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uso cultura, integragio social e socilizagio. A cultura, a socie~ dade € a pesson pressipdemse reciprocamente*, O conceito juri- «ico da orem do dreitocomo uma asociagio de memos do dirt, ‘que & mantido até hoje pelos discuss filssficos, ¢ por demais conereto para a teoria da sociedade. : 7 Em termos da teoria do agir comunicativo,o sistema de ago “direito", enquanto ordem legitima que se tomou reflexiva, faz parte do componente social do mundo da vida. Ora, como este 33, Se reproduz junto com a cultura eas estruturas da personalidade, através da corente do agir comunicativo, as agdes juridicas ormam 0 medium através do qual as insttuigdes do dieito se teproduzem junto com as tradigdes juridicas compartilhadas inersbjetvament juno com as capciades subietives da interpretagio de regras do direito. Por fazerem parte do compo- rent da soled, estas regs do dretoformam orden cei timas de um nivel superior; a0 mesmo tempo, porém, enquanto simbolismo jutidico e enquanto competéncias jurdicas sociali- zatorias adquitidas, elas estio representadas ‘nos outros dois ‘componentes do mundo da vida Os trés componentes paticipamn originariamente na produgio de agées juriicas. Do direito par~ ticipam todas as comunicagSes que se orientam por ele, sendo {que as regras do dreito referem-se reflexivamente a integragio social realizada no fenémeno da institucionalizagio. Todavia, 0 «iodo dito mio mantém conato apenas coo medium da linguagem cologuial ordinéria pelo qual passam as realizagSes, fe enendiment socalmente ftegrador, do rndo da vid: tle também traz mensagens dessa procedéncia para uma forma na qual o mundo da vida se torna compreensivel para os eédigos ‘especiais da administragio,dirigida pelo poder, e da economia, dirigida pelo dinheiro. Nesta medida, a linguagem do direito pode funcionar como um transforraador na circulagdo da comu- hicagio entre sistema e mundo da vida, o que nao é o caso da, ‘cominicagao moral, limitada a esfera do mundo da vida. ‘58 Cf, HABERMAS, J (1988), 95-104, m2 II. PARA A RECONSTRUCAO DO DIREITO (): O SISTEMA DOS DIREITOS As consideragdes desenvolvidas até este ponto tiveram uma finalidade propedéutica: introduzit a categoria do direto, especial. ‘mente ado dirito moderno, na stica da teoria do agir comunicativo. Pois uma teotia critica da sociedade no pode limitar-se a uma Aeserigio da relagéo entre norma e realidade, servindo-se apenas da perspectiva do observador. Antes de retomat esta tensio extema ente 4s pretenses normnativas de ordens democritico-constitucionais e a facticidade de seu contexto social (Capitulo VID, eu desejo reeons- ‘uit, nos proximos capitulos, a autocompreensao destas ordens juri- ddicas modermas. E tomo como ponto de pattida as direitos que 05 0+ sueitesdodreto como ica inguagem gual podem exprimie asin autonomia, Aiden da auflegslago tem que adit por si ‘mesma validade no medium do dito. Por iso, tém que ser faratidas pelo diveito. as condigSes sob as quai os ckladios 163, ema uz do pnipiod discus odelo gt eo Rando logitmn. Pas boots dice domes ile arta no poco fornia © SRroninte Solano ps ct lag de perpen ns no poles ai ‘undress par Pa Seared On sce pr equ rere Ske mopar ldcunieglar costo “co deems os os ‘pebatremaoteingpodedixrsefgnsjatisadetnprnso E°fEmecmen, De sto com's inpiodo dec poser, trocar vlies nrms qe poetanencner ome "Sac trcitnere sng mma em gw oe omer mms Orc ice ete Pp reac omens osc Perils pa png, rods ua ce somutzae cis tm pos oy decane hoa ou 2 Ferd de tat po en lao roe vine Crhtves Auge snc wo pln de eras SQmuestin cepa o caine tn faa po iBesdhopioeth cone mqelepmcpidodeunn cscs sols A es comatose gut cialigi a condyos bm undo ging cad tuiecnnca opt quem angio peo Meine como pion de fm de ome tsrpuohdnametce de fecesos toons decorate Sethe cers srs cde pn mn eo pci cnn bgt guises poles fundies uncon on eulin p r i {eyo snc deena tomureaiva dee emer ecceeanenge.prcatano unafinmgiodiun acpi Stn vous oes passin on eos oe scr ek since dns dlc dos oldie un nedusnes oes des dite dea mci, teace compressing ene eran do pve ¢ Scho mance posts cornea da sono Po ieee pie Gm ons ocspag dn ana Police 3 ites stoves de dios naomi 164 apenas espera para ser colocados em vigor, nem se instrumenta- liza simplesmente a autonomia privada dos individuos para fins de luma Tegistagao soberana. Nada vem antes da prtica de autodeter- ‘minagao dos civis, a nao ser, de um lado, o principio do diseurso, ue esta inserido nas condigdes da socializagio comunicatva em geral,, de outrolado, 0 medium do direito. Temos que langar male do medium do direito, caso queiramos implementar no processo de Tegislagao ~ com 0 auxilio de iguais direitos de comunicagio de participagao - © principio do discurso como principio da democracia. Entretanto, 0 estabelecimento do eédigo juridico en- quanto tal ja implica direitos de liberdade, que eriam o starus de pessoas de diteito, garantindo sua integridade. No entanto, esses direitos sao condigdes necessérias que apenas possiilitam 0 exet- cicio da autonomia politica; como condigoes possbilitadoras, cles rio podem circunserever a soberania do legislador, mesmo que estejam d sua disposigio. Condigées possbilitadoras nao impoem limitagies iquilo que constituern. principio do diseurso ea forma juridica de relages intera- tivas nao so suficientes, por si mestos, para a fundamentagao de ‘qualquer tipo de dirito. © prineipio do diseurso s6 pode assumir ‘figura de um principio da democracia, se estiver interligado com ‘omediun do direto, formando um sistema de ditetos que coloca ‘a autonomia pablica numa relagio de pressuposigio reeiproca. E, vice-versa, qualquer exercicio da autonomia politica significa, a0 mesmo tempo, uma interpretagao e configuragao desses direitos, em prineipio nio-saturados, através de um legislador histérico. Isso vale também para os direitos politicos fundamentais que entram nesse contexto, O principio segundo o qual todo o poder do Fstado emana do povo tem que ser especificado, conforme as circunstancias,na forma de liberdades de opiniao ede informagio, de liberdades de reunido e de associagio, de liberdades de fe, de conseiéncia ede confissio, de autarizagées para a paticipagio em cleigdes e votagies politica, para a participagio em partidos politicos ou movimentos civ, ete, Nos atos constituintes de uma Interpretagio juridica dasistema de direitos, os cidadsos faze um uso originario de uma autonomia politica que se constitu através de um modo performativo auto-referencial. Por isso, os parigrafos ws das eonstitigdeshistrieas referentes aos direitos fundamentais podem ser interpetadas como mods contextuas de lero mesmo sistema de direitos. [No entanto, tal sistema dos direitos no & dado preiminar- mente ao leislador consitcional como um direto natural. Esses direitos 56 chegam & conseincia numa determinada interpreta consitunte. Ao lem o sistema de direitos pelo ingulo de sua Sua, o cvs apenas expliiumo sentido do emprendimento 0 {ual cles jase dedesram, ao deciirem regulamentarleghimamente Sis conviveneia através Jodie. Tal empreendimento pressupse fpenas una compreensio initia do peneipio do discuro 0 ‘concitoda formajurdica,Porisso,odiseurso"do"sistemadedetos vis, quando muito, aquilo no qual as diferentes explicagoes da respectva autocomprecnso de uma tal prtica coincidem, Tambeém a “nossa” intedugioteérca in absiracto de direitos fundamentals revela-se ex post como um artifiio. Ninguém ¢ capaz de langar mio deumsistema de deta no singular, sem apoiar-se em nterpretages 5 elaboradas na histéria. "O" sistema dos direitos no existe rum tstado de puteza tanscendenta, Porén, ap mais de duzentos nos de desenvolvimento constiticional na Europe, tos varios medelos § disposi, eles pdm servi como introdugio a una reconstugio tgenertizadra da compreensio que acompanha necessariamente & ‘rica intersubjetiva de uma autoegislagso empreendida com os Ineies do deo pesitivo. O carter das novas eonsiuigdes, que freqjentementerefletem o suceso de revolugies poliicas sugee imagem enganador de uma “consatagio" de nonnas etic, sb- tridas 0 tempo eresistentes ds transformagoes historias. A prinazin tecnica ejariden da constiuig face is simples leis faz perce da sistematica des prineipios do Estado de direito; poem ela significa apenas una fixapao relatina do conteido das nora consttucionss. Como anda teremos ocasto de ver, oda corstituigio ¢ um projeto caja durable depend de a inierpretagio constitucionalcont- ‘made, desencadeada em todos os nivels da postvag do rc. 'Na medida em que o sistema de direitos assegura tanto a autonomia publica como a privada, ele operacionaliza a tensio ente facticiade © valdade, que descrevemas incialinente como tensio entre a positividade ¢ a lgtimidade do direito. Ambeas os ‘momentos unem-se, no eruzamenta reiproco entre forma do dircito principio do discus, inclusive na dupa face de Janus, due o dircito volv, de um lado, par sus destnatitio e, de out Jado, para seus autores. De um lado, o sistema dos direitos conduz Co arbitra dos interesses de suites singulares que se orienta pelo ‘svoess0 para os trilhos de lls cogentes, que foram compativeis iguais lberdades subjeivas de agio; de outro lado, ese sistem tobiliza e reine as liberdades comuniatvas de evis, presumi- ‘elmente orientados pelo bem comum, na pritica da legislagso. ‘Aqui imompe novarente a tensio entre faciidad e valida ox inelhor, ela se concentm ma cieustinca, peraoxal & primeira ‘sta, de que os disitos poitcosfandameniastém que insttucio- halzar o uso piblico das iberdades comunicavas na forma de direitos subjeivos,O cig do dteito no deixa outa escola; os direitos de conunicagio ede partcpagiotém que set formulados ‘numa linguagem que permite aos sijeitos autonemos do diteito tscolher se e como vio fazer us dele. Compete acs desinatiios ‘ecidir se eles, enquato autores, vo empeepar sua vorade live, se ‘ao pasar por uma mudanga de perspectivasque osfagasairdocitealo os proprio inerescese pasar para o enihidimento sobre normas -capazes de receber o assentimento geral, se vio ou ndo fazer um uso pblico de sua Hberdade comuricativa 'Nao conseguimos pereber esr diferenga, quando nes limi- tamos snisesemintca de direitos. Quando una pessoa tem um direto, ela tem uma pretensio correspondents axe pode fazé-la valer em relagioaoutras pessoas, Nese nivel analitcn¢ posivel fazer uma distingao entte direitos postivs e negativos, porém, con {ss0, ainda nio se atinge o elemento especifico da forma Jiridica™, Para se vislumbrar os aspectos da legelidade que nos Analisamas, apoiando-nos nos t6pieos Kanianos da liberdade de frbitrio, da relago extema © da autorizagio para a coergio, € preciso galgar o nivel pragmitico. Sab esses aspects € possivel Feconhecera referéneiaambigua qu os direitos subjetivos tm em 39 Sobre a anise semantica de concitosjuridios ef. KOCH, H. J Die uristische Methode i Staasrecht Prank a/M., 1977, 29s, 167 relagdo ao uso piblico das liberdades comunicativas:tais autori- zagies precisam também ser tomadas a face value isto, como a [permissio de liberdades de agio subjetivas. Ao contririo ds moral, © direito nio pode obrigar a um emprego comunicativo de direitos ssubjetivos, mesmo quando os direitos politicas dos cidadaos suge- ‘rem exatamente esse tipo de uso piibico. Entretanto, 0 fato dessa

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