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SUSAN SONTAG A VONTADE RADICAL Extilos Tradugio Jodo Roberto Martins Filho ts ‘GaRPANHADEBOTSS (Cope © 1946, 1967, 196, 1957 by Sasan Sontag Graf stain md Acre Orrin da igus Priagu de 1980, (pe enon igor sn Baste 208 Tea gist ‘Soles of adel Wal Cope Jeti Aas rors ‘Verbs Earl Reatie Renato otsnss Rodrigues JsinBares "nt: eS yd oo sles {ote pcg mio “Todos or diets devs edie revere 3 us Bander Pin, 70,632 (4532-002 — So Pasio— Sr "leone (1) 37073800 | . ie (t) 300-3501 ‘worecompannletrcsom.be ‘wrbogtscompanhiscom tr A Josph Chain AIMAGINACAO PORNOGRAFICA 1 Ninguéodevra inci wma dicusto sobre pornografis aztesdereconlecera extn ds pormogratis pelnenos ‘89 eames de enya en cifras oma ‘aio ase ganhar em xaos pornogata, como uta ‘a histria socal for eatads de modo tntmente spars da Porografie enquamo fendmeno polpizn egunde sso Comm, somatic de defiencinon deforma seta tn, ‘@nos prodtores com nos consumidor) ese, em segue so Gisingir desis dss uma otra pornogafe modaidads on ss menor, mas interest noo as sen, Ea tina das ts pornogafis que des focaizat Mae éspecifeament, ogénero lero pra o ua, afta de seme melhor est dap cea (upd dade inl i orn) vi sane Pornografa Por gener ero pretend ise um corp de bas pertencenes ltertra considera come uma ie ¢ 40 qual concernem padroesncenes de ckecencs orca, De pont de vista dos endmenos soit ¢pacellgicon todos ginger in me tn dcennes do pono devs da ste, alguns deses textes podem se ‘omar alguma cota além ds’ Nio apenas obra emo Tia fle er Mere de Paste Loy, Hite de ZOete Medios ‘ord de George Bale em pesdninas Hora de Oe A imagem ectencen 3 eat tas € pol ease or ies ies, oles ceo, capa in poe mal see nquantoliratra do gue, poretemplo, Candy ¢ Tey de ‘xr Wile om Soom, do Cone de Rectr os teas, de Apoliaive, ou Fay il, de Cleland. A svalan “ ste ee eto Shorea rey Senos ere aes rr ee re ene ey eee ee aces ons eam eg te a sin rele hee ee pore ene oes ele ence ee eee ie cee ee a cones rater ta Renin rong vista, nao € isso o que acontee. Plo menos na Inglatetra ous Seen ape Te ctcoties Seema uo ane aot aad Go does se cere ge eng tas Iornaspfison cn soe porogra ma Spun cois frente qual se € conta ou a avr. Ea tomada de sont eaa semncnaen ree cin ono deme ae r up. ern eae eens fe ‘ederalsexcolas paroguiais. Com efit, mesma abordagem Fri ee Sop ses ee feorae nang Seca ceca ses Cones cot care 6 re pcp {ue Jao caso plo pps lvom Tanto os Hbetris = 2S ae So Geet ree a oer ee ger pa Toogniaie tue ‘etic unindo-se agora eventos heros mas pret Seo tian Sree ee dilemas de uma sociedade em transigio", disse Goodman, em Seles met aroma ee Se a ds gear ane pode ser chamado de “imaginagio pornografic’ bors Sonate nia “6 vagbes de uma faléncia ou deformagio radical da imaginacio. E cles podem garantir, como sugeriram Goodman, Wayland ‘Young ¢ outros, que também existe uma “sociedade pornogri- fica": que, na verdade, a nossa sociedade constitai um flores ‘ene exemplo dela, tio hipéerita e repressivamente canstruida ‘qe precca produsir uma efusio de porsografia, tanto com sua texpressio logics quanto com sex subversvo e vulgar antidoso. PPorém em nenhum ponto da comunidade de letras anglo-ame- rieana encontrei qualquer indicagio de que alguns ivros porno- _rificos séo obras de arte de interesse eimportancia. Enquanto & pornografia for tratada apenas como um fendémeno social © psicolégico e um foco de preocupacio moral, como pode tal argumento ser apresentado? 2 ‘Hiéuma outraranio, parte essa classficagzo da pornogea- fia como um e6pica de andlise, que explica por que a questio de saber se as obras de pornografia podem ou no ser literatura hnunea foi genuinamente debatida. Trate-se da propria visio de literatura mantida pela maioria dos erticos ingleses e norce- -americanos — uma vio que, a0 exclu os escritos pornogré ficos, por defini, dos recintos da literatura, exclui muito mais além disso. Por certo, ninguém nega que a pomografia constitui um amo da literatura no sentido de que aparece na forma de livros impressos de fioglo. Entretanto,afora essa relacio trivil, nada ‘mais se permite. O modo como a maioria dos eriticos cons ‘i a narureza do literatura em prosa (na mesma medida que sia visio da natareza da pornografia)inevitavelmente coloca ‘ pornografia em oposicio & literatura. Esse é um argumento| festanque, pois, se um livre pornogrifica € definido como nio ‘pertencendo d iteratura (e vice-versa) nfo hi razio para exami- nar as obras individuais. ‘Amaiocia das definigdes entre si exciudentes de pornografia. de literatura basa seem onto andes dives: A primeira de que a mancra completamente univoca em gue s eros de pornografia se dirigem 20 tor, propondosse @ “lo sexualmente, ¢antietia& complera fing da literatura. Aegese gue o propio da pornografis, a indosio da excita 0 serial esti em confit com o tanquloe desapaisonado ‘nvolvimento que evoea agen sete. Mates madanga do sngumento parece pertculrmente nao convincente,consie- ‘andseorevereniado apelo as sentimentos mort Jo eto tentado pla esrits reals”, pars nfo menciona o fo de que algamas obras-primas indiseaeeis (le Chaner a Lawrence) conte passgens que rematadamente excita os letores Inasplusvel apenas enftizar que a pornogralia sada poss samen en 0 po gu cade rte de Over aio, alata por Adorno entre outros, éa de que nas brs de poops fra de comego e-em Csracersen da lero, Uina pega de igo pornoge in ‘mal invent uma indisfrada desea param tno une ‘ez tendo comerado, aang eg termina nenhures © argument segunt:o texto pornogifico mio copa de evidenciar nent cuidado com seu meio de expres enquamt al preceupesio da literatura na vee que © pro. posto de pornogata inspira uma sie de fantasia do er Bais em que a linguagem desempenha un papel secundii, rmersmente instrumental. ‘iia e mas important alegsso deende que o tema da teratra€ a relaio dos seres manos uns com os cutos, ses compl sineatnc cmon mofo en on ase, desdenha as pessoas plenamentefrmades to ruta social) é desta questo don motored os credibilidade aera apenas a transadesinfatigives eit. ‘das de Spon despersonalzadn. A simples extrepolact, a pret do onceito de literatura ‘anti arualmente pea mor parte dos extics inglescs € sorte-amerieanos,letaria 3 conclosi de que olor erie da pornografia € nolo. Mas esses padres nio resistem, por i s6s, a uma andlise mais cuidadosa, tampouco se ajuseam a sev objeto. Tome-se, por exemplo, Histéria de O. Ainda que ‘0 romance seja nitidamente obsceno pelos padres usuais, ¢ ais eficiente que qualquer outro no despertar sexualmente 6 leitor, a exctacio nio parece ser tnica fungio das situa- ‘bes retratadas, A nazrativa tem, com efeito, um comeso, um ‘meio umm fim definidos.E raroa elegincia da escrta deixar a impressio de que o autor considere a linguagem uma necessi- dade aborzecida. Além disso, as personagens possuem de fato femogies intensis, embora obsessives , na verdade, bastan- te associais; ¢tém motivagdes, sem que sejam psiquidtrica ow socialmente “normais’. Fra Histivia de O, os protagonistas sio dotados de uma espécie de “psicologia’, derivada da psicologia da loxtia. E, embora aguile que possa ter apreendido das per~ sonagens no interior das situacbes em que sio colocadas seja severamente limitada — a maneira da concentracio sexual e de comportamento sexual explicitamente apresentado —, O fe seus parceiros nio sio mais reduzides ou esborados que as ppersonagens de muitas obras nfo pornogréficas da ficpio con- femporines. ‘Apenas quando os eriticos ingleses e norte-americanos: esenvolverem wma visio mais sofisticada de literatura, um debate interessante poderi ser desencadeado.(Afinal, tal debate seria no sobre a porogafia, mas sobre toe o corpo dt Iiteratura contemporines insistentemente centrado em situa- ‘605 comportamentor extremos) A diiculdade surge porcue inGmeros eriticos continoam a identifiear com a propria lite- ratura em prosa as convengées lteririas particulares do “rea- lism” (aguilo que se poderiatoscamente associar 3 tradigio principal do romance do séeulo xix). Para exemplos de modos literérios alternatives nfo estamos confinados apenas 8 maior parte dos grandes textos do século 2% (le Uiss, um livo que ‘no trata de personagens mas dos meios de intercimbio trans- pessoal, de vido 0 que liga a psicologia individual externa e a hnecessdade pessoal a0 surrealiema francés e seu produto mais ~ recente, 0 Novo Romance; fio “expressonista”alema; 20 pos-romance russo representado por Sdo Petersburgo, de Biel, «por Nabokov; ou as narrativa nao lineares e sem fensio, de ‘Scein ¢ Burroughs). Uma definiio de iteratara que culpa uma ‘obra por ser enraizada.na “fantasia no na apresentasio re Tista de como pessoas vivem umas Com as outras em siuagies comuns, nfo pode sequer dar conta de convengaes veneriveis como a pastoral que narra relages entre pestoas de forma cer- tamente redutiv, insipida e nfo convincente. ‘A eliminacio de alguns desses clichés persistentes € uma tarefa jf hi muito em aeraso: ela promoveria uma letura judi- Cosa da literatura do passado, 0 mesmo tempo que colocaria oseriticos eos eitores em contato com a literatura contempo- nea, que inluidreas de escrita que estruturalmente se ass ‘melham & porografis. Parece file vietualmente sem senti- ddo,exigir que a literatura se apegue a0 “humane”. O que esté ‘em jogo no € 0 *humano” em contraposicio ao “inimano” (onde a opsio pelo “humana” garante instant nea autocongra- tulagdo mora tanto 20 autor como 30 leitor), mas um registro infinitamente variado de formas e tonalidades para transpor @ ‘ex bumana para a narrativa em prosa. Aos olhos do ertico, 2 questo em puta nfo €arelagio entre o livro e “o mondo” ow 1 “realidade” (em que cada romance é avaliado como se fosse tum item nico, e onde o mundo é visto como um lugar muito ‘menos complexo do que é), mas as complevidades do pr6prio conhecimento, como meio através do qual umm mundo afinal existe ¢ € constituido, bem como uma abordagem de livros de ficedo especticos que no desconsidera o fto de que eles existem em didlogo uns com os outros. Desse ponto de vista, @ \ecisto dos velhos romaneista, de retratar 0 desenvolvimento ddos destinos de “personagens” agudamente individvalizadas, ‘em situagies familiares e socialmente densas, no quadro da ‘notagio convencional de sequéncia eronolégies, € apenas uma clas muitas decisdes possiveis, ig possvindo nenbum apelo inerentemente superior 3 fidelidade dos letores séris, Nada existe de mais “humano” quanto a estes procedimentos, A 50 senca de personagens falas mo 6 em si, agua coisa Fetic, ume mata mais asia para a ensiblid derora “Anica verde segura sabre a personagens da foo em prose é que constr, na expreslo Je Henry James, “um fecuro de composi" A presengs de igras humans na arte Terk pode sree a moiton propos. A tensa drama 08 2 eidmensionaldade a apresentagio das flags pesoas © Soci, com fequtncia, nie € om abjetiva do exertore nese Case, pouco aul trains nso como am pad pedten. Explorar ideas € um props igualmente seni da poss {eBoy anda qu plo padres do tealsmo no romance exe lev inte en mua aptesenagio de personaens reais ‘Atonstragio ou «representa de algo nssimado, ov de uma porela do mundo dentures, é am tn expreenien- tow, compreende uma regadag apropiada da gus fhmana,G\ fora da pastoral envalve ambos os propésion a represenapo de ideas eda nacre. As penn 0 wiicades Somente na exenso em que costraem tm cero ip de pai- Sogem, que de wma part, estliaeso da naturera “eal” € de pg es eps) Es uae vl di, como tia para a acratva em pov, os ead extemos cnsiaca eds sentiment hutbanos, agules to perem- téeos que eacem o lao mundano de sentiments ese isa {pens or eontingéniaspestoa coneretas—~ € 0 que ocore com a pornogrfa ‘Nao se deve inaginar, partir ds prounciamentos con- fants sce atures da Iterstrafttos pela maior parte tos eros norte-americanose ingles, gue om inten deba- te sobre esse tema yr se desenvlvendo por vis gerages. “DParece any eserven Jace Riviere on Nowole Rete Pron fa cn 198, que etros presencia inn rte muito gra fe concepgio do que éa Tears”. Ua des diverse esposts to problema ds posiidde «dos linies da iterarur tou Rise, €scentuadatendenia da "arte Ge ands € pssrel Irantrotermo) ae trnar ua svidade completamente no a ‘numana, uma funglo supersensorial, se posso usar a expresso, ‘uma espécie de astronomia evatia”. Cito Rivitre nfo porque seu enstio, “Questionando o conceta de literatura’, sja parti- cularmente original, definitivo ou sutil, mas simplesmente para fembrar um conjanto de nogSes radiais sobre a lreracura que constitufam quase obviedades enfticas, quarenta anos ats, nas ovists literiras europelae. ACE © momento, no entanto, esse fermento permanece alheio, nfo asimilido e persstentemente mal compreendido ‘no mundo das lecrasinglesas ¢ norte-americanas: suspeito de provir de uma coletiva facia culeual de energiay frequents -mente desconsiderado como pura perversdade, obsenrantisma ‘on esterilidade eriativa. Os melhores criticos de lingua inglese, ‘entretanto, difcilmente poderiam deixar de notar quanto de ‘grande literatura do século Xx subverteessasideias, receidas de alguns dos mais importantes romancistas do século X18, sobre a natureza da literatura, que continsam a ecoas até hoje, ‘em 1967. Mas a percepsio de uma literatura genuina e nova {oi geralmente oferecda pelos crticos em um espiito muito semelhante 20 dos rabinos, no culo anterior a0 prineipio da era crist, 05 quais,reconhecendo husaildemente a inferiori- dade espitual de sua propria época frente & era dos grandes profetas, no obstante encerraram resolutamente @ cnn {os livros proféticos e declararam (com mas alivio que pesat, segundo se suspeita) que a era da profeciaterminars. Assim a época daquilo que na critica anglo-americana ainda € deno~ ‘minado, de forma bastante surpreendente, literatura “expe~ imental” ou “de vanguarda”, tem sido repetidamente decla- rad concluida, A celebracio ritual do solapamento operado por cada um dos génios contemporincos nas velhas nogbes de licratura foi sempre acompankade pela inssténcia nervosa em ‘que a escrtavinda 3 luz era, com pes, altima de sua nobre € estéril inhagem. Ora, os resultados dessa mancira intrincada ce unilateral de examinar a literatura foram wivias décadas de ineressee brilho sem paralelosna critica inglesa e norte-ame~ ricana ~ particularmente nesta ims. No entanto trata-se de 2 bilo eum nee ergs sobre una lec do gosto algo perms de una fundamental Jsonestdde de metodo, [Ace ps papas orf air Plager Siansnes fevadestes demstesds pein ertors node aad eu detpeito por aqulo gue © comument deignats foe seen realidad” es flaca doe enemies ‘ese Tere otha @ pen poco cess ee ee tia angloamericana mal lenin sandona + considera Aas exroiras da era angpe prs tes deca ioe iat gu ions i cuit tng ror Ge int edageet yes Mei ‘Tolls lgua seta ialaboclagan seer Mentos discussie de uns obra eats, de naterea rail de Hire Poets leranta aoe da propa ear da narativa om ois Coie Cot ce dae ree Cn or {ke Baal no podem trio extn en ose pel te resnpo angst da acer erat Set pes ‘oped s Sate incisor as deqaey ae-ob ke nui es nce canara nine ee scl eK ceo lens ne ces = coma “ici” jocnogriy coe Exo de inepliciel Cartes finch, Se sins € neces Ivana a questo de ber fea Pomogafie Iinestur so unio anes, torlmente neces firmar qo ss bra de porografis pion petencet Macros cia stein doe sacar oy peal doqueree Dic ca gies debe aah (ale Ge ar a fern consent se materia aoa vada de formas de consciéncia. Nenhum principio estétieo pode fazer Seperate ‘Scuindose ean formas tis extenas de consecia Gue transcend a personalidad social on» indidvaldade Pa a les pen ol el oy cece ae lings orl tala ae eisdoe doris Ga ie 8 réprios.O qv parece pragmaticamente sto, no apenas pra Imantersordem soil no sentido mais ample como pa etn Tirqueoindvio eabeleg epermanegaem conto hamano com outas pessoas emborase poss remantiar ass por perio- des mais o8 menos longo) bem conker que, quando a [pessoas se aventuram em rides longinquas da conscencia, fazem-o com oso de a sanidad, to, de sos oman: de. Mara "esalabumana, ono padsio humanistio proprio vila 3 condor normais, parece al coloenda quando se aplica Yarte, Ble supersimplificn Se durante o dio seclo a arte oncebia como uma sivdaeatnoma chegou ase inest- dade uma estatora sem precedents cosa mas prima a ‘uma ativdade humana scramentlreconhecida pela sociedad Secular isso se deve a uma ds arfas que a arc asumi 4 le efenar incurs ¢conqhstar poses nas fontiras da onsienci em geal muito peigose ao artista como pesea) ra relataro que ls enconton. Sendo ws ize exlorar dos Perigo esis, o aista guna umn certapermisio para Se comportar diferentement de ovtra pessoas 20 iguaat singularidae de sa voeaio, ele pode on nao ser adornado con um estilo de vida de convenient excenrcidade Se of Gio ¢inventar tos de sas experizcias— objetose estos au fseinam e encattam, nao meraiente edificam e ecretém, {Como recomensdavam a velhasnogbes do artista). Seapine cipal meio de fscinago€srangar tas un paso na daica do ukaje. Busca torna sea obrdreplsv, obscura, aces: sil em suma, ofrecer o que &, om parece ser, no desejado Entretam, por mais vilentos que poss ero ules que © artista perpetr asen pico, as eredencias esa autora espinal dependem, em dima ineencia, da consciénia do rable (ej algo conhecio oe inferide) sobre os ultras que fle comete contra si mesmo, O artista modeino exemplar € um omeor da loura ‘Anogio da ate como um prodito custoramenteadguii- do através de um imensorisco espirtal, exo prego amenta com o ingress e patcpueo de cala nov oad na parti- ” de, convida a um conjunto revsado de modelo extics. A arte produria soba Ege de al concepgfo no é~—-e ni pode set Eereiista’. Mas expresses como “Anas o “surrealism”, aque somenteinvertem a para do realism, poucoexlaecem ‘Nant deca demasiado faciimenteem “amples fanasis 0 arqumento definitive é o adjeivo“infasil™. Onde termina & fantasia Condenada por deter pigitricos endo aristion) onde comeca aimaginasio? ‘Como parece pouco provivel que os ertcos contempo- rineos deseem seriamente exclu ae narrativas em pros de Cariter italia do dominio da itertur, somos leados ‘nupeiar que um padrio especial et sendo apicado as temas Sennais [so se tora mas claro quando se penss em outro tipo de obra, em ours especie de “Yanasa’, A psisagem ire tc wrhistéries onde apf €sitads,o tempo pecllarmente ongelado em que of os 30 desempenbados — eases tra- {ov ocorrers com a mesma frequéncin a ego cence © na Domogratis, Nao hé nada de conclsio no fato hem conhe~ a de que a maiora dos homens e das mulheres nao & capa das proces seruis que as pessoas aparentarn desempenbar na pomogrfias que o tamanho dos drgaos, o mimero e a durt~ {ode orgismos, a varedadee a pravcailidade dos podetes Seals, Bem como o total de energia sexval sto grosseita~ mente crogerados &correto da mesma manera, ques ares éspacini eo incontveis planets reteatados nor romances de floiocienifica amber nao eisem. 0 fito de qve 0 expag0 danatrativa Com por ideal mao desqulfea nem s poraggrs- fia nem a Regio cna de soa condo de inratra, is cages do tempo social do espagoe da personalidad reais, ‘oncretose trdimensonais (grim como ts ampliges “Fane tisicas" da enegia humana) so presismente o ingredients deur ost genero de ineratura,fondado num modo diverse ds consent (Os nterisis ds obras pomogrifcas vias como erate ra i, precsamente, ama des foras extrema de conscnca humana, Sem vid, muta pessoas coneordarim que 4 cons cine serlene cea pode em princi ngresar ma Treas como foo de arte: Linas shi Por Ge a? Ma, sp ci omoment seston oma ue sot he prt sna pet ml in ga Ae otter enh saaquaastsanc de mus eben favs qb pos soni Iteatar. Tl pai € mea poeta een rns nn wey ue ovals slant ‘pleas pornos so stl ov parencents) pga estas scm mat que ae Desde gue aera Se do puna tester no Comper cereal como «rai nvr, de alo go preg asx te ‘tom ass eps emo ele, prvcaade eer pez acne) As pn Go Van Gogh re Szram un condi de ors de ste cabs aparentenete sur maneta de tare deve eos tue alec Sint de mes represent do qe acu at desrdeae © gu rerinente oo mand a Sona como o pine Bo tan do He Fe ao se arma ye A as ins at, smo vevela Bole no exrsorns ‘nai aubiogiios scene ern obese do Sirois cnet ea gra (© ge fr dewna crs J porgrf parted tri de ane ans de por se og ian, mpeposo deta cnet as conforma da tealdde foam scr soncencn deena o fotemente cbr. Enver digo es ongnaade,¢igide a amenccade pode de rps soma nen ents corp Sem um dn: Do pen evita ee incrporadssoslinos peptic aos av mee at andmala, nem antiliterdria. my “Tampoeoo pees ojo o eo, incon oo 1, danas ort aca oer sroinent)chge ese Acie Somenteoma noecmpobrsdee mecaniesa de ses odes lar algun spar ou sealer cote or ie con ade Edom € agus sgl 8 trade de nent com gun ondenas pls 56 criccos, compde-se, quando a obra merece tratamento de fats, de muitasresonancias, As senses fsicasinvolonarae ‘mente produridasem alguém qe leas obra earregam consigo algo que se refere ao conjunto das experéncias que o leitor tem de sua humanidade —e de ses limites como persoaalidade como corpo. A singulardade da intengio pornogréfica€ na realidade, espiria. Mas a agressvidade da intengio no 0 6 ‘Aquilo que parece um fim é, na mesma medida, om meio, 808. «adore opresivamenteconcreto. O fin, entetanto,€ menos concrete. A pornografia € um dos ramos de lneratara — a0 lado da feg8o ccntfien — voltados para s desorientago © deslocamento psiquco. Em certos expect, 0 uso de abscess sexusis como tema daliteratarsasemelha-se ao uso de um tema lero cj vali- dade bem poucas pessoas contestariams: 25 obsess6es religio- sas. Assim comparado, 0 fato conhecido do impacto definido ¢ agressivo da pornografa sobre sus letres apresent-se um pose diferente. A su intengao novira de estmala sexeal- ‘mente 0s letores€ na verde uma espécie de proselismo. A pomografia que € anénica iterator visa “exer” dh mesma forma que os livtos que revelam uma forma extrema de expe- enc regia ém como propésto canverter™ 3 ‘Drs obras francesasrecentemente traduzidas para o inglés, Histria de O° © A imagem, ikutram convenienternente alguns aspectos envolvides neste e6pico, mal investigado na critica anglo-americana, da pornografia como literatura. Histéra de O, de autoria de “Pauline Réage”, surgin em. 1954 e tornou-se imediatamente famosa, em parte devido 20 patrocinio de Jean Paulhan, que redigiu o prefcio. Passou a ser ‘renga comum que o proprio Paulhan escrevera a obra — ealvez "Tend. de Mari de Lends Nope Por Brin, 1985.08.) a evido 20 precedente estabelecido por Bataille, que contribut- +2 com um ensaio (assinado com seu verdadeito nome) 20 seu ‘Madame Eatoorda, quando este fora publicado pela primeira vez em 1987, sob 0 pseudénime de "Pierre Angelique’, e também porque o nome Pauline sugera Paulhan. Mas cle sempre negou que tivese escrito Histris de O, insstindo que o livro fora na realidade escrito por uma mulher, que nunca pablicara antes © viva em outra parte da Franca, preferindo petmanecer desco- hecida. Embora a hiseria de Paulhan no tenha eliminado as especulagdes, a certeza de que ele era 0 autor acabon por se desvanecer. Com 0 passar dos anos, diversas hipéteses mais engenhosas, que atribuiam a autoria do livro a outros notiveis do cenirio politico de Paris, ganharam credibilidade ¢ logo foram abandonadas. A identidade real de “Pauline Rage” per siste como um dos raros segredos bem guardados das letras ‘contemporaine. ‘A imagens oi pubicado dois anos depos, em 1956, também ‘sob um pseudénimo, “Jean de Berg”. Para compor o mistéro, foi dedicado a “Pauline Réage” eteve o preficio escrito por ela, ‘de quem desde entio nada se soube. (O preficio de “Reage™ € conciso e dispensével;o de Paulhan € extenso e muito inte- ressante) Mas 0s comentéries nos eirculos literdrios de Patis sobre 2identidade de “Jean de Berg” so mais conclusivos que 0 ‘trabalho de investgacio sobre “Pauline Réage™. Apenas hove ‘um boato que apontava para a mulher de um influente jovem romancista e que ganhou ampla repercussio. ‘Nio é dificil entender por que aqueles com suficientecusio- sidade para especular sobre os dois pseudénimostiveram de se inclinar para algum nome da comunidade das letras estabeleci- dda da Franga. Fra pouco concebirel que qualquer dos dos livros fosse oflho nico de um amadr. Por diferentes que seam um do outro, Histria de O « A imagem comprovam wina qualidade ‘quenio pode ser atribuidasimplesmente a uma abundancia dos dotes literérios comuns da sensibilidade, da energiae da inte ligéncia. Tais dons, bastante em evidénca, foram processados, por sua ver, através de um diflogo de artificios. A sébria auto. 8 consinci das narratives difilment podria estar mais longe dh asncia de controle e hablidade normalmente considera como expressio da laxria obsess. Intoxicantes como se tea soo lor nfo se desligue eo ache apenas engracado om sinistro) 8 dss natratvas esto msi preocopadas com 0 “So da mariana eéica do que com a "expresso" del E navn tizacio €preeminentemente — 1 ha outa pala ‘ra para defn la — Ineracn. Aimaginagio em bnsca de seus paercewtrajantes em Hiri de O e ern A imagem perma ‘nece solidamente ancorada a certas nogdes de consumo formal de sentimencos intensos, de procedimentos pars exgotar ua experiencia, ques liga tana alert e& hist erstia Tecente como a9 domini shistrico de Eom. porque no ‘Ao expestncasndo io peenogriica 6 as mage a epre= entagbe (stra da imaginaio) 0 Besse 0 motivo por «que um lvro pornogrifico com frequénca pode fazer o letor Tens, bsiament,em owt ros pornogricon, «no 20 Sno no mediado ~e sonia necessatiamente cm detriment desua exctago eéiea Por explo, o que ressoa por toda a Hsia de 0 um volumoso corpo, ent sua maior parte sem valor de literatura Domnogrfca on libertine ano inglen como frances, que ‘omonta so éculo XVI. A rferncia tai via € Sade. Mas ino deveros pensae apenas nos eseritos do préprio Sade, fat na co reimerpretago pelos inlecsis errs fiance Ss aps a Segunda Gres Mia, mevimento criti tal- ‘er compare em soa importincia influenca sobre o goto Tterdrio edvead ea direio real da fogio séria na Fran) & revalorizago de Janes langada pouco antes da Segunds Ger ‘nos Estas Unidos, exceto pelo ato de que arevalvieasio ffancesa daron mie tempo porece ter plantado raises mais rrofundas. Gade, evidentements, mina fo esque. Fo ido om entsisamo por Flaubr, Bauclnre © pela maioria dos tutrosgénion radii da teacra frances de fins do século ne Ui dos santos padocios do movimento surtestin, Sade Figura com destaque no pensemento de Breton. No enant> 2 seria a discussio sobre ele, apés 1945, que realmente consoli- dhria sua posiczo como um inesgotivel ponto de partida pars © penssmento radical sobre a condigio humana. O eonhecido ensaio de Beauvoir, a extensa biografia erudita empreendide Por Gilbert Ley e esetitos ainda hoje néo tadusidos de Blan. Bes neuréticas,o retrato parece diferente do que €incentivado pela opinigo piblicaesclarecida, bem como menos simples. Seria possvel defender plansivelmente que sio razdes bas- tamte saudiveis as quaisfazem a capacidade tora para o éxta- se no sexo ser inacessivel para a maioria das pessoas — pois 4 semualidade parece ser algo, como a energia nuclear, que se @ ove prover passe de dmencasio par, em spi, reve- far o costes. O ft de que ponenspesons esha rege lermente, oa tenham slguna ver experimentade soa caf Gidades Sere ene nel perturbation mo spies que tate nto €stémco on gues posing amas se ‘oa Depa do sex, € prove que rio Sono sno reeurso ais antigo diponel oy sere anos pra apat Sos conacnia Todi cnr mies de ea 6 ie dos qu se svencrsrame mito loge atrvés dese estado Je tment amb deve ser cosicravelment into) Exist ¢ pode-se demonstra gua crt sata com imyerft ¢ Com potencaldtoreeador na capa serial mana pelo menos no qu di rexpet ciao. © Homenennal Soca, ra consign wm apts ue pode lev lo? uct. Esa 1 compreenso de seraldae Go aio al do bem do ml do amor, de sida; om tcp re ‘eso eo rmpiment ds limi da conslnc) qe nora O cinone da ters fancera qu eats. “inira de 0, com se proj de anscnde pr comple- to personalidad, presse integaimente es vo negra comple da sexealidae, io sata da Vso coperangst ‘poss plo reins ainerieno pel ears A Ime quem nio€ dado outro nome gue © progrie sim heme rao rai one rium 3 sea sats come ser seal fel inginareome pov afrmar se exe onde mo real copie, tualqur coisa na “naorsa* oo conseénta humana us Suporte esa dso, Mas parce comprecnel oe» post Inde serge perseguis 0 heme, por fai acto que exon sexcenr alo, © projet de O sancions, em outa escala,aqule que se persontica na exten a propria trnara prope, © ae or porn tte esc ina inka ene extents de una pesos enn ser buna fompleto en extn corm se seal erquanto ala omurn una peso srcvel€ ucla gue pee qu lac. o 1a se ample. E normal nds nio experimentarmos, pelo menos nfo querermos experimenter, nossa eatiefago sual como dis. tinta de, on oposts a, nossa stisfago pessoal. Mas tlvex em parte clas sem distineas, quer quiramos ou nfo, Ne medida em que o seatmento sexaal poderoso efetvamente envolve sgrau obsesivo de stengio, ele inchs experincias nus quai una pessoa pode sear que esti perdendo seu "ev A literatura que ‘ai de Sade a essas obras recentes,passindo pelo sureslsmo, cepitaliza esse mist, isol-o ¢ ft 0 leitor pereebé-lo, conv dando-o a participa dele “al literatura é x0 mesmo tempo wna iavocagio do ertico em so sentido mais sombrio e, em certo catos, um exrcismo, ( anim reverent slene de Hirsi de O & comenentemente invaigvel por sua ver uma obra de etador de esprito mistra- dos no meso tema, una mada ram slienagio do ew diate do proprio e, 60 lime de Bubucl, Lge d'Or Enquanto forma Inter, « prnogrsfia opers com dois modelos: um equialente A tragédia Como em Historia dO), em que o sayeto-vtma avan- ¢@inexoravelmente no sentido da more, e 0 outro equivalente 2 comédia (como ex A image), no qual busca obsessive do ‘exereicio sexual érecompensada por uma graificacio termina, ‘ono com o parceiro serail desjado de mances inigualivel 4 ‘Mais que qualquer outro, Basille & 0 autor que apresents tum sentido negro do erético, de seus perigos de fascinacio Inumilhaco, Histoire de POcif(publicado pela primeira vez em 1928) © Madame Eévarda” qualficam-se como textos porno- { Inlonente, ania td dspeniel em ings do gue sala ser Madame Earn,» qpe on ela om Tie Oba Reader (Grose Pros, 1965, pp. 66-72), apes spre reed daa Serene re a ‘nid. Condo Madame Eduard a ri ein com en po tare de neo de Baal Huma righ om de parte ene ere eae asd gus sini sem ou. o sefcs até onde sea tema 6 oma bnsca eral exch gue Sigua tla considera das psn extras «Sess popes 2 damatarga somal media en qs tl Dosa does staficamene Mas cna descrisio no ansnite a exaording, "is quldae desis lives. A simples eaplictago dos gos © 20 sexnisnfo é necesita sbscensapenes pons os “lo quando €realizadaem um tom parca, quando agus tam cera ressonanca mora. Ocvure que © smeto eopasa de tos sexaiseprofnape semisseoae rata at bore Jas de Baal diftsiente pode compeds com a intemnvel Ivemiviade mecanicsta de Or 120 ade Sofoma. Tats, fm virtue de Baile possi um sentido mai faa e profrt do de transgressfo, o que le decree parece de cers fon imas forte eulrajante gus ae mas lscvs orgies enctondes ow Se ‘Uns das rzdes pela qul Hire decile Madame Er 4x cana impesto to poderons © descncetante€ 0 0 de Baal entender, com mis clarra do qu qualqer ont

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