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OCCT O JEITINHO BRASILEIRO * Oa Ed ue APRESENTACAO A EDICAO DE 2005 LIVIA BARBOSA 0 JEITINHO BRASILEIRO * ARTE DE SER MAIS IGUAL DO QUE 0S OUTROS Em 1986, quando obtiveo grau de doutorem antropologiaso- ‘ial no PPGAS/Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janciro coma teseO jitinho brasileiro, um estudo da identi- dade nacional, nunca havia imaginado public-La em livro. Seis PRErActo DE ROBERTO DAMATTA sos depois, em 1992, soba insiténcia de meu amigo, José Au- gusto Drummond, esolvi“redescobri-la” na prateleira da estan- te onde ficara por tanto tempo ¢ dispus-me a publici-la Certamente é um motivo de saisfagio eorgulho, eze anos depois, 10 edig6es e milhares de livros vendidos, estar tendo a ‘oportunidade de eserever uma nova apresentasio para orelan- Gamento dolivro em que ate se ransformou, principalmente, se considerarmos o seu cardter aeadémico, Entretanto, para além da minha satsfagio ¢ orgulho como sutora, minha condicao de observadors peemzanente da cena na cional tem me levado a acompanhar a traje6ria do “jitinho” ‘mesmo depois do sea aparecimento em livro, obrigando-me a ‘um permanente processo de avaliagio das minhasinterpretagbes scibre 0 Brasil edo pr6prio “etinho" Esta avaliagSo critica me aurorizaadizer queaquilo quepropuse desenhei como interpre= ‘ago para o “eitinho” ha quase 20 anos continua valendo para ‘os dias aruas, Se, feliz on infelizmente, minhas reses se msra= zam yerdadeirasé ma outta discustio, c,certamente,aquinioé oo lugar adequado para teavé-la ‘A quantidade de material que continua aparecendo na im- ‘prensa eno discurso das pessoas sobre “jeitinho™, tanto como mecanismo de navegacio social quanto elemento da identidade nacional, vem eafirmar a sua centralidade para oentendimento da sociedade brasileira. Ein pesquisas feitas casualmente por mim em jornais e revistas depoie da década de 1980 até 08 diss atuais, coletei material que relaciona o ‘jeitinho” com uma ‘quantidade imensa de temas que vio desde técnicas de sobre véncia na crise econdmica até assédio sexual, pasando por es- tratagemes para trar carteira no Detran, conseguir ingressos para shows quando nao se tem cintcito, fazer 0 bondinte de tama favela volta a faneionar, pelos eiinhos da familia Trapp tna década de 1970 e, por incrvel que pareca, por transformar palavido em algo carinhoso, As matérias pesquisadas nio se s- igotam nessalist, falta ainda falar do jitinho brasileiro, algo que| ‘qualifca o nosso modo de ser. Ese também érelacionado a nos- 1 ctiatividade e inventividade nas telecomunicagées, 2 nossa smiscura de ragas que continua, simultaneamente, brega mas chi= ‘que, ao nosso talento tnico de saber dar vm eit, a infindaveis dliscussbes sobre seo “jetinho” € positivo ounegativo ese 0 Bra- sil tem ou néo tem jeito. Ou seja, 0 “jeitinho” continua sendo aquele ponto nodal em uma rede de sigiticados que nos reme~ tem para osteatégias de como se lidar com o fiuxo da vida cotidi- ana que nés, brasileiros, qualifcames em certas circunstncias ‘como positivas ou negativas, ou soja, aquelas siruagées que nos deixam orgulhosos e 20 mesmo tempo zangados com 0 nosso pals ona Poderiamas dizer que esta centralidade é uma criacio da mi- dia, quena falta de melhores temas, ela teima em colocar emir ‘clagdo formas tradicionas ereceitas ideologicas que nao mais expressam © que somos como saciedade e nacio. Entresanto, por mais verdade que essa discusséo possa conter acerca dos me- «anisms ce construgzo da noticia pelos meios de comunicago, 6 fat 6 que se cles no gerassem um minimo de interesse e mio fossem significarivos paraquemoslé, certamentendo estar i com tanta freqiéneia. Afipal de contas, todos sabemos que wf os critériosbasicos a construgto da noriciaéque algo seja co siderado importante cinteressante no contexte daquela de, Um slime detalhe, sempee esquecido pelos ariculadores| desta visio: os jornalistas também ado brasileiros ¢, portanto, tenbalham com hierarquias de valores ¢ exquemas classificats- riosse nde iguais pelo menos semelhantesaos da maioria de seus letores sa centrlidade do uso do “iitinho” para nos defini, tal ‘somo oxprossa através da midia, também pode sor enconteada fora dla. Em uma pesquisa que realizei entre jovens universits- riosne Rio de Jancito eer Pernambuco sobre aquestio da iden- ridade nacional, pei que eles escrevesser 0 Basile ox bras os para estrangcirose braileros. O jetinho aparecew natucal- frente, sem ser estimulado. F apareceu sob a forma como 0 des- revi no meu lio, canto postivaments no ventido de expeedsar ossas partculaeidades come povo, quanto numa forma poco sandnica de se lidar com as lei eas aormas, Quando ojitinko é ‘ontextualizado ao dmbito dat relogdes interpessoais sua inter- pretacio é, via de regra, postiva. Quando ele surge mas discus- ‘es cobre nossa instituigbes, sia qualficagio énegativs. Qaan- do € descrito para esirangeiros surge com uma roupagem alegre ‘criaiva, quando & escrito para brasilsirosaparoce como nepa- vivo e prejudicial 20 Brasil Asim, cabe perguntarmos o porqué de ele xe manter tio pre- sentee vigoreso nas nossasexplicagbes sobre nds mesmo, ainda tnais quando durante anos as pessoas ¢ diferentes autores se in- ddagavam sobre o sea futuro, que parecia incecto soba avalanche de mudaneas pelas quais passavam o mundo ¢o Brasil. Quantas ‘yezes nao me pergantaram, como se eu tvesse, por té-lo ertada- xO JEITINHO BRASILEIRO do, aatoriada a responder: “Anal, ojitinho va ou ni vai de Saparecer?” Parece que aresposa ext af. Mesmo em tempos de Blobalizagio « pds moderidade, nos quis identidades ou se tornaram fifas ou fragments como querem alguns, ov ho- ‘mogéneas e pasteurzadas como querer outros, 0 “tino”, como prtica€ representag0, continua expressando contin dadere permanéncias qu reconhecemos come “nore, bea lecas Um outro aspecto que observe neste periodo em que stuei como una “brasileira obvervante” € posi em que s€ encom tra jeitinho, cada ver mas primo da conrupo. Na tese que desenvolviem ez de defini o jet de una fora subsea fa, como outros autores fizeram, afrmei que ele pertence a familia do fonBmen impsio. Amelhor orma deenten im continaum, no qual no plo posite enconta-s o for, n0 negaivo, a eorrupgto e na posigfo intermedia, ojetinho. A medida que os excindalos politicos se avolumar ciante da soce: dade brasileira, mais freqeatementeo jitinbo ¢ identificado ‘om acocrupgéo ou pelomenos como uma face da mesma, Mas, 4 divida permanece, pois ss perguntas mais comstanes gue me fexemsio: “0 jetinhae compan” “O hessieira core?” (0 queessadividailastra€primeiro,aimportincia do contexto no emtendimento dos significados das categorias somo afiemou MarsballSahlins,em seuliveoIhasde Histri,¢ eeciso entender o jeitinko como uma forma de manipalagi0 das caregoias clturais de que dispomnos: “esquemas cultursis sto ordenados historicamence porque, em maior oa menor 724, 08 sgniicados sio reavaiados quando cealizades nape tica”(1990:7).E preciso termos em mcate as palavrasde Mars- hallSablins quando utiza o termo mitoprasis (1990), poisdis- positives como 0“jeiinko" contémparte do etogue de resp tas “loeais” que a sociedade foi capar de formular para dat com problernasglobais cuniversais que Ihe foram impostos. Se hoje a proximidade maior do jetinho & com a cornupgao, isso postu Sedan de 200 aa dcconrejastameate do contest histérisoem que vivemes. Ese tzindo, esa proximidade que pode nto ser eterna, pode sinifi- ‘ar neste momento a importincia que tem para ns n03 defini mos e ao pat em que vivemos sb certs paradigms. Ewa constatagio da contraidade dot sional para 6 nows pensamento inteecual ‘io de que 0 Bras € um pafssem identidade ox com uma ident “thdeainds em formacio, Fmbora ex confese no entender o que slgunsimteloctuis queter dizer com iso, na medida emqu toda qualquer idencidade encootrase et io que me render’ wu 3 nue os psicanalists que recentemente colocaram © Beal 0 iva, Ox brasleios a0 conteirio, en afro, atibuem 4 questo crite uma centalidade que poucasnagées arbuem. Néo ae no tenhamosidenidade, mas porque 4 ariculamos com realdade a nossa voles de forme distin, Etamos sempre em eeendendo uma permanente viagem de autodescobertaeesrut io sobre o gue somes e por qué 0 somos aeada novo acontec mento, porque novamente, como diia Marshal Sains esamos sempee empreendendo uma reavaliagio funcional do sistema © ths caregoris cultura. O goremo encontra-se mergulhado em conrupgio, deimediato perguntamos: O brsleico& compo? O ioverno se mostra incompetent lev ex esponder a determi fdas stuages, logo indagamos: O bral ¢ pasivo? Ayrton ana morte eum acideate em fmol, no dia imediato um mi histo de Esta aparece nas manchetes deforma, questionando: Quetenios ser Ayrton Senna ou Macunaioa?” és, braskiros, 0 pelomenos alt brasileira, vive se problematizandose acti ‘que acontee a nosso redor, acontece peo ato de estar acorren- ido no Brasil e por ser feto por baskeis, Ou sea, relacionamos tudo todos a uma imaginada“brasilidade” em: estado de perma hentereformulagdo, Os Estados Unidos, aInglaterta a Franca, te nosios outros preerencais e pardmetros de Primo Mundo, poscose questionam sobteo queso. Osaconzeimentos, 30 con tno do que ocorte entre nés, S80 isolados da identidadenacio- pal do ser nomen, do ser fans oul iat do eee Kets ningue se engin so again sedate tna se com ito de eter oeoreend noe Rats [ilies ncmaro aor emencanos en ncempeens O to fatnpera da dente naconelerionado 8 aminst- (ge tlcicnsmenme tempo cn guesoge fora condetades fhe heres que evan Buea siwagio. O eo set com or rancoesem elagioan epson do grandee {Eto dosonge contamina eqs utrdades no mare eekiiteenitacme tempo, den qu un gandentine todo ose canis, Dts ee os Togs Re ce coi de alto Mas parece qe sarees rc ed ida acerca da origem do fato ¢ classificaram © re can craps cinconpetincde un nnseoe dum {tauren conn ofa deter ocd na Frage de ery wren po rancus. Cerone, See V8 Soins Bra cos charade ion etorar ‘Sian demos ngens pars acts spot fe harris nin xtesponsivlyenoracertement no a kesemreinios pa fogs dec oxi Se ecmpln aon os salam para terns formas Sse de sentidaes equi obec Kia din thease de npn ealeionar 9 seu condo —0 32 1 Dandoconsar dea Una sera mat “quent elen iceuneneatcoditoainando rod equlqut sone sare neat Outs soedeceiam ics ais“ Bet darncaran a dendade do qu oaee noc da via Seti Cicodan, comirindoss part de dnensiese ora Weal : onqalosigpfcado doscierenecontiosque esas ic pram? seria uns long dacs ser arene pm otro vo, Msgs sues ato de gulch pode se inten A pea eertamentet ves gor com, recirmara que o Bra ao tem denade Irie eon verse queonando sobre oque€ OTs sovcertagn 4 aco de 2008 pouerialevanrara questo de que a elite brasileira € quem cons. (dia nossa identidade desta maneiea, devido aun sentimento de inerioridade em face dos pases de Primero Mundo, Numa posiglo contrdria, poderiamos, também, sugerir que a forma brasileira de conscrui a identade sinalizaria para uma postaca \Jeintensa auto-reflexividade, sempre disposta aincorporar et: rar do fuxo dos acomtecimentos novos elementos para a socie- dade pensar sobre simesma, em am exerecio constant de auto conhecimento. Um processo inverso do que aconteceria nas so cedades do Primo Mundo que se de um lado passer ident \dades bem estabelecidas, por outro ignoram o que acontece 20 seu cedor, parlisadas numa daterminada imagem que no eal tera, mesmo que o mundo eta desabancl a seu redor. Os ie mos acontecimentos na Franca no sio da responsabilidade ape. rns dos governes, mas da forma como a Franga € os franceses vem lidando coma questio da imigragio no pais eso tom rela- 0 com aidemtidade francesa, Como Yemes sio miltplase po- lernicas as possibiidades e n0 me deterei mais nelas,embora éoasidere a questio fascinante, Existe ainda um iitimo ponto que gostaria de mencionst, Fle di respito a forma coma mina interpretagio sobre ojei- vinho fot apropriada de maneira geral pelas pessoas que erat o livro. Bascio-me nos retornos de letores que recebi, das reaghes 4 palestras que fiz fago, bem como dos mails que ainda rece bo, Esta apropriagao reforga toda a discussdo anterior sobne a centraidade do tema, Emborao titulo do ivroremeta oleitor ditetamente a0 Jet ho Brasleieo, 0 se subtitulo, “A Aree de see mas igual do que ‘os outros”, nos eavia para uma discussio preliminar sobre cow: tevdo simbolico da igualdade na sociedade brasileira, Tema fondamental para qualquer discuss acerca das moderna «contemporineas e que continua exercendo sobre mim um fondo fasefaio intelectual. Enrretanto, apesst do ctescente material etnagrifico que vejo crescer a minha volta e que corrobora a teseaventada por vl 0 JELTINNO BRASILEIRO ‘mimacerea do conteido da igualdade eda iberdade no Brasil, 0 fascinio sobre 0 etinho © a sua mecinia foi sempre maior do aque sobre as suas posveisimplcacées para moderidade bra- sileira. Muitas pessoas 2 aproximavam ese aproximam de mim perguntando see ensino no livo “a dar um jeitinho”. Repérte- res pediam e podem exemples de jeitinbos. Como ao me algo auorizada para contesar 0 que 6 letorjulga on no relevante rnaguilo que ele I, tenho que me render entender aelevancia aque eleatrbutaeste mecanismo, Mas, por outro lado, no seria camesma sno quiseseretomat, mesmo que brevernentya ese da igaldade. © que afirmo nesta tee é que em primeiro lugar 0 ictinho é um mecanismo que tansforme individuos em pessoas, etcorando-se em um discurso de igualdade entre o seres bum. nose na capacidad de eles se colocarem no lugar dos outs. Em segundo lugar, afro que a igualdade éo ateibuto do indvidua- lismo mais enfaiaado simbolicamente pela sociedade brasicira. E, em erceir gar afirmo que acoacepgéo bears de igual de € de igualdade substantiva predominantemente, em rlagd0 a outros pes como, por exemplo, iguakiade de oporunidade Posceriormente,desenvol alguns destes pontosem um out li ro; gvaldade ¢ Mertoeracia, peblicaco em 1999, e hoje jest hasta quart edigfo. Maso que quero refietiraqu’ € que essa - fave simbSlca na igualdade substantiva, talvezseja uma forma brasileira de incliro outro tripé da modernade, sobre o qa alifsningaém nunca fala ox pelo menos até muito recentemente nose disuti: qual ea, afaternidade easoliariedade. Naar- frumentagio elisica do jitinho 0 que se invoca 6, metaforica- ‘mente, que uma nto a4 oaceaeambas o roto. Ouseja, 1m ‘Acs poucos, entretanto, percebi que a causa fundamental da minha perplexidade incial era a compreenizo de que 040 a4 qualquer outro tipo de negativa, no Brasil, 50 sgnificava o ave semancicamente pretend denotat, Mais simplesmente, desco- bri que ondo nfo erao limite. Da mesma forma que alia nor mae aconsttuigao também nde implicam arreiras definitivase imrevogiveis para o comportamento ¢ o deseo das pessoas. ‘Anosmais tarde, descobri que um dos nossos mais populares cronista, Carlos Eduardo Novaes, nama crénica intitulada “A TTeavesia Americana’, atribufa, de forma implicita, 0 mesmo sentido quecriginalmentshavia me despertado aatensée. Ono ddo guard americano era definitivo, caegrico e icrecorcvel. O suo do guarés beasleco, como relembeaci 9 cronista com sat ddades, poderia sex tambérn talvexc, com alum “pape”, certa- ‘Maitos outros exemplos do mesino tcor podetiam ser dados para ilustraresanossa “complexs” relagzo como 130, ej este de {que forma foe. Mas, em nenhum dominio, encontrarfamos mate rial mais farto do que na nessa movimentaca vida poltia, na qual, dariamente, "laos" novor exo surgindo © modifcando 0 curso de dererminad acontecimenco, de forma surpeeen dente, Além de rodo esse “tabor de aventira”, que impregna 0 nos so cotidiano e que por ssc’ me pareasinstigant, um outro fator fei fundamental ns mika eicolha do jeitinko como objeto de pesquisa: minha longa permanéncia no exterior. E impossvel & todos que tivecam essa experiéncia o sabem, vivendo-se ou co- Inhecendo oatra cultura, por um razosvel espaco de tempo, nde nos apercebermos das difeengas no tam emocional dos amtbien- ta visio de mundo, aos ritmos dos acontecimentos das pessoas, nas reagoes diante de certs fatos como morte, lito, huscimcaro, prncipalmente quando estes ocorrem em contex- ws instirucionais semelhantes a0s nossos de orien. Aconteci- Inentoscorriqueros, como festas, cuamentos te, de extratura, “oganiagaoe objeriva semelharres on mesmo ignais 20s nasses, presenta ur “lima”, ne falta do termo mais técnico inteirs mente diferente. Esse clima no € percebido nem tradazivel em ormos cognitivos, masé apreendido, aferivamente, nas relagéos fire as pessoas © requer um esforgo sistematico, do ponto de Wot intelectual, para ser raduatvel numa lingusgern aproxima, shameace ciensfica que abraespaco a discusses menosimpressi Essasdimensdesvaloraivas de que se revestem todos sat A via social, ese aspecto fluico que escapade rigidas andl de modelos ¢ que imprime toda a espevificdade do fendmeno socal foi, stament, © que mais me mobilizou na minha expe- rifncia fora do Brasil A distincia nos permite dar real a dete thes que antes pastaram despercebidos e nos forea a uma auto- Iuflexio que gera, fatalmente, uma nova concepzio de nés mes Injose do objeto que desencadeou nossa analise. Quando compa- tava a eealidade brasileira com a norte-americana ¢ a bela, a8 Uuas sociedades nas quai viv, era impossivel far nesta a dae los puremente naméricos como nivel de desenvolvimento, pa Ado de vida, renda per capita, PIB, PNB etc. para explicar as di- fecengas, Por outro lado, atribuirdhistriae cultura, simples- mente, rodas as manifesagies que 0 modelo econdmico nso ‘consoguia explicar também aio resolv o probleme. Era neces siniowdentifcar de que tipo eram ess diferengas, em que nivel seenconteavam ¢ 9 que sghificavam. E ¢ justamente neste grat sla comparago eda indagasio que ojeitino se inseria com per Feigao. Quando crasolictada a desrover o Beale brasileiro 0 ‘que dizer? Falar do Bail ofcl ou do ofciowa? © pats dosab- deseavolvrente, acids extras, co milagre dos 70, das {inasmucearese de nipuéo meso do tinho, dogo dob ho, dis dtcanser sobre a ecaan de samba que comecam 0 lvorecer do segundo semestee 56 terinam depais do Caraae ‘il ede vari outros aspestos que jamais suger, quando def ime ofciaimente o nosco pals ¢o nosso modo de ser, Pars ore amercanos e helgas ext aspects pareeram simples ‘mente imposes de ser cocliads dentro de umn mest fro inition Por tee lac, pact 5s brits, todos estes sepecton,¢ jnso& mais arpreendent sada, ovine como resis de cs ‘eanuras econdacasubdeseavelvda,fadadasextingio,2 me ida que avangamos em noses conguistasecondmicas poli: ‘3,08 como fatos qe 6 marcam pretenge no domino do “il lore” ou da propaganda oficial, Fondnenes como “neposi- smo", empregusin et, endémicos em nowy universo socal Sem qu com esta afiemacto vi qulqperintensio moralizane ‘Ho percebidesapenat como cvosindiiduais astrem corrgidot jnicslmente ou como consegiéacias pecverss de wm modelo politic erade ase odiears de adangs deve denurciae: Nox Ss descrigGe oficiis do Brsl eda rosa dena so re smalment feiss dentro dem dseuso police cecondmico que presenta uma reldade oficial univoca, pois permite se Alescricdo universizante, descolaa das staaées sexsis com ‘et Jesamente quel ie nprimem 2 xpecfcks 205 {ater eos lngate «pormitem que pasercom PBs, NBS, RFCs, cceriras de clawe ¢ partidos polices semeltantes consign ter reaidades soca inczameate diferentes ssasabservagies no cont qualque read anise pot ‘ica ov econtmica dareaidase ov abedade policoparndana que vie aera do eval tatu quo Ease rlacions ists, umdetersin po de disutso, vento privat ou excla ‘vo dosecenomiseson ds cients elltcos, de tepresetar ile ovbraileiros apenas por meio do aoiso desempenho nos proesses. Allis eta 10 & ums tendBacia resent, ina com a fse “iecnetaa” ps-1964, como a mioia das area em gosta defer cer, Te fists am breve balango das mplas interprets desu o Brasil tem so elvo, verfieareros que podemser ag Joa em dois ips: aguas que procararam eprocuramexpli- ‘blo, exchssrament, a partir de sun estrurraecondmics, pole Wer (¢,n0 inkiodo scale, acl), privilepiando, neste ease, o¢ Insropresssion, ¢ aqueas que procararam vile a partir dh ‘ompreenso de suas caractersicas “cultura, As do princi ‘ipo predominaram na inicio do scala até meados de 1930 e, ‘pos, rssigiamemtorne da décacade 194 Asdosegundo vera ae pero durso na dada de 1980, decaparecond> ‘ue que completamente até meados de 1970, Olviameate, Jutnine uma dvisioestnque erigida,masbaseada ema. 10 que podemoe serict, «parti dessas distingies, € que, ‘qusnde ans iterprottvn procurva sexpieagio do Bra for tncio ve seus proceaos politics ecosdmics, de sua “in fimeserara”, aoe volevam-s aes i enjunt instcio- fal brace, para aidensfcario ca presen on ausencia de thterninadosclementere paras qualifcac de ipo derelcio- fmenio entre as ferent’ “cases” eglupos soci extrarara fev, relagces de trabalho pré-apialsas, reagbes de domi- Inicia ete, Quando, por outro le, ease procaraena expe ‘go do Beal por meio de sua “euleura”, 0 ques pile frams"usose costumes? do pore brake, an extruturafi- Hae su religisidade ev. as peruntas bisicas volaranse ors #compreensso dopa pc melo das snagaes socks can- (eta, Aor o par do inerpretacSo sempre se relsionaesm finds fazom de forma excudeness0 que um pvp justa- mente 0 que o outro exci. (Quando a vise “estrurael”predomina,o falar adquire cer a donsidadevcomplesidade, Osspito da andlise a socedale beuileimec objesivo central étonaridentifcaras aus cond smicase polticaresponsiveis por nose aual statusquo. Opov0 brasileiro e sna visio de munda cificlmente sin tratados coma agentes atuantes ne nossa formagio social. Normalmente, 0 ilies nas divistes de classes soca que inicam, sob um pon ‘to de wats excisivamenteecondmico ® politico, quai dlse sempenham pape ativo tt existéacia das disorgSes € quis sia os dag mesmsas. Ae stages socks coneretas, © conkinto bios e costumes, as ideas os valores predominantespet- 0 seu status de indicadores de aspects mats profundos da dade. S20 tatados como expressio de dstorgbesestrat sas mais profundas, mas, “flizmente", ondenadas a0 desapa~ reeimento ou a transformacoes radicals ssa forma de perceber ‘Brasil aZo é exclusiva de ume postura politica determinsds, as de ods os que esposam a interpretacdo de nosso pats por meio, exclasivamente, dos grandes process soci. ‘Acuna inka deinterpretaxao vola-s para a expieagio do asi pela compreensio dos elementos considerados deter ‘minantes da formagio histérca «cultural. Dai sun énfase costumes, naconipreensio eno estudode insiuiges come sf nila ¢aigreja ena vilizagio de stuagdes socinsconeretas como dados Por outro lado,o conjunto institucional, ccondimicoepo- Iitica, embora referido e consderado, perde a candigao de de terminante do modo de vida da sociedad brasileira, Na verde de, grande parte dessa produgio intelectual # uma tentativa de fazer uma histeia socal do Bras, problemstica que, 26 muito recentemente, proocups os historiadores brasiliros, como lus ira serie de trabalhos roves ness area. Alm desasdiferengas no tipo de dado utilizados nas per- guna formulads pelos estudiosos ena idemuificacio das caus na interpretagio final da sociedade brasileira, sentidas por’ ‘qualquer interessado em ler as obras desies autores, us outa disting2o merece ser assinalada. Fnguanto ext ulna vertente interpretativa constraia, por meio de san andlise, uma idenida- de social postva, a outra deservolviacaramente uma identi de social negaivz. Esasdierencas podem see peteebidat 9 V0- cabulcio wilizado em tom intmist,otimista e enfsta das pri imeiras, em flagrant contraste com as segundasescritas, em o- cabuldto mais dens tenico ¢ de crescente complexidade no tocante Bs ends econdmices. Embora esa possa ser uma dite renciag irrelevant para alguns, Yarns veifcar que se repete fem diferentes tipos de dissarso sobre a sociedade brasileira, & prttr do angulo pelo qual a pesioa considera importante a dei rigéo do que €0 Brasil e do que sip os braileiros ‘Como sees paralclismo entre uma eoutra vertente na in ‘erpretacio do Brasil nfo fosse sufiiente apropriagio que am: bhassofteram por parte de algan sete: daimelecmaliade bra sileira determinou maior aprofundamento dessos diferengas aque necescriamente nao seriam excludentes, mas, cave, até tncsmo complementater A partir da déeada de 1980, quando a ldenrifcagio das causas do subdeseavolvimento brasilsito 3¢ torna priorititia dentro dos exquemas analitcns utlizados no Brasil, todas ax obras da vertente “caltualista” ou “familia” wiilizando uma clssificagao de DaMatta (1985), passaram a ser ‘preendidas partir do um eixo progressista e no-progressists Se,iniialmente, no momento em que foram publicadas (cada de 1930), foram revoluconsrias a0 destronarem os prandes e ‘quemasracais na compreensio do Brasil, mareando, de forma indelével, toda una geracto de intelectais braieios, como bem nos indice Antonio Cindido na sua “ntrodugio” de Rees a Prasil (1973), posteriomente terminaram por ser analsadss nas’ vz do posigho politica de seus atorese deseu backgrownd social do que propriamente pelas coneribaigdes que procuram tnaver 4 compreensio dasocedade brasileira, Alguts techos c- bre Gilkereo Freyre, um dos oxpoentes da vertente “culurais: 0 istrativos do gue acabamos de dizer: na abordagei ssi permite, dosde logo, visas em set compurtarent nla, que tans sc adem il 0, postin enrigament seal eecnmicc as express de cam eaneato dominant, bora em ere. Caregs consgo am cto seni de mand, as marcas da dsingioe do presto, ‘sla senhorial do mando siaviada senss peas condigs ger devid ceidas ra eteira dae tranaformagesovbine plies. foco a cise de 1930. (Mota, 1977, p54) ‘quancorna piblica. Esse €um aspectosistematicamense esqueci= {Jo p0e todos os criticos dessa linha interpretativa. Por exern- flo, no caso de Gilberto Freyre, a srama de relacionamentos Jssoaise vexuais que se estabeleciam entre senhores e esera- ‘os, chiresinhazinhas suas mucamas, fi significativa para ea Ignider as elagdes entre pretese brancos em outros dominios e fm outros comextosalém da monecultura do agcear, Mais do ve apontarrelagses de subordinaci e exploracio, essesauto- fs procararam identifica as diversas formas que esses toma- i Mais de que eausasaconsinicase politica, huscavam co- hececo sistema de valores implicitos nas priticassocais des- fs dominios. Alem diss, levantaram questbes que até boje ‘gontinuam ain ip relagbes pestoais na estruturagio da sociedade brasleir (DaMaeta, 1979) Portanto, argumentar que essas obras erain impression se carentet de fandamentos empiricos pode, até certo pom fo, indicer ama deficigncia delas mas revela mais a posicio etodolégica de seus crticos. Por que seriam os retraros das (Ormesrio movimento que o leva gortar dae goibada das tin dos babados da prima Fulanao eva gostoramente «uma des ‘acta patriarcl, em que et, ec. Como vé Mario Neme, a es tum caso em que mérodo cultural caregaSgua para o monjal ‘da saga, (Antonio Cindido, Gedo ert Mots, 1977, p. 131) Parece-me que ese tipo de eritca, que tem seu haga de er; se queremos realizar uma andlise de campo intelectal do ator, toe formalde elagoe. A let magna da ngarerramuna fe crite anorte-amcricana rentringese apenas alga pie Tors os latinos drei 6m item aprotic font de rolagtes. As constituigbes sie normativas e regulamentare, ctiando um descompasso entre a norma ¢ 0 comportamento, dessa feta, uma permanente tens institucional. Assim, o des. ‘eumprimento da kei € uma condigio de sobrevivéncia do indivi duo e de preservagao do corpo tocial sem um atrito constante, ‘A erccira causa estaia circunserita 4 atinnderelgioes, Nos paties latinos, onde predomina a religiio catSlica, o dogma ¢r ido © intolerance. E se, 2 longo praze, o catoliismo tem de- ‘monstrado surpreendents plasticidade paca se adaptat 3 evel ‘do dos povose das instinagbes, acurto praza, segundo o ator, pode gerar intolevel tens insticueional qucy ni Fosse a v vyula de escape do jefinho, arriscariaa pertarbaro funcionsmen- 1 da sociedade. Por outro lado, procestantismo nasceu sab o signo de revi sionismo, possuidor de uma moral utlitéria e complacente. Por tanto, quando asituacio oexige, modifica a-normaséticas, Cita ‘como exemplo dessa moral uiliticia a nova interpretagio que Calvino deu 20 ro era relagan 3 concepsio aristotlica e aquinia ‘na do mesmo, O protestantismo procurou evita a tensio social mediante frontal modificagto das normas éieas ao invés dere correr a0 institute da ito, E, como conclusdo, Roberto Campos recanhece que hi ral: 28 sociolgicas mai profuandas; mas que, seampurtada “essa ns tutuigia paralegal, dado ac ireslient de nossas formulacées le gis, atensdo socal poderia lear-nosa duas exiremas posigoes: ‘da sociedade paraitice, por obediente, ea dasociedade explocva, elo descompasso entre a lei, 0 costme o 0 fo. “Di, mice’ conclu a essoncialidade do jet, evancdo em conta que se trata deur ensaio paca o qua se ‘gundo afirmagio do autor, nenhuma pesquisa fo. realizada, no deixa de ser um texto estimolante e arguto, na medida em que ‘toca problemas, conforme veremos, recorrents cas todas a and- lives do jeninho. Eniretanco, gostaria de fazer algumas observa- es pertinentes. A primeia dela iz respite hidgia de que o je 4o €prévica comam nos pases latinos Se podemos afrmar, com certa margom de seguranca, que nas mencionadas sociedades, en- tus as quais podemos incluir Fspanha, Portugaly Ilia, Franga © ‘América Latina como um tod, as rages pessoais eos vinculos sd parentesco em muitassinagde 0 05 fatoresdeterminantes mt tomada de decisoes, iso nto significa, em absoluto, que meses pal- tes exist eto, E necessrio aio confundir tora a fis sitaa- ‘es mocfoldgiease funcionalmente idénticas 30 jtto com pro pio Essa podem exist enn ojeitinko. Tal como hi acco muna tansagio comercial de uma economia tribal que n4o conhece ‘pitas. Da mesa forma, também, que havia lero eexplo- rgio humana no antigo Hit, que nao era capitalist, Para existe jeitnho, & preciso haver wina escolha socal, mn peso social atribuido a ese tipo de mecanismo, S64 jeito, como ‘aegoria social, quando hd valor, iso 6 0 reconhecimento, a slassficasio de uma determinada sicuagio como tal; 6, mais, quando nes wilizamos dessa instituicio para definir 0 estilo de uma determinada populagio lidar com certos problemas. No Brasil, o jesinbo, além de caraccerizar uma scuagto expeetica, € lemento de identidade social. Isto &, uilizamo-nos dessa insti- ilo paca definir onosso “estilo” deli com determinadas si ieasient ‘Uma outra observacio que gostaria de fzer & quanto 2 ideia| de petmangacia de “priticas feuds" por mais tempo nos paises lnsiaose que teriam perperuado juridicamente as desgualdades sociis existent, Parece-me que esta colocagio est um pouco \esloeada no tocante a Pornugal e ap Brasil, visto que toda essa siscussio a respeito da estrutura feudal, tanto aqui como li, tera sofrido conetanterevisio por historiadocese cisntistas rocais, (Paoro, 1976; Godino, 1971; Saraiva, 1983; Coelho, 1983) ‘Nom Portugal nem Brasil jamais desenvolveram uma ostra- feudal da forma como ela atsalizou na Franca. Em Porte fl, os nobres e pequenos sentores jamais consoguiram se consti ‘ir uma forca de oposici ao rei de forma a pulverizarem0 por der central, como ocorreu na Franga ena Inglaterra. Arelagio entre pove e nobreza, ene senborese vassals, jamais tonnot a forma que adgutiu nos paises mencionados. A revlugio de 1383 e asubida ao trono do meste de Avis indicam claramente ‘uma estrutura do poder bastante diatnta da feudal. Al» do nals, asdesigualdadesexpresas no siemajuridcode Pore, ‘onteriormente eransposto para o Brasil nio reflerem de forma ‘brigaria ura estrumaea fendal, mas sim uma visi hierdequiea do mundo, ‘Quanto ao fito de ss egistagio, que cristalzaea sob a for- ‘made ei as desiguakladessoaisexstnzes de fate se fonte ge radors do jetinho, me parece wm argimento extremamente problemitico. Se os eédigos manuelines, flips e afonsines consubstanciavam desigualdade e previa para todos ose mes cfrentes penalidades de acordo com aclassesoxileota- ‘ms do iniator, qual odescomposso entre esas normatea prt <2 social se sabemos que erajusiamente isso que ocortia? O ple bewmmatavac era panida,enquanto onobre nso. Aidéia de quo sistema juviico portugues nio era pragmmtico precisa ser me- Ihr esta, pie o que jstaments ele crstalzava em lei eraa ausércia de uma norma univeralizante, Parece-me quo ext to do tos tem fungao sguficativa quando as excopber de parecem dosisteralegalees aeuire una roupagen uve lizante,enquant a prtica social continua aegis rata tos diferencias dos homens entte sie perate ale. Uma quanta observagie sobre a ids de Roberto Campes diz respito&ética protestant e 2 caslica como responsives por actudes que possam gerar a prtica que estamos estudando, Sempre que evocam raves eligioess, sees mantis nm {rau to alto de genraidade que se tornaquasimpossrelcon- frargomentr com 0 autor. Poreinto, x62 tuo de wgeso, ostariamos de fazer alguns comentévios adcionis, de cunho purameate ensastico, dentro da mesma linha do autor. Segundo Roberto Campos, iidez do catlicismo versus 0 _wlitarimo protestant sena a fata que extara na bare dojo Enbora admikindo que ao longo da historia ocaoleismo tem spressntado uma festa exteemamente “plistea”, a verdade & CO tehiate Eser:vsoes neces 2E qusisco,o crt prao, ges tenses formidaveis no fosea vilvula dessa instituigio paralegal, o fuacionamento da socieda- ‘oesara ameagae,Iniiament, vamos examina a rma8 ‘hide catia, tomando ciao base para nossa argument lo ates dosenvlvida por Weber em Ee proestant esi {oti cpitalsmo (1905/1967) Segundo Weber, o motivo co ttl que levou on efnmistare Later omperem coma Kreje foi muito maisaplastcidade” do cao do que iio ut Tura dea protestantes,que,oficiaimente, queria resp ol rors ead Oe Late ses spires oe van na Tgej ea a muliplicidadeéica do cemporeamento de inlets, Enbr e donnie seconde tase olucr, poses naa doo indevido de um tempo que operons aos homens nas sina Des tes agetiiana 0 cloratinio da peta social a grejacabraraas pnitenciasevendia atolsigbes, Fi contraeseparlelinme ico gues insucgu La {ero naugurande o prado da uniade ica, Por ess nova rerpeciva,oesauema de valores que et sno ra ia eno Insmoque devo acinar em casa, no meu tabalho enarua. Por ‘mo, emtermos de cosrenci, ena gua postura que me exi muito mais do que anterior, Manter va coeréna de vld- revem aiversosttostnts como aca era ea pi Co ums priticn socal mais unforine. Ceramente, reside a em te ari darepresenagio dos patcsanglo-sxdesecmo gi Uo, “fis” e“qundrados, com gue Freqientemente nos de irontaremos no decorter dest liv. ‘No dominio da doutrinaproprimence dt, odizpoitvo da canfisioe do perdio,existene no eatin, pareceme re forcar essa pritca socal max male! se hitorcamerte c- creivon¢catolicimo,Junamente coma abolviggo ca pe {encase exo sempe alterandoos lites das situagoes ante tions eos fis vvencam, abrendandoanecesidade de na ocrécia permanent, No protstantiam, nao exe iterme- dlaro ene o HomemeDess. Nao exis operdiodo padee que trina culpa apeniténca ue nos devolwea grag. A relasio qe seentaboleceentreo pecadore Deus, aexpiagio dopecada ¢f ts pocmeio do proccdimento digno, eniio de orasso,comoa pe- nténca carla. Portanto, pecs, nfringir norma eee pare «eum procedimento mito mas problemitico no protestants smo dogue no catoicizmo. Neste, certo de seas dos homens com Deus € permanente ¢ nio cumalativo como no outro, no qual obalang detoda uma vida o fundamental pra araiag0 final do pecador.A confisi, © arependimento ea penitacia do ilkima bora nao existem paea apagae toda uma vida de paca do, So os textos cn ques vives, prdpra vida, 0 que stem para jasifica a gloria eterna ou a propria condenacso. Por outro lado idéin do dogma, como crador de uma es trutaca rigid para catolicsmo, me parece enganosa, No 8 dogma qucorientaa vids cotidiana docatdlico, Na condusio do seu comportamento,advindade de Jous Crt, avirgindne de Maria, omisério de Suntsima Trindade ao téminiTutacia par radigmatiea como, por exemplo, possiem os der mandaaentos, sete scramentes, os santos as alas os morte, Exes, sit do 2 drerrizeshatcas da cond da vids pars 0 catico dentro dese fila cna mancira como ees anpecton so conccbic dose vivencindos, por ume outa religio, qe e tem Je proc rar as influéncias que enceeram na sociedade latina © na an- ‘losaxa. Ale, trabalho nesse sentido realzow Gilberto Freyre ‘em Gase grandee senza (1933), n0 qual procuou reconstrit as telagies entre oF vivos ¢ 8 diferentes nels da heraeqiia ce: lesa. O watament dos antes por dminutivos, a relagbes de

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