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Os paises subdesenvolvidos e a fase pré-industrial nos paises avancados: uma tentativa de comparagao" Simon Kuznets te artigo foi elaborado em resposta a uma solicitagao no sentido de -omparar a situagdo atual dos paises subdesenvolvidos com a situagio an- terior dos paises mais desenvolvicios, dando énfase especial aos fatores que parecem [..] ser cruciais no que se refere as potencialidades de desenvolvi- mento”, Esta comparagdo pretende dar inicio a uma série de documentos gue focalizam as “condigdes relevantes para, e estudos de casos sobre, a -relagdo entre populagio, desenvolvimento econdmik «ao soci © tema evidentemente, muito amplo e diz respeito a um campo no qual € dificil encontrar observacGes testiveis. Parte da discussfo seré dedi- cada 4 definiglo de termos, o que contribuiré para tornar clara a diferenca entre o estado presente dos paises subdesenvolvidos e a situagio anterior dos paises mais desenvolvidos. Também indicaré as areas em que deverao ser buscedas informagoes a fim de se obterem comparacdes mais eficazes; € permitiré, ainda, a apresentagao de alguns dados dispontveis de grande importancia, transforma- Comecamos por distinguir trés definigdes de “subdesenvolvimento” {A primeira associa o subdesenvolvimento a incapacidade de utilizar plena- mente 0 produto econdmico potencial possibilitado pelo conhecimento tecnolégico existente — essa incapacidade pode ser atribuida a obstéculos inerentes as instituigdes “sociais’ internas ou externas, de um pals. Nesse sentido, todos os paises sio subdesenvolvidos: nenhumn utiliza plenamente seu potencial produtivo. Na realidade, a fungi0 matemética na qual as pos- siveis adigdes ao produto econdmico so a variavel dependente e as mu- dangas medidas de algum modo, \dependentes pode muito bem ser mais inclinada para um pais “muito adiantado” do que * Proceedings of the World Population Conference, 1954. Monografasv.V, Reproduzido com permisso da ONU e do auton para um subdesenvolvido.’ Este néo é, evidentemente, o significado do ter- ‘mo “subdesenvolvimento” no presente trabalho. No entanto, um aspecto dessa definigao é diretamente relevante: a atribuigdo a fatores sociais da capacidade de utilizar 0 potencial tecnologicamente alcancavel. Se nosso acervo de conhecimento permite um produto econdmico muito maior do que aquele que se abtém ¢ se as dificuldades se encontram nas instituigbes sociais, © subdesenvolvimento deve ser considerado um problema social, Desse modo, nosso pénsamento € guiado para consideragdes acerca do cido social ¢ das possiveis mudangas nele, em vez de enveredar por canais que seriam seguidos caso a insuficiéncia do desempenho econdmico fosse atribufda, por exemplo, a forsas inexordveis na Natureza ou a designios ir revogiveis da Divina Providéncia. A segunda definigio de “subdesenvolvimento” € 0 atraso no nivel e no cardter do desempenho econdmico em comparagio a outros paises (ou a unidades de tipo diferente). Nesse sentido, o subdesenvolvimento & ques- tio de grau, ea maioria dos patses — exceto, evidentemente, os poucos con siderados os mais avangados ~ é subdesenvolvida. Novamente, este tampouco € o significado do termo em discussOes cor- rentes; mas, uma vez mais, alguns de seus elementos sdo importantes para © entendimento do problema. Os paises adiantados, cujo desempenho pode servir de medida a0 atraso econdmico, s4o uma demonstragio inegével de ‘que niveis econdmicos superiores sio atingtveis e niio somente potenciali dades obscuramente entrevistas pelo acervo de conhecimentos. A tensio nos patses subdesenvolvidos ¢ gerada porque se sabe de sucessos em outras partes do mundo. Além desse “efeito de demonstragdo”, existe outro aspec- to hé muito reconhecido, Sob certas condigées, 0 sucesso econdmico con- fere um poder que pode ser utilizado para a agressio, manifesta ou en- soberta, Por essa razio os palses que se distanciam de outros em relagao a0 sucesso econdmico podem tornar-se incapazes de se defender contra a agressio, real ou temida, dos paises mais adiantados. Essa cor somar-se a pressao para atingir as realizag6es ccondmicas de outros mem- bros da comunidade mundi © terceiro significado de “subdesenvolvimento’, fundamental na maio- ria das discuss6es atuais, é a incapacidade de proporcionar niveis de vida aceitiveis para uma grande proporgao da populagao de um pats, resultan- do em miséria e privagdes materiais. Onde se atinge o padrao de vida ade- quado, ainda que todo 0 potencial tecnolégico nio seja realizado — como nos pafses desenvolvidos —, nenhum problema sério surge, Onde 0 atraso ‘em relacio aos patses adiantados é moderado, como ocorre nas nagoes si- tuadas logo abaixo do topo da pirimide econdmica (ou em algumas regides dos pafses adiantados), 0 problema também apresenta dimensdes tolers do sendo urgente nem agudo, Nao abstante, nos numerosos pafses subde- senvolvidos, que representam mais da metade da humanidade, 0 econdmico significa miséria material para a maioria iguranga para os prdprios paises. E isso gera tensdo e a a urgencia do problema. Dales rubcoartidar seve tr compe: Gao erecta crenclo Cament en tung enerior compara? qt pe br din cog oh ei so don ples as deen se pelo vel de fends per capita tanto no la Guerra Mand come po ene pra os dees oo Estados Unidon, Canad, Assi, Nove Zen et Bcanha Sig os ples ean dnnvs (50 ga Dinara), Alera £h2 Os pats subdesnh peviosapfalas da possivel excecio da Argent uguai e talve apontadas, assim como todo o complexo da Europa Mei se encontram numa zo nos perguntar se uma nal € Oriental, nparivel dos paises mais d senvolvidos — isto & a Buropa Ocidental e do Norte e suas ramificagSes na América do Norte e Oceania ~ significa um periodo em ‘que foram subdesenvolvidos, ou seja, atrasados em relaglo as economias adiantadas de entdo; quando seu atraso relativo em face dos paises lideres era tio visivel como 0 dos palses subdesenvolvidos de hoje: quando suas rendas per capita eram tao baixas e a miséria e as privagbes materais tio generalizadas como nesses tiltimos. Se assim fosse e se encontréssemos essa situagdo anterior, seria posstvel discernir os fatores estratégicos que produ- ziram a lideranga econdmica de hoje? : Apresentada dessa maneira, a questo teria pouco a ver com os paises jovens, relativamente “vazios’, povoados por europeus ocidentais e seus des- ‘Austrdlia e da Nova Zelandia, hav’ volunt jos; e muitos dos primeiros colonizadores provavelmente sofveram privagses materiais compartveis &s dos patses subdesenvolvidos de hoje. No entanto, esses problemas eram o prego do pioneirismo, nfo do atraso eco- nomico. A comparagio é, portan Em momento algum, ap6s 605 primeitos tempos de pioneirismo, e tendo a populagio se tornada signi- ficativamente mais numerosa, esses paises ficaram muito atras das econo- mias mais adiantadas. Assim, na década de 1840, quando os Estados Uni- dos contavam com uma populacfo de cerca de 17 milhdes de habitantes e a Gra-Bretanha contava com 25 milhdes, a renda per capita americana era aproximadamente 1/4 menor que a britanica, sendo a Gra-Bretanha der econémico de entdo (com dobro da renda per capita da Itélia e mais do triplo da russa).’ Nao hé situagdo anterior comparével na histéria dos paises economicamente desenvolvidos do Novo Mundo em que suas ren- das per capita tivessem estado tao distantes das dos paises lideres ou em ni- veis to baixos como as dos pases subdesenvol ‘Mesmo para os paises desenvolvidos mais antigos, a busca de uma si- tuagao anterior compardvel como acima definida nos obrigaria a voltar muitos séculos atras. Entre os séculos 1X e XIV, 0 desenvoh jos atualmente Europa Ocidental e do Norte encontrava-se bastante atrasado em relaglo as cidades italia icesso econdmico destas Gltimas, no seu conjunto ¢ durante a maior parte desse perfodo, ficava atrés da maioria das economias do Oriente Médio e do Extremo Oriente, Até 0 inicio do sé- culo XVII 0s europeus ocidentais nao estavam certos de terem aleangado qualquer aumento nos niveis populacionais ¢ econdmicos desde os dias do Império Romano acreditavam, talver corretamente, que sua organizagao politica e econémica era inferior A que desfrutava a China durante as prés- peras fases de seus longos ciclos dindsticos. Mas teriamos de ir demasiado Jonge, nto no escopo como no tempo, para chegar ao perlodo em que os paises atualmente desenvolvidos, entre as unidades mais antigas da Euro- pa, eram wo ate end per capita) em te lagio a outros a p ses subdesenvolvidos a atvalidade, Terlamos nos trés séculos, possivel- mente ainda mais; em alguns casos (como o da Franca), até a Alta Idade Média, Tratando-se desses periodos, nem meus conhecimentos nem, talve2, \dos disponiveis podem trazer mu mais, todo 0 con- de con nda que semelhante em grau de atraso, seria tao dife- rente em vérios outros aspectos importantes, que seria duvidosa a sua rele- vvincia para os problemas atuais. Optei, entio, por nfo expor aqui 0 que, zna melhor cas hipéteses, seria uma revisio superficial de um amplo qua- dro da historia antiga. Entretanto, uma importante inferéncia deveria ser dedurida dessa répi- da observasio do passado. Sabemos que a aceleraszo, no longo prazo, do aumento da populagdo teve lugar nos tiltimos duzentos ou 250 anos; que as revolugdes econdmica ¢ tecnolégica e a aceleragao da taxa de crescimen- to do produto nacional per capita da maioria dos paises, incluindo os mais adiantados, s40 ainda mais recentes, datando de menos de um século e meio, Se as “situagées anteriores” nos atuais paises desenvolvidos que po- deriam ser vistas como exemplos de subdesenvolvimento tiveram lugar h& trés séculos out provavelmente ainda antes, deduz-se que essas unidades ‘ais antigas da comunidade europeia devem ter passado por um longo pe- iodo de desenvolvimento e ascensio antes da eclosao das revolucées eco- némica e tecnol6gica. Deduz-se ainda que, quando teve inicio 0 rapido recente ctescimento econdmico, os paises agora na vanguarda provavel- mente jé se encontravam entre as unidades adiantadas do seu tempo. Essa inferéncia ¢ confirmeda por uma visio mais ampla do passado re- moto das partes da Europa Ocidental que, juntamente com suas ramifica~ gbes do Novo Mundo, encontram-se entre os lideres econdmicos de hoje. Pode-se 2 primazia da Buropa Ocidental no de- mento econdmico moderno € 0 resultado de ui longo processo de 1 com seus vizinhos mais adiantados do Oriente Médio ¢ do Extremo Oriente; que as revolug6es intelectual, politica e geogréfica ocor- ridas na Europa entre os séculos XIII e XVI foram antecedentes importan- ispenséveis a expansdo econdmica subsequente; € que os paises que raram esse complexo de avangos no conhecimento e na organiza¢lo so- assim como suas ramificacdes do Novo Mundo, ocupam hoje em dia as posigGes mais altas da escala do desenvolvimento econdmico. Nao foi por acaso que entre os poucos paises lideres das antigas unidades europeias, figuravam a Gra-Beetanha, a Holanda, os paises escandinavos, a Franca e, mais tarde, a Alemanha — a maioria dos quais participou das revolugdes intelectual e religiosa ¢ localizava-se de modo a tirar vantagem da posigio geogréfica; e que a Inglaterra, que liderou todas as trés revolugdes, veio a ser também pioneica no campo da tecnologia econ6mica e material, Final- mente, devemos observar que a independéncia politica e a iniciativa dessas unidades europeias foram preservadas durante séculos, enquanto 0 apren~ 0 contexte wisranico dizado que preceden essas revolugses ¢ a expansio que se seguiu tinham lugar. Da mesma forma, no foi por simples acidente que quase todos os paises subdesenvolvidos de hoje ficaram fora da érbita dessas revoluoes € do crescimento que precedeu as transformagées econdmicas ¢ tecnoldgi que tiveram inicio no final do século XVIII e prosseguiram nos séculos seguintes. {sso sugere um contraste importante entre os pafses subdesenvolvidos de nossos dias e a situagio dos paises adiantados tal como eram pouco antes da introdugo das grandes transformagoes tecnolégicas que resul- taram no sistema industrial moderno — o sistema cuja adocéo constitui boa parte do contetide do processo de desenvolvimento econdmico mo. dero. Naquela época — em meados ou no fim do século XVIII —, muitos dos atuais patses desenvolvidos 4 eram avangados economicamente se- gundo os padres de entio; jé haviam tido nos séculos anteriores um cres- faaé-lo; e eram os participantes e benefic do co- 0 € das mudancas de atitude que constitulram as trés revolugoes mencionadas, Em contraste com esses fatos, muitos dos patses sulyesen- volvidos de hoje sto herdeitos de civilizagoes bem mais antigas, que, em: bora bastante superiores economicamente um passado remoto, exibem caracteristicas fortemente enraizadas que constituem sérios obstaculos & adogio de um sistema industrial moderno. Esses paises entrentam proble- ras de desenvolvimento apés décadas, se nao séculos, de sujeigfo politiea ‘que, ainda que Ihes garanta alguns efeitos benéficos, deixa uma hevanga contra a qual ttm de lutar os regimes independentes recentemente estabe- lecidos, Iss0 08 leva a utilizar 0 potencial disponivel de conhecimentos cco- nnémicos no de uma posigio de lideranca prOxima e a0 final de um pro- cesso cumulativo de crescimento e aprendizagem realizado n condigaes de independéncia politica, mas de uma posigdo de retardatérios a grande distincia e apés um perfodo de distorgio da organizagio interna ou submissio politica ou pela coexisténcia com 0s li res agressivos da zagio econdmica ocidental, Podemos acrescentar detalhes signifiativos ao contraste que acabamos de sugerir reformulando nosso critério de comparacao a fim de permitie a utilizagdo das evidencias quantitativas disponiveis. Como Foi apontado, 4 substincia do desenvolvimento econdmico modemo reside na adogao do sistema industrial — termo que denota a aplicagao generalizada da cigneia empirica aos problemas da produgfo econdmica. Bm decorréncia disso, a forga de trabalho é distribufda para fora da agricultura — inicialmente para a manufatura e 0s servigos piiblicos e, mais tarde, para 0 comércio ¢ as vidades de servicos. Essa mudanga comumente observada se deve, n0 f do, & estrutura dos desejos humanos, facilmente saciados, no longo prazo, por prociutos agefcolas, de modo que a produtividade cada ver maior nesse setor libera uma propargio erescente outros fins. A revo- ogi as a tivesse sido assim, a proporgio da forga de trabalho na agricultura possivelmente nao teri dmtnato. Ao contri, a apengio da cic tecnologa material a tanto uma revalugao agricola como uuma revolugo ind ate para nosto propésito observar que, de poniveis, a proporgio da fo ralmente é de cerca de 6/10 acordo com os dados cultura nos paises subdeseni enquanto nos patses desenvolvids ¢ de 1/5 ou menos.* Podemos agora re- formular a pergunt do anterior comparével"; qual era a si- uagdo na fase pr fdas quando a proporeao de sua forga de trabalho na agricultura era de 6/10 04 mais? Ao tratarmos dessa questo podemos contar com algumas evidén ainda que els estejam longe de ser adequiadas, Nos Estados Unidos cultura acupou mais de 60% da orga 1850, tendo cafdo 880, No Canada, a propor- coda fre ce trabatho ocupada na prc ee de 50% er 1871 st ifca mais antiga obtida por mim —j¢, a julgar pela experiencia dos Es- tes Uae ora petior 16/10 em {850.NaTn- glaterra ¢ no Pais de Gales seria preciso retroceder ao final do século XVI 0s dados de Gregory King para 1688 roporsao da forea de trabalho na agri 1841). Na Suécia, a proporgio se el na Dinamarca as proporgaes jé eram dle 49% ems 1875 ¢ 529% em 1870, res- pectivamente. Para a Franca, a primeira cifra de que dispomos (de 1868) 64% em 1870; mas na Noruega ¢ © contexte misronico da forga de trabi 1880. Est antigos da Europa no primeiro q lo século XIX, mas muito mais edo para a Inglaterra ¢ talvez a Holanda; aproximadamente meados do sécu- lo XIX para os paises escandinavos e a América do Norte e talvez @ mes- joca para a Au ). Com excegao dat dos entre os paises de maiores rendas per nacional que cobrem 3/4 de sécul 108 paises cujas economi em fins da déca nao foram profundamente de 1930 nos demais.* Utilizanda as taxas decenais de erescimento da renda l per capita a precos cons- tantes, podemos extrapolar para dos niveis atuais, © deduzir aproximagdes grosseiras das rendas per capita de um século atrés. Essas ci- fras derivadas, em pregos correntes de um ano recente, podem ser compa- capita de USS 300 (na Suécia, fica ern tor- nadamente) naclas, visto «ut timos quartos do sé associadas aos pro lo, que tem, os de industrial agdo, sto levadas a um século atrés Av lanl, que ge separ da Grt-rotanba em 1949, [NL] FASE DRE.INOUSTRUAL NOS Paeés AVANG DOS s, portanto, que tivesse inicio a industrializacso e 0 acelerado (0 ems alguns paises (como, por exemplo, a Suécia). Comparadas a estas cifcas, as rendas atuais, aos mesmos pregos, de mui tos dos paises subdesenvolvidos da atualidade parecem desanimadoramen- te baixas. A referida publicago das Nagbes Unidas apresenta renda per ca- pita inferior a USS 30 para China e Indonésia; entre USS 30 e US$ 40 para Coreia do Sul, Tailandia, Birmania (atual Mianmar], Iémen, Arabia Saudi- te, Equador Haiti; ¢ entre USS 41 © USS 60 para Filipinas, Afeganistao, Paquistdo, India e Bolivia. Com efeito, mais de 3/10 dos 2 bilhoes de indi- viduos computados nas estimativas para 1949 tinham renda per capita de US$ 50 ou menos. Assim como se apresentam, as cifras sugerem que as te das per capita dos patses subdesenvolvidos de hoje correspondem a algo entre 1/6 1/3 das rendas dos paises desenvolvidos de um século atrés, Suponhamos que; em virtude do processo utilizado para a elaboracao dos daclos, as rendas dos pafses subdesenvolvidos tenham sido subestima- das; no entanto, o mesmo vies afetaria as comparagées, no tempo, das ren das dos paises desenvolvidos, visto que se tende a subestimar a renda nas primeiras décadas — precisamente as menos desenvolvidas. Suponhamos também, que alguns dos oito paises citados — por exemplo, a Gri-Breta- nha e a Franga — j tivessem ultrapassado a fase pré-industrial de desen- volvimento em meados do século XIX; ainda assim, as escassas evidéncias de que dispomos com relagao a cendas de periodos anteriores continuam a sugetir niveis per capita muito superiores aos dos paises subdesenvolvidos de nossos dias. Apesar de todas essas peculiaridades, deve-se concluir que 0 nivel pré-industrial dos paises desenvolvidos foi varias vezes superior a0 da maioria dos paises subdesenvolvidos no presente. As implicagdes dessa constatagio, asociadas a outras evidén: sgora brevemente resumiclas, passaco, na posigao relativa dos paises segun- do suus rendas per capita, Temos dados imprecisos porém utilzaveis de oito patses que abrangem meio século — desde a década de 1840 até meados da década de 1890 —; e dados de 24 paises cujas posigdes relativas em meados da década de 1890 e em 1948 podem ser comparadas (com pequenos 4jus- tes em alguns casos de mudangas territoriais). Ainda que os dados mais an- tigos sejam extraidos de Mulhall © os mais recentes das Nagbes Uni ordens gerais de grandeza sto razoavelmente aceitéveis. No entanto, essa amostra é, em grande medic: limitada aos pafses europeus e suas remifi- cagdes no Novo Mundo, e exclui praticamente todos os paises subdesen. volvidos do presente. Ainda que os dados revelem algumas trocas de posi- do — os Bstados Unidos ultrapassando a renda per capita da Gra-Breta- ‘nha, crescimento mais lento da Franca levando a uma queda em sua osiciio —, em geral os paises que se encontravam inicialmente ne vanguae- da ainda continuam na frente no final. Esta conclusao seria reforgaca se os paises subdesenvolvidos atuais fossem incluidos na comparagio.* Em segundo lugar, nao somente tem persistido durante o i a diferenga rel 10 século entre os patses desenvolvidos, os menos desenvolvidos € 08 subdesenvolvidos com base na renda per capita, como a disparidade ‘entre eles tem aumentado, As séries de renda nacional, no longo prazo, disponfveis majoritariamente para os paises mais desenvolvidos sugerem aumento na renda per eapita durante o siltimo século (a precos constantes), oscilando entre 2,5 vezes e 6 vezes em relagao ao valot inicial, Nao pode- ‘mos supor nenhuma taxa de crescimento semelhante nas rendas per capita dos paises mais antigos entre os subdesenvolvidos, nem nas dos paises do Novo Mundo, Como a renda per capita atual da maioria dos patses subde- senvolvidos est4 proxima do nivel de subsisténcia, um nivel correspondente 43/4 do presente ~ para nfo falar a metade, ou 1/3, ou 1/6 —dificilmente ode ser imaginado: as populagbes nao poderiam sobreviver, Portanto, du- imo século teria aumentado a distancia entre os paises subde- senvolvidos, situados num extremo, e os poucos paises economicamente adiantados, no outro, £ bastante interessante observar que esse aumento da disparidade relativa das tendas per capita € visto mesmo na amostra dos pa(ses europeus. Para 0s oito paises mais importantes cobertos por Mulhall (todos europeus, exceto 0s Estados Unidos), a relagao entre 0 desvio médio do ponderado e a média aritmética também nao ponderada é de 0,32 na década de 1840 e de 0,42 em meados da década de 1890 (excluindo os Es- tados Unidos, as relagses so de 0,31 e 0,38). Para os 24 patses dos quais dispomos de dados de meados da década de 1890 e 1949, a relacto do des- vio médio em relagao & média aritmética € de 0,39 no primeiro periodo e de 0,52 no ultimo; se limitarmos nossa comparagio exclusivamente a pai- ses europeus, deixando de lado os cinco pafses ndo europeus, as relagSes serio de 0,32 e 0,53, respectivamente. Outras medidas de dispersio ~ isto 6 das distancias relativas — mostram a ampliagio das disparidades inter- nacionais na renda per capita de modo até ainda mais patente. Em terctiro lugar, para a maioria dos pafses subdesenvolvidos mais an- tigos (China, India, pafses do Oriente Médio), ainda que haja excegées INDUSTIUAL NOS PAISES AVANEADOS importantes, a taxa de crescimento da populagio total durante 0 século ou século e meio foi consicleravelmente menor que a dos paises mais desenvolvidos da atualidade (novamente com algumas excegbes, como a Franga). Visto que suas taxas de crescimento da renda per capita foram também consideravelmente inferiores as dos patses lideres, conc a taxa de crescimento da renda total — ou, em outras palavras, a mas rencla ~ foi, da mesma forma, muito mais baixa. Isso € importante porque a rapidez com que aumenta 0 conjunto da economia € um indicio da ca- pacidade que uma sociedade tem de se adaptar A expansio con! escala absoluta de operado. Um crescimento lento do volume total da vvidade econémica provavelmente se faz. acompanhar por instituigdes s0- ciais ajustadas a uma taxa baixa, que demandario modificagées substan das sea marcha do crescent agrepa fr acelerads Ito soge ura rie de problemas, que tém uma contrapartida interessante nos paises mais Sunde quando a marcha do ctescimento diminui ehé neceasidade de modificar instituigdes ¢ paclrdes eficientes para as condigdes de crescimen- to acelerado, © nivel econdmico mais elevado e a heranga histérica diferente na fase pré-industrial dos paises mais adiantados devem ter-se associado a padroes de movimento populacional diferentes dos que caracterizam os atua ses subdesenvolvidos, No entanto, tratarei desse tema de modo ainda mai breve, uma vez que todos esses fatos solidamente estabelecidos devem ser bastante conhecidos dos leitores; além do mais, no tenho competéncia para julgar outros possiveis dadas ainda nfo comprovados. Os poucos co- mentérios aqui citados devem ser vistos como perguntas ou hipéteses su- jeitas ao exame eT. Os paises desenvlvidos de hoje posslem, em sn fase pré-ndsti populagées pouco numerasas. Em fins do século XVII a populagio da Gra- Bretania era de aproxim Wes; em 1770, as vésperas da Re- ‘io da Inglaterra e do Pais de Gales nao era ‘maior. Na década de 1840 os Estados Unidos tinham menos de 20 milhdes de habitantes. Na m dos aes dene grupo tina ‘opulagio 30 milhdes antes do inicio do processo de industriazago. nie os parses subdesevoliges da tulad 0 con tririo, hi dois com total e outros cua pop donésia). Geralmente de hoje ( URSS) deveria ser adi- pulagao total de todos os lade durante o perfodo anterior a inicio da agio de datas precisas seja em si um pro- a eronalogia aproxima- a sugerida nas péyi Fas taxas de cres- cimento populacional para a Inglaterra, o Pais de Gales e a Franga num periodo de cinco ou sete décadas anteriores 2 1770 ou 1800, ¢ a taxa de crescimento pop durante a fa metade do século XIX nos paises escandinavos, inda e na Bélgica ¢, na- turalmente, nas tal no Novo Mundo. Essas naturalmente, muito ele- laxas de crescimento vades para os palses r. os”, como Estados Unidos, nadé, Austrélia ¢ Nova Zelindia. Isso era de esperar, sendo, no entanto, pouco relevante na comparagio com o crescimento dos atuais paises sub- desenvolvidos, Poucos — ou 1 dos como “vazio: ao da América do Norte ou da Ocea Muito mais relevantes sio as im ~ dos tltimos podem ser classifica- le crescimento andlogo meacios do século XIX as de crescimento dos paises europeus sais antigos, bastante inferiores as dos Estados Unidos, por exemplo, cuja taxa foi da ordem de 35% por década na primeira metade do século XA Em geral, elas foram de 10% pi da Inglaterra e do Pais de Gale meira metade do sée década, com a nica excesio significativa onde foi proxima de 15% durante a pri- XIX. Além disso, as taxas, em muitos casos, eleva- ram-se ap6s terem inicio © processo de industrializacéo ¢ 0 crescimento ‘econ6mico acelerado. Assim, as taxas da Inglaterra ¢ do Pais de Gi ram, durante a primeira metade quarto do século XVIII e m idantes du- rante a primeira metade do século XX, sendo necessérios dados para um periodo considerdvel a fim de eliminar os efeitos distorsivos de mudangas ttansitérias. Os escassos dados disponiveis sugerem que em alguns pafses subdesenvolvidos mais antigos e mais densamente povoados (por exemplo, a India e, como ¢ presumfvel, a China, embora esta seja terra incognita) as totais de crescimento nao sio elevadas, e por certo nfo mais signifi- nte elevadas que as citadas anteriormente para os pafses europeus ‘mais antigos (com algumas bvias excecdes, como, por exemplo, se com- paradas as baixas taxas da Franga). No entanto, em certo niimero de paises subdesenvolvidos as taxas de crescimento durante o século XX so bem mais elevadas que as dos antigos pafses europeus em sua fase pré-indus- trial (¢ superiores inclusive as de perfodos posteriores). © Anutrio demo- sgréfico das NagBes Unidas (1952), por exemplo, mostra que a taxa decenal de crescimento da populago durante a primeira metade do século XX foi superior a 20% nos seguintes paises subdesenvolyidos (36 foram selecio- nados os que tinham populagao superior @ 1 milhfo de habitantes nos anos recentes, no perlodo coberto de 25 anos — ainda que para a mai préximo de 50 anos): Formosa (atual Taiwan}, Coreia do Sul, F ‘Tailindia, Federagao Malaia {atual Malésia}, Cuba Reptblica Domi Honduras, Bolivia, Brasil, Colémbia e Venezuela. Para Ceilio [atual Sri Rgito, Tunisia e Nicardgua foram obtidas médias que vio de 15% a dados de muitos desses paises. Entretanto, @ impress2o — sendo isso um fato importante ¢ devendo ser comprovado — é que a populagio de m dos paises subdesenvolvidos tem aumentado nas tiltimas décadas muito mais rapidamente que a dos paises desenvolvidos mais antigos durante sta fase pré-industrial, 3. 0 exame de taxas brutas de natalidade e mortalidade também é reve- ledor, embora esse tipo de estimativa esteja sujeito a uma margem ainda ‘maior de erso. A taxa bruta de natalidade dos antigos paises desenvolvidos oscilou, durante a primeira metade do século XIX, entre 30% © 3596 (taxca semelhante a da Inglaterra e & do Pais de Gales no século XVII). As Gnicas ‘exceyDes so alguns dos Estados alemaes (Prissia, Baviera, SaxOnia), nos ‘quais as taxas brutas de natalidade chegaram a 38% e até mais de 40%. Os dados fragmentados e de baixa qualidade de muitos dos pafses subdesen~ volvidos sugerem niveis muito mais elevados. Assim, 0 Anudrio demogndfi- co das Nagdes Unidas (1952) apresenta taxas de 40% ou mais (entze 1941 € 1950) para Egito, Costa Rica, El Salvador, Guatemala, Méxi deragéo Malaia; e de apcoximadamente 38% para Hond Bolivia e Fe- , Veneruela & © conrexto nistonico Ceilfo, Desse modo, um possivel fator para justificar uma taxa mais eleva da de crescimento populacional de muitos dos patses subdesenvolvidos da atualidade em comparacio aos paises desenvolv fase pré-industrial poderia ser uma taxa de natal mente mais elevada. 4. Um segundo fator para explicar essa diferenga podria ser ai brutas de mortalidade, Estas foram, em geral, superiores a 20 em 1.000 até © ltimo quarto do século XIX para os paises europeus mais antigos, in- indo os mais adiantados economicamente, durante a fase pr (naturalmente essas taxas foram muito mais altas nos Estados alemies, rnos quais as taxas brutas de natalidade eram elevadas em comparacio 3s los demais paises europeus avancados). Essa combinagao de uma taxa de natalidade ligeiramente superior a 30 e de mortalidade de mais de 20 re- sultou em taxas de crescimento vegetativa de 10 ou menos. Em virios pai ses subdesenvolvides do presente, a0 menos durante as tltimas décadas, as. taxas brutas de mortalidade estiveram bem abaixo de 20.0 Anustrio demo- ‘grifico das Nagées Unidas mostra taxas brutas de mortalidade para 1940- 1950 em torno de 15 ow menos para os seguintes paises subdesenvolvidos: Costa Rica, Repiiblica Dominicana, Nicaragua, Jamaica, Porto Rico, Peru, Venenuela ¢ Taildndia. Entre vinte paises subdesenvolvidos para os quais é possivel calcular o fndice de mortalidade nessa década, somente em dois — EBgito e Guatemala — as taxas esto acima de 20. 5. Hé, finalmente, a varidvel da migragdo internacional. Os antigos paf- ses europeus que entraram em fase de répido crescimento populacional € industrial no século XIX puderam tirar vantagem da valvula de escape que representava a emigragao tanto pelo Atl mente para 60s Estados Unidos) como para os dom{nios britanicos em outras partes do mundo, ou ainda, nio raro, pata outros pafses europeus. AS migragées in- tercontinentais tiveram especial importin agbes para lianos e dustri fi fe se contestaria que essa emigracio contribuin para suavi para o desenvolvimento econdmico de muitos desses patses, Tam- bém nao se pode negar que a perda sofrida com a emigragdo contribuiu para a redugao da taxa total de crescimento populacional em alguns deles. (Os pafses subdesenvolvidos do presente nao dispuseram, durante a maior parte do século XX, de uma oportunidade semelhante, pelo menos no na- snvalvidos mais que as fictem 0 Ydmico de muitos da atualidade em comparagio com as vel pré-incustrial, Por outro lado, as taxas de mor Inclesenvolvidos do pres idade, rantes dos avangos técnicos ocorridos des- ss hoje desenvolvidos. ente, quanto indesenvolvidos pagam agora 0 prego para os Assim, atravessados pelos paises assim, espelha as vantagens rest 2 migragéo por terem entrado tarde no ca territ6rios “vazios” do Novo M 08 palses subdesenvolvidos de ngdes de seus padres demograticos quando rela- saréivel” desenvolvidos em hoje refletem-se nas c cionamos a situagéo a Nao € necessirio resumir 2 jcagoes a serem assunto podem parecer demasiado 6b ta. Ainda assim, no entanto, talver se liaagao de dados do para que merecam formalagao aconselhivel enumerar im- ado dos patses de- idos assim como 0 desenvolvidos em sua fase pré-in- e da heranca . Dai nao ser ada seguro projetar aspectas econdmicos ou demogrificos das sé tisticas mais antigas lax paises des z ef dos subdesenvolvidos. 2, Ha hoje em dia grandes diferencas de fo contexro msronico Inicas e perspectivas de crescimento econdmico nos paises subdesenvolvi- dos. Mas deveria inibir extrapolacbes féiceis a partir de cortes temporais. 3. A experitncia dos paises que desfrutacam um crescimento satisfaté- rio ¢ passaram por um perfodo de industrializagao variou consideravel- ‘mente de acordo com seu tamanho e seus antecedentes, ¢, especialmente, com sua continuidade, assim como a duragio do atraso em relagao aos paises pioneiros e seus sucessores imediatos. A andlise da experiéncia su- cessiva dos paises desenvolvidos me parece ser da maior importéncia para « compreensao dos problemas de crescimenta dos atuais paises subdesen- ‘dos, devendo ser dada maior atencao Aqueles cuja entcada efetiva no processo de répido crescimento econdmico e industrializagio ocorrew tar- serd certamente ins- ansformagdes no cendrio — modificam 0 processo de mundial e pela heranga historica de ¢ ajuste ao sistema industrial 4, Para os retardatérios no grupo das nacoes industrializadas (por exem- plo, Japo ¢ URSS) o processo est longe de completar-se e 0s niveis de renda per capita alcangados esto ainda muito abaixo dos que apresentam os mais antigos pafses desenvolvidos que se encontraim na lideranga. A expe: desses retardatérios deveria ser particularmente valiosa para a anélise de problemas populacionais, de desenvolvimento econdmico e de transforma- ‘fo social nos pafses subdesenvolvidos. H estudos de easo que podem inte- tessac a grupos especificos entre os palses subdesenvolvidos, A experiéncia, por exemplo, dos retardatérios da América Latina e do Oriente Médio pode- idativa para outtos patses subdesenvolvidos dessas éreas, re patses desenvolvidos e subdesenvolvidos tam- fa da econémico ir nas éreas subdese ento de uma parte, ainda que pequena, desse potencial poderia significar aumentos rela- tivos surpreendentes em seus desemy significar, uma vez eliminados os do, pelo menos para alguns desses paises, com taxas que supe: ive as que muitos valmente desenvolvidos apresentaram no passa- do, Isso torna ainda mais importante o estudo das experiéncias dos paises recentemente industrializados ~ incluindo aqueles que podem ser conside- rados ainda parcial ou mesmo amplamente subdesenvolvidos —, desde que ji tenharn sido dados passos significativos na diregao da industrializagao. bbém pode ser que deve exis 10S econdmicos. Poderia tambérn bsticulos, crescimento répido e sustenta~ FASE PRE-INDUSTRIAL NOS PAlzes AVANCADOS tengo for enfatizar as semelhancas e diferengas entre caracte- Hsticas basicas do processo de adogdo do sistema industrial — para paises de diferentes tamanhos, herangas hist6ricas e cronologias no processo de industrializas%o —, necessitaremos, certamente, de uma grande variedade de estudos de nag6es. © foco principal de interesse nesses estudos natural- mente deve ser o inter-relacionamento entre crescimento econdmico, pa- ves populacionais ¢ transformagao social. Além disso, os periodos abran. dos devem ser longos o bastante para que seja possivel estabelecer texas seculares de transformacéo que ndo sejam confundidas com mudangas transitérias. a partir desses estudos de periodos prolongadas — com énfa- se na interconexio das tencléncias seculares na populagio, no nivel ¢ na es- ‘trutura econmica, nas instituigdes politicas e sociais internas e no cenério mundisl ~ que esperamos tirar conclusdes testaveis que possam ser iiteis Para a compreensto ¢ o teatamento dos problemas de ctescimento econd- mico dos paises subcesenvolvidos. Os atalhos alternativos que prevalecem até hoje ~ comparacoes interpatses ¢ estudos de populagto,transformagoes sociais e econdmicas, isoladamente — tém sido ifteis para sugerir caminhos, ‘mas estio longe de constituir um guia adequado tanto para conclusées ana lticas testéveis como para a formulagao de politicas de longo prazo, 1:0 amplo poten produtivo dos Estados Unidas ¢ um dos peincipas obstdclos uma covtente adequada de fundos de invesimentoprivados para desenvaliennto fora do pals ~ para empregos que nfo este dietamente relacionadas com mattis. es de sua economia. desnecestrio acescentar que, sume ct rg empiric do modelo sugerida no texto, a trnsformagao soe indopendente ~ to dif de se: medida. Note cue, visto. obtengao di leagbes: (1) National and Per Capita dnceme, Seventy Paper Series Ey. 1, out 190; (2) Point Four US, (dedes sobre arenda de 1939) ‘Londres 1951. Estas fotes do res 4. ses € outros dados ctados aioe ako 3 espciis par alguns pales, Esse

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