Palestra proferida no IV Congresso Nacional de Direito Penal e Processual Penal, no dia 23/04/2004, no
Hotel Glria, Rio de Janeiro, promovida pelo Instituto de Direito.
3. Reserva de Jurisdio
Em que pese o irrefutvel acerto da tese Haberle referida, bom que se
precise que, se toda a sociedade pode contribuir para a interpretao da
Constituio, tem o Judicirio um papel proeminente de, recebendo a
participao de todos os setores pelos mais diferentes meios e processos, fixar,
definitivamente, qual a interpretao verdadeiramente constitucional.
Sobretudo em se tratando da limitao de certos direitos fundamentais,
nenhum outro rgo ou poder pode se antecipar ao Judicirio na interpretao
de clusula constitucional.
A existncia de determinados direitos fundamentais de superlativa
importncia tem levado a doutrina constitucional a admitir que alguns deles s
podem ser limitados por deciso judicial. No se trata da mera possibilidade
de recorrer ao Judicirio quando de sua restrio por outra autoridade nojurisdicional, mas do reconhecimento de que, diante de certos direitos
fundamentais, o Judicirio tem sempre a primeira e a ltima palavra. Bem o
explica Canotilho:
A idia de reserva de jurisdio implica a reserva de
juiz relativamente a determinados assuntos. Em sentido
rigoroso, reserva de juiz significa que em determinadas
matrias cabe ao juiz no apenas a ltima palavra mas
tambm a primeira palavra. o que se passa, desde logo,
no domnio tradicional das penas restritivas da liberdade
e das penas de natureza criminal na sua globalidade. Os
tribunais so os guardies da liberdade e das penas de
natureza criminal e da a consagrao do princpio nulla
poena sine judicio... 9
9
STF, MS 23.452-RJ, Tribunal Pleno, DJ 12/05/2000, Min. Celso de Mello. Consta do final da ementa que,
apesar da tese da reserva de jurisdio ter sido prestigiada por cinco ministros, o tribunal no precisou
enfrentar a questo no caso submetido a julgamento, porque sete ministros acolheram uma questo prvia,
qual seja a falta de fundamentao de deciso de Comisso Parlamentar de Inqurito que determinara a queda
de sigilo bancrio do impetrante, concedendo, assim, a ordem.
6. Concluso
No se sabe se o que os juzes esto fazendo mesmo uma rebelio.
No essa a tradio da magistratura brasileira. Os juzes brasileiros mostram12
13
10