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GeO aS "Cen Fae noe ‘ote iar SavTersaraiconce Lng cbgoge 2 Ung & angen ‘stg Lai a ene ae ne ee a Ser tid ge Sumario PREFACIO A uncuaceas Huneane: Do mito cit ‘ok ae Bata [AS Lincs 0 MUNDO. A NATUREZA DA LINGUNGEM HUMANA oe mond aa Nor LINGUA EYARAGO enn eal fe Mendes, ‘MuDaKea LINGUISICA 137 (0 us0 LNoUISTICO: A PRAGMLATICN EO DSCURSD... —— 0 avtones. oS 208 A linguagem human do mito a ciéncia inguagem e lingua Ainguagem é capac especfion da espécie humana de se comune or mo designos. Ente 38 feraments culuris dose humano, inguagem ‘capa um ig parte, porque ohomem no esti programado para aprender isi ‘ou mates, mas est program par ilar, para aprender ings, quaisquet que elas sejam. Todos os Stes humanos, independentemente des eseoaridade ‘4 desu condgho sci, 8 menos gue tenham graves problemas psiguicos ou ‘eurolgicos, flan, Uns eianga, por volta dos ues anos de dade, 8 domina ‘esse disposi extromanentecomplexo que & un Ting ‘Ainguagor responde a uma nscesidade natura da espéie humana, a de ‘commas, No enlanto, ogonrtio d necesidade de comer, dori epi manterrelagdes sexu te, ter aprendida, No caso da inguagem verbal, lo uma lingua, fim de se manifestar por mio de sts de fla, A lingua € um sea de signosespecificos aos membros de dads comunidad ‘Aap pasa linguagem & um ago genic, Sua eealizago, no entanto, ‘ss por um aprendizado, que € do dominio cultura, como testemunham os ‘cas crangas sevagens cua capacdade de linguagem nda se desenvolveu, (0s senidos podem manifetese de dverss maneias: por meio de sos, mo no caso da linguagem verbal, por mio de imagens, como na pint, pot Ineio de estos, como nas inguas de simasuilizadas pelos surdo, Temos i gens no mists, cujos significado se manifesta pends de uma mane: a era ptr, escultura, a lagu de sna; emo inguagens miss, cus ‘signiiaos se manifesta de diterentes maneirs, com o cine, em que 0s sentidos so veiulados pols son dalinguagem verbal da misia, pols imagens A linguagcm visual ee, Assim, poeros fla a inguagem como capacidade ‘speci da espécie humana de prod sentidos, dese comuniear,mastambém ‘hs inguagens como as diferentes maniestagdes dessa capucidade, Una ones parr no tinsito pode coneoiar-se por meio da palara “pare” pronunciada Por um guard; pc um sinal de um apt; pelo gest de bie palma da mo em Posto vertical; pela luz vermetha do semiforo, So diferentes linguagens que ‘omunicam a mesma significa Hielmslev, no primeio capitulo de seu Proegdmenos a uma tora lin _euagem,esreve uma ds mas elas pginas sob o papel da tinguagen na vide ho sere hur: Alinguagm..]é ua inesgtivelriguera de mips valores. lnguagem ineparivel do bomen e segue em tos oss sts. Alinguger £9 Hnsrumentopragas ne qual o homers mods seu pensiments, sus sen menos, sas mops, eu esos, sus vote ses os samen rca ao qual el inflcocn e €iauenind, x base kina mse pofunda tin socedade humans. Mas tam recur itimo eindspesivel do homer, eu refi nas hors soitias em que 9 eit ta com axis ca © quando coalto se reaiveno tanblage do poeta ena medias so pensar. Antes meso do primes desperar demons consign, as pala esoavam os vol, prota para evolver spc gemaes figeis de nosso pensaments ca nov acompanha iseparavelmente ares da ‘vn desde mais unis cupagdes da ida clan A 0 momentos nas sublines e mais inies dos quis vid de todos os das eta, raga {is embrangs encamadas pela inguagem, forge calor. A Tinggi tum simples acomonhante, mas sim un fo profundamentefecido ma to pensament: pao indvioo, el € esour da emia ea eonscion ‘nlnte anemia pi para bo, Pano bet «para o mal Ils hamasdade O desevolvineno da linguagem eto inetcavlicne ligado ao da pesonalidade de eada indo, dara sata, da mio, maida, da pepe vida, qu ¢posive indagarse se ea ao pass de wih simple eflexo ous cla ado ao so: propia fone de desenvolvieno esas oss. (1978: 1-2) Ha um provérbio popular qu diz: “Palava no quebraoss0". Ese di ‘quer contapor a palavra asd, quer dizer que a ago & que conta, pois li _suagem no lem nent poder. Um golpe, mas no uma pals, & qe queen ‘oso, Ese provébio v8 a8 coisas de mans simpli, Vamos analisar prs que serve a laguagem. Fungées da linguagem Em primeito lugar, linguagem & uma mancira de pereeber 0 mundo “Exe deve sro bogie murmaro penstvamente (Ae), “oe cit tem nome] ldevareando dena mane, hand hep era tress gue areca mito imide sombi,Bom, de uaguer moll ‘va dine enqunio sangvaem mio ss vores "depoi de clo enzo de. dentro de gut” Etvaasambata de ao poder ember 0 Bon, so etd ds. dbase da. dain dso a" die celecendo «ao no tonca da vor, Came escola sch? Eb capa ‘eno ter ome neu. com xtza ni tem meso!” ncaa durante um mint, pesado. Ett, depen exlamou~ Ah nid ss aeabou aomecendo!Eagora quem soc? Eo qu me Te, ds (Car 1980 165.6) ss texto, roid do liv dims do espe eo gue Alice enconmon mostra que Alice, quando enra no Bosque em que at coisas to tm nome, & ineapas de aprender read em ten dels, de saber que as con so 80 igntca qe a coisas do nando exterior tm exstaca pasos homens quando 16 gat dint ‘lo nomeadas. Quando fazemos ess afimagio nto estamos querendo dizer que ‘eidadenio existe independentrente das pessoas ou que ela sea uma eriagso ‘de sun mente, mas que 6 atetamas para as coisas porintermio d inguagen Fm outs palaras,s6 pla nguagem o mundo gana sentido para nos Por out lado, cad lingua € una forma de nterpretar a eliade ‘segundo peje er repesntdo por um plan de abo competent tat lava, fssem clas uns ote [J Em vist dis, pops qu, endo 1s pales apenas nos pr as cols, seria mais convenient que tos os mens ounessem consigo as evs de que precise falar ao sce sobe ‘kein asso [}.]toseratose sis aera ao novo plo de ‘se exyessrem por mode oss conic inonveict esd em qe se Uamfmem ives ef sobre fngos sss de vii especie veseia ‘ide em propor, scares cota grand ud oss ett te poet pagar un ox des cin pbc par romp [J ‘uta grande vantage afer el ven comet em ge el seria de gon vivre compote dat nage child cae tenon "objets so geralmente da mesma epi ou arecifos que o seu empeeg> de er facies psebio (Swi 1998: 1948) se echo do tivo Hagens de Gulliver nara uma invensso ds sbios de lnc. Eles propSem subsiwiraspalaves, qu, segundo ces, ttm 0 incon ‘voninte de varar de ingus para ingus, plas cists. Quando alguém quissse nar de una caeia, mostraria uma caeire; quem deseasse discorrer sobre uma boliapresentaris uma bls assim suessvamente istria marada por Swift ‘um rnin ds concep es valgares qu magna queacompreensdo da realidade Independe dings que a noma, que pensam ques para so etiquetas que 1 apie a coisas classiicadsindependentemente da linguagem. A ings € un forma de categorizar © mando, de interpret, ‘Aimpossibtdade deo sistema imaginado pos sibs de Ralhibrb finconar io 0 inconvenient pritco de que ead um teria que earegar muitos objets, re ose far de muita coisa. As cosas nd podem substi as palavas, porque ‘lingua nto ¢ apenas um sistema de mostagd de objets. As coisas mio desig- mm eto 0 ue uma lingus pode expres. Mostrar um objeto no indie, por excnpl, su perengaa ua dda clase, No xi de uma ing, grupos ok homes em clases, Na, ora, hananae Zana petencem cass ds rts ‘Ao e exbirqualquc rt, nose poe exprimi idea da clase fat No se ie 7 tegngen tenons 17 poderiam expresar idcias mais geri, apresentandoobjetos. No produvinos lavas apes para designar a coisas, mas par estabelecer reaps eae clas « comenti-las, Mostar um objeto nto exprime as ctezorias de quantdad, Je _nero, depose, no permite indica sua localize no espage ee lingi um sistema de mostrago de objets, porge permite far do gue est present «do que est ausente, do que existe do que no existe, porque possibilitasté criarnovas ealidades, mundos no existents, Alinguagem é uma tividae simbilia, que significa que as palavas vam ‘conestes les ordenam a realidad, eatgorizam © mundo. Por exemple ts ‘os 0 coneito de nascer do so. Sabemos que, do ponte de vista cient, nto existe nace do so, uma vez que €8 Tera que gts em toro do Sol. Cont «ese coneito crado pela inguagem, determina uma realidad que nos encain todos. Apagar 0 que fai eset no computador & visto como wma aviale Aliernte de apasar 0 que foi eserito ips Pr isso, erase ma nova pala para denominar esa nova realidad, delta, qu 6 considera diferent dp gar. Afi 0 instrumento desta acto € uma boracka, enguanto se elt, ct tum cig, um texto seleconado. No entano, se esses vocibuls dsintos no cxistisem, no pereeberiamos aivdede de escever no computador com ui go diferente daguela de escrevr& maquina, Uma nova elidade, uma nova ‘ven, uma novaideiaexigem nos palevas, eso os novos termos que thes confoem existécia para toa comunidade de falas As paaveas formam wn sistema independente das coisas nomeadss orl 1 que quer dizer que eas lingua pode ordenar 0 mundo de manera divers, cexprimir diferentes mods de ver a raldade. Nso hé umna homologs ene & trdem da lingua ea erdem do mundo. © ingls, pr exemplo, tem dis pala, Finger to, par expressraquilo que denominames dedo. A prteira signi © dedo da mio; a segunda © do pé Isso quer dizer que, para nds, as xtemid dss das mo ou dos ps constitvem a mesma pate do corp. Paro lanes de ingles, so dass coisas muito distin. © ings tem dis eros ie por, pra ‘esigar o que chamamos por. O primeio dena animal vivo, © seguno refere-e ao alimentopreprado com a cane do sino, im port, demos Havia muitos pores 10 chigucro¢ O tempers do pore fico no pom cert Em ings, no pimeico caso, uss pie, segundo pork. A mesma reali 6 categoria diferenimente em ings ecm portaguts, Nagle, anal ¢ © alimentofito com a cane do animal so visor corn das coisas distin, 10 nitat an it Neste pore indica uma ica coisa, set vivo, sea mort € prparado para ser ‘onsumido Em ports, vest-se ut roup, as eal um sapato ou un luv im ings, nos dois esos use ows. ss significa que a Hngua é uma ‘naneiradereortar a realidad, de ordenar« mundo, decategorizar as coisas, 0 oF sentiments ete, Por essa azo, a inguagem modela nossa mancira de poteber ede ordenar a realidad ‘anos expliar metho o que significa dizer que alinguagem interpreta 0 ‘undo, Um tomate é uma feta ov um legume? Do ponto de vista botinico, “ia fut, No entant, na fers, tomate est entre o legumes. Nenhum ser ‘do mundo pertence a uma determinada categoria preexstente 8 linguagem. A Hingua nto & una nomenclatura que se alia a uma realdadejéctegorizada ia 6 um meio de categorizaro mundo. Flacria categoriase pbc nelas os sere. Ingo nto ocote somente com os sere concreos. Também acontece com a5 ages os processos, ete. Imaginemos que uma pessoa mate outa. Essa ag30 pole or categorizada como assassinato, quando alguém tia vida deoutrem Pot vinganga; como acident, quando algaém esta manuseando uma arma e in dispara-e mata alguém; como cumprimenta do dover, quando um policil hala un sequestrador que se preparava para atirar na vitims; como um ato ‘de boromo, quando osoldado mata 9 inimigo no campo de bata; como pa (emporiria da azo, quando alguém por uma forte emogdo mata uma Posto, Essa categorizagio determina norasatitudes; prendemosoasassno, odoamos quem fi vitima das circunstncas; clogiamos opolicial que matou (s oquestaor;daros uma medatha xo her. Mas lingua nto ¢ so instrumento pelo gual pereberos o mundo, 80 & ys un Firma deinterpretar elidade A lingua mbm mo pelo qual lieraptos soeiimene, No texto que segue, temas uma repo feta pela evita fej de un ddlogo travado ene Francisco de Paula Medeiros, época thvtor de produgo da Petobas, alguns epiteres. Pong Qual a inal de su ita» Arn? espa Que pera esa, Ria, Poe pera nfrmar sores plana de ida de ami ¢ wela 1" No 6 io, Quai peripstivas de aunt d prods peter no Esa? R= Nlo vu comput, Qual 6 montane de invest ‘em Sete? 1 Nt posses eb. Qual atl pod de Sesie em tera emo ma? Roots to saber is? Vs endem de mato cic? Forum localiza nova jis de i aural? R(sencio ents que a Petrobras alii ete ano (Uji 19712 [Na interaio entre o diretor da Petrobras © os jomalistas, os repérieves no obtiveram nenhuma informasto. O engencizo da Petrobras transit ‘uma imagem antiitica e prepotente, a idsia de que ele tem total desprezo pela imprense Diz-se que fang principal da linguagem 6 comnica. No entant, hi ds ‘questbes que devem ser pensada, De um lado, comunicar no és transmit informasdes, pois as pessoas se comunicam até para no dizer nado, De out lado, comunicar no é um alo unilateral, mas é um jogo em que wm pare da comunicago age sobre o our. A comunicasoé, antes de quaer evi relacionamento, iteraso. Por iso, a Tinguagem & um maio de ago recip um meio de intoragir com os outs, ¢ um gat de contontagies, de sch, de negociages. Na intra, usamos a linguagem com diferentes fines, A linguagem serve para informas. Esa fungo& denominada infrmstiv ov referencia (0 Conselbo Reson de Mesicns (Cremer pia pricing de mis eu parsdomciiar ena ues destin, fs de plan yn aso de alguna comlcaie Coma linguagem, armazensmos conhesimentos na meni, tannins ses conkctimentos a ours pessoas, flamos sabendo de experincts Hem suceias, somos prevenis contra as tenttivss maladids de fz alguna ‘sa raga lngnagem, um ser human recebe de outa pests concimenos aperfeigoa-os etansmiteos, ‘Afungo informativ dinar tm ua importincia ental vida das pessoas, consideradasindvidulment ov como grupo soca, Paa cada indi ‘do, ola pete conhecero mundo; para o grupo soca, posibiia 0 actu ie oahecimentos ea tansferénea de expergncas. Por meio dessa fang, a linguagem modelaointleto 1 fant informatva que permite que trabalho conjunt se desenvelva COperar tem es fant da linger posibilia que ead indivi continue empre a aprender. ‘Alem de pests fun informatia, a inguagem serve para infoencae ‘hc influcnciado, Fa chamada Fung conativa da nguagen, ‘om pra Caixa vos amb, sa fase iva parte de uma campanba destinada a aumentaro mimeo de ores da Caixa Bcondmica Feral. Para persuadiras pessoas tomaremse tllgntes dh Cai, us sum conte expresso nua linguagem bastante cold Pr exempt, empregase a forma vem, forma de segunda pesso do imperstiv, fn garde ve, forma de tecvea pessoa, que, na norma cla, dover se linda quando se usa voce. ‘Com lnguagem,levam-s 0 outros fazer determinadas cosas, a rer em ermine iis, a sentir determinadas emogbes, ater determinadosestados elon (amor, desprezo, desdém,riva, ete). Per iso, pode-s dizer que ela models sentiments, emo, paindes Nt se leva pessoas ize certs cosas, apenas com a orem, o pei, & pica textos, come o publctro, que nos inlueeiam de mancra bastante full, 6m tentagdes seduedes, dizendo-nos como seremos bem-sucedidos, rants, charmosos, se usamos detemminadas mareas, se consumifmos ees roduos A provocasdo ea ameaga, que to expressas pea linguagem, também perv para evar lauém a fazer alga coi ‘Alinguagem livia as dre, consola os fits, apazigua a clea, aument omagem e asim por dante Aingungern ose destin apenas informarea infer ela serve tab i exresara sbjeividade.f 3 denominada fang emosiva da inguagem, Sous deaner ‘Um treo em mar ‘Um cm enor ‘sera qoevor Sem voed en ame, Endo su singed (Bale Powel Vinca de Maras Same pres Univer 196) [Ness ocho, quam fala est exprimindo sous senimentos por caus de wn rompimentoamoreso. Com palavas,objetivamos © expresamos NoHo sr timentos enossasemogSes. Expimimos «revolts ¢ a alegria expresso 0 sentimento ameroso ¢ explodimos de ava, manfestamos desespeo, des esprezo, amir, dor, tstez.Inmeras ves, comlamos coisas que ies para fiarmo-nos peanteo grupo, para mostrar nossa vlentia ou moss c ‘igi, nossa capacidade intelectual ou nossa competéncia na conguisi aoro, ‘Quando falamos ouesereveros transmitimos uma imagens nos, por meio ‘do tipo de inguagem que usamos, do tom de vor que empregames, ee: Coma linguager,objativamos 0 fendmenossubjetvos, extriovizamos 0 ‘que estaa dentro dens, liberamo-nos de emogaes penoss. ‘Mas inguagem nose pest somente a informa, influenciar, a exrinir x emog6es eos sentimentos. Na caneto“Sinalfechado, Paulinho cs Vila ex plorao tema dos enontos apressados entre velhs amigos que ao se vein hk muito tempo eso obrigados a conversar, sem ter muito que dizer un a out ti como vai? Eu vouin,e voto bem? “ado bec vou ind, cen, evar ar ito vos? Taso em cv indo em se de um sono teal, oe sabe? haat tengo. Poise quanto tmp, (Pini Va Sia has Pi, 174) [Ness eas, inguagem es sendo usa na Fungo iti, sto 6 uel ve serve para rir lagos ele as pesos € manos. ‘Quando estamos num grupo de pestoas, ums festa, por exemplo, no & ‘coms mantr-no em noo, olan uns para os outro. Nessa visi, « ‘onversago ¢ obrigatra, porque & lnc poder parecer host, Por ik, A 22 ng an it ‘quando nose tem assuno, fase do tempo, repetem-sehisrias que todos ‘once, contan-seanedotas que todos esto eansados de saber. Alinguagem, none cao, em como dni uno manteros lags soas. Quando encntramos gun the dizenos Tudo bom?, nfo se quer, deft, saber se ele est bem, est dents, se est com problemas. A firmula éuma mancira de estabelecer um vnc soci. (0s hinos, como, por exemplo, ehino nacional ou os hos dos clubes de febo, wm a ung de erie um vinculo ene os habitantes de um pas 00 ‘nie 0 toreedores. NB importa que as pessoas nfo entendam bet 0 signi> Flendo da letra do hino nacional, pois leno tem uma Tango informativa. © qu tom importincia & que, ao cantil, sentimo-nos partic dade de brasileios. ‘A linguagem no se destinasomente a informar, a influenca, a exprimir ‘mngdes ¢senianemtos,aeriar ou ante lags sciis, mas el serve também, nar sobre a prea linguager, como nest techoa seguir: tes da com Papa, que plbicts? [-} isto uae dead plo povo romana, esabelesio em comics. (i ont 2061480) ise peueno echo fi retro do conta "0 plebiscit”, de Artur Azevedo, fo que se saiiza a imagem do pai sabe-tuo.O fio pegunt-he o que & pe isco come ele nto sabe eno que confessar sua jgnorinca, esbraveja que 0 lho deveria saber e que ee est perguntand s6 para testar ees conhectent, ‘ypois de fizer una cena, va para o quarto onde a um dicionaro. Mas tard, oli pm sla eexpica que plbiscio € um sistema de promulgasto de les, Juventado polos romanos, em qo © povovota dzetament detemminada proposi- ‘lo. Noss eso, pie ilo estavam usando alinguager para explicar 0 sentido wou pela prépria inguagem , ‘Quando dizemos fase como pala cto éum substantvo;Eerrado dizer ‘ame vemos”; stow usando o term “dire. em dos sentido, Ndo€ mu 10 fogante war polvrtes, estamos flando no de acontcinentos do mundo, ‘nas estamosteceno comentiios sobre a péralinguagem. En outros terms, ‘tas usando palavras pra referieaas a palavras. 0 que se cama Fungo ‘nelalingulstiea,Aatvidade metalinguistica inseparivel fla Mesmo quando Anganenteme 23 falamos sbreo mundo exterior (os acontecimentos, as cosas) eo mundo interior {os enkimentos as sensabes, ct), ntecalamos coments sobre anos flac dos outros, Quando dizemos, por exemplo, Desodpe a grosera da express, «estamos comentando 0 que dssemes, estamos dzendo que no temos 0 ii de dizer uma cosa to vulgar como aque estamos enunciando, Tas os tis sobre a linguagem sto metaingusticos. A gramitia & asim, a linguager cin Tango mealngusica ‘As ares sto linzuagense, portant, quando els fam da pps arte, is ‘amb mealinguagem. A poesia que wat da poesia uma meapoesia, sts ‘ue tata do teatro € um metateatzo cinema qu ala do cinema é um mt ema e assim por dante, ‘ejamos dois exemplos de metapoesia. O pimeiro 0 poem “Autopsc ‘fia, de Femando Pessoa, em que pocta dseuteo problema do enim ‘exposto no poema;o segundo € um sneto de Cruz ¢ Sous mt gue 0 poet co ‘menta a elaboraso de um snet,destacando sua forma tradicional (os quarts {08 teretos) eos recursos poten sims, po exemplo). (poeta um Fagor Fige to completamente ‘Que hea ne ue é dor dor gue deveras et Eon emo que esc, Na dri ene bem, Nao ar due qu eleter, Massa ge eer mom ssi cata de rod Gir enter ro, me embod coda (Que chan coe, (9 6 Nas fas vtuptoss 0 Soto a fitine eld rphla as eves, langues crv da lege De evap eid elt, Agra ote «gave do gusto Rese original teres, “Toa ui sere exrvagcia Que tansond tro po tes, como um singular poticinlo Onl, ode, cura belo, (Son, frmas epics, ‘Asis doe prparavesen Era iais rm procs angus ‘Sung sot el doa. Dis exemplos de metsmisia so of clisicos “Samba de uma nota $8" & “pestinal”, ambos de Tom Jobim e Newton Mendonga. Tivemos, no Bri, i mesmo una metanovela de televsSo: «novela Espelio magico, de Lauro (César Mani, apresentada, nos anos 1970, na rede Globo. Nessa novela, havi ‘ut novela, que se chamava Comte de amore que era eset por uma ds stung, um esrtr de telenovelas. O que Lauro César Muniz pretenia, 0 ‘icutirofazaenvelisico, era mostrar todos os clichés de que una novela fia, ‘Como Ih dos nivis de linguagom, a Linguagem-obeto ea metainguagem, 8 Ives fam do mundo e, sin, 08 do conbecer os sere humanos «Hiss, {ofa desi mesmase assim, nos evelam o pro fier artstico, ‘Alinguagem nose pesta apenas pra infoemar,ifluncar, express emo~ ee sentiments, rare mane lags soca flr da ppria lingagem, el ‘também lugar fote de prazer rincanos com as plays. Os jogos com o Seni € os sons so formas de Aorna linguagsm um liga depeazer Diverime-nos com ees. Manipulamos ‘6 yokbulos para dels ext sais. ‘Oswa! de Andrade, nt seu manifesto antopotigco, diz Tap or no ‘Tove de um jogo com a ease shakespeariana To be a not 9 he. Cont-se que inilio de Menezes, quando soube que uma mer muito gorda setae no tunco de um dnibuse este qucbrrs, fe 0 segunt toca: f «primera {que vjo um banco quebrar por excsso de fonds. A palara anc exh used fm dos sersidos; “vel compldo ara seniarse “casa banera, amb ti cmpreyado em dois enix orm fund: "eas npi ier Atapnnembenane 25 Verifica-se que a tinguagem pode ser sada ui ou eseticaments. No primi caso, el &utlizadapaainformar, par infant, pr mantr os loos socialite: No segundo, para produir um fet prazeoso de descoberta de ids. Quand se sa nguagem em ang uit, importa mas o gue sed Em fangao esta, 0 mais importante &0 como sed, pois 0 sentido tun xia peo imo, peo arranjo dos sons, peta disposi das slaves, et [Na strofea seguir, retire do poem “A eavalgaa”, de Raimundo Corti, sucesso de sons elsivs, pki a augete opatear dos ews Eo bosque etl, move, aemee Da aalgadsoexteito qo uments Perdese aps a en da ona Observese que « msiorconeenaeao de sons oclsivos aca nosey ‘eso, quando se afmna qu obarulho dos avalos aumenta. Nos versos seguir, do poeta “Noite de 8. Jo”, de Jorge de Lima 0 pot ‘no quer ransmitir aos etres enum nformagto sabe gos de aici. en ‘desea levis a tomar cuidado com eles. © que le quer de fio imitans pales, o do que cles fazem, para dserever seu expeiculo 0s cus Da a ‘quanta de sons sibilant (2) ou chins (express na seri por drat ce ea eta), queimitam sible chia dos fogos, ea onomatopea ich - hun dog prin bo, Soper, buco (Chama hecstvacos chen oo cama aes ‘Chagas de eso chines uma nem dchiss, ‘his dete o tre Tiss de oda as oes terre Teh - bunt 26 ng ue? ‘Alnguagem nose press somente par pereeber 0 mundo, para categoria ‘realidade, para peopicia intra soci, parainformar para inencia, para fexynimi sentimentoseemoges, para rire mantr laos soca, para far da dr lingugem, para ser Fmt e ga de peazer, mas serve também para st cer ua identdade social “Teabonc, nko vl, qe tinea no prop. ‘Nido pace Nino gene 0 psi Respir fndo, tke. Ence acho qu ass ‘puso eis indo O ais de Bag ern: ‘Agog 0 cas? FE eps, dvi ‘nals de Bg tin a ala dred oan ecomesaacnoarum cio, Tite oid i com exten emend? Comin, mls. Comeyo spot assim, ns finite buna em conse com iio ‘Mast mais complica que recta de ceme Asis Bra eat eo onsen do vazio da exist, dt esesperans ieee ‘condi man Ese me gut Pos vamos drum et uo agora ro anal de Bap, com un ator, (senha va cuara minh angio? io, vs mar o mundo, Corar oma pelt mano, iin, 2006 1516) [Luis Femando Vrssin eviou uma personage, que setomou um clsico do or brasileiro, o anata de Rag, © anaista, embora no sja nada ortdoxo fu nds do alms hana, dzse tm feudian “mais entodoxo do que enna he malsena, rata os problemas dos pacientes como quem amansa caval. lum pnicho de uma franqueza rade, que coasderabotagem todos os problemas fiicos. A ienidde do anaist & rida pela Kinguagem e na linguagem. De ti Tad, cle usa a varied regional gc em sua fl: atarento como ro oe u concordando com a tereira psa; peda das sevogals em ditogos m or © mas xi ronal emo, he palavas como poi © mats, que ve Yo stags mene 27 por exemplo,abanca, indo veh, mate, thé. De outro, mostra sua fanuera re: por exerplo, quando diz que nfo vai cura angst do pacente, mas vi ‘muda 6 mundo ou quando afima gue o paciente€ mis complcado que rei de creme Asis Bas (© uso de uma detrminada ariedadelingustiea marca ielasio mum do _rypo social ea uma idetidade a seus membros. Aprendenios a distin 0 diversas varedades quando gum come. fil, sbemos se pessoa ¢ ut cho, um croc, um pals e asim pr dante, Sabemos que cets express Pertencem fla dos mais ovens uta indicum que o fant tem mais de ‘As variants lnguisticasconfrem um identdade ds pessoas, em ls pss ‘do mundo real ov personagens, que so pesoas de go ‘Ridiculariara variant sada po alguém ¢ ums atid muito aresiva, pois «estamos zombando do prpri ser das pessous iste um julgamento sociale ‘8 variants: algumas so considradas legates e ours, eis. Do esti pont de vist linguisico, nfo exist formas feas ou bonis, pois elas seeguivalem, Eseamecer de alguém, por causa da varane linguistic wilizada, € mosta de reconcito, de difiuldade de conviver com a diferenas. ‘As recoréocias de tragos lingustios da expresso (por exempl, rts, ‘mas do conteido(porexemplo, elo lexical, constr de personas). isto &, estilo, criam uma imagem do flats. Paulo Mendes Campos tem wn «aie, em que mostra que um mesmo fato pode ser nara de diferentes pom ‘os de vista, empregando diferentes esilos O fata o seguite: “0 corpo de um homem de qurent nos presumiveis é encontrado de madrid pelo via de ma constr, margem da Lagos Radio de Frias, no exstind sna de morte violent": Observe-se um dos estos: Exo rtcioniso Os moras da Lagon Roig de Fre term na ar de hao finds esa de deprarcom ocadiverde um vegan gue ogy eae yr ‘more tdo) um dos Bios mais epats den cid con jy teste pra enfear aguce locus fava que ever hos dos americaos qu os visita ou gue no dos hora de esi Ri (0 mesmo fat, contd po um iter. Diz néro ou por um progress, é mito corpo fcow A mange da Lagoa & mito diernte de dizer 2 Ung oe st wo leona cnr masa gus pulalam naguel pergas code epidei, ier corp de um home & sito de cadiver de wm vagaund A ingagem ‘tn mem de um seaionirio ou de um opositor vs goverantes. 1 pciso mito cua para mio rola lguém disso ou daguilo, pos & end € mvc, no Fix. Uma pessoa oa &reacionri, ora & pores; ‘a most drona or sensvel. Por oto lado, ela poe simular uma imagem {que quer transmit seus intrloctores. Pr iss, € frequent encontrar pesos ‘que mix o que dizem conforme © meio em que et, ‘Ainguagem oo se dstna apenas a percebero mundo, aestegorizara elds devaservir de instrument de iterago soca, informa, anf, exit pentimenescemogies acre a mane los cia falr da pri ingusgem, Inert gar de pace, rar uma idence para fant, mas 6 também ‘a fora de gto 8) Depois da chuva, apareceu um Bonito arco 1b) Popo desculas porter chegado ara ‘A primeita frase fla de um evento do mundo, o aparecimento de um oss depos da chava. Pode, per isso, ser submetida& prova da verdade. ( contecimento mosrado por ela pode estat ou no de acondo com o que fvontcee no mundo, Se, de fo, apareceu um arco-‘ris depos da chuva, fiase€verdadeira, Em caso contro, éfls. Jéa segunda frase no relat itn evento do mundo, & realizaso do ato de pedi desculpas. Portanto, ela ho pode ser submetida& prova da verdade, pis, quando alguém pede ds- tills, no se pergunta se 0 ato € verdadero ou fils. A pessoa ests de ato, Jraindo desculpas. 0 ato pode ter sucesso ou nfo, Sé fer sucesso se forem ‘servis eerascondiges: por exemplo, a pessoa que pede desculpas deve ‘ser 0 mesma qu ofendev alguém, porgue um pedo de desculpas feito por us tereiea pessoa no vale 'Na lingua, temos enunciados que servem pura fazer wma consatagSo ares pits dos eventos ou dos estados do mundo e emos outros que soa realzaga0 td un alo, Isso quer dase que linguagem & também uma forma de a0, pois Hideterminads tos que se realzam quando se dium determinado enunciado Sto excmplon de ats que acontecem ao dizer: Ondeno que voce sata dag oss; Declar abera a sesso, “Avoso dez reas como voe# no conse fc ‘Aordem acontece, quando alguém enuncia oneno; a aposta efetivase, uno lguém delara qposo; a sesso se abre, quando alguém diz declaraaberta a sessdo, Esse alos se realizam de muita formas: ui ordem sed tambe ‘quando se usa um imperatvo (por exemplo, Sala dagu), un pedidoefeus-se ‘quand se diz, por exemple, Una esmola pelo amor de Deus. Matas vere, «ses atos efetvam-se de maciraindirta, Por exempl, se aguim, no invern, ‘entra numa sal, euas janelas esto todas aberta,e iz Ex muito eo le ilo estar consatando a temperatura ambiente, mas estar certamente pe indo que se fechem a janes, © mesmo acontee quando a mite diz 20 iho Seu quarto est uma bagunca, Ness caso, la nao esas constatand 0 estilo de arrumago do quarto, mas ordenando que ele ja arama, O falante tc uma grande capuidade de compreender eses tos de fla indies: se. pergunta Joe sabe onde la estacdo?, no eth slicitando que o oui dia ‘se sabe ou no a localizag dess lugar, mas est pdindo que Ihe seja exp ‘ado onde se localiza, Sera muito estranho qu dint de tal pergunt pesion respondesse apenas Sei Alm dos tos que se elizam ao dizer, hour forma de agro mud pls sagem, Slo os ats producides no ao dizer, mas em consequéncia do dizer. Cecilia Mereles mostra isso no belo poem “Romance da plavras ess", que vamos reproduc alguns vers ‘Ni ples, i pala, Quecsanha poston avons! “edo seid da vide penpin vos por; (me do amor esta su perfume em oss rn: Soiso sono esos subi, Cali, ri, dro, i com arse aor, os venenas humane soi ais na eto] es peo, poves, tempos, Peto vo impaso roam 30 Unstone tet ‘A poeta vai, nese poems, fla do poder da palavra. Ela serve para o bem € patho mal, isto 6, 8 consequéncins que ela produz io positivas ou negativas. ‘Coma palara declaramos amor com ela caluiamos e, asim, destruimos © ‘to; com ela, mostramos nossa avi ‘souit se enamore de nds; com el, ampiamos nossa mentee assim, iberta- ‘96 nosa alma; com cla, magoamos, espezinhamos,humilhamos ¢, por iss, fla é a mais fina retort dos venenos humanos; com ela, concebemos novos projets sociais, novas wopis e, por iss, derrubamos a tirana; alteraos os Fisemas politicos, criamos novos tempos; com ela, sonhamos em constr lun nova vida; com ela, fazemos panos; com ela, elogiamos eapoiamos e, ‘sin ncitamos 0s outros a seguir em feat; com ela, cortgimos; com ela, Fepreendemos, © gue podemos fazer em consequéncia daguilo que dizemos S ilimitado ‘Alinguagem & uma forma de ohomem air no mundo, porque af e8gue se eaizam a dizer e ages qu ocorem em consequacia do que sedi “Alinguagem no se pest apenas para prceber 0 mundo, para caeporza reali, ara realizar inerages, pra informa, par inten, paca expe enimentose emogées, para rare manter laos soci, para falar da prépia Jingungem, para ser lugar fonte de prazee,paraestabelecer denies par gir mundo, mas tabs para crit novas realidad: som ol sedurimos ¢fazemos que ‘meni apares gia de um i. Seo ile paras eo vido me sono ‘mie ie ood ai pare uma ore pare ‘gene comer gia ea "exer ao, ‘Nagel erp de dates ava ites Sor gene encosava emer ave gana © poder de ac Sea gnefase a parte de um cdep> ‘gene pepva murmiries. ‘io havi compartments de sta Ua evra sobre ros Pesan viva Sve Pas viraam oi ‘epois eo w ode as coisa a peas tm que oar seu dena de pd po eto doe tempos. ‘Sas playa no forum csigndss com ‘orden natural da coisa, ‘As plas continua com se esi, ars 1958.77 (© poeta Manoc! de Baros fla do tempo em qu ss cists no tna nies. ‘ele, tudo podia acontecer: uubus conversa sobre aur, pessoas viraanh vores, peda se ransformavan em ouxiise assim po diate © poeta meta acontecimetosmpossves como mie dizer filha que ea ita pare evore parm que comessem goiaba nelaeissoacontace("ecomeram gos") lpn

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