Pedro Brandão, O Sentido Da Cidade

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Sinopse De repentefaa-sepor todo lado nos termos ‘marca’ e “branding esubstitulram ‘20 conceto de ‘marketing’ talvez demasiado gosto" por uma conatagdo excessva com publ- cidade ov porque d “brand” se pretendem far os atibutes mais identitros. € isto conss- tente? FU eificio ow uma rua poder contertr"magenre 00 "marca" na exacta medida em «ue 05 reconhecemos como disintos de outos os fixamos na meméra, Mas o resto é que lmporta pols quando a marca sdentidade ela pressupbe vale. E abrange tudo, como efosse um produto (até algumas pessoas coltads) >: Presume-seclgumjuzoscbre a qualidade da diferenciagio, isto ariqueza,oprofund- dade vlor de uma identidad,em Fungo de valores universal epermanentes po exemplo de uma cidode: achas que se basea apenas na criagdo de um deseo indlstinto de consumo? Se or asim, aestrarégia da marca éum embuste, ‘vendendo”identidades falas. : Nao ser, she dermos omesmo sentido, significado efuncdo que damos a0 canceto de “identdade’ como uma afmagao mals vastaque@ da agente que supée a procurade _uma “substncia"verdedeira, como também sedi "genius loc? R:Naguilo que iteressa a arquitecturae ao Design Urbana, 0 conceto mal iti €ode uma “identdade de projecto"~ um sentido que se justia no pape de reformulagéo da identidade, ‘uma “visto sobre a identidade future a constuircom um projeco, Por exemplo, a “vsdo _estratégica de uma cidade ~ a vsdo para o seu futuro pode ser uma ferramenta paraodese- ‘ho, avaidvel pels valores esgnifcados que essa identidade traduz.em senidos futuros. COthemos para © tema da “imagem da cidade” sob 0 pprisma daquilo que Ihe conferealgum tipo de carécter. -Aomesmo tempo apeciemos os suportes de comunica- ‘go dessa imager. Nas crénicas que encerram o ensaio, {alo de um mapa de Lisboa de duas margens, imager ‘que de certa forma @ um simbolo condensado de uma representacio ou idertidade de um futuro que se mostra ‘como um projecto. Por exemple, & possvel traduzir uma “imagem de ‘modernidade" usando como suporte de comunicacio a prépria arquitectura, No caso de Lisboa, por exemplo, ppodemos fazer umaleiture temporal de uma sucesso de ones arquitecténicos' na imagem momentinea da ‘modernidade: a Fundas0 Gulbenkian nos anos 60/70,0 Centro Comercial das Amoreias nos anos 80,0 CCB nos ‘anos 90,3 Expo a parr de 1998. ‘A forga de tas icones pode interessar para diferentes «’fetos, como a comunicagdo que tem por alvoo turismo, ‘2 politica ou produto associados a valores de“inovagio’, como 6 0 cas0 dos automevels, que escother em cada {ép0ca © cenério da publcidade daqueles atributos em edficios e ambientes urbanos. ‘A capacidade das formas construas para transportar valores intangivele (verdadelros ov faleos) também se detecta noutros suportes, aparentemente objectives e deologicamente neutros, como, por exemplo, snals ou mapas, como instrumentos operativos de comunicagSo alegérica, Imagétca, fantasiosa Funda Gulbenkian Portas e PEDRO BRANOAO Hum mode de lidar com os valores intanghves da cidade, como a identidade. a partir {do tema da imagem, que se traduz num modo de comunicar valores “comodificdvels isto 4, que se podem considerar produtostransacciondvels, que tal como outras trocas comer- als tm um valor. Estes valores, nocas0 da cidade, podem tornarse estratégia, 20 proporcionar uma forma ‘de compreensdo dos signiicados da experincia de espaco pblco eda sua importénca como elementos de diferencia, em especial mostrand como oespago pbice, enquanto espace fisico, cultural erelacional que responde arequisitas de uso e, a0 mesmo tempo, arequisitos de representagso, uma"érea de acumlagSo" da experinciacolectva de urbanidade 1. [dentidade de projecto e marca de cidade: cinco “temas” de Agua ‘Aimagem éa de um lugar ue acompa- ‘nha qualquer pessoa que coabite com o io TeJo na margem de Lisboa na sua secgso ‘mals visivel na rela préxima com a"outra banda! Ness lugar recortou-se erm 2010 um projecto da palsagem urbana, com o reln- _vestimento designos e palavras, através do desenno de pavimentos de uma pista cicl- vel. Em busca de uma nova identidade, esenho (detalhes mais adianta nesta ensaio) éeloquente no sentide do culdado einduz um nove uso ou uma nova vivéncia e significados do mesmo uso. (© papel do espago publico em lugares em transformacio sed, por veres 0 de projectar tuma imagem de como se reconsttuird a sua identidade. Como um discutso, No caso, 0 Alscurso € sobre o prépro Te, & borda dagua, ‘A nocio de Identidade & frequentemente Invocada nos projectos urbanos, sea no Fare, ="What iPlay EfectiveArchitectre Now in Sounders fe) efletons 20 ‘Arete Paces nthe Nets Nova longue Princeton NEMEC Press, 1996. "Ver"niio sabre omstoe otempa das estes ‘9 SeNTOO DA CIDADE. ” com facilidade fazer o elenco do circuito internacional de artistas plésticos, designers, palsagistas arquitectos, que em todo 0 mundo desenvolvem certas ipologias de espacos *modernos” Como se fossem “santos milagreios,fazem com o seu nome as magias do ‘marketing nos elementos urbanos carismaticos: os interfaces (as estagBes de Calatrava), (05 parques temsticos ou desportivos (os Jogos Olimpicas de Barcelona}, os museus (0 Centro Pompidou de Pano e Rodgers, oprimeiro da era da globalizacSo) 35 pracas (Daniel uren em Lyon) e principalmente os waterfrants (um pouco por todo o mundo, num ‘modelo “City eautifur, como foram na sua época os boulevards do século xx de Paris ou de Chicago). "Na construgio da marca de cidade, podem ainda ser utlizadas outras personagens @ ‘eventos, em spréprios sgnficantese diferencadores per exemple, podemos ligt Lisboa 2 personagem de Fernando Pessoa, com uma Internacicnal da Poesia ou um festival de [Musica do Mundo, ¢ a0 Porto ligar personagens como Sza Viera ou Manuel de Oliveira ‘com um Simpésie Mundial de Arquitectura ou um Museu de Cinema). £5595 gages, como parte da construgéo de uma marca contemporanea das cidades, permitem construir algo : quando tratamas dos artefacts da mobiidade(elevadores,auto-estradas, um simples posse), devees saber que eles ndo percorrem oespoc0indiferentemente, mas produzenn, ‘bem ou ma com um sentido, Por isso podemos perguntar se hoje quando vieblzamos ou onstruimos o mobiidade, vabilzamos ou construimos 0 espace, etambém pademos pergun- tarao contro, porque aquilo que constr também pode dest... ': Mesmo sem se saber quem nasce primeir,ndo é? Na rénicaconclusiva deste ensaio, falando de novas infa-etruturas da cidade metro- ;poltana,recordo 0 Impacto revelador do crescimento, para uma nova escals, fora dos. Uimitestraicionas de Lisbon. Passados vinte anos falo do sofiwure do ues ube to 4, das relagdeseinteracsbes de que se faz vida urbana, Na sua relagdo.com o expago, os Sistemas estruturalseinfra-estruturals do espaco piblico(auto-estradas urbanas, viadutos, Pontes, caminhos-de-ferro) requerem no apenas um know-how de natureza técnica; supem também uizs e opydes cuturas. Como se cultvao cansenso entre os profissonals, sobre esses jus e opcoes? Poderiam as mudangas do quadro territorial da urbanizacio da populagbo te ocorido, ‘aumentando a populacio urbana para mas do dobro em apenas algumasdécadas, se nfo ‘se expandissem os limites dos tertériac uthana? 1. Espaco publico ou mobilidade: uma equacao sobre a partilha da rua Constatando que o tempo inexorével no seu lux, como poderd agora a cidade, ‘coma sua nova dimensio organizar-se como co%po diicoincuind centro e pea, se ‘o.com novas vdas eartérias a garantia Possibldade do movimento ee nSo tar bbém a garantir a todos a posibiidade de participar num goreme dessa cidade agora Marv. Usbon-umurbaniadenaranta mérel_ _alargada? Poucos responsive politicos se ‘ocupama colabora com acidade viinha na rocura denovas ‘governanas’ caugando as ferentes matizes ca centraidade urbana, £Em vez do maniqueismo centro/periferia,ndo ser de entender o subirbio como um espace com diferentes sentidos, de uma urbanidade ainda nascente? Que mobildade, i eoRO BRANKO acessiblidade e centralidade requer 0 conjunto cento/periferia?E que espaco publico the corresponde? £ um teritério enorme, © urbane contemporsnee. Ele pBe-nos 8 prova, porque nés ‘ainda no sabemos verdadeiramenteo que nele fazer. Porém nao estamos num dominio do desconhecido.Algumas das exigéncias da fundagdo da urbanidade através do espaco pblico podem ser completamente diferentes em condicbes perifrices, semeando as fungges de centralidade, apoladas em equipamentos, em sistemas de mebilidade, na pa sagem ou na arte urbana, para a construgso dos novos e humanizados significados funds- clonal Borja e Mux). Se. espaco pblico suburbano de hoje nos parece refém do hardwore,cainfr-estrutua, cle &j8 a"farinha de que o pio é feito’ Pordm, reduziro espaco pblico infra-estrutu gnorando o seu valor como palsagem e construgio, é muitas vezes rescind dos papéis fundacionals de que deriva a sua potencialidade: dar sentido ao conjunto da cidade, garan- ‘indo elementos de continuidade, ordenarrelagBes entre eificis, equipamentos, monu- imentos eespagos abertos. A cultura do espaco pilbico dé resposta& necessidade de espacos de socalzacio © representaglo da cidadania, Contudo, também hé uma concepgio errérea na especial zagSo" do espaco piblic, como se fosse mals um produto ou equipamerto urbano, neste caso um produto de embelezamento superficial. Hoje, custa da expulsio das popula- ‘980s menos motorizadas e menos consumidoras para fora do centro ¢a cidade que se Indu a revaloizacto do espago pibico,jé no com 0 sentido de espaco iguaitrio & aberto, mas como espaco simbélico da cidade competitive, dos fuxos scias e econém- 9s globalse do turismo, inizadas ds novas ruas-territério: hd novos tipos de ruat [Aquestio da identidade, na cidade, tomou-seantinémica, em fungio de opbes eco- ‘némicas:"A rua morreu"(Rer Koolhaas) ouA Rua éa cidade!" (Bora)? Vejars a coisa em sia uansformagBo de propria ru. Com a rua desenharam-se as primeiras cidades agrrias, com a rua os Romanos orga nizaram 05 aquartelamentos que dariam cidade, 0 Isso urdiu medinas com tracados labirinticos,e nas forifcacbes europelas os crstiostragaram bastdas com ruas perpendi cares rua central “de porta a porta © Renascimento eo lluminismo trgaram as primel- ras cidades mercantis, depois colonials e Industrials, segundo eixose tramas,€ com & rmodernidade procurou-se uma reorganlzagdo raclonal, de cujas hierarquas resuitaram avenidas. Seré com uma nova conviegSo sobre a rua que se desenharso novas redes det ‘mobilidade e interacividede nas cidades metropolitans eglobals? O-SENTIDO DA CIDADE 2 ‘Arua, como a cidade, muds. Na evolucao da tua so patentes as relagdes com as novas nf -estruturas.€ mais evidente 0 cas0 da introduction da ciculagdo automével, com a necessidade de ‘uma outra dscplina na nova repartcio do espace: 0s estaclonamentos, a sinalizagéo, 0s “canais* dedicados a pedese veiculs (pr vezes com efel- tos perversos de especializagdo/exclusdo, nas verdadeiras auto-estradas urbanas), numa cada NSviaCaregado vez mais sofistficada complexidade,reclamando ‘mals espago para os fuxos emergentes. gualmente, a utlizacéo do subsolopara organizar servigos e redes centrlizadas de abastecimento de aguas, esgotos, comunicasao e poste- rlormente 0 desnivelamento de fungdes, com os metros, os parkngs, atravessamentos, telse viadutos, e também shoppingssubterraneos, permiicam ensalar novastipologlas ‘emorflogias da“tua 30; anova tipologia com vias de muitlescala, multnivel e mukimodo, ‘com novas arquitecturas e comunicagbes simbélias No eloquente catslogo da exposiglo "Larue est & nous, tous" sobre oque é o papel matricial da Rua, Francois Ascher dé a sua definilo (também constante doléxico incluido ‘0 seu ultimo livre Novos Compromissos Urbanos®) do que reconhecemos como tak "Uma ‘ua € uma via no interior de um aglomerado que serve especficamente ou simultaneamente, par proximidade imediata da via e para produzi um espaco colectvo utliayel por dversos tipos de actividades” Porém, as ras transformaram-se, com acidade, cespecalzando-se em varios tpos de espaco de deslocagéo, com nés de artcuagSo entre sie entre ‘os espectivos meios de deslocagéo entre o movi- mento de superficie eo subterrineo; entre lias sravessar uma zona deste aglomerado, ter acesso a lugares stuados ao longo ou na de longo curso e comutagbes suburbanas; entre meios em via dedicada eos que se mover em vias prioritrias, de bus ou polivalentes; entre trdnsito deatravessamento entre a eas de proximidade entre vias de trnsito compativel ou partthado Gftos-sbon * Ascher ~ Novos nos do Utantsma seg de Noves CampromisosUrbaro. bon, Los 1 cone aRanoho entre velculose movimento pedona, ou espaco ciclvelincluido em avenidas, ou ruas de bairo e escadasrolantes Entre uns ¢ outros, a rua hoje oferece novas tipologias de sobreposig3o, pondo-se a énfase no "espaco interface’ ou hub, da rua/praca/estacso que é também centro de coméscio/cultura/negé- los. £0 autorlogo abre perspecivas para o que so outros papéis da ruanos tecidos ubanos con temporéneos, com novas dimensées temporais, {que permite aumentaradisncia das deslocagbes ‘assim unir o que est stant, gracas 305 noves artefacts infaestruturals que em cada escala, da Sekt pes Mine local global einterpretam o papel da ru: ‘A questi depart da rua no seu duplo seni de pr em comm e de separ pee, portantecom uma acuidade acrescdaesob formas paalmentenovas, porque cada stuagio, «ada local ecada momento deve ser obecto de solucbes expecta iscrevendo-a0 mesmo ‘empoem aiigenass descalasuperr. Aqu numdado nomenta podemos fazer coexsUr esta cv agus ungio, este ou aguee modo de transporte acl, noutos mementos. € precisa peo ‘ontvio,seprb-tosenquantonoutr lugaraind precso defn auras inhas de demarcacio, ‘outros espagos de mistura, ours formas de justaposigo, de ungso, de agregagzo, de ste. (oper [Aparentemente no polo oposto da mobiligade de longo alcance, andar de bicicleta plas ruas é uma cultura préxima da do uso pedonal com raizes profundas de modo un- versal de deslocacdo, que permanece ainda vivo em cidades de menores recursos finance ros 0u de maior cutura. A antropologa da biciceta€tratada em registo apologético num livre de Mare Augé,Elage dea Bieyclette, ConvicgSo bem urdida, como sto amide as dos antropélogos: entre 0 descitivo, 0 potticoe o filoséfco, sem perder 9 fio 8 meada, val direlto a nova cultura da mobildade. No se se voluntaiamente, esta refiexdo tem a qualidade de questionar aque atavico ender de curociade conferie Nx mevlemas cclovias, como gadget contemporaneo de Cidades dtas ‘amigas do ambiente’ em que cada vez menos se anda quotidlanamente a 'é peas ruas para aceder aos vio destinos habitual, mas onde ofim-de-semanase ocupa o lifestyle saudavel em pista propa, Sedo s6 percursos em espacos artiicalmente pug MCB dls eye Pat, Pay Ree, 2008. (OSENTIDO DA CIDADE bs “qualificados; na senda de “mostrar” narrativas de valores ambiental, que dio “bo2 Jimprensa"? -Mesmo se a biciclet, ainda pouco simpatica para além da oportunidad de recteio © Taz, no €solucao miraculosa para a moblidade va, gradualmente, torande-se um modo de transporte artculado, por um lado, com o movimento pedonal e, por outo, com os ‘ransportes pablicos (com apoto das bicicletas pablicas que se vém disponbilzando em _multas cldades). Augé pega-Ihe sob outra perspectiva, a das interaccbes ra vivncia do ‘espago pablo Entreilstas. 20 nvelmalshumide ha consciéneis do momento prtihada d= uma paquens ‘nia que os distinguede todos osoutrosequelhespetence Basta como provaagensieza man festadahojeem Paris por aquees que tem js uma cera experiéncia na operagio\eloemTeags0 ansneitostnidos que procuram untarse hes Oem na vas feém- converts 0 iso ‘iscutem entre si lineréi, a palsagero tempo) ou navegam conservandose em sco, ‘masnunca tlzam oseutelefone mével.. Poss a bic tomar zeum stumento deretoe ‘fieaz de uma econgulsta das relaSes eda roca das palavras.e dos sortios. (opt) IReviséo de literatura: na rua da estrada também ha magia? O ivr de consagra;so das mais belas ruas, Great Strets, de Allan Jacobs, estabelece ‘.apolagia do andar como base da cidade. € um belo livro em si, com um protagonisme ido desenho impressionsta ou documenta, a oferecer em paraleloaleiturilustrada de _muitasruas em cidades muito conhecidas, de matriz europeia, ede outros continentes, _mas ndo delxa de fazer uma apologia da “autenticidade’ essa aporia moralizante sobre “como devem ser as ddades, como eram antigamente’ A qualidade impressiva dos ‘desenhos & mao do autor, que nao é substituvel plas representagdes mis actuais de ‘grafismos e imagens digits manipuladas, revela sempre alguma verdade sobre 0 con- ‘tedo e tem assim 0 efeito da revalorizagéo da rua como lugar estruturarte da urbani- dade habitada; é mals do que um catilogo dos centros de cidades, com os seus paradigmas de ruas central racgao. Parece que nada se encontra de imperfeito, de incerto ou de incomplate numa rus cexplica-nos de onde vern 0 seu valor urbano, 0 da inte ‘cheia de passeantes sob a sombra de vores acolhedoras,cuidadosamente desenhadas. Hipnético. No texto 0 autor refere alguns preceltos inquestionavels do desenho fisico da 14, tals como 0 conforto, a defingho, o dimensionamento, a transparénc a mistura de tus0s, a manutengio ou a qualidade da construcio, a arborizagéo...Porém, na verdade, reconhece que faltam outras coisas para definir uma bela rua para além das qualidades, ‘vistas separadamente.€ ai temos de acetar, como 0 autor, 0s dominios de subjectvi- dade: 1% PEDHO BRANDAD “Ter critéris para identicar as melhores ruas é uma coisa, Saber quando els estdo presentes ¢ outa 0s elementos de conforto podem ser abjectivados ‘mals pontamente que outes, sendo que essa taela [8 requentemente cif. Aintrrogagto, 0 entanto, ‘ala pana A respostareque uma pocuraconstantede ‘objectiviade, tanto nos crises com nas qualdades paras satstaer. significa canfarnojuio.enaopnito| e outos, peo e pessoas que usam a us, Incl ‘omparagbes entre ras o mais objectvas pose NO final envlve uma grande dose de experiéncia ejulga: mentor compreender que s melhores deveraolncut alguma magia também.” Noutra belo va, fala-se da conviegdo sobre tum novo tipo de rua e um nove tipo de espaco Urbane. Alvaro Domingues baselase no estudo «de uma nova realidade: urbano dlsperso, Nesse desiderato, a rua €ainfe-strutura fundamental da transicéo, do que J4 ndo 6 rural para o que ainda néo é urbano, Ou é-0 incompletamente, Einfra-estrutral porque é sempre avelha estrada que leva a urbanidade ao territério: energia, aaa Minesona BlePon Minneapas nesta FWA, 191. va reono ananoko ‘A conunicagdo social a opiniso plblica em geral sto mals préinclusvas e do apois a projectos de espaco piblco pedonalizado. NovasindGstrias,igadas aos transportes publics, biccetaeao peso, apresentam ‘novos produtos, com inovagbes técnicasfaciitadoras do uso, ‘A construgio de uma rede continua de caminhos, passeiose outios espagos para movi ‘mento lento (mas incluindo transportes pdblicos),ligando os principals pontos de vide Urbana, tem ngredientes de éxito que também exigem um desenho de qualidade Largura adequada das falas pedonallzadas, protegidas da circulagso automével; Declve adequado, rampa em esquinase superficie plana nos cruzamentos: + Boa visbiidade em cruzamentos e bons elementos de sinalizagio; + Vis lores de mobiliro urbane e outros obstéculos; + Continuidade, sem interrupgdes ou solugGes de continuldade: + Bons materais de pavimento, conservacdo e manutencio adequada: + llumnagdo geral locale frontal (jas, edficis, pragens de transportes); + Ensombramentoarvores, arbustos, cantelros eloreiras; + Apoios: bancos, bebedouros, dispensadores de produtos,recolha de Iixos. Um caso de software Poderlamos falar de Jane Jacobs, ue, ha mals de quarenta anos, inverteuo pensamento ‘sobre a “moderna” separag3o dos tafegos do automével dos usos pedonals do espaco ppblico. Enesse contexto que falamos de Hans Monderman, um engenheito de tréfego |holandésflecido em Dezembro de 2007 que desenvolveuo principio do espace patihade” ‘no desenho de vias urbanas em véros projectos na Holanda, nas décadas de 80 € 90": -Monderman revolucionou com aquele conceitoo habitual método de trabalho da sua [rofiso, baseada no cileulo,explorando uma nova abordagem que equaciona questées ppoltias escciais mais alargadas sobre 0 espaco publica a interaccao na vida sociale © [proprio desenho. Espaco parthado significa espaco nie-normativo, onde a ética dos ‘comportamentos subjaz mals & responsabilidade e menos & norma. Pees e automéveis ppartham 0 mesmo espaco, eas regrassS0 as da norm interacgio entre pessoas, (O desafioda redusio da velocidade decteulagSo dos autemveis em ambiente urbann, ‘ja solugto :recional assenta em sinas de proibigéo €em obstéculos como ballzadores, lombas e dvsbes entre vias especiaizadas, levou-o em 1982 a experimentar uma nova "Brandio,?-"OSoftareoEspagoPublic"n Manual Metadlogiae Boos Pree paraatlaborgde deum lao de MobidadeSstervel Camars Muiipas Bare, Louse Mota, 208. (OSENTIDO DA CiDADE teora, ensando“ao contri": remover todos 05 sinals de transite semsforos passadelras de pedes ‘eaté os lancis entre os passeios as vias dos auto- mévels. © raciocinio questiona a separacdo dos rmovimentos na via publica que todas aquelas sinalizagBes promovem e, em aterativa, prope 1a partiha do espaco, contando coma interaccio entre os ulzadores, no como algo aevitara todo ‘o-custo, mas come algo proprio’ nossa condlgao de urbanos:"Retiar 0s sinals obriga a procurar 0 ‘antacto do olhar, nterpretagdo da linguagem corpora e& aprendizagem da responsabilidad: a agir como seres humanos normals" ‘sua solugdo paraa cidade de Drachten, com JungBes nuas de sinalizagio e obstéculos, mos- trou que se pode reduzir a velocidade e, 20 mesmo tempo, no haver prejuizo geral no tempo de atravessamento relativamente as velocidades anteriores, de 50 km/h ou mais, por rnc haver paragens Ao mesmo tempo reduzram- 5005 acidentes em 90 %. £m vez de adicionar novos elementos de obsticulo e de prolbicto no espaco pbico sempre que é detectada uma dificuldade, Monderman recorda-nos que a generalizagio do uso da sinalizacSo foi histor- camente devida a uma cultura erénea do con- ttolo do risco no planeamento vido. £m 2004, 1 Unido Curopeie aprovau o financlamento de ‘um projecto para o aprofundamento das expe ‘inca de espaco parthado, até 2008, demons: ‘trando a teoria de Monderman em sels cidades da Holanda, da Bélgica, do Reino Unido, da Dina- marca eda Alemanha, Monderman, que assegurava que o sistema funclona em vias de até 25 mil veiculos por aa, ‘no vers o grande teste da sua teoria: em Londres, Dichensaneee depis a PtDRO BRANDAO ‘com a Exhibition Road, uma via de intenso movimento que serve uma universidade, trés "museus nacionais com 10 milhdes de vitantes por ano, uma linha de metro e vias de ‘utocarrs, Fol redesenhada como especo partihado, com os prSprios fundamentos do ‘espaco pablico: ‘Contacto visual e interacgdo entre cidadios no espago public € a mals s\levada qualidade que podemos ter num pas Hive! Quatro casos & escala metropolitana: espaco vs. mobilidade Em Portugal, os desequilibrios de aces- siblldade e 0 atraso da infa-estraturagso levou solugio tei iniclando nos anos 80 tum processo de reconversio de infra -estruturas de mobildade assent na rodovia (© modelo de moblldade néo deiwaria de “er metopolians Integrar 0 fenémeno da expansio urbana ‘nas éreas metropoitanas coma consequent fragmentagio e espagamento" da mancha urbanizada, o congestionamento dos antigos _acess05 205 polos de centralidade histéricos aruptura do sistema de tansportescolect ‘vos, acentuado pelo poder de consume que rapidamente encaminhou a populagéo para ‘0 transporteindividua No processo de crescimento,ametrépole ganhou nova vide, mesmo se desqualficads, nos seus lites mais longinquos e a0 mesmo tempo envelhecia na sua ralz, A Infra ~estruturagao no caso de Lisboa fl marcada por etapas no processo, por vezes com bons cexemplos de espacos pblicoscrados com efeitos na scala de proximidade (o caso do metro). Porém, com outras vilsitudes urbanas: + AnteroraPrimeira Guera,aabertura da avenida da Liberdade e o Plano das Avenidas Novas cestruturam 0 crescimento para norte ancorado ‘numa estrutua reticular. Entre 0 Marques de Pombal (e 0 Parque Eduardo Vil) e 0 Campo Grande, espaco public faz também o cami- ‘ho do evo + Noperiodoentreas duas gueras, 0 caminho-de- -ferolancaa urbanizagao de Casals e Sintra, ctiasea rede de transportespiblics inttiores, ‘OSENTIDO BA CIDADE ca concentrando polos industrials em Alc tara, Xabregas, Sarteroe Sacavérn/Alhan: dra, A Exposigéo do Mundo Portugués (1940) reabilita e monumentalza Belém, + Em meados do século, acentua-se & expansio para poente com aglomerados ‘aczescer em torno das paragens do com bolo de balxa densidade, englobando anteriores nicleos ruaise piscatérios, mas na década de 60 € a ponte sobre 0 Tejo que abre a frente sul, a acessibil dade vidria leva & urbanizacso barata € desregulada do lotearento clandestino €¢ dos novos subtirbios da Margem Su, ‘com novos locals de verancio (Costa di Caparica). + No hime quartel do século x2 aposts grated vente na rodova ica a expansi0 no sentido mais lato de area metropottana. Nadie: ‘fo linear dasinfraestrutras, 0 automé- vel motiva a abertura de novas frentes, rem sempre"cosendet os interstiis. Nos ‘anos 90, a Exp0'98 abre um novo tipo de ‘expansio, com of processos de “recicle- ‘gem? de tertéios obsoletos, elangaa marca do produto “ribelrinho" (eplicado outros pontos doestustio como Oct, Pentevacods Gama ape 8 Selxal Monti...) impulsionando noves infra estuturas com a nova ponte. Uma ede de grande capacidade, com circulares, «radials expandindo a cidade ja cifusa Na imagem da Expo'98, 2 representacio da imagem de qualidade do espaco pblico & uma ponte, uma estagdo e uma avenida, Hoje persste ainda a aposta nas infra-estuturas de acessibilidade rodovidria, que oferecem mobllidade criando uma dispersio urbana "homogéneat. Os grandes fuxos, sem adequada cobertura numa distribuigdo intermodal de transporte e sistemas de “ PEDRO BRANKO software dssuasor (tars, park ide...) assen- tam em muito na rede rodovisia,impulsionada por novas pontes,viadutos ou tnels. Do ponto mar, mas sim numa diteccdo transver- sal acuela, € uma espinha dorsal do conjunto de tubs kalers, como espaco publico comur, ponto de ercontroe elemento de unidade, com 0 pro- Jectode 1997 (Perie e Uauradé).O perfil da ram- bla tem pequenss variagdes, tal como acisposigao dos tancos ou da arborizaclo. Porém, o que al- ‘menta 9 rambla s3o as suas margens, a relacdo com 3s reas envolventes.€, assim, evidente 2 diveridade do desenho das manzanes, caracte- rieando a grande dversdade de espagos do baira, com a multplicidade de pequenos espacos pbli- os, semipablicos eprivados de qualidade ‘Agu fo condutor € dscurs:"Linha’é uma ‘cade ate (de Tore), com um interessante papel ‘a deincdo da continuldade do espaco, mas tam- ‘bém ra identficacéo da comunidade, cua histéria 4 cortada em pequenos episédios escritos numa tira metalica que vaiemergindo “desaparecendot no pavimento, a0 longo da rambla, ‘Arambla Prim, com os seus 4 km em direcgo ao mar e a0 projecto do Férum 2004. (menos conseguido no que toca. ao uso posterior ao evento), onde esta grande rama do- Povo desagua’ data de 1989 (Sanjosé,Barragan eTersol) Velo regenerar toda a rea de 10 PEDRO BRAKDA bbirosindustras no limite nordeste de Poblenou esudoeste do bairo La Mina, conugando estes teidos urbanos limitofes, anteriormente muito desqualficados, com populagbes ‘marginalizadas, numa comunidade cada ver mais vibrante e muticutural, CO grande éxito destasrarcblas 0 seu pontoforte, a vivénci, a actividade.O usointenso, ‘mutitério, muicutural, multimode, 4h, s6¢ possivel com a boa qualidade dos natriis 2a fazer faced elevada intensidade do uso. Pare o carécter do espago contribuem o desenho ‘exaustvo, com solugées préprias e acerto nes elementos simbélicos,oferecende lelturas -de continuidade longitudinal e transversal, eum consistente clima de seguranga,tranqul Nidade e aprazbilidade ‘O grande eixo da avenida Diagonal O plano Cerda, mais de um sécule depos, remata-se:finalmente constr-se o final da Diagonal, no antigo tertéria de Poblenou,a"Ciutat dels Fabriques: Da cidade da incis ‘tia cidade global: os lugares de trabalho, resdéncia e lazer definem onal da cidede" ‘com o tema do encontro, com o futuro’~o projecto22@. Esta dindmica permite-nos far por grandes ‘Sanam 10 SENTIO DA CIDADE 2 pocat de betse branca, A haraiaacistica (muito eficar, criando 8 superficie um ambiente calmo) consti também um limite visual para que, em cada lado da avenida, se defina ‘Jari linear e as duas vias de movimento soft (miso, bus, bicicletas, pedes... superficie, ‘em cada sentido. Repetir¢, 20 mesmo tempo, vararé uma marca deste projecto: uma grande artéia que ‘exige um padrdo repetitv, svavizado por uma varacgo cromatica nas aberuras da parede acistca,e com a introdugio de pontes pedonals sobre ava (desenho de itor), que de 130m 130 metros no enflamento de cada carrer unem os dol baltos, DDesempenham sind um papel dcisivo as Srvores (er alinhamento linear € pontua ‘mente em pequenos macicos e bosques), que Ibo crescer assumindo por completo a vocago de amenidade urbana, desde logo coma ligago visual franca ente os pequenos spaces ajardinados, os edificios, os passeios eas lojas rontas Embora por vezes pareca, este no um projecto de copy/paste, mas sim uma arte da reprodutiblidade, como teora e prtica de design de grande dimensio num percurso 20, longo do qual ha solucées-padrdo e momentos de excepSo. Na estagio do tramway de Espronceda, tudo confi! num espace pblicofortemente iden- ‘iro da nova moblidade, Stuada ligeiramente abaixo da rua supe- Flor, a estagdo est cheta de luz. ‘Acor anuncla na parede da esta- ‘fox"Allo qui és imaginar és una realitat”E leva & interrogacdo: ‘espaco publico, infa-estrutura, palsagem, arte ecomunicacso¢ {de novo a imagem da rua dens todos?

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