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Perer Burke O que é historia cultural? Tradugie Suwaio Goes Pata ‘adn at dome nae ‘Secombe ng orange pre 0205: ses tbat bbe Ste sutharcom br ‘A repro nfronarnn dst pablig. no to net oan eee dena: 58) i. tranCesiogao-m fone Sine Nasal don aor de Ui Sumario do 1 AGeawe TenoieI0 ir car cca Cats seine ‘sect p07 2 Promuewas On Histomia CULTURAL clon rete Debts ant ‘bgandons aa ‘ats pple gato Oat aa? 3 AVez on Anenonotocie Misr6nck espns da cats ‘nord napa tc rameae Feecaenaima eterno 4 Uns Nove Paracicsen? uo eee ec presente ‘dn oop 5 Da Rernesenracho & Constmugso Fetrmaesse castes Daconstue 6 Alt 04 Vina CuLroRAL? ra de fut Pole vlna ees ina dara sn tava tr cao tsa bat tus completes Aadecinets Inder is Introducao ‘A fusténa cultural, outrora uma Cinderela entre disaplinas, desprezada por suas irmie mais bem-s- cedids, fot redescoberta nos anos 1970, como sugere a lista cronologica das publieagdes ao final deste vo- lume. Desde entso vem desfrutando de uaa renova~ fp, sobretado no mundo académico — a hustée.a apresentada na televisio, pelo menos na Gri-Breta- ‘aha, continua sendo enn sua mator parte militar po litea e; em menor extensio, social. Para alguém, como eu. que vem pracicando a discipline ha erea de 40 anos. essa renovagio de iteresee 6 extremamnente srauificante, mas anda exige wma expliasio (© propéstto deste liv exatamente explicit ro apenas a redescobert mas também o gue & his tna cultura ou melhor o que os historedares cul turns fazem, Para 0, dodia-ce is diferenqas aoe de- ‘bates econitos ma também aos nteresees tadigbes compartillhados. Assim, tontaae agn combinar duas abordagens opostas embora complementares: sma delas interna, preocupada em resolver oe sucessivos problemas no interior da disciplina © outra externa. relacionando o que os historiadores fazer a0 tempo em que vivem 8 Ocareneronn cumin? ‘A abordagem interna trata da presente renovago de his- ‘6ra cultural como uma reagio as tentatvas anteriores de es tadar o pavsado que derxavam de fora algo 20 mesmo tempo dificil e portance de se compreender. De acordo com esse ponto de viste, ohistoridor cultural abarca artes da passedo ‘que outros histoniadores no consoguem alcangar. A énfase fem “culturas” intetras oferece uma saida para a atval frag mentagio de dsciplina em especualistas de histéri de popula {e.diplomacta, mulheres. elas. negécis. guerra eassim por dance. ‘A abordagom externa ou visio de fora, eambém tem algo 8 oferecer Em primeiro lugar vincula a ascensio da hist cultural a uma “virada cltural” mais ampla em termos de ines polinea, geografa, economia. pacolog. antropologia © “estados culeursis” Houve um deslocamento nessas disciph nas, pelo menos entre uma minor de aeadémcos que passa ram da suposigio de uma ractonalidade amutvel (9 teona da escolharaconal em clesgées ou em atos de consumo, por exem- plo) para um antereece ceacente nos valores defendidor por frupos particulares em locas perfodosexpecticos. ‘Um sinal dos tempos é a conversio do cennsta politico rorte-smeniano Sami P. Huntington a reéia de que, 0 mundo de hoye. as dstingbesculeuras 0 mats umportantes que as polities e econdmicas de modo que, desde o fim da Guerra Fao que vemos nio éanto um cont mternacional dente essa, mas um “choque de avilizagies”. Outro indicador do clima intelectual éo sucesso internacional dos eatudos clears Na Rissa da década de 1980. por exemplo, a Kulturologtje {como li se chama) tornou-se disaplina obigatne nos cursos ‘uperiores,pariclarmente preocupada com a rdentdade rusca le uitas vezes ministrada por ex~profesores de marxismo-le- -smusmo, que antes unlham uma interpreta econdanucs das téna ese conwerteram s uma interpretagia cltural! Essa vireda cultural é cla mesma, parte da stra cultaral da lama gerasio. Fora do dominio académuco, esti ligada 2 Juma mudanga na percepoio manifeseada em exprossoes ceda ‘yee mais comune, como “cultura de pobreza”, “cultura do ‘medo", “cultura das armas", “culrara doe adolescentes” ou “cultura corporativa” (ver pS} ¢ também nas chamadas sguerras de culraraz” no Estados Unidos e no debate sobre 0 “mtcultralismo” em muitos paises Diversas pessoas atual~ mente falam de “culeura”arespesto de situagdescotdianas que hi 20.04 30 anoeteriam merecido 0 subresntvo "socedade” ‘Como sugere a papulanidade de expressbes como esas € cada ver mais dif dizer © que no faz parte da “culeura”.O tarda de histna nio éexcesio a esa tendénciageral-O que é hustona cultural” A pergunta foi feta pubicamente hi mais de tum séclo, em 1897, por a histonadar alemie proneito e de certo modo também um dissidente, Karl Lamprecht. Para 0 bbe ou para eal « questo snd cepera uma respost defi ‘iva, Nos dlumos tempos. foram apreentadas 203 leroreshis- ‘cnascalturis da longevndade do prs, do arame farpado eda smasturbagio. As fronteras do cemacertemente © ampliaram. mas ests fiend cada vex mas dificil dizer exatamente 0 ie las encerram. ‘Uma solu para problema da definigio de hsténa cul tural padeta tr declocarsatencio dos objets para os métodos de estudo. Aqui também. no entanto,o que encontramos & va riedade e controvérsia. Alguns histortadores cuturaistraba- Tham intwitivamente, como Jacob Burckhardt decarou fazer. Pouicos tentaen usar métodos quanticanos. Alguns descrevern fu trabalho em termos de uma procura de significado, outros focalizam as prion e as representagbes. Alguns veer seu ob Jeno como eseenaiaimente descriwvo o acreditam que a his- tna cultural como. hsténa poliuca, pode e deve ser apresen ‘ada como ume narranva. so Cre evome carvan? ‘O terreno comum dos histonadoresculturis poe sr des- cern como a prescupacio com o simbleo e suas interpret sea Simbolos conectentes ou no, padens ser eneontados em todos 0s lugares da arte vida cotiiana, mes a abordagem do passado em termos de simbolism & apenas uma entre outas. Ue histnaealearal dae case, por exemplo,& diferente de urna hsténa eeonémuca sobre o mesma tema, assim coma ua seria culeural do Paslamento seria diverea de wina historia polities de mesma insttuiio, [Nessa situagio confusa (segundo aqueles que a desapro- vem) ou de dslogo (para aqucles que a julgom estimlance), ‘© caminho mats sabio pode ser adaptar » epigrama de Jean Paul Sartre sobre @ humanidade e declarar que, embora 3 hustéra cultural ndo tenha essence, ela possus utoa hietoria propria. As atividades de [ere escrever sobre o passado esto tio presas ao tempo quanto outros, Porsanto, este live fars ccasionalmence comeneitios sobre a historia cultural da his- téria cultural, eatando-a como exemplo de uma tredigio da cultura em perpétua transformasio, constantemente adap= tada a noves circunsténctas Para ser um pouco mats precso,o trabalho mdividul dos histonadores elturate precisa ce lcilizad em uma das dife- rentestradicbes cultura geralmente definidas em termos na- ‘sonar A mportinea de adi germnica do final do sé Xvi em diane ficari evdente nas paginas que se reguem — embora a ausénea relatva de uma contnibuigio alemi de peso pra esse upo de hier noe sltmos 50 anos constitus ui problema a ser tratade por am fararo historidor cultural. A tradigio holandesa pode ser vista como um produto da ams mas consinucu a floresce: No mundo de lings mgless corre lum contrastesgmifieatvo entre a tadicio da América do Norte de interesse pela histna culeural ea tdi snglesa, de rese= téncia cla, De modo sernelhante por muttos nos os antropé Jogos britinicoe desereveram a st mesmos como “socials”, es- quanto seus colegas norte- americans sedenominaram “cult- sais”. No caso da histéria culturl, foram acima de tudo oF nerte-amenicanos — especialmente os deseendentes dos mi- trates de lingua alema, de Peter Gay a Carl Schorske-— que seromiram a tradigio alema, rransformando-s durante exe procesteA ligagio entre o interesse american pels cultura © 2 tralgio da urugragio parece ser musto préxima. Se assim fo 3 Iustéeta cultural na Inglaterra devers ter um grande futuro. ‘A tradizio francesa édstnts, entre outa cosas por evar ‘ocermo “culeura’ — pelo meno ate epoca bern recente-—© or Ainge ofoco, ma vez disso. pera cviliation. mentalté alec Des e uuaginare socal Hi ts ou quatro geracdes os hstora- doves assocuils evista Annales vim fazendo wna série not vol do contribuigbes umportantes nerse campo: para histna das mentalidads, sensbiidades ot “representagdescoletvas” ina época de Mare Bloch e Lucien Febvre: para hstia da cul ture materal (cilistion matérelle, na épocs de Fernand Braudel: para. a histnia das mentalidades (de novo) ¢ da rma ‘imasio social, na época de Iacques Le Gofl, Emmanuel Le Roy Taderie¢ Alain Corbin. A permanente cratidade de wana = clade fstonadoves durante ts ou quatro geragGes€ tio nots vol que roquer uma explicago histéiea. Mena hipdtese, se & aque fa tem umportinesa, ¢ que o: lidereseram suficentemente cansméticos para atatr eguidorestalentosos, mas também abertos 0 bastante para derxéloe se dessnvolver a seu modo, Essa tadiglo distneaestava atsonada ao que se pode chemar de “resistencia” ao estilo lero de histor cultural ermbora oen- tusiasmo de Febvre por Johan Huizinga meresa eer mencio- nad}. Tal resistencia parece estar sendo tompide & proporgio que a tradigio hstonogrfica francesa se tonna menos vive. ‘Como na hustérn da cultura em geral. veremos, nas préxi- mas pigunas que movimentos ou tendéncias muitas vezesche- Oca e ston cusuna? ‘gam am fi sbrapto aio por eagotaresn seu poteneial mad porque foram suplantados pelos concorrentes. ses concorren- tes, 05 “filhos”, pode-se dizer normalmente exageram a dife- renga entre sa propria abordagem ca de seus pais e mies det sando para a geragio seguinte a tarefa de pereeber que seus avis ntelecruns eram,afinal expazes de ter alguns sights ‘Cone historadar cara que hi ance vern pond ern pri- tc varias das diferentes abordagens discutidas nas proximas pigines — histor socal da culeura elevada eda cueura popu- lar aneropologiahistnes hist da performance —, gosta- na de dizer como Baith Piaf Ye ne regrette rien”, e acho que todas essas abordagens continuam a produzir maights. (Os capitulo que se seguem io trata em ordem cronolé- sca, de algumas das prneipass manesras peas quats a hsténa Cultural coutumava ser, sed. pode ou deve aer excita no fu taro. Ae discunr exemplos concretos, renter — medida que _meu conhecimento parcial de um campo fragmentado permite eangir uma espdce de equilbria entre diferentes perfados Iustérieos. partes do mundo e depertamencos academics. in- luindo os de arte, arquitetura, geografia, literature, musica ‘deneisalém do departamento de “hist” ‘0 prego dessa deta fot omar necessaramente bos parcela 4o estumulance crabatho mais atual, grande parte dele relizado por amigos ecolegas meus Noentanto, quero devtar lara desde Togo que ha agar um levantamento de tenders ihustradas por meio de exemplos. «nao urna renatva de str ou dseutr todos ‘or melhores rabalhos produeidas pela lama goragio. (Os estudosctados no texto sio apresentados com a daa da pblicagio orginal” Quando, nas abras ctadas em noras. nto “Rams menaneadas no xs qe 2 encntam eadaas arn pr ‘agus veram acetal ct de cde sonata i aparceero ger da publicaia, ate € sempre Londres. As infor- Images sobre termos téancos e pereoss meneronadas no texto podem ser encontradasno indice ‘enalagios conn: Manteve-e no tnt dat da publ ong ‘a endow vata perpen ronal eps pol stor (NT) 1 A Grande Tradicao A histées cultural nfo & ume descoberta ou invencio ‘ova. Jé era pratcada na Alemanha com esse nome (Kulturgeschichte} hé mets de 200 anos. Antes disso havi histérias separadas da filosfia, pincura,litera- ‘ure, quimucs,linguagem e assim por diante.A parar 41780 encontrams hte da cura humana ox de deermunadas replies ot nagies! [No sécula XIX, o termo Culture, ou Kultur, for cempregado com frequéness cada ver maior na Ingls- terra ena Alemenha (os franceses preferiam falar em dos da Europa Central fx com que os estudioeos brtinicos € rorte-americanos tomassem uma consciénci mate aguda de relagSo entre cultura e socedade, No casa brtinica, sm papel srucial for desempenhado por trés hingaros:o socidfogo Kar! Mannheim. seu amigo Arnold Hauser eo hustoriador de ate Frederic Antal Os tes avian sido membros de sim gripe de dscusslo, ou “rele dominical”. que sinha come centro 0 ceitico Georg Lukes e que se encontrava durante a Prints Guerra Mundial, Todos migraram para a Inglaterra na déeads| de 1930, Manaheim passou de urna citedenexn Frankfure para ume posigo de conferencsta na London Schoo! of Ezoncmics ‘Antal de uma citedra na Europa Central para Fungo de con- ferencsta no Courtauld Insitute e Hauser tomowse um eer ror sem emprego fix, 8 Ooveenerona cust? Mannheum. mais um admarador de Marx que marastaem sentido estrit. nha particular snteresse na saciclogta do co- inhecimento, que ele abordava de wma forma hstéris, eet dando por exemplo a mentalidade dos conservadores alemies, (Quando morou na Alemanha,teve alguna mfluénca intelee ‘ual sobre dus figuras jé mencionadas neste capitulo, Norbert Elias © Erwan Panofsky,embora este luo tenha abandonado a perspectva sci Em seus livros e argos. Antal tratava a cultura como ex- presso ou mesmo como "reflexo” da soctedade. Ele encarva a arte da Florenga renascenesta como reflexa da visio de mando dda burguess, © achava William Hogarth inreressante porque “aa arte revela a visdese 08 gostoe de uma amnpla parcel da socidade” Entre os diseipulos bntinios de Antal esto Fran 1 Klingender autor de Art and the Industral Revolution (1947), Anthony Blunt. fsmoso coma histoniador da arte unto antes de se tornar um noténe espiso, John Berger, que tam~ bm sbordava a artea parr de uma perspective soca. i Amold Houser, um marasta mais convencins. fx ‘muito importante na divulgagio da abordagem do grupo a0 sscrever Histéna social de arte (1951), vincalando estreta- mente cultura aos conflits ¢ mudancas sociais © econdmi- <0s-¢ diseutindo, por exemplo. “a hutas de dasse na tia 90 final da Idade Média". “o Romanuismo coma movisnento da classe medio”, ea relagio entre a “ers do crema” ca "crise do exptaiemo” Klingender, Blunt e Beryer devem ser vstos no como, simples eos de infludnci hingara, mas sim como “assmila- 80” ou encontros cultura. Por wn lado, hava a problema da resistncia cultural, quelevou Mannheim a e quetcar da di culdade de eranaplantar ou “traduaie” a socologia pars & Gr Bretanha, Por outro, alguns circulos sntelectaais 6 estavasn reparades para receber suas idéias. Um pequena grupo de in- ‘electuats marastas brtinicos for muito avo nas décadas de 11830 e 1940, tanto denera como fors da cadena. Roy Pasa, professor de lero em Birmingham de 19392 1969, escreveu Sobre a histna social dy Ieratura. Aeschylus and Athens (1941), famoso estado zabre drame esocedade esero pelo das siesta George Thomson, for daramente inspurado em Marx Joveph Needham sou uma estrurura manesta para seu Setence ‘and Ciilznton 9 China ER, Leavis, autor de The Great Tiadition (1948), rambéan cvtava profundamente mteressado na relagio entre s cultura © Seutambrente Sua énfase na dsia de que a literatura dependia Ge “uma culture social e de uma aree do viver” deve menos 2 Marx que & nostalgia pelas “comunidades orginicas” radico- iis, No entanto nf ¢ diff combinar uma abordager “lea sta” com a marxista, como fez Raymond Williams em The Long Revolution (1961), liveo que dicutaa histna socal do teatro ©1em que, slém disso, for cunhada a famoss expresso “estruturne de sentmento"” A descoberta do povo ‘Adéia de “culeura popular” ou Volshuur seamginou no mes- ‘mo gar e momento que ade “histéna cultaral”: ne Alemanha dl final do seula XVI. Cangbes«contos populares. dangas. i= twaie artes € olfaos foram descobertes pelos inteletuate de "awse méia nessa época® No entanto austria da cultura po- pillar fo dexada sor amantes de anughidades,fleloristas ean tropslogos S6 na désada de 1960 wim grupo de hustoradores académicospasiou a estudé-la ‘Um dos primeiros exemplos, publcedo em 1959. fo His- trig sonal do jazz, eserito por "Francs Newton”. um dos pseudéramos de Enc Hobsbawm. Como sera dese esperar de Jo Oqucesstoma carat? um famaso hstonador econdmico¢ coca, o autor discuta io apenas a miisca, mas também seu piblic, abordando o jazz «como negéoe forma de protesto politico «voc, Ele conclu que oazz exemplificava x situngio "em que ina misia popt- no submerge, mas se mantm no ambiente da modezna c- vilizasio urbana eindustria!” Repleto de observasies perspict= 22s sobre a usténa da cleura popsla. ese livro jamais eins, no munud académico,o umpacto que merecs, ‘© mats influente das estudos fitos na década de 1960 for A formagio da classe operéna wiglesa (1963), de Edward ‘Thompson. Nesse livre, Thompson no se limita a analisar 0 papel desempenhado pelas mudangas ecendmeaee policas na formagio de classe. mas examina 0 lugar da cultura popular esse process. Seu livro melut desengBes vigorosas dos rituals de imsiagi de artesios. do lugar dae feiras na "vida cultural doe pobres” do simbolieme des elimenco eda iconografia des i+ fagGes soca, indo de bandetras e pedagos de pio presos aun pat até o enforeamento de efigies de pessoas odiadas, Fora snalisedas poestas em dinleto, para chegar ao que Thompson desereveu — na expressio de Raymond Williams — como “a ‘strutura de sentamento da dase trabalhadora”.A rel todista recebia grande arengio. do estilo de pregagio laica 3s imagens dos hinos com 2nfase especial no deslocamento de “energias emocionais e esprituais” que eram “confiscadas @ serge da grea” ‘A mfluéncia de Thompson sobre histortadores mais ovens for munto grande. Ela ¢ abvia na movimento “History Werk shop”, fundado na década de 1960 sb a liderangs de Raphael Samuel, que dava aulas no Rasan College em Oxford (am contro para alunos mate velhos da classe trabalhadora. Ele or ganizou mustas conferénes, que preferia chamar de work- shops: fandou uma revista, History Workshop, e, com sous indimeres artigos e senunsri inspirot mulas pessoas ese Aceanoemanigho 32 ver ist (inelustve hseéna cultural) “a parr de basso” © cansmética Thompson também inspira storiadores da cul- ture popular desde a Alemanha até India (ver p.136-) Por que uma preocupasio com a histéria da cultura popu- Ine sur neste momento? Existem, como sempre. diss exp ‘ages principais. 4 “interna” ea “externa” Os que esto den tuo se vdern reagindo as deficigneias de abordagens anteriores ‘especialmente hist6na cultural em que as pessoas comuns S50 denxadas de fra. hsténapolinea e econdmmica em que a cul~ turn € devxada de fora Eles também rendem a sever © 8 sua rede, como os tntcas inovadores. eraromente perceber a: ten- Aéncias paralelas em outras partes da disaplina, quanto mais «em outras discplinas ou no mundo exterior academia. (Os de fora tendem a ver um quadro mais amplo, «obser var que na Gri-Bretanha, por exemple, a aseenato de hte da cultura popular na década de 1960 counadia com a ascensio dos “estudosculturas”, segundo o modelo do Centro de Esta dds Culturais Contemporéneos.na Universidade de Birmung ham, diruido por Stuart Hall. O suecseo anterractonal do mo- ‘mento pré-estudos cultursts sugere que cle atendow a sina emanda, correspondeu a uma critea &énfsse sobre a lea eul- rua eradicional dada pelas escolase universidades. e também saris a necessdade de entender o cambiante mundo de mer- cadorias.publiadade e televsio. ‘Como a grande tadigio ea abordagem marxist, hustéria da cultura popular colocou problemas que foram ficando cada ‘vez mais aparentes a longo dos anos Tats problemas seréo dis catides no préximo capitulo 2 Problemas da histéria cultural Como acontece em tanta anvidades humana, todas 8 solugbes para o problema de esrever hsténa cul- tual mais cedo ou mais tarde geram questdes pré- pas Se detxarmos de ler Burchard, vamos ssi per- sdendo. Mas sera um erro inutar musta de pert. ‘obra, eno apenas porque seu camunho € dificil de se {guir e exige um grau de sensbildade que falta & ‘ator parte de nés.Vistos a datancia de mais de wm steulo, seus livros, como também os de Hurzinga ¢ fouros cissicos, mostram de mado mutta caro sts fraquezas.As fontesor métodos e as suposigbce des- ses estudos preasam ser questionados. 05 classicos revisitados ‘Tomemos por exemplo, a maneisa pela qual as evi dence so eratadas nos clssics da histériaculeural Em Outono da dade Mééla, em parsicular Huizinga langou mio rependas vezes de pou Fontes it ras Se recorresse a outros escntores podera ter pro- ‘duzido um quedro da Gpoce muito diferente. tenta- sion que histeriador cultural nfo deve sucumbrr ea de eratar os textos © ax imagens de um corto periodo como ee pathos reflexor nao probleméticos de seu tempo Em seu livre sobre a Gréas, Burckhardt defendia a confia- bilidade relativa das conclusdes de histoniadores cultura. A Istria politea da Grécia Annga dizia ele, estava cheia de n= certezas, porgue os gregos exageravamn ou at€ mesmo men= tue, "Em conerarte a histée cultural tem ur gra prime de certea, ja que consist, em sua grande parte, em meteriais {gerados de modo no intenconal,desinteressado ou mes in- ‘olunino plas fontese montamentos.”" 'No que se refere &confiabilidade vlasva, Burckhardt sem

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