A tica no deve ser vista como uma tabela de condutas imutveis e
impassveis de alterao, mas sim como um processo intelectivo constante de aprimoramento da convivncia. No que tange a convivncia humana, percebe-se a possibilidade de escolha, isto , o ser humano capaz de deliberar suas aes e racionalmente determinar como se relacionar com outros indivduos. Diante desse fundamento contingente, as relaes humanas no so da nica forma possvel, inexorveis, mas sim frutos de um processo reflexivo capaz de engendrar um ideal de convivncia perfeita e execut-la no mundo da vida. Dessa forma, as aes dos sujeitos passam a ser valoradas hierarquicamente segundo a contribuio ou aniquilao da harmonia social. Ao longo da histria, diversos pensadores ocuparam-se na elaborao de teorias ticas, desde responder o que uma vida boa at discutir o adequado e inadequado de vrias condutas. No pensamento antigo, destacaram-se os gregos, cujo mais emblemtico pensador da teoria tica foi Aristteles, que expes a tica como uma atribuio de valor pela conduta fundamentada no agir do homem virtuoso, isto , um pleno desabrochar, atualizao das potencialidades do indivduo em plena excelncia e exuberncia, e consequentemente seu respaldo na harmonia social. J na modernidade, um autor que se destaca com sua teoria tica Immanuel Kant, que a partir de uma perspectiva deontolgica, traduz a tica em um imperativo categrico, isto , uma ao boa em si mesma e no possui nenhuma finalidade exterior razo, resumido na expresso: Age somente, segundo uma mxima tal, que possas querer ao mesmo tempo que se torne lei universal. Na mbito do Direito, criou-se uma tica jurdica, que trata-se de um conjunto de princpios e normas jurdicas que atribuem direitos e impem deveres aos que militam na esfera jurdica, especialmente os advogados, juzes, promotores de Justia, estagirios e serventurios. (HORCAIO, Ivan. Dicionrio Jurdico Referenciado, 1ed.So Paulo, 2006, p.379) Dessa forma, a tica apresenta-se como o alicerce da convivncia humana, sustentando-a e conservando-a.