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Peroeerie ecg Noe ere Ere itreties EE teksto inecetin ee eee Grae I Eu De ee Maurie eater ae ew UM ue SIUC Se ese} fe TSE uta CCP eee t ieee ee att LUPE Tee No eacC Kene cat Meat ee eee LES uC aC IE iron tie utee reas eae ° Luin Teton eel eae ele late ene fee Bans De oat ata seer Goi eC Ree erie ne ieee ea See ce at ec pre ee SOLU eae eet meets SEN aceon ee ree eer Piece een ovoads de USOT tiene tans eres terme eta in aie eet emer ees WTC SG Aer cert ene eR ENT cues Re sittin at eee ae eee CER ORES or etree NCR ti ace econ fo stse lene SOBRE O PAPEL DO TRABALHO NA TRANSFORMAGAO DO MACACO EM HOMEM* \e . O trabalho € a fonte de toda a riqueza, afirmam os econo- mistas. Assim é, com efeito, ao lado da natureza, encarregada de fornecer os materiais que ele converte em riqueza. O tra- balho, porém, € mu mo mais do que isso. 8 a condigao basica ¢ fundamental de toda a vida humana, E em tal grau que, até certo ponto, podemos afirmar que o trabalho criou o proprio homem. Ha muitas centenas de milhares de anos, numa época, ainda nao estabelecida em definitivo, daqucle perfodo do desenvolvimento da Terra que os gedlogos denominam tercidrio, provavelmente em fins desse perfodo, vivia em al- gum lugar da zona tropical — talvez em um extenso conti- Escrito por Engels em 1876. Publicado pela primeira vez em 1896 em Newe Zeit. Publica-se segundo a edigio soviética de 1952, de acordo com 0 manuscrito, em alemao. Traduzido do espanhol. Editado a partir de wow insrolux.orgitextos! nente hoje desaparecido nas profundezas do oceano indico — uma raga de macacos antropomorfos extraordinariamente desenvolvida. Darwin nos deu uma descrigio aproximada desses nosso Sram totalmente cobertos de antepassados, pélo, tinham barba, ore spon’ eudas, viviam nas érvores rmavam manadas 1 CONSE: ncia direta de seu géncro de vida, devide ao qual as mos, ao trepar, tinham que de- sempen fungdes distintas Ss, esses macacos fo- Fam se acostuman a prescindir de suas maos ao caminhar pelo chao © comegaram a adotar cada vex mais uma posigio ereta. | so decisivo para a transigo do macaco ao ho- mem. ‘odos os macacos antropomorfos que existem hoje po- lem permanecer em posi¢ao ereta ¢ caminhar apoiando-se unicamente sobre seus pés; mas o fazem s6 em casos de ex- ldo. Ca- almente em posigso semi-ereta, e sua marcha trema necessidade e, além disso, com enorme lent minham habi © uso das miios. A maioria desses macacos apéia os dedos no solo ¢, encolhendo as pernas, fazem avangar 0 cor Po por entre os seus largos bragos, como um paralitico que can ha com muletas. Em geral, podemos ainda hoje obser- var entre os macacos todas as formas de transiggo entre a marcha em quatro patas e a marcha em posig&o ereta. Mas para nenhum deles a posigao ereta vai além de um recurso osigio creta hav de ser para os nos: 08 assados primeira um norma ¢ logo uma ne- cessidade, dai se depreende que, naquele period inham de executar fungdes cada vez mais variadas. Mesmo entre os macacos jé existe certa divisio de fungdes entre os pés eas maos. Como assinalamos acima, enquanto trepavam, as maos eram utilizadas de mancira diferente que os pés. As dos. servem_fundamentalmente_para-recolher-e-sustentar—— 0s alimentos, como o fazem jé alguns mamiferos inferiores com suas patas dianteiras. Certos macacos recorrem as maos para construir ninhos nas drvores; e alguns, como o chimpan- as mos 26, chegam a construir telhados entre os ramos, para defen- der-se das incleméncias do tempo. A mao Ihes serve para empunhar um pedago de pau, com o qual se defendem de seus inimigos, ou para os bombardear com frutos € pedras. Quando se encontram prisioneiros, realizam com as maos varias operagoes que copiam dos homens. Mas aqui precisa- mente € que se percebe quanto é grande a distancia que separa a mao primitiva dos macacos, inclusive os antropdides mais superiores, da mao do homem, aperfeigoada pelo traba- Iho durante centenas de milhares de anos. O nimero ¢ a disposigao geral dos ossos e dos muisculos so os mesmos no macaco € no homem, mas a mo do selvagem mais primitivo € capaz de executar centenas de operagdes que néo podem ser realizadas pela mao de nenhum macaco. Nenhuma mio simiesca jamais construiu um machado de pedra, por mais tosco que fosse. Por isso, as fungdes, para as quais nossos antepassados foram adaptando pouco a pouco suas mios durante os mui- tos milhares de anos em que se prolongam o perfodo de transigao do macaco ao homem, sé puderam ser, a princ! pio, fungdes sumamente simples. Os selvagens mais pris tiv e aqueles nos quais se pode presumiro retorno um estado mais prximo da animalidade, 0 fisica simultanea, so muito superiores aqueles se- res do periodo de transigio, Antes de a primeira lasca de silex ter sido transformada em machado pela mao do ho- pm uma dege- ne mem, deve ter sido transcorrido um perfodo de tempo tio rg0 que, Em comparacao com ele, o periodo histérico por nds conhecido torna-se insignificante. Mas j4 havia sido dadi la vez. mais destreza ¢ habilidade; e essa maior flexi- adquirida transmitia-se por heranga e aumentava Vemos, pois, que a mao nao € apenas 0 érgao do traba- ho: é também produto dele. Unicamente pelo trabalho, pela dap tiria do aperfeigoamento especial assim adquirido pelos ¢ ligamentos e, num perfodo mi a novas ¢ novas fungdes, pela transmissio heredi- amplo, também pelos ossos; unicamente pela aplicagio sempre renovada dessas habilidades transmitidas a fungées novas e cada vez mais complexas foi que @ mao do homem atingiu esse grau de perfeigao que pade dar vida, como por artes de magia, aos quadros de Rafael, as estatuas de Thorwaldsen e a musica de Paganini. jas a mao nao era algo com existéncia propria ¢ inde- pendente. Era uni mente um membro de um organismo ntczro © sumamente complexo. Fo que beneficiava a mao beneficiava também todo 0 corpo servido por ela; € 0 benefi- ciava em dois aspectos. Primeiramence, em virtude da lei que Darwin chamou de correlagao do crescimento, Segundo essa lei, certas for- mas das diferentes partes dos seres organicos sempre estio lig: s formas de outras partes, que aparen- temente nao tém nenhuma relagio com as primeiras. Assim, todos os animais que possuem glébulos vermelhos sem nui- cleo € cujo occipital esté articulado com a primeira vértebra por m mamérias para a alimentagio de suas crias. Assim também, a Gngula fendida de alguns mamiferos esté ligada de modo geral & presenca de um estOmago multilocular adaptado a ruminagao. As modificagdes experimentadas por certas for- de dois cdndilos, possuem, sem excecao, glandulas mas provocam mudangas na forma de outras partes do orga- nismo, sem que estejamos em condigses de explicar tal conexio. Os gatos totalmente brancos ¢ de olhos azuis si0 sempre ou quase sempre surdos. O aperfeigoamento gradual da mio do homem e a adaptagio concomitante dos pés a0 andar em posigao ereta exerceram indubitavelmente, em virtude da referida correlaco, certa influéncia sobre outras partes do organismo. Contudo, essa aco se acha ainda tdo pouco estudada que aqui nao podemos senio assinald-la em termos gerais. Muito mais importante é a aco direta ~ possivel de ser demonstrada ~ exercida pelo desenvolvimento da mao so- bre 0 resto do organismo. Como ja dissemas, nossos antepas- sados simiescos eram animais que viviam em manadas; evidentemente, nao € possivel buscar a origem do homem, 0 mais social dos animais, em antepassados imediatos que nao vivessem congregados. Em face de cada novo progress, 0 dominio sobre a natureza, que tivera inicio com 0 desenvol- vimento da mao, com 0 trabalho, ia ampliando os horizontes do homem, levando-o a descobrir constantemente nos obje- tos novas propriedades até entdo desconhecidas. Por outro SOs do, o desenvolvimento do trabalho, ao multiplicar os de ajuda miitua ¢ de atividade conjunta, ¢ ao mostrar assim as vantagens dessa atividade conjunta para cada individuo, tinha de contribuir forgosamente para agrupar \da mais os membros da sociedade. Em resumo, os homens em forma- do chegaram a um ponto em que tiveram necessidade de dizer algo uns aos outros. A necessidade criou o érgao: a la- ringe pouco desenvolvida do macaco foi-se transformando, lenta mas firmemente, mediante modulagées que produziam por sua vez, modulagdes mais perfeitas, enquanto os érgdos da boca aprendiam pouco a pouco a pronunciar um som arti- culado apés outro. A comparacao com os animais mostra-nos que essa expli- cagao da origem da linguagem.a partir do trabalho pelo tra- balho é Unica acertada. O pouco que os animais, inclusive os mais desenvolvidos, tém que comunicar uns aos outros pode ser transmitido sem 0 concurso da palavra articulada. Nenhum animal em estado selvagem sente-se prejudicado por sua in- capacidade de falar ou de compreender a linguagem humana Mas a situagao muda por completo quando 0 animal foi do- mesticado pelo homem. O contato com 0 homem desenvol- veu no cdo € no cavalo um ouvido to sensivel a linguagem articulada que esses animais podem, dentro dos limites de suas representagdes, chegar a compreender qualquer idioma. Além disso, podem chegar a adquirir sentimentos antes des- conhecidos por eles, como o apego ao homem, o sentimento de gratidao etc, Quem conhega bem esses animais dificilmen- te poderd escapar & convicgdo de quic, em muitos casos, essa incapacidade de falar € experimentada agora por eles como um defeito. Desgragadamente, esse defeito nao tem remédio, pois os seus 6rgdos vocais se acham demasiado especializados em determinada diregdo. Contudo, quando existe um érgio apropriado, essa incapacidade pode ser superada dentro de mites. Os 6rgdos vocais das aves distinguem-se em forma radical dos do homem e, no entanto, as aves s40 0s tini cos animais que podem aprender a falar; ¢ 0 animal de voz mais repulsiva, 0 papagaio, € 0 que melhor fala. E nao importa que se nos objete dizendo-nos que o papagaio no sabe o que fala, Claro esté que por gosto apenas de falar e por sociabilida- de 0 papagaio pode estar horas e horas repetindo todo o seu vocabulério. Mas, dentro do marco de suas representagoes, pode chegar também a compreender o que diz. Ensinai a um papagaio dizer palavrdes (uma das discragdes favoritas dos ma- rinheiros que regressam das zonas quentes) ¢ vereis logo que Se 0 irtitardes ele fard uso desses palavrdes com a mesma cor regdo de qualquer verdureira de Berlim. E 0 mesmo ocorre com 0 pedido de gulodices. Primeiro 0 trabalho e, depois dele ¢ com cle, a palavra articulada, foram os dois estimulos principais sob cuja influén- 0 cérebro do macaco fi €m cérebro humano ~ que, apesar de coda sua semelhanga, supera-o consideravelmente em tamanho ¢ em perfeigio. a medida que se desenvalvia 0 cérebro, desenvol bém s m-Se tam- Ss instrumentos mais imediatos: os érgdos dos senti dos. Da mesma m aneira que o desenvolvimento gradual da linguagem esté necessariament panhado do correspon dente aperfeigoamento do érgao do ouvido, assim também o desenvolvimento geral do eérebro esta ligado a0 aperfeigoa- mento de todos os drgaos dos sencidos. A vista da éguia tem um aleance muito maior que a do homem, mas o olho huma- no percebe nas coisas muitos mais detalhes que o olho da ‘guia. O co tem um olfato muito mais fino que 0 do ho- mem, mas nao pode captar nem a centésim: Parte dos odo- res q servem ao homem como sinais pura distinguir coisas diversas. E 0 sentido do tato, que 0 macaco possui a duras Penas na forma mais tosca e primitiva, foi-se desenvolvendo unicamente com 0 desenvolvimento d mem, através do trabalho. prépria mao do ho- O desenvolvimento do cérebro ¢ dos sentidos a seu sere vigo, a crescente clareza de consciéncia, a capacidade de abs- tragiio ¢ de discernimento cada vex maiores, reagiram por sua vez sobre 0 trabalho ¢ a palavra, estimulando mais e mais © seu desenvolvimento. Quando o homem se separa defini tivamente do macaco, esse desenvolvimento nao cessa de modo algum, mas continua, em grau diverso ¢ em diferentes Sentidos entre os diferentes povos e as diferentes épocas, interrompido mesmo as vezes por retrocessos de carater lo- 20 1 on one cal ou temporario, mas avangando em seu conjunto a gran des passos, consideravelmente impulsionado e, por sua vez, orientado em um determinado sentido por um novo elemento que surge com o aparecimento do homem acabado: a soci dade. Foi necessdrio, seguramente, que transcorressem cente- nas de milhares de anos — que na histéria da Terra tm uma importancia menor que um segundo na vida de um homem ~ antes que a sociedade humana surgisse daquelas manadas de macacos que trepavam pelas érvores. Mas, afinal, surgiu. E que voltamos a encontrar como sinal distintivo entre a manada de macacos ¢ a sociedade humana? Outra vez, 0 tra- balho. A manada de macacos contentava-se em devorar os alimentos de uma drea que as condigdes geograficas ou a re- sisténcia das manadas vizinhas determinavam. Transporta- va-se de um lugar para outro travava lutas com outras manadas para conquistar novas zonas de al imentagao; mas era incapaz de extrair dessas zonas mais do que aquilo que a natureza generosamente Ihe oferecia, se excetuarmos a ago inconsciente da manada ao adubar o solo-com seus exerementos. Quando foram ocupadas todas as zonas capa- zes de proporcionar alimento, 0 crescimento da populacao simiesca tornou-se jé impossivel; no melhor dos casos, 0 nui- mero de seus animais mantinha-se no mesmo nivel Mas to- dos os animais so uns grandes dissipadores de alimentos; além disso, com freqliéncia, destroem em germe a nova ge- tagao de reservas alimenticias. Diferentemente do cacador, © lobo nao respeita a cabra montés que Ihe proporcionaria COLECKO TRABALHO & EMANCIPACKO | aa cabritos no ano seguinte; as cabras da Grécia, que devoram 0s jovens arbustos antes de poder desenvolver-se, deixaram nuas todas as montanhas do pais, Ess levada a efeito pelos animais exploracao rapace” desempenha’um grande papel das espécies, ao obrigd-las a se adap- mentos que nao sfio os hi is para elas, com 0 que i imica-_de-seu-sangue-e-se-modific do animal; as espécies jé plasmadas desaparecem, Nao ha diivida de que essa exploragdo rapac contrib toda a constitu em alto gratt para a humanizagao de nossos ante- passados, pois ampliou o ntimero de plantas ¢ as partes das plantas mentagio por aquela raga de macacos superava todas as demais em inteligéncia e em capaci- dade de adaptagao. Em uma palavra, a alimentagao, cada vez mais variada, oferecia ao organismo novas ¢ novas substanci: qu com 0 que foram criadas as condigdes quimicas para a trans- formagiio desses macacos em seres humanos. Mas tudo isso nao era trabalho no verdadciro sentido da palavra. O traba- Iho comega com a elaboragio de instrumentos. E que repre- sentam os instrumentos mais antigos, a julgar pelos restos que nos chegaram dos homens pré-histéricos, pelo género de vida dos povos mais antigos registrados pela Histéria, as sim como pelo dos selvagens atuais mais primitivos? Sao ins- trumentos de caga e de pesca, sendo os primeiros utilizados também como armas. Mas a caga e a pesca pressupdem a sagem da mentagao exclusivamente vegetal & alimen- tagio mista, 0 que significa um novo passo de suma impor- tncia na transformagao do macaco em homem. A alimentagao a2 | carnivora ofereceu a organismo, em forma quase acabada, os ingredientes mais essenciais para o seu metabolismo. Desse modo, abreviou 0 proceso da digestio € outros pro- cessos da vida vegetativa do organismo (isto é, os processos andlogos ao da vida dos vegetais), poupando, assim, tempo, materiais ¢ estimulos para que pudesse se manifestar ativa- mente a vida propriamente animal, E, quanto mais o homem em formagao se afastava do reino vegetal, m: sobre os anim: se clevava . Da mesma maneira que o hébito da a mentagao mista converteu o gato € 0 cao selvagens em servi- dores do homem, assim também o habito de combinar a carne com a alimentagio vegetal contribuiu poderosamente para dar forga fisica e independéncia ao homem em formacao. Mas onde mais se manifestou a influéncia da dieta de carne foi no cérebro, que recebeu im em quantidade muito maior do que antes as substancias necessdrias & sua alimentagao € desenvolvimento, com o que se foi tornando maior ¢ mais rapido 0 seu aperfeigoamento de geragio em geracdo. Deve- mos reconhecer ~ ¢ perdoem os senhores vegetarianos — que nao foi sem ajuda da alimentacao de carne que 0 homem chegou a ser homem; ¢ 0 fato de que, em uma ou outra época da histéria de todos os povos conhecidos, o emprego da carne na alimentacao tenha chegado ao canibalismo (ainda no sé- culo 10, os antepassados dos berlinenses, os veletabos € os viltses, devoravam os seus progenitores) é uma questo que nao tem hoje para nés a menor importancia. © consumo de carne na imentagao significou dois no- vos avangos de importancia decisiva: 0 uso do fogo ¢ a COLECAO TRABALHO & EMANCIPAGAO | 23 domesticagao do animais. O primeiro reduziu ainda mais 0 processo da digestio, jé que permitia levar a comida & boca, como se disséssemos, meio digerida; 0 segundo multiplicou as reservas de carne, pois agora, ao lado da caga, proporcio hava uma nova fonte para obté-la em forma mais regular, A domesticagiio de animais também proporcionou, com 0 leite mesmo valor que a carne quanto & composigiio, Assim, esses dois pontos converteram-se diretamente para o homem em novos meios de emancipagao. Nao podemos deter-nos aqui em examinar minuciosamente suas conseqiiéncias. O homem, que havia aprendido a comer tudo 0 que era aprendeu também, da mesma maneira, a viver Iquer clima, Estendeu-s tavel da Terra, sendo 0 tnico animal capaz de fazé-lo por iniciativa propria, Os demais animais que se adaptaram a to- dos 08 climas — 08 animais domésticos e os insetos parasitas — nao 0 conseguiram por si, mas unicamente acompanhando o homem. E a passagem do clima uniformemente célido da patria original para zonas mais frias, onde o ano se dividia em verdo ¢ inverno, criou novas exigéncias, ao obrigar o homem. a procurar habitagao € a cobrir seu corpo para se proteger do frio e da umidade. Surgiram assim novas esferas de trabalho cc com clas novas atividades, que afastaram ainda ma 0 ho- mem dos animais. Gracas & cooperacao da mio, dos érgios da linguagem e iduo, mas também na socie- 24 | pravericn n0 TRABALHO ados, . que era pelomenos do-| Se ceram, finalmente, as artes © as ciéncias; das vez mais complexas, a se propor e alcangar objetivos cada vex mais elevados. O trabalho mesmo se diversificava e aper- feigoava de geragio em gerago, estendendo-se cada vez a novas atividades. A caga A pesca veio juntar-se a agricultura €, mais tarde, a fiagdo ¢ a tecelagem, a claboragao de metais, # olaria € a navegagao, Ao lado do comércio ¢ dos oficios apa- os safram as nagdes ¢ os Estados. Apareceram o di 10 € a politica e, com eles, 0 reflexo fantastico das coisas no cérebro do ho- mem: a religiao. Frente a todas essas criagdes, que se mani- festavam em primeiro lugar como produtos do cérebro ¢ pareciam dominar as sociedades humanas, as produgdes mais modestas, fruto do trabalho da mio, ficaram relegadas a se- gundo plano, tanto mais quanto numa fase muito recuada do desenvolvimento da sociedade (por exemplo, j4 na familia primitiva), 2 cabega que planejava o trabalho jé era capaz de obrigar maos alheias a realizar 0 trabalho projetado por cla. O rapido progresso da civilizagao foi atribuido exclusiva mente a cabega, ao desenvolvimento e a atividade do cére- bro. Os homens acostumaram-se a explicar seus atos pelos seus pensamentos, em lugar de procurar essa explicagiio em suas necessidades (refletidas, naturalmente, na cabeca do homem, que assim adquire consciéncia delas). Foi assim que, com 0 transcurso do tempo, surgiu essa concepgao idea- lista do mundo que dominou o cérebro dos homens, sobre- tudo a partir do desaparecimento do mundo antigo, ¢ continua ainda a dominé-lo, a tal ponto que mesmo os na- turalistas da escola darwiniana mais chegados ao materia- COLECAO TRABALHO © EMANCIPAGAD | 25 \ da origem do homem, poi mo sio ainda incapazes de formar uma idéia clara acerca essa mesma influéncia idealista Ihes impede de ver o papel desempenhado aqui pelo tra- balho Os animais, como j4 indicamos de passagem, também modifica com va atividade a natureza exterior, embora nao —-no-mesmo-grat-que-o-homem; ¢ essas modificagoes provocadas por cles no meio ambiente repercutem, como vimos, em causadores, modificando-os por sua vez. Nada ocorre na natureza em forma isolada. Cada fendmeno afeta outro, € € por seu turno influenciado por este; e € em geral 0 esquecimento desse movimento e dessa interago universal © que impede a nossos naturalistas perceber com clareza as coisas mais simples. Jé vimos como as cabras impediram 0 reflorestamento dos bosques na Grécia; em Santa Helena, as cabras © os porcos desembarcados pelos primeiros navegantes chegados a ilha exterminaram quase por completo a vegeta- 620 ali existente, com 0 que prepararam o terreno para que pudessem multiplicar-se as plantas levadas mais tarde por outros navegantes © colonizadores. Mas a influéncia dura- doura dos animais sobre a natureza que os rodeia é inteira- mente involuntaria e constitui, no que se refere aos anim: uum fato acidental, Mas, quanto mais os homens se afastam dos an mais sua influéncia sobre a natureza adquire um caréter de uma agéo intencional ¢ planejada, cujo fim é aleangar objetivos projetados de antemio. Os animais des- trogam a vegetagio do lugar sem se dar conta do que fazem. Os homens, em troca, quando destroem a vegetagao 0 fazem 26 a IALETICA DO TRARALHO com o fim de utili ar a superficie que fica trigo, plantar drvores ou cultivar a videira, conscientes de que re para semear acolheita que iro obter superard varias vezes 0 semeado por eles. O homem traslada de um pais para outro plantas uiteis ¢ animais domésticos, modificando assim a flora e a fauna de continentes inteiros. Mais ainda: as plantas e os animais, cul- adas aquelas e criados estes em condigées artificiais, so- frem tal influéncia da mao do homem que se tornam itreconheciveis. No foram até hoje encontrados os antepas- sados silvestres de nossos cultivos de cereais. Ainda nao foi resolvida a questo de saber qual o animal que deu origem 40s nossos cies atuais, tio diferentes uns de outros, ou as atuais ragas de cavalds, também tio numerosos. Ademais, compreende-se de logo que nao temos a intengao de negar 20s animais a faculdade de atuar em forma planificada, de um modo premeditado. Ao contrério, a aco planificada exis- te em germe onde quer que o protoplasma—a albumina viva ~ exista € reaja, isto €, realize determinados movimentos, embora sejam os mais simples, em resposta a determinados estimulos do exterior. Essa reacdo s¢ produz, nao digamos jé na célula nervosa, mas inclusive quando ainda nao hé célula de nenhuma espécie. O ato pelo qual as plantas insetivoras se apoderam de sua presa aparece também, até certo ponto, como um ato planejado, embora se realize de um modo to- talmente inconsciente. A possibilidade de realizar atos cons- cientes © premeditados desenvolve-se nos animais em correspondén com 0 desenvolvimento do sistema nervo- so € adquire jé nos mamiferos um nivel bastante elevado. COLECKO TRABALHO £ EMANCIPACAO | a7 Hed Durante as cagadas organizadas na Inglaterra, pode-se ob- dade com que a raposa utiliza seu servar sempre a infa perfeito conhecimento do lugar para se ocultar de seus per seguidores, € como conhece € sabe aproveitar muito bem todas as vantagens do terreno para despisté-los, Entre nos- sos animais domésticos, que chegaram a um grau mais alto ‘onvivéncia como homem, podem ser observados diariamente atos de asticia, , do mesmo modo que 0 cquiparaveis aos das criangas, p desenvolvimento do embriio humano no ventre materno é ma réplica abreviada de toda a hist6ria do desenvolvimen- to fisico seguido através de milhdes de anos pelos nossos antepassados do reino animal, a partir do estado larval, assim também o desenvolvimento espiritual da crianga representa a, ainda mais abreviada, do desenvolvimento in- uma rép telectual desses mesmos antepassados, pelo menos dos mais préximos. Mas nem um s6 ato planificado de nenhum an mal pide imprimir na natureza o selo de sua vontade. S60 homem pdde fazé-lo. Resumindo: s6 0 que podem fazer os animais é utilizar a natureza ¢ modificd-la pelo mero fato de sua presenga nela. O homem, ao contririo, modifica a natureza ¢ a obriga a ser vir-lhe, domina-a. E af esta, em iiltima andlise, a diferenga ssencial entre o homem e€ os demais animais, diferenca que, mais uma vez, resulta do trabalho, Contudo, nao nos deixemos dominar pelo entusiasmo em face de nossas vitérias sobre a natureza. Apés cada uma des- sas vitsrias, a natureza adota sua vinganga. E verdade que as a ot on E1ICA DO TRABALHO primeiras consequiéncias dessas vitérias sao as previstas por és, mas em segundo ¢ em terceiro lugar aparecem conse- qlléncias muito diversas, totalmente imprevistas que, com freqUéncia, anulam as primeiras. Os homens que, na Mesopotamia, na Grécia, na Asia Menor ¢ outras regides, devastavam os bosques para obter terra para cultivo sequer podiam imaginar que, eliminando com os bosques os cen- tros de acumulagio ¢ reserva de umidade, estavam assen- tando as bases da atual aridez dessas terras, Os italianos dos Alpes, que destrufram nas encostas meridionais os bosques de pinheiros, conservados com tanto carinho nas encostas setentrionais, nao tinham idéia de que com isso destrufam as ralzes da indiistria de laticinios em sua regido; e muito me- nos podiam prever que, procedendo desse modo, deixavam @ maior parte do ano secas as suas fontes de montanha, com © que Ihes permitiam, chegado o periodo das chuvas, despe- jar com maior fiiria suas torrentes sobre a planicie. Os que difundiram 0 cultivo da batata na Europa nao sabiam que com esse tubérculo farindceo, difundiam por sua vez a escrofulose (tuberculose linfatica). Assim, a cada passo, os fatos recordam que nosso dominio sobre a natureza nfo se Parece em nada com 0 dominio de um conquistador sobre 0 Povo conquistado, que nao ¢ 0 dominio de alguém situado fora da natureza, mas que nés, por nossa carne, nosso sangue € nosso cérebro, pertencemos 8 natureza, encontramo-nos em seu seio, € todo 0 nosso dominio sobre ela consiste em que, diferentemente dos demais seres, somos capazes de conhecer suas leis ¢ aplicé-las de mancira adequada. COLEGAO TRABALHO © EMANCIPACAO | ag Com efeito, aprendemos cada dia a compreender melhor as Ieis da nacureza ¢ a conhecer tanto os efeitos imediatos quanto as conseqléncias remotas de nossa intromissio no curso natural de seu desenvolvimento, Sobretudo depois dos Brandes progressos alcangados neste século pelas ciéncias naturais, estamos em condigdes de prever e, portanto, de ———controlar-eada-vez- melhor as remoras consequéncias natu- rais de nossos atos na produgao, pelo menos dos mais corren- tes. E quanto mais isso seja uma realidade, mais os homens sentirao ¢ compreenderio sua unidade com a natureza, e mais inconcebivel seré essa idéia absurda ¢ antinatural da antitese entre 0 espirito ¢ matéria, o homem e a natureza, a almae © corpo, idéia que comega a se difundir pela Europa sobre a base da decadéncia da Antigiidade classica e que adquire seu maximo desenvolvimento no cristianismo. Mas, se foram necessérios milhares de anos para que o homem aprendesse, em certo grau, a prever as remotas con- seqUncias naturais no sentido da produgao, muito mais Ihe custou aprender a calcular as remotas consequéncias sociais desses mesmos atos. Falamos acima da batata e de seus efei- tos quanto a difusdo da escrofulose, Mas que importancia Pode ter a escrofulose comparada com os resultados que teve 2 redugio da alimentagao dos trabalhadores a batatas pura- mente sobre as condigécs de vida das massas do povo de Pafses inteiros, com a fome que se estendeu em 1847 pela Irlanda em consequéncia de uma doenga provocada por esse tubérculo € que levou a sepultura um milhdo de irlandeses que se alimentavam exclusivamente, ou quase exclusiva- 30 a mente de batatas ¢ obrigou a que emigrassem para além- mar outros dois milhdes? Quando os arabes aprenderam a destilar 0 alcool, sequer ocorreu-Ihes pensar que haviam cria- do uma das principais armas com que seria exterminada a populagio indigena do continente americano, entao ainda desconhecido, E quando mais tarde Colombo descobriu a méri¢a no sabia que, ao mesmo tempo, dava nova vida 4 escravidio, h4 muito tempo desaparecida na Europa, ¢ as- sentado as bases do tréfico dos negros. Os homens que nos séculos 17 ¢ 18 haviam trabalhado para criar a maquina a vapor nao suspcitavam de que estavam criando um instru- mento que, mais do que nenhum outro, haveria de subver- ter as condigées sociais em todo o mundo € que, sobretudo na Europa, ao concentrar a riqueza nas mos de uma minoria © ao privar de toda a propriedade a imensa maioria da popu- ago, haveria de proporcionar primeiro 0 dominio social ¢ politico a burguesia e depois provocar a luta de classes entre a burguesia ¢ o proletariado, luta que s6 pode terminar com a liquidagao da burguesia ¢ a abolicao de todos os antagonis- mos de classe. Mas também aqui, aproveitando uma expe- ampla, ¢ as vezes cruel, confrontando € analisando os materiais proporcionados pela Histéria, vamos aprendendo Pouco a pouco a conhecer as consequéncias sociais indiretas € mais remotas de nossos atos na produgo, o que nos permite estender também a essas consequéncias 0 nosso dominio e 0 nosso controle, Contudo, para levar a termo esse controle € necessério algo mais do que o simples conhecimento. E necesséria uma COLEGAO TRABALHO E EMaNciPAcho | 3a transforme por completo o modo de produgio existente até hoje e, com ele, a ordem social vigente. ‘Todos os modos de produgao que exi am até 0 presen- do trabalho em sua forma mais te s6 procuravam o efeito ireta imediata, Nao faziam 0 menor caso das conseqiién- cias remotas, que s6 surgem mais tarde © cujos efeitos se segundo plano, aparecendo como Unico incentivo o lucro obtido na venda A ciéncia social da burguesia, a economia politica classica, manifestam unicamente gragas a um processo de repetigao € mi agao gradual, A primitiva propriedade comunal da terra correspondia, por um lado, a um estadio de desenvolvi- mento dos homens no qual seu horizonte era limitado, em geral mediatas, € pressupunha, por outro lado, certo excedente de terras livres, que oferecia determinada margem para neutralizar os possiveis resultados adversos dessa economia primitiva. Ao se esgotar o excedente de ter- ras livres, comegou a decadéncia da propriedade comunal ‘Todas as formas mais elevadas de produgao que vieram de- pois conduziram a di si da populago em classes diferen- tes ¢, portanto, no antagonismo entre as classes dominantes ¢ as classes oprimidas. Em conseqiiéncia, os interesses das classes dominantes converteram-se no elemento propulsor da produgao, enquanto esta nao se limitava a manter, bem ou mal, a misera existéncia dos oprimidos. Isso encontra sua expresso mais acabada no modo de produgio capitalista, que ce hoje na Europa ocidental. Os capitalistas indivi- que dominam a produgao € a troca, 6 podem se ocu- jade mais imediata de seus atos. Mais ainda: tilidade — porquanto se trata da utilidade da mercadoria prod ida ou trocada — passa inteiramente a0 ‘86 se ocupa preferentemente daquelas consequéncias sociais que constituem o objetivo imediato dos atos'realizados pelos homens na produgio ¢ na troca. Isso corresponde plenamente a0 regime social cuja expresso teérica € essa ciéncia. Porquanto 0s capitalistas isolados produzem ou trocam com 0 tinico fim de obter lucros imediatos, s6 podem ser levados em conta, primeiramente, os resultados mais préximos e mais imedia- tos. Quando um industrial ou um comerciante vende a merca- doria produzida ou comprada por ele ¢ obsém o lucro habitual, da-se por satisfeito ¢ nao lhe interessa de maneira alguma o ‘que possa ocorrer depois com essa mercadoria e seu compra- dor. O mesmo se verifica com as conseqtiéncias naturais des- sas mesmas agdes, Quando, em Cuba, os plantadores espanhéis queimavam os bosques nas encostas das montanhas para ob- ter com a cinza um adubo que s6 Ihes permitia fertilizar uma geragao de cafeeiros de alto rendimento pouco Ihes importava que as chuvas torrenciais dos trépicos varressem a camada vegetal do solo, privada da protegao das arvores, € nao deixas- sem depois de si sendo rochas desnudas! Com 0 atual modo de produgio, ¢ no que se refere tanto as conseqiiéncias natu- rais quanto as conseqiiéncia sociais dos atos realizados pelos homens, o que interessa prioritariamente so apenas os pri- COLEGAO TRABALHO © EMANcIPAGAO | 33, meiros resultados, os mais palpaveis. E logo até se manifesta estranheza pelo fato de as conseqiléncias remotas das agdes c Perseguiam esses fins serem muito diferentes ¢, na maio- ria dos casos, até diamecralmente opostas; de @ harmonia en- ue a oferta © a procura converter-se em seu antipoda, como nos demonstra o curso de cada um desses ciclos industriais de dez anos, ¢ como puderam convencer-se disso os que com 0 crack viveram na Alemanha um pequeno prelidio; de a pro- priedade privada baseada no trabalho préprio se converter ne- cessariamente, ao desenvolver-se, na auséncia de posse de toda a propriedade pelos trabalhadores, enquanto toda a riqueza se concentra mais ¢ mais nas maos dos que nao trabalham; de (1 3a A OIALETICA DO TRABALHO Meiros resultados, os mais palpaveis. E logo até se manifesta estranheza pelo fato de as conseqiiéncias remotas das agdes que perseguiam esses fins serem muito diferentes e, na maio- ti dos casos, até diametralmente opostas; de a harmonia en- tre a oferta © a procura converter-se em seu antipoda, como nos demonstra o curso de cada um desses ciclos industriais de dex anos,-e-como-puderanr-convencerse disso-os que como | crack viveram na Alemanha um pequeno prehidio; de a pro- priedade privada baseada no trabalho préprio se converter ne- cessariamente, ao desenvolver-se, na auséncia de posse de toda 4 propriedade pelos trabalhadores, enquanto toda a riqueza se concentra mais ¢ mais nas m&os dos que nao trabalham; de 34 | A biacerica 00 reagan PROCESSO DE TRABALHO E PROCESSO DE VALORIZAGAO! 22 Ryrrmorsioe - Soy . O PROCESSO DE TRABALHO A utilizagao da forga de trabalho € o proprio trabalho. O comprador da forga de trabalho a consome ao fazer trabalhar 0 vendedor dela. O ultimo torna-se, desse modo, ‘actu’ [de fato}, forga de trabalho realmente ativa, 0 que antes era apenas potentia [em potencial]. Para representar seu trabalho em mer- cadorias, ele tem de representé-lo, sobretudo, em valores de uso, em coisas que sirvam para satisfazer a necessidades de alguma espécie. E, portanto, um valor de uso particular, um artigo determinado, que o capitalista faz, o trabalhador produ- zir. A produgao de valores de uso ou bens nfo muda sua natu- teza geral por se realizar para o capi Por isso, o processo de trabalho deve ser considerado de inicio independentemente de qualquer forma social determinada. ista e sob scu controle. eee "Marx, Karl. Capital ~ Critica da Economia Politica, vol Pp. 149-163. Editora Abril, 1983, ro primeira, Antes de tudo, 0 trabalho € um processo entre 0 homem ca natureza, um processo em que o homem, por sua prépria agio, media, regula ¢ controla seu metabolismo com a natu- reza, Ele mesmo se defronta com a matéria natural como uma fora natural. Ele poe em movimento as forgas naturais pertencentes a sua corporalidade, bragos ¢ pernas, cabeca ¢ que ele sabe que determina, como lei, a espécie € 0 modo de sua atividade e ao qual tem de subordinar sua vontade. E essa subordina¢ao nao € um ato isolado. Além do esforgo dos 6rgios que trabalham, é exigida a vontade orientada a um fim, que se manifesta como atengio durante todo o tempo de trabalho, e isso tanto mais quanto menos esse trabalho, mao fim de apropriar-se da matéria natural numa forma para sua propri vida. Ao atuar, por meio dese movi- icé-la, ele a0 mesmo tempo, sua prépria natureza. Ele de- senvolve as poténcias nela adormecidas ¢ sujeita o jogo de forgas a seu proprio dominio. Nao se trata aqui das pri- meiras formas instintivas, animais, de trabalho, O estado [si- tuagao] em que o trabalhador se apresenta no mercado como vendedor de sua propria forga de trabalho deixou para o fun- mento, sobre a natureza externa a ele € ao mo modifica do dos tempos primitivos o estado [situagao] em que o traba- Iho humano nao se desfez ainda de sua prim a forma instintiva, Pressupomos o trabalho numa forma em que per tence exclusivamente ao homem. Uma aranha executa ope- rages semelhantes as do tecelao, e a abelha envergonha mais de um arquiteto humano com a construgio dos favos de suas colméias, Mas o que dis da melhor abelha é que ele construiu o favo em sua cabega, antes de construf-lo em cera, No fim do processo de trabalho obtém-se um resultado que jé no inicio deste existiu na ima- gue, de antemio, o pior arquiteto ginagao do trabalhador, ¢ portanto idealmente, Ele néo ape- nas efetua uma transformagao da forma da matéria natural; realiza, ao mesmo tempo, na matéria natural seu objetivo, 36 A DIALETICR DO TRABALHO pelo préprio contetido e pela espécie e modo de sua execu- do, atrai o trabalhador, portanto, quanto menos ele 0 apro- veita, como jogo de suas préprias forcas fisicas e espirituais. Os elementos simples do processo de trabalho sio a ati vidade orientada a um fim ou o trabalho mesmo, seu objeto € seus meios. A terra (que do ponto de vista econémico inclui também a 4gua), como fonte original de viveres e meios jé prontos de sub- sisténcia para o homem,? € encontrada sem contribuigao dele, como objeto geral do trabalho humano. ‘Todas as coisas, que 0 trabalho s6 desprende de sua conexo direta com 0 conjunto da terra, s&0 objetos de trabalho preexistentes por natureza. Assim, © peixe que se pesca ao separé-lo de seu elemento de vida, a Agua, a madeira que se abate na floresta virgem, 0 minério que é arrancado de seu filo. Se, ao contrério, o préprio objeto de tra- balho ja €, por assim dizer, filtrado por meio de trabalho ante- rior, denominamo-lo matéria-prima. Por exemplo, 0 minério jé + “Os produtos naturais da terra, existentes em pequenas quantidades e totalmente idependentes do homem, parecem ser dados pela Natureza do mesmo modo {Que se dé a um jovem uma pequena soma para que possa trabalhar e fazer sua fortuna.” (STEUART, James. Principles of Polit. Econ, Edit, Dublin, 1770, v. 1p. H6. COLEGKO TRABALHO © EMANCIPACAO | 37 arrancado que agora vai ser lavado. ‘Toda matéria-prima é de trabalho, mas nem todo objeto de trabalho € matéria-prima. O objeto de trabalho apenas € matéria-prima depois de j4 ter experimentado uma modificagdo mediada por trabalho. © meio de trabalho é uma coisa ou um complexo de coi- eo trabal sas jor coloca entre si mesmo € 0 objeto d trabalho € que Ihe serve como condutor de sua atividade so- iza as propriedades mecanicas, fisi as para fazé-las atuar como meios de poder sobre outras coisas, conforme o seu objetivo. O obje- to do qual 0 trabalhador se apodera diretamente — abstrain- do a coleta de meios prontos de subsisténcia, frutas, por exemp bre esse objeto. Ele u cas, quimicas das c em que somente seus préprios drgaos corporais servem de meios de trabalho — nao é objeto de trabalho, mas © meio de trabalho. Assim, mesmo o natural torna-se 6rgao de sua atividade, um érgio que ele acrescenta a seus préprios 6rgaos corporais, prolongando sua figura natural, apesar da Biblia. Do mesmo modo como a terra € sua despensa origi- nal, é ela seu arsenal original de meios de trabalho. Fornece- he, por exemplo, a pedra que ele lana, com que raspa, Prensa, corta etc. A prépria terra é um meio de trabalho, mas Pressupée, para servir como meio de trabalho na agricultura, uma série de outros meios de trabalho ¢ um nivel de desen- ‘A raz € (Go ardilosa como poderosa, O a |, a0 fazer os objetos atuarem uns sobre os outros e desgastarem-se mente, segundo sua propria natureza, sem se inserir direiamente nesse 3B fk orantricn 00 TRA volvimento relativamente alto da forga de trabalho.! Tao logo © processo de trabalho esteja em alguma medida desenvol- vido de todo necesita ele de meios de trabalho jé trabalha- dos. Nas cavernas humanas mais antigas encontramos nstrumentos de pedra armas de pedra. Ao lado de pedra, madcira, 0ss0 ¢ conchas trabalhados, 0 animal domesticado ©, portanto, jd modificado por trabalho, desempenha no ini- cio da histéria humana o papel principal como meio de tra- balho.' O uso e a criagéo de meios de trabalho, embora existam em germe em certas espécies de animais, caracteri- zam 0 processo de trabalho especificamente humano e Franklin define, por isso, o homem como a toolmaking ani- mal, um animal que faz ferramentas. A mesma importancia que a estrutura de ossos fésseis tem para o conhecimento da organizagao de espécies de animais desaparecidas, os restos dos meios de trabalho tém para a apreciagao de formagdes socioecondmicas desaparecidas. Nao € o que se faz, mas como, com que meios de trabalho se faz, € 0 que distingue as épocas econdmicas.* Os meios de trabalho nao sio s6 medidores do grau de desenvolvimento da forga de trabalho humana, mas também indicadores das condigées sociais nas quais se traba- “~ Ganilh, em seu escrito, de resto miserdvel, Théorie de l'Econ. Polit., Paris, 1815, confronta acertadamente os fisiocratas com a larga série de processos ue constituem o pressuposto da prépria agricultura, Em Réflexions sur la Formation el la Distribution des Richersses (1766) Turgot desenvolve bem a importincia do animal domesticado para os infcios da cultura, As préprias mercadorias de luxo so, de todas as mercadorias, as menos significativas para a comparacZo tecnol6gica de diversas épocas de produgio. SOLEGAO TRABALHO € EMaNciPAcko | 39 intre os meios de trabalho mesmos, os meios mecanicos alho, cujo conjunto pode-se chamar de sistema dsseo € da produgao, oferecem marcas caracteristicas muito de uma época social de produgio do que aque- s de trabalho que apenas servem de recipientes do objeto de trabalho e cujo conjunto pode-se designar, generali- do objeto de trabalho, pretendida desde o principio. O pro- cesso extingue-se no produto. Seu produto € um valor de uso; uma matéria natural adaptada as necessidades humanas mediante transformacao da forma. O trabalho se uniu com seu objetivo. O trabalho esté objetivado e 0 objeto trabalha- do. O que do lado do trabaliador aparecia na forma de mobi zando, de sistema vascular da produgdo, como, por exemplo, tubos, barris, cestas, cAntaros ete, Eles 86 comegam a desem- penhar papel significativo na fabricagao quimica.? Além das coisas que mediam a atuagio do trabalho sobre seu objeto ¢, por isso, servem, de um modo ou de outro, de con- dutor da atividade, 0 processo de trabalho conta, em sentido lato, entre seus meios com todas as condigdes objetivas que sio exigidas para que o processo se realize. Estas nao entram direta- mente nele, mas sem elas ele nao pode decorrer ao todo ou 6 deficientemente. O meio universal de trabalho desse tipo éa prépria terra, pois cla dé ao trabalhador o Jocus stand [lugar para ficar], ¢ ao processo dele 0 campo de ago (field of employment). Mcios de trabalho desse tipo, jé mediados pelo trabalho, so por exemplo edificios de trabalho, canais, estradas etc, No processo de trabalho a atividade do homem efetua, portanto, med inte o meio de trabalho, uma transformagio 2 edigfio. Por pouco que a historiografia até agora conhega o desenvolvimento da produgao material, a base, portanto, de toda vida social ¢ por isso de toda verdadeira Mistéris, pelo menos dividiu-se 0 tempo pré- hhistérico com base em pesquisas das ciéncias naturais e no das chamadas hhistoricas, em idade da peara, do bronze e do ferro, segundo o material das ferramentas e das armas, 40 A DIALETICA D0 TRABALHO idade aparece agora como propriedade imével na forma do ser, do lado do produto. Ele fiou e o produto € um fio. Considerando-se 0 proceso inteiro do ponto de vista de seu resultado, do produto, aparecem ambos, meio € objeto de trabalho, como meios de produsio,* ¢ o trabalho mesmo como trabalho produtivo.” Quando um valor de uso sai do processo de trabalho como produto, outros valores de uso, produtos de processos anterio- res de trabalho, entram nele como meios de produgéo. O mes- mo valor de uso constitui 0 produto desse trabalho, ¢ 0 meio de produgio daquele. Produtos so, por isso, no s6 resulta- dos, mas 20 mesmo tempo condigdes do processo de trabalho. Exceto as indtistrias extrativas, cujo objeto de trabalho é preexistente por natureza, como mineragao, caga, pesca etc. (a agricultura s6 no caso em que se desbravam terras virgens), todos os ramos industriais processam um objeto que € maté- Parece um paradoxo, por exemplo, consideraro peixe que ainda néo foi pescedo meio de produgio da pesca, Mas até agora nfo se inventou a arte de pescar em Aguas onde no haja peixes. Essa determinagdo de trabalho produtivo, tal como resulta do ponto de vista do processo simples de trabalho, no basta, de modo algum, para 0 processo de produgio capitalista, COLEGAO TRABALHO F EMANC acho | ak ria-prima, ‘0 & um objeto de trabalho jé filtrado pelo traba- ho, ele mesmo ja produto de trabalho. Assim, por exemplo, a semente na agricultura, Animais ¢ plantas, que se costumam considerar produtos da natureza, no sio apenas produtos tal- vex do trabalho do ano passado, mas, em suas formas atuais, Produtos de uma transformagao continuada por muitas pera- ~¢essob-controle- humano€ mediada por trabalho humano. Quanto aos meios de trabalho, particularmente, a grande maio- ria deles mostra até ao olhar mais superficial os vestigios de trabalho anterior. 4 matéria-prima pode constituir a substancia principal de uum produto ou sé entrar em sua formagao como matéria auxi liar. A matéria auxiliar € consumida pelo meio de trabalho, como carvao pela maquina a vapor, éleo pela roda, feno pelo J} de tiro, ou 6 acrescentada A matéria-prima para modificé- materialmente, como cloro ao linho nfo branqueado, carvio ao ferro, tinta a 13, ou apéia a execugo do préprio trabalho, como, por exemplo, as matérias usadas para iluminar e aque- cero local de trabalho. A diferenga entre matéria principal e matéria auxiliar se confunde na fabricagdo propriamente q| mica, porque nenhuma das matérias-primas aplicadas reapa- rece como substancia de produto." Storch distingue enite « prépria matéiaprime, maridve eas matérias auxiliaes, ‘materiaus. (STORCH, Hersi. Cours d" Economie Politque, ou Exposition dés Principes qui Déterminen la Prospéritédés Nations. 1, Sto Ptersburgo, 1815, P. 228.) Cherbuliez denomina as matérias auxiliares de matidres instrumentales, CHERBULIBZ, A. Richesse ou Pawreé. Exposition dés causes et dés Effets de {4a Disiribuition Actualte és Richesses Sociales, Paris, 1841. p. 14) 42 | A bratericn Do raapa: Como cada coisa possui muitas propriedades e, por isso, & capaz de diversas aplicagdes dtcis, 0 mesmo produto pode constituir a matéria-prima de processus de trabalho muito diferentes. Grio, por exemplo, € matéria-prima do moleiro, do fabricante de amido, do destilador, do criador de gado etc. Toma-se matéria-prima de sua propria produgao, como semente. Assim, 0 carvao provém, como produto, da indis- tria de mineragao, ¢ entra nela como meio de produgao. O mesmo produto pode no mesmo processo de trabalho servir de meio de trabalho ¢ de matéria-prima, Na engorda do gado, por exemplo, o gado, a matéria-prima trabalhada, € 20 mesmo tempo meio de obtengio de estrume. Um produto que existe numa forma pronta para o consu- mo pode tornar-se, de novo, matéria-prima de outro produ to, como a uva torna-se matéria-prima do vinho. Quo trabalho despacha seu produto em formas em que s6 pode ser usado, de novo, como matéria-prima. Matéria-prima nessa condi- G40 se chama produto semi-elaborado e seria mais bem de- nominada produto intermediario, como, por exemplo, algodio, linho, fio etc. Embora mesmo ja sendo produto, a mat€ria-prima original pode ter que percorrer todo um esca- ldo de processos diferentes, nos quais funciona sempre de novo, em forma cada vez mais alterada, como matéria-prima, até 0 ultimo processo de trabalho que a expele como meio acabado de subsisténcia ou meio acabado de trabalho. ‘Vejamos: 0 fato de um valor de uso aparecer como maté- ia-prima, meio de trabalho ou produto, depende totalmente de sua funcao determinada no processo de trabalho, da posi COLeCAD TRABALHO & EMANCIPAGAO =| 43, @o que nele ocupa, com 2 mudanga dessa posigao variam determinagées. Ao entrar em novos processos de trabalho como meios de produgio, os produtos perdem, por isso, o cardter de produ- to, Eles s6 funcionam agora como fatores objetivos do traba- Iho vivo. O tecelao trata o fuso apenas como o meio com 0 ess madas a exercer as fungdes de sua concepgio € vocacao, € verdade que serio também consumidas, porém de um modo orientado a um fim, como elementos constitutivos de novos valores de uso, de novos produtos, aptos a incorporar-se 20 consumo individual como meios de subsisténcia ou a um novo processo de trabalho como meios de produgio. ——qual-fia-e-o-tinho como objeto que fia. Com efeito nao se pode ficar sem material de fiar ¢ sem fuso. A existéncia des- se produto € portanto pressuposta ao comecara fiar. Mas nesse Processo mesmo importa to pouco que o linho € 0 fuso se- jam produtos de trabalho pasado, como no ato da alimenta- a0 interessa que 0 pio seja produto dos trabalhos passados do camponés, do molciro, do padeiro etc. Ao contrario, se os meios de produgio fazem valer, no processo de trabalho, seu carder como produtos de trabalho passado, isso acontece somente por intermédio de seus defeitos. Uma faca que nao corta, 0 fio que se parte constantemente etc., lembram viva mente 0 cuteleiro A o tecelao E. No produto bem elabora- do, extinguiu-se a aquisigo de suas propriedades tteis por intermédio do trabalho passado. Uma maquina que nao serve no processo de trabalho é intitil. Além disso, sucumbe a forga destruidora do metabo- ismo natural. O ferro enferruja, a madeira apodrece. Fio que nao é usado para tecer ou fazer malha é algodao estragado. O trabalho vivo deve apoderar-se dessas coisas, desperté-las dentre 0s mortos, transformé-las de valores de uso apenas Possiveis em valores de uso reais ¢ efetivos. Lambidas pelo fogo do trabalho, apropriadas por ele como seus corpos, ani- aa A DIALETICA D0 TRABAL 'é, portanto, produtos existentes sto nfo s6 resultados, mas também condigdes de existéncia do processo de traba- Iho, por outro lado é sua introdugao nele, isto é, seu contato com trabalho vivo, o tinico meio de conservar e realizar esses produtos de trabalho passado como valores de uso. O trabalho gasta seus elementos materiais, seu objeto ¢ seu meio, os devora ¢ é, portant, processo de consumo. Esse consumo produtivo distingue-se do consumo individual pelo fato de 0 tltimo consumir os produtos como meios de sub- sisténcia do individuo vivo; 0 primeiro, porém, como meios de subsisténcia do trabalho, da forga de trabalho ativa do individuo. O produto de consumo individual €, por isso, 0 préprio consumidor, o resultado do consumo produtivo um produto distinto do consumidor. Na medida em que seu meio e objeto mesmos jé sejam produtos, 0 trabalho consome produtos para criar produtos ou gasta produtos como meios de produgao de produtos. Como o processo de trabalho se passa originalmente s6 en- tre 0 homem a terra, que preexistia sem sua colaboragio, continuam a servir-Ihe ainda tais meios de produgao Preexistentes por natureza ¢ que nao representam nenhuma combinagao de matéria natural ¢ trabalho humano. COLEGAO TRAGALHO ‘t EMANCIPACKO | 45 quer forma dessa-vida, sendo ances igualmente comum a to= O processo de trabalho, como 0 apresentamos em seus clementos simples ¢ abstratos, & atividade orientada a um fim para produzir valores de uso, apropriagao do natural para satisfazer a necessidades humanas, condigéo universal do metabolismo entre 0 homem ¢ a Natureza, condigao nacural ctern. vida humana e, portanco, independente de qual- forga de trabalho. Com o olhar sagaz de conhecedor, ele es- colheu os meios de produgao adequados e as forcas de traba- Iho adequadas para seu negécio particular, fiagdo, fabricaggo de botas etc. Nosso capitalista pée-se entio a consumir a mercadoria que cle comprou, a forga de trabalho, isto é, ele faz 0 portador da forca de trabalho, o trabalhador, consumir das as suas formas sociais. Por isso, nao tivemos necessidade de apresentar o trabalhador em sua relagio com outros traba- hadores. O homem e seu trabalho, de um lado, a Natureza e suas matérias, do outro, bastavam. Tampouco quanto o sa- bor do trigo revela quem o plantou, podem-se reconhecer Resse proceso as condigdes em que ele decorre, se sob 0 brutal agoite do feitor de escravos, ou sob o olhar ansioso do ta, se Cincinnatus o real ao cultivar suas pouca ou o selvagem ao abater uma fera com uma pedra."? Voltemos ao nosso capitalista in spe [em aspiragao]. Deixamo-lo logo depois de ele ter comprado no mercado todos os fatores necessérios a um processo de trabalho, os fatores objetivos ou meios de produgao ¢ 0 fator pessoal ou a ‘Stok, em alemio, Por essa razio altamente I6gica, 0 Coronel Torrens deve ter descoberto na Pedra do selvagem ~ a origem do capital. “Na primeira pedra que o selvagem tira na besta que persegue, no primeiro pau que apanha para derrubar a fruta ‘Que nio pode aleangar com as mos, vemos a apropriagio de um artigo para o fim de adquirir outro © descobrimos assim a origem do capital.” (TORRENS, R. An Essay on the Production of Wealth ere. pp. 10-71.) Daquele primeiro Pau [jeiras] explica-se provavelmente por que, em inglés, stock é sindnimo de 46 | 4 biaverten po + ‘05 meios de produgio me iante seu trabalho. A natureza geral do processo do trabalho nao se altera, naturalmente, por executé-lo 0 trabalhador para o capitalista, em vez de para si mesmo. Mas também 0 modo especifico de fazer botas ou de fiar no pode se alterar de inicio pela intromissao do capi- talista. Ele tem de tomar a forga de trabalho, de inicio, como @ encontra no mercado €, portanto, também seu trabalho da maneira como se originou em um perfodo em que ainda nao havia capitalistas, A transformagao do préprio modo de pro- dugio mediante a subordinagdo do trabalho ao capital s6 pode ocorrer mais tarde e deve por isso ser considerada somente mais adiante. © processo de trabalho, em seu decurso enquanto pro- cesso de consumo de forca de trabalho pelo capitalista, mos- tra dois fendmenos peculiares. Primeiro: 0 trabalhador trabalha sob o controle do capita- lista a quem pertence seu trabalho. O ca| que 0 trabalho se realize em ordem ¢ os meios de produgéo sejam empregados conforme seus fins, portanto, que nao seja desperdigada matéria-prima ¢ que o instrumento de traba- Iho seja preservad, isto €, s6 seja destruido na medida em que seu uso no trabalho o exija. COLEGAO TRABALHO & EMANCIPACKO | a7 Segundo: 0 produto, porém, & propriedade do capitalista, © nao do produtor direto, do trabalhador. O capitalista paga, por exemplo, 0 valor de um dia da forga de trabalho. A sua ago, como a de qualquer outra mercadoria — por exem- plo, a de um cavalo que alugou por um dia - pertence-lhe, portanto, durante o dia. Ao comprador da mercadoria perten- agao da mercadoria, € 0 possuidor da forca de traba- de fato, apenas o valor de uso que vendeu ao dar seu trabalho. A partir do momento em que ele entrou na oficina do capitalista, 0 valor de uso de sua forga de trabalho, portan- to, sua utilizagao, o trabalho, pertence ao capitalista. O capita- ta, mediante a compra da forca de trabalho, incorporou 0 Préprio trabalho, como fermento vivo, aos elementos mortos constitutivos do produto, que Ihe pertencem igualmente. Do seu ponco de vista, o processo de trabalho € apenas 0 consumo da mercadoria, forca de trabalho por ele comprada, que s6 pode, no entanto, consumir ao acrescentar-lhe meios de produgio. O processo de trabalho € um processo entre coisas que 0 capi- ca comprou, entre coisas que Ihe pertencem. O produto desse processo Ihe pertence de modo inteiramente igual a0 produto do processo de fermentagao em sua adeg. 0s prow 6 so apropriados antes de se transformarem em ca transformagio no o: ou Pe ra daquela apropriaglo." (CHERBULIEZ. Richesse veté, Edit, Paris, 1841. p. 54.)""Ao vender seu trabalho por determinado (epprovisionnement), renuncia o proletério iramente a toda participagio no produto. A apropriagio dos produtos fica @ mesma que antes; ela nfo se altera, de modo algum, pelo convénio onado, © produto pertence exclusivamente ao capitalista, que forneceu 48 4» DIALETICA DO TRABALHO . © PROCESSO DE VALORIZAcAO O produto ~ a propriedade do capiralista - € um valor de uso, fio, botas ete. Mas, embora as botas, por exemplo, cons- ticuam de certo modo a base do progresso social ¢ nosso ca- pitalista seja um decidido progressista, nao fabrica as botas por causa delas mesmas. O valor de uso no é, de modo al- gum, a coisa qu'on aime pour lui-méme [que se ama por si mes- ma]. Produz-se aqui valores de uso somente porque e na medida em que sejam substrato material, portadores do va- lor de troca. E para nosso capitalista, trata-se de duas coisas. Primeiro, ele quer produzir um valor de uso que tenha um valor de troca, um artigo destinado a venda, uma mercado- ria, Segundo, ele quer produzir uma mercadoria cujo valor seja mais alto que a soma dos valores das mercadorias cxigidas para produzi-la, os meios de produgao ¢ a forca de trabalho, Para as quais adiantou seu bom dinheiro no mercado. Quer Produzir nao s6 um valor de uso, mas uma mercadoria, nao 86 valor de uso, mas valor € nao s6 valor, mas também mais- valia, ‘a5 matérias-primas © o approvisionnement. Essa € uma consequéncia rigorosa da lei da apropriagio, cujo principio fundamental era inversamente o direito exclusive de propriedade de cada trabalhador do seu produto.” (Op. cit. p. 58.) MILL, James. Elements of Pol. Econ. Etc. pp. 70-71: “Se 0s trabalhadores trabalham por um salério, é 0 capitalista proprietério nao s6 do capital” (0 que significa, aqui, dos meios de produclo) "mas também do trabalho (ofthe labour also). Incluindo-se, como é costume, no conceito de capital o que se paga como salério, 6 absurdo falar do trabalho separadamente do capital. A palavra Capital, nesse sentido, compreende ambos, capital ¢ trabalho.’ COLECAO TRABALHO © EMANCIPACAO | 4g. De fato, tratando-se aqui de produgio de mercadorias, consideramos, até agora, evidentemente apenas um lado do processo, Como a propria mercadoria é unidade de valor de 80 € valor, seu proceso de produgdo tem de ser unidade de processo de trabalho € processo de formagao de valor. Consideremos © processo de produgao agora também Nao nos deve desconcertar a circunstancia de que 0 algo- dao mudou sua forma € a massa de fusos consumida desapare- ceu totalmente. Segundo a lei geral do valor, dez libras de fio, por exemplo, sio um equivalente de dez libras de algodio mais 1/4 de fuso, desde que o valor de quarenta libras de fio seja = o valor de quarenta libras de algodio mais o valor de um ‘como proceso de formagio de valor. Sabemos que o valor de toda mercadoria € deter ado pelo guantum de trabalho materializado em seu valor de uso, pelo tempo de trabalho socialmente necessario & sua produ- Gao. Isso vale também para o produto que nosso capitalista obreve como resultado do processo de trabalho. De inicio, tem-se portanto de calcular 0 trabalho materializado nesse produto Scia, por exemplo, fio. Para a fabricagao do fio precisa-se, em primeiro lugar, prima, por exemplo, dez libras de algodao. Nao é necessario investigar 0 valor do algodao, pois o capi- © comprou no mercado pelo seu valor, por exemplo, dez xelins. No prego do algodio ja esta representado o tra- balho exigido para sua produgao, como trabalho geral social. ea massa de fusos desgastada no ponhamos processamento do algodiio, que representa, para nés, todos 05 outros meios de trabalho empregados, tenha um valor de dois xélins. Se uma massa de ouro de doze xelins € 0 produto de vinte ¢ quatro horas ou dois dias de trabalho, segue-se, de inicio, que no fio estao objetivados dois dias de t palho. ko A OIALETICR DO TRABALHO fuso inteiro, isto é, que o mesmo tempo de trabalho seja exi; do para produzir 0 que.esté em cada um dos lados dessa equa- 40. Nesse caso, o mesmo tempo de trabalho representa-se uma vez no valor de uso fio, ea outra vez nos valores de uso algodiio ¢ fuso. Ao valor é indiference se aparece em fio, Fuso ou algodio. O fato de que fuso e algodio, em vez de ficarem parados, um ao lado do outro, se unem fio processo de fiacdo, que modifica suas formas de uso transformando-se em fio, afeta to pouco o seu valor quanto se fossem realizados, mediante simples incercdmbio, contra um equivalente de fio. O tempo de trabalho exigido para a produgo do algodao € parte do tempo de trabalho exigido para a produgdo do fio, a0 qual serve de matéria-prima, e por isso esté contido no fio. O mesmo vale para o tempo de trabalho exigido para Produzir a massa de fusos, sem cuja depreciagao ou consumo © algodao nao poderia ser fiado."* Na medida em que, portanto, o valor do fio, 0 tempo de trabalho exigido para sua produgao, é considerado, os dife- “No valor das mereadorias no influi apenas o trabalho nelas diretamente aplicado, mas também o trabalho aplicado nos instrumentos, ferramentas € edificios que apsiam o trabalho dirctamente despendido." (RICARDO. Op. cit. p. 16.) COLECAO TRABALHO E EMANCIPACAO | 52 rentes processos particulares de trabalho separados no tem- po € no espago, que tém de ser percorridos para produzir o proprio algodio € a massa de fusos desgastada e para fazer fio, finalmente, de algodao ¢ fuso, podem ser considerados como diversas fases sucessivas do mesmo processo de traba- ho. ‘Todo o trabalho contido no fio é trabalho passado. Que o uso tem de carregé-lo. Segundo, pressupée-se que somente © cempo de trabalho necessério, sob dadas condiges sociais de produgao, foi aplicado, Se, portanto, apenas uma libra de algodio fosse necesséria para fiar uma libra de fio, entio deve- se consumir apenas uma libra de algodao na fabricago de uma libra de fio. O mesmo vale para fuso. Ainda que o capi- ~—“tempo de trabalho exigido para @ produgiio dos elementos constitutives do fio tenha passado antes, estando no mais- retamente que-perfeito, enquanto o trabalho empregado no processo final, a fiagdo, encontra-se mais perto do presen- te, no pretérito perfeito, € uma circunstancia absolutamente indiferente. Se determinada quantidade de trabalho, trinta dias de trabalho por exemplo, € necessdria para construir uma casa, nfo se altera nada no quantum total do tempo de traba- ho incorporado a casa pelo fato de que o trigésimo dia de trabalho entrou na produgao vinte € nove dias depois do pri- meiro dia de trabalho. E assim pode se considerar 0 tempo de trabalho contido no material de trabalho € nos meios de ho como se tivesse sido despendido numa fase anterior do processo de fiagao, antes do trabalho finalmente acres- centado, sob a forma de fiagio. ual Os valores dos meios de produgio, do algodio ¢ do fuso, expressos no prego de doze xelins, formam, portanto, partes integrantes do valor do fio ou do valor de produto. S6 duas condigdes tém de ser preenchidas. Primeiro, al- godio c fuso devem ter servido realmente & produgao de um valor de uso. Devem ter-se tornado, em nosso caso, fio. Que valor de uso o carrega é indiferente ao valor, mas um valor de 52 | DIALETICA DO TRABALHO talista tivesse a fantasia de empregar fusos de ouro em vez de fusos de ferro, no valor do fio s6 conta, todavia, o trabalho socialmente necessério, isto é, 0 tempo de trabalho necess4- tio para a produgio de fusos de ferro. Sabemos agora qual parte do valor do fio forma os meios de produgio, algodao e fuso. E igual a doze xclins, ou a materializagdo de dois dias de trabalho. Trata-se agora da- quela parte de valor que o trabalho do proprio tecelfo acres- centa ao algodao. ‘Agora temos de observar esse trabalho sob um aspecto totalmente diverso daquele sob 0 qual o consideramos du- rante 0 processo de trabalho. Lé, tratava-se da atividade orien- tada ao fim de transformar algodao em fio. Quanto mais adequado 0 trabalho a esse, tanto melhor o fio, supondo-se inalteradas todas as demais circunstancias. O trabalho do te- celdo era especificamente diferente de outros trabalhos pro- dutivos, € a diversidade manifestava-se subjetiva e objetivamente no fim particular da fiagio, em seu modo par- ular de operar, na natureza particular de seus meios de Produgio, no valor de uso particular de seu produto. Algo- dio ¢ fuso servem de meios de subsisténcia do trabalho de fiar, mas no se pode com eles fazer canhées raiados. Na COLEGAO TRABALHO E EMANCIPACAO | 53 medida cm que 0 trabalho do tecela é, pelo contrério, for fonte de valor, nao se distingue em mador de valor, isco nada do trabalho do perfurador de canhées, ou, que esté aqui mais proximo, dos trabalhos do plantador de algodéo e do produtor de fusos, re ados nos meios de produgio do fio. E apenas por causa dessa identidade que plantar algodao, fare fusos-e-fiar podem formar partes apenas quantitativa= mente diferentes do mesmo valor total, do valor do fio. Aqui ji nfo se trata ade, da natureza e do contetide do s de sua quantidade. E facil calculé-la. Pressupomos que o trabalho de fiar € trabalho simples, tra- balho social médio, Ver-se-4 depois que o pressuposto con- trério nao altera nada na coisa, Durante © processo de trabalho, o trabalho se transpde continuamente da forma de agitagao para a de ser, da forma de movimento para a de objet trabalho, mas apel ade. Ao fim de uma hora, 0 movimento de fiar esti representado em determinado quantum de fio, portant determinado quantum de trabalho, uma hora de trab; 0, esté objetivado no algodio. Dizemos hora de trabalho, isto é, 0 dispéndio da forga vital do tecelao durante uma hora, pois o trabalho de fiar apenas vale aqui enquanto dispéndio de forga de trabalho e ndo enquanto tra- balho especifico de fiagao. Agora € de importancia decisiva que durante o proceso, isto é, durante a transformagao do algodio em fio, somente o tempo de trabalho socialmente necessério seja consumido, Se sob condigdes sociais de produgao normais, isto é, médias, A libras de algodio tém de ser transformadas, durante uma 54 | A ptacerica D0 reapat hora de trabalho, em B libras de fio, entao somente vale como jornada de trabalho de doze horas aquela jornada de traba- Iho que transforma 12 x A libras de algodao em 12 x B libras de fio. Pois apenas o tempo de trabalho socialmente neces- sério conta como formando valor. Como o proprio trabalho, assim a matéria-prima ¢ 0 pro- duto aparecem aqui sob uma luz totalmente diferente da projetada pelo ponto de vista do processo de trabalho pro- priamente dito. A matéria-prima funcionou aqui apenas como algo que absorve determinado guantum de trabalho, Por meio dessa absorgao transforma-se, de fato, em fio, porque a forca de trabalho foi despendida e the foi acrescentada sob a for- ma de fiagdo. Mas 0 produto, o fio, €'agora apenas uma esca- la graduada que mede o trabalho absorvido pelo algodo. Se em uma hora, 1, 2/3 libra de algodio é fiada ou transformada em 1, 2/3 libra de fio, entao dez libras de fio indicam seis horas de trabalho absorvidas. Quantidades de produto de- terminadas, verificadas pela experiéncia, representam agora nada mais que determinadas quantidades de trabalho, de- terminada massa de tempo de trabalho solidificado. Sao ape- nas a materializagao de uma hora, de duas horas, de um dia de trabalho social. Que o trabalho seja precisamente trabalho de fiar, seu material, 0 algodao, € seu produto, 0 fio, interessa aqui tio Pouco quanto 0 objeto do trabalho ser, por sua vez, ja produ- to, portanto, matéria-prima. Se o trabalhador, em vez de fiar, estivesse ocupado numa mina de carvio, 0 objeto de traba- Iho, 0 carvao, seria preexistente por natureza. Apesar disso, COLECAO TRABALHO E EMANCIPACAO | 55 determinado quantum de carvao arrancado da rocha, um q tal por exemplo, representaria determinado guantum de tra- batho absorvido. Ao tratar da venda da forga de trabalho, foi suposto que seu valor didrio seja igual a trés xelins que nestes tiltimos esto incorporadas seis horas de trabalho, sendo, portanto, exigido esse quantum de trabalho para produzir a soma média dos meios didrios de subsisténcia do trabalhador. Se nosso te- cello, durante uma hora de trabalho, transforma 1, 2/3 libra de algodao em 1, 2/3 libra de fio'’, entio transformaré em seis horas, dez ras de fio. Durante 0 Processo da fiagao, 0 algodao absorve, portanto, seis horas de trabalho, O mesmo tempo de trabalho representa-se num quantum de ouro de tres xelins, Mediante a propria fiagfo, actes- bras de alpodio em dez cem-sc, pois, a0 algodao um valor de trés xclins. Vejamos agora o valor total do produto, das dez libras de fio. Nelas se objetivam dois dias e meio de trabalho, sendo dois dias contidos no algodao e na massa de fusos, meio dia absorvido durante 0 processo da fiacao. O mesmo tempo de trabalho representa-se numa massa de ouro de quinze xe- lins. O prego adequado ao valor das de: bras de fio é, por tanto, quinze xelins, 0 prego de uma libra de fio, um xelim seis pence Nosso capitalista fica perplexo. O valor do produto € igual ao valor do capital adiantado, O valor adiantado nao se valo- rizou, no produziu mais-valia, o dinheiro se transformou p. em capital. O prego das dez libras de fio € quinze xelins, ¢ quinze xelins foram despendidos no mercado pelos elemen- 0s constitutivos do produto, ou, 0 que € 0 mesmo, para os fatores do processo de trabalho: dez xelins para o algodio, dois xelins para a massa de fusos consumida e trés xelins Para a forga de trabalho. O valor inchado do fio em nada aju- da, pois seu valor € apenas a soma dos valores que antes se discribufram entre algodao, fuso e forga de trabalho, ¢ de tal adicao simples de valores preexistentes no pode agora e ja- mais surgir uma mais-valia."* Esses valores esto concentra- dos agora numa s6 coisa, mas jé 0 estavam na soma de dinheiro de quinze xelins antes que esta se fragmentasse por meio de trés compras de mercadorias. Em si para si, esse resultado nao tem nada de estranho, O valor de uma libra de € um xelim e seis pence e, por dez libras de fio, nosso capitalista teria de pagar no mercado, Portanto, quinze xelins. Tanto faz que compre no mercado sua casa particular ja pronta, ou que a mande construir, ne- nhuma dessas operagbes aumentard o dinhciro gasto na aqui- sigio da casa. SO "* Essa é a proposigio fundamental em que se baseia a doutrina fisiocrética da improdutividade de todo trabalho nio agricola, e ela ¢ irrefutével para o economista ~ de profissio. “Essa mancira de imputar a um tinico objeto os valores de varios outros” (por exemplo, ao linho a subsisténcia do tecel “de acumular, por assim dizer, diversos valores em camadas sobre um dnico, {2 com que este eresga na mesma proporgao. ..) A palavra adigio designe ‘muito bem © modo como se forma o prego das manufaturas; esse prego é apenas a soma total de varios valores consumidos ¢ adicionados; mas adicionar ‘ndo 6 multiplicar." (REVIERE, Mercier de la. Op. cit. p. 599.) COLECAO TRABALHO © EMANCIPAGAO | gy capitalista, familiarizado com a economia vulgar, dird vez que adiantou seu dinheiro com a intengao de, com isso, fazer mais dinheiro, Mas, 0 caminho ao inferno esta calgado de boas intengdes e ele poderia, do mesmo modo, cera intengao de fazer dinheiro sem produzir nada.” Amea- ¢a. Nao 0 apanharao de novo. Futuramente, compraré a mercadoria pronta no mercado em ver. de fabricd-la. Mas se todos os scus irméos capitalistas fizerem o mesmo, onde deverd cle encontrar mercadorias prontas? E dinheiro ele no pode comer, Ele faz um sermao. Deve-se levar em consideragao sua abstinéncia. Poderia esbanjar seus quin- ze xelins. Em lugar disso, os consumiu produtivamente ¢ os transformou em fio, Mas, gragas a isso, ele tem fio eri vez de remorsos, Ele nao deve, de modo algum, recair no papel do entesourador que j4 nos mostrou o que se obtém do acetismo. Além disso, onde nada existe, o imperador perdeu seu direito, Qualquer que seja o mérito de sua re- ntincia, nao existe na para pagé-lo adicionalmente, uma vez que o valor do produto que resulta do processo € ape- nas igual 4 soma dos valores das mercadorias langadas nele. ‘Tem de consolar-se com a idéia de a virtude ser a recom- pensa da virtude. Mas, em vez disso, ele se toma importu- no. O fio nfo the serve de nada. Ele produziu para a venda. Guerra de Secessio americana, fec! ua Fabrica € langou 0 operério para jogar na Bolsa de algodio de Liverpool. ex A pIALeTiCR D0 TRARA Assim que ele o venda ou, melhor ainda, que produza no futuro apenas visas para seu proprio uso, receita que seu médico da familia, MacCulloch, jé prescrevera como re- médio comprovado contra a epidemia da superprodugao. Ele se corna teimoso, Deveria o trabalhador, com seus pré- prios membros, criar no éter figuragdes de trabalho, pro- durzir mercadorias? Nao Ihe deu ele a matéria, com a qual ¢ na qual pode dar corpo a seu trabalho? Sendo a maior parte da sociedade constituida dos que nada tém, nao pres- tou ele um servigo inestimavel a sociedade com seus meios de produgao, seu algodao € seus fusos, e também ao pré- prio trabalhador, a0 qual forneceu ainda meios de subsis- téncia? Nao deve cle apresentar a conta por tal servigo? Mas, nao Ihe prestou o trabalhador, em contrapartida, 0 servigo de transformar algodao e fuso em fio? Além disso, nao se trata aqui de servigos." Um servigo € nada mais Deixa que se exaltem, se adornem e se enfeitem. (..) Mas quem toma mais ‘ou algo melhor (do que da) “pratica usura € nio presta servigo, mas causa Prejuizo a seu préximo, como se furtasse ou roubasse. Nem tudo que se chama de servico € beneficio ao préximo & servigo e beneficio. Pois um adiltero uma addltera se prestam mutuamente grande servigo e prazer. Um cavaleiro presta grande servigo ao incendidrio e assassino, ajudando-o a roubar nas estradas, a fazer guerra a terras ¢ gentes. Os papi as prestam aos nossos grande servigo, a0 no afogarem, queimarem, assassinarem ou fazerem apodrecer a todos nas pris6es, mas deixam alguns viverem, desterrando-ot ou despojando-os de seus haveres. O préprio diabo presta a seus servidores grande e inestimavel servigo (..) Em resumo, 0 mundo esté cheio de grandes e excelentes servigos ce beneficios didrios.” (LUTHER, Martin, An die Pfarrhem, wider den Wucher zu Predigen erc, Wittenberg, 1540. COLECAO TRABALHO € EMANcIPACAO | 59 que 0 efeito Gril de um valor de uso, seja mercadoria, seja do trabalho." Mas aqui se trata do valor de troca. O capi- talista pagou ao trabalhador o valor de trés xelins, O tra- balhador devolveu-Ihe um equivalente exato, no valor de trés xelins, acrescido ao algodao. Valor contra valor. Nosso amigo, até hé pouco capitalisticamente arrogante, assume de trabalho. Mas 0 trabalho passado que a forga de traba- Iho contém, ¢ 0 trabalho vivo que ela pode prestar, seus custos diérios de manutengao e seu dispéndio didrio, sto duas grandezas inteiramente diferentes. A primeira de- termina seu valor de troca, a outra forma seu valor de uso. O fato de que meia jornada seja necesséria para manté-lo subitamente a atitude modesta de seu proprio trabalha- dor, Nao trabalhou ele mesmo? Nao executou o trabalho de vigilancia e superintendéncia sobre 0 teceldio? Nao cria valor também esse seu trabalho? Mas seu préprio overlookers [Fiscal] € seu gerente encolhem os ombros. Entremente: j4 recobrou com um sorriso alegre sua jonomia anterior. Ele trogou de nés com toda essa ladai- nha, Nao daria um centavo por ela. Ele deixa esses ¢ sc- melhantes subterftigios ¢ petas vazias aos professores da Economia Politica, expressamente pagos para so. Ele mesmo € um homem pritico que nem sempre pensa no que diz fora do negécio, mas sempre sabe o que faz den- tro dele. Examinemos a coisa mais de perto. O valor de um dia da fora de trabalho importava em trés xelins, porque nela mesma esté objetivada meia jornada de trabalho, isto é, Porque os meios de subsisténcia necessarios para produ- zir diariamente a forga de trabalho custam meia jornada m Zur Kritik der Pol. Oek., p. 14, observo sobre isso, entre outras coisas: “Compreende-se qi uma espe “servigo’ a categoria ‘servigo" (service) deve prestar a Je economistas como J.B, Say e F. Ba: 60 | DiALerica 00 TRABALHO vivo durante vinte e quatro horas nao impede o trabalha- dor, de modo algum, de trabalhar uma jornada inteira. O valor da forga de trabalho e sua valorizagao no processo de trabalho so, portanto, duas grandezas distintas. Essa di- ferenga de valor o capitalista tinha em vista quando com- prou a forga de trabalho. Sua propriedade util, de poder fazer fio ou botas, era apenas uma conditio sine gua non [condigao indispensével], pois o trabalho para criar valor tem de ser despendido em forma util. Mas 0 decisivo foi o valor de uso especifico dessa mercadoria ser fonte de va- lor, ¢ de mais valor do que ela mesma tem. Esse € 0 servi- 0 especifico que o capitalista dela espera. E ele procede, no caso, segundo as leis eternas do intercambio de merca- dorias. Na verdade, 0 vendedor da forga de trabalho, como © vendedor de qualquer outra mercadoria, realiza seu va- lor de troca ¢ aliena seu valor de uso. Ele no pode obter um sem desfazer-se do outro. O valor de uso da forga de trabalho, 0 proprio trabalho, pertence tio pouco ao seu vendedor, quanto o valor de uso do 6leo vendido [perten- ce] ao comerciante que o vendeu. O possuidor de dinhei- ro pagou o valor de um dia da forga de trabalho; pertence-lhe, portanto, au izagao dela durante o dia, o COLEGAG TRABALHO © EMANCIPACAO | 62 trabalho de uma jornada. A circunstancia de que a manu- tengao didria da forga de trabalho s6 custa meia jornada de trabalho, apesar de a forga de trabalho poder operar, trabalhar um dia inteiro e, por isso, 0 valor que sua utiliza ¢40 cria durante um dia é 0 dobro de seu proprio valor de um dia, € grande sorte para 0 comprador, mas, de modo ———algum, uma injustiga- contra 0 vendedor. Nosso capitalista previu 0 caso que 0 faz sorrir. O taba- hador encontra, por isso, na oficina, os meios de produgao necessarios nao para um processo de trabalho de s: s horas, mas de doze. Se dez libras de algodao absorviam seis horas de trabalho ¢ transformavam-se em dez libras de fio, entao vince libras de algodao absorverio doze horas de trabalho ¢ se transformario em vinte libras de fio. Consideremos o pro- duto do processo prolongado de trabalho. Nas vince libras de D esto objetivadas agora cinco jornadas de trabalho: qua- tro na massa consumida de algodio ¢ fusos, uma absorvida Pelo algodiio durante 0 proceso de fiagio. Mas a expressao €m ouro de cinco jornadas de trabalho € trinta xelins ou uma libra esterlina e dez xelins. Esse €, portanto, 0 prego das te libras de fio. Uma libra de fio custa, depois como antes, um xclim e seis pence. Mas a soma dos valores das mercado- rias langadas no process importou em vinte e sete xelins. O valor do fio de trinta xelins. O valor do produto ultrapassou de 1/9 0 valor adiantado para sua produgdo, Dessa maneira, transformaram-se vinte ¢ sete xelins em trinta, Deram uma mais-v; ia de trés xelins. Finalmente, a artimanha deu certo. Dinheiro se transformou em capital. oz a ‘Todas as condigdes do problema foram resolvidas ¢, de modo algum, as leis do intercambio de mercadorias foram violadas. Trocou-se equivalente por equivalente. O capita- lista pagou, como comprador, toda a mercadoria por seu va- lor, algodio, massa de fusos, forga de trabalho. Depois, fez © que faz qualquer outro comprador de mercadorias. Con- sumiu seu valor de uso, Do processé de consumo da forga de trabalho, a0 mesmo tempo processo de produgao da mer- cadoria, resultou um produto de vinte libras de fio com um valor de trinta xelins, O capitalista volta agora ao mercado € vende mercadoria, depois de ter comprado mercadoria. Vende a libra de fio por um xelim e seis pence, nenhum cen- tavo acima ou abaixo de seu valor. E, nao obstante, tira da circulagao trés xelins mais do que nela langou. Todo esse seguimento, a transformagao de seu dinheiro em capital, se opera na esfera da circulagao e no se opera nela. Por inter- médio da circulagdo, por ser condicionado pela compra da forga de trabalho no mercado. Fora da circulagao, pois ela apenas introduz 0 processo de valorizagaio, que ocorre na esfera da produgao. E assim € sour pour Je mieux dans le meilleur des mondes possibles (tudo pelo melhor no melhor dos mundos pqssiveis). capitalista, ao transformar dinheiro em mercadorias, que servem de matérias constituintes de um novo pro- duto ou de fatores do processo de trabalho, ao incorporar forga de trabalho viva & sua objetividade morta, transfor- ma valor, trabalho pasado, objetivado, morto, em capi- tal, em valor que se valoriza a si mesmo, um monstro COLEGAO TRABALHO E‘emaNciPACAO 63 animado que comega a “trabalhar” como se tivesse amor no corpo. Se compararmos 0 processo de formagio de valor com 0 processo de valorizagao, vemos que o proceso de valoriza- 40 no € nada mais que um proceso de formagao de valor prolongado além de certo ponto. Se este apenas dura até o ———pontorenr que o valor da forga de trabalho pago pelo capital € substituido por um novo equivalente, entéo € um processo simples de formagao de valor. Se ultrapassa esse ponto, tor- na-se processo de valorizagao. Se compararmos, além disso, 0 processo de formagao de valor m © processo de trabalho, vemos que este consiste no trabalho util que produz valores de uso. O movimento & considerado aqu amente, em seu modo e maneira particular, segundo seu objetivo € contetido. O mesmo pro- cesso de trabalho apresenta-se no processo de formagao de valor somente em seu aspecto quantitativo. Trata-se aqui apenas do tempo que o trabalho precisa para sua operagao ou da duragao na qual a forga de trabalho € despendida de forma util. Também as mercadorias que entram no processo de trabalho aqui ja nao valem como fatores materiais, deter- minados funcionalmente, da forga de trabalho atuando orientadamente para um fim. Apenas contam com determi nadas quantidades de trabalho objetivado. O trabalho, seja contido nos meios de produgao, seja acrescido a eles pela forga de trabalho, somente conta por sua duragdo, Representa tantas horas, dias ete. Mas conta somente, na medida em que o tempo gasto 64 A OIALETICA BO TRADAL na producto do valor de uso € socialmente necessério. Isso envolve varios fatores. A forga de trabalho tem de funcionar em condigdes normais. Se a maquina de fiar é © instrumento de trabalho socialmente dominante para a fiagiio, ent&o nao se deve por uma roda de fiar nas maos do trabalhador, Ble ndo deve receber, em vez de algodio de qualidade normal, um refugo que rasga a todo instan- te, Em ambos os casos, ele precisaria de mais do que o tempo socialmente necessério para a produgio de uma libra de fio, mas esse tempo excedente nio geraria valor ‘0. O cardter normal dos fatores materiais de trabalho no depende, porém, do trabalhador, mas do capitalista.-Outra condigao € 0 caréter normal da propria forga de trabalho. No ramo que se aplica deve possuir 0 grau médio de habilidade, destreza ¢ rapidez. Mas nosso capitalista comprou no mercado forga de trabalho de qua- lidade normal. Essa forga tem de ser despendida no grau médio habitual de esforco, com o grau de tensidade socialmente usual. Sobre isso o capitalista exerce vigi- lancia com 0 mesmo temor que manifesta de que ne- nhum tempo seja desperdigado, sem trabalho. Comprou a forga de trabalho por prazo determinado. Insiste em ter 0 que € seu. Nao quer ser roubado. Finalmente - ¢ Para isso tem ele seu proprio code pénal [Cédigo Penal] — nao deve ocorrer nenhum consumo desnecessério de matéria-prima e meios de trabalho, porque material e meios de trabalho desperdicados representam quantida- des despendidas em excesso de trabalho objetivado, que, COLEGAO TRABALHO € EMANCIPACAO | 65 instrumentos de trabalho sentirem que no ¢ seu igual, mas um homem. Ele roporciona a si mesmo a autoconsciéncia de ser diferente deles a0 maltraté-1os € strui-los com amare. Vale, por isso, nesse moxlo de produgio, como prineipio eco ‘apenas empregar os instrumentos de trabalho mais toscos, mais pesados, tamente devido a sua canhestra rusticidade diffceis de serem estragados, Aié a eclosto da Guerra de Secessio, encontravam-se, por isso, nos Estados conta Olmsted, entre outras coisas sirumentos que, entre nés, nenhuma pessoa razodvel imporia balhador, a quem pagasse salirio, Seu peso extraordindrio e sua rusticidade foram 0 trabalho exceutado com ele, na minha opinio, pelo menos, 10% mis diftil do que seria com os instrumentos que nés geralmente usamos. Como me ‘seguraram, porém, o mado negligent ¢ ineplo com que 0s eseravos aparentemente (0s mangjam, no permite confiar-Ihes, com bom resultado, instrumentos mais leves ou men 8 Como os que nds confiamos 20s noss0s trabalhadores, com um bom Iuero para nés, nio durariam um dia num campo de cereals da —embora a tera seja mais leve © menos pedregosa que a nossa. Do mesmo ‘modo, quando perguntei por que nas fazendas se usavam geralmente mulas em ve de - Me apresentaram como razio primordial e decisiva ade que os eavalos ni favelmente recebemn dos negros. Os (0 em que estou escrevendo para ver, quase a io de modo que levaria qualquer farmer [égricultor] do mediatamente 0 vaqueiro" 66 ® DIALETICA DO TRABALHO rabalho enquanto criador de valor de enquanto criador de valor, apresen- renciagio dos diferentes aspectos do © o mesmo traball ta-se agora como di proceso de produgio, trabalho ¢ processo de for magio de valor, 0 processo de produgao € processo de produ do de mercadorias; como unidade de proceso de trabalho Processo de valorizacao, é ele proceso de produgio capi ta, forma capitalista da produgao de mercadorias. Observamos anteriormente que para o proceso de valori isao € totalmente indiferente se 0 trabalho apropriado pelo ta € trabalho simples, trabalho social médio ou trabalho mais complexo, trabalho de peso especifico superior. O traba- Iho que vale como trabalho superior, mais complexo em face do trabalho social médio, é a exteriorizagtio de uma forga de traba- Iho na qual entram custos mais altos de formagao, cuja produ- 40 custa mais tempo de trabalho e que, por isso, tem valor mais elevado que a forga de trabalho simples. Se 0 valor dessa forga € superior, ela se exterioriza, por conseguinte, em trabalho supe- rior ¢ se objetiva nos mesmos periodos de tempo, em valores Proporcionalmente mais altos. Qualquer que seja, porém, a ferenga de grau entre o trabalho do tecelao ¢ o do joalhe Porgio de trabalho com que o joalheiro apenas repée o valor de sua pr6pria forga de trabalho nao se distingue qualitativamente, de modo algum, da porgo de trabalho adicional, com que gera a mais-valia. Depois como antes, a mais-valia resulta somente de lum excesso quanticativo de trabalho, da duragio prolongada do COLEGAO TRABALHO E EMANCIPACAO | 67 ______tradicionais: em parte, bascia-se na situaglo. desamparada de certas-camadas mesmo proceso de trabalho, pro ue é, em um caso, 0 processo da Jo de fios; em outro, o processo da produgao de jéias.? 2° diferenga entre trabalho superior € trabalho simples, skilled ¢ unskilled labour, baseia-se, em parte, em meras ilustragdes, ou pelo menos diferengas que hé muito tempo cessaram de ser reais © 56 perduram em convengaes Por outro lado, em todo processo de formagao de valor, 0 trabalho superior sempre tem de ser reduzido a trabalho so- cial médio, por exemplo, uma jornada de trabalho superior a Se, portanto, uma x jornadas de trabalho operagao supérflua e simplifica-se a andlise, por meio da su- posigo de que o trabalhador empregado pelo capital executa da classe trabathadora, situaco que Ihes permite mer que as outras exercer ppressdo para obterem 0 valor de sua forga de trabalho. Circunstancias aci desempenham no caso um papel t8o importante que os tipos de trabalho invertem suas posigdes. Onde, por exemplo, a substdncia fisica da cl lrabalhadora esté enfraquecida ¢ relativamente esgotada, como em todos 0 ia desenvolvids, os trabalhos em geral brutais, que exigem muita forga muscular, se tornam geralmente superiores em confronto com trabalhos muito mais delicados, que descendem ao nivel de ho simples, como, por exemplo, na Inglaterra, o trabalho de um bricklayer nivel muito mais alto que o de um tecedor de damasco, © trabalho de um Justian cutter (tosador de veludo] Figura vito esforgo fisico e faga, além disso, ‘muito mal & saiide. De resto, ninguém deve se iludir que 0 chamado silled labour represente uma proporgdo quantitativamente significativa do trabalho nacional. Laing calcula que na Inglaterra (¢ Pa(s de Gales) a existéncia de mais de 8 bascia-se em trabalho simples. Depois de deseontar um mendigos, vagabundos, rmithBes que ex 8 e seiscentos e cinqenta paises de produgio ca I para a tas, funcionérios, eseritores, artistas, professores etc. Para chegar a esses quatro mi S ¢ seiscentos ¢ cinquenta mil, ele inclui na parte trabalhadora da classe média, além de banqueiros etc, bricklayers nao faltam nessa categoria de “trabalhadores potenciad. lhe entio 0s referidos onze Restam- Wes. (LAING S, National distress etc, Londres, mais pode dar que trabatho comm, € a grande maioria do pot James. No artigo “Colony”. in: Supplement to the Encyclop. Brit. 1831.) 68 | os or aterien 00 TRA trabalho social médio simples. Juando se fala de trabalho como padrio do valor, subentende-se necessariamente determinada espécie de trabalho (...) a proporgio em que as outras espécies de trabalho estio em relagao a ela & fécil de averiguar”. (CAZENOVE, J. Outlines of Polit. Economy. Londres, 1832. pp. 22-23.) COLEGAO TRAGALHO E EMANCIPACAG =| 69

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