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INTREBUCAR 8 UE E FEMINISM RABILAL? £ um movimento politico organizado de mulheres em luta contra o sistema de explorag&o e dominagao masculinas. O feminismo radical é assim denominado pois busca ir & raiz do problema, que reconhece estar localizado nesse sistema de exploracéo e de dominaggo dos homens sobre as mulheres. Para o feminismo radical, esse sistema estrutura as relagdes entre as classes sexuais (mulheres e homens). O trabalho doméstico compulsério realizado por mulheres, a obrigacaio de uma mulher ser mae € 0 acesso naturalizado dos homens aos corpos das mulheres séo exemplos de como as relaces entre as classes sexuais esto baseadas na exploracao laboral, reprodutiva e sexual das mulheres. Através desse sistema é possivel que os homens obtenham a garantia de acesso a recursos econémicos advindos da relacao de exploracdo que estabelecem com a classe sexual feminina. Por exemplo, ao controlar as capacidades reprodutivas das mulheres, obtém-se o poder de definir a reproducdo de seres humanos atuando, por exemplo, sobre a quantidade de méo-de-obra disponivel e sobre a distribuiggo de recursos da humanidade. Por meio da maternidade compulsdria e do casamento, é possivel se beneficiar integralmente de um trabalho que é desempenhado sem necessidade de remuneracao, como é 0 caso do trabalho doméstico- Através do reconhecimento dessa realidade e em contraposicio a isso, 0 feminismo radical se coloca enquanto uma luta politica coletiva das mulheres, pols considera que & necessdria uma organizacéo que confronte o sistema patriarcal como um todo, buscando solugSes coletivas - e nao individuais - para a situacéio das mulheres em sociedade, Além disso, o feminismo radical também engloba uma teoria, que se baseia principaimente na andlise desse sistema e das formas pelas quais combaté-lo. Assim, a teoria feminista radical deriva principalmente da concretude das relacdes sociais, nao se colocando como uma teoria apartada da realidade Dessa forma, temos algumas condicées basicas para reconhecer a concepcao Feminista radical: @aAs mulheres, como uma classe sexual, séo exploradas dominadas pelos homens, como uma classe sexual. @o sistema de exploracio dos homens sobre as mulheres se encontra na base da estrutura social. Entendemos que se trata de uma relagao econémica e materialmente definida na relagéo entre as classes sexuais. @E necessério um movimento politico organizado de mulheres que esteja em oposic&o a esse sistema para avangar coletivamente na situaco das mulheres - no caso, esse seria 0 feminismo, @A& teoria feminista radical tem origem com a identificacgio e andlise das relagdes concretas entre as classes sexuais, buscando dar respostas aos problemas encontrados. RATA E CLASSE GECIAL Pos ae) eee Panesar ake) eo ORC eM een rae RCo Mat Se ieee oc} patriarcado no significa que consideremos outras lutas irrelevantes, ou menos relevantes. O feminismo radical do é pré-capitalismo (muito pelo contrario), pois embora consideremos que 0 foco do feminismo Paes Peace orem umn iano Ee oe erat piece i Coenen eee NOM eer Cieeiaet ee sects) com muitas alegagées caluniosas: a teoria feminista radi een Green See ens rem cee ent a) Pee eu eaten eet oer? ork eee Tau Ree) Mos casos de ra‘ nee Meo seulicin RRS cur) Pane egy eee e ears nasculino/feminino) como um ¢ eo eC) laa cece Genet cece eo eet ccas Reece ogs aie kc mec ena cetercter its Ese een CM ee eerie B.A rice Buea oa ce ek ee cre ero ua Beoicc do Siesta os eee oo oti: Os ene aaa ea rte Cerca] Se Gee eae Premera ee rn eae ORL Geert yt Peer jenhuma carac cece Soe tec ec Mes rss Gee ncuron ect er porque os See uct ee Mia eat) Missa Bien er aout Amer gr Seer a mes evens oria social mas, antes, uma cat un Dec Paces eu es Cun en Re cc Ro eee CO ea at eta Te teu Maer ee Rel area ue a Reo CURE ORL com erences ci Recut Ses ea roa Mees our Coc Polite Nea ail eae tak EUAN Cours ean on cuca Reacts cua eae eens ea een ae nce ce Bove eee nee ee et PRESTITUICAD E PORNEGRAFIA ‘As mulheres néio escothem por livre e espontanea vontade se prostituirem ou se tornarem atrizes na industria pornografica, mas sSo levadas a essa situacéo por necessidades financeiras, por terem aprendido a ver seus préprics corpos como objetos e mercadoria (0 que muitas vezes é fruto de uma relacao de abuso vivido por elas), ou por terem sido forgadas por um terceiro. O pagamento feito @ mulher na prostituicfo ou na pornografia nao torna estas praticas menos danosas para sua integridade fisica ¢ psicoldgica, pols o consentimento da mulher nunca pode ser verdadeiro se submetido a um contexto de miltiplas coerées advindas de sua realidade de exploragéo e subordinado a uma relacao de troca financeira. 0 sexo da prostituigdo e da pornografia ndo representa uma “libertagao sexual” para as mulheres, mas, ao contrario, a institucionalizacao legitima do direito sexual masculino e a manuteng3o de um tipo de relacdo entre os sexos que serve a fexploragao das mulheres. Queremos ur mundo em que o corpo das mulheres nfo seja uma mercadoria para ser comprada pelos homens, queremos um mundo em que as mulheres de fato tenham liberdade e que sua sexualidade nao esteja em fungao do prazer masculino: em suma, queremos a abolicdo da prostituigao e da pornografia! Em relac&o a esses dois temas, defendemos um modelo aboticionist: 1. Nenhuma criminalizaco as mulheres em situaco de prostituico/pornografia. Por politicas que promovam a saida das mulheres da prostituicéio/pornografia e da marginalizagio social. Eseraviddo remuneraga ou feme?! € escolho.,, E uma ameacal 2. Por uma lei que criminalize a compra de qualquer ato sexual (direta ou indiretamente). Pela responsabilizaco e criminalizag&o do consumo de sexo. 3. Por mais fiscalizagio e pela criminalizacéo de qualquer forma de agenciamento, controle ou aliciamento de mulheres na prostituiga0/pornografia. Pela criminalizagdo da cafetinagem, das casas de prostituic3o, das empresas de pornografia e das redes de tréfico sexual. 4. Por mais politicas sociais voltadas para as mulheres, por equiparidade salarial entre homens e mulheres e por politicas e campanhas de prevengao a prostituicio/pornografia. TT ae Wy ta PMO NAMM alle NU UTA Galle CMR TIME aU oR coke cerelnlrc(sle} de mulheres voltada a luta contra o sistema de ce e dominacao masculino. Somos uma coletiva voltada 4 agéo quanto a formacdo, pois Cry consideramos Lael URC atuacao politica organizada, quanto o \¢ at 2 FW eleoM ire RecluatelgeceUlste(OKUC- eee Meme © a Em uma sociedade de exploragdo e dominac&o masculinas, é necessario sempre problematizar 0 que € 0 sexo consentido, sobretudo nas relacbes heterossexuais. As mulheres sao educadas a sempre estarem em funco dos homens e, nas relacdes sexuais, isso nao é diferente. As mulheres sdo socializadas a estarem sexualmente acessiveis a0s homens. Na rua, por exemplo, por meio de cantadas e outros tipos de assédio, as mulheres so tratadas como se fossem apenas objetos sexuais para satisfazer os homens e no lar séo obrigadas a terem relagdes sexuais para “ter um casamento saudavel” ou “manter 0 casamento”, Desse modo, as mulheres vivem sob constante medo € 0 estupro (ou pelo menos o medo do estupro) faz parte da vida de todas as mutheres. Assim, mesmo quando uma mulher diz “sim", nao podemos presumir que sempre ha consentimento, pols devemos levar em conta 0 contexto social em que vivemos (onde homens possuem poder sobre as mutheres). Dessa forma, quando as ferninistas dizem que “o pessoal é politico", & porque essas relagées de poder esto presentes na vida “privada” das mulheres, e portanto precisam ser problematizadas. eee RE er ee ee SOR Oe ee ec Fe RIE ener Co et en ae tee eee ot ec Gee CM tur eR MOM cece OM Ciesla on cadre eT ace cost eee ree geet gy eon See toe goo Coe CS ees i ee esa se ete cha eo Pee NCS lee Meena Meas Mee Tees Mae eo exploracdio das capacidades reprodutivas seja possivel. Além disso, 0 estupro (coe! Puce MeN icc Rut cete Ie cee Roeser TTS eS eee Reg eke oie eRe eer gee Nuance one oe see Se are Se eM CN MA So eM UC Uta eT doméstico) e dificulta sua inseg30 (profissional e politicamente) no ambito publico. Além disso, € importante salientar que a violéncia sexual se encontra normalizada no interior das relacdes pessoais entre homens e mulheres (amorosas, familiares e amigaveis). Costumamos ter a tendéncia de analiser homens que estupram como “psicopatas”, “maniacos” ou “monstros anti-sociais", no entanto isso deixa de fora a andlise do que o estupro significa e como ele opera. E importante compreendermos que 0 estupro esta normalizado no interior dos relacionamentos pessoais com homens em primeira instancia. Assim, ndo existe uma pequena parcela de homens “doentes” que estupram, € 0 estupro também nao acontece somente nas ruas noite, de maneira repentina. Quando reduzimos 0 estupro somente aquilo que geralmente compreendemos como tal, servimos a0 propésito de ndo enxergar o estupro que ocorre vindo de homens que nos so mais préximos, como namorados, maridos, pais, vizinhos, tios, amigos... Esse senso comum sobre 0 tema descaracteriza os agentes do estupro e nos torna incapazes de analisar as relagSes pessoais entre homens e mulheres como relagdes politicas. Certamente, o estupro cometido por desconhecidos é uma realidade constante na vida das mulheres. No entanto, isso nao anula 0 fato de que estupradores ndo so somente “os outros", séo também homens que conhecemos e que temos contato diariamente. Quando expandimos nossa compreensdo sobre o estupro, percebemes que, para as mulheres, a violéncia sexual ¢ parte “normal” e constitutiva de suas vidas cotidianas. A manutenc&io constante do sistema patriarcal demanda, de forma a permitir 2 exploragéo, que os homens tenham possibilidades de acesso ininterruptas e indiscriminadas aos corpos das mulheres e que estas, em contrapartida, nutram uma continua relagéo de dependéncia com os primeiros (financeira, psiquica, afetiva, sexual...}. A heterossexualidade, que, nesse contexto, deve ser entendida nado como uma "orientagdo" sexual especifica mas como uma disposicao socialmente construida sobre bases compulsérias, é a ferramenta que viabiliza de maneira mais imediata a exploracéo das mulheres, garantindo de forma regular e inquestionavel - porque muito naturalizada ~ 0 acesso sistematico dos homens aos corpos femininos. Em nosso contexto politico, portanto, é imprescindivel que questionemos a ideia de consentimento em relagées heterossexuais e que entendamos que toda relacdo heterossexual envolve algum grau de violéncia, uma vez que ha, inevitavelmente, uma hierarquia de poder. Esse processo coercitivo de forte identificago com homens ainda tem, como contrapartida, a incitacio da competitividade entre mulheres, e a desestruturagao de relagées e lacos entre elas, de forma a tornar muito dificil sua compreensdo como pertencentes a uma mesma classe (sexual). E neste ponto que o lesbianismo detém um sentido politico, ao se traduzir em uma resisténcia & norma heterossexual e, portanto, uma afronta ao sistema patriarcal. Isso ndo quer dizer que a politica femninista equivalha 4 ou se valide pelo lesbianismo, ou que mulheres em relacionamentos heterossexuais devam ser culpabilizadas: nenhuma mulher se beneficia ou obtém privilégios a partir de uma relagdo heterossexual. Além disso, 0 cumprimento obrigatério da heterossexualidade esté intimamente relacionado 4 maternidade compulséria, de forma que a primeira existe em funcdo da segunda. A imposicao da heterossexualidade estd ligada a como € naturalizado que as mulheres cumpram o papel da maternidade, retirando a autonomia das mulheres € garantindo acesso masculino a seus corpos. Em suma, 0 modelo de relacio heterosexual vigente funciona como um mecanismo para manter e naturalizar a pressdo colocada sobre as mulheres para que tenham filhos. Tal coercéo sobre as mulheres torna, portanto, questionavel a verdadeira escolha das mesmas em relacdo a sexualidade e & gravidez. Ambos os sistemas funcionam em conjunto para que seja possivel explorar as capacidades reprodutivas das mulheres, sendo também importante salientar que as instituicdes do asamento e da maternidade naturalizam a ideia da julher que faz os servigos domésticos para a familia ¢ 7” (marido e filhos) por “amor”. Assim, esses sistemas garantem também a exploracéo do trabalho feminino n&o-pago e a manutengio da divistio sexual do trabalho.

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