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Simplicidade

Este artigo foi publicado no blog “Joel on Software” em 9/12/2006


Donald Norman concluiu que a simplicidade é um adjetivo super valorizado: “Mas, quando os
jornalistas revêem produtos que são simples eles sempre reclamam da falta de funcionalidades e
sofisticações complementares que são por eles consideradas como essenciais e críticas para que
possam usar o produto no seu dia a dia. Assim sendo, o que será que as pessoas querem quando
pedem simplicidade? Naturalmente é a operação com somente um toque de botão mas, que tenha
disponível todas as suas funcionalidades favoritas.”

Há muito tempo, escrevi que: “ Uma grande parte dos desenvolvedores de software são
seduzidos pela velha regra do ‘80/20’. Parece fazer muito sentido: 80% das pessoas usam
somente 20% dos dispositivos de um produto. Assim você se auto convence que implementando
somente 20% das funcionalidades de um software poderá vender 80% do numero de cópias
previstas para o produto completo.
“Infelizmente, as pessoas nunca usam o mesmo conjunto de 20% das funcionalidades. Cada um
usa um conjunto diferente das referidas funcionalidades. Nos últimos 10 anos, eu ouvi de,
provavelmente, dúzias de companhias que, determinadas a não aprender uma com as outras,
tentaram produzir processadores texto “simples e leves” pois executavam somente 20% das
funcionalidades mais importantes.
Esta história é tão velha quanto o PC e, na maioria das vezes, o que acontece é que o produto,
quando entregue a um jornalista, ele faz a revisão escrevendo e usando o processador de texto e
aí, quando tenta, por exemplo, encontrar a função contagem de palavras, uma facilidade à qual
está habituado a usar no seu dia a dia, pois a maioria de jornalistas têm exigências precisas da
contagem de palavras, ele não a encontra. Obviamente, esta funcionalidade não existe porque faz
parte dos 80% que ninguém usa. Assim sendo o jornalista acaba escrevendo que o processador
de texto “ simples e leve” é bom mas não pode usá-lo no seu dia a dia pois não tem a
funcionalidade de contagem do número de palavras dos textos que escrevo.”
Fazer o simples, começando com produtos que tenham 20% das funcionalidades é uma estratégia
de entrada excelente porque pode-se criá-lo com recursos limitados e construir uma base inicial de
clientes. É uma estratégia similar a do Judô, que procura usar sua fraqueza como força, veja o
projeto da “Bruxa de Blair” (1), filmado por crianças sem nenhum dinheiro, usando uma câmera
de vídeo manual pois, era a única que podiam comprar entretanto, eles inventaram um roteiro em
que a fraqueza virou uma virtude.
Assim você vende o conceito de “simples” para esta coisa maravilhosa que você fez, a qual
coincidentemente era a única que você tinha os recursos para produzir. Dentro deste contexto, é
simplesmente uma coincidência feliz e, realmente maravilhosa!
O que funciona como uma estratégia de entrada no mercado, infelizmente não dará resultado
como uma estratégia a longo prazo, você nada pode fazer para impedir que uma ou duas pessoas
partindo do seu produto, adicionem funcionalidades. Não há como lutar contra a natureza
humana: “As pessoas querem as funcionalidades”, lembra Norman e porque a câmera manual de
vídeo, que foi perfeita para a “Bruxa de Blair”, não se transformará em modelo a ser seguido
pelas produções, de grande sucesso, de Hollywood.
(2)
Os defensores da simplicidade usam o “37signals” , e o “iPod” da Apple como
provas irrefutáveis que o simples vende. Eu argumentaria que, nos dois casos, o
sucesso é o resultado de uma combinação de diversos elementos como: a
criação de uma base de clientes, o evangelismo, o desenho atrativo e simples, o
apelo emocional, a estética, o tempo rápido de resposta, a realimentação
instantânea para o usuário e modelos de programação alinhados com a lógica
intuitiva do cliente permitindo que, pela facilidade, o nível de uso aumente
rapidamente e, pelo efeito bola de neve montanha abaixo, todo sistema se
realimente e tenha um crescimento muito rápido.
Todas essas características foram selecionadas de uma grande lista para criar facilidades e
disponibilizar funcionalidades que os clientes estão dispostos a pagar. Essa seleção não pode ser
enquadrada no quesito “simplicidade.” Por exemplo, o “iPod” tem a característica de ser bonito,
(1)
o que o “Creative Zen Ultra Nomad Jukebox” , não tem e, assim sendo, compro um “iPod”.
No exemplo do “iPod”, a beleza se origina no desenho limpo e simples mas esta não é a única
(4)
solução. No “Hummer” , o apelo estético existe, precisamente, porque é feio e complicado.
Penso que é um erro e uma má interpretação dizer, por exemplo, que o iPod é bem sucedido
porque tem poucas características e ou funcionalidades. Se você começar a acreditar nisso, o
resultado será que, entre outras coisas você comece a remover características e funcionalidades
de seu produto, para assim aumentar as vendas e ter mais sucesso.
Com seis anos da experiência administrando a minha própria companhia de software eu posso
dizer-lhe que nada do que fizemos na Fog Creek, aumentou mais as nossas vendas do que a
liberação de novas versões, como mais funcionalidades. Nada mesmo! A melhoria dos nossos
resultados operacionais devido as novas funcionalidades é indiscutível. É como a força de
gravidade.
Quando tentamos anúncios no Google, implementamos diversos programas de afiliação ou
quando um artigo sobre FogBugz foi publicado na imprensa a melhoria no resultado operacional,
em todos os casos, foi ínfima.
Quando uma nova versão é liberada com funcionalidades adicionais, vemos um aumento
repentino, substancial, indiscutível e permanente no resultado operacional.
Se você está usando o termo “simplicidade” para definir um produto cujo o modelo intuitivo e
lógico do usuário está bastante próximo do modelo de programação, então teremos um produto
fácil de usar, isto é ótimo.
Se você está usando o termo “simplicidade” para definir um produto cujo desenho é simples e
tem uma excelente aparência visual, então estamos falando de estética, o mesmo termo que
(5)
define as roupas de “Ralph Lauren” como um produto para os "Southampton WASP ," então
isto é ótimo.

Estética minimalista está muito em evidência atualmente mas, se você pensa que simplicidade
significa redução de funcionalidades ou que o produto faça somente uma coisa, desde que bem
feita, então eu admiro e aplaudo a sua integridade, entretanto você não não irá muito longe com
um produto que deliberadamente deixa de fora funcionalidades e opções. Até o “iPod” tem um
(6) (7)
excelente jogo de paciência, o Ta-da List e suporta o RSS .

Bem, infelizmente tenho que parar por aqui, pois, vou trocar o meu celular por um novo que
inclui: banda larga para surfar na internet, email, acesso podcast e permite tocar MP3.

Sobre o autor: Sou seu anfitrião, Joel Spolsky, um desenvolvedor de software na cidade de
Nova Iorque. Desde 2000 escrevo sobre desenvolvimento de software, gerência, negócios e a
Internet neste sítio. Meu trabalho do dia-a-dia é a Fog Creek Software, que publica o FogBugz –
o software, de nome estúpido, para o acompanhamento de bugs e o Fog Creek Copilot – que
oferece a forma mais tranqüila de proporcionar suporte remoto via Internet, sem nenhuma
instalação ou configuração. No Brasil, você pode navegar nos meus sites em português Fog
Creek e Joel on software, além disso tenho uma parceria com a Olympya TI que suporta os
clientes brasileiros.

Veja também, aqui no scribd:

1 - Make Better Software

Make Better Software é um programa de seis semanas para o treinamento abrangente de equipe

software de qualquer tamanho.

Você vai aprender alguns conceitos chave de desenvolvimento de software, os mesmos que Joel

seu site, Joel on Software, e vê-lo em ação na Fog Creek Software, a empresa que ele criou em N
O curso é dividido em seis módulos e, cada módulo inclui:

• material impresso que deve ser lido com antecedência

• um DVD de uma hora para toda assistir junta (com legendas em Português)
• material de leitura adicional para as áreas em que se deseje um maior aprofundamento
• sugestões de tópicos para discussão com a
equipe

É uma excelente forma para equipes de desenvolvimento dominarem as técnicas que


fizeram a

Fog Creek obter sucesso

Veja mais detalhes em: http://www.scribd.com/doc/29112680/Make-Better-


Software-V1

2 - Gerencia de Projetos e outras Funcionallidades - FogBugz 7.0

O FogBugz, ferramenta WEB para gerencia de projetos, administração de bugs, planejamento por

evidencias e outras funcionalidades acaba de lançar a versão 7.0.

O FogBugz 7.0 é uma nova versão que é o resultado de dois anos de desenvolvimento.

Este documento descreve a multiplicidade de melhorias que fazem do FogBugz a ferramenta


definitiva

para o acompanhamento de projetos.

Novas Funcionalidades

• Subcasos: A implementação de subcasos no FogBugz lhe permite decompor seu


trabalho em
frações gerenciáveis.
• Planejamento Baseado em Evidências v2.0: O PBE 2.0 está baseado nos poderosos
algoritmos
de predição do PBE

• Gráficos de Consumo: O Gráfico de Consumo exibe a previsão de horas restantes para se a


um marco do projeto ao longo do tempo, fornecendo ao gerente do projeto uma boa noç

progresso global.

• Tags: permitem que os usuários atribuam palavras-chave pesquisáveis aos casos do


FogBugz e
Páginas do wiki.

• Exportar para o Excel: Veja sua lista de casos off-line usando a funcionalidade Exportar par
Excel, que se encontra sob o menu Mais na barra de ferramentas de filtro.

• Plugins do FogBugz: Os Plugins do FogBugz permitem que os administradores do site perso


e estendam o FogBugz adicionando-lhe novas funcionalidades, modificando seu comporta

e permitindo ao FogBugz integrar-se com outros aplicativos.Navegue e procure por Plugin

disponíveis na Galeria de Plugins do FogBugz.

• Workflow Personalizado: Por padrão, o FogBugz fornece um workflow intencionalmente


simples
para a solução e o fechamento de casos.

Fog Bugz 7.0, Veja mais informações e use o produto gratuítamente por 45 dias
visitando:

http://www.fogcreek.com.br/Fo
gBugz/

Veja este artigo completo e, outros a respeito de desenvolvimento de Software e gerencia de


projeto em:

http://www.scribd.com/groups/view/10541-desenvolvimento-e-gerencia-de-software

Sobre o Tradutor: Paulo R.C. Mattos é Engenheiro Eletrônico, fundador e CEO da OLYMPYA
TI, responsável, no Brasil, pela comercialização dos softwares da Fog Creek. Paulo atua em
Informática desde 1969, em posições técnicas e executivas. Fez carreira na IBM onde foi
Gerente da Fábrica e Diretor de Tecnologia. De 1992 a 2002 foi Presidente da PCI
OLYMPYA: Baseada no Rio de Janeiro a OLYMPYA foi fundada em 2000 por Paulo Mattos e
Paulo R.C Mattos. com foco no desenvolvimento de plataformas de jogos MMO (Massively
Multiplayer Online) Sports Strategy Games e em Consultoria em Tecnologia da Informação

(1) Bruxa de Blair: O maior e mais surpreendente sucesso do cinema apresenta a história de três estudantes que se embrenham
na floresta para fazer um documentário sobre estranhos acontecimentos que cercam a cidade de Burkittsville.

(2)37signal: empresa que tem feito um grande sucesso com as suas aplicações Web

(3)Ultra Nomad Jukebox : Equipamento que gravava e tocava musicas em mini HDs. Esta linha de produtos e as que são
oriundas dela são hoje conhecidas por “Creative Zen”

(4)Hummer : marca de veiculo esporte e utilitário produzido pela GM. O Hummer é um dos maiores carros deste tipo e,
consome bastante combustível.

(5)WASP: Membro da classe alta americana protestante e anglo saxão.

(6) Ta-da List: É uma ferramenta WEB da 37signal, bastante simples para fazer lista de atividades,

(7) RSS: sigla em ingles "Really Simple Syndication". RSS torna possivel que as pessoas mantenham-se atualizadas a respeito
dos seus sites favoridos, de uma maneira automatic, muito mais simples do que uma navegação através dos sites.

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