Ea E iB T= =a fgua5a1 Se eee Solugio (A) Pela variagao da densidade das linhas de campo, uma vez que estas so roporcionais @ intensidade do campo elétrico, podemos coneluir que E, = 5,0 kV/eme E, = 2,5 kV/em. Uma vez que E, = E/k, € E,=E/ky, ‘obtemos: «, = 2,0€K, = 4,0, \| Copitulo $m Dieletrioas as de polarizagao, aplicamos a fei de 3 5.14) as superficies de Gauss $,,.5, €S,. respeetivamente: uve’? #,(EA-EM =A = ¢,(E/K,~ E)=e,(E/2-E)=~e,E/2 £,({EA~E,A)=0y,A ~E,)=6(E-E/x, ona (E,A~E,A) = OA = Oy = &,(E,-E,)= 8, , ~E/n,)= 6 (E/4-E)2| ¢ notar que as relagdes gerais, vélidas para quaisquer valores de K, © Ky. do (verifique istoy 4 f j =. 2 Exercicios £5.13 No Exercicio-exemplo 5.9, vé-se que 0,, +0, +0, 6 valores das constants deltrcas dos dois 5.14 Relaga o Exericio-exemplo 5.9 ¢ calcul as densidades de carga supondo que © campo elétrico E tenha médulo de 20,0 kV/cm e &, = 5,00, x, = 3,00, Secao 5.6 = Vetor deslocamento (opcional) A Equagio 5.15 pode ser reescrita na forma exE=¢E +P. 521) Ovetore KE recebe um nome especial, ode verordeslocamento,¢é designado pelo simbolo D. Escrevemos: ™ Definicao do vetor D=eE+P=aek. 5.22 estocamento D Fisica Basica m Eletromagnetismo ‘Como vimos na segdo anterior, xE € 0 campo gerado pelas livres, Portanto, escey, por uma constante universal multiplicativa ¢, 0 deslocamento elétrico 6 campo ido pela, ccargas livres. Somente cargas livres contribuem para o dleslocamento elétrico, Em termes gy vetor deslocamento, a lei de Gauss fi Bd A Equagio 5.23 expressa a lei de Gauss para cargas livres. O fluxo do vetor deslocamenty elétrico em uma superficie fechada ¢ igual 4 carga livre total envolvida pela supert =0. (523 "ha que haja um deslocamento elérico perpendicular a ela, Mostre que 0 valor do deslocamento eletrico "na interface é continuo, Calcule a densidade de carga de polarizagao na interface. Figura 5.12 Interface plana entre dois dielétricos. O deslocamento elétrico € normal 3 interface. AA linha azul é um corte em uma superficie de Gauss na forma de pastitha com faces de drea A. ‘Solugo Considere a superficie de Gauss mostrada com linha azul na Figura 5.12, uma pastitha com faces de érea A paralelas & interface. Nao havendo carga livre na interface, 0 fluxo do vetor deslocamento na superficie € nulo. Portanto, DA-DA=0 =D,=D,=D. Para calcular a densidade de carga de polari Gauss para o campo elétrico: EA-EA=0,A =E,-E, ‘Com a utilizagio da Equagdo 5.22 obtém-se | D we, Observe-se que 0, pode ser negativa ou positiva, dependendo de se ter x, >, Ou — —_— ’ 7 4 a x) # igus e (Problemas 5.9 ¢ 5.10) Figura5.17 (Problen P5.10Considerando o valor de £1y) calculado no Problema S.9, caleule a capacitincia do capacitor visto na Figura 5.20 P53A Figura 5.17 mostra uma esfera metilica carregada, 5.11 Ocampoelétrico no interior de um mei incrusada em outra esfera concéntrica contendo duas camadas de jidade elétrica varia m ar, onde a € cor inaertis dielétricos distintos. Esboce as linhas de campo (A) do E, = £i, Caleule (A) a expressiv para a polarizagao elétrica P(x) ‘impo Ee (B) (opcional) do campo D. dleruro do meio; (B) (opeianal) a expressio para o destocamento F P54 Calcule a capacitincia do capacitor mostrado na Figura _ltrico D(x) dentro do meio. 518, : P-5.12 (Opcional) Figura 5.21 mostra uma esfera composta de Ce OA | Ki kK; hemisférios de materiais dielétricos distintos. O campo ektrico do lado a iL no hemisfério esquerdo & constant, dado por = 1,0 KV /mmnd + ‘Qual 60 campo eltrico no hemisfrio cit? | QO (Problemas $45.8) P55Com referéncia ao capacitor visto na Figura 5.18, calcul ‘Ay opcional) 0 deslocamento elétrico nos dois diel dielétricos; (C) as carga Figuras.20 (Problema $.12) Fic Bisia w Eletromagnetismo Respostas dos exercicios | S208 oF (020 Mtv £57 (0)0,=70% 10° Cin? 0, = 10% 10°C say SAUA)Parcvtar dscns rds HLS (COIS a) E5101 L8H SHS 10°C Es4i09 E5112.0x10C:m Essoouv 5.124090 ESA) 161) 0.213 Wim? ES.N0g=— 142 WChn 2g =~ 118 uC ——————#_ Respostas dos problemas -e—————_____ PSA) 398 nC (8) 432 pCi Al +4, psa cafed(Sitts) me P55) D,=— 282m p «__20 Fe +6) eine sad P570,=0,-04 2. Peo be ada, 4 kL 10 C= fed rare) PSA) Pas E(B, D=(ar+ Ie £4 P12 = OSOKV nny Corrente Elétrica SeqG06.1 » A definigdo da corrente, 96 Seqi0 52 » Densidade de corente 7 569063 « Lei de Ohm, $8 Seo 6.4 m Poténcia dissipada em um resistor, 101 Sedo 65 « Corrente ula no neutr de rede mulifsica, 102 Segio 66 « Forgaeletromotrz, bateriase outros geradores, 103 Sesi 7 « Combinagies de restores, 105 $e,906.8 m Regras de Kirchoft, 107 Se(306.9 = Modelo de Drude, 108 Seg306.10 « Devido t mecnica quanta, o elton cole muito menos (opcional), 11 5e(306.11 » Por que a condutvidade varia tanto de um material para outro, 12 Seo 6.12» Supercondutividade, 113 Problemas, 14 Respostas dos exereeios, 16 Respostas dos problemas, 116 ee 96 Fisica Basica m Eletromagnetismo Secao 6.1 = A definicao da corrente A corrente elétrica € 0 fendmeno mais importante para a tecnologia contemporinea, Nag, marcou o século XX mais do que a eletricidade. E importante salientar que toda a elety, t€cnica e a eletrénica decorrem de fendmenos relacionados com cargas em movimento, oy seja, com correntes elétricas. Os diversos tipos de motores elétricos, os equipamentos pry telecomunicagdes, os intimeras aparelhos elétricos que equipam as residéncias e empresa, © computador, quase todos tém suas fungdes baseadas nio na carga elétrica em si, mas ny corrente elétrica. O controle das correntes elétricas, primeiro na escala macroscdpica e re centemente em escalas de tamanho cada vez mais diminuto, levou ao ambiente tecnoligicy em que vivemos. Toda essa tecnologia se fez posstvel principalmente em decorréncia de um fato: a enorme disparidade que os diversos materiais apresentam em sua capacidade de transportar cargas elétricas em seu interior. Os metais so excelentes condutores de corrente Por isso, invariavelmente as correntes elétricas sao transportadas a grandes distancias através de fios metilicos, principalmente de cobre ou alumfnio. Além do mais, a corrente elétrica em um fio metélico mais facilmente analisada do que correntes em outras situagdes, como em uma limpada de gs ou em um relmpago. Por isso, neste capitulo daremos atengo especial A corrente em metais. Considetemos a situagdo ilustrada na Figura 6.1: um fio metdlico ligando os dois pélos de uma bateria, Neste caso, cargas negativas (elétrons) fluem do polo negativo da bateria para © seu polo positive. Entretanto, a convengao sobre carga positiva e carga negativa foi feta antes da descoberta do elétron, que 86 veio a ocorrer em 1897. A carga do elétron acabou tendo o sinal negativo, e por isso o sinal da corrente elétrica 7 € do pélo positivo para o pio negativo, Ou seja, a corrente elétrica em um metal tem direcdo oposta & do movimento dos portadores de cargas, 0s elétrons. Isso nio gera nenhum inconveniente maior, de modo que tal idiossincrasia nunca foi corrigida Elétrons Figura6.1 Um fio metilico liga os dois patos de uma bateria. 0» ccondutores de eletricidade (elétrons) neste caso fem d pelo negativo para o pélo positivo da bateria. Entretano.s ‘correnteelétrica / segue o sentido oposto. corrente ers tem o sentido de hipotéticas pantculas com carga post ue fossem responséveis pelo transporte de carga O valor / da corrente é, por definigao, a carga transferida por unidade de tempo. Ou se SDefingsodaconente yg A 6 elétvica 2g 1, | ea 4 4 7 |: aS Figua62 > Corrente eétrica ¢ uma grandera onc Q tmas nlo obedece a regra de soma de st Ne hth 1 beh, portanto,nio € um veto. NaFigura6.1.corrente€ indicada por uma seta indo do palo positivo para o polo nee” Entretanto, corrente nio é uma grandeza vetorial. A Figura 6.2 mostra como sao adicion* correntes que convergem em um dado ponto. E claro pela figura que correntes se somam ¢°" =" grandezas algébricas, € no como vetores. mDefinicio do ampere tunidade de corrente elétrica no St — ‘No Slo ampire éestabelecido ‘como padi de corrente, ¢ 0 adam é definido como a carga transferida em 1 segundo por ‘uma corrente de 1 amp Copitulo6 m Conente Eletria No St de unidades, a unidade de corrente € 0 ampée, simbolo A, definido por coulomb segundo Lampére Na pritica, correntes podem ser diretamente medidas com muito maior preciso do que carga. Por essa rao, no I realmente o que & estabelecido como padrio & 0 ampere. O coulomb io definido como a carga transferida em 1 segundo por uma corrente de | ampere. Se¢ao 6.2 » Densidade de corrente Vimmos que a corrente elétrica é um escalar ao qual também & possfvel associar-se uma orientagao. Isto decorre do fato de que corrente elétrica é um fluxo, Toda corrente é 0 fluxo de alguma grandeza vetorial,seja corrente de eletricidade, de calor, de massa em um fluido, ‘ou outra corrente qualquer. O vetor em questio é a densidade de corrente, que é designada pelo simbolo j. Podemos entio escrever T= fia (63) A corrente que atravessa uma determinada superficie $ € 0 fluxo nessa superficie do tor densidade de corrente, No caso da corrente em um fio condutor, S € qualquer superficie que corte o fio de forma transversal. Para simpliticar, consideremos um segmento de plano perpendicular ao fio, como mostra a Figura 6.3, ==) Eo Figura 6.3 Corrente ek no wma superficie de rea orienta A em um fio. A corrente 60 luxo da densidade de corrente Se a densidade de corrente for uniforme em toda a segdo do fio, podemos eserever: J-A=JA, (64) vetor, Sua diregio € a da ct definigao da densi- ‘onde A € a drea de segio reta do fio. A densidade de corrente € 0 corrente e seu médulo & a corrente por unidade de rea, Natur dade de corrente pode ser generalizada para o caso em que a corrente seja niio-homogénea no fio ou em um corpo qualqu se uma superficie plana de pequena drea AA, Em cada Ponto do espago existe u dessa superficie para a qual a corrente que a atravessia imdxima, Nessa orienta le de corrente estard perpendicular a superfic Sendo AF o valor da corrente para essa orientagio,esereve-se Jo dima, a7 | psi 65) ma] ona aM «dimensdo de corrente por unidade de érea. No ‘onde m é a normal 3 superficie de A densidade de corrente de j éAm* 1, a unidade ‘com as grandezas tipicas para densidad de corrente ra operagio a 120 V tem segao reta de 6,0 densidad de corrente € 6,7 10° Any rivel no fio. O filamento de wma walem de 1A correspondem a A esta‘altura, é oportuno tomar cor is. O fio que alimenta um chuveiro elétrico ‘mim ¢ transporta uma corrente de 40 A. Neste caso, Densidades maiores de corrente geram aquecimento cons Kimpada tem segao reta da ordem de 10° mm, Correntes da mn | densidades de corrente da ordem de 10° Am *¢ aquecem o filamento até & ineandescéncia, Fisica Basi m Eletromagnetismo Secao 6.3 = Lei de Ohm MLeide Ohm Ohm, unidade de resistencia elétrica no St ee Um resitoré um elemento colocado em um cievito para 1 Definigdo de resistividade elétiicap Na Figura 6.1, a corrente no fio € causada pela bat tencial entre as extremidades do fio. De dio geradas por diferengas de potencial elétrico entre pontos distintos do mesmo, Seja Va Voltagem diferenga de potencial, ou tensio elétrica entre as extremidades do fio, A corrente seri uma fungio dessa voltagem, ou seja, = HV). Um fato experimental importante & que exceto para voltagens muito altas, a corrente sera simplesmente proporcional a V. Tal com portamento ¢ denominado lei de Ohm. Formalmente se escreve: ia, a qual gera uma diferenga de po nodo geral, as correntes elétricas em um dado corpo onde R é uma constante de proporcionalidade denominada resisténcia elétrica do fio. Resist cia elétrica um conceito fundamental em eletromagnetismo, principalmente na eletrotéenica ‘A unidade de resisténcia no SI é 0 ohm, simbolo Q. definido por volt Johm=I ampere Um corpo ou elemento qualquer colocado em um circuito para oferecer uma resistencia elétrica bem definida é denominado resistor. O simbolo do resistor éaw-. O regime de corrente “emgue vale aei de Ohm é denominado regime Ghmico. Para metais e muitos outros materia ‘regime Ohmico aplica-se a correntes muito intensas e, portanto, a quase todas as situagdes de interesse. Exemplos de situagdes em que falha a lei de Ohm incluem campos elétricos acima dda rigider dielétrica de um material e virias outras. Por exemplo, em um relmpago nio vale a Jei de Ohm. Muitos dispositivos microeletrénicos também operam fora do regime Ohmico. Yoltando ao fio, suponhamos que ele seja uma barra homogénea de comprimento Le sirea de seco reta A, Vé-se que sua resistencia elétrica € proporcional a L. De fato, se imaginarmos a barra dividida em duas barras de comprimentos “LL. a diferenca de potencial em cada una das partes sera LV, Como a corrente em ambas as “partes tera o mesmo valor /, pela Equacie 6.6 cada pane terd uma resistencia igual a +R. Consideragdo similar mostra que a resistencia sera inversamente proporcional & area de seco da barra. De fato, imaginemos agora a barra dividida a0 meio por um plano paralelo ao seu eixo. Teremos nesse caso duas barras de sea de segio igual aFA e 0 mesmo comprimento L. Ambas as barras estardo submetidas i mesma voltagem V e cada barra transportaré uma corrente igual a 4, io 6.6 cals parte terd uma resisténcia igual a 2R. E ‘Combinando essas duas regras de proporcionalidade, podemos expressar a resistencia ds barra na forma, i R=p= (68 CA onde p € uma constante de proporcionalidade, caracteristica do material que compa a bats denominada resistividade elétrica, A unidade de resistividade no SI é & A Tabela 6.1 mostra a resistividade elétrica de alguns materiais a Alguns fatos expressos pela tabela sio dignos de maior atengio, Pri & temperatura ambiente varia cerca de 26 ordens de grandeza dos metais para os melhe isolantes,tais como a silica. Essa 6 uma faixa de variagao excepeionalmente ampla. A bais Lemperaturas essa faixa toma-se ainda maior. Os materiais apresentam viirias proprieda espeefficas, tis como densidade, dureza, resistividade térmica ete, mas quase qualquer propriedade varia entre um material e outro mais do que al Consideremos, por exemplo, a resistividade térmica clétrica. Os metais. ividade térmic mais baixa para metais, comparada a resistividade de um bom isolante térmico. Entretant variagio entre a resitividade térmica de um timo isolante térmico ¢ a resistividaade termica etriatetld Setanetedaitn faicrde 10%ve.ndo de 10, como no caso da resistividade clétric s temperatu 0, a resistivicad |gumas ordens de grandeza térmica and também bons condutores de calor, ou seja, a resi

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