V CONGRESO NACIONAL DE w EXCELENCIA EM GESTAO 2, 3.@ 4 de Julho de 2009 ISSN 1984-9354 MEIO AMBIENTE X INDUSTRIA DE CERVEJA: UM ESTUDO DE CASO SOBRE PRATICAS AMBIENTAIS RESPONSAVEIS Marcio Silva Borges UFRRJ Silvestre Prado de Souza Neto UPRRI Resumo A teoria de buscar sustentabilidade ao negécio & integrada @ prética de se garantir 0 cumprimento do cuidado e respeito ao ambiente. O setor cervejeiro, no caso brasileiro, é um oligopélio diferenciado donrinado por um mimero reduzido de grandes empresas com cadeias produtivas muito fragmentadas e un setor que tem se internacionalizado rapidamente. No estado do Rio de Janeiro isto néwo é diferente. O objetivo geral deste trabalho foi avaliar priticas de responsabilidade social e ambiental de uma fabrica de cervejas na cidade do Rio de Janeiro. Alguns objetivos especificos destacados foram: definir os conceitos e a legislacao referente @ Responsabilidade Social, Meio Ambiente, Certificagéo Ambiental: efetuar uma anélise do que existe na prética industrial de gestto aonbiental na empresa estudada. Para tal, determinou-se um estudo de caso em que foi enpregado método de investigacdo Indutivo, Técnicas de Observacao Direta_Intensiva, Entrevistas Nao-padronizadas ¢ Questiondrios. Conclui-se que, a empresa pesquisada possui atuacao ambiental socialmente responsdvel. Entretanto, estes programas sao elaborados em raztio de aspectos econdmicos e legais, como o cumprimento da legislacao vigente e da reducdo de custos e/ou geracéto de receita. Palavras-chaves: Responsabilidade Social, Meio Ambiente, Certificagdo Ambientalveoocarssn waco oe \V CONGRESSO NACIONAL DE EXCELENCIA EM GESTAO Qvmnanea are 1. INTRODUCAO O setor cervejeiro, no caso brasileiro, € um oligopélio diferenciado dominado por um mimero reduzido de grandes empresas com cadeias produtivas muito fragmentadas € um setor que tem se internacionalizado rapidamente. No estado do Rio de Janeiro isto no é diferente. Nesse Estado esto baseadas quatro importantes indtistrias cervejeiras: AmBev, Itaipava, Schincariol e Kaiser. Atualmente as empresas tém evoluido no sentido de reconhecer que a sustentabilidade econémica nao é, por si s6, condicéo suficiente para a sua sustentabilidade global. Muitas empresas adotam uma postura na qual so encaradas como parte da natureza, integrando conscientemente a sua visio e operagdes nos ciclos naturais. Paralelamente, as empresas tendem a assumir cada vez mais 0 seu papel na sociedade, preocupando-se nao s6 com os acionistas, mas alargando o espectro de stakeholders, incluindo diversos atores socinis, tais como os funcionérios, a comunidade onde esto situadas, os clientes, os fornecedores e contratados, as organizagdes nao governamentais e o proprio governo. ‘A gestio corporativa niio pode estar preocupada apenas com os interesses dos acionistas. Hoje, 0 mercado e a sociedade requerem uma gest centrada em interesses e contribuigdes a um conjunto de partes direta ou indiretamente envolvidas e interessadas (clientes, fornecedores, comunidade etc). Esses grupos buscam a exceléncia através da qualidade nas relagdes e a sustentabilidade econdmica, social e ambiental. Os investimentos na propria empresa também so de suma importincia para a sobrevivéncia no mundo atual. ‘A questo de ser social, e ambientalmente responsavel, passa por algumas esferas a serem consideradas: a postura efetivamente responsdvel de algumas empresas, a atitude de outras que se utilizam do discurso social e ambiental para sugerir uma imagem corporativa positiva perante a sociedade e outras que somente cumprem as leis referentes a politica ambiental impostas pelas esferas do governo. Para investigar as priticas ambientais desenvolvidas no setor, este trabalho apresenta uma revisio bibliogrifica sobre o tema, com foco na evolucao dos conceitos de responsabilidade social, meio ambiente, sistema de gestto ambiental (SGA) e cettificagao ambiental. Em seguida ¢ mostrado um caso pritico discutindo os resultados e suas limitagdes.veoocarssn waco oe \V CONGRESSO NACIONAL DE EXCELENCIA EM GESTAO Qvmnanea are 1.1. OBJETIVOS © objetivo principal deste estudo é realizar uma anilise das préticas ambientais existentes na fibrica AmBev — Filial Nova Rio, situada na cidade do Rio de Janeiro. Como objetivos secundarios, buscou-se: © Conceituar Responsabilidade Social, Meio Ambiente, Sistema de Gestio Ambiental e Certificagio Ambiental, bem como as Leis ¢ Normas referentes a esses conceitos; © Apresentar os programas de Responsabilidade Social e Ambiental da fibrica de cerveja AmBev — Filial Nova Rio. 1.2. METODOLOGIA Esta pesquisa pode ser caracterizada, de acordo com 0 exposto por Vergara (2004), como sendo descritiva e quantitativa, pois se procura expor as caracteristicas do desempenho sécio- ambiental de uma organizagio com apoio de questiondtios e entrevistas Para Yin (2004) um estudo de caso permite uma investigagio que preserve as caracteristicas holisticas e significativas dos acontecimentos da vida real. A clara necessidade pelos estudos de caso surge do desejo de se compreender fenémenos sociais complexos. Adotou-se uma abordagem qualitativa a partir de duas frentes paralelas que se complementam mutuamente: de um lado, foi feita uma revisto bibliografica com vistas & busca de conceitos e ao estabelecimento de um referencial tedrico que sustentasse a andlise do caso. Paralelamente, fez-se uma investigagio empirica a partir do método de estudo de caso, onde foram abordados os itens definidos como praticas ambientais ¢ sociais. A organizacio pesquisada ¢ uma inctistria cervejeira. Com o objetivo de se identificar a populace dessa planta, foram efetuadas pesquisas bibliogrificas, consultas por telefone, correio eletrénico, pigina institucional na intemet e/ou visitas & fébrica. Por ser uma populagao ampla, uma fabrica com cerca de 2.200 funcionarios, a amostra foi estimada em 30 pessoas, onde todas foram entrevistadas.veoocarssn waco oe \V CONGRESSO NACIONAL DE EXCELENCIA EM GESTAO Qvmnanea are Para preparar as perguntas do questionirio e o roteiro basico da visita, foram realizados uma pesquisa documental na empresa AmBev e um levantamento bibliogrifico sobre responsabilidade social e ambiental, gestio ambiental e politicas piblicas. © questionirio foi testado, previamente, em um grupo composto por trés gerentes da fibrica. O resultado do teste revelou, com alguns ajustes, a adequagio do instrumento aos objetivos da pesquisa. Apés a validacao do instrumento, foram aplicados 50 questionarios, sendo enviados cinco por correio eletrénico: um para o gerente nacional de comunicagio extema (matriz), um para o gerente nacional de ambiente (matriz), um para o gerente de communicacio externa (fabrica), um para o supervisor de subprodutos (fabrica) e um para técnico ambiental (fabrica) e 45 outros entregues aos colaboradores da Area de vendas: 1 gerente de vendas, 4 supervisores de vendas e 40 vendedores. 2. REFERENCIAL TEORICO 2.1, RESPONSABILIDADE SOCIAL E TERMOS CONEXOS Para Schommer et al. (1999), a questio da responsabilidade social corporativa esta relacionada a “cidadania empresarial”, que é uma expresso utilizada por empresas privadas para denominar um conjunto de programas sociais adotados. Alguns fatores teriam levado a este momento de profundas transformagdes em relacdo aos papéis desempenhados pelas instituicoes, em primeiro lugar, a crise do Welfare State com o fim dos “anos dourados” da década de 1970, 0 agravamento dos problemas econémicos a ascensko de governos neoliberais nos paises centrais a partir dos anos 1980. A forma encontrada para eliminar a crise disseminada pelo neoliberalismo foi a redugio das fungdes estatais, a diminuigdo do tamanho do Estado, 0 equilibrio das contas piiblicas e a redueao dos gastos sociais, No Brasil, Fischer (2002) relata os indicios de uma mudanga empresarial na virada da década de 1980 para 1990, quando as empresas comecam a se diferenciar por estabelecerem politicas de preservacio do meio ambiente e renovacao dos recursos naturais; e por criarem servigos de atendimento ao cliente e cédigos de respeito aos direitos do cousumidor. A sensibilizagdo com os problemas de exclustio social e as iniciativas de apoiar ages voltadas paraveoocarssn waco oe \V CONGRESSO NACIONAL DE EXCELENCIA EM GESTAO Qvmnanea are a redugio dos déficits comegam a surgir um pouco mais tarde, a partir da segunda metade dos anos 1990. Em segundo lugar, ha um acelerado e gigantesco proceso de concentrasao de capitais, Bes, a com a formacio de mega-corporagdes mundiais numa onda recente de fusdes e aqui intensificag2o das relagdes comerciais entre os paises e a instalagio de empresas multinacionais por todas as partes, dentro da chamada globalizacao. FE a hegemonia do mercado que passa a ter crescente influéncia na definicao do rumo dos paises. E, ainda, a era do conhecimento e da informacao proporcionada por grandes avancos tecnolégicos. De acordo com a definigao de Responsabilidade Social Corporativa, D’ Ambrésio (1998) afirma que: “A responsabilidade social de uma empresa consiste na sua decisao de participar mais diretamente das ages comunitirias na regio em que esta presente € minorar possiveis . outubro- 2007 BORGES, M. Gestio socioambiental: um estudo de caso sobre a adocio dos residuos cervejeiros na pecuaria fluminense. Dissertacao defendida e aprovada no curso de Mestrado em Gestiio em Negécios — UFRRJ, fevereiro de 2009. Seropédica. BRASIL. Constituigio: Republica Federativa do Brasil. art. 225, 1°, IV. Niteroi: Imprensa Oficial, 1988. CARRION, R. M. Discurso ¢ Praticas em Responsabilidade Social: analise das praticas de gestio das relagdes de trabalho em empresas filiadas ao Instituto Ethos e signatirias do Global Compact, no Rio Grande do Sul. Projeto de Pesquisa. Porto Alegre: NIPETS/PPGA/UFRGS, 2003. . D’AMBROSIO, D: MELLO. P. C. A responsabilidade que da retorno social. Gazeta Mercantil, Sao Paulo, p. c-8, em 10 de novembro de 1998. FISCHER, Rosa Maria. O desafio da colaboracio: priticas de responsabilidade social entre empresas ¢ terceiro setor. Sao Paulo: Editora Gente, 2002 FROES, César ¢ NETO, Francisco Paulo de Melo. Responsabilidade Social & Cidadania Empresarial. Rio de Janeiro, Qualitymark Editora Ltda, 2001. GIL, A. C.. Como elaborar projetos de pesquisa. 4°. Sao Paulo: Atlas, 2002. 18weowcarsmo won \V CONGRESSO NACIONAL DE EXCELENCIA EM GESTAO Qvmnanea vane oe GRAYSON, D.; HODGES, A. Compromisso social e gestio empresarial. Sao Paulo: Publifolha, 2002 KEELER, D. Responsabilidade social corporativa — RSC. Ja nao € mais um caso fundamentado em instinto. Trata-se de uma exigéncia do negocio. Relacdes com os Investidores, Sto Paulo, a. 53, p. 17-20, julho de 2002. LA ROVERE, E. L(Coord), Manual de auditoria ambiental. 2, ed. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2001. SCHOMMER, P. C. Investimento Social nas Empresas: cooperaco orgenizacional num espaco compartilhiado. In: FISCHER, T (org.). Gestio do Desenvolvimento ¢ Poderes Locais: marcos teéricos e avaliacao. Salvador: Casa da Qualidade, 2000. p. 91-109. TORRES, Ciro. Responsabilidade sociale —_transparéneia. —Disponivel_ em http://www balancosocial.org.br> Acesso em 20 Fev 2007, VERGARA, S. Projetos ¢ relatérios de pesquisa em administracio. 5°. ed. Sao Paulo: Atlas, p. 11-12, 2004. ‘YIN, R. Estudo de Caso: Planejamento e Métodos. 3°. Ed. Sao Paulo: Bookman, 2004. 19