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ESCRITOS DO MUNDO DE JANUS

E você não sabia disso? ( Janus SW)

Antes de entrar no "tema" de hoje, gostaria de agradecer as


mensagens gentis quando do afastamento do blog o que, como
vêem, não durou muito. Essas demonstrações de amizade são um
incentivo e tanto para continuar.

Bem, mal recomeço a escrever e vou colocando fogo no circo. Aliás,


costumo dizer que não apenas gosto de colocar fogo no circo mas
ver o palhaço morrer queimado e cuidando para que eu não seja
nem palhaço e nem esteja queimado...rs...

Tenho acompanhado à distância algumas discussões muito


interessantes em diversas comunidades e algumas delas versam
sobre a questão das "subs casadas" e quero esticar essa conversa
sobre os "Doms e Dommes casasados(as)".

O que se constata é um mar de insatisfação, seja porque não pode


bater no(a) submisso(a) casado(a) ou porque não pode contar com
a presença do Dom/Domme a hora que sente falta. Fico pensando
se o "vício" é tão grande a ponto das pessoas perderem o senso dos
limites das relações à que se propõem viver.

Diga-se de passagem, principalmente no caso dos Dominadores e


Dommes que há muita gente por aí que "vende mais do que
entrega". Em qualquer um dos casos, o resultado é
invariavelmente o mesmo, o de uma frustração sem limites, de um
sentimento de não irresponsabilidade que dá gosto,
irresponsabilidade consigo mesmo e com o outro, esteja em que
posição estiver.

Ninguém deve ser ingênuo e exigir mais do que a realidade


permite. Se o bottom é casado e se oculta do parceiro a sua
atividade "paralela" não é de se esperar e nem se frustrar se não
rola uma sessão do querido spanking ou um gotejamento de velas.
E daí? Não há como ter-se formas diferentes dentro do nosso
"Universo BDSM" a ponto tanto de satisfazer uma parte como a
outra?

Olhando em sentido oposto, mesmo tendo em conta toda aquela


história de que o sub que é sub fica à mercê do Top e de suas
vontades, o fato é que a "frustração" , "a sensação de abandono"
até algum grau de "desconsideração" sempre costuma vir à baila.
Agora, a questão inoportuna: quem "entrou nessa" não tinha a
dimensão do que estava prestes a acontecer? Não sabia que seu
relacionamento, admitindo que é feita à margem da outro
parceiro, seria clandestina, paralela e marginal?

Retomo: tudo isso parece óbvio e que deveria estar no horizonte de


quem se propõe a vivê-la mas é só revirar os blogs e outros escritos
para se ver que nem sempre é assim. O que parece, e aqui eu dou
até um testemunho pessoal, é que há uma falha em "calibrar" as
expectativas e os desejos ou, o que me parece mais terrível, uma
grande dose de ilusão que as coisas mudem "mais para a frente".

E porque essa ilusão é a mais terrível? Porque ilusão não é algo


que rompa-se por uma certa dose de "iluminação" mas sim por
alguns choques terríveis ou, ainda, por um adiamento "ad
nauseam" e que acabará por conduzir ao inevitável choque
terrível.

Aquele preceito jurídico de que "não se deve alegar ignorância"


deveria ser aplicado também aqui mas para isso há de ser ter
uma boa dose de honestidade com o outro e consigo próprio, de
um lado e outro.

Ah... Outra coisa: não exatamente no meio BDSM mas já vi o


"caso" de pessoas pressionando outras para tomarem partido de
um lado (o seu) ou de outro (família). Podem estar certos, a
família (principalmente os filhos) pesarão mais do que qualquer
outra coisa ou pessoa. Pressionar assim chega uma temeridade,
principalmente para quem tem a ilusão de ser o escolhido em
detrimento de outra parte.

Acredito que um "relacionamento" BDSM nessas bases pode ser


possível mas, conscientemente, precisa de uma boa parte de
"desapego" nos nossos desejos e expectativas e , principalmente, a
de se ter o conhecimento e a critividade necessárias para procurar
alternativas viáveis para uma prática prazerosa e compensadora,
para AMBOS.

Esperar de mais ou "fornecer" de menos, pelo menos na minha


visão, são polos opostos que denunciam imaturidade e falta de
consciência das consequências para si e para o outro. É aquela
dor que nem masoquismo pode ser considerado essencialmente
porque não há prazer. E não é isso que estamos todos buscando?

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